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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Lava Jato quebra sigilo da sede nacional do PT


Moro autorizou que MP investigue sete linhas supostamente ligadas a ex-tesoureiro e duas a diretor de gráfica ligada ao partido

Por Felipe Frazão, de Brasília
VEJA.COM


João Vaccari Neto durante acareação na CPI da Petrobras em Curitiba
(Vagner Rosario/VEJA)

A Operação Lava Jato quebrou o sigilo telefônico da sede nacional do PT, em São Paulo. A medida teve aval do juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Criminal de Curitiba (PR). Ele concedeu a quebra na ação penal que apura o envolvimento do ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto em pagamentos realizados à Editora Gráfica Atitude, ligada ao PT, com dinheiro de propina.

Moro autorizou a quebra do sigilo de sete linhas telefônicas móveis e fixas supostamente ligadas a Vaccari e de duas que seriam vinculadas ao diretor da Editora Gráfica Atitude, Paulo Salvador. O Ministério Público suspeita que ele tenha usados diferentes telefones para "contatos profissionais" nos últimos cinco anos, período que abrange as datas dos pagamentos à Atitude, entre 2010 e 2013.

O repasse parcelado teria sido de 2,5 milhões de reais, conforme revelou o delator do petrolão Augusto Ribeiro Mendonça, em acordo de colaboração premiada. Ele disse que fechou um contrato fictício para comprar anúncios em revistas da editora a pedido de Vaccari, como forma de quitar parcelas de propina em contratos com a Petrobras. Mendonça apontou dois números telefônicos que discava para conversar com Vaccari.

Conforme levantamento do Ministério Público Federal, as operadoras de telefonia informaram que duas linhas, uma delas fixa, eram de titularidade do Partido dos Trabalhadores, uma do Sindicato dos Bancários, uma da mulher de Vaccari, Giselda Rousie de Lima (linha residencial), e outra de uma funcionária do PT que trabalhou também na Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), no período em que Vaccari foi dirigente da entidade. Ele responde a uma ação criminal na Justiça de São Paulo por desvios na cooperativa.

A defesa do ex-tesoureiro, já condenado e preso preventivamente, apontou que nem todas as linhas eram diretamente usadas apenas por Vaccari. O advogado Luiz Flávio Borges D'Urso pediu a Moro que revogue a quebra sobre cinco das sete linhas supostamente ligadas a Vaccari. Ele disse que Vaccari desconhece os titulares de duas delas.

"O que pretende o representante do Ministério Público Federal é, a partir de uma apuração sem foco para tentar encontrar um fato, afrontando direitos constitucionais, realizar a quebra injustificada do sigilo telefônico de instituições e pessoas que nada têm com o presente processo, nem temporalmente, nem faticamente, para só depois verificar se existe alguma relevância para os autos", disse. "Trata-se de linha tronco do partido, utilizada por muitos, portanto, não pode ter seu sigilo violado. Caso contrário, se estaria a autorizar uma devassa nas linhas telefônicas de um partido político, uma vez que toda e qualquer ligação feita para a linha troco estaria sujeita à indevida intromissão do Estado, o que vai muito além dos interesses dos presentes autos. A quebra do sigilo telefônico envolvendo o Partido dos Trabalhadores, quando muito, deveria ser limitada àquela linha citada pelo delator, mais do que isso se constitui em afronta a direitos constitucionais e à própria Democracia", disse o advogado de Vaccari.

12/11/2015

Petrobras tem prejuízo de R$ 3,7 bilhões no 3º trimestre


No mesmo período do ano passado, o resultado negativo da empresa havia sido de R$ 5,33 bilhões e no segundo trimestre deste ano, lucro de R$ 531 milhões
Veja. com

Empresa atribuiu o resultado do terceiro trimestre ao aumento nas despesas financeiras líquidas devido à perda cambial
(Ueslei Marcelino/Reuters)

A Petrobras confirmou a expectativa do mercado financeiro e anunciou prejuízo no terceiro trimestre de 2015, o terceiro número negativo nos últimos cinco trimestres. O resultado ficou em 3,759 bilhões de reais no terceiro trimestre deste ano. No mesmo período do ano passado, o resultado negativo havia sido de 5,33 bilhões de reais. Já no segundo trimestre deste ano, a companhia registrou lucro líquido de 531 milhões de reais.

Em comunicado, a empresa atribuiu o resultado do terceiro trimestre ao aumento nas despesas financeiras líquidas devido à valorização do dólar. Segundo a empresa, houve aumento de 5,39 bilhões em despesas financeiras dessa natureza. Outro fator foi a redução nas exportações de petróleo no período. A empresa contabiliza redução de 10%, o equivalente a 40 mil barris por dia.

O prejuízo foi ainda mais negativo do que a expectativa de analistas do mercado financeiro que acompanham a estatal. A média das projeções de cinco casas consultadas (Brasil Plural, BTG Pactual, Itaú BBA, HSBC e uma quinta casa que pediu para não ser identificada) apontava para um prejuízo de 2,34 bilhões de reais. A diferença entre os dois valores ficou em 60,3%.

Em contraste ao fraco resultado financeiro, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado alcançou 15,50 bilhões de reais, salto de 82,7% sobre o terceiro trimestre do ano passado, o pior resultado da Petrobras na última década. Foi naquele trimestre que a estatal fez os ajustes devidos em função da revelação de pagamentos de propina. Ao considerar um sobrepreço de 3% nos valores dos contratos assinados com empresas alvo de investigação na Operação Lava Jato, a Petrobras chegou a uma perda estimada de 4,06 bilhões de reais.

Além disso, no mesmo terceiro trimestre, a estatal contabilizou perdas bilionárias com o cancelamento dos projetos das refinarias Premium I e II e com recebíveis no setor elétrico. Essa combinação de fatores contribuiu para o forte prejuízo do período e para o Ebitda inferior a 10 bilhões de reais, o que não ocorria desde 2008.

No terceiro trimestre deste ano, por outro lado, tais itens não recorrentes não se repetiram e a companhia ainda foi beneficiada por um ambiente mais favorável no segmento de Distribuição. Os preços da gasolina e do diesel importados pela Petrobras encolheram, reflexo da queda da cotação internacional do petróleo, e nesse mesmo intervalo a estatal anunciou dois reajustes de gasolina e diesel vendidos no Brasil.

No acumulado dos nove primeiros meses do ano, a estatal acumula lucro líquido de 2,10 bilhões de reais, o que representa uma queda de 58% na comparação com o mesmo período de 2014. Ainda de janeiro a setembro, a dívida líquida da empresa subiu 43%, para 402,3 bilhões de reais, ante 282 bilhões de reais no mesmo período de 2014. Já os investimentos somaram 55,48 bilhões de reais no acumulado do ano até setembro, montante 11,3% inferior ao desembolsado no mesmo período do ano passado. A queda já era esperada e tem como pano de fundo o delicado momento financeiro enfrentado pela estatal.


Previsões - Em relação aos investimentos, a Petrobras que projeta terminar 2015 com aporte de 23 bilhões de dólares, menos que os 25 bilhões de dólares previstos para este ano no plano de negócios revisado para baixo pela estatal no mês passado. No caso do caixa, a petroleira disse que espera terminar dezembro com 22 bilhões de dólares disponíveis, abaixo dos 26 bilhões de dólares no fim do terceiro trimestre.

(Com Estadão Conteúdo)

12/11/2015

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Filho de Maduro é preso e levado aos EUA por tráfico de drogas. Ele estava com 800 quilos de Cocaína. Presidente da Venezuela poderá ser capturado em Caracas.







O filho do presidente Nicolás Maduro, Efraim Antonio Campos Flores, foi preso na manhã de ontem no Haiti com 800 quilos de cocaína em uma operação coordenada pela agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA) e pela Procuradoria Federal do Distrito Sul de Nova York, segundo informações do governo americano obtidas por VEJA.com.

O site de Veja disse que ele e o primo já estão na cadeia, serão julgados e cumprirão pena nos EUA.


O próprio presidente da Venezuela pode estar envolvido no tráfico internacional e poderá ser capturado e preso em Caracas, tal como fizeram marines americanos que levaram o presidente Manuel Noriega para prisões dos EUA.

Campos Flores é sobrinho da primeira-dama Cilia Flores e foi criado por ela e por Maduro desde criança. No momento da prisão, ele estava na companhia de seu primo Francisco Flores de Freitas. Eles foram presos em Porto Príncipe, quando desembarcavam com a droga que havia sido despachada da Venezuela e tinha como destino o México e os Estados Unidos.

Os venezuelanos foram extraditados para os Estados Unidos e estão desde ontem em um presídio federal.



11 de novembro de 2015

terça-feira, 10 de novembro de 2015

A crise tem nome: Lula




 
Seu protagonismo impede uma solução para a crise.

Ele aposta no impasse como único meio de sobrevivência política


Marco Antonio Villa
O Globo
Lula voltou a ser o principal protagonista da cena política brasileira. No último mês, não teve um dia sequer em que não ocupasse as manchetes da imprensa. Viajou pelo Brasil — sempre de jatinho particular, pago não se sabe por quem — e falou, falou e falou. Impôs uma reforma ministerial à presidente, que obedeceu passivamente, como de hábito, ao seu criador. Colocou no centro do poder um homem seu, Jaques Wagner, para controlar a presidente, reestruturar o pacto lulista — essencialmente antirrepublicano — com o Congresso e o grande capital e, principalmente, para ser um escudo contra as graves acusações que pesam sobre ele, sua família e amigos.

Como de hábito, não teve nenhum compromisso com a verdade. Vociferou contra as investigações. Atacou a Polícia Federal, como se uma instituição de Estado não pudesse investigá-lo. Ou seja, ele estaria acima das leis, um cidadão — sempre — acima de qualquer suspeita, intocável. Apontou sua ira contra o ministro da Justiça e tentou retirá-lo do cargo — e vai conseguir, cedo ou tarde, pois sabe quão importante foi Márcio Thomaz Bastos em 2005, quando transformou o ministro em seu advogado de defesa.

O ex-presidente, em exercício informal e eventual da Presidência, declarou que o Brasil vive quase um Estado de exceção, simplesmente porque a imprensa divulgou documentos sobre seus ganhos milionários nas palestras e apresentou como dois filhos vivem em apartamentos em áreas nobres de São Paulo sem pagar aluguel — uma espécie de Minha Casa Minha Vida platinum, reservado exclusivamente à família Lula da Silva — e teriam recebido quantias vultuosas sem a devida comprovação do serviço prestado. Não deve ser esquecido que o Coaf justificou a investigação da sua movimentação financeira como “incompatível com o patrimônio, a atividade econômica e a capacidade financeira do cliente.”

Lula passou ao ataque. Falou em maré conservadora, que não admite ser chamado de corrupto e que — sinal dos tempos — não teme ser preso. A presidente da República, demonstrando subserviência, se deslocou em um dia útil de trabalho, de Brasília para São Paulo, simplesmente para participar da festa de aniversário do seu criador. Coisa típica de República bananeira. Ninguém perguntou sobre os gastos de viagem de uma atividade privada paga com dinheiro público. O país recebeu a notícia naturalmente. E alguns ingênuos ainda imaginam que a criatura possa romper com o criador, repetindo a ladainha de 2011.

Mesmo após as aterradoras revelações do petrolão, Lula finge que não tem qualquer relação com o escândalo e posa de perseguido, de injustiçado. Como se não fosse ele o presidente da República no momento da construção e operação do maior desvio de recursos públicos da história do mundo. Nas andanças pelo país, para evitar perguntas constrangedoras, escolhe auditórios amestrados. Mente, mente, sem nenhum pudor. Chegou a confessar cometeu estelionato eleitoral, em 2014, como se fosse algo banal.

O protagonismo de Lula impede uma solução para a crise. Ele aposta no impasse como único meio de sobrevivência, da sua sobrevivência política. Pouco importa que o Brasil viva o pior momento econômico dos últimos 25 anos e que a recessão vá se estender, no mínimo, até o ano que vem. Pouco importam os milhões de desempregados, a disparada da inflação, o desgoverno das contas públicas. Em 1980, o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo não pensou duas vezes em prorrogar a greve, mesmo levando-a à derrota — e aos milhares de operários que tiveram os dias parados descontados nos salários —, simplesmente para reabilitar sua imagem frente à base sindical, isto porque, no ano anterior fechou acordo com a Fiesp sem que o mesmo fosse aprovado pela assembleia, daí que passou a ser chamado pelos operários de pelego e traidor.

Em setembro, Dilma chegou a balançar quando o PMDB insinuou que poderia apoiar o impeachment. Lula entrou em campo e, se não virou o jogo, conseguiu ao menos equilibrar a partida — isto na esfera da política, não da gestão econômica. Tanto que a possibilidade de a Câmara dos Deputados aprovar, neste ano, a abertura de um processo de impeachment é nula. Por outro lado, o Congresso Nacional não aprovou as medidas que o governo considera como essenciais para o ajuste fiscal. É um jogo cruel e que vai continuar até o agravamento da crise econômica a um ponto que as ruas voltarem a ser ocupadas pelos manifestantes.

As vitórias de Lula são pontuais, superficiais e com prazo de validade. As pesquisas mostram que ele, hoje, é uma liderança decadente e com alto grau de rejeição, assim como o PT. Mantém uma influência no centro de poder que é absolutamente desproporcional ao seu real peso político. Tem medo das consequências advindas das operações Lava-Jato e Zelotes. Mas no seu delírio quer arrastar o país à pior crise da história republicana. E está conseguindo. Tudo porque sabe que o impeachment de Dilma é o dobre de finados dele e do PT.

As ações de Lula desmoralizam o Estado Democrático de Direito. Ele despreza a democracia. Sempre desprezou. Entende o Estado como instrumento da sua vontade pessoal. Mas, para sorte do Brasil, caminha para o ocaso. Só não foi completamente derrotado porque ainda mantém apoio de boa parte da elite empresarial, que, por sua vez, exerce forte influência no Congresso e nas cortes superiores de Brasília. O grande capital não sabe o que virá depois do PT. Na dúvida, prefere manter apoio ao “seu” partido e ao “seu” homem de confiança, Lula.


Marco Antonio Villa é historiador
10/11/2015

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

PF investiga ex-assessor da Casa Civil em propina para campanha de Dilma



Doleiro afirmou ter entregue R$ 2 milhões em 2010 em hotel em São Paulo e principal suspeito da força-tarefa é Charles Capella de Abreu, que trabalhou com ex-ministro Antonio Palocci e permaneceu no governo federal até 2014



Por Ricardo Brandt, Fausto Macedo
e Julia Affonso
Estadão

O ex-ministro Antonio Palocci, novo alvo da Lava Jato, entre os delatores Paulo Roberto Costa, à esquerda, e Fernando Baiano



O pagamento de R$ 2 milhões feito pelo doleiro Alberto Youssef, em 2010, a pedido do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa é o caminho que a Operação Lava Jato trilha para chegar ao suposto uso de dinheiro de propina na campanha da primeira eleição da presidente Dilma Rousseff. O pagamento envolveria um pedido do ex-ministro Antonio Palocci, que foi coordenador da campanha presidencial do PT naquele ano e um ex-assessor especial da Casa Civil Charles Capella de Abreu.

Youssef – peça central da Lava Jato – detalhou em novo depoimento prestado à Polícia Federal no dia 29 de outubro o pagamento que fez em dinheiro vivo no Hotel Blue Tree, na Avenida Faria Lima, em São Paulo, a um emissário que ele não sabe dizer quem era. A suspeita dos investigadores recai sobre Charles Capella de Abreu.

“Tal pessoa tinha a cor de pela branca, estatura média alta, sendo um pouco mais alto que ele, que tem 1 metro e 71 centímetros, compleição física normal, mas se tratando de pessoa obesa ou de barriga saliente”, descreveu o doleiro.



O suspeito recebeu Youssef em um quarto do hotel, conta o doleiro, que disse não se lembrar exatamente o mês, nem o dia, possivelmente “no período de junho a outubro de 2010″. “Os R$ 2 milhões determinados por Paulo Roberto Costa a tal pessoa foram entregues em uma ou duas malas pequenas, do tipo daqueles que se leva como bagagem de mão em vôos comerciais”, afirmou Youssef ao delegado Luciano Flores de Lima, da equipe da Lava Jato.

“Esclarece que pode ter sido uma mala pequena, com alça telescópica, e uma maleta, como costumava fazer para transportar essa quantidade de dois milhões de reais em notas de R$ 100,00, como foi no presente caso”, anotou a PF. O doleiro disse que costumava usar esse tipo de bagagem para “não chamar a atenção, pois encaixava a maleta na alça prolongada da mala, puxando-as enquanto caminhava”.


A PF mostrou uma foto Charles Capella de Abreu para Youssef para saber se poderia ser ele o emissário que recebeu o dinheiro da propina da Petrobrás. “Reconhece como sendo possível que a foto seja de tal pessoa referida acima, para a qual entregou os R$ 2 milhões em notas cuja maioria (cerca de 85%) eram em cédulas de R$ 100,00 por ordem de Paulo Roberto Costa”, registra o depoimento. Em termos de probabilidade percentual, Youssef disse acreditar que tenha “70% a 80% de certeza” se tratar da mesma pessoa.

Perguntado pelo delegado se conhecia Charles Capella de Abreu, Youssef respondeu que o nome não era estranho, mas não se lembrava se realmente o conhecia.

Acareação. O pagamento de R$ 2 milhões à campanha presidencial do PT em 2010 foi inicialmente apontado aos investigadores da PF, nas delações de Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da Lava Jato, em agosto de 2014. O ex-diretor relatou ter recebido um pedido via Youssef, que teria falado no nome de Palocci. O doleiro negou ter sido ele o autor do pedido e revelou posteriormente que outro operador de propinas traria à tona tal demanda.

Seria Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, operador de propinas ligado ao PMDB. Ele também fez acordo de delação premiada com a Lava Jato e em depoimento no dia 15 de setembro revelou que aproximou Palocci de Costa.




Para isso, Fernando Baiano afirma ter se reunido com o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que ele tentasse garantir a permanência de Costa na Diretoria de Abastecimento da Petrobrás caso a candidata Dilma fosse eleita. Costa temia ser demitido do cargo.

Bumlai respondeu que sim (poderia ajudar) e que faria o que fosse possível”, afirma Baiano. “Bumlai disse que a pessoa mais indicada para fazer a aproximação de Paulo Roberto Costa com o PT era Antonio Palocci, uma vez que era naquele momento o coordenador da campanha de Dilma Roussef e provavelmente seria o ministro da Casa Civil.”

Fernando Baiano conta que acompanhou posteriormente Costa no encontro com Palocci, em Brasília. O ex-ministro teria faladou que “haveria interesse por parte do PT” na continuidade dele na Diretoria de Abastecimento.





“Em seguida se passou a falar da campanha presidencial; que então Antonio Palocci falou que seria muito importante se Paulo Roberto Costa em sua relação com as empresas que eram prestadoras de serviços na Petrobrás conseguisse ajudar com doações para a campanha de Dilma Rousseff.”

Fernando Baiano afirma que o ex-diretor disse que poderia ajudar, mas não falou sobre valores nem como seria essa ajuda.

“No final da conversa, Antonio Palocci disse que havia uma pessoa que trabalhava com ele, possivelmente um assessor dele, que o estava ajudando nesta parte de arrecadação”, explicou Fernando Baiano. “Pelo que se recorda, o nome dessa pessoa era Charles.


Paulo Roberto Costa foi colocado frente-a-frente com Fernando Baiano na quinta-feira, 5, e negou que tivesse participado de reunião com ele e Palocci para tratar do assunto. O ex-diretor sustenta ter ouvido de Youssef o pedido de R$ 2 milhões para a campanha do PT a pedido do ex-ministro. Costa disse que autorizou o pagamento.

 O pecuarista José Carlos Bumlai negou categoricamente envolvimento em qualquer ato ilícito.
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA JOSÉ ROBERTO BATOCHIO, QUE DEFENDE O EX-MINISTRO ANTONIO PALOCCI

O criminalista José Roberto Batochio, que defende Palocci, foi taxativo. “Estão querendo fazer uma delação de conciliação para tentar eliminar as insuperáveis e intransponíveis divergências. Mentiras ditas pelos três envolvidos (Fernando Baiano, Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef), um desmentindo o outro. Inventam mil mentiras, mas a verdade teima em aparecer. É um escândalo de invencionices com a finalidade de escapar da cadeia. Uma coisa absolutamente inidônea, claramente inverossímel com a qual não se compadece a seriedade da Justiça.”

Batochio reafirma que “Palocci jamais se reuniu com esse Fernando Baiano, não o conhece, nunca o viu na vida, em lugar algum”.

“É preciso que a Justiça cancele os benefícios aos mentirosos e deve faze-lo de ofício, sem ter que esperar ser provocada.A Justiça tem compromisso com a verdade e não com escambos, com trocas que escapam da moralidade.”

Perguntado se o desmentido de Paulo Roberto Costa foi bom para a defesa de Palocci, o advogado criminalista disse. “Foi bom para a verdade e para a Justiça.”

Batochio disse ter sido informado que, na acareação, Fernando Baiano confundiu-se até na hora de informar onde ficou hospedado em Brasília e quem fez a reserva para ele.

09/11/2015

Grevista do movimento dos caminhoneiros cita Adam Smith, ainda que interpretado com largueza. Mais um indício de que Lula morreu




Paralisação da categoria preocupa governo; os que lideram o movimento deixam claro que querem a renúncia ou o impeachment de Dilma

Por André Fuentes
Reinaldo Azevedo



Adam Smith foi parar na greve dos caminhoneiros? Pois é… Acreditem! Isso está acontecendo. Não deixa de ser uma boa notícia, não é mesmo? Ainda que seja um Smith lido, vamos dizer, com muita largueza.

Embora negue, o governo acompanha com preocupação o anúncio de uma greve de caminhoneiros, liderada pelo Comando Nacional do Transporte. Ainda que a categoria tenha reivindicações específicas, os que lideram essa mobilização deixam claro que querem mesmo é que Dilma Rousseff deixe o governo por meio da renúncia ou do impeachment.

No fim de semana, houve manifestações em cidades do Paraná. Na madrugada desta segunda, já havia bloqueios em estradas de Minas e Santa Catarina. Ivar Schmidt, um dos líderes do movimento, divulgou um vídeo em que pede o apoio da população. Num outro, o CNT anuncia: “Lutamos por instituições livres e em paz”. E aparece um caminhão com a seguinte inscrição: “Chega de corrupção. Fora! A Petrobras é nossa, não é do PT”.

O movimento dos caminhoneiros recebeu o apoio de praticamente todos os grupos que lutam pelo impeachment de Dilma, como o Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua.

                   

Áudio
Agora ouçam este áudio.

Um caminhoneiro conversa com o que se supõe seja um outro, parceiro de trabalho, e anuncia:


“Gláucio, não se preocupa, não. A coisa agora extrapolou o Facebook, filho. (…) Já está todo mundo parando. (…) A gente é o primeiro dominó daquela brincadeira de derrubar os dominós em pé um atrás do outro, enfileirado. A gente é o estopim da coisa.


(…)
Existe uma mão invisível que é mais poderosa do que qualquer governo e age em todos os países, que se chama mercado. A partir do momento em que situações assim afetam diretamente o mercado, a ponto de prejudicar financeiramente, e em grade vulto, toda a cadeia produtiva, o próprio mercado vai agir, e o próprio mercado vai caçar a cabeça da Dilma. O próprio mercado vai forçar a renúncia ou a deposição dela… (…) A gente é só o estopim de toda paralisação nacional”.


“Mão invisível”, como vocês devem saber, foi uma expressão a que recorreu Adam Smith em A Riqueza das Nações. Acabou virando a festa da uva. Uns empregam a expressão para indicar o que seria a tendência que tem o mercado ao equilíbrio — o que não está escrito lá. Outros se prendem à expressão para recusar qualquer regulação, já que a “mão invisível” se encarregaria de produzir o melhor para todos. Também não é isso.

Na obra, a expressão tampouco tem a ver com a interpretação que lhe dá o líder caminhoneiro: uma vontade superior que decide e dirime todas as dúvidas. A “mão invisível” de Smith pode ser assim resumida, segundo o que vai na obra: quem, na sociedade, age em defesa de seu próprio interesse — atenção, isso nada tem a ver com pistolagem à moda petrolão — acaba concorrendo para o bem geral, tangido por essa mão invisível que leva o indivíduo a promover um bem que nem estava na sua intenção original.

Assim, não se duvide de que o Adam Smith que serve para eventualmente derrubar governos não chega a ser um louvor à teoria. Mas querem saber? Haver movimentos sindicais e sociais que falam na “mão invisível do mercado”, e não nas mãos que se grudam para ordenhar as tetas do estado, é sinal de que algo de positivo está em curso no país.

É esse o país que o PT já não consegue entender.
E, por isso, Lula não vai voltar.
Por isso, Lula está morto.



09.11.2015

Greve de caminhoneiros atinge nove Estados


Paralisação começou na madrugada desta segunda-feira; categoria pede a renúncia da presidente Dilma Rousseff

Por Talyta Vespa e Nicole Fusco
Veja.com

Caminhoneiros em greve bloqueiam rodovias federais pelo país
(Porthus Junior/Folhapress)

Um grupo de caminhoneiros iniciou na madrugada desta segunda-feira protestos em rodovias e avenidas de pelo menos nove Estados. O movimento, que pede a renúncia da presidente Dilma Rousseff, foi organizado por motoristas autônomos desvinculados dos sindicatos e não tem previsão para acabar.

No Rio Grande do Norte, há um ponto de bloqueio próximo à cidade de Mossoró, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Cerca de cinquenta caminhoneiros interditam, desde as 6 horas, o quilômetro 51 da BR 304. O trânsito está liberado apenas para emergências e carros de passeio. No Tocantins, a BR 153 está parcialmente interditada, próximo ao município de Colina. Segundo a Concessionária Nova Dutra, no Rio de Janeiro, caminhoneiros bloqueiam o quilômetro 273,5, no sentido São Paulo, na altura do município de Barra Mansa. Apenas a faixa da esquerda está liberada. No sentido Rio, apenas o acostamento está interditado.

Em Minas Gerais, a manifestação já dura mais de oito horas, segundo a PRF. No momento, estão interditadas as rodovias BR 381, do quilômetro 359 ao 513, na altura de João Monlevade (MG); a BR 262, no quilômetro 412, em Igaratinga (MG); e a BR 040, no quilômetro 627, em Conselheiro Lafaiete (MG). Em Capim Grosso, na Bahia, manifestantes interditaram o quilômetro 230 da BR 407 e queimaram pneus.

Motoristas também protestam em cinco pontos diferentes na BR 376, no Paraná, na altura das cidades de Paranavaí, Nova Esperança, Apucarana e Califórnia. Em Santa Catarina, na cidade de São Bento do Sul, o quilômetro 122 da BR 280 está bloqueado parcialmente. No trecho, os caminhoneiros deixam livre a passagem para automóveis e ônibus. Pela manhã, houve interdições em vias do Rio Grande do Sul. No entanto, elas já foram liberadas, segundo a PRF.

Em São Paulo, os caminhoneiros interditaram totalmente a pista expressa da Marginal Tietê, na altura da Ponte da Casa Verde, na Zona Norte da cidade. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), os motoristas começaram a ocupar o local por volta das 11h.

De acordo com o organizador do movimento, Ivar Luiz Schmidt, não há previsão para o fim da greve. "Ficaremos paralisados até que a presidente Dilma renuncie", afirmou. Schmidt também foi o responsável por liderar a paralisação de fevereiro, que ocorreu em diversos Estados e chegou a afetar a distribuição de combustível pelo país. Na ocasião, o grupo pedia pela redução do preço do óleo diesel, criação do frete mínimo e liberação de crédito subsidiado para os transportadores. "As reivindicações (de fevereiro) não foram atendidas. Agora não queremos negociar, não aceitaremos acordo. Queremos a renúncia da presidente", afirmou Schmidt.

Apesar da articulação, a categoria representada pela Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga Geral do Estado de São Paulo não aderiu ao movimento. "Os sindicatos entendem que o governo federal tem dificuldades para cumprir todas as requisições. Por, isso não aderimos à greve", afirmou o presidente da Federação dos Caminhoneiros de Carga em Geral do Estado de São Paulo, Norival de Almeida Silva. Para Almeida, a paralisação não assusta. "Pelo que pudemos observar, são poucos os motoristas que vão aderir ao movimento", disse.



09/11/2015

Bumlai se reuniu 7 vezes com Marcelo Odebrecht, aponta PF

 
Encontros com amigo de Lula foram rastreados pela polícia em celular do empreiteiro

Por Renato Onofre
O Globo
O empresário José Carlos Bumlai
 Editora Abril/16-10-2015

SÃO PAULO - O presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, teve sete encontros reservados com o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula. Os encontros foram mapeados pela Polícia Federal na agenda do celular de Marcelo, preso desde junho em Curitiba. É a segunda vez que os investigadores cruzam dados que ligam Bumlai a Marcelo Odebrecht.

Os encontros entre os dois ocorreram entre 2010 e 2013. Segundo a PF, as marcações das reuniões com Bumlai fogem do padrão de detalhes em compromissos marcados na agenda pessoal de Marcelo.

PRIVATIZAÇÃO DE ESTRADAS

Não é a primeira vez que o caminho dos dois se cruza nas investigações da Operação Lava-Jato. Em trocas de e-mails entre Marcelo Odebrecht e executivos de empresas suspeitas de participarem do esquema de corrupção na Petrobras, é possível identificar a atenção dada pelo presidente da Odebrecht a Bumlai.

Em uma viagem do então presidente Lula à Guiné, na África, em 2010, Marcelo orienta Alexandrino Alencar, ex-diretor da Odebrecht solto na última sexta-feira depois de quatro meses de prisão, a “não deixar o pecuarista solto” ao lado de Lula, numa referência a Bumlai.

A PF conseguiu identificar, com o cruzamento de informações apreendidas na Lava-Jato, um dos assuntos que seriam tratados entre Bumlai e Marcelo Odebrecht: a privatização das estradas brasileiras. Era 28 de outubro de 2013, a secretária de Odebrecht escreveu para o e-mail do empreiteiro com o assunto: “José Carlos Bumlai”. No corpo do e-mail: “Quer agendar uma conversa com o Sr. esta semana”.

Marcelo pergunta à secretária de que assunto Bumlai quer tratar. Ela responde: “Privatizações das BRs”. Assim que a troca de mensagens foi revelada na Lava-Jato, em outubro, a defesa de Bumlai disse que o empresário não tem e não teve “qualquer negócio no setor de rodovias” e que nunca participou de concessões federais de rodovias.

Bumlai aparece em outras trocas de mensagens de Odebrecht e seus executivos. O empreiteiro e cinco funcionários do grupo foram os alvos principais da Operação Erga Omnes — 14ª fase da Lava-Jato, que mirou a Odebrecht e a Andrade Gutierrez. Presos desde junho, eles se referem a Bumlai como “pecuarista”, registra a PF.

Em nota, a defesa de Marcelo Odebrecht lamenta a exposição considerada desnecessária de dados privados e íntimos, “obviamente sem a mínima relevância para as acusações que pesam contra ele”.

O documento diz ser difícil identificar, agora, os motivos dos encontros. A Odebrecht ressalta que, a pedido da defesa, o juiz Sérgio Moro determinou sigilo sobre o relatório em questão.

 09/11/2015

Cunha tem de decidir nesta semana se aceita ou não a denúncia contra Dilma

Não há mais espaço para procrastinação; nem o país nem os movimentos pró-impeachment podem ser reféns dessa demora, já injustificada

Por Reinaldo Azevedo
Veja.com




Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, tem de saber que já chegou a hora. Aliás, já passou da hora. Não há mais dúvida jurídica possível. Ou ele concorda com os termos apresentados na denúncia de Hélio Bicudo, Janaina Paschoal e Miguel Real Jr. e a aceita, ou deles discorda e a rejeita. Ponto final. A cada hora, a partir desta segunda, o que se tem é só procrastinação, aumentando a suspeita de que algo de tamanha magnitude — a possibilidade do impeachment — está sendo usado, no fim das contas, apenas para que ele tente salvar a própria cabeça.

O Movimento Brasil Livre lidera um acampamento nos gramados do Congresso em defesa do impeachment — o que passa, obviamente, pela decisão de Cunha. Um grupo de delinquentes, vestindo camisetas do MTST, invadiu a área na semana passada para espancar moças e rapazes que lá estavam. Neste domingo, houve uma nova provocação, desta feita sem escaramuças porque a forte presença da Polícia Militar do DF inibiu os trogloditas..

Os defensores do mandato de Dilma e da alta moralidade do seu governo voltaram a pedir a cabeça de Cunha e queimaram um boneco representando o presidente da Câmara. Repararam, diga-se, como esquerdistas gostam de fogo? Queimam bonecos, queimam bandeiras, queimam pneus, queimam ônibus… Qual será a razão? Vai ver é porque o fogo, mais do que qualquer outro evento, traz a ideia da destruição total, irrecuperável, irrecorrível. E isso combina com as taras totalitárias da esquerda.

Ontem, diga-se, durante a manifestação do MTST, foi preciso, sim, que a polícia interviesse, mas para conter uma briga lá entre eles, com direito a voadora, sangue jorrando, essas coisas. Quando os valentes não podem bater nos outros, trocam sopapos entre si.

     

Volto a Cunha
Não há mistério nenhum na denúncia entregue por Bicudo e pelos dois juristas. Os argumentos são sólidos, claros, transparentes. Não requerem grandes voos interpretativos, dadas as evidências de que Dilma cometeu crime de responsabilidade.

Mas Cunha pode achar que não. Pois, então, que diga. O movimento cívico que está no gramado do Congresso não pode ficar esperando indefinidamente a decisão do presidente da Câmara. Essas pessoas representam hoje o que o Brasil tem produzido de melhor na mobilização da opinião pública.

É preciso que Cunha decida para que eles saiam de lá: se ele disser “sim”, sairão com um discurso; se disser “não”, é claro que a fala será outra. Nos dois casos, será preciso conversar com a sociedade brasileira para mobilizá-la. Cunha não tem o direito de tornar o Brasil virtuoso refém de um tempo que só interessa a si mesmo.

Se é que interessa… Ainda que seus argumentos venham a convencer a maioria de seus pares na Câmara, coisa de que duvido um pouco, será preciso convencer os ministros do Supremo. E, nesse caso, a tarefa me parece bem difícil. Ou Cunha vai se confrontar com suas explicações no STF — se for deputado à época do julgamento — ou será na 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba.

Dê ele sequência ou não à denúncia contra Dilma, essa escrita não muda. Para encerrar, noto: achei engraçada uma análise que li, segundo a qual o presidente da Câmara tem a certeza de que, caso opte pelo “sim”, a oposição o abandona em seguida… É mesmo? E se ele disser “não”, ela ficará com ele? “Ah, mas aí os petistas ficariam…”, poderia dizer alguém.

Ora, o deputado sabe que, no PT, trair um acordo é questão de princípio. Não vou aqui dizer que Cunha tem a chance da redenção e coisa e tal… Melhor deixar isso com Deus. Sou bem mais modesto: ele tem a chance de fazer a coisa certa, acolhendo a denúncia. E deixe que o Congresso faça a sua análise.

Não há nenhuma razão aceitável para que não tome essa decisão até sexta-feira. O Espírito Santo não vai baixar no Congresso para interceder. Até porque, se fosse se manifestar entre nós, a Pomba Sagrada certamente escolheria um local mais salubre.

Cunha não pode confundir a sua história pessoal com a do país. Nem “sim” nem “não” à denúncia mudam a sua situação objetiva. O STF fará o que a Câmara eventualmente não fizer.

Chega, deputado! A hora é agora.


09/11/2015