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sábado, 14 de setembro de 2013

Escritório do ministro Barroso faturou R$ 2 milhões sem licitação em agosto

Por Rodrigo Constantino

Quando recebi de um leitor, custei a acreditar. Como circula pela internet e redes sociais muito hoax, é bom sempre tomar cuidado. A primeira fonte foi do Twitter de Ari Kara.

Eis a imagem:



Segue o texto:
EXTRATO DE INEXIGIBILIDADE
DE LICITAÇÃO Nº 103/2013 – UASG 910809
Nº Processo: IN-011-3-0103 . Objeto: Contratação de serviços de
consultoria jurídica na celebração do compromisso arbitral com relação
aos pleitos do CETUC no âmbito do Contrato SUP2.0.5.2000.
CI de Caracterização: CI – PCJ – 396/13, de 29.07.13. Parecer Jurídico:
CI – PCJL – 656/13, de 29 .07.13. Aprovada pela RD -
0400/13, de 06.08.13. Total de Itens Licitados: 00001 . Fundamento
Legal: Art. 25º, Inciso II da Lei nº 8.666 de 21/06/1993. . Justificativa:
Contratação de serviços tecnicos especializados em arbitragem.
Declaração de Inexigibilidade em 29/07/2013 . ANDREI
BRAGA MENDES . Consultor . Ratificação em 06/08/2013 . JOSIAS
MATOS DE ARAUJO . Presidente . Valor Global: R$
2.050.000,00 . CNPJ CONTRATADA : 39.093.331/0001-59 LUIS
ROBE RTO BARROSO E ASSOCIADOS- ESCRITORIO DE ADVOCA.

Então é isso: o escritório do ministro Luis Roberto Barroso ganhou, sem licitação, mais de R$ 2 milhões em agosto desse ano. Sério? Não acreditei. Fui checar no site do Diário Oficial da União. E está lá! É verdade mesmo. Não tem montagem, photoshop, nada disso!

Não faria acusações levianas, naturalmente. Claro que o escritório renomado e respeitado no mercado pode ter merecido tal montante por seus serviços prestados e tudo mais. Só fica aquela dúvida no ar.

Puxa vida, coincidências existem.

Mas que desempenho do “novato” no julgamento dos embargos infringentes, não é mesmo?
                      
                        13/09/2013

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

‘O vexame do Itamaraty’, editorial do Estadão



Editorial do Estadão


A ser verdadeira, como parece, a denúncia de que o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo dos Santos, ameaçou expulsar do País o senador boliviano Roger Pinto Molina, caso ele aceitasse o convite da Comissão de Relações Exteriores do Senado para falar dos seus 455 dias como asilado na Embaixada do Brasil em La Paz, representa um ato vexaminoso.

Em maio de 2012, como se sabe, Molina, de 53 anos, pediu asilo diplomático ao país para escapar às represálias do governo Evo Morales, a quem acusara de proteger o narcotráfico. Em questão de dias, a presidente Dilma Rousseff atendeu à solicitação.

Mas o autocrata bolivariano, fazendo tábula rasa da Convenção de Caracas sobre Asilo Diplomático, de 1954, negou-se a conceder o salvo-conduto que permitiria ao senador viajar em segurança ao Brasil. O texto determina que a concessão tem de ser “imediata”.

Confinado a um quarto de 4 metros quadrados, sem banheiro nem luz solar, Molina podia receber apenas a visita, separadamente, de seu advogado e um ou outro parente. Enquanto isso, do lado de fora, grupos de paus-mandados de Evo atormentavam-no com ameaças de “invadir a embaixada”. Franco-atiradores ficavam postados diante do prédio e um sicário teria sido contratado para executá-lo.

Nos bastidores, diplomatas dos dois países fingiam negociar a transferência do asilado. O faz de conta viria a ser revelado pelo encarregado de negócios brasileiro, Eduardo Saboia, responsável pela representação na ausência de seu titular. Ele entrou para a história da Casa de Rio Branco graças ao seu corajoso ato humanitário de transportar Molina por terra para o território nacional.

A viagem, em dois carros com placas diplomáticas, sob a proteção de um par de fuzileiros navais que serviam na Embaixada, durou 22 horas, sem incidentes.

O governo brasileiro, que ignorou os sucessivos pedidos de socorro de Saboia – a quem o senador sob a sua custódia vinha falando em se suicidar –, reagiu furiosamente ao ser informado de que ele chegara são e salvo a Brasília.

No Aeroporto de Guarulhos, de onde deveria viajar à Finlândia, o então chanceler Antonio Patriota recebeu um telefonema extremamente agressivo da presidente. Testemunhas ouviram-na exigir, aos berros, que Saboia fosse punido sumariamente. Agastado, Patriota replicou, também elevando a voz, que, na condição de responsável último pelas ações do colega, o punido devia ser ele próprio.

O que de fato aconteceu, com a sua substituição no Ministério pelo embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, que chefiava a delegação brasileira na ONU.

A ira de Dilma contra Saboia não se explica apenas por ela se sentir vítima de um crime de lesa-majestade. Tão ou mais grave, aos seus olhos, há de ter sido a desmoralização de Evo, a quem o Planalto, desde Lula, presta incompreensível vassalagem.

E decerto foi para acobertar a conduta submissa do governo que o Itamaraty ameaçou Molina, por intermédio de seu advogado, Fernando Tibúrcio, de expulsá-lo “no outro dia” de seu previsto depoimento no Senado – o que é muito diferente, por exemplo, de uma entrevista à imprensa.

Tibúrcio revelou a chantagem à Justiça Federal, numa audiência relacionada com a ação movida por Saboia a fim de reunir evidências para a sindicância de que é alvo no Itamaraty. A Procuradoria da República no Distrito Federal irá apurar a presumível improbidade administrativa do secretário-geral da Casa.

Conforme o Itamaraty, ele só teria pedido para lembrar o senador dos termos da Convenção de Caracas. Ela não obriga os países signatários a conceder asilo. Mas – e isso não terá sido mencionado pelo diplomata – uma vez concedido o benefício, o asilado deve receber imediatamente o salvo-conduto de seu governo.

O que agrava o despudor do Planalto é o contraste entre o tratamento de presidiário dado a Molina e o de autoridade política ao deposto presidente hondurenho José Manuel Zelaya, que se asilara na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

Nos quatro meses em que ali ficou, em 2009, transformou-a em seu quartel-general. Recebia quem quisesse, falava a jornalistas e incitava os adeptos a derrubar a “ditadura” hondurenha – com a plena aquiescência de Brasília.



13/09/2013

Será difícil entender a Justiça brasileira



EDITORIAL

O GLOBO


Plenário do Supremo Tribunal Federal, onde os ministros analisam o cabimento de embargos infringentes no julgamento do mensalão Foto: Divulgação / Agência O Globo

Possibilidade de condenados no processo do mensalão, onde tem havido amplo direito de defesa, serem rejulgados torna Judiciário mais incompreensível para o povo

Em mais uma sessão histórica no processo do mensalão, o empate, ontem, em cinco votos, em torno da legalidade dos embargos infringentes colocou nas mãos do decano do Pleno do Supremo, Celso de Mello, aceitar ou permitir a prorrogação do julgamento. Se acolher a tese da defesa, tornará os caminhos da Justiça brasileira ainda mais incompreensíveis para a população. Afinal, apesar de seis anos de tramitação do processo no Supremo, mais de 50 sessões, após garantido amplo direito de defesa, poderá ser concedida a benesse de um novo julgamento a 11 dos réus, em condenações nas quais obtiveram pelo menos quatro votos em seu favor.

É verdade que os 11 mensaleiros beneficiados pela aceitação dos embargos infringentes estão condenados por algum crime, inclusive com a pena de prisão em regime fechado, caso de Marcos Valério, por exemplo, operador do esquema, a ser trancafiado devido à comprovada evasão de divisas. Mesmo os mensaleiros estrelados, os petistas José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno e João Paulo Cunha carregarão para sempre na folha corrida o registro de condenação por corrupção. Não é pouca coisa.

Mas o rejulgamento, com chance de revisão de condenações e a suspensão de penas a serem cumpridas em regime fechado, reforçará o ceticismo com a Justiça, considerada leniente com ricos e poderosos. Os que acham que cadeia foi feita para pobre terão mais um forte argumento.

Primeiro dos votos, e a favor dos embargos, Luís Roberto Barroso, recém-empossado, reconheceu haver argumentos fortes nos dois lados da questão: se a lei federal 8.038, de 1990, ao não citar este tipo de embargo, o havia suprimido do regimento do tribunal ou não. Optou por garantir o recurso e foi seguido por quatro outros ministros, também divergentes da posição do relator do processo, Joaquim Barbosa, presidente da Corte, contrário à aceitação dos embargos.

O voto da ministra Cármen Lúcia, em apoio ao relator, trouxe argumento forte, como previra Barroso. Depois de ressaltar a primazia constitucional do Congresso na regulação dos ritos judiciários — porque a Justiça é nacional —, a ministra considerou inexistente a possibilidade dos embargos, por força da lei federal. E ainda alertou para a possibilidade de condenados pelo Superior Tribunal de Justiça, fórum privilegiado também para autoridades, não terem o respaldo desses embargos, ao contrário dos processados pelo Supremo. Estará configurado um tratamento desigual pela Justiça, um evidente atropelo da Constituição. Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, ministros que também apoiaram o voto do relator, não deixaram de chamar a atenção para a incoerência de se permitir apenas no Supremo este tipo de recurso. “O sistema não fecha”, disse Marco Aurélio.

O adiamento do desfecho ao menos dá um tempo ainda maior a Celso de Mello para continuar em suas reflexões. Considerando, como alertou Gilmar Mendes, os reflexos de sua decisão em toda a magistratura e nas próprias instituições.
13/09/13 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

STF: Marco Aurélio Mello vota contra embargos infringentes e empata votação



Mensalão

Com empate, decisão sobre 'novo julgamento' fica nas mãos de Celso de Mello

Cinco ministros do STF votaram a favor e 5 contra os embargos infringentes dos condenados.

Debate continua semana que vem



Placar fica em 5 a 5, e a decisão sobre os recursos recai agora sobre o ministro Celso de Mello, que votará na quarta-feira

Bruno Góes, Cibelle Brito
e Juliana Castro

O Globo

       

Os ministros Cármen Lúcia e Gilmar Mendes votaram contra a análise dos embargos infringentes
André Coelho / O Globo

RIO — O ministro Marco Aurélio Mello votou contra a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) analisar os chamados embargos infringentes, recursos que dão direito a um novo julgamento para 12 dos 25 condenados no processo do mensalão. Ele seguiu, dessa forma, o entendimento dos ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa e Luiz Fux e deixou o placar sobre o assunto empatado em cinco a cinco. Antes dele, votaram a favor da aceitação dos embargos os ministros Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber e Dias Toffoli. A decisão final sobre o assunto fica, agora, nas mãos do ministro Celso de Mello, o decano da Corte, que só proferirá seu voto na próxima quarta-feira.

Para os ministros que votaram contra, esses embargos estão previstos apenas no Regimento Interno do tribunal, mas não na lei 8.038, que disciplinou o funcionamento dos tribunais superiores. De acordo com o regimento, têm direito ao recurso réus condenados que obtiveram ao menos quatro votos pela absolvição. Para quem se posicionou a favor, a lei 8.038, de 1990, não revogou expressamente o Regimento Interno do tribunal, que é mais antigo.

Para o ministro Marco Aurélio Mello, “o regimento interno está derrogado pelo Congresso, considerada a lei 8.038 de 1990”. Ao proferir seu voto, o magistrado falou por cerca de 45 minutos, reviu a posição dos colegas de Corte e chegou a entrar num pequeno bate-boca com o ministro Luís Roberto Barroso. Marco Aurélio disse que esperava mais do novo ministro e que seus argumentos não o convenceram a aceitar os embargos infringentes.

Mais cedo, a ministra Cármen Lúcia foi a primeira a votar. Para ela, a Constituição Federal diz que a competência para legislar sobre direito processual é do Congresso Nacional, fazendo com que se aplique ao caso a Lei 8.038, que não prevê este tipo de recurso.

Já Lewandowski considerou que o artigo 333 do Regimento Interno da Corte, aquele que prevê os embargos infringentes, está em vigência e só poderia ser revogado pelo Congresso Nacional. Segundo ele, a lei foi clara quanto aos dispositivos legais que revogou e essa parte do regimento não estava entre eles. Ele explicou não haver outra haver outra instância que possa satisfazer “a necessidade de justiça”.

— Não se pode retirar casuisticamente um recurso que os réus aguardavam — justificou Lewandowski, dando provimento à análise dos embargos infringentes.

Gilmar Mendes, que já disse estar exausto do julgamento do mensalão, lembrou voto da ministra Cármen Lúcia. Em um discurso veemente, disse que o Judiciário teria "julgamentos díspares" caso os infringentes sejam aceitos, pois esses recursos só seriam aceitos no Supremo:

— Não se pode ignorar que os processos foram disciplinados após a lei 8.038 de 1990.

Em seus argumentos, Gilmar Mendes lembrou que a jurisprudência do STF é por não aceitar esse tipo de recurso. Segundo ele, dos 45 embargos infringentes já discutidos pelo Supremo, somente oito foram aceitos. O ministro fez um apelo aos colegas que ainda não votaram para que se posicionem contra a análise dos embargos.

Em tese, têm direito ao recurso condenados que obtiveram ao menos quatro votos pela absolvição de algum crime. Apontado como chefe da quadrilha do mensalão, José Dirceu, o deputado federal João Paulo Cunha e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares podem passar do regime fechado para o semiaberto com a revisão das penas em novo julgamento.

No ano passado, Dirceu foi condenado por formação de quadrilha por seis votos a quatro. Por outro lado, não há como revisar a pena de corrupção ativa, crime pelo qual Dirceu foi condenado por oito votos a dois.

Em frente ao prédio do STF, manifestantes estacionam o 'Papuda Móvel'

Enquanto os ministros decidem sobre a validade ou não dos embargos infringentes, do lado de fora da sede do STF, manifestantes voltaram a protestar. Eles levaram uma estrutura de madeira simbolizando um micro-ônibus com grades, batizado de Papuda Móvel, em referência ao presídio de Brasília. Também foi estendida uma faixa com os dizeres “Fora corrupção!”.

Ontem, outro grupo fez um ato em frente ao Supremo, na Praça dos Três Poderes. Os manifestantes montaram uma cela. Do lado de dentro, colocaram fotos de réus do mensalão, vestidos como presidiários, e, do lado fora, um homem usava uma máscara do presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa.
12/09/2013

domingo, 8 de setembro de 2013

Brasil já gastou R$ 830 bilhões para reduzir impactos da crise





Para conter efeitos da crise nos últimos 5 anos, gastos do governo brasileiro com bancos públicos para turbinar o crédito, corte de juros e redução de impostos já somam 16,5% do PIB
BRASÍLIA— O custo do arsenal de medidas que o governo brasileiro teve de usar para combater os efeitos da crise global iniciada em 2008 chega a, pelo menos, R$ 832 bilhões, ou 16,5% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) em cinco anos.

Este montante inclui as principais ações adotadas desde a fase mais aguda da crise até agora. Em 2009, no auge da turbulência global, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a chamar a turbulência de “marolinha”, subestimando seus efeitos sobre a economia brasileira.

Recentemente, ao comentar a volatilidade no câmbio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o país atravessa uma “minicrise”. O GLOBO inicia hoje uma série de reportagens sobre os cinco anos que sacudiram o mundo após a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, marco da maior crise econômica desde a Grande Depressão, que eclodiu em 1929.

Nos últimos cinco anos, a equipe econômica brasileira usou os bancos públicos para garantir a oferta de crédito, reduziu juros e abriu mão de quase R$ 188 bilhões em tributos para estimular a economia. Mas assim como ocorreu no resto do planeta, o PIB brasileiro foi bastante afetado.

Após crescer 5,2% em 2008, o país teve retração de 0,3% em 2009. Em 2010, a atividade respondeu aos estímulos e acelerou fortemente, fechando o ano com crescimento de 7,5%.
Preocupado com os efeitos deste crescimento na inflação, o governo pisou no freio em 2011 e promoveu um forte ajuste fiscal, que fez a economia desacelerar, e o PIB cresceu apenas 2,7% naquele ano. A atividade acabou pagando o preço alto do ajuste também em 2012, quando o Produto cresceu apenas 0,9%. Para este ano, a taxa está estimada em 2,5%.

Oportunidade para reformas desperdiçada

O ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni avalia que o Brasil se saiu bem no auge da crise. Segundo ele, ao assegurar a oferta de crédito liberando compulsórios e usando até mesmo as reservas internacionais para ajudar as empresas que estavam endividadas, o governo conseguiu proteger o mercado interno das turbulências externas. No entanto, na visão do economista, a estratégia utilizada nos anos seguintes não foi a melhor.

Langoni considera que o governo perdeu a chance de realizar reformas importantes, como a tributária, e demorou a fazer um programa de concessões para garantir investimentos que o país necessita na área de infraestrutura.

Segundo o economista, a maior parte das desonerações feitas ao longo dos últimos anos foi errática e pontual. Tanto que benefícios como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros, móveis e artigos da linha branca foram prorrogados diversas vezes.

A desoneração mais estrutural, que é a redução dos encargos sobre a folha de pagamento das empresas, demorou a sair do papel e ainda não teve impactos significativos no mercado.

— Depois da fase aguda da crise, perdemos uma grande oportunidade. O governo optou por medidas pontuais. Medidas pontuais e transitórias não mexem com expectativas — disse o ex-presidente do BC.

Ele também acredita que o governo subestimou os impactos que a desaceleração das economias mundiais teriam sobre o Brasil no longo prazo. Um reflexo dela foi justamente a guerra cambial, que enfraqueceu o real e prejudicou a indústria nacional, que já tinha problemas de competitividade não resolvidos.

Para o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, o Brasil se saiu bem. Mesmo com a adversidade internacional, em ambiente de uma crise mundial severa e prolongada, o país manteve sua economia doméstica dinâmica e com perspectivas de produção, emprego e investimentos.

— Muitos setores ampliaram seus investimentos no país. Estamos entre as três economias que mais recebem investimentos estrangeiros. Ou seja, o Brasil vem se saindo muito bem, sob estas circunstâncias internacionais — enfatizou Márcio Holland, respondendo a pergunta enviada por e-mail.

No estouro da crise, disse o secretário de Política Econômica, o governo brasileiro adotou uma série de “medidas macroprudenciais e microeconômicas” que estão dando resultados positivos. Ele citou como exemplo o uso do IPI para evitar que eventuais acúmulos excessivos de estoques e baixos níveis de utilização de capacidade instalada persistissem e comprometessem o investimento e o emprego.

— Evitamos alavancagens excessivas em moedas estrangeiras em ambientes de juros internacionais próximos de zero, ao lançar uso do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para administrar fluxos de capitais e, quando necessário, removemos tal prática. Mantivemos a inflação e as despesas de governo sempre sob controle.

Ao mesmo tempo, ampliamos a agenda de investimentos, para além de mais investimentos no PAC e no Minha Casa Minha Vida, entre outros — afirmou.

governo reconhece que há desafios à frente

Na visão de Holland, o Brasil tem tido um crescimento econômico sustentável. Ele disse que a inflação saiu das metas anunciadas só por alguns meses, devido ao choque de oferta. Mas reconheceu que há desafios duros a ser enfrentados. Na área econômica, afirmou, o maior deles consiste na reforma tributária mais ampla e no encaminhamento de simplificação dos tributos, sem perder de vista o equilíbrio fiscal.

— A reforma do ICMS é o maior de todos os desafios nesta direção —observou.

Indagado sobre as lições que a crise de 2008 deixaram para o Brasil, ele respondeu:

— Mesmo sendo a crise de 2008 uma das maiores do capitalismo moderno, o Brasil apresentou resultados econômicos e sociais muito bons. Isso é produto de boas políticas econômicas e sociais postas em prática nesta última década.

Assim, a principal lição desta crise é mantermos as mesmas boas políticas econômicas e sociais para estarmos preparados em caso de eventuais futuras turbulências internacionais.
08/09/2013


7 DE SETEMBRO, DIA DE FINADOS?





O PT, hoje, ganhou as eleições. As manifestações previstas para o “dia da pátria” foram um fracasso cívico. Na tv, as imagens mostravam só os vândalos quebrando coisas. E policiais baixando o páu, jogando gás lacrimogênio e correrias pelas ruas quase desertas.

Os comentaristas, na posição privilegiada de poder falar, abusaram do lugar comum e das irrelevâncias de opinião.

Povo, gente normal - quase não se via nas ruas. Por que? Quais as razões desse desânimo monumental? Medo de virar vítima de uma pedrada, um tiro de bala de borracha, o que? Medo dos vândalos?

Ou só um estado de estupor, quase que um tácito reconhecimento de que “eles” - o lado do Mal - já apagou as esperanças de mudança, que nosso país é mesmo uma merda sem chance? Um pouco de tudo? Talvez a maior razão seja o reconhecimento dolorido de que com o “bolsa família”, o voto do povo miserabilizado está garantido para o PT.

O “povão” vota para quem lhe paga as contas, com o dinheiro dos outros. Não tem ética neste jogo, aqui o estômago vale mais do que um cérebro pensante. Me lembra de uma experiência profissional (nunca falei aqui de propaganda, antes) que tive.

Eu ia lançar o Old Eight. O tema da campanha dizia “o bom whisky você conhece no dia seguinte”. Mas minha dúvida era: será que a classe média, gente comum, vai aceitar um whisky “brasileiro” em lugar dos “escoceses” que se anunciavam, então?

Mandei dai fazer um “blind test”, que colocava um scotch e o Old Eight brasileiro para serem provados, lado a lado, sem o consumidor saber qual era um ou outro.

Pois o whisky brasileiro foi o preferido, ganhando de lavada do legítimo scotch 12 anos que foi oferecido para a comparação. Uma das conclusões que tiramos disso foi: o consumidor-alvo podia até ter uma garrafa de scotch legítimo para mostrar na cristaleira. Mas tomava o whisky brasileiro barato no dia a dia.

Logo ele escolheu o sabor que conhecia, recusando o scotch por não saber distinguir a diferença entre o nacional e um escocês classe A. Me aliviou saber disso. E a campanha do Old Eight deu certo. Será que esse exemplo vale para o povo brasileiro?

É reconhecido o fato de que somos um país sem educação, que não valoriza a cultura, o conhecimento. O povão digere qualquer lixo demagógico que lhes é apresentado na tv, seja nos shows ou no discurso dos políticos.

Como então esperar que as pessoas consigam discernir que o bolsa família é só um band-aid em cima de uma terrível ferida, que nada está realmente acrescentando às suas vidas para salvar o seu próprio futuro, incentivando-as à busca da independência que só a educação pode trazer?

Que eles estão sendo manipulados, que seus votos vendidos não trará nem para eles - nem para o país – qualquer melhora real? A bolsa os acomoda à escravidão, gerando a passividade que os políticos-bandidos precisam para continuar a corromper a sociedade. A ideia vendida pelas tvs gira toda em torno da alienação e falsos valores, nem vou esticar o assunto.

O povão aceita isso, sem mugir. Ele não conhece o que é um bom para ele mesmo. Não conhece, figurativamente falando, o whisky escocês. Então se repete em gostar a que está acostumado. Ninguém está a lhes propor uma alternativa que mude suas prioridades. Por isso, talvez, nossa quase desistência de resistir às imundices da política brasileira.

Quem vai decidir o rumo do país são os mesmos Lula, Dilma et caterva, que criaram esse paraíso artificial de bolsa família, viciando o povo na cocaina de sua indolência e ignorância.

Os que os “bolsa” querem mesmo é que tudo continue igualzinho como está. No fundo, sabemos disso – e eles são a maioria.

Daí que deveriamos, talvez, mudar o Dia de Finados para o Sete de Setembro. A tal da 'pátria brasileira", se já não morreu, está agonizando.