Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

sábado, 19 de maio de 2012

Vaccareza se junta a Lula na guerra ao plural


1 Minuto com
Augusto Nunes




A mensagem de Cândido Vaccarezza para Sérgio Cabral comprova que além de espancar o código penal e a ética, o deputado do PT paulista trata a pontapés também o plural


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Sonhos de um guerreiro





O policiamento se esforça para conter a multidão que cerca o Supremo Tribunal Federal gritando “Dirceu guerreiro/do povo brasileiro”


POR NELSON MOTTA
O GLOBO

A condenação de José Dirceu como chefe da quadrilha do mensalão está dividindo os votos dos ministros do STF e um clamor por justiça se alastra pelo país como um rastilho de pólvora. Frotas de ônibus começam a chegar à Praça dos Três Poderes trazendo legiões de caras- pintadas da UNE que se juntam a milhares de sem-terra que marcham sobre Brasília vindos do Planalto Central.

Mais de 300 prefeitos, deputados e senadores se unem aos trabalhadores de várias categorias mobilizados pela CUT e à militância do PT, com suas bandeiras vermelhas e sua garra, exigindo justiça para Dirceu.

Desprevenida para a maior mobilização popular na cidade desde as Diretas Já, a tropa da PM chega tarde, quando a massa compacta já é impenetrável, mas pacífica, e só lhe resta protegê-la de eventuais provocadores da direita.

O coro épico da multidão na Praça dos Três Poderes estremece toda a Esplanada. “Dirceu guerreiro/ do povo brasileiro.”

Cada vez mais convencida da inocência de Dirceu, a militância digital trabalha dia e noite, seguindo os comandos dos blogueiros progressistas, denunciando a farsa e divulgando ameaças de revolta popular e de greve geral, apoiadas por lideranças sindicais e pelos movimentos sociais, pressionando o Supremo e a opinião pública.

Em São Paulo, uma multidão apedreja os escritórios da revista “Veja” gritando vivas a Dirceu e à democratização da mídia. Batalhões policiais designados para reprimi- los aderem aos manifestantes, baixando as armas e recebendo flores dos militantes.

Em um vídeo divulgado nos sites progressistas, Dirceu conclama a população a boicotar por três minutos o “Jornal Nacional”, em protesto contra a conspiração golpista da direita. A medição instantânea do Ibope registra a queda de mais de 50% na audiência da TV Globo.

No Supremo Tribunal Federal, na última hora, o ministro Dias Toffoli muda o seu voto e absolve Dirceu, a multidão explode em júbilo na praça, e o guerreiro acorda assustado numa cela da Papuda.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

CPI do Cachoeira poupa Delta, governadores e políticos de investigação



A CPI do Cachoeira livrou, nesta quinta-feira (17), governadores e parlamentares da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico e de serem convocados a explicar suas relações com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ANDREZA MATAIS
BRASÍLIA

A empreiteira Delta, apontada pela Polícia Federal como braço financeiro do esquema, também não terá seus sigilos quebrados nacionalmente, "por falta de indícios", no entendimento da maioria da comissão.

A CPI livrou ainda da investigação o presidente licenciado da empreiteira, Fernando Cavendish.


Os deputados e senadores aprovaram apenas a quebra do sigilo da empresa Delta na região Centro-Oeste, além dos sigilos de pessoas sem foro privilegiado que assessoravam Cachoeira e já foram investigadas pela Polícia Federal, conforme antecipou a Folha na edição de hoje.

A votação foi orquestrada pelo PT e PMDB, que comandam a CPI, e contou com ajuda da oposição. O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), sequer colocou em votação os requerimentos acerca dos governadores e da Delta nacionalmente. Esses requerimentos só devem constar na pauta da CPI no dia 5 de junho. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Fernando Franceschini (PSDB-PR), da oposição, apoiaram a proposta de adiar a discussão.

"Nós não vamos fazer devassa", afirmou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). "A generalização cheira a devassa", complementou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

PIZZA


Conforme a Folha antecipou na edição de hoje, foi feito um acordão entre caciques do PT, PMDB e PSDB para poupar os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ). No pacote dos governistas entrou ainda a preservação da Delta nacionalmente, que tem obras com o governo federal.

"Reuniu-se um grupo numa sala e decidiram quem vai morrer. O Rio de Janeiro está enterrado até a alma. O que vamos dizer?", afirmou a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). "Na minha opinião, estamos convocando os bagrinhos da história. Os importantes estão de fora", complementou.

"Dá impressão de estarem selecionando alvos por orientação político-partidária", criticou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). "É um mau começo desta CPI", disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos poucos a insistir na convocação dos governadores. "Estamos amarelando", afirmou o senador Pedro Taques (PDT-MT).

DELTA

O que provocou maior polêmica foi a decisão do comando da CPI de não quebrar os sigilos da Delta em todo o país. O relator e parlamentares do PT e PMDB afirmaram que não existem indícios contra a atuação da empresa em todo o país, o que gerou protestos.

"Estamos passando vergonha aqui. A Delta recebeu mais de R$ 4 bilhões do governo federal e não vamos quebrar o sigilo da empresa? Como vamos explicar isso ao Brasil?", afirmou o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR).

"É a CPI do conta-gotas. O dinheiro do Centro-Oeste vai para a central da empresa", afirmou o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR). "Em relação à Delta não existem apenas indícios, existem provas", disse o senador Álvaro Dias, em referência a vários diálogos interceptados pela PF que citam a empresa. Apesar das críticas, a oposição ajudou a aprovar o requerimento de quebra do sigilo apenas da Delta Centro Oeste.

ACORDÃO

O relator e deputados do PT e PMDB se esforçaram para negar um acordão para poupar alguns das investigações. "Não vamos resumir nossos trabalhos em apenas uma reunião", disse Odair Cunha. "Eu não participei de acordão nenhum. Temos que ter serenidade", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). "Vossa excelência não consegue convencer a uma criança de três anos que essa Delta não tem que ter seu sigilo aberto em todo país", rebateu o deputado Silvio Costa (PTB-AL), em resposta ao relator.

A votação desta quinta-feira praticamente sepulta a CPI.

As investigações devem ficar restritas ao que já foi apurado pela Polícia Federal sobre os membros do grupo de Cachoeira sem avançar para os pontos não apurados pela PF, até o momento, por envolverem políticos, que têm direito ao foro privilegiado.

A PF também não investigou a Delta porque seu trabalho era voltado para Cachoeira.

17/05/2012

Não dá mais pra segurar, explode Mensalão...


                
                  Não rola

Petistas que integram a CPI do Cachoeira pediram apoio dos peemedebistas para convocar e quebrar o sigilo de jornalistas da revista "Veja", mas o partido aliado disse não topar a ideia. 
     
                                 Por CoroneLeak

(Nota do Painel da Folha)

Sabem por que toda a movimentação desesperada dos protetores de mensaleiros? Porque a Veja vai cobrir com muita atenção este julgamento, levando informações para 9 milhões de leitores, dos mais qualificados do país:

Começaram a desaguar esta semana no STF memoriais do processo do mensalão, encaminhados por advogados dos réus. Como o documento comumente é entregue às vésperas dos julgamentos para, nas palavras de especialistas, "deixar a defesa mais fresca na memória dos juízes'', a movimentação fez crescer entre os ministros a expectativa de que Ricardo Lewandowski, responsável pela revisão do processo, entregue seu relatório até o fim da próxima semana. A ansiedade aumentou depois do presidente Ayres Britto agendar para terça-feira nova sessão administrativa para discutir a logística do julgamento.

Vips Os advogados dos protagonistas do mensalão, no entanto, só pretendem entregar suas peças quando o STF definir a data do julgamento. Assim, esperam que os ministros deem atenção total aos seus argumentos.

Más notícias Prefeitos que foram a Brasília para a marcha aproveitaram para sondar caciques petistas sobre prognósticos do mensalão. Voltaram para a casa desanimados com o potencial de dano do caso nas eleições. 

17 de maio de 2012

 

Quem negocia com bandido?





Investigações da PF, do FBI e da Interpol sustentam que Collor recebeu Dossiê Cayman e que sua família pagou US$ 2,2 milhões por papéis fraudulentos


Por Reinaldo Azevedo

O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), aquele que já caçou marajás um dia e que se dedica hoje a caçar jornalistas, acusa fanaticamente um profissional da VEJA de ter-se unido a bandidos etc. e tal. Ele finge não saber a diferença entre conversar com quem quer que seja em busca de informações e, de fato, se associar à bandidagem. E parece não saber a diferença faz tempo!

Lembram-se do Dossiê Cayman — aquilo, sim, uma picaretagem armada contra os tucanos?

O caso foi investigado pela Polícia Federal, pelo FBI e pela Interpol.

Conclusão: Collor recebeu o papelório.

E sua família, segundo as investigações, pagou US$ 2,2 milhões por eles.

Quem mesmo, senador, negocia com bandidos?

Ou não eram bandidos os que armaram aquela tramoia?


O que Vossa Excelência queria de posse daquela falcatrua?

Por certo, não era fazer reportagens, ainda que muitos repórteres tenham sido pautados, não é mesmo?

Leiam o que informou a Folha no dia 12 de dezembro do ano passado. Eis que, cinco meses depois, temos o valente senador posando (Emir Sader, seu neoamigo do PT, escreveria “pousando”) de grande moralista, a acusar gente decente de se envolver com bandidos.
*


Por José Ernesto Credendio

Investigação da Polícia Federal afirma que a família do senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) pagou em 1998 pelo dossiê Cayman, conjunto de papéis forjados para implicar tucanos com supostas movimentações financeiras no exterior.

Segundo o inquérito, o senador teria recebido pessoalmente a papelada das mãos de um envolvido, em Maceió. As conclusões são baseadas em investigações da Polícia Federal, do FBI (nos Estados Unidos) e da Interpol. Collor não foi indiciado por não ter participação direta no pagamento nem na elaboração dos papéis, mas é citado como beneficiário do caso.

De acordo com a investigação, o dossiê custou US$ 2,2 milhões em valores da época, pagos a partir de uma conta controlada por Leopoldo Collor, irmão do senador, no paraíso fiscal das Bahamas.

Os irmãos Collor caíram em um engodo, diz o inquérito, já que na prática pagaram uma fortuna por papéis grosseiramente falsificados.

A investigação rastreou as viagens feitas pelos envolvidos na produção e na difusão do dossiê. Eles transitam por EUA, França e Salvador, onde houve escala do avião. Por fim, chegam a Maceió.

Os documentos mostram como uma “offshore” no Uruguai, em nome de um laranja de Leopoldo Collor, controlava uma conta nas Bahamas.

E como foi a negociação para que o dinheiro fosse depositado em um banco em Coral Gables, uma cidade na Flórida (EUA), sem deixar rastros. Mas o FBI entrou no caso e conseguiu, ao lado da Interpol, apurar as conexões.

O valor da venda apareceu em uma agência do Eurobank na cidade norte-americana, conforme autorização de transferência bancária de 31 de agosto de 1998. Parte da trama foi relatada à investigação por Raymundo Nonato Lopes Pinheiro, então diretor internacional de comercialização da Rede Globo e réu no processo. “Laranja” de Leopoldo, ele confirma que é autor do documento que permitiu a transferência bancária, por meio de procuração.

Nonato disse à PF que conhecia Leopoldo desde os 17 anos. A existência da empresa “offshore” foi confirmada pelo irmão de Collor.

A conta em Coral Gables era, no papel, de Martha Volpato, indicada para receber o pagamento pelo dossiê e, assim, evitar que o negociador surgisse na transação.

O principal negociador é Luiz Claudio Ferraz da Silva, amigo de Leopoldo. Ele teria entregue os papéis a Fernando Collor em 5 de setembro de 1998, em Maceió.

Martha, que recebeu US$ 20 mil, chegou a ser presa em outra operação da PF. As investigações estão em processo na 10ª Vara de Justiça Federal de Brasília, quase pronto para julgamento.


Encerro
Como se vê, o lobo pode mudar de pelo, mas não de hábitos.

16/05/2012


Cabral descobre o Brasil



Cabral reescreveu o código de conduta após a revelação de que descobriu o Brasil na caravela emprestada por Érico Batista

Categoria: Brasil



VERA CRUZ – Três caravelas aportaram ontem à tarde no Rio de Janeiro numa expedição vinda de Paris. Assim que avistou a possibilidade de uma parceria público-privada para recuperar o setor portuário, o capitão Sérgio Álvares Cabral bradou “Terra à vista”.

Para analisar a prosperidade do terreno, primeiro, desceram os comissários Fernão Cavendish e Érico Batista. Em poucos minutos, retornaram à embarcação fulgurantes de alegria. “Em se licitando, tudo dá”, exclamaram, em uníssono, num brado retumbante.

Assim que desembarcou, em seguida, Cabral promoveu escambos para agradar os nativos. “Amigos, trago a Copa e as Olimpíadas. Em troca, quero uma carta branca”, proclamou, assinando a seguir o pergaminho de concessão da Baía da Guanabara a Érico Batista.


Coube ao escrivão Pezão Vaz de Caminha redigir um código de conduta para nortear as permutas pelos próximos 500 anos.

“A fim de respeitar a soberania dos costumes locais, os guardanapos não mais serão pendurados à cabeça, conforme o costume europeu.

As celebrações em banquetes só poderão ser feitas com lencinhos umedecidos, os mesmos utilizados para a higiene dos nossos brasileirinhos, como prova da pureza de nosssas intenções nessa terra fértil”
, diz o trecho inicial.

Mais adiante, Pezão de Caminha limita o empréstimo de caravelas privadas para fins políticos. “Há que se manter distância social dos comerciantes de além mar”, escreve.


Contrariada com a apropriação das areias fluminenses pela tropa de Cabral, a tribo nativa dos Maias se aliou aos jesuítas.

“O PFL manda nessa terra há 500 anos.

Vamos resistir!”, assegurou o líder dos Maias, Cesar.
15/05/2012


Devolução de Diploma à UFF por culpa do “Doutor” Lula



          Por Avelino Rui de Oliveira Taveirós

Roberto de Sousa Salles, Reitor da Universidade Federal Fluminense, comunico que enviei para você nesta data, 7 de maio de 2012, por Sedex (código para rastreamento SI375026628BR), o meu diploma de Engenheiro Industrial Metalúrgico outorgado por essa universidade, anexado a carta no seguinte teor:


Anexado à presente, devolvo a essa universidade, aos seus cuidados, o meu diploma de Engenheiro Industrial Metalúrgico outorgado por essa universidade. Esse diploma foi motivo de grande orgulho para mim, desde quando o conquistei e recebi, até o dia 4 de maio de 2012, quando essa universidade, sub sua regência, outorgou o título de Doutor Honoris Causa a Luiz Inácio “Lula” da Silva.


Não aceito ser bacharel por uma universidade que, por um lado, é tão rigorosa ao selecionar e diplomar seus alunos e, por outro lado, outorga alegremente o título de Doutor Honoris Causa a um indivíduo que ao longo de toda a sua vida pública tem demonstrado reiteradamente profundo desprezo pela educação formal.


Sem levar em conta aspectos éticos e políticos da história desse indivíduo, entendo que qualquer reitor de qualquer universidade que outorgar a ele qualquer título honorífico estará debochando de todos aqueles que concorreram a vagas, cursaram faculdades e se diplomaram nessa universidade. A Universidade Federal Fluminense praticou, sob a sua regência, um ato de vassalagem voluntária que denigre a história da universidade e diminui o mérito de todos que nela conquistaram algum título respeitando a educação formal e se dedicando ao estudo e à aquisição de conhecimento.


A História mostra que muitas pessoas e até mesmo povos inteiros já foram submetidos a vassalagem involuntária. A História mostra também que muitos resistiram e lutaram bravamente contra essa vassalagem involuntária e, independentemente do sucesso ou do fracasso dessa luta, o simples fato de terem resistido e lutado os honra. A grande maioria se acomodou e isso não constitui uma desonra – apenas faz parte da natureza humana. A verdadeira desonra é a vassalagem voluntária – que caracteriza uma minoria que ainda não entendeu e não representa a verdadeira natureza humana.


Preste vassalagem em seu próprio nome. Não envolva a universidade e o seus corpos docente e discente passados, presentes e futuros nos seus atos de vassalagem. Se quer se dar ao desfrute de espojar diante de quem quer que seja, tenha a coragem de fazê-lo em seu próprio nome, sem arrastar no chão a toga da Universidade Federal Fluminense.


Receba, senhor Reitor, o meu profundo pesar e a mais plena reprovação por esse ato.


República Federativa do Brasil, 7 de maio de 2012

Avelino Rui de Oliveira Taveiros é Engenheiro Industrial Metalúrgico formado na Décima Terceira Turma da Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda, da UFF. Foto acima: Instituto Lula - Ricardo Stuckert
 
 
 

COMISSÃO DA VERDADE: Quando a suposta dialética da história vira discurso esquizofrênico.





 Ou: A grande falha lógica do discurso de Dilma.

Ou: Conteste se for capaz!



Caras e caros, de braços dados com a história e a lógica, acho que escrevi o meu melhor texto sobre a Comissão da Verdade. Avaliem.
*
A presidente Dilma Rousseff realizou hoje a solenidade de instalação da dita “Comissão da Verdade” (ver post anterior).

Escrevi nesta manhã um longo texto a respeito. Também a mim não me moveu o revanchismo! Até porque tomei algumas bordoadas na luta pela redemocratização do país e tive de aguentar um “agente do regime” no meu pé quando tinha meros 16 anos…

Não fui torturado como Dilma nem me tornei o burguês das lutas alheias, como o companheiro “ApeDELTA”, que nunca sofreu, felizmente, um arranhão, embora receba pensão permanente por ter sido “molestado” pela ditadura. A grana deve andar, aí, em torno de R$ 6 mil por mês.

Continuo o apaixonado de sempre pelos fatos — aos 16, a minha perspectiva era certamente outra, mas já me incomodava a ideia de que o Estado pudesse sufocar os indivíduos com as suas verdades, a despeito dos… fatos!

Por isso me fiz, vamos dizer assim, um “rebelde”.

Por isso continuo, vamos dizer assim, um “rebelde”.

Eu me dei conta esses dias de que fui crítico, a cada hora numa trincheira, de todos os governos de Geisel pra cá. E, hoje, costumo bater boca, ainda que indiretamente, com sumidades que apoiaram todos os governos — de Geisel pra cá!!! São mais inteligentes do que eu, claro! O “progressismo” já fez verdadeiros milionários no Brasil. Fui de esquerda quando dava prejuízo. Deixei de sê-lo quando passou a dar lucro! Sujeito burro!!!

Sim, o tempo foi me convencendo, e já há muito é uma convicção da qual não abro mão, de que a democracia é mesmo o pior regime de governo possível, com a exceção de todos os outros, como disse aquele do uísque com charuto… Não é o modelo perfeito, mas é o que permite, ao menos, tratar as diferenças sem ter de avançar no pescoço alheio. Na democracia, “pacta sunt servanda“. E fim de papo! Vale o combinado. Os acordos têm de ser cumpridos. Os contratos não podem ser desrespeitados.

É o contrário do que pensa boa parte — se é que não se fala da totalidade — das esquerdas. Costumam apelar à chamada “dialética da história” para sustentar que leis, mesmo democraticamente instituídas, podem e devem ser desrespeitadas se essa for “a vontade da sociedade”.

Chamam de “vontade da sociedade” a pauta que elas próprias definem. Dos 16 aos, mais ou menos, 21, também cheguei a acreditar nisso.

Quando descobri que era a porta de entrada de todos os males do mundo; quando me dei conta de que essa perspectiva correspondia à morte do humanismo — à medida que ela não comporta qualquer princípio inegociável —, caí fora!

Constatei que se tratava de um mal superior àqueles outros que eu combatia (e que continuo a combater) porque, em nome da resistência e de um mundo alternativo, então tudo era possível. Se me era dado combater o que considerava “imoralidade alheia” com a ausência da moral (coisa de “burgueses”), então a diferença entre “nós” e “eles” é que o mal que preconizávamos não tinha limites.

A nossa vantagem comparativa estava em surpreendê-los usando seus métodos detestáveis e indo muito além. É claro que passei a repudiar essa visão de mundo de modo absoluto.

Pois bem. Dilma instalou nesta quarta a Comissão da Verdade. Negou a perspectiva revanchista, embora as declarações de pelo menos três membros do grupo — Maria Rosa Cardoso da Cunha, Paulo Sérgio Pinheiro e Maria Rita Kehl — afrontem de forma clara o texto da lei. Dizem com todas as letras — e contra a letra legal, reitero — que o objetivo da comissão é apurar as transgressões aos direitos cometidas apenas por um dos lados.

A Comissão da Verdade não reconheceria (e não reconhecerá), assim, as mais de 120 vítimas que as esquerdas também fizeram no país. É mentira, mentira absoluta, que toda a cadeia de comando que resultou nessas mortes tenha sido identificada. Ao contrário até: assassinos notórios, ou seus partidários, passaram a receber, diretamente ou por meio de familiares, indenização do estado.

Não adianta me xingar, me ofender, nada disso. Se puderem, neguem a evidência. Se não puderem, tenham ao menos a coragem de defender que alguns são maus assassinos, e outros, bons assassinos.

No discurso de instalação da comissão, afirmou a presidente:
“Ao instalar a Comissão Nacional da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de forma diferente do que aconteceu, e sim a necessidade imperiosa de conhecê-la em sua plenitude, sem ocultamentos, sem vetos. É a celebração da transparência da verdade de uma nação que vem trilhando um caminho da democracia. O Brasil deve render homenagens a mulheres e homens que lutaram pela revelação da verdade histórica. O direito à verdade é tão sagrado quanto o direito de famílias de prantear pelos seus entes queridos. Reverencio os que lutaram contra a truculência ilegal do estado e também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização”.

Parece bom, mas é a esquizofrenia histórica se fingindo de dialética. Se é mesmo uma história “sem ocultamentos”, então a verdade sobre alguns grupos tratados como defensores da democracia tem de ser devidamente caracterizada.

Não é possível que organizações como Colina, VPR e VAR-Palmares, que a presidente conhece muito bem, sejam alçadas à condição de heroínas do regime democrático.

Atenção!

Nada, nada mesmo, justifica que um agente do estado resolvesse fazer “justiça” com as próprias mãos!

Condenar esse expediente, no entanto, não muda a convicção daqueles que queriam uma ditadura socialista no Brasil. E, em nome disso, também mataram. Se a inocência não era um limite para os torturadores e agentes dos porões, foi, por acaso, limite para muitos daqueles militantes?

Dilma diz reverenciar os que “lutaram contra a truculência legal”.

Certo!

Quando Larmarca, volto ao caso, esmagou o crânio de um tenente da Polícia Militar, depois de um “julgamento” feito no meio do mato por seus pares de terror, ele estava lutando “contra a truculência legal”?

Quando uma associação de grupos de esquerda decidiu jogar um carro-bomba contra um quartel, fazendo em pedaços um jovem de 18 anos — Mário Kozel Filho —, tratava-se tal ação de “luta contra a truculência legal”?

Quando os próprios esquerdistas assassinaram alguns dos seus, suspeitos de colaboracionismo, era “luta contra a truculência legal”?


A linguagem trai

Como é mesmo? As palavras fazem sentido!!! A gramática existe não apenas para expor a ignorância do JEG. Também é um instrumento para aclarar pensamentos.

Prestem atenção a este trecho da fala da presidente:
“Reverencio os que lutaram contra a truculência ilegal do estado e também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização”.

Sabem os gramáticos — e preciso sempre tomar cuidado porque tenho um dos melhores entre meus leitores, Luiz Antônio Sacconi, dono de vastíssima obra na área — que a conjunção aditiva “e” pode ser empregada como conjunção adversativa, pode valer por um “mas”, a exemplo do que faz Dilma. Sua fala pode ser reescrita assim, sem que mude o sentido do que disse:
“Reverencio os que lutaram contra a truculência ilegal do estado, mas também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização”.

Resta evidente em sua peroração a existência de uma contradição entre “os que lutaram contra a truculência” e “os pactos políticos que nos levaram à redemocratização”.

Ao optar por esse discurso, ela se revela e se trai também na esfera da linguagem. Ela se revela ao admitir que entende a Lei da Anistia como algo que caminhou no sentido contrário aos interesses daqueles supostos heróis “que lutaram contra a truculência”.

Mas ela também se trai ao assumir que, satisfeita a visão de mundo daquela turma, certamente não se alcançariam os “pactos políticos que nos levaram à redemocratização”.

Vale dizer, por dedução lógica inescapável: se a Lei da Anistia era incompatível com aquela turma, aquela turma era incompatível com a Lei da Anistia.

Não posso fazer nada: eu opero com categorias lógicas. Eu me nego a me deixar enrolar pela retórica oca, pela grandiloquência do… ocultamento!

Algum retórico do Planalto emprestou um coquetel de figuras de linguagem à presidente, que afirmou:

“A ignorância sobre a história não pacifica. Pelo contrário, mantém latentes mágoas e rancores. A desinformação não ajuda a apaziguar. O Brasil merece a verdade. As novas gerações merecem a verdade. Merecem a verdade factual também aqueles que perderam amigos e parentes. O Brasil não pode se furtar a conhecer a totalidade de sua história. Se tem filhos sem pais, túmulos sem corpos, nunca pode existir uma história sem voz”.


Perfeito!

Se é o Brasil pacificado que instala essa “Comissão da Verdade”, então, por definição, toda a verdade tem de ser contada, também a das vítimas dos grupos terroristas — ainda que a “comissão” queira chamá-los “revolucionários” ou “amantes da democracia” (o que é mentira!).


À diferença do que dizem os petralhas, aceito, sim, pontos de vista diferentes dos meus.

Desde que se apontem as falhas lógicas ou as falsidades deste texto.



16/05/2012 


Integrantes divergem sobre foco de investigações


Comissão da Verdade

Enquanto alguns membros defendem que o colegiado investigue exclusivamente os agentes públicos, outros querem incluir eventuais crimes cometidos por guerrilheiros ou militantes de grupos de esquerda
Veja on line


Laryssa Borges
Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de Instalação da Comissão Nacional da Verdade, no Palácio do Planalto
(Roberto Stuckert Filho/PR)

Os integrantes da Comissão Nacional da Verdade ainda divergem sobre o recorte que será dado à investigação de violações de direitos humanos no período da ditadura.

Depois da solenidade que empossou os responsáveis por apurar abusos ocorridos entre os anos de 1946 e 1988, o ex-procurador-geral da República, Claudio Fonteles, defendeu que o colegiado investigue exclusivamente os agentes públicos responsáveis por torturas ou desaparecimento de pessoas e se abstenha de verificar eventuais crimes cometidos por guerrilheiros ou militantes de grupos de esquerda.

“Essa comissão é fruto de uma lei que reconheceu que o estado brasileiro violou direitos humanos através de servidores públicos”, afirmou Fonteles.

Ele também defendeu que seja ouvida a versão de militares sobre episódios ocorridos nos anos de chumbo.

“Temos que nos acostumar a conviver com a diferença em nível elevado, sentados à mesa, com tranquilidade. É fundamental que apuremos ouvindo todo mundo. Não há verdade em solução ditatorial, arbitrária, em que se usa a força”.

Para José Carlos Dias, que falou em nome do colegiado durante a cerimônia de posse, “é fundamental entender que abusos porventura cometidos por cidadãos não justificam os atos de violência praticados por agentes e mandatários de estado”.

“A instalação dessa Comissão da Verdade significa um passo relevante para a consolidação da sociedade democrática brasileira, virando uma página dolorosa de nossa história, quando liberdades foram suprimidas e direitos aviltados contra os que ousaram”,
disse. “Haveremos de dar respostas às expectativas e esperanças. Não somos donos da verdade, mas seremos seus perseguidores obstinados”.

Em sentido contrário, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Gilson Dipp, indicado para coordenar os trabalhos do grupo durante a fase de instalação dos trabalhos, afirmou que “toda violação aos direitos humanos” pode ser alvo de investigação da comissão.

“O artigo primeiro da lei refere que toda a violação a direitos humanos poderá ser examinada pela comissão”,
declarou, fazendo a ressalva de que as conclusões do colegiado não poderão servir como base para processos judiciais.

O advogado José Paulo Cavalcanti Filho, que também compõe o grupo, disse que os integrantes da comissão ainda precisam conversar entre si para delimitar o foco das investigações.

“Não tivemos tempo para conversar”, explicou. “Vamos ficar em silêncio e acertar as divergências”.

Farão parte da Comissão Nacional da Verdade o ex-procurador-geral da República, Claudio Fonteles, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Gilson Dipp, o ex-ministro da Justiça, José Carlos Dias, a psicanalista Maria Rita Kehl, o advogado José Paulo Cavalcanti Filho, o diplomata Paulo Sergio Pinheiro e a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, que chegou a defender Dilma durante os anos de ditadura.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Seguindo o dinheiro







"Follow the Money"



POR ZUENIR VENTURA
O Globo


Ainda bem que há na CPI do Cachoeira alguém como o deputado Miro Teixeira, que tem o bom senso de achar que é preciso correr atrás do que foi desviado, e que pela primeira vez isso vai ser feito.

"Creio que perseguir o caminho do dinheiro e retomá-lo vai ser inédito", ele diz.

"Follow the Money"
foi o famoso conselho que os repórteres americanos Bob Woodward e Carl Bernstein ouviram de sua fonte, o Garganta Profunda, e graças ao qual desvendaram o escândalo de Watergate, que levou o então presidente Richard Nixon à renúncia da Presidência dos EUA nos anos 70.

A estratégia pode servir aqui também. Descobrir o destino do dinheiro ajuda na investigação, e reavê-lo é fundamental como punição, porque o corrupto não tem medo nem do vexame nem da execração pública, nem mesmo da prisão, quando raramente isso acontece.

E ele não trocaria alguns anos de liberdade pelo enriquecimento pelo resto da vida?

Não passaria dois ou três anos na cadeia, se tanto, em troca de alguns milhões de reais?

Sem falar nos que saem da cena política por algum tempo para voltarem eleitos pelo voto popular.

Portanto, o que o corrupto mais teme é perder o que roubou.

Sabe-se — não apenas por impressão, mas até por pesquisa — que é muito baixa a probabilidade de um servidor público ser preso e de ter que devolver os bens e valores desviados.

Um levantamento feito por dois pesquisadores de Brasília mostrou que menos de 5% dos envolvidos são punidos. Das 441 demissões por corrupção ocorridas no governo federal num período de 12 anos, os professores Gico Junior e Carlos Higino Ribeiro de Alencar constataram que apenas 107 sofreram ação de improbidade na Justiça; desses, somente 14 foram penalizados, ou seja, 3,17% do total.

Miro Teixeira está confiante de que nenhum inocente será perseguido e de que "quem for culpado vai pagar".

A composição da CPI não chega a alimentar inteiramente esse otimismo. Há, porém, o fato de que essa CPI começa por onde outras terminaram, já com o inquérito criminal feito pelo Ministério Público.

Pode-se acrescentar que outra novidade é que desta vez não há apenas corruptos, mas um corruptor explícito.

Quem sabe o desfecho não será também inédito, como previsto pelo deputado, com a retomada do dinheiro repassado às empresas fantasmas de Cachoeira, através da Delta de Cavendish?

Como diz Ancelmo, vamos torcer, vamos cobrar.

 

Juiz diz que Paulo Henrique Amorim “faz mal à própria imprensa”. Em 2 dias, em 3 processos, ele é condenado a pagar indenizações que somam R$ 350 mil




Não conheço Daniel Dantas.

Nunca falei com ele.

Se conhecesse e tivesse falado, isso não teria modificado nada do que escrevi a seu respeito.

Quando tive de criticá-lo, eu o critiquei.

Quando achei que foi vítima de arbitrariedades na tal “Operação Satiagraha”, também disse.
 


Escrevo o que quero, segundo o que entendo do mundo e das coisas. Há modos de criticar as pessoas. Ser duro — e sou com aqueles cujo comportamento ou ideias reprovo (basta ver meu texto sobre a Comissão da Verdade) — não se confunde nem pode se confundir com a prática de crimes.

Os que hoje recorrem à Internet e à liberdade de expressão para o vale-tudo estão maculando tanto uma coisa como outra.

Assim como uma súcia de vagabundos se armou para tentar me colocar entre os defensores de Dantas no passado, uma outra súcia (que, desta vez, inclui até antigos críticos daquela) se formou agora, com o caso Cachoeira.

Assim como a canalha foi desmoralizada daquela vez, está sendo também agora.
 

Abaixo, segue um texto do Consultor Jurídico informando que Paulo Henrique Amorim foi condenado três vezes em dois dias — duas em primeira instância e uma em segunda.

Fica claro por quê.

Fatalmente, aquele modo de fazer algo que pode se confundir com jornalismo, sem ser, chegaria à Justiça.
O pior é que ele tem alguns seguidores.

Até antigos desafetos seus mimetizam-lhe o estilo, os propósitos e o vale-tudo.

Leiam o que informa o Consultor Jurídico.



Por Marcos de Vasconcellos:

Em dois dias, o apresentador Paulo Henrique Amorim foi condenado a indenizar em R$ 350 mil o banqueiro Daniel Dantas por publicar acusações em seu blog.
Três casos foram julgados, sendo dois (na primeira instância) na última segunda-feira (14/5) e um (na segunda instância) nesta terça-feira (15/5).

Nos três, Amorim foi condenado por conduta ilícita, ao utilizar termos e imagens ofensivas para se referir a Dantas.

A condenação em segunda instância responsabiliza o apresentador do dominical televisivo Domingo Espetacular também por comentários anônimos publicados em seu blog.

A decisão mais recente é também a mais cara. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro condenou Amorim a pagar R$ 250 mil ao banqueiro e a publicar, em dez dias, a íntegra da decisão em seu blog.

O apresentador é responsabilizado por comentários anônimos de leitores que, segundo os desembargadores da 1ª Câmara Civil da corte, são publicados com o aval do jornalista.

Alguns dos comentários, segundo a defesa de Dantas, incitavam inclusive à violência física contra o banqueiro.

Os desembargadores afirmaram que a condenação do apresentador representa uma defesa da liberdade de imprensa, “tendo em vista que Paulo Henrique Amorim vem desempenhando papel nocivo à própria imprensa ao atacar, de forma dolosa, pessoas que ele afirma serem seus desafetos”.

No caso em questão, Amorim se referia a Daniel Dantas como “passador de bola apanhado no ato de passar bola” e afirmava que o banqueiro havia realizado diversas “patranhas”.

O uso da primeira expressão já havia gerado conflito judicial.

Outra nota publicada no mesmo blog que fazia uso da expressão “passador de bola” fez com que o blogueiro fosse condenado a indenizar Daniel Dantas em R$ 200 mil em abril de 2011.

Os desembargadores reconheceram que, ao utilizar a expressão mais uma vez, Amorim tinha intenção de ofender Dantas. A decisão reforma sentença em primeira instância, na qual a ação havia sido julgada improcedente.


Fotos proibidas
Nas outras duas condenações sofridas por Amorim no último dia 14, cada uma de R$ 50 mil, o apresentador foi condenado a indenizar Dantas por fotografias publicadas em seu blog com legendas que foram caracterizadas como ofensivas à honra do banqueiro.

Uma das imagens trazia o narcotraficante colombiano Juan Carlos Abadia algemado, acompanhada dos dizeres: “Na foto, Dantas, que age no mesmo ramo do empresário colombiano”. Amorim também escreveu no blog que Abadia e Dantas jogam no time do “crime organizado”.
O banqueiro afirma que a expressão foi injuriosa e mentirosa.

A defesa do apresentador argumenta que a “notícia” seria um mero debate amparado pela liberdade de expressão e imprensa, de relevante interesse público.

O juiz do caso, Rossidelio Lopes da Fonte, da 36ª Vara Cível do Rio de Janeiro, é direto ao descartar tal argumentação:

“Nada mais falso”. A matéria, diz Fonte, ultrapassa os limites constitucionais da liberdade de expressão para atingir a honra de Dantas.

“Amorim não faz questão alguma de afastar o ódio pessoal que sente por Dantas”, diz ele na sentença.

Para o juiz, o dano moral é devido porque a imagem, a honra, a intimidade e a vida privada são bens personalíssimos que podem ser objeto de conduta ilícita, “acarretando para seu titular dano patrimonial ou moral ou ambos”.

Segundo a sentença, a imagem do traficante algemado identificada como sendo de Dantas gera direito de ser indenizado, assim como dizer que ambos fazem parte do crime organizado.
O mesmo juiz julgou processo no qual Dantas pediu indenização pela publicação de outra foto no blog de Amorim, que compara o banqueiro a um traficante de drogas, chamando-o de “líder do tráfico nas favelas”.

A Justiça condenou o apresentador a pagar outros R$ 50 mil por danos morais.

A defesa de Amorim argumenta que ele não ultrapassou os parâmetros de suas prerrogativas profissionais, e que seria vedado ao banqueiro se “socorrer do Judiciário para impedir atividade jornalística”.
(…)

16/05/2012


terça-feira, 15 de maio de 2012

A doce vida de Sérgio Côrtes e Fernando Cavendish à beira da piscina em Monte Carlo


Sérgio Côrtes conversa com um amigo dentro da piscina enquanto Cavendish e Luiz Carlos Bezerra, assessor da presidência da ALERJ (de perfil) tomam sol


Deve ser duro para um morador da Baixada Fluminense que tem que enfrentar o Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias; ou para um morador de Niterói, que precisa recorrer ao Hospital Azevedo Lima; ou ainda para quem mora na Zona Oeste e precisa do Albert Schweitzer ou do Rocha Faria, saberem que falta tudo nas unidades, enquanto o responsável pela saúde do estado vive em farras na Europa, tomando banho de piscina em Monte Carlos, e bebendo champanhe em companhia do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, principal homem do esquema de Carlinhos Cachoeira.

Imaginem os senhores que o Hospital Estadual Pedro II, em Santa Cruz, está fechado há quase dois anos e foi repassado para a prefeitura. Sérgio Côrtes com uma agitada agenda de farras em paraísos de milionários não teve tempo para cuidar desse assunto. Agora entendo porque o hospital foi passado para a prefeitura.


A UPA de Mesquita está completando um ano pronta e sem funcionar. Sérgio Côrtes também não teve tempo para cuidar desse problema. Nos hospitais estaduais de São Gonçalo e Getúlio Vargas, na Penha o caos é geral, também falta tudo. Sérgio Côrtes também já fechou o Hospital São Sebastião, no Caju e mais quatro hospitais do estado, entre eles o do IASERJ que atende os servidores.


Sérgio Côrtes é um homem muito ocupado. Vive no circuito Paris – Cannes – Monte Carlo, em farras, bebedeiras vergonhosas, hotéis 5 estrelas, restaurantes, cassinos e lojas de luxo.


Enquanto os médicos sem recursos para trabalhar tinham que fazer a dramática escolha de quem atender e salvar, e quem não poderia ser atendido, em muitos casos causando a morte do paciente, Sérgio Côrtes como poderão ver na foto abaixo, só tinha uma preocupação: qual vinho escolher.


Sérgio Côrtes tendo ao fundo o Mar Mediterrâneo posa com a esposa num restaurante de Monte Carlo com a carta de vinhos na mão

Enquanto milhares de pessoas amargavam até cinco horas na fila de uma UPA para serem atendidos por um enfermeiro, uma vez que faltam médicos, Sérgio Côrtes se embriagava e dançava completamente bêbado com a Gangue dos Guardanapos, no Hotel Ritz, de Paris dando um péssimo exemplo, ainda mais para um médico que é secretário de Saúde.


Os médicos e enfermeiros do estado estão revoltados com tudo o que viram de Sérgio Côrtes nas farras européias. Se espantam como ele não cai, como permanece no cargo. Mas como dizem em tom de piada nos corredores dos hospitais: “Sérgio Côrtes até cai, mas só quando está bêbado”. Seria cômico se não fosse trágico.


Sérgio Côrtes dança na boquinha da garrafa, completamente bêbado, com a Gangue dos Guardanapos


Em tempo: Daqui a pouco Garotinho fala direto de Brasília e vamos recordar fotos do mundo mágico de Sérgio Cabral em Mangaratiba e da sua mansão milionária que foram publicadas no nosso blog há mais de um ano.


15/05/2012





Cadeia nacional para a mãe do PAC -




Enquanto Dilma Rousseff se especializa em falar sozinha na TV, o presidente do PT avisa que o governo popular vai “peitar” a mídia
POR GUILHERME FIUZA
REVISTA ÉPOCA

É compreensível

A mídia é praticamente o único problema do Brasil atualmente. Se não fosse ela, não existiria corrupção no governo popular (o que os olhos não vêem, o coração não sente).

Infelizmente, a rede parasitária montada pelos companheiros em pelo menos sete ministérios foi parar nas manchetes. Não fosse essa invasão de privacidade, esquemas como o do Dnit com a Delta continuariam firmes na aceleração do crescimento.

Se não fosse a mídia para atrapalhar, o governo da presidenta falaria diretamente com o povo – sem esses assuntos azedos que só interessam à imprensa.

E já que jornalista só gosta de coisa ruim, o PT resolveu falar sozinho, em cadeia obrigatória de rádio e TV.

Dia da Mulher, Dia do Trabalhador, Dia das Mães e todas as datas simpáticas do calendário passaram a ser, também, Dia da Dilma. São os momentos em que a presidenta olha nos olhos do Brasil e diz a ele só coisas lindas, de arrepiar.

O comício contra os bancos no Primeiro de Maio foi inesquecível. Como governar é muito chato e trabalhoso, o PT resolveu voltar a ser estilingue (sem sair do palácio).

É o primeiro governo de oposição da história.

É muito melhor fazer comício contra juros altos (“peitar os bancos!”) do que organizar as finanças públicas, acabar com a farra tributária, abrir mão do fisiologismo, parar de gastar o dinheiro que não tem e controlar toda essa bagunça institucional que empurra para o alto a inflação – e os juros.

O povo está adorando esse governo de oposição, liderado por uma mulher corajosa que faz faxina em sua própria lambança e vira heroína.

No pronunciamento emocionante do Dia das Mães, que lançou o programa Brasil Carinhoso, só faltou uma palavra de carinho para a construtora Delta, que cresceu e engordou sob a guarda da Mãe do PAC.

Foi dentro do projeto de peitar a mídia que Lula insuflou a CPI do Cachoeira. A idéia era mostrar que a imprensa burguesa também estava no bolso do bicheiro e que o mensalão não existiu.

Quem sabe essas pérolas do romantismo petista não viram verdade no Dia dos Namorados, em mais um pronunciamento oficial da presidenta?

Dilma Rousseff foi vaiada




 Folha Poder
A presidente Dilma Rousseff foi vaiada nesta terça-feira (15) pelos prefeitos que participavam da 14ª edição da Marcha dos Prefeitos, em Brasília.

A vaia ocorreu no momento em que a presidente decidiu falar sobre a redistribuição dos royalties do petróleo.

Ao final do discurso de Dilma na abertura do evento, os prefeitos pediram que a presidente se manifestasse sobre o assunto e Dilma respondeu: "Vocês não vão gostar do que eu vou dizer".

Em seguida, a presidente declarou: "Não acreditem que vocês conseguirão resolver a distribuição de hoje pra trás. Lutem para resolver a distribuição daqui pra frente".

Os prefeitos não gostaram da fala de Dilma e vaiaram a presidente.

O clube do Nextel



Detectada, na investigação, prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, contrabando, evasão de divisas, sonegação fiscal, violação de sigilo funcional, formação de quadrilha




Por Merval Pereira
O Globo

Um balanço dos depoimentos dos delegados das Operações “Vegas”, Raul Alexandre Marques e “Monte Carlo”, Matheus Mella Rodrigues à CPMI do Cachoeira, mostra para onde essas investigações podem ir, pois eles nada mais fizeram do que reproduzir o que está na íntegra dos inquéritos que comandaram.


O deputado Chico Alencar, que participa da Comissão na qualidade de líder do PSOL, chama a atenção para um fato: existem nada menos que 60 números em série de aparelhos Nextel, relação que a Polícia Federal ficou de enviar à CPMI, assim como das pessoas que ligavam para esses números.
A verificação desses nomes é fundamental para se definir nível de vínculo com a organização, pois tais aparelhos, habilitados nos EUA e supostamente à prova de monitoramento e grampos, eram “exclusivos para a diretoria”.

Usuários checavam habitualmente a ‘blindagem’ das conversas sobre seus negócios escusos: “É seguro mesmo? Posso falar?”.

Ainda estão em análise, por peritos, material de ‘malotes’ originário de 28 locais de busca, com cerca de 150 mídias: CDs, DVDs, pen-drives, notebooks.

Novos indícios, nomes e vínculos com a organização criminosa ainda podem surgir.

Pelo que a Polícia Federal descobriu, a organização criminosa de Cachoeira inicialmente explora jogos ilegais e, mediante propina, monta rede de proteção ‘oficial’, envolvendo policiais civis, militares e federais, além de apoio político e busca de influência na Justiça.
A base inicial em Anápolis expandiu-se para Goiânia, Brasília e vários outros estados. Valparaíso e Águas Lindas eram chamadas pela organização e usuários de “Las Vegas do entorno”.
Detectada, na investigação, prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, contrabando, evasão de divisas, sonegação fiscal, violação de sigilo funcional, formação de quadrilha.
Em autoridades públicas vinculadas à organização, segundo os delegados, são corriqueiros o tráfico de influência e a exploração de prestígio.
O faturamento bruto médio por casa de jogos era de R$1,2 milhão por mês, montante que no fim de ano subia para R$ 3 milhões. O ‘Capo’ Cachoeira fica com 30% do lucro (assim como ‘famiglia’ Quiroga, do ‘entorno’).
A Polícia Federal identificou que, em parceria com a empreiteira Delta Construções, promoveu-se um projeto de diversificação de atividades.
O dinheiro das atividades ilegais era depositado em contas correntes de empresas em nome de laranjas: J.R. Construções, Alberto e Pantoja e Brava Construções.

Todo mês uma nova empresa de fachada sendo aberta: empresa laranja no Uruguai; Souza Ramos Corporation nas Ilhas Britânicas. É necessária investigação detalhada sobre cada uma delas.

Cachoeira tirou seu nome do quadro societário das empresas, só ficando com uma. Sua declaraçãode Imposto de Renda, em vista dos seus multinegócios “empresariais” e dos recursos de que dispunha e ostentava, é pífia.
Mas a disparidade entre a declaração e os gastos não é considerada crime, o que deve mudar na reforma do Código Penal.
A empreiteira Delta fazia depósitos sistemáticos e frequentes nas contas das empresas de laranjas da organização criminosa.

O diretor de Goiás da empreiteira, Claudio Abreu, que está preso, tinha conversas diárias e diversas com Cachoeira: “eram sócios em tudo”.

Para a Polícia Federal, a tese de que Abreu fazia negócios sem conhecimento da direção da Delta é impossível. Há indícios de que ele reportava-se a seus colegas da direção da empresa, entre eles Fernando Cavendish, envolvendo-a diretamente nos negócios da organização. Delta e Cachoeira aparecem nas investigações entrelaçados, em parceria societária oculta crescente.
Os contatos e referências da organização criminosa envolveram empresários, jornalistas (‘setor’ de comunicação era importante paraela) e agentes públicos de nível municipal, estadual e federal, como secretários, prefeitos, vereadores, deputados estaduais, distritais, federais,ministros (também de Tribunais superiores), funcionários de agências reguladoras e assessores. Eram as “pessoas politicamente expostas”.
Inequivocamente, a autoridade pública mais íntima da organização era o senador Demóstenes Torres. “Ao angariar contratos para Delta no Centro-Oeste e em outras áreas do país, ele tornava-se sócio oculto da empresa”, informa a Polícia Federal.
“Colocava-se sempre à disposição para usar sua influência política, em todas as esferas de Poder, em favor dos negócios da organização”. Cachoeira tinha grande articulação política, ‘suprapartidária’, procurava influenciar vários detentores de mandatos.
Também se movimentava no campo eleitoral, discutindo candidaturas, sugerindo nomes e tratativas entre potenciais candidatos, em especial com o senador Demóstenes Torres.
Os vínculos políticos e a proteção policial mediante suborno davam a Cachoeira a sensação de intocabilidade: “todo mês falam que estão me investigando, vão me pegar... e nada acontece”, comentava no telefone Nextel supostamente inviolável.
Até aqui, o governo de Goiás, do tucano Marconi Perillo foi aquele sobre o qual a organização criminosa mais ampliou seus tentáculos, podendo se falar mesmo, segundo a Polícia Federal, de um “governo paralelo”: até o corregedor da Secretaria de Segurança Pública era do esquema.
A Organização tinha ‘cota’ de indicações políticas no governo. O governador Marconi Perillo, citado 237 vezes em conversas, teve encontros diretos com Cachoeira, tratava-o amistosamente e vendeu sua casa para o próprio, recebendo cheques assinados por Leonardo Ramos, sobrinho do ‘capo’.
As investigações mostram também intensas gestões para negócios com o Governo do Distrito Federal, através de busca de contratos,legalização de terras (Ibran, Terracap, INCRA) e outros ‘serviços’.
Não foi detectado, até aqui, nenhum diálogo do governador petista Agnelo Queirós com Cachoeira, mas há, porém, gestões de intermediários para que Agnelo e Cachoeira se encontrassem e indícios de que os encontros podem ter ocorrido, mas não havia autorização para investigação e eventual registro.


15.5.2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

De que ri a senhora Cachoeira?




Andressa Mendonça não vai posar para a Playboy


Pelo menos por enquanto
Ela recusou o convite da revista
"Meu papel, neste momento, não é esse", disse a mulher de Carlinhos Cachoeira em entrevista ao jornal
O Globo
POR GUILHERME FIUZA
REVISTA ÉPOCA


Qual seria o papel de Andressa neste momento?

Aparentemente, algo um pouco mais obsceno que vender sua nudez graças à prisão do marido: rir.

Quando ela disse que "o Cachoeira é uma pessoa encantadora", a repórter perguntou: "Por isso encantou tanta gente?".

Andressa concluiu seu striptease mo­ral com uma risada: "Acredito que sim".


A musa dos caça-níqueis também riu ao dizer que não daria "esse gostinho" (expor sua nudez) e que deixaria "só para o Cachoeira", com quem está há nove meses. A graça que Andressa vê nas coisas a sua volta traz a dimensão pornográfica que faltava ao caso do bicheiro. Não pode haver nada mais obsceno que as risadas da senhora Ca­choeira no centro de um dos maiores escândalos políticos brasileiros. Nin­guém precisa tirar a roupa.

Fora um eventual deficit cognitivo da moça, o que será que lhe inspira tama­nha tranquilidade e senso de humor? Não se sabe. O que se sabe é que ela diz estar confiante no doutor Márcio Tho­maz Bastos, advogado de Cachoeira e também, coincidentemente, de Lula. Depois dos indícios de que, além de privatizar o senador Demóstenes Torres, o bicheiro é dono de coisa maior - incluindo um bom pedaço do PAC -, os altos círculos da República parecem conspirar pela paz interior de Andressa.

Romântica, a emergente dama do Cerrado lamenta não ter podido ver o parceiro no dia de seu aniversário. Mas con­ta que deixou na penitenciária um cartão em que escreveu "coisas lindas de uma mulher apaixonada': O enredo policial não a constrange, e isso lhe dá confiança para dizer ao ser amado que tudo é "apenas uma turbulência da vida". "Quem não passa por isso?", diz a loura de 28 anos, convencida da normalidade da situação. E emenda o argumento definitivo:
"Quem está livre de ser preso?".

Ninguém. Qualquer pessoa de bem, que pague em dia seus deputados e senadores, pode ter o azar de acordar um dia vendo o sol nascer quadrado. São as fatalidades da vida. Nessas horas, não adianta desespero. Melhor pensar em coisas boas, como o Supremo Tribunal Federal (STF). Certamente é um alento para a jovem Andressa Cachoeira lembrar o bando do mensalão, que também pagava regiamente seus parlamentares - e encontrou no STF um calmante para suas angústias. Quando o ministro revisor avisa, sete anos depois, que não sabe se vai dar tempo de julgar os mensaleiros - e de evitar a extinção de seus crimes -, o que mais pode fazer a mulher do bicheiro preso, além de rir?

O Supremo é uma inspiração para todas essas pessoas que não estão livres de ser presas. Ponha-se no lugar de alguém cujas negociatas, por acidente, foram grampeadas e que foi em cana. Imagine o alívio de olhar para a mais alta corte e ver juízes batendo boca como adolescentes, a ponto de um dizer para o outro que ele é "brega" por­que "nunca curtiu (a banda) The Ink Spots". Ou assistir aos mais altos magistrados dando gritos populistas, tipo "Viva o país afrodescendente!", para agitar a bandeira racial dos padrinhos. Um bem-sucedido empresário da contravenção não pode levar isso a sério.

Por essas e outras, assim como sua amada, Carlinhos Cachoeira também dá risadas. "Eu contei do convite (da Playboy), e ele gostou, morreu de rir." Portanto, quem achou que o bicheiro estava chateado com a fatalidade de sua prisão agora fica sabendo que ele anda até gargalhan­do. Cachoeira confia nas instituições. Especialmente na­quelas que o consideram uma pessoa encantadora, como explicou Andressa.

A missão da CPI é decidir quem vai rir por último. Ca­choeira é homem bomba. Se parar de rir, explode. "Tenho certeza de que ele não quer prejudicar ninguém", disse a primeira-dama, num simpático recado à clientela: salve sua pele salvando Carlinhos - tratar com o advogado de Lula.

Andressa Cachoeira planeja o casamento para breve, quando seu príncipe sair do xadrez. Cada povo tem o con­to de fadas que merece. Ou os brasileiros saem às ruas para incendiar a CPI e explodir o homem bomba ou serão todos súditos da rainha risonha do bicho.
Maio 14, 2012


Do flagelo partidário ao ocaso da oposição




O Brasil deve estar em festa. Faz pouco, foi anunciada a criação do 30.º partido político nacional. Sim, caro leitor, você não leu errado, temos a fantástica cifra de 30 agremiações partidárias!



Por Sebastião Ventura P.da Paixão Jr.
Estadão

No entanto, uma simples pergunta insiste em navegar perdida nos mares de meus pensamentos: será que temos ao menos 30 políticos autênticos?
Caso não consiga apresentar-me uma resposta nominal, fique tranquilo: o questionamento, que não quer calar, seguirá falando por si só.

É lamentável e assustador ter de conviver com a suposição de que inexista um político digno para cada partido. Aliás, talvez fosse melhor ter apenas pedido meio político, pois, assim, bastariam 15 potenciais candidatos a políticos inteiros.


Seria aquela velha fórmula de dois para valer um, ou seja, em matéria política a matemática é inexata.

Enfim, vivemos um tempo tão paradoxal que não é de duvidar que haja mais partidos do que políticos de boa cepa.

Será? E se sim, por quê?

Bem, esse descalabro dos quadros políticos tem nome e sobrenome: tibieza partidária. Enquanto os partidos brasileiros forem uma confraria de amigos, não podemos esperar muita coisa.

Ora, não existe política alta sem partidos fortes. E, como sabido, partidos não são erguidos com improvisações.


Infelizmente, a história partidária brasileira tem como marca o flagelo institucional. Sem cortinas, é possível dizer que durante a República Velha a insinceridade era o traço das urnas - poderíamos ter usado um termo mais penetrante, mas vamos ser delicados e convir que insinceridade já diz o que tem de dizer.

Nesse contexto, a busca da lisura eleitoral foi um dos objetivos do Código Assis Brasil. Por falar no bom e velho Joaquim Francisco de Assis Brasil, é oportuno lembrar que em 1928 foi fundado o Partido Libertador e entre seus princípios norteadores estava a imposição do voto secreto como condição impreterível da moralidade dos pleitos.

O Código Eleitoral de 1932 foi, nessa medida, uma reação à falta de probidade e igualdade das eleições.

Com o advento Estado Novo, os partidos vieram a ser extintos em dezembro de 1937.

Concomitantemente ao movimento nacional de retomada da liberdade, os partidos ressurgiram em 1945, com a exigência de que deveriam ser de âmbito nacional. A ferro e fogo, os partidos foram criando corpo, unindo semelhantes e afastando dissidentes.

Aos poucos, com muito tato e labor artesanal, um esboço de vida partidária voltou a ser desenhado no País. Todavia, traindo os preceitos que ensejou, o movimento de 1964 fez o que fez: para atender aos interesses do arbítrio, ou ao arbítrio dos interessados, os partidos foram novamente extintos, pelo malsinado Ato Institucional n.º 2, de outubro de 1965.

A partir daí tivemos um bipartidarismo forçado e perneta, pois um dos partidos tinha de ser másculo e potente, enquanto o outro haveria de ser esquálido e frágil; um tinha de ganhar todas, o outro estava condenado a viver na derrota permanente.

Acontece que, como dizia a inteligência luminosa de Otávio Mangabeira, ninguém pode tudo, ninguém pode sempre.

Cedo ou tarde, aquilo que agride a natureza das coisas desmorona sobre suas pífias estruturas.

Enquanto esse bipartidarismo de fantasia atendeu aos donos do poder, o modelo foi mantido. Mas incompreensivelmente, como num passe de mágica, os ventos mudaram, trazendo novos interesses, e em 1979 se voltou a permitir o que estava proibido. Foi partido para cima, para baixo, para a direita, para a esquerda...

Em judiciosa expressão, foi o "facilitário partidário".

O objetivo da medida, fracionar a oposição, que, apesar de todas as dificuldades e dos impedimentos, ganhava força nas ruas e arregimentava crescentes fiéis para a causa democrática.

A Constituição de 88 consagrou a livre criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos. Com a volta do clima democrático, foi natural a explosão de instituições partidárias. Nesse fértil terreno de siglas e mais siglas, para não dizer letras sobre letras, a decisão do colendo Supremo Tribunal Federal no sentido de assegurar a fidelidade partidária, bem como o recente pronunciamento sobre a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa deixam a palpável esperança de que algo positivo começa a delinear-se.

Como se vê, resta claro e incontestável que a acidentada vida partidária brasileira é um elemento que não pode ser desconsiderado no tabuleiro incoerente da política nacional.


Com a chegada do PT ao governo foi possível ver que o discurso cândido de outrora não passava de conversa pra boi dormir.

Nossos políticos e partidos são muito parecidos.

Ocasionalmente discutem em público, mas ao cair da noite se deitam na mesma cama, fazendo juras de amor.


Olhando as coisas como estão, independentemente do que aconteça, com um sol bonito ou no relampejar das trovoadas, o PMDB será sempre governo;

o PDT ainda busca um norte pós-Brizola;

o DEM, especialmente após o caso Demóstenes, parece estar rumo ao ostracismo;

o PSDB, para fazer uma oposição madura e aguerrida, precisa voltar a ter coesão interna e deixar as vaidades pessoais de lado;

Kassab precisa decidir se é de direita ou de esquerda, pois, quem tudo quer acaba sem nada;

e o PSOL e o PV precisam ganhar mais corpo e representatividade coletiva.


Caso tenha esquecido alguém ou algum, esclareço que foi por lapso involuntário. Falando nisso, lembrei-me de mais um personagem que não poderia deixar de ser mencionado: afinal, "nunca antes na História deste país" ocorreram fatos tão alarmantes.

Entre tantas incertezas e incredulidades, é imperioso reconhecer que o lulismo foi ou é um fenômeno que não pode ser ignorado, mas para falar desse assunto necessariamente teremos de analisar o esfacelamento do princípio da legalidade em favor de uma permissividade absoluta aos amigos do poder.

Aí terei de escrever um artigo só sobre esse tema.

Será que então terei a oposição de 30 com valor de 15?

Aliás, qual o valor da oposição brasileira?

* ADVOGADO

14 de maio de 2012