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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Parte 2 - “Braços abertos num cartão postal e punhos fechados na vida real”

Rio de Janeiro, sede das Olimpíadas e território de gangues


Parte 2
Zumbizar só um pouquinho, para lembrar que os desafios são maiores, e bem mais profundos, do que se pode imaginar.

Não, não vou falar da seqüência de governantes incompetentes que infestaram o Rio de Janeiro nos últimos anos.

Nem do trânsito caótico.

Ou do péssimo serviço de trens suburbanos.

Nem da poluição da Baía da Guanabara (cuja limpeza havia sido prometida para o Pan de 2007!!), nem do TCU que torceu o nariz para as contas do Pan.

Vou apenas pedir licença para comentar o artigo do jornalista californiano Jon Lee Anderson, publicado na revista New Yorker de setembro:


"Gangland: who controls the street of
Rio de Janeiro?".


O Blog da Flip disponibilizou o artigo em PDF, para quem ainda não o leu.

Confira aí: Ganland


Tive o prazer de conhecer Jon Lee Anderson em outubro de 2007, quando ele veio conferenciar no Fronteiras do Pensamento, em Porto Alegre.

A vinda dele não foi fácil.

Precisamos transferir a data de sua conferência porque a revista New Yorker, para a qual ele escreve regularmente, solicitara, de última hora, seu retorno a Bagdá.

Jon Lee Anderson escrevera o notável "A queda de Bagdá", sobre a guerra no Iraque. Ele acabou vindo direto de lá para Porto Alegre, até onde uma rota tão inusitada se fazia possível, operando uma escala em Los Angeles.

Brindou-nos com uma magnífica conferência, publicada no livro que organizei junto com Juremir Machado e Fernando Schüler. Guardei agradáveis lembranças do nosso encontro.

Numa tarde banhada de sol, almoçamos no Barranco - um bom malbec argentino e a suculenta picanha, sob os jacarandás do jardim, que começavam a ganhar, em verde clarinho, a cobertura que a primavera lhes traz.


Conversamos sobre Cuba (Jon Lee é um dos biógrafos de Che Guevara), sobre América Latina (ele faria uma matéria sobre a Venezuela e a Colômbia) e sobre o Brasil - sobretudo sobre o fenômeno contemporâneo da violência urbana.

Em novembro, sairia um artigo meu sobre o fenômeno "Tropa de Elite", na Cult, de São Paulo, no qual eu sustentava haver no Brasil uma cultura da violência, com a qual todos alimentamos uma cumplicidade inconsciente.

Já naquela oportunidade, ele imaginava escrever um artigo sobre o Rio de Janeiro.

continua no post abaixo

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