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sábado, 9 de abril de 2011

AS TRAGÉDIAS, OS MINUTOS E AS HORAS...




“O futuro tortura-nos, o passado acorrenta-nos,
eis porque o presente nos foge.”
Gustave Flaubert

Por Waldo Luís Viana*

Fiquei pensando na brutal chacina de Realengo, que nos elevou pelo lado negativo à categoria de país do Primeiro Mundo, e fiz a mim mesmo aquela acaciana pergunta que afligiu a todos nós: por quê?

A mídia, como de hábito fez suíte da tragédia, partindo do princípio de que o cidadão comum se consola ao se inteirar desses acontecimentos em relação à vida maldita que leva, e trouxe o depoimento de especialistas em psiquiatria e violência, tentando como sempre explicar o impossível.

Na verdade, se tomarmos aqueles poucos minutos oferecidos ao livre-arbítrio do assassino, não haveria tragédia.

Quantos presidiários, purgando a própria pena, não lamentam os poucos instantes insanos em que perpetraram um crime e comprometeram para sempre o futuro de suas vidas?

Como lamentamos, nós, os inocentes, termos tomado decisões impensadas que entortaram nosso destino nesta ou naquela direção?

E não é terrível pensar no passado como uma prisão em que nos metemos por segundos e hoje precisamos dissolver as contradições que produzimos?

A essência da chacina de Realengo é que o pistoleiro desvairado se matou, escapando de ser punido por nossa soberba em culpar alguém pelo que absolutamente não entendemos.

Estabelecemos na lei o que é delito e a dosimetria das penas, às vezes em escritórios e palácios refrigerados, enquanto os algozes fazem das suas, tentando escapar dos cruéis castigos e de nossas prisões medievais.

Os que conseguem tal intento recebem a admiração oculta dos celerados de fora, que andam soltos, e passam a pertencer à extensa galeria dos bandidos impunes que frequentam as esquinas de nossas vidas diárias, alguns até famosos...

Com o suicídio clássico, justificado por carta logo taxada de desconexa e fruto de mente psicótica, o assassino fugiu ao castigo social, mediante amplo e teatral gesto metafísico.

Em minutos, transformou num inferno a vida de dezenas de famílias que nada puderam fazer a não ser lamentar o ocorrido e mitigar o buraco horrendo que passou a existir em suas vidas.
Já as nossas autoridades correram logo aos microfones para dar “aquela faturadinha”.
Elas sempre precisam lucrar com as tragédias e como uma sucede a outra, decretam luto e alardeiam aos quatro ventos a futura assistência psicológica e moral aos enlutados.


O pano de fundo, é claro, de violência e insegurança geral e difusa em nossas cidades não será tocado, porque necessita de uma política de prevenção jamais praticada.




O
s brasileiros adoram pôr tranca em porta arrombada e assim continuará sendo.

É nosso destino cultural.


Os únicos a prever alguma coisa no Brasil são astrólogos, jogadores de bolsa e banqueiros.

Os políticos, porém, ou lidam com o futuro (o deles) ou com o passado (de seus adversários), mas vivem o presente a reboque de sustos, porque não conseguem produzir história.


Nossa história, conspurcada em segundos e minutos, condiciona os anos futuros e nem percebemos. O país jamais será o mesmo depois desse pistoleiro esquizofrênico que expôs nossas chagas em fratura exposta: as crianças e os jovens brasileiros não têm a menor segurança nas escolas, a proteção do primeiro emprego nem certeza de futuro.

Essa é a realidade, que um fato qualquer, concentrado num instante, é capaz de nos fazer entender e sofridamente engolir...


Somos desabrigados, numa sociedade desabrigada.

Já disse, em outro lugar que o corrupto é um idiota que não entende a lei do retorno: ele rouba hoje, amanhã tem de levar o filho escoltado para o colégio e depois de amanhã seu neto será assassinado por alguém prejudicado por seus atos.

Se ampliarmos tal estofo para a sociedade em geral, teremos a mórbida contabilidade dos assassinatos sem razão, dos gestos desesperados dos assassinos, sequestradores, ladrões e estupradores que refazem por segundos a história de nossas cidades, sujando o seu destino com sangue inocente.



Alô, alô, Realengo, aquele abraço
– disse bem o menestrel, sem saber que um dia o lugar seria um divisor de águas de nossa desídia.

Não conseguir punir o culpado é pior, porque torna a culpa coletiva, tendo que ser suportada e magnificada por todos nós!

Fechados os caixões das crianças e dos adolescentes indefesos, passaremos logo à próxima atração, naturalmente com o costumeiro padrão global de qualidade.

O espetáculo terá de continuar, porquanto nos habituamos a não enfrentar o essencial, que não pode ser reduzido a discursos vazios nem às manipulações de licitações viciadas.

Já estamos escutando, com o nosso espírito acomodado, a conversa mole de desarmar a população, como se ela fosse a culpada, ou algum movimento para gerar de chofre um conjunto de leis mais duras, sempre engavetadas no Congresso nas horas posteriores.

Cobrar-se-á depois do Judiciário a solução, como se um poder provocado, sob a pressão de milhares de leis, que subsidiam nosso Estado corruptíssimo, pudesse conter a solução mágica.

E o pior é que acostumaram o pobre a essa pantomima: em qualquer tragédia, onde o poder público nos faz de palhaços, aparecem os protestos dos humildes e, com microfones abertos, qualquer do povo fala, sentenciosamente: “eu quero justiça!”.

Não é verdade, isso?

A reportagem é editada e, diante do acontecimento trágico e clamoroso, seja ele qual for, alguém da patuléia, da choldra enfezada e ofendida vem com o apelo final: eu quero justiça!”


Só esquecemos do detalhe: a justiça no Brasil é pior que a divina, demora mais...

*Waldo Luís Viana é escritor, economista, poeta e teme viver daqui por diante em luto permanente...

Teresópolis, 8 de abril de 2011

Uma dor do tamanho do Brasil: "12 mortos 190 milhões de feridos" #frasedodia



Uma dor do tamanho do Brasil



Centenas de pessoas lotaram o cemitério do Murundu para homenagear cinco dos 12 mortos


Paula Sarapu
Diário de Pernambuco

Rio de Janeiro - Três velórios no Cemitério do Murundu, em Realengo, Zona Oeste do Rio, arrancaram o choro quase silencioso de alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira. Durante toda a manhã, só as recordações dos bons momentos que viveram com os colegas Larissa Silva Martins, 13 anos, Géssica Guedes, de15 anos, e Mariana Rocha de Souza, 12 anos, minimizavam o clima de dor e indignação.

À tarde, outros dois sepultamentos ocorreram no Murundu.





No Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, também na Zona Oeste, só se via a profunda dor. Os corpos de 11 alunos mortos foram enterrados ontem. O de Ana Carolina Pacheco, de 9, será cremado hoje.

Até a noite o corpo do atirador Wellington Menezes de Oliveira, de 24, ainda permanecia no Instituto Médico Legal e não tinha sido reclamado pela família.


Vasos de flores e cartas foram deixados na escola em homenagem aos mortos.
Foto: Daniel Marenco/Folhapress

Logo cedo, dois ônibus deixaram a escola com alunos, professores e funcionários em direção ao Cemitério do Murundu. Com rosas nas mãos, as crianças aplaudiram as colegas. Um helicóptero da Polícia Civil sobrevoou as capelas, despejando pétalas de rosas.

Cerca de 500 pessoas se despediram das meninas e, por causa da grande comoção, a prefeitura instalou uma tenda com médicos, enfermeiros e psicólogos, que fizeram pelo menos 60 atendimentos somente durante os três primeiros enterros do dia.

Oito pessoas foram levadas a uma clínica da família no bairro. A maioria sofreu picos de pressão.

´A gente se pergunta de onde saiu esse cara que fez mal a tanta gente`, desabafou o padrinho de Larissa, o motorista de ônibus Gerson da Silva Guilherme, de 47 anos, que também estudou, durante a infância, na escola atacada.

Tio de Mariana, Luiz Alberto Rocha, de 44 anos, tentava segurar o choro: ´Era uma menina estudiosa, dizia que queria ser alguém na vida para dar uma casa própria à mãe. Ele destruiu nossa família, acabou com os sonhos de alguém tão inocente`.


Aluno da turma 1801, segunda sala onde Wellington Menezes de Oliveira entrou, Lucas Matheus Carvalho, de 13 anos, disse que conseguiu correr, quando oassassino virou de costas. ´Ele já havia feito disparos na outra turma, e um colega passou gritando. A professora ficou desesperada, foi uma correria, mas as meninas quiseram guardar o material e não conseguiram sair.

Quando ele entrou na minha sala e se virou, passei correndo, sem que ele me visse. Eu era amigo de todos os que se feriram e estou muito abalado. Tenho um primo que está em coma. Vai ser difícil voltar àquela escola, mesmo depois que eles limparem todo o sangue`.


Com as mãozinhas trêmulas, segurando uma rosa branca, Isabela da Silva Cavalheiro, de 12, também não quer mais voltar à escola em que estudava desde pequena. ´Sinto desgosto`. Acolhida pelas mães de amigas, porque se emocionava ao falar do que viu no colégio, a menina contou que a professora de inglês ajudou os alunos a subir para o terceiro andar. ´Foi uma cena que só via na televisão, mas nem podia acreditar. Quando vi o corpo dele sangrando no chão, caí na real e pensei: 'morreram tantos por causa dele'`, disse a menina. Com os olhoscerrados, Isabela disse: ´Para lá, não volto mais`.

O prefeito Eduardo Paes, emocionado, cumprimentou os parentes das vítimas. Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame disse foi até lá como pai. ´Compartilho da dor e do sofrimento desses pais. Foi uma monstruosidade praticada por uma pessoa doente, insana. Um ato isolado de uma pessoa fora de suas faculdades mentais. Dificilmente haveria como se prevenir uma ação como essa`.



Recados

As homenagens às vítimas começaram mesmo antes dos enterros. A calçada da Escola Tasso da Silveira amanheceu tomada por vasos de flores e recados aos alunos que morreram no massacre.

O nome dos 12 alunos mortos foram colados no muro e sob cada um deles vizinhos da escola e amigos das crianças depositaram rosas, num gesto de carinho, solidariedade, tristeza e saudade.

Durante a madrugada, houve vigília e muita oração.

No portão do colégio, uma cartinha, com letra colorida de quem aprende a escrever, dizia:

´Que Deus ampare e dê forças às famílias desses jovens`.




"12 mortos 190 milhões de feridos"


Capa do dia 08/04/2011, da edição do
Diario de Pernambuco

Carta de atirador se parece com a de terrorista egípcio



Carta de atirador se parece com a de terrorista egípcio

A carta deixada pelo atirador Wellington Menezes de Oliveira, que matou 11 estudantes em uma escola de Realengo, zona oeste no Rio de Janeiro, tem inúmeras semelhanças com aquela deixada por Mohammed Atta, o terrorista egípcio que sequestrou um avião e o atirou contra o World Trade Center, em Nova York, em 11 de setembro de 2001.

Ambas as cartas possuem orientações típicas de um funeral muçulmano. A irmã de Oliveira disse que o atirador, que era recluso e passava boa parte do dia na internet, fazia menção frequente a temas islâmicos.

O presidente da União Nacional das Entidades Islâmicas do Brasil, Jamel El Bacha, negou nesta quinta-feira (7) que Wellington fosse muçulmano.

Veja algumas das semelhanças entre as cartas do terrorista do 11 de Setembro e do atirar do Realengo.


Roupas para o enterro

Na carta de Atta, o terrorista fez recomendações sobre a roupa que deveriam vesti-lo para seu enterro.

- Devem me vestir em roupas novas, não me deixando nas roupas em que morri.

Wellington, por sua vez, pede aos que cuidarem de seu sepultamento que devem “retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está neste prédio”.


Luvas para quem os tocar

Atta disse na carta: “quem lavar meus genitais deve usar luvas, para que eu não seja tocado nessa região”.

Já Wellington também pede o uso de luvas para os que o tocarem.

- Somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas
.

“Pessoas impuras” no funeral

Na carta-testamento, Atta também faz menção à presença de “pessoas impuras” em seu funeral.

- Mulheres grávidas ou pessoas impuras não devem se despedir de mim - eu rejeito isso. Mulheres não devem rezar para que eu alcance o perdão.

Wellington também menciona pessoas “impuras”.

Nenhum fornicador ou adúltero poderá ter um contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue, nenhum impuro pode ter contato direto com um virgem sem sua permissão
.

Repartição dos bens

Atta diz que “os bens que deixo para trás devem ser divididos como mandam as regras islâmicas”.

Wellington também faz recomendações sobre a divisão de uma casa, que lhe pertenceria.

- Eu deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa, existem instituições pobres, financiadas por pessoas generosas que cuidam de animais abandonados, eu quero que esse espaço onde eu passei meus últimos meses seja doado à uma desses instituições. Aqui.

R7

Charge

os filhos da...

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Governo dos EUA diz que há violações aos direitos humanos no Brasil

 
Fala, Macunaíma: “Ai, que preguiça!”


O governo dos Estados Unidos faz um relatório anual sobre a situação dos direitos humanos no mundo. Vejam o que informa a Agência Efe. O Itamaraty decidiu responder. Leiam o que segue. Volto no próximo post com a resposta do Itamaraty e um comentário.

Em relatório divulgado nesta sexta-feira, 8, o governo dos Estados Unidos indicou a ocorrência de torturas e assassinatos praticados por forças policiais no Brasil em 2010.

De acordo com o relatório do Departamento de Estado americano, a situação no País é semelhante à de Argentina e Paraguai no tocante aos abusos, torturas e maus-tratos de presos e o trabalho forçado e emprego de crianças na economia informal.

Enquanto isso, ainda segundo o texto, os responsáveis “desfrutam de imunidade”.

A lista de transgressões inclui ainda o uso excessivo da força e a tortura de detentos sob custódia policial.

“O Brasil é uma república federativa, constitucional e que contou com eleições recentes, em geral, livres e limpas”, apontou o documento, que criticou, entretanto, a existência de “instâncias nas quais as forças de segurança atuam independentemente do controle civil”.
“As forças de segurança em nível estadual cometeram numerosos abusos aos direitos humanos”, diz o texto.

Durante o ano passado, as autoridades se mostraram “incapazes de proteger testemunhas em julgamentos criminais, as condições nas cadeias foram deploráveis, houve prolongadas detenções durante julgamento e demoras inapropriadas nos processos”, afirma o relatório.

O texto segue mencionando “a relutância em processar e a ineficácia nos julgamentos de funcionários governamentais [acusados] de corrupção; a violência e a discriminação contra as mulheres e a violência contra as crianças, incluindo o abuso sexual”.

E “os violadores dos direitos humanos continuam desfrutando da impunidade”, continua.

O governo federal e seus agentes no Brasil “não cometeram assassinatos por motivos políticos, mas os assassinatos perpetrados pelas polícias militar e civil foram generalizados, em particular nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro”, informa o Departamento de Estado.

Em muitos casos, “os agentes policiais empregaram força letal indiscriminada, nas capturas, e em outros casos civis morreram depois dos maus-tratos ou de tortura nas mãos de agentes policiais”.

O Itamaraty tem recaída e dá uma resposta de governo mixuruca aos EUA


A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA, fez um relatório sobre a usina de Belo Monte — eivado, de fato, de absurdos —, e o Itamaraty correu para dar uma resposta a um órgão irrelevante, que está metendo o bedelho em algo que está fora de sua competência.

E ainda prometeu que voltará ao assunto.

Já chamei aqui Belo Monte de “o mais belo monte” do governo Lula, embora o Brasil precise de energia, é claro. Mas anda tudo errado por lá.

De todo modo, a OEA exorbitou, e o governo Dilma aceitou o joguinho.

No post acima, vocês lêem que o governo americano acusa o Brasil de violação aos direitos humanos, especialmente no que respeita aos presos comuns.
Aponta a violência policial e a leniência com a corrupção. Se é para responder, há duas respostas a dar: uma de gente adulta e outra de moleque birrento.

Adivinhem qual foi a escolha feita pelo Itamaraty neste “novos tempos” de Dilma Rousseff…


Leiam:


“O Governo brasileiro tomou conhecimento da publicação, hoje, 8 de abril, do relatório anual do Departamento de Estado dos EUA sobre Direitos Humanos.

O Governo brasileiro não se pronuncia sobre o conteúdo de relatórios elaborados unilateralmente por países, com base em legislações e critérios domésticos, pelos quais tais países se atribuem posição de avaliadores da situação dos direitos humanos no mundo.

Tais avaliações não incluem a situação em seus próprios territórios e outras áreas sujeitas de facto à sua jurisdição.

O Brasil reitera seu forte comprometimento com os sistemas internacionais de direitos humanos, dos quais participa de maneira transparente e construtiva.

O Brasil permanecerá engajado, em particular, no mecanismo de Revisão Periódica Universal do Conselho de Direitos Humanos, instância criada para avaliar situações de direitos humanos nos países membros das Nações Unidas.”


Voltei


É uma resposta de gente mixuruca, típica dos piores tempos do Itamaraty sob o comando do Megalonanico.

Existe violência policial no Brasil?

Sim!

Existe desrespeito a presos comuns?

Sim!

Existe corrupção?

Sim!

É tudo verdade!


Mas a nota do Itamaraty, pelo visto, considera isso uma avaliação feita “com base em legislações e critérios domésticos”.

Quer dizer com isso que os EUA avalia o mundo com base em suas leis.

Huuummm…

Por quê?

As leis brasileiras permitem tortura a presos, violência policial e corrupção?

A nota é toda abespinhada, coisa de gente impotente e brava. Acusa os EUA de ignorar os direitos humanos em seu próprio país e faz referência ao Afeganistão e ao Iraque. Se é para tocar no assunto, que seja direto, que vá ao ponto.

Mas como reagir então?

Se é que caberia uma reação, bastaria afirmar que o Brasil dispõe de mecanismos para coibir e punir abusos e que está empenhado em combater todas as formas de violência.

E pronto!

Assim como fez, acusou o golpe e se saiu com o famoso ninguém manda nimim“, dando a entender, o que é pior, que nega o óbvio.


8/04/2011

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O governo não tem o direito de ser tão desequilibrado quanto o assassino que provocou a tragédia de Realengo.


Desarmamento


O governo petista deveria estar preocupado em desarmar os bandidos e não uma população responsável que segue todas as rígidas imposições legais para poder ter uma arma para... se defender de bandidos armados.

É um oportunismo medíocre e macabro falar em desarmamento agora.

Só poderia vir de um ministro que senta com as FARC, no Foro de São Paulo.

Só poderia vir de um senador que não perde uma única oportunidade de tirar o foco do verdadeiro problema: o caos da saúde pública, que deixa loucos soltos nas ruas, junto com o caos da segurança pública, que permite que armas cheguem às mãos de doentes mentais.

A maioria das armas que cometem crimes são roubadas ou desviadas da própria polícia.

Ou entram de forma irregular no país, por falta de polícia.

O governo não tem o direito de ser tão desequilibrado quanto o assassino que provocou a tragédia de Realengo.

Muito menos a imprensa, com a sua exploração macabra de crianças em estado de choque narrando uma carnificina.



8 de abril de 2011

Novo relatório do mensalão propõe investigação no BB




Polícia vê descontrole nos gastos do Banco do Brasil com publicidade, apontados como principal fonte do esquema

Dinheiro repassado para agência de operador do esquema foi desviado para empresas fantasmas

ANDREZA MATAIS
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

O relatório final da Polícia Federal sobre a origem do dinheiro do mensalão aponta total descontrole nos gastos do Banco do Brasil com publicidade e propõe que um inquérito apure o "incrível poder discricionário" dos diretores do banco para indicar empresas que são "agraciadas com recursos públicos".

O relatório confirma que recursos repassados pelo BB foram uma das principais fontes do mensalão, um esquema montado para compra de apoio político no Congresso que foi revelado pela Folha em 2005, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Assinado pelo delegado Luís Zampronha, o relatório afirma que o desvio de recursos do BB para o esquema "somente seria possível com a participação ativa de membros da instituição financeira". A Folha teve acesso à íntegra do relatório da PF.

O documento apresenta as conclusões de um inquérito aberto em 2007, após a apresentação da denúncia que deu origem ao processo do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal). A PF entregou o novo relatório em fevereiro ao Supremo, que o submeteu à análise da Procuradoria-Geral da República.


Segundo a polícia, entre 2001 e 2005, o BB retirou R$ 151,9 milhões de sua cota no Fundo Visanet, criado por vários bancos para promover a bandeira de cartões Visa.

Desse total, R$ 91,9 milhões foram repassados à DNA Propaganda, uma das agências de publicidade do empresário Marcos Valério -acusado de ser o principal operador do mensalão.

A polícia concluiu que parte do dinheiro jamais chegou aos destinatários finais indicados nos documentos apresentados pela agência e foi desviada por Valério, seus sócios e funcionários.

Outra parte foi destinada a negócios fictícios ou empresas que não comprovaram a realização dos serviços para os quais foram contratadas.

Entre as 15 empresas que mais receberam recursos do Visanet em 2003, há empresas que não existiam formalmente na época dos repasses, como a Carre Airports, que ficou com R$ 1 milhão.

Há casos em que a DNA, por meio de manobras contábeis e bancárias, se "apropriou" diretamente de recursos destinados a ações de marketing do BB. Em 2003, a DNA retirou, como "bônus", R$ 579 mil de um contrato de R$ 2,5 milhões assinado com uma casa de shows.

A PF também encontrou empresas, como a Editora Guia, que aparecem nas planilhas com mais recursos do que elas dizem ter recebido.

Há, por fim, empresas que, segundo a PF, não apresentaram documentos que "comprovem a efetiva veiculação de publicidade". O relatório menciona entre elas a TV Globo, que recebeu R$ 2,8 milhões em 2003 para "publicidade futura".

O fundo Visanet, criado em 2001 e extinto em novembro de 2005, foi formado por 26 bancos, mas os gastos realizados pela DNA e examinados pela PF estavam sob responsabilidade do BB.

O então diretor de marketing do BB, Henrique Pizzolato, filiado ao PT, havia trabalhado na campanha que elegeu o presidente Lula em 2002. Segundo a PF, ele tinha total autonomia para escolher os beneficiários dos recursos que administrava.

Segundo a polícia, os valores desviados dos contratos com o BB eram usados por Valério para abater parcelas de dois empréstimos que ele tomou nos bancos Rural e BMG para repassar ao PT.
08.04.2011

Exploração asquerosa da tragédia!


Era batata!

Eu conheço essa gente!
Ministro da Justiça anuncia campanha em favor do desarmamento


A marcha da estupidez pode ser inexorável!

Fazer o quê?

Nem por isso precisamos ser igualmente estúpidos e acertar o passo com eles.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou que seu Ministério fará uma campanha nacional em favor do desarmamento.

Consta que ela seria feita em julho, mas Dilma pediu para antecipar. Por causa da tragédia no Rio, é claro! Cardozo se sentiu obrigado a falar alguma coisa.

E falou:

“Uma situação como essa mostra que precisamos agir”.
Muito sábio!

Ok, por mim, tudo bem! Querem fazer campanha do desarmamento? Tudo certo! É possível que muita gente de bem até entregue as suas armas para serem esmagadas pelos tratores da paz, sob as bênçãos dos “Batas Brancas”.

Quem estará mais seguro?

Ninguém!

Gente boa não mata ninguém, certo?




No máximo, tem arma para eventualmente espantar bandidos — e o recomendável é que jamais reaja a assaltos. A máxima segundo a qual “menos armas em circulação segnifica necessariamente menos crimes” é falsa. A verdade é outra: menos bandidos circulando com armas, menos crimes. Nâo é a arma que mata. São as pessoas.

Os bandidos costumam ser refratários aos apelos do Estado para se desarmar, não é mesm. Dilma pede: “Dê aqui a sua arma, companheiro”. E ele não dá! Eu diria até que a canalha deve torcer intimamente para que suas potenciais vítimas acatem a solicitação do governo.


Repito: crimes cometidos por psicopatas nada têm a ver com políticas públicas de segurança. Se tivessem, seria o caso de culpar Sérgio Cabral e Dilma Rousseff. Como não têm, não há o que eles possam fazer.

Pode-se aumentar a segurança das escolas para eventualmente intimidar os malucos. Mas sabem como são os malucos…

O governo pode, sim, interferir nos outros números da violência, mas não desarmando gente de bem.

O arcabouço teórico que está por trás de uma ação como essa é mais perverso do que parece.




No plano filosófico, trata-se de acusar a suposta natureza criminosa da sociedade, que, então, precisaria se converter ao bem.

No plano político, trata-se de dizer que a responsabilidade, na verdade é do indivíduo que tem arma em casa e de outros como ele.

A Cardozo e Dilma cumpriria esse papel de beatos pedagogos.


Isso, sim, caracteriza uma exploração asquerosa da tragédia!

07/04/2011

Tiros em Realengo

G1


O país prostrou-se diante da notícia vinda do Rio de Janeiro: o jovem Wellington Menezes de Oliveira, ex-aluno da escola municipal Tasso da Silveira, no pacato bairro de classe média de Realengo (zona oeste do Rio), invadiu o estabelecimento e disparou seguidas vezes contra alunos.

Foram dez meninas mortas e dois meninos.

O criminoso também morreu.

Essa classe peculiar de massacre é inédita no Brasil, ao menos na quantidade de mortes dentro de uma escola e sem relação aparente com tráfico de drogas ou crimes passionais.

Segue um padrão sinistro, originário dos Estados Unidos, onde se conta uma dezena de episódios similares nas duas últimas décadas -entre os mais célebres figuram o de Columbine, Colorado (1999), e o de Virginia Tech (2007).

O fenômeno não é exclusivamente americano, contudo. Alemanha, Canadá, China, Escócia e Finlândia, entre outros, já presenciaram tragédias como essas -para falar apenas de massacres ocorridos em locais de ensino.

As notícias correm o mundo. Em todos os países se acham jovens perturbados, que num dado momento -sempre imprevisível, por mais que se esmiúcem os eventos- abrem a bala o caminho para uma triste fama.

A busca por algum sentido no massacre de Realengo se repetirá, de novo sem muita chance de sucesso. Por solidariedade, sensação de impotência ou mero oportunismo, políticos e especialistas estarão entregues ao exercício de propor soluções atabalhoadas, como o endurecimento das leis ou a instalação de um regime policial nas escolas públicas.

Mesmo que se posicionassem policiais em cada colégio, não haveria garantia de que tais episódios seriam evitados. Escolas são locais públicos; no Brasil, onde os estabelecimentos da rede oficial são notoriamente problemáticos, seria até desejável que mais pais de alunos e ex-alunos -a comunidade, enfim- os frequentassem.

Transformar escolas em fortalezas não impede nem a violência urbana, cotidiana e convencional.

O que dizer, então, de explosões irracionais como a do colégio Tasso da Silveira?

A hora é de luto e compaixão, mais que rompantes.

Ao poder público compete empreender investigação minuciosa da matança, para iluminar o que for possível sobre Realengo.

Por exemplo: como foram obtidas as armas usadas pelo atirador?

Não será surpresa constatar que, apesar de tantas campanhas de desarmamento, a facilidade de acesso às ferramentas da morte continua uma das falhas mais gritantes do trabalho policial no país.


08.04.2011

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Divulgada a lista com nomes das vítimas da chacina no colégio em Realengo



O Globo e Agência Brasil

RIO - Uma lista com os nomes das vítimas da chacina ocorrida na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, foi divulgada na tarde desta quinta-feira. Até o momento, dez crianças foram identificadas.

O massacre contabiliza 13 mortos, sendo dez meninas e dois menino, além do assassino, Wellington Menezes. Há ainda uma menina aguardando indentificação a ser feita por parentes.


Confira a lista:

Karine Lorraine Chagas de Oliveira, de 14 anos

Rafael Pereira da Silva, de 14 anos

Milena dos Santos Nascimento, de 14 anos

Mariana Rocha de Souza, de 12 anos

Larissa dos Santos Atanásio, 13 anos

Bianca Rocha Tavares, de 13 anos

Luiza Paula da Silveira Machado, de 14 anos

Laryssa Silva Martins, 13 anos

Géssica Guedes Pereira, de idade não divulgada

Samira Pires Ribeiro, 13 anos
 07/04/2011

Os policiais encontraram a casa toda revirada, com televisão, geladeira, fogão e o computador quebrados.


Atirador de Realengo destrói casa antes de massacre e era vizinho de duas escolas

Clarissa Monteagudo

A polícia vasculha neste momento a casa onde vivia Wellington Menezes de Oliveira, em Sepetiba, na Zona Oeste do Rio.

O atirador que, antes de se matar, assassinou 11 crianças e deixou outras 13 feridas na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, hoje de manhã, morava sozinho em uma residência de dois andares na Rua José Fernandes.

Antes de sair para o massacre, Wellington teria destruído todos os seus pertences.

Os policiais encontraram a casa toda revirada, com televisão, geladeira, fogão e o computador quebrados.

Dois parentes que acompanham a investigação saíram escoltados do lugar.

Nas redondezas, vizinhos contam que o criminoso não tinha amigos e chegaram a respirar aliviados diante da possibilidade de a tragédia ter acontecido ali: Wellington morava em frente a um colégio estadual e ao lado de uma escola municipal.


Autor do massacre em escola de Realengo se interessava por assuntos ligados ao terrorismo



Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, identificado pela polícia como o autor do massacre na Escola Municipal Tasso de Silveira, em Realengo, estava com uma carta suicida, que falava sobre islamismo e terrorismo. O assunto interessava ao assassino, que estudou na escola.

Filho adotivo, ele saiu da casa onde morava com a irmã há oito meses e se mudou para Sepetiba. Em entrevista à rádio BandNews, a irmã Rosilane, de 49 anos, disse que Wellington era uma pessoa reservada e que não tinha amigos.

- Na época da eleição, ele veio aqui. Chamei para almoçar, ele não queria. Falava muita besteira. Ele só ficava na internet, não tinha amigos, era muito estranho e reservado. Só falava de negócio de muçulmano... Essas coisas assim.

Quando viu o irmão adotivo pela última vez (os pais já são falecidos), no fim do ano passado, Rosilane disse que ele estava com a barba grande. Segundo ela, o irmão estudava práticas terroristas pela internet.

Wellington teria entrado no colégio como palestrante e começou a atirar, segundo testemunhas. Bem vestido, ele não despertou suspeitas de professores e funcionários. O assassino estava com dois revólveres calibre 38 e uma carta suicida. Segundo a polícia, ele atirou na própria cabeça depois de balear as crianças dentro da escola.

Segundo Claudia Costin, secretária municipal de Educação, Wellington visitou a Escola Tasso da Silveira há um ano. Ela acredita que a invasão da manhã desta quinta-feira foi planejada. Costin está nos Estados Unidos, suspendeu sua programação e está voltando ao Rio

Vídeo: Imagens exclusivas mostram momento que atirador dispara contra crianças

Vídeo mostra momento em que o atirador
entra na sala

http://j.mp/h5SyXK


A carta, na íntegra, do assassino de Realengo


Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem usar luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adúltero poderá ter contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue, nenhum impuro pode ter contato direto com um virgem sem sua permissão, os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está nesse prédio, em uma bolsa que deixei na primeira sala do primeiro andar, após me envolverem nesse lençol poderão me colocar em meu caixão. Se possível, quero ser sepultado ao lado da sepultura onde minha mãe dorme, minha mãe se chama Dicéa Menezes de Oliveira e está sepultada no cemitério Murundu. Preciso da visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida eterna.

Eu deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa, existem instituições pobres, financiadas por pessoas generosas que cuidam de animais abandonados, eu quero que esse espaço onde eu passei meus últimos meses seja doado a uma dessas instituições, pois os animais são seres muito desprezados e precisam muito mais de proteção e carinho do que os seres humanos que possuem a vantagem de poder se comunicar, trabalhar para se sustentar, os animais não podem pedir comida ou trabalhar para se alimentarem, por isso, os que se apropriarem de minha casa, eu peço por favor que tenham bom senso e cumpram o meu pedido, pois cumprindo o meu pedido, automaticamente estarão cumprindo a vontade dos pais que desejavam passar esse imóvel para meu nome e todos sabem disso, senão cumprirem meu pedido, automaticamente estarão desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não têm nenhuma consideração pelos nossos pais que já dormem, eu acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu pedi.
Wellington Menezes de Oliveira

  Eny Seidel
07/04/2011

Lista parcial de vítimas fatais identificadas no Instituto Médico Legal (IML)



Sobe para 13 o número de mortos no massacre em Realengo

Rio - Subiu para 13 o número de crianças mortas no atentado ocorrido, na manhã desta quinta-feira, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste da cidade.


A Polícia Civil divulgou, no final da tarde, a lista parcial de vítimas fatais identificadas no Instituto Médico Legal (IML):


1- Karine Chagas de Oliveira, 14 anos


2- Rafael Pereira da Silva, 14 anos

3- Milena dos Santos Nascimento, 14 anos

4- Mariana Rocha de Souza, 12 anos

5- Larissa dos Santos Atanázio, (aguardando documento)

6- Bianca Rocha Tavares, 13 anos

7- Luiza Paula da Silveira, 14 anos

8- Laryssa Silva Martins, 13 anos



Cenas de horror em Realengo

Na manhã desta quinta-feira, 7 de abril, um jovem de 24 anos entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste da cidade, dizendo ter sido convidado para dar uma palestra aos alunos. Ele subiu três andares do prédio e entrou numa sala onde 40 alunos da nona série assistiam a uma aula de Português, abrindo fogo contra os estudantes com idades entre 12 e 14 anos.

Testemunhas relatam um verdadeiro massacre. Wellington Menezes de Oliveira teria mirado contra a cabeça dos estudantes, com a clara intenção de matá-las. Quase trinta alunos foram baleados e mais de 10 morreram. Após o ataque, o assassino deixou uma carta de de teor fundamentalista no local. O texto continha frases desconexas e incompreensíveis, com menções ao Islamismo e até mesmo práticas terroristas. Em seguida, ele se matou dando um tiro na própria cabeça.


Alunos, professores e funcionários da escola acreditam que mais de cem disparos foram efetuados. Wellington, um ex-aluno do colégio, estava armado com dois revólveres e recarregou a arma durante a ação. O imenso barulho também assustou a vizinhança, que ainda ouviu os gritos de horror das crianças que, ensanguentadas, correram às ruas em busca de socorro.


Rapidamente uma multidão se formou em frente à escola. Em desespero, familiares e amigos tentavam ajudar as crianças e identificar as vítimas, ao mesmo tempo que tentavam entender os motivos do massacre.


O ministro da Educação, José Haddad, considerou este um dia de luto para a educação brasileira. Com a voz embargada, a presidente Dilma Roussef se disse chocada e consternada com o episódio e, com lágrimas nos olhos, pediu um minuto de silêncio pelos "brasileirinhos que foram retirados tão cedo de suas vidas e de seus futuros".


Assassino de Realengo usava roupa parecida com farda e cinturão para munição

Assassino de Realengo usava roupa parecida com farda e cinturão para munição

Foto: Reprodução

Foto: Agência O Dia
Rio - A polícia ainda investiga o que teria levado Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, a invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira e matar 11 crianças barbaramente, nesta quinta-feira, em Realengo. Usando uma roupa azul, que lembrava uma farda militar com uma espécie de cinturão para munição e arma, o assassino também estava com luvas pretas. Após cometer os crimes, Wellington, que era ex-aluno na escola, acabou sendo alvejado na perna pelo policial Márcio Alexandre Alves. Ao cair ensanguentado na escada deu um tiro na própria cabeça e morreu.

O criminoso deixou uma carta onde revela indícios de insanidade. A polícia investiga se as referências feitas na carta a "pessoas impuras" seriam referência a mulheres. Dez das vítimas fatais do massacre eram meninas. Na carta, Wellington diz ser um homem puro e que sabia que não sairia vivo da escola. Ele levou um lençol branco no qual pediu para ser carregado. No texto ele diz que não deixará que pessoas impuras toquem nele. Wellington pede na carta para ser enterrado junto de sua mãe adotiva, falecida há um ano, e que morava a 3 quadras da escola onde ocorreu o massacre.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
Muito abalado, o governador Sérgio Cabral lamentou a tragédia e chamou o assassino de "animal" e "psicopata". "Temos que aguardar as investigações da polícia, mas é preciso saber de onde veio todo essa experiência de tiros do matador", disse, salientando que Wellington estava 'muito armado'. Ele tinha duas armas nas mãos, um cinto com armanento e equipamentos profissionais. No momento do massacre, cerca de 400 alunos estavam na escola.

Trecho final da carta que mostra a assinatura do assassino | Foto: Reprodução
Cabral aproveitou a oportunidade para a agradecer ao terceiro-sargento Alves, que estava a dois quarteirões da escola junto com Batalhão de Polícia Rodoviária, o primeiro a chegar ao local do atentado. Ele foi avisado para ir à escola por dois alunos feridos e uma professora que, em pânico, corriam pela rua pedindo socorro.

Ao chegar ao local, o terceiro-sargento atingiu a perna do atirador quando ele estava acessando o terceiro andar do prédio (as vítimas eram de duas salas no primeiro andar). Ao cair no chão, o atirador se matou. Segundo Cabral, o assassino 'estava se preparando para fazer mais disparos". Ele lembrou ainda que há pouco tempo, o psicopata foi ao local pedir seu histórico escolar. Na ocasião, ele foi reconhecido por uma funcionária da sala de leitura.

Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Parentes e amigos dos alunos cercaram a escola à procura de informações | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Tragédia na Zona Oeste

Na manhã desta quinta-feira, 7 de abril, um jovem de 24 anos entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste da cidade, dizendo ter sido convidado para dar uma palestra aos alunos. Ele subiu três andares do prédio e entrou numa sala onde 40 alunos da nona série assistiam a uma aula de Português, abrindo fogo contra os estudantes com idades entre 12 e 14 anos.

Testemunhas relatam um verdadeiro massacre. Wellington Menezes de Oliveira teria mirado contra a cabeça dos estudantes, com a clara intenção de matá-las. Quase trinta alunos foram baleados e mais de 10 morreram. Após o ataque, o assassino deixou uma carta de de teor fundamentalista no local. O texto continha frases desconexas e incompreensíveis, com menções ao Islamismo e até mesmo práticas terroristas. Em seguida, ele se matou dando um tiro na própria cabeça.

Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Parentes e amigos de vítimas se desesperam com tragédia em Realengo | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Alunos, professores e funcionários da escola acreditam que mais de cem disparos foram efetuados. Wellington, um ex-aluno do colégio, estava armado com dois revólveres e recarregou a arma durante a ação. O imenso barulho também assustou a vizinhança, que ainda ouviu os gritos de horror das crianças que, ensanguentadas, correram às ruas em busca de socorro.

Rapidamente uma multidão se formou em frente à escola. Em desespero, familiares e amigos tentavam ajudar as crianças e identificar as vítimas, ao mesmo tempo que tentavam entender os motivos do massacre.
Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia
Crianças atingidas são levadas para hospitais da região | Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia
O ministro da Educação, José Haddad, considerou este um dia de luto para a educação brasileira. Com a voz embargada, a presidente Dilma Roussef se disse chocada e consternada com o episódio e, com lágrimas nos olhos, pediu um minuto de silêncio pelos "brasileirinhos que foram retirados tão cedo de suas vidas e de seus futuros".

A tragédia de Realengo em vídeo inédito

 
Por Ricardo Noblat
Vídeo Aqui

Carta deixada por Wellington Menezes de Oliveira, o assassino das crianças no Rio



Esta é a carta deixada pelo assassino




Trecho da carta deixada por Wellington Menezes de Oliveira, o assassino de 11 crianças no Rio.
Segundo a polícia, ele se matou.

Dia de fúria no RJ: pais se desesperam por notícias do filhos em escola de Realengo

Massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio

Globo News

Acompanhe ao vivo

Ex-aluno invade local e dispara contra crianças. Tragédia na Zona Oeste deixa o país inteiro chocado

Secretaria de Saúde confirma mais de 10 mortes no ataque à escola em Realengo
 
Wellington Menezes de Oliveira, o atirador de Realengo
Foto: Divulgação

Rio - O secretário Estadual de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, deu uma entrevista coletiva confirmando que onze alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste da cidade, morreram no atentado da manhã desta quinta-feira. Nove deles já chegaram mortos ao hospital.

De acordo com Côrtes, 28 crianças entre 12 e 14 anos foram baleadas pelo atirador. Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, entrou no colégio e abriu fogo contra 40 alunos de uma turma da nona série que assistiam a uma aula de Português. A morte do atirador também foi confirmada. Ele teria se matado com um tiro na cabeça e deixado uma carta explicando as razões do crime.

Das vítimas fatais, dez eram meninas. Os feridos foram encaminhados para os Hospitais Pedro Ernesto, da Polícia Militar, Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia, Albert Schweitzer e Adão Pereira Nunes (Saracuruna). Informações dão conta que quatro estudantes se encontram em estado gravíssimo, um delas em coma.

Parentes e amigos dos alunos cercaram a escola à procura de informações
 Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Uma multidão de pessoas se aglomera em frente à Escola Municipal Tasso Silveira, localizada na Rua General Bernardino de Matos, em busca de informações. Um cordão de isolamento precisou ser montado pela PM para facilitar o trabalho de socorro às vítimas.

Responsáveis pelos alunos afirmaram que o criminoso teria invadido uma sala do nono ano e disparado mais de cem vezes contra os estudantes. "As crianças disseram que foi um grande banho de sangue. Uma cena horrível", disse um pai de aluno.

Mais de 20 crianças são atingidas pelo atirador
Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia

De acordo com o 14º BPM (Bangu), Wellington seria aluno da escola, já que teria sido identificado por uma carteirinha. Ele teria entrado no colégio dizendo que era um palestrante e aberto fogo contra os estudantes. Uma versão inicial dizia que o assasino seria o pai de uma aluna que sofria de bullying (violência por parte de alunos), mas a informação foi desmentida pela polícia.

Disfarçardo, ele foi a uma sala localizada no terceiro andar do prédio onde cerca de 40 alunos assistiam a uma aula de Português e efetuou os disparos com dois revólveres calibre 38. Após balear as crianças, ele teria atirado contra a própria cabeça.

Os feridos foram levados inicialmente ao Hospital Albert Schweitzer. De acordo com a equipe médica, Wellington atirou diretamente contra a cabeça das crianças, com a clara intenção de matá-las.

Helicópteros do Corpo de Bombeiros levaram os feridos a um campo de futebol localizado nas redondezas para receber os primeiros socorros. Muitas macas estão espalhadas pelo chão para receber os baleados.

Moradores de Realengo cercaram o local da tragédia
Foto: Severino Silva / Agência O Dia

pois é...

“O ‘fascismo do bem’”


E tudo em
nome da liberdade e da democracia…


Por Ricardo Noblat

 O GLOBO

Imaginem a seguinte cena: em campanha eleitoral, o deputado Jair Bolsonaro está no estúdio de uma emissora de televisão na cidade de Pelotas. Enquanto espera a vez de entrar no ar, ajeita a gravata de um amigo. Eles não sabem que estão sendo filmados. Bolsonaro diz: “Pelotas é um pólo exportador, não é? Pólo exportador de veados…” E ri.




A cena existiu,
mas com outros personagens. O autor da piada boçal foi Lula, e o amigo da gravata torta, Fernando Marroni, ex-prefeito de Pelotas. Agora, imaginem a gritaria dos linchadores “do bem”, da patrulha dos “progressistas”, da turma dos que recortam a liberdade em nome de outro mundo possível…

Mas era Lula!


Então muita gente o defendeu para negar munição à direita. Assim estamos: não importa o que se pensa, o que se diz e o que se faz, mas quem pensa, quem diz e quem faz. Décadas de ditaduras e governos autoritários atrasaram o enraizamento de uma genuína cultura de liberdade e democracia entre nós.


Nosso apego à liberdade e à democracia e nosso entendimento sobre o que significam liberdade e democracia são duramente postos à prova quando nos deparamos com a intolerância. Nossa capacidade de tolerar os intolerantes é que dá a medida do nosso comprometimento para valer com a liberdade e a democracia.


Linchar Bolsonaro é fácil. Ele é um símbolo, uma síntese do mal e do feio. É um Judas para ser malhado. Difícil é, discordando radicalmente de cada palavra dele, defender seu direito de pensar e de dizer as maiores barbaridades.


A patrulha estridente
do politicamente correto é opressiva, autoritária, antidemocrática. Em nome da liberdade, da igualdade e da tolerância, recorta a liberdade, afirma a desigualdade e incita a intolerância. Bolsonaro é contra cotas raciais, o projeto de lei da homofobia, a união civil de homossexuais e a adoção de crianças por casais gays.


Ora, sou a
favor de tudo isso – e para defender meu direito de ser a favor é que defendo o direito dele de ser contra. Porque se o direito de ser contra for negado a Bolsonaro hoje, o direito de ser a favor pode ser negado a mim amanhã de acordo com a ideologia dos que estiverem no poder.


Se minha reação
a Bolsonaro for igual e contrária à dele me torno igual a ele – eu, um intolerante “do bem”; ele, um intolerante “do mal”. Dois intolerantes, no fim das contas. Quanto mais intolerante for Bolsonaro, mais tolerante devo ser, porque penso o contrário dele, mas também quero ser o contrário dele.


O mais curioso
é que muitos dos líderes do “Cassa e cala Bolsonaro” se insurgiram contra a censura, a falta de liberdade e de democracia durante o regime militar. Nós que sentimos na pele a mão pesada da opressão não deveríamos ser os mais convictamente libertários? Ou processar, cassar, calar em nome do “bem” pode?


Quando Lula
apontou os “louros de olhos azuis” como responsáveis pela crise econômica mundial não estava manifestando um preconceito? Sempre que se associam malfeitorias a um grupo a partir de suas características físicas, de cor ou de origem, é claro que se está disseminando preconceito, racismo, xenofobia.


Bolsonaro deve
ser criticado tanto quanto qualquer um que pense e diga o contrário dele. Se alguém ou algum grupo sentir-se ofendido, que o processe por injúria, calúnia, difamação. E que peça na justiça indenização por danos morais. Foi o que fizeram contra mim o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mas daí a querer cassar o mandato de Bolsonaro vai uma grande distância.


Se a questão
for de falta de decoro, sugiro revermos nossa capacidade seletiva de tolerância.
 

Falta de decoro maior é roubar, corromper ou dilapidar o patrimônio público. No entanto, somos um dos povos mais tolerantes com ladrões e corruptos.

Preferimos exercitar nossa intolerância contra quem pensa e diz coisas execráveis.


E tudo em
nome da liberdade e da democracia…

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Discurso do senador Aécio Neves: Em ataque direto ao governo Lula, Aécio afirmou: “Ao contrário de que alguns querem fazer crer, o País não nasceu ontem”.

O governo brasileiro vende um "Brasil cor-de-rosa apoiado pela farta e difusa propaganda"


Confira íntegra do discurso do senador Aécio Neves

Por psdbmg

Foto Geraldo Magela
Agência Senado

Confira íntegra do discurso do senador Aécio Neves (PSDB/MG) proferido nesta quarta-feira, dia 6, no plenário do Senado Federal.

Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores senadores,

Ocupo hoje a tribuna do Senado Federal para examinar de forma mais profunda a conjuntura e os grandes desafios do País, nesse meu reencontro com o Parlamento Nacional.

Chego a essa Casa, por delegação dos mineiros.

Retomo aqui o trabalho que, por 16 anos desenvolvi no Legislativo, onde tive a honra de receber importantes missões, entre elas a de presidir a Câmara dos Deputados.

Trago desse período lembranças de vigorosas iniciativas pela valorização do Parlamento.

Destaco, entre elas, a limitação das medidas provisórias e a aprovação do “Pacote Ético”, que acabou com a imunidade parlamentar para crimes comuns, criou o Conselho de Ética e institucionalizou o princípio da legislação participativa.

É com a mesma convicção democrática, com o mesmo respeito ao Congresso e com a mesma disposição para o trabalho e o diálogo que chego a essa Casa.

Os que ainda não me conhecem bem e esperam encontrar em mim ataques pessoais no exercício da oposição vão se decepcionar.

Não confundo agressividade com firmeza.

Não confundo adversário com inimigo.

Os que ainda não me conhecem bem e acham que vão encontrar em mim tolerância diante dos erros praticados pelo governo, também vão se decepcionar.

Não confundo o direito à defesa e ao contraditório, com complacência ou compadrio.

Estarei onde sempre estive, como homem do diálogo que não foge às suas responsabilidades e convicções; não teme o enfrentamento do debate nem as oportunidades de convergência em torno dos interesses do Brasil.

Farei a política que sempre fiz, aquela que entende que, neste campo, brigam as ideias e não os homens.

Saúdo inicialmente essa Casa através dos grandes brasileiros que por aqui passaram e também através de todos os parlamentares que, hoje, aqui honram a delegação que receberam, respeitando a sagrada autonomia do Parlamento.

Parlamentares que reconhecem ter apenas um senhor: o povo brasileiro.

E apenas uma senhora: a sua própria consciência.

Senhores senadores e senhoras senadoras,

A memória e o conhecimento da própria história são patrimônios preciosos de uma nação. Mais do que isso, formam a matéria prima essencial e insubstituível à construção do futuro.

A consciência do que fomos e do que somos é que nos permite, todos os dias, moldar os contornos do que seremos, ou do que poderíamos vir a ser.

O Brasil de hoje é resultado de uma vigorosa construção coletiva que, desde os primeiros sopros da nacionalidade, vem ganhando dimensão, substância e densidade.

Ao contrário do que alguns nos querem fazer crer, o País não nasceu ontem.

Ele é fruto dos erros e acertos de várias gerações de brasileiros, de diferentes governos e líderes, e também de diversas circunstâncias históricas e econômicas.

Juntos, nós, brasileiros, percorremos os caminhos que nos trouxeram até aqui.

Mas é importante e justo que nos lembremos, sempre, que não chegamos até aqui percorrendo os mesmos caminhos.

Não podemos nos esquecer das grandes diferenças que marcam a visão de País das forças políticas presentes na vida nacional nas ultimas décadas.

Porque, por mais que queiram, os partidos não se definem pelo discurso que fazem, nem pelas causas que dizem defender.

Um partido se define pelas ações que pratica. Pela forma como responde aos desafios da realidade.

Em 85, quando o Brasil se via diante da oportunidade histórica de sepultar o autoritarismo e reingressar no mundo democrático, nós estávamos ao lado do povo brasileiro e do presidente Tancredo Neves.

Os nossos adversários não.

Permanecemos ao lado do Presidente José Sarney, naqueles primeiros e difíceis anos de consolidação da nova ordem democrática.

Os nossos adversários não.

Mais à frente, em um momento especialmente delicado da nossa história, quando foi preciso convergir para apoiar a governabilidade e o presidente Itamar Franco, nós estávamos lá.

Os nossos adversários não.

Recusaram, mais uma vez, a convocação da história.

Para enfrentar a grave desorganização da vida econômica do país e a hiperinflação que penalizava de forma especial os mais pobres, o governo Itamar criou o Plano Real.

Neste momento, o Brasil precisou de nós e nós estávamos lá.

Os nossos adversários não.

Sob a liderança do presidente Fernando Henrique aprovamos a Lei de Responsabilidade Fiscal para proteger o País dos desmandos dos maus administradores.

Nossos adversários votaram contra. E chegaram ao extremo de ir à Justiça contra essa saneadora medida, importante marco da moralidade administrativa do Brasil.

Para suportar as crises econômicas internacionais e salvaguardar o sistema financeiro nacional, estruturamos o Proer, sob as incompreensões e o ataque cerrado dos nossos adversários.

Os mesmos que o utilizaram para ultrapassar o inferno da crise de 2009 e que o apresentam, agora, como exemplo de boa governança para o mundo.

Estruturamos os primeiros programas federais de transferência de renda da nossa história.

A partir de sucessos locais, como o do prefeito Grama, em Campinas, e do governador Marconi Perillo, em Goiás, criamos o Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação e o Auxílio Gás. Que, depois, serviram de base para, ampliados e concentrados, se transformarem no emblemático Bolsa Família.

Quando os fundamos nossos adversários também não estavam lá.

E, ironicamente, nos criticaram por estarmos criando políticas assistencialistas de perpetuação da dependência e não de superação da pobreza.

As mudanças estruturais do governo Fernando Henrique, entre elas as privatizações, definiram a nova face contemporânea do País.


A democratização do acesso à telefonia celular talvez seja o melhor exemplo do acerto das medidas corajosamente tomadas.

Porque disso é feito um bom governo: de decisões e não apenas de circunstâncias.

Senhoras e Senhores,

Faço essas rápidas considerações apenas para confirmar o que continuamos a ver hoje: sempre que precisou escolher entre os interesses do Brasil e a conveniência do partido, o PT escolheu o PT .

Por isso, não é estranho a nós que setores do partido tentem, agora, convencer a todos de que os seus interesses são, na verdade, os interesses da nação.

Nem sempre são.

Não é interesse do País, por exemplo, a subordinação das agências reguladoras ao governo central, gestadas que foram para terem independência técnica e, pelo país, atuarem livres de pressões políticas.

Não é interesse do País que o Poder Federal patrocine o grave aparelhamento e o inchaço do Estado brasileiro, como nunca antes se viu na nossa história.

Da mesma forma, não posso crer que seja interesse do País que o governismo avance sobre empresas privadas, com o objetivo de atrelá-las às suas conveniências. Como se faz, agora, sem nenhum constrangimento, com a maior empresa privada do Brasil, a Vale, criando perigoso precedente.

Senhoras e senhores,

Não sou, como todos sabem, daqueles cegos pela paixão política, que não se permite enxergar méritos no adversário.

Reconheço avanços no governo Lula.

A manutenção dos fundamentos da política econômica implantada pelos governos anteriores é, a meu ver, o primeiro e o mais importante mérito da administração petista.

E é necessário reconhecer que o adensamento e ampliação das políticas sociais, foram fundamentais para que o Brasil avançasse mais.


Acredito que, mais adiante, por mais que isso desagrade a alguns, a independência dos historiadores considerará os governos Itamar, Fernando Henrique e Lula um só período da história do Brasil, de estabilidade com crescimento, sem rupturas.

Meus amigos,

Não ocupo essa tribuna para fazer uma análise dos primeiros meses do governo da Presidente Dilma Rousseff.

O processo de governança instalado à frente do País – com suas falhas, equívocos, mas também virtudes –, não conta apenas alguns dias.

Pontua-se, de forma concreta, o início do nono ano de um mesmo governo. Quase uma década.

Ainda que seja nítido e louvável o esforço da nova presidente em impor personalidade própria ao seu governo, tem prevalecido a lógica dominante em todo esse período e suas heranças.

Não há ruptura entre o velho e o novo, mas o continuísmo das graves contradições dos últimos anos.

O Brasil cor-de-rosa vendido competentemente pela propaganda política – apoiada por farta e difusa propaganda oficial – não se confirma na realidade.

E nós vivemos no Brasil real.

Por isso, senhoras e senhores, cessadas as paixões da disputa eleitoral, o Brasil precisa, neste momento, de um choque de realidade.


Um choque de realidade que nos permita compreender corretamente a situação do País hoje, e, essencial, que nos permita também compreendê-la dentro do mundo que nos cerca.

Escondido sob o biombo eleitoral montado, o desarranjo fiscal, tantas vezes por nós denunciado, exige agora um ajuste de grande monta que penalizará investimentos anunciados com pompa e circunstância.

E não é bom para um partido inaugurar uma nova fase de governo sob a égide do não cumprimento de compromissos assumidos com a população.

É consenso que o país convive com o grave risco de desindustrialização de importantes setores da nossa economia.

A participação de produtos manufaturados na nossa pauta exportadora, que era de 61%, em 2000, recuou para 40%, em 2010.

Vemos, infelizmente, renascer, da farra da gastança descontrolada dos últimos anos, e em especial do ano eleitoral, a crônica e grave doença da inflação.

E não há razão para otimismo quando comparamos a nossa situação com a de outros países.

Estudo feito a partir do relatório de competitividade do Fórum Econômico Mundial mostra que, comparado a outros 20 países com os quais concorre, o Brasil ficou apenas na 17ª colocação no quesito qualidade geral da infraestrutura. Empatamos com a Colômbia.

No item qualidade da infraestrutura portuária o Brasil teve o pior desempenho. Fomos os lanternas do grupo.

A qualidade das estradas brasileiras, por onde trafega mais da metade das cargas no País, supera apenas a da Rússia. Ficamos na penúltima colocação.

E, enquanto isso, em 2010, a nossa carga tributária atingiu 35% do PIB.

Impressiona também saber que, apesar de todos os avanços que, reconheço , existiram nos últimos anos, a carga tributária das famílias com renda mensal de até dois salários mínimos passou, segundo o IPEA, de 48,8%, em 2004, para 53,9% da renda em 2008

E, lamentavelmente, repete-se agora o que se viu nos últimos anos: não há espaço e dedicação real à discussão do essencial. As reformas constitucionais continuam à espera de decisão política para que sejam debatidas e aprovadas.

Senhoras e senhores,

A população brasileira nos delegou a honrosa tarefa de exercer oposição ao atual governo.

Repito o que disse recentemente o governador Alckmin: “ser oposição é tão patriótico quanto ser governo”.

Aproveito este momento para fazer a minha homenagem aos companheiros do PSDB, do DEM e do PPS, pela coragem e coerência com que têm honrado no Parlamento a delegação recebida das urnas.

Hoje, cerca de metade da população vive em estados governados pela oposição.

No plano nacional tivemos a confiança de cerca de 44 milhões de brasileiros que caminharam ao nosso lado e optaram pela experiência e competência de José Serra para liderar o País.

Esses números, por si só, demonstram a dimensão política e a responsabilidade das oposições no País.

Acredito, no entanto, que o tamanho da oposição será equivalente à nossa capacidade de interpretarmos e defendermos os valores e expectativas da nossa gente.

Como oposição, é nosso dever atuar com firmeza e lealdade em três diferentes e complementares frentes.

Uma, que define a nossa postura perante o governo.

Outra, que nos remete ao nosso compromisso inalienável com o resgate da Federação.

E a terceira frente, a que nos permitirá uma aproximação ainda maior com os brasileiros.

Em relação ao governo, temos como obrigações básicas:

Fiscalizar com rigor.

Apontar o descumprimento de compromissos assumidos com a população.

Denunciar desvios, erros e omissões.

E cobrar ações que sejam realmente importantes para o país.

O segundo eixo de atuação que defendo é o compromisso de resgatarmos o princípio da Federação no Brasil.

Aqui, peço licença para fazer uma manifestação de apreço aos prefeitos municipais de todas regiões, que vêm travando, há anos, inglória luta para sensibilizar o governo federal, o Parlamento e a opinião pública acerca da difícil realidade das administrações locais.

Hoje, suportamos uma das mais graves concentrações de impostos, recursos e poder de decisão na esfera da União de toda a nossa história.

Esta é uma realidade que avança dia após dia e compromete o equilíbrio federativo.

Meus amigos,

Como terceiro eixo de ação, acredito que a nossa aproximação ainda maior com os vários setores da vida nacional vai ocorrer a partir da coragem que tivermos para assumirmos e partilharmos as indagações e indignações do nosso tempo.

Assumirmos e partilharmos os sonhos e utopias da nossa geração.

Nesse sentido, peço licença para trazer aos senhores trechos daquele que considero o mais importante documento político produzido nos últimos tempos no País.

Trata-se do Manifesto em Defesa da Democracia, que tem entre seus signatários, brasileiros da dimensão de Hélio Bicudo e Dom Paulo Evaristo Arns.

Manifesto que não pertence a um partido, mas ao Brasil e aos brasileiros.

Diz o manifesto em alguns trechos:

É um insulto à Republica que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo (como denuncia todos os dias o senador Itamar Franco) …

O poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder não lhe conferem licença para ignorar a Constituição e as leis…

É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político…

Esse documento, ao meu ver, reflete a alma e o coração de tantos de nós e, ao fazer isso, nos traz a dimensão maior da política.



Senhoras e senhores,

Precisamos romper a inércia.

A ausência de iniciativas concretas do governo em torno das grandes reformas não pode ser justificativa para deixarmos de fazer o que pode ser feito hoje.

E o que é nosso dever fazer hoje.

Ouso apresentar algumas primeiras ideias para serem examinadas por esta Casa.

Começo por aquela que, defendida inicialmente pelo nosso candidato José Serra, foi acolhida e transformada em compromisso pela presidente Dilma Roussef, na campanha presidencial, e que, por isso, pode significar uma inédita convergência em torno de um dos nossos mais legítimos interesses nacionais.

Refiro-me à redução de tributos cobrados em setores estratégicos da nossa economia, no caso a redução a zero das alíquotas de PIS e Cofins das empresas de saneamento.

Podemos somar forças e apoiar iniciativas como a do ilustre Senador Dornelles, que defende proposta semelhante para capitalizar as empresas de água e esgoto e fomentar novos investimentos em saneamento em todas as regiões.

É também compromisso assumido pela Presidente – e bandeira defendida pela oposição – a extensão da mesma iniciativa à área de energia.

Podemos construir um consenso mínimo entre as várias propostas que tramitam na Câmara e no Senado, que buscam reduzir os mais de uma dezena de tributos federais cobrados na conta de luz dos brasileiros

Se o governo federal seguisse o exemplo do governo de Minas e de outros estados que concedem isenção total de ICMS às famílias de baixo consumo, as contas de luz dessas famílias poderiam chegar a ser 20% mais baratas!

Por outro lado, não há, senhoras e senhores, justificativa para que permaneçamos passíveis diante das reconhecidas dificuldades de execução orçamentária em áreas fundamentais ao País.

Segundo o Contas Abertas, por razões as mais diversas, nos últimos oito anos o Ministério dos Transportes, não executou parte expressiva do orçamento que dispunha para investir.

Para enfrentar esse e outros problemas trago uma proposta que, sei, parecerá, para muitos, ousada:

Estarei propondo a transferência gradual dos recursos e da gestão das rodovias federais para a competência dos estados.

Isso poderia ser iniciado imediatamente com a transfer”encia de parclea mais expressiva da CIDE para os estados e municípios.

Meus amigos,

Do ponto de vista dos interesses da Federação, proponho ainda:

Que 70% dos recursos do Fundo Nacional de Segurança e do Fundo Penitenciário, tantas vezes contingenciados, sejam distribuídos mensalmente, de forma republicana, proporcionalmente à população de cada estado.

Sabemos, todos, que a Federação brasileira vive um processo de esfacelamento.

O mal é conhecido.

Do ponto de vista tributário, vivemos grave injustiça federativa.

Nesse sentido, proponho adotarmos mecanismos que protejam a participação na receita dos estados, especialmente das regiões mais pobres, e das prefeituras, sobretudo as do interior e de pequeno porte.

Estou encaminhando iniciativa capaz de recompor gradualmente o tamanho da fatia que o FPE e o FPM tinham no bolo tributário federal, impedindo que as isenções tributárias dadas pelo Governo Federal continuem a alcançar a parcela dos estados e municípios, que já foi, de 27% em 2002 e, hoje, é de apenas 19,4%.

No campo da geração de empregos, defendo a revisão da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, criando o Simples Trabalhista, universalizando o direito de opção pelo Simples Nacional e estendendo os benefícios do Empreendedor Individual para as micro e pequenas empresas.

No meu entendimento, decisões como essas atendem muito mais às justas demandas do setor do que a criação de mais cargos públicos e de novas estruturas burocráticas.

Precisamos, insisto, buscar a equação que nos permita progressivamente desonerar as microempresas, mas também as exportações, os investimentos, a produção e a folha salarial.

Senhoras e senhores,

Reafirmo meu compromisso com outros grandes desafios do país.

Não faltará a mim e, estou certo, a outros membros da oposição, disposição para discutir com o Governo, medidas efetivas e corajosas que nos permitam superar os sempre prioritários desafios da qualidade da educação e da saúde publica no Brasil.

Assim, como estaremos presentes na defesa de medidas que permitam que a questão ambiental possa alcançar um novo patamar e permear todas as áreas de ação do poder publico.

Senhoras e Senhores

Acredito que devemos organizar o exercício da oposição em torno de três valores.

São eles: coragem, responsabilidade e ética.

Coragem.

Para resistir à tentação da demagogia e do oportunismo.

Responsabilidade.

Não podemos cobrar do governo responsabilidade se não a tivermos para oferecer ao país.

E Ética.

Não só a ética que move as denúncias.

Não só a ética que cobra a transparência e a verdade.

Mas uma ética mais ampla, íntima, capaz de orientar nossas posições, ações e compromissos, todos os dias.

Acredito, senhoras e senhores senadores, que estamos vencendo um ciclo.

Hoje, o Brasil não acredita mais no discurso que tenta apontar uma falsa contradição entre responsabilidade administrativa e conquistas sociais.

Em 2002, quando criamos a expressão “choque de gestão” – e fomos criticados por nossos adversários – tínhamos como objetivo afirmar que não pode haver avanço social permanente, sem responsabilidade administrativa. Os emblemáticos avanços de Minas Gerais comprovam a tese.

Hoje, para o bem do Brasil, podemos visitar, País afora, uma densa agenda de gestão pública, empreendida por uma nova geração de líderes e gestores brasileiros, de diferentes partidos, que nos apontam caminhos para a transformação que nos exige a população.

Há muito a ser feito.

Nos apresentamos hoje, sem batalhas próprias, prontos para iniciar um denso debate sobre os grandes desafios que nos esperam.

É nosso dever contribuir para que a travessia iniciada – e empreendida por muitas mãos – avance na direção do pleno desenvolvimento.

Esta é a grande tarefa inconclusa.

E se há um erro que juntos não podemos cometer é nos perdermos na grandiloquência do discurso oficial, como se tivéssemos alcançado o nosso ponto de chegada.

Não alcançamos. Estamos longe dele, apenas no inicio da jornada.

Há grandes desafios a serem enfrentados e vencidos, que não pertencem apenas ao governo.

Ou às oposições.

Mas ao País inteiro.

E ,aqui, não posso deixar de lembrar Minas, a história de Minas e as lições que nos legaram os homens e mulheres de Minas.

Elas nos dizem que cada geração tem o seu compromisso com a história.

Elas nos dizem que a Pátria é honrosa tarefa diária, coletiva e compartilhada.

Não a realizaremos sob o signo do confronto irracional, nem tampouco da complacência.

A oposição que defendo não é a de uma coligação de partidos contra o Estado ou o País, mas a da lucidez da razão republicana contra os erros e omissões do poder público.

Convoca-nos, neste momento, a responsabilidade para fazer o que precisa ser feito.

Ou o faremos ou continuaremos colecionando sonhos irrealizados.

Não temos, senhoras e senhores, esse direito.

Precisamos estar, todos, à altura dos sonhos de cada um dos brasileiros.

Nós, da oposição, estaremos.

Muito obrigado.

06.04.2011