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sexta-feira, 20 de março de 2015

Incerteza afeta crédito, Tesouro, câmbio (gringos welcome)


O dólar está a 3,30 mas é impossível encontrar alguém que ache que este preço ‘paga’ todas as incertezas do Brasil hoje.


Por Geraldo Samor

Proteja a cabeça e prepare-se para o impacto. Vai ser um pouso forçado.


O mercado de crédito está travado. Os bancos botaram os balanços na parede.

Há relatos de que várias empreiteiras estão sem receber, tanto do governo federal quanto dos estaduais.

No leilão de ontem, o Tesouro Nacional engoliu o orgulho a seco e escolheu defender seu caixa. Aceitou vender LTNs (títulos pré-fixados) com vencimento logo ali, em 1 de outubro. (No mundo da política isso hoje parece uma eternidade, mas no mercado de renda fixa trata-se de um vencimento curtíssimo.)

A humilhação máxima – o rebaixamento do crédito do Brasil — parece iminente. A impressão é de que, mesmo se as agências não derem o corte, isso em nada aliviará o mercado, simplesmente porque a confiança entre os locais está zerada. A realidade já se impôs. A confiança de empresários e consumidores convergiu para o mesmo sentimento: o Brasil hoje é junk.

É um mundo de CDI, de preservação de liquidez, de um dia de cada vez.



A declaração de Armínio Fraga de que o Governo precisaria fazer uma economia mais do que o dobro da que está fazendo dá uma ideia do tamanho do buraco em que meteram o País.

O objetivo principal do ajuste fiscal é fazer com que o tamanho da dívida pública em relação ao PIB entre numa trajetória de queda nos próximos anos. (O raciocínio é lógico: se a dívida como proporção do PIB aumentar sem parar, uma hora o Estado fica insolvente. Quebra. Game over.)

Fraga disse que precisamos de um ajuste de ‘mais de 3%’ do PIB para retomar essa trajetória de queda, mas todo mundo sabe como Joaquim Levy está suando — aliás, sangrando a camisa — para entregar o 1,2% que prometeu.

Enquanto isso, Brasília vive mais um Baile da Ilha Fiscal, desperdiçando energia em factóides: o ministro demitido pelo semideus… os benefícios de uma reforma ministerial… os cinquenta tons de bullying do PMDB.

Para quem vive os desafios diários da economia, toda essa discussão é exasperante porque não substantiva. A política geralmente se resolve sozinha. Já a economia precisa de empenho, intelecto e convicção.

O problema do Brasil hoje não é de ministério — é de confiança.

Os grandes motores da economia — a Petrobras, a construção civil, as empreiteiras, as montadoras — tudo está parado.

A Petrobras precisa ser capitalizada — ou o Governo coloca lá um dinheiro novo que não tem, ou vende uma parte grande da empresa. Não há espaço para timidez, tergiversação ou pusilanimidade. Enquanto este aumento de capital (ou esta monetização de ativos em larga escala) não acontecer, a empresa vai agonizar em praça pública. Piada a propósito: “Cite quatro coisas no Brasil viciadas em injeções de capital — PDG, Petrobras, PT e PMDB.”

É verdade que a Bolsa andou tendo uns dias de alta, e pode até subir mais.

Com o real se desvalorizando mais de 20% em apenas 40 dias, o País está ficando barato para os gringos — e cada vez mais caro para os brasileiros.

A riqueza do País está trocando de mãos. Você sabe a quem agradecer.


20/03/2015


PMDB, agora, pressiona Dilma a cortar ministérios


Partido decidiu pautar a apreciação de projeto de Eduardo Cunha que corta o número de pastas na Esplanada para vinte.

PT reage


Por Marcela Mattos, de Brasília

Veja.com


Eduardo Cunha
(Ueslei Marcelino/Reuters)


Depois de emparedar o governo mais uma vez e forçar a demissão de Cid Gomes do Ministério da Educação, o PMDB agora pressiona a presidente Dilma Rousseff a reduzir o número de ministérios. Em reunião nesta quinta-feira, a bancada do partido na Câmara anunciou que dará prioridade a três medidas que, apesar do grande apelo popular, estão na contramão dos interesses do Planalto e do PT - a principal delas, a redução de incríveis 39 para vinte no número de pastas na Esplanada.

A pedido do partido, a proposta de emenda à Constituição (PEC) de autoria do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi pautada para a próxima terça-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Na avaliação do PMDB, já que o governo defende um controle nos gastos, atingindo inclusive os direitos dos trabalhadores, o ideal é que o corte também seja feito "na carne". "É fundamental que num momento em que se propõe ao país um ajuste das contas públicas, o poder Executivo dê uma demonstração clara e inequívoca com o compromisso do corte de gastos. Esse seria um sinal para a sociedade sobre a necessidade desse ajuste", argumentou o líder Leonardo Picciani (RJ). Os petistas imediatamente reagiram à ideia. "Esse assunto não está em discussão. Vamos avançar no pacote anticorrupção", diz o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC).

Apesar do discurso, o PMDB é hoje um dos principais beneficiados no loteamento de Dilma na Esplanada, com sete ministérios. Internamente, porém, o partido avalia que lhe foram entregues três pastas com status de secretaria (Aviação, Portos e Assuntos Estratégicos), tendo importância apenas os ministérios de Minas e Energia, Agricultura e Turismo. O partido também está à frente do inexpressivo Ministério da Pesca.

O PMDB também decidiu recuar em trecho do Orçamento, aprovado na última terça-feira, que prevê três vezes mais recursos para o fundo partidário, dinheiro público destinado aos partidos políticos. A mudança foi incorporada ao texto por um peemedebista, o senador Romero Jucá (RR), que alegou que a medida seria um teste para o financiamento público dos partidos.

A legenda, por outro lado, defende que as campanhas eleitorais possam continuar sendo custeadas com recursos privados, ao contrário do que quer o PT. Do plenário, Picciani pediu que a presidente Dilma Rousseff vete a medida.



20/03/2015

quarta-feira, 18 de março de 2015

Planalto confirma a demissão de Cid Gomes do Ministério da Educação


PMDB anunciou que só continuaria na base do governo com a saída de ministro

Cid Gomes discursa no plenário da Câmara dos Deputados
Givaldo Barbosa / Agência O Globo

Por Chico de Gois / Luiza Damé / Catarina Alencastro / Isabel Braga
O Globo


BRASÍLIA - Após uma tumultuada sessão na Câmara, Cid Gomes deixou nesta quarta-feira o Ministério da Educação. Ele saiu do Congresso e foi direto ao Palácio do Planalto comunicar a decisão à presidente Dilma Rousseff. Pouco antes, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), informou que havia recebido um telefonema do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

— Acabei de receber um comunicado do ministro Mercadante que Cid Gomes está demitido — disse Eduardo Cunha no plenário.
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Em nota oficial, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência confirmou que Cid Gomes entregou à presidente seu pedido de demissão do cargo.

"Ela agradeceu a dedicação dele à frente da pasta", diz a nota.

Cid Gomes enfrentou o plenário da Câmara nesta quarta-feira e repetiu, diante de cerca de 300 parlamentares, que há achacadores entre os deputados, criando assim mais um embate entre o governo e o Congresso.

Antes, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), afirmou que, caso o ministro da Educação, Cid Gomes, permanecesse no governo, seu partido deixaria a base de apoio à presidente Dilma Rousseff. Picciani, que havia cobrado, da tribuna, a demissão de Cid, voltou a afirmar, em entrevista, ele não teria condições de permanecer na função.

— Caso permaneça ministro do governo, não há espaço para nosso partido na base. Não participaremos de nenhuma reunião com ele — afirmou.

Perguntado se isso se tratava de um recado à presidente, Picciani foi taxativo:

— A fase de recados já passou. Estamos fazendo uma afirmação. Ele não tem condição moral para ficar.

Cid deixou o plenário da Câmara antes chegasse ao fim a sessão para que prestasse esclarecimentos. O deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ) da tribuna chamou o ministro de palhaço. Cid pediu respeito:

— O senhor me respeite.

Mas o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cortou a palavra de Cid.

— V. Excia. não é parlamentar para usar da palavra.

Depois dessa intervenção, Cid se retirou.

Numa saída tumultuada, ao ser questionado se deixaria o Ministério, Cid não disse se pediria demissão:

— A presidente Dilma resolverá. O lugar é dela, sempre foi dela e eu aceitei para servir porque acredito — afirmou.

— Se eu fosse pedir demissão, não poderia, por dever de ética, antecipar essa possibilidade. Seria uma descortesia com quem me convidou.

CUNHA PROCESSARÁ CID GOMES

No final da sessão desta quarta-feira, Eduardo Cunha afirmou que a presidência da Câmara irá entrar com uma ação contra Cid Gomes. O peemedebista também afirmou que irá pedir a abertura de um processo contra o ministro em seu nome:

— Não vou admitir que alguém que seja representante do poder Executivo, agrida não só essa casa, como ainda volte aqui e reafirme as ofensas.

18/03/2015

Suíça bloqueia mais de R$ 1,3 bilhão desviados da Petrobras


Dinheiro foi bloqueado a partir de nove investigações abertas no país europeu; R$ 391 milhões deste total já foram repatriados


Por Jailton de Carvalho
O Globo


BRASÍLIA — O procurador-geral da Suíça Michel Louber anunciou nesta quarta-feira o bloqueio de US$ 400 milhões — o equivalente a R$ 1,3 bilhão no câmbio de hoje — de pessoas e empresas investigadas por fraudes em contratos de empreiteiras com a Petrobras. Deste total, US$ 120 milhões (cerca de R$ 391 milhões) já foram liberados para a repatriação e 90 milhões já estão em contas da Justiça brasileira. O dinheiro foi bloqueado a partir de nove investigações abertas na Suíça sobre corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras.

Durante a entrevista, Lauber não poupou elogios à cooperação entre o Ministério Público brasileiro e os colegas suíços.

— Não toleramos o uso do sistema bancário suíço para corrupção e lavagem de dinheiro
— disse Lauber em entrevista ao lado do procurador-geral da República Rodrigo Janot.

Desde o início das investigações em abril do ano passado, o Ministério Público da Suíça localizou 300 contas de brasileiros em 30 bancos por onde teria sido movimentado o dinheiro desviado da Petrobras. “Os beneficiários e econômico das contas. Geralmente abertos em nome de empresas, são dirigentes da Petrobras, representantes das empreiteiras, intermediários financeiros e, direta ou indiretamente, empresas brasileiras ou estrangeiras pagadoras de propinas” diz nota do Ministério Público suíço.

Até o momento, pelas informações dos investigadores brasileiros, na lista dos titulares de contas na Suíça estão o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o ex-gerente da diretoria de Serviços, Pedro Barrusco, e o ex-diretor de Serviços, Renato Duque.

Nesta semana, autoridades do Principado de Mônaco bloquearam 10 milhões de euros (R$ 34,7 milhões) do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Jorge Zelada. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), há a suspeita de que o ex-diretor, que substituiu Nestor Cerveró, possa estar envolvido no esquema de corrupção.

Outro nome envolvido no escândalo de corrupção da Petrobras, o ex-diretor de Serviços da estatal, Renato Duque, movimentou 20,5 milhões de euros (cerca de R$ 70 milhões) por contas na Suíça, Hong Kong, Bahamas, Estados Unidos, Panamá e Portugal. De acordo com o Ministério Público Federal, Duque tentou esconder o rastro do dinheiro desviado de forma ilícita da estatal desde março do ano passado, quando a Operação Lava-Jato foi deflagrada.
18/03/2015


Empreiteiras lucraram até 4 vezes o que deram de propina, diz procurador




O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que investiga o esquema de corrupção na PetrobrasAvener Prado - 14.nov.2014/Folhapress

Um ano depois da deflagração da Operação Lava Jato, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima diz que ela "andou num ritmo muito mais rápido do que o que nós estávamos acostumados a trabalhar".
Ele, no entanto, acredita que as investigações estão apenas "arranhando o verniz de uma estrutura muito maior", que seria a forma como se financia a política no país. Defendeu mudanças profundas no sistema político. E afirmou que esquemas de corrupção, como o que agora é revelado na Petrobras, fazem parte de uma engrenagem que funciona como "um relógio gigantesco". Ele pode até "perder algumas peças que são substituídas por outras. Mas funciona até independente da vontade dessas peças".
Aos 50 anos, Carlos Fernando fez parte da força-tarefa que investigou o escândalo do Banestado, na década de 90, o primeiro a usar em larga escala a delação premiada como forma de investigação.

Na semana passada, ele recebeu a Folha para uma entrevista exclusiva. A conversa foi acompanhada, em alguns momentos, pelo procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Força Tarefa que investiga o escândalo.

Segundo o procurador, quem mais ganhava com a corrupção na Petrobras eram as empreiteiras.

"O esquema gerava um lucro para elas que deveria ser três ou quatro vezes o custo da propina."

Abaixo, a entrevista com o procurador:
*
FOLHA - O Brasil vive um momento de polarização política. Uma parte do país pressiona o Ministério Público, "tem que pegar a presidente Dilma Rousseff e tem que pegar o Lula". Uma outra parte que diz que vocês estão conduzindo as investigações só para incriminar os dois. Existe alguma suspeita sobre a presidente da República, com o que vocês já conhecem? E até que ponto, existindo ou não essa suspeita, esse clima interfere e conturba a investigação?

CARLOS FERNANDO
- A primeira questão é delicada. Todos os casos que nós investigarmos estarão dentro da nossa atribuição. Quando surge alguém que tem foro privilegiado [direito de ser julgado em cortes superiores por ocupar cargo público, como presidente, governadores e parlamentares], nós imediatamente chamamos a equipe da PGR (Procuradoria-Geral da República, que pode denunciar autoridades com foro). Então nós não colocamos a mão nesta cumbuca. Em segundo lugar, não existe escolha [de quem deve ser investigado]. Nós somos procuradores da República. Nós temos um modo de pensar muito peculiar: cometeu erro, não importa quem seja a pessoa. Vamos fazer o que tem que ser feito. Nós não fazemos essa distinção [política].

Agora, evidentemente esse ambiente polarizado dificulta bastante o nosso trabalho e facilita bastante o trabalho dos acusados. Por quê? Porque eles usam o ambiente polarizado para nos imputar uma atuação política que nós não temos nem podemos ter. Claro que todas as pessoas têm a sua orientação política, isso independe. Mas, no trabalho, nossa esquipe é bastante heterogênea e não existe nenhuma orientação. As pessoas parecem não compreender aquela frase que o [procurador-geral Rodrigo] Janot falou na sabatina [do Senado, quando foi indicado para o cargo, em 2013]: "pau que dá em Francisco, dá em Chico". Essa deve ser a regra do Ministério Público realmente. Não faz a menor diferença se for A ou se for fulano B.

Vocês não elegem uma caça?


Não. É claro, se eu olho o momento em que eu estou fazendo a investigação, como um investigador federal –e portanto para mim o que interessam são os crimes federais–, e eu olho o tempo de poder exercido por um partido e por outro, eu obviamente tenho pessoas mais ligadas a uma tendência [política] do que de outra [envolvidas no escândalo]. Mas isso não é uma escolha minha. São os fatos. E os fatos muito antigos prescrevem. Eu não vou perder dinheiro público investigando fatos que estão prescritos [que teriam ocorrido em governos anteriores].


DELTAN DALLAGNOL
- Nem pode. Existe um impedimento legal de se investigar fatos prescritos.


CARLOS FERNANDO
- Então tecnicamente a questão é muito simples. Mas realmente o ambiente polarizado do país nos prejudica muito. Ninguém quer aqui ser hostilizado nem virar herói. Só quer fazer o seu trabalho e ir para casa. Essa a nossa posição.


Há contradição entre os depoimentos do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Yousseff. O primeiro diz que autorizou, via Yousseff, o envio de recursos do esquema da Petrobras a Antonio Palocci, que os destinaria à campanha presidencial de Dilma Rousseff. O doleiro nega. Vocês admitem que pode haver mentiras nas delações?


DELTAN
- Se você colher o depoimento de uma testemunha por dez vezes, de uma pessoa correta, quanto mais colher o depoimento, mais ela vai entrar em contradições. Depoimentos de dez testemunhas isentas serão dez perspectivas sobre o mesmo fato. Nos EUA, eles dizem: "As diferenças aumentam o valor do que os depoimentos têm em comum. Porque elas mostram que não existiu um ajuste, um prévio acordo [entre os delatores].


E neste caso do Palocci? E se vocês não conseguirem provar quem está falando a verdade?


Aí em dúbio pro réu. O sistema já resolve essa questão. Eu percebo muito essas contradições [entre os depoimentos dos delatores]. Neste caso os depoimentos vão ser, e devem ser, confrontados em juízo. Nós mesmos tomamos o cuidado de fazer depoimentos complementares sobre pontos em que identificamos que duas pessoas realmente estão em conflito. Temos que descobrir quem é verdadeiro. Se não for [assim], eu entendo que não podemos nem sequer usar esse documento.

Às vezes a pessoa fala "eu sei que fulano de tal e fulano de tal comandaram tudo". E nós muitas vezes chamamos os colaboradores aqui de novo e dizemos: "Você falou isso. Você soube disso como? Você viu?". É a pergunta certa a ser feita. E aí se percebe que a pessoa às vezes inferiu, deduziu.

O doleiro Alberto Yousseff declarou num depoimento que "o Lula e a Dilma sabiam", frase publicada na reta final das eleições de 2014. Ele terá que falar como, quando e onde soube disso?


CARLOS FERNANDO
- Exatamente. Esclarecer. Aquela frase ficou solta.


Aquela velha coisa que se diz, "mas é óbvio que..."


CARLOS FERNANDO
- [Interrompendo] "Óbvio" é uma inferência. Para nós não gera nenhum tipo de conclusão criminal. Porque são raciocínios subjetivos. Eu mesmo tenho uma série deles. Eu acredito que muitas coisas sejam verdade apesar de que eu não posso provar. E isso não é suficiente para fazer uma acusação.


DELTAN
- O grau de exigência comprobatória para uma condenação é muito elevado.


E qual será a amplitude da investigação da Lava Jato? As empreiteiras sob investigação que praticaram irregularidades na Petrobras são prestadoras de serviços de outros órgãos do governo federal e também de administrações estaduais e municipais de vários partidos.


CARLOS FERNANDO
- E nem vou demonizar as empreiteiras [envolvidas na Lava Jato] porque não são só essas empreiteiras [que cometem irregularidades no país]. Esse é um sistema todo.


DELTAN
- São estruturas que devem mudar.


Existe a possibilidade de um dos delatores que são dirigentes dessas empreiteiras falarem de irregularidades em vários níveis de governo?


CARLOS FERNANDO
- O acordo [de colaboração] sempre tem esse viés: aonde mais você vai me levar? O efeito dominó que nós desejamos significa entrega o crime que nós já sabemos [cometido na Petrobras], falar da sua participação e entregar outras pessoas. Mas eu tenho interesse de ir além. O que mais você pode trazer? Isso é valorizado para nós podermos oferecer o benefício [de diminuição da pena em troca da colaboração]. Se houver [citação de irregularidades] em outros governos, estaduais, nós vamos tomar [o depoimento] e encaminhar para autoridades estaduais. Nós não podemos fazer [a investigação no âmbito estadual].

Mas nós incentivamos [que os delatores entreguem] novos mercados, novos fatos criminosos que vão além dos esquemas que nós já conhecemos. No começo, o escândalo era numa diretoria da Petrobras. E qual foi a primeira linha de defesa? Este é um caso envolvendo [o doleiro] Alberto Youssef e [o ex-diretor da Petrobras] Paulo Roberto Costa. Aí mostramos que ele envolve a diretoria de Serviços. Depois, surgem problemas na área de comunicação. Então começam a admitir: o problema é a Petrobras. E por que nós incentivamos tanto a delação no sentido de se trazer novas áreas do governo que têm corrupção, fora da Petrobras? Para quebrar essas falácias que são jogadas na imprensa por alguns advogados que se especializaram em criar versões. Objetivamente nós incentivamos a saída da Petrobras para quebrar esses argumentos.
Infelizmente, no caso da Petrobras, a partir de certo momento se tornou uma corrupção institucionalizada. Infelizmente eles não perceberam que a Petrobras não é uma empresa de saneamento de uma cidadezinha do interior. Ela é uma empresa de capital aberto que não é propriedade exclusiva do Estado, muito menos do governo. E que tem fortes ligações e obrigações em relação a pessoas no exterior. Eles não perceberam as implicações jurídicas de toda essa situação.
Agora, essa expectativa de que podemos investigar o mundo é que me assusta porque quando a pessoa [delator] chega aqui, não tem o mundo inteiro para entregar. É uma expectativa falsa.

DELTAN
- O ponto é: já não foi revelado o suficiente para mostrar que nós precisamos de mudanças? O que você precisa mais? De mais fatos ou você precisa da mudança agora? A meu ver, já foi revelado o suficiente, não no sentido de que não vamos investigar mais. A gente vai, sim. Mas a questão é: nós precisamos de mudanças estruturais, sistêmicas.


O senhor diz que o escândalo da Petrobras apenas arranha o verniz de uma engrenagem.


CARLOS FERNANDO
- O doutor Deltan enfatiza sempre a necessidade de mudanças jurídicas no país. Eu pessoalmente acho que o nosso desafio é fazer uma grande mudança no sistema político, em como se financia a política no Brasil. Eu sou filho de deputado estadual. O meu pai, Oswaldo dos Santos Lima, foi deputado na década de 70. Uma vez ofereceram para ele uma direção numa fundação estadual. Ele falou: "Não, isso é coisa para roubar". Isso já nos anos 70. O meu pai financiou a campanha dele dando uma casa de garantia por um empréstimo e com o apoio de amigos de todo o Estado. Passados quatro anos, ele não tentou mais. Ele continuava com a dívida e não tinha como fazer uma nova campanha. Desistiu. A questão é: como você produz dinheiro para fazer uma campanha [eleitoral] tão cara?


Há uma engrenagem criada para financiar a política no país?


CARLOS FERNANDO
- Não tenho dúvida. Hoje olhando os depoimentos todos [da Operação Lava Jato] e como tudo funciona, digo que é uma engrenagem para financiar a política no Brasil. Não é restrita à Petrobras nem ao nível federal. Eu até acho que o nível federal ainda é um pouco mais vigiado. Em São Paulo, o Ministério Público é muito forte.
Mas há Estados em que as coisas são bem mais difíceis, né?

Na primeira vez em que nós conversamos com o Paulo Roberto Costa para negociar a delação premiada, ele falou: "Isso [corrupção] começou em 1808, com a chegada de dom João VI no Brasil". A Quinta da Boa Vista era de um mercador de escravos e ele a ofereceu para Dom João morar. E a partir daí o privado e o público se misturaram para sempre no Brasil. Essas foram as primeiras frases do Paulo Roberto Costa.
Então essa engrenagem é um relógio gigantesco que pode perder algumas peças que são substituídas por outras. Mas ele funciona até independente da vontade dessas peças.


Os escândalos se sucedem e a engrenagem não muda.


CARLOS FERNANDO
- De qualquer maneira eu vejo como evolução. Sem o mensalão, sem o escândalo do TRT [Tribunal Regional do Trabalho, em que o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto foi condenado por desviar cerca de R$ 170 milhões da construção de um fórum] de São Paulo na década de 1990, que são emblemáticos, eu não acredito que estaríamos nessa situação [da Operação Lava Jato]. A nossa pretensão aqui é investigar, revelar os fatos, alcançar punição e quem sabe isso tenha um bom proveito para mudar o país, um pouquinho que seja, né? Nada extraordinário, mas pelo menos um pouco.


Que mudanças seriam essas?


CARLOS FERNANDO
- Eu não acredito em ideias meio jacobinas, de revolução, de mudanças radicais. Eu sou até um tanto quanto conservador.


O senhor defende o financiamento público de campanha?


Diagnóstico todo mundo tem. Mas a solução é complexa. Aqui mesmo, discutimos muito entre nós [procuradores] e ninguém chega a uma ideia porque os preconceitos são muitos. Alguns não gostam do financiamento público.


Mas o escândalo da Lava Jato mostra que ele hoje já é público em grande medida.


Exatamente. Se nós cortássemos o financiamento de empresas, como sinaliza o STF, já seria bom. Porque se eu não puder cortar o esquema, eu posso ao menos encarecê-lo. E um dos objetivos nossos é que a lavagem de dinheiro seja cara. As regras da lavagem não vão acabar com a lavagem de dinheiro. Mas elas vão tornar a atividade cara. Ela será de um risco muito grande. A operação terá que ser muito mais bem feita. Vamos talvez incentivar peritos em lavagem. Mas eles vão trabalhar a uma remuneração muito elevada. A remuneração no tempo do Youssef era a do doleiro, de 3%. Hoje ela está em 20 a 30%.


Já existem cálculos do total de prejuízo para a Petrobras? Quem o senhor acha que ficou com a maior parte do bolo?


CARLOS FERNANDO
- Eu acho que são as empreiteiras. Ainda creio que o esquema gerava um lucro para elas que deveria ser três ou quatro vezes o custo da propina, do que elas distribuíam para os partidos. Agora, quanto desse valor elas conseguiriam num esquema legal, se tivessem obedecido todas as leis e competissem entre si, ganhassem só algumas obras, realmente ai eu acho que temos uns 10% de lucro a mais do que seria razoável.


E a tese de que as empreiteiras foram achacadas?


Nós já desmontamos. O [delator] Nakandakari falou que eles davam dinheiro para facilitar as coisas. Não era nem o [ex-diretor da Petrobras Pedro] Barusco que pedia dinheiro para ele. Era assim que funcionava. "Toma ai, você vai ter uns R$ 2 milhões para facilitar a liberação de um aditivo." Essa é uma engrenagem. Num momento pode até parecer um achaque. No outro momento pode parecer ser oferta. Ela [propina] fazia parte da natureza das relações que eles estabeleciam entre si, desde 1808.


Há quem diga que essa operação vai quebrar o Brasil.


Quem quebrou o Brasil, se houver quebra do Brasil, terá sido a corrupção. Porque eu só vou revelar o que acontece. Eu não vou inventar. Então se o preço do nosso progresso é a corrupção, há algo errado no modelo de progresso que nós escolhemos.
Essa é uma catarse que vai ter que ser enfrentada. Não me cabe fazer um julgamento de onde parar. Ele vai parar quando parar. Agora, eu acho que a solução pretendida pela CGU [que defende um acordo de leniência em que as empresas paguem pesadas multas, mas continuem trabalhando para o governo] pode até salvar empresas e empregos, garantir a continuidade de serviços. Mas ela premia injustamente o acionista, o dono dessa empresa. Porque ele se beneficiou de um esquema e vai ser salvo. Então desapropria essa empresa, pega o dinheiro, coloca num fundo para devolver para a Petrobras e privatiza a empresa em capital aberto. Porque você salva a empresa e não premia o executivo.
Muitas vezes, quem se beneficiou economicamente da corrupção não esta sequer citado no processo porque estão protegidos por estruturas corporativas.


Que são os acionistas, em último caso?


No final das contas, são os acionistas. 




18/03/2015

Popularidade de Dilma derrete: 62% de ruim e péssimo contra apenas 13% de ótimo e bom; o Nordeste e os mais pobres desistiram da petista. Pior: há aloprados querendo piorar tudo


A Secretaria de Comunicação do governo, cujo titular é Thomas Traumann, elaborou um documento aloprado sobre a situação política do país, propondo um conjunto de ações eivado de ilegalidades.

Acredita-se na possibilidade de reverter o desgaste de Dilma na base da “guerrilha” de propaganda, como está lá.

Por Reinaldo Azevedo

Leiam post a respeito.

Entre as propostas, está intensificar a relação com os chamados “blogs sujos”, que seriam os “soldados de fora” que atirariam com munição fornecida pelo governo. Pois é…

Se a receita fosse mesmo essa, a Secom teria que, literalmente, chafurdar no mar de lama. Por quê? Dilma Rousseff derreteu. Em pouco mais de um mês, os que consideravam seu governo ótimo e bom despencaram de 44% para 13%. Os que o avaliam como ruim ou péssimo saltaram de 23% para 62%, e caíram de 35% para 24% os que o veem como regular. Os números são do Datafolha e estão na edição da Folha desta quarta. O instituto entrevistou 2.842 pessoas entre os dias 16 e 17. Pode-se argumentar que os dados estão sob o impacto dos protestos do dia 15. Mas também é possível considerar que os protestos do dia 15 só foram tão bem sucedidos porque esses sãos os números, não é mesmo?


Não há boa notícia possível para Dilma. Pela primeira vez, desde que o PT está no poder, a reprovação ao governo no Nordeste encosta nos números do Sudeste, onde a presidente conta com apenas 10% de ótimo e bom e 66% de ruim e péssimo. Entre os nordestinos, esses números são, respectivamente, 16% e 55%. A região mais severa com a presidente é o Centro-Oeste: 75% de ruim e péssimo e só 10% de ótimo e bom. No Sul, estes números são, na ordem, 64% e 13%. Só a Região Norte destoa um pouco, mas ainda com números francamente hostis à presidente: 51% de ruim e péssimo e 21% de bom e ótimo.


Dilma, como eu já havia apontado aqui na pesquisa de fevereiro, viu desabar a sua popularidade entre os pobres: acham seu governo ruim ou péssimo 60% dos que ganham até dois salários mínimos; 66% dos que recebem de dois a cinco; 65% entre os que ganham entre cinco e dez e mais de dez. O seu mais alto índice de ótimo e bom, bem mixuruca, está na faixa de até dois mínimos: 15%; o mais baixo, na de dois a cinco: 10%.

Se os números são ruins, as expectativas podem ser piores. Sessenta por cento acreditam que a situação econômica vai piorar, e só 15%, que vai melhorar. Para 77%, a inflação vai subir, e só 6% acreditam que vai cair. Creem que o desemprego vai aumentar 69% dos entrevistados, contra apenas 12% que pensam o contrário. Segundo o Datafolha, é o maior pessimismo registrado no país desde 1997.

O governo e os petistas deveriam parar com essa bobagem de que os protestos contra o governo são coisa de rico, não é mesmo? Como se nota, os pobres formam hoje um formidável público potencial para as manifestações. Ainda que não tenham aderido em massa à mobilização do dia 15, parece que podem fazê-lo a qualquer momento. Se a tática desesperada da Secom for posta em prática, aí é que o bicho pode mesmo pegar. A nota atribuída pelos entrevistados a Dilma também caiu: de 4,8 em fevereiro para 3,7 agora.

O Congresso não merece avaliação melhor em tempos de petrolão: só 9% dizem que seu trabalho é ótimo ou bom, contra 50% que o têm como ruim e péssimo. Os números são péssimos, sim, mas é evidente que a crise política não tem origem no Parlamento.

Como Dilma sai das cordas? Uma coisa é certa: não é alimentando a guerra suja, como sugere um documento da Secom. Talvez um primeiro passo fosse se cercar de gente capaz de entender a natureza da crise. Até agora, não há ninguém com esse perfil. O petismo aloprado só a aproxima ainda mais do abismo.

 18/03/2015

Saiba quem eram os clientes do 'consultor' José Dirceu


Por Daniel Haidar
e Laryssa Borges

Veja.com
José Dirceu deixa o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), em Brasília (DF), em seu primeiro dia de trabalho no escritório de advocacia de José Gerardo Grossi
(Ed Ferreira/Estadão Conteúdo/Estadão Conteúdo)

Documentos anexados ao processo da Operação Lava Jato da Polícia Federal mostram que, de 2006 a 2013, o ex-ministro José Dirceu e sua empresa de consultoria receberam 29,2 milhões de reais.

Veja a lista dos clientes obtida pelo site de VEJA.


Os clientes de José Dirceu
EmpresaValor
EMS S/A R$ 7.800.000,00
CONSTRUTORA OAS LTDA R$ 2.991.150,00
UTC ENGENHARIA SA R$ 2.316.000,00
MONTE CRISTALINA LTDA R$ 1.590.000,00
COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMERICAS - AMBEV R$ 1.500.000,00
JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS LTDA. R$ 1.457.954,70
CONSILUX CONSULTOR CONSTR ELETRICAS LTDA R$ 1.225.600,00
ENGEVIX ENGENHARIA S/A R$ 1.110.000,00
CONSTRUCOES E COMERCIO CAMARGO CORREA SA R$ 900.000,00
247 INTELIGENCIA DIGITAL LTDA R$ 860.000,00
SPA ENGENHARIA IND E COM LTDA R$ 780.000,00
GALVAO ENGENHARIA S.A. R$ 750.000,00
ADNE CONSULTING GROUP LTDA. R$ 600.000,00
ARBI RIO INCORPORACOES IMOBILIARIAS LTDA R$ 480.000,00
EGESA ENGENHARIA S/A R$ 480.000,00
LACERDA E FRANZE ADVOGADOS E ASSOCIADOS R$ 460.000,00
SOLVI PARTICIPACOES S A R$ 448.000,00
SERVENG CIVILSAN SA EMP. ASSOCIADAS DE ENGENHARIA R$ 432.000,00
COMAPI AGROPECUARIA S.A. R$ 380.000,00
CARMO CONSULTORIA LTDA R$ 320.000,00
VOX ENGENHARIA DE INST. ELETRICAS E HIDRAULICAS R$ 230.000,00
CREDENCIAL-COM.EQUIP.ELETRO-ELETR.LTDA-E R$ 200.000,00
TESSELE & MADALENA, ADVOGADOS ASSOC. R$ 179.400,00
BRASIL VIDRO PLANO INDUSTRIA E COMERCIO LTDA R$ 160.000,00
PARMALAT BRASIL S/A IND. DE ALIMENTOS R$ 150.000,00
YPY PARTICIPACOES S.A R$ 140.000,00
CASA BRASIL EMPREENDIMENTOS CULTURAIS LTDA R$ 130.000,00
COMPANHIA ADMINISTRADORA DE EMPREENDIMENTOS E SERVICOS R$ 120.000,00
SNS AUTOMOVEIS LTDA R$ 110.000,00
ABCDEFGH PARTICIPACOES S.A R$ 100.000,00
FORUM DAS AMERICAS R$ 100.000,00
ROCHA, MAIA & AYRES DA MOTTA ADVOGADOS R$ 100.000,00
SMK SERVICOS DE MARKETING LTDA R$ 100.000,00
TMKT SERVICOS DE MARKETING LTDA R$ 100.000,00
DELTA ENGENHARIA E MONTAGEM INDUSTRIAL LTDA R$ 80.000,00
EOLICA FAZENDA NOVA GERACAO E COM. DE ENERGIA LTDA R$ 70.000,00
KMG EQUIPAMENTOS ELETRICOS LTDA R$ 60.000,00
MIL MIX IND E COM DE PROD ALIMENT LTDA R$ 60.000,00
EDITORA JB S/A R$ 52.000,00
TELEMIDIA TECHNOLOGY I C SERV TECN LTDA R$ 50.000,00
JD ASSESSORIA E CONSULTORIA LTDA R$ 25.000,00
BRASILINVEST EMPREENDIMENTOS E PARTICIPACOES SA R$ 20.000,00
HYPERMARCAS S/A R$ 20.000,00
SERPAL ENGENHARIA E CONSTRUTORA LTDAR$ 20.000,00
17/03/2015

terça-feira, 17 de março de 2015

A arte de maldizer (*)


1

Por Arnaldo Jabor

O Estado de S. Paulo


Malditos sejais, ó mentirosos, negadores, defraudadores, vigaristas, intrujões, chupistas, tartufos e embusteiros! Que a peste negra vos cubra de feridas pútridas, que vossas línguas mentirosas sequem e que água alguma vos dessedente, que vossas mentiras, patranhas, fraudes, lérias e marandubas se transformem em cobras peçonhentas que se enrosquem em vossos pescoços, que entrem por vossos rabos, rabiotes e fundilhos e lá depositem venenosos ovos que vos depauperem em diarreias torrenciais e devastadoras. Que vossas línguas se atrofiem em asquerosos sapos e bichos pustulentos que vos impedirão de beijar vossas amantes, barregãs e micheteiras que vos recebem nos lupanares de Brasília, nos prostíbulos mentais onde viveis, refocilando-se nas delícias da roubalheira.

Malditos sejais, ladrões, gatunos, ratoneiros, trabuqueiros dos dinheiros públicos, dos quais agadanhais, expropriais mais da metade de todos os orçamentos, deixando viadutos no ar, pontes no nada, esgotos a céu aberto e crianças mortas de fome, mortas de tudo.

Que a maldição de todas as pragas do Egito e do Deuteronômio vos impeça de comer os frutos de vossas fazendas escravistas, que não possais degustar o pão de vossos fornos, nem o milho de vossos campos, e que vossas amantes vos traiam e vos contaminem com escabrosas doenças e repugnantes furúnculos!

Malditos sejais, homúnculos dedicados a se infiltrar nas brechas, nas breubas do Estado para malversar, rapinar, larapiar desde pequenas gorjetas embolsadas, até essa doença nacional chamada petróleo, onde vos repastais no revezamento sinistro de negociarrões com empresas fantasmas em terrenos baldios, até a rapinagem dos mínimos picuás dos miseráveis.

Malditas sejam as caras de pau dos ladravazes, com seus ascorosos sorrisos, imunda honradez ostentada, gélido cinismo, baseado na crapulosa legislação que vos protege há quatro séculos, por compradiços juízes, repulsivos desembargadores, fariseus que vendilham sentenças por interesses políticos, ocultados por intrincados circunlóquios jurídicos, solenes lero-leros para compadrios e favores aos poderosos! Que vossas togas se virem em abutres famintos que vos devorem o fígado, acelerando vossas mortes que virão pela ridícula sisudez esclerosada com que justificais liminares e chicanas que liberam criminosos ricos e apodrecem pobres pretos na boca do boi de nossas prisões!

Malditos sejais, burocratas, sicofantas, enfiados na máquina pública, emperrando-a e sugando migalhas do Estado com voracidade e gula! Tomara que sejais devorados pelos carunchos que rastejam nos processos empoeirados da burocracia que impede o País de andar! Que a poeira dos arquivos mortos vos sufoque e envenene como o trigo roxo dos ratos!

Malditas sejam também as "consciências virginais", as mentes "puras"; malditos os alienados e covardes, malditos os limpos, os não culpados, os indiferentes, que se acham superiores aos que sofrem e pecam; malditos intelectuais silenciosos que ficam agarrados em seus dogmas, que se "escandalizam" com os horrores, mas nada fazem, diante dos erros óbvios que clamam por condenações. Maldito aquele que culpou os "brancos de olhos azuis" pela crise econômica mundial. Malditos os que só pensam em dividir os brasileiros entre "nós" e "eles". Maldita seja a técnica de vitimização que funciona bem para ditadores que se dizem sempre 'defensores do povo' - suas vítimas. Malditos os que condenam o passado, se eles são o passado.

Malditos os radicais de cervejaria, os radicais de enfermaria e os radicais de estrebaria. Os frívolos, os loucos e os burros. Uns bebem e falam em revolução; outros alucinam e os terceiros zurram.

Maldita seja também a indiferença narcisista do déspota sindicalista que renegou a herança bendita que recebeu e que se esconde nas crises para voltar um dia como pai da pátria. Que gordos carrapatos infectem sua barba de estadista deslumbrado.

Malditos também os que desejam trazer de volta a irresponsabilidade fiscal, malditos anjos da cara suja, malditos os que inventaram as gorjetas de milhões, malditos espertos fugitivos da cassação, anatematizados e desgraçados sejam os que levam dólares na cueca e, mais que eles, os que levam dólares às Bahamas, malditos os que usam o "amor ao povo" para justificar suas ambições fracassadas, malditos bolchevistas que agora são arroz de festa de intelectuais mal informados; malditos sejam, pois neles há o desejo de fazer regredir o Brasil para o velho Atraso pustulento, em nome de suas ideologias infantis!

Se eles prevalecerem, voltará o dragão da Inflação, com sete cabeças e dez chifres e sete coroas em cada cabeça e a prostituta do Atraso virá montada nele, berrando todas as blasfêmias, vestida de vermelho, segurando uma taça cheia de abominações. E ela, a besta do Atraso, estará bêbada com o sangue dos pobres e em sua testa estará escrito: "Mãe de todas as meretrizes e Mãe de todos os ladrões que paralisam nosso país".

Só nos resta isso: maldizer.

Portanto: que a peste negra vos devore a alma, políticos canalhas, que vossos cabelos com brilhantina vos cubram de uma gosma repulsiva, que vossas gravatas bregas vos enforquem, que os arcanjos vingadores vos exterminem para sempre!

(*) Não pude escrever o artigo da semana por doença (nada grave, inimigos meus), mas me lembrei de outro texto da época do "mensalão" e achei por bem republicá-lo, pois cabe perfeitamente nestes tempos de "petrolão".

17 Março 2015

CERCO AO PT




POR MERVAL PEREIRA
O cerco ao PT se fechou ontem com a volta à prisão do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, indicado pelo ex-ministro José Dirceu para representar os interesses do partido na estatal. A denúncia do Ministério Público Federal do Paraná de que as doações de empreiteiras ao PT eram repasses de propina disfarçados de financiamento eleitoral, como classificou o Procurador da República Deltan Dallagnol em entrevista coletiva, coloca em evidência o verdadeiro significado do petrolão – financiar o PT e outros partidos aliados – e revela um novo crime, o de lavar dinheiro através do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O segundo tesoureiro do PT flagrado em ações ilícitas, João Vaccari Neto, foi denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro. E, segundo o Procurador que chefia a Operação Lava-Jato, sabia do esquema e tinha consciência de que os pagamentos ao partido eram propina.

O fato de ser uma repetição do delito, que já ficara claro no processo do mensalão, demonstra que o PT se utiliza de recursos ilegais desviados do Estado para manter seu projeto de poder, e deverá pesar na avaliação dos ministros da Segunda Turma do STF que julgarão o processo.

Segundo o Procurador Dallagnol, Ministério Público Federal tem "ampla prova" de que o tesoureiro do PT se encontrou com ex-executivos da Petrobras Renato Duque e Pedro Barusco para tratar de doações ao partido. A delação premiada de Barusco certamente foi fundamental para montar toda a rede das transações do ex-diretor de serviços da Petrobras, de quem era subordinado e tão ligado que muitas vezes era Barusco quem cuidava das finanças de Duque, que era “muito desorganizado”.

Foi, aliás, a confissão de Pedro Barusco que definiu com clareza que o esquema de recolhimento de propinas nas obras da Petrobras começou a ser organizado institucionalmente a partir do governo Lula, em 2004, e esteve em funcionamento até 2014.

A esperança dos partidos políticos de que seria muito difícil provar que as doações legais eram na verdade feitas com dinheiro desviado pelo esquema de corrupção pode cair por terá com as confissões que estão sendo feitas por diretores de empreiteiras e ex-executivos da Petrobras, fechando um quebra-cabeça que terá até confissões assinadas para atestar a veracidade do ocorrido.

Se no processo do mensalão o esquema de uso de dinheiro público para financiar os partidos políticos era uma prática nova, desconhecida do grande público, agora no petrolão já se trata de uma prática conhecida, devidamente criminalizada e penalizada, só que de dimensões infinitamente maiores.

A prisão de Renato Duque, desta vez em conformidade com critérios legais que provavelmente não darão margem a novo habeas-corpus – Duque movimentou parte de sua fortuna no exterior, com a clara intenção de escondê-la da investigação – foi considerada pelo Palácio do Planalto como uma má notícia, pois ele tem uma proximidade com a alta cúpula do petismo que pode levar à identificação de novos responsáveis pelo esquema de propinas na Petrobras, podendo chegar até às figuras da presidente Dilma e do ex-presidente Lula se ele quiser abrir o jogo.

Sua prisão pode levar também a novos indícios sobre a participação de seu “padrinho” José Dirceu, que recebeu milhões de empreiteiras à guisa de “consultorias”. O doleiro Alberto Yousseff, em sua delação premiada, disse que as consultorias de Dirceu na verdade eram propinas. Os Procuradores investigam esse filão sabendo que alguns dos empreiteiros presos já estariam dispostos a confirmar em delações premiadas as informações de Yousseff.

O próprio Renato Duque, que se manteve em silêncio até agora, no melhor estilo petista, poderia ser um caminho para desvendar todo esquema do PT no petrolão caso decida falar. Como sua prisão preventiva não tem limitação de tempo, é possível que ele siga o mesmo roteiro de outros envolvidos, usando a delação premiada para reduzir sua pena.

17 de março de 2015


Lava Jato: Dirceu faturou R$ 29 milhões em consultoria


Homem forte do governo Lula, o mensaleiro recebeu repasses de empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras

Por: Daniel Haidar e Laryssa Borges
Veja.com
TENTÁCULOS – O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu: consultoria para empreiteiras do petrolão(Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

O ex-ministro José Dirceu faturou 29,2 milhões de reais com a prestação de serviços de consultoria de 2006, depois de deixar o governo Lula, a 2013. Os dados constam em documento elaborado pela Receita Federal que analisou a movimentação financeira da empresa de Dirceu, a JD Assessoria.

Só em 2013, a empresa de Dirceu faturou 4,2 milhões de reais. Dirceu iniciou o cumprimento de pena pela condenação no mensalão em dezembro e ganhou o direito de responder em regime aberto a partir de novembro do ano passado.

Nenhum ano foi tão lucrativo para Dirceu quanto 2012: amealhou 7 milhões de reais.

A movimentação financeira do ex-homem forte do governo Lula consta de dados requeridos pelos investigadores da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Agora, o juiz federal Sérgio Moro retirou o sigilo dos autos em que houve a quebra do sigilo fiscal e bancário de Dirceu. A decisão ocorreu depois que o empresário Gerson Almada, sócio da Engevix, prestou depoimento sobre Dirceu.

No rol de clientes de Dirceu há diversas empresas envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, mas também há gigantes de outros setores, como a Ambev.



17/03/2015



Hip, hip, urra! O petista Guimarães teve uma ideia; ele quer taxas fortunas; eu quero prender o chefe de gente que anda com dólares na cueca





Por Reinaldo Azevedo

Hip, hip, hip urra!
Hip, hip, hip, urra!
Hip, hip, hip, urra!

José Guimarães, líder do governo na Câmara (PT-CE), irmão de José Genoino, uma das estrelas petistas que foram rés no mensalão, teve uma ideia. Sou obrigado a interromper de novo o pensamento: “Hip, hip, urra!”. José Guimarães diz ter uma ideia para responder às “exitosas” manifestações do dia 13 e do dia 15: taxar as grandes fortunas. Hip, hip… Chega!

Ele refletiu: “Eu penso que nós temos que avançar, é opinião minha, na taxação, algum tipo de tributo, para as grandes fortunas, as grandes heranças e aqueles grandes rentistas no exterior”. Huuummm… O PT quer ressuscitar o arranca-rabo de classes para ver se escapa da derrocada. Ele também quer o fim do financiamento de campanha por empresas. Vale dizer: quando todas as doações forem oficialmente proibidas, aí todas serão oficialmente paralelas; quando o caixa um for proibido, todo caixa será dois.

E a gente já viu que o PT lida muito bem com esse mundo das sombras, não é mesmo?

Eu tenho uma outra proposta: taxar severamente dinheiro encontrado em cuecas e valises sem origem conhecida. Sei que seria juridicamente polêmico, que ofendo um pouco os penalistas, mas hoje decidi, como Guimarães, recorrer ao direito criativo, uma categoria muito em voga em certos nichos da OAB e do próprio Supremo: no caso de se encontrar um assessor semialfabetizado, pobre, ferrado na vida, com US$ 100 mil na cueca e R$ 200 mil numa mala, a gente manda prender o seu chefe.

Gostou da minha proposta, Guimarães?


17/03/2015


“FORA PT!”


Um manifestante usa máscara do ex-presidente Lula com nariz de Pinóquio durante a gigantesca manifestação na avenida Paulista
(Foto: Bruno Santos/VEJA.com)



É bobagem tentar esconder a verdade.
O grito que uniu os brasileiros que foram às ruas nesse histórico domingo foi a condenação ao “lulopetismo”

Por Eurípedes Alcântara, diretor de Redação de VEJA

“Quanto a mim, fico com São Paulo, pois para lá se transportou a alma cívica da Nação”.

Com essa frase e sua atuação na Revolução de 1932 o mineiro Arthur Bernardes, que presidiu o Brasil entre 1922 e 1926, se redimiu perante muitos de seus desafetos da justa fama de repressor e reacionário.

Neste domingo, dia 15 de março de 2015, a alma cívica da Nação se transportou para São Paulo, onde se encarnou nos mais de 1 milhão de pessoas que, juntas na Avenida Paulista, fizeram a maior manifestação política da história da cidade e do Brasil.

Há trinta anos, nesse mesmo dia 15, acabava oficialmente o regime militar de 21 anos de duração. Ao protesto na Avenida Paulista se somaram outros em todos os Estados brasileiros. No final do dia, mais de 1,4 milhão de brasileiros tinham saído às ruas para protestar contra o PT, o partido que há doze anos detém o poder em Brasília.

“Fora PT” foi o grito que uniu a maioria absoluta dos manifestantes. E o “Fora Dilma” ? Foi a palavra de ordem circunstancial. Dilma é a presidente e sobre ela recaíram as culpas imediatas da falência moral, ética e, agora, política do “lulopetismo”.

A alma cívica vista nas caras-pintadas e nas roupas verde-amarelas do domingo, dia 15, foi a evidência que faltava – se é que faltava – de que venceu o prazo de validade do PT. O “lulopetismo” será lembrado na história apenas como mais uma das inúmeras e dolorosas ilusões populistas que acabam quando acaba a riqueza dos outros.

Essas experiências ignoram que em comparação com o desafio de produzir riqueza, distribuir a riqueza já produzida é um piquenique no parque. Produzir riqueza é complexo. Não se faz com conversa fiada, com marqueteiro talentoso. Não se faz no palanque.

A escassez é um dado da vida humana desde a bíblica expulsão do paraíso. Todos os simulacros de socialismo, como é o caso do lulopetismo, acabaram pela incapacidade crônica de vencer a escassez. A presidente Dilma disse há dias que a situação de penúria atual do Brasil se deve ao fato de que “nós esgotamos todos os nossos recursos de combater a crise que começou lá em 2009″.

Nós quem, cara-pálida? A administração ruinosa do PT esgotou os recursos. Dito de outra maneira, a presidente afirmou o que o mundo inteiro já descobriu sobre ela e seu partido: suas políticas se esgotam quando esgotam os recursos criados por outros.

Quem são os outros? São os brasileiros que foram às ruas neste domingo, dia 15. São os brasileiros que trabalham e entregam na forma de impostos, taxas e contribuições tudo que ganham nos primeiros cinco meses do ano ao governo e só depois trabalham para si próprios e suas famílias e, assim, conseguir pagar por todos os serviços que o governo não entrega: segurança, saúde, educação.

As formas de produção de riqueza com que o Brasil conta hoje já existiam antes da chegada do lulopetismo ao poder. Doze anos depois, todas essas fontes de riqueza ou estão quebradas ou fortemente abaladas pelo abuso sofrido pela gestão ruinosa e a corrupção endêmica do período.

A corrupção institucionalizada na Petrobras no governo Lula custou 6 bilhões de dólares. Pois a Petrobras foi sangrada em 60 bilhões de dólares por ter sido obrigada por Dilma a subsidiar os combustíveis e, assim, não pressionar a inflação.

Subsidiar combustíveis é distribuir riqueza? Sim. Mas os governos que sabem produzir riqueza controlam a inflação de outra maneira e, assim, evitam tirar riqueza que distribuem de uma empresa com milhões de acionistas privados – entre eles milhões de brasileiros que foram levados pelo governo a comprar ações da estatal do petróleo.

​Governos que não sabem produzir riqueza colocam a culpa de sua própria incompetência em crises externas – e quando o ambiente externo é favorável, como foi nos oito anos de Lula, fingem que as coisas estão dando certo por que são sábios. Embromação.

Com Lula ou sem Lula teriam entrado no Brasil os mesmos 100 bilhões de dólares a mais pelo mesmo volume de ferro e soja exportados, o que se verificou pelo aumento do preço internacional dessas mercadorias.

Lula, Chávez, Dilma, Cristina Kirchner sofrem da mesma incapacidade de gestão. Não sabem como criar um ambiente de negócios que incentive a produção de riquezas. São ignorantes nesse tema. Portanto, enquanto as pessoas não puderem se alimentar de vento e luz, sempre que o dinheiro dos outros acabar, acabam os lulopetismos.

Dá para entender por que a alma cívica da nação gritou a todos pulmões, com mais força ainda na avenida Paulista: “Fora PT!”​

16/03/2015