Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

sábado, 20 de julho de 2013

Charge







sexta-feira, 19 de julho de 2013

Fazendeiros do ar



Para os mais conhecidos já está difícil ir a bares e restaurantes, e os cinemas, mesmo escurinhos, ficam perigosos quando a luz acende. Estádios, nem pensar. Está dura a vida dos políticos brasileiros

NELSON MOTTA

Eles podem até acreditar que é tudo inveja e ressentimento dos que estão fora do ar, como devem lhes dizer seus assessores, mas os abusos de aviões da FAB pelos presidentes da Câmara e do Senado se tornaram um símbolo do ponto de saturação a que chegamos e de como estamos longe — e eles mais longe ainda — das transformações exigidas pelas ruas e que eles fingem que ouviram, votando projetos populistas de afogadilho, mas fazendo tudo para atrasar o fim de seus privilégios.

Diante de tudo que aconteceu ultimamente, a melhor justificativa que eles poderiam dar para voar em jatos da FAB para casamentos e jogos de futebol seria a segurança, a que têm direito por lei.

Como enfrentar um aeroporto lotado, escondido nas salas VIP e cercado de assessores e seguranças? Como entrar num avião de carreira sob vaias e insultos? Para os mais conhecidos já está difícil ir a bares e restaurantes, e os cinemas, mesmo escurinhos, ficam perigosos quando a luz acende.

Estádios, nem pensar. Está dura a vida dos políticos brasileiros.

Todo político adora ser conhecido, ter um rosto familiar, ser cumprimentado nas ruas, afinal eles vivem disso. Mas agora, com raras e notórias exceções, eles querem passar despercebidos, se possível invisíveis, como se fossem, ó ironia, cidadãos anônimos e comuns.

Mas suas fotos caíram na rede e vai ser arriscado enfrentar as multidões nas festas juninas do Nordeste sob a ameaça de vaias e insultos a qualquer parada da música ou imagem no telão. A quadrilha não pode parar.

Mas eles não mudam, é da sua natureza, só vão trocando de nome e de partido. O presidente da Câmara, Henrique Alves, é o arquétipo do político profissional brasileiro, com incontáveis mandatos, a mais completa tradução das oligarquias nordestinas e dos velhos políticos execrados pelas ruas.

Ele não se contenta com um avião da FAB exclusivo para transportá-lo, faz questão de dar carona a amigos, parentes e correligionários, distribuir assentos e privilégios no velho estilo coronelesco, para impressionar provincianos deslumbrados e demonstrar seu poder. É como se o avião fosse a sua fazenda.
Nelson Motta é jornalista

19/07/13

Cabral diz que não sai do Leblon e rejeita ajuda federal





DO RIO


O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, afirmou que não deixará sua residência no Leblon, zona sul do Rio, mesmo diante dos protestos que têm ocorrido em frente ao seu prédio. O governador disse não considerar se mudar para a residência oficial do governo do Estado, localizada no Palácio Laranjeiras, no bairro de mesmo nome, na zona sul da cidade.

"Em relação à minha residência, fizemos uma opção pela que já morávamos [no Leblon]. Nesse momento, o Palácio Laranjeiras passa por reformas. Permaneço onde moro", disse o governador.

A declaração foi dada em entrevista coletiva convocada pelo governo. Cabral respondeu a sete perguntas dos jornalistas, em uma coletiva que durou somente quinze minutos. Convocada para o meio-dia, a entrevista começou com trinta minutos de atraso.

O governador disse ainda que recebeu na noite de quinta-feira (18) um telefone da presidente Dilma Rousseff, que ofereceu apoio do governo federal. Cabral disse que não aceitou ajuda do palácio do Planalto por considerar que as forças de segurança no Rio estão preparadas para lidar com a situação na cidade

"A presidente Dilma de fato me ligou ontem por volta de 19h30, manifestando sua solidariedade e colocando a disposição como sempre. Eu disse que não precisaria [de ajuda federal]. As forças de segurança estão presentes [no combate à violência nas manifestações]", afirmou.

Shana Reis/Divulgação/Prefeitura RJ

Sérgio Cabral durante a coletiva de imprensa desta sexta-feira (19)


O governador disse ainda que, mesmo diante das manifestações que têm ocorrido também na frente do Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado do Rio, não considera mudar o local onde receberá o papa Francisco no Rio de Janeiro, na próxima segunda-feira (22).

"Eu confirmo aqui a presença da Sua Santidade no dia 22, com a presença da presidente Dilma, do vice Michel Temer e de mais oito governadores de Estado que já estão confirmados. Será um clima que o papa Francisco tem inspirado no mundo inteiro, de respeito e fraternidade entre pessoas inclusive de outras religiões, ou até mesmo quem é ateu".

Sem citar nomes, Cabral afirmou ainda que os atos de vandalismo registrado em manifestações na cidade têm sido estimulados por organizações internacionais, por meio da internet. Ele disse que a comissão que será integrada pelo Ministério Público e as forças de segurança estadual servirá para dar celeridade às investigações desses grupos.

"Sabemos que há presença de organizações internacionais estimulando o vandalismo e o quebra-quebra. A internet permite um nível de comunicação que é algo que não se tinha no passado. Por isso, essa coesão, essa unificação, entre Ministério Público e o governo olhando a polícia e esse vandalismo vai ser muito positivo".

Cabral chegou à coletiva com uma cópia do decreto que cria a comissão em mãos. Questionado sobre a possibilidade de a comissão apurar também denúncias de abusos cometidos pela polícia, o governador passou a palavra para o secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, que disse que integrarão a comissão representantes do Ministério Público que atuam na auditoria militar, "que julgam a atuação dos policiais militares".
19/07/2013

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Isolado, PT recua e agora tenta 'plebiscito genérico'


Sem o apoio de siglas governistas, o partido desiste de sugerir questões específicas para o plebiscito e opta por apresentar quatro temas abertos


Laryssa Borges
Veja de Brasília
Deputado petista Cândido Vaccarezza: escolhido para comandar o grupo da reforma política
(José Cruz/ABr)


Numa tentativa desesperada de obter apoio de aliados para salvar a proposta de um plebiscito para a reforma política, o PT desistiu das cinco perguntas que havia sugerido levar à consulta popular. As questões haviam sido apresentadas pelos petistas às demais legendas na manhã desta terça, em busca das 171 assinaturas necessárias para emplacar o projeto de decreto legislativo sobre o plebiscito.

A lista de questionamentos abordava de forma camuflada interesses do próprio PT, como o financiamento público de campanha e o voto em lista fechada, uma versão atualizada do voto de cabresto. “A centralidade política no momento é o recolhimento de assinaturas para viabilizar o decreto do plebiscito. Estamos ajustando o texto e trabalhando”, tentou justificar o líder do PT na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

Porém, após a rejeição de aliados como PDT, PSB e PCdoB, os petistas optaram por uma nova versão do projeto resumindo toda a reforma política a quatro pontos, apresentados de forma genérica e redigidos da seguinte maneira: financiamento das campanhas eleitorais, sistemas eleitorais, iniciativas populares e coincidência das eleições. Por esta nova proposta, as perguntas seriam formuladas futuramente.

“Parece que o PT quer dar uma resposta à presidente Dilma Rousseff. Agora apresentam uma nova proposta que, em vez de questionamentos, traz apenas temas genéricos”, disse o deputado Marcos Rogério (PDT-RO), que participou das negociações.

Paralelamente, também houve uma briga na bancada do próprio PT. O motivo foi uma disputa entre os deputados Cândido Vaccarezza (SP), que saiu vitorioso, e Henrique Fontana (RS) pelo comando do grupo que analisará a proposta de reforma política. A comissão foi instalada hoje e funcionará por 90 dias.




16/07/2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Desespero da presidenta


The New York Times faz análise das atitudes de Dilma diante de protestos
#vemprarua
The New York Times


Artigo diz que ao pedir conselhos para Lula, a presidenta passa por marionete do mentor

A inabilidade política da presidenta Dilma foi tema de um artigo do The New York Times, escrito pelo desafeto de Lula, Larry Rohter. Aquele do visto suspenso, etc. Em seu artigo, Rohter faz uma análise das decisões da presidenta, desde o início dos protestos, e praticamente todas se voltaram contra ela.

Constituinte, plebiscito e até o dinheiro dos royalties para a educação e saúde, segundo Rohter, são ideias jogadas ao vento e sem nenhum efeito prático. As manifestações continuaram e a presidenta ficou sem saber o que fazer.

“Um mês após surgirem manifestações contra a corrupção oficial, superfaturamento das obras de infraestrutura e dos estádios da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, brutalidade policial e inúmeros outros assuntos, uma nuvem de desespero aparece no governo dela”, diz o artigo.

O jornalista ainda lembra as vaias que tem atormentado a presidenta, inclusive quanto às recebidas pelos prefeitos, logo após anunciar a liberação de R$ 3 bilhões para a Saúde nos municípios. Greves e fogo amigo tem atormentado Dilma como se não fosse sobrar ninguém para estender-lhe a mão.

O analista político Bolívar Lamounier, ouvido por Rohter, foi taxativo. “O que estamos vendo agora era óbvio durante a campanha: Ela não tem tino para a coisa, não tem jogo de cintura”.

De acordo com o texto, é visível que Dilma não sabe o que fazer, muito menos, como se portar em um cargo eletivo.

Tanto que no momento em que decidiu se aconselhar com o seu padrinho político, Lula, ela, a presidenta da República Federativa do Brasil, se deslocou para vê-lo.

Não falou ao telefone, não o convocou para um encontro na capital, ela foi ao encontro do mentor.

Isso teria deixado claro para a população que ela não está no comando e era apenas uma marionete nas mãos de Lula.
 14 de julho de 2013

Após manifestações, Lula e Dilma vivem desgaste na relação






As manifestações de junho não derrubaram apenas a popularidade da presidente Dilma Rousseff

Elas também ajudaram a desgastar sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

NATUZA NERY,VALDO CRUZ,CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA


Petistas dizem que "criador" e "criatura" estão muito longe de um rompimento, e que errará quem apostar nesse desfecho, mas concordam no diagnóstico: a ligação dos dois chegou ao ponto mais difícil desde que Dilma assumiu o cargo, há dois anos e meio.

Nos bastidores do governo e no próprio PT, a distância foi percebida e virou alvo de comentários. Interlocutores de Dilma atribuem a aliados de Lula o vazamento de críticas à atuação do Executivo durante a onda de protestos que sacudiu o país em junho.

Interlocutores de Lula dizem que ele considerou uma "barbeiragem" a decisão do Planalto de propor uma constituinte para a reforma política sem ouvir o vice-presidente Michel Temer (PMDB), mas consultando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), adversário do PT.

Também há queixas partindo do governo. Uma delas: Lula chegou a sugerir a redução do número de ministérios, embora tenha promovido o aumento do número de pastas quando era presidente.

Pessoas que falaram com o ex-presidente nas últimas semanas o descrevem como "preocupado" e dizem que volta e meia ele expressa incômodo com a "teimosia" e a centralização da sucessora.

Desde dezembro, ele tem sido assediado por empresários, banqueiros, sindicalistas e políticos, que em geral reclamam do estilo de Dilma.

CAMPOS

Auxiliares de Lula notaram que o ex-presidente buscou nas últimas semanas uma reaproximação com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que desde o início do ano ameaça romper com o governo para se candidatar à Presidência em 2014.

Os dois se encontraram pela primeira vez após meses de afastamento e falaram por telefone. Numa dessas conversas, em 18 de junho, Lula disse a Campos que descarta a possibilidade de concorrer a presidente no ano que vem.

A reunião ocorreu horas depois de Lula ter tido um encontro com Dilma que foi descrito por petistas como o mais tenso até então. Alguns falaram em "briga" e "discussão acalorada", alimentando rumores depois negados de forma enfática pelos dois lados.

Nos dias seguintes, as queixas se multiplicaram, e manifestações a favor de uma nova candidatura de Lula voltaram a ser feitas em público.

No entorno de Dilma, há quem acuse o ex-presidente de ficar longe da crise para preservar sua imagem. No círculo de Lula, a acusação é considerada absurda e diz-se que ele procura evitar ofuscar a sucessora ou passar a impressão de que tenta interferir em sua administração.

Segundo auxiliares de Lula, ele indicou recentemente que só irá de novo ao encontro de Dilma se for chamado, o que foi interpretado como sinal de frustração diante da falta de acolhimento para sugestões feitas à presidente.

Lula sugeriu mudanças na área econômica do governo, para resgatar a credibilidade da política fiscal, e na articulação com o Congresso, para pacificar a relação do governo Dilma com seus aliados.

Petistas ligados a Lula defendem que a presidente troque pelo menos o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, apontado como responsável pelas manobras contábeis que fizeram o governo perder credibilidade na condução da política fiscal.

Mas Dilma resiste a substituí-lo. Ela também resiste a promover mudanças na comunicação institucional do governo, outro alvo de críticas de auxiliares de Lula.

Editoria de Arte/Folhapress



14/07/2013


domingo, 14 de julho de 2013

Uma crise puxa outra


Desde o dia 24 de junho, quando a presidente Dilma Rousseff foi à televisão tentar responder aos protestos, raro o dia em que o governo não criou uma crise

A cada tentativa de apagar o fogo acendeu um novo foco no incêndio


POR DORA KRAMER
ESTADÃO


Justiça seja feita: é de se admirar tanta competência na arte de fazer inimigos, não influenciar, afugentar e irritar pessoas.

Com a ajuda do PT e dos conselheiros a quem dá voz e ouvidos, a presidente saiu comprando brigas em série.


Todas as soluções apresentadas resultaram em problemas maiores. O de potencial mais danoso para o Executivo é o atrito com o Legislativo. Há provas de sobra na História de quem sai perdendo na briga do mar contra o rochedo: Getúlio Vargas saiu da vida, Jânio Quadros renunciou e Fernando Collor voltou à Casa da Dinda.

O Congresso sofre um processo de desgaste profundo e acelerado e é nisso que Dilma e companhia parecem apostar quando escolhem transferir os prejuízos aos combalidos partidos.

Não bastasse a proposta de Constituinte exclusiva sem consulta a ninguém, muito menos ao escrito na Constituição, não fosse suficiente o ardil do plebiscito inexequível, o novo homem forte do governo veio a público oficializar o confronto.

O ministro Aloizio Mercadante disse em espantosa entrevista à Folha de S.Paulo que o Congresso iria “pagar caro” junto à população por ter recusado a proposta do plebiscito para fazer a reforma política.

Se o que quis dizer é que muitos parlamentares não terão o mandato renovado, fez provocação desnecessária.

Ainda que nenhum dos atuais congressistas seja reeleito, a Câmara e o Senado continuarão onde estão.

Já o PT pode não estar mais no Planalto em 2015, se o governo e o partido continuarem tentando recuperar terreno nessa estratégia de socializar os prejuízos que não produz para si um só benefício.

Dilma comprou briga com os médicos, desagradou aos governadores ao usá-los como coadjuvantes de um prato feito no segundo pronunciamento durante os protestos, foi vaiada em recinto fechado por prefeitos normalmente servis e dependentes do poder central, falou grosso (no sentido de grosseria, não de austeridade) com os aliados políticos, subestimou a capacidade das pessoas de distinguir atuação de embromação.

Nenhum dos grupos recebidos pela presidente da República nos últimos dias saiu satisfeito nem convencido da veracidade da súbita disposição ao diálogo.Em outras palavras, e de forma mais elaborada, os convidados dizem o mesmo que a mocinha do Movimento Passe Livre na avaliação sobre a condição da mandatária para responder ao país:

“Despreparada”.

Irreverência excessiva, assim como a descortesia da vaia dos prefeitos em hora e local inadequados (sede de governo não é estádio de futebol nem praça de protesto).

Em contrapartida, a narrativa sobre os modos de convivência da presidente não é a de respeito por atos e opiniões alheias que contrariem a sua vontade.

De certa forma, colhe o que semeou. De igual maneira o PT paga o preço da arrogância junto aos partidos aliados, sempre tratados como meros subalternos.

Agora mesmo, no meio da crise, o deputado Paulo Teixeira – que pretende disputar a presidência do PT – convocou a base parlamentar a se manter unida em defesa do “nosso projeto”.

Ao que muitos reagiram com a pergunta óbvia: “Nosso de quem, cara pálida?”. Se a atitude não mudar, o dano hoje visto como transitório consolida-se permanente.

Tempo de estio. O encontro de terça-feira passada entre Dilma e Lula, em Brasília, foi cercado do mais absoluto sigilo a conselho do marqueteiro João Santana.

Para não alimentar mais os comentários de que a presidente atua sob orientação e tutela do antecessor.

14, julho, 2013