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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sob nova (?) direção - Dora Kramer


Sob nova (?) direção

Por Dora Kramer
O Estado de S.Paulo


A presidente Dilma Rousseff tem sido muito elogiada por seu estilo, na forma e no conteúdo. Faz por merecer no gestual firme, porém contido, no tocante aos apetites fisiológicos (só do PMDB, note-se), nas ações racionais em relação aos gastos públicos, na inflexão democrática no que tange à política externa e principalmente na conduta cotidiana comedida.


Dilma não desfruta abusivamente do poder para destratar críticos nem se exibe desfrutável para cima e para baixo a tagarelar despropósitos ao molde do antecessor. Aos olhos e ouvidos fartos de espetáculos diários de vaudeville presidencial, a presidente assume feição de maravilha curativa.

Mas Dilma, como governante algum, não é um bálsamo. Trata-se apenas de uma pessoa, digamos, normal, que identifica os problemas e se dispõe a atacá-los. Por exemplo, dá à aproximação da volta da inflação acima do razoável sua real dimensão de desastre a ser evitado.

Nada disso, contudo, dá à presidente da República um salvo-conduto para se eximir da responsabilidade que tem sobre o atual cenário resultante da inconsequência do governo Luiz Inácio da Silva em relação à realidade da Nação. Notadamente em relação às irracionalidades cometidas durante o ano eleitoral de 2010.

Entre outros motivos porque decorrentes do afã de Lula em elegê-la como sucessora. De repente, parece que Dilma Rousseff é fruto de outra árvore, que chegou à Presidência depois de uma longa vida de serviços prestados à política e à construção de uma candidatura por esforço próprio.

Até poucos meses atrás ela dizia amém a tudo o que seu mestre mandasse. Estava ao lado dele para, como gerente administrativa do governo, corroborar a justeza de toda e qualquer decisão tomada. Inclusive aquelas que rendem agora um montante de R$ 11,5 bilhões de contas atrasadas, mais de R$ 4 bilhões em relação às pendências de 2009 para 2010.

Louve-se a mudança, mas que não se perca o discernimento. Não se pode imaginar que Dilma, candidata de Lula, o desmentisse a cada bravata nem que brigasse internamente para que o governo não entrasse na rota da gastança.

Tampouco ser aceitas de forma acrítica as providências de contenção tomadas agora, como se na campanha que a elegeu não houvesse sido vendido ao público um horizonte de esplendores num País arrumadíssimo sob todos os aspectos da economia.

Nada ia mal e iria muito melhor, dizia Lula com a anuência de Dilma.

Não cabe, evidentemente, à presidente nem aos governistas imprimir uma boa dose de relatividade aos fatos. Eles estão no papel deles: representam e, onde essa representação significar ganhos coletivos, ótimo.

Mas a sociedade não pode perder de vista o passado a fim de que no futuro não venhamos a dizer que a cigana nos enganou. Nem deixar essa tarefa ao encargo da oposição para depois reclamar que o Brasil não dispõe de oposicionistas à altura.

E que futuro é esse? Está muito próximo: mais exatamente em 2012, quando, então, haverá de novo eleições, poder em disputa e oportunidade para conferir se o País está mesmo ou não sob uma nova, racional, civilizada e legalista direção.

Lição do abismo. Eis o PSDB: o partido decide apoiar a proposta de um salário mínimo de R$ 600, baseado em promessa de campanha, sustentando que há condições objetivas para tal. Certa ou errada, foi uma decisão.

Mas uma ala, liderada pelo senador Aécio Neves, na última hora abraça a tese de R$ 560 no intuito de se "aproximar das centrais sindicais", posando ao lado de um dos maiores detratores da candidatura presidencial tucana, Paulo Pereira da Silva.

Considerando que o governo tem os instrumentos que as centrais gostam e está apenas começando, com no mínimo mais quatro anos pela frente e uma identidade indissociável, o PSDB não consegue uma coisa nem outra: não quebra a aliança com os sindicalistas incrustados e dependentes da máquina e perde a chance de unir o partido numa discussão de repercussão nacional.

É assim, privilegiando disputas internas, que se constroem as grandes derrotas.
17 de fevereiro de 2011

A trajetória do PT


Quando foi fundado, o Partido dos Trabalhadores (PT) se proclamou agente das transformações políticas e sociais que, pautadas pelo rigor da ética e pelo mais genuíno sentimento de justiça social, mudariam a cara do Brasil.


Trinta e um anos depois, há oito no poder, o PT pode se orgulhar de ter contribuído - os petistas acham que a obra é toda sua - para melhorar o País do ponto de vista do desenvolvimento econômico e da inclusão social. Mas nada no Brasil mudou tanto, nessas três décadas, como a cara do próprio PT.

O antigo bastião de idealistas, depois de perder pelo caminho todos os mais coerentes dentre eles, transformou-se numa legenda partidária como todas as outras que antes estigmatizava, manobrada por políticos profissionais no pior sentido, e, como nem todas, submissa à vontade de um "dono", porque totalmente dependente de sua enorme popularidade.

Esse é o PT de Lula 31 anos depois.


Uma vez no poder, o PT se transformou em praticamente o oposto de tudo o que sempre preconizou. O marco formal dessa mudança de rumo pode ser considerado o lançamento da Carta ao Povo Brasileiro, em junho de 2002, a quatro meses da eleição presidencial em que pela primeira vez Lula sairia vitorioso.

Concebido com o claro objetivo de tranquilizar o eleitorado que ainda resistia às ideias radicais e estatizantes do PT no âmbito econômico, entre outras coisas a Carta arriou velhas bandeiras como o "fora FMI" e passou a defender o cumprimento dos contratos internacionais, banindo uma antiga obsessão do partido e da esquerda festiva: a moratória da dívida externa.

Eleito, Lula fez bom uso de sua "herança maldita".

Adotou sem hesitação os fundamentos da política econômico-financeira de seu antecessor, redesenhou e incrementou os programas sociais que recebeu, barganhou como sempre se fez o apoio de que precisava no Congresso e, bafejado por uma conjuntura internacional extremamente favorável, bastou manejar com habilidade os dotes populistas em que se revelou um mestre para tornar-se um presidente tão popular como nunca antes na história deste país.

E o balzaquiano PT?

O partido que pretendia transformar o País passou a se transformar na negação de si mesmo. E foi a partir daí que começaram as defecções de militantes importantes, muitos deles fundadores, decepcionados com os novos rumos, principalmente com os meios e modos com que o partido se instalou no poder.

O mensalão por exemplo.

Os anais da recente história política do Brasil registram enorme quantidade de depoimentos de antigos petistas que não participaram da alegre festa de 31.º aniversário do partido - na qual o grande homenageado foi, é claro, ele - porque se recusaram a percorrer os descaminhos dos seguidores de Lula.

Um dos dissidentes é o jurista Hélio Bicudo, fundador do PT, ex-dirigente da legenda, ex-deputado federal, ex-vice-prefeito de São Paulo. Em depoimento à série Decanos Brasileiros, da TV Estadão, Bicudo criticou duramente os partidos políticos brasileiros, especialmente o PT: "O Brasil não tem partidos políticos.

Os partidos, todos, se divorciaram de suas origens. E o PT é entre eles - digo-o tranquilamente - um partido que começou muito bem, mas está terminando muito mal, porque esqueceu sua mensagem inicial e hoje é apenas a direção nacional que comanda.

Uma direção nacional comandada, por sua vez, por uma só pessoa: o ex-presidente Lula, que decide tudo, inclusive quem deve ou não ser candidato a isso ou aquilo, e ponto final".

Bicudo tem gravada na memória uma das evidências do divórcio de seu ex-partido com o idealismo de suas origens. Conta que, no início do governo Lula, quando foi lançado o Bolsa-Família, indagou do então todo-poderoso chefe da Casa Civil, José Dirceu, os objetivos do programa.

Obteve uma resposta direta: "Serão 12 milhões de bolsas que poderão se converter em votos em quantidade três ou quatro vezes maior. Isso nos garantirá a reeleição de Lula".

De qualquer modo, há aspectos em que o PT é hoje, inegavelmente, um partido muito melhor do que foi: este ano, com base na contribuição compulsória de seus filiados, pretende recolher a seus cofres R$ 3,6 milhões. Apenas 700% a mais do que arrecadava antes de assumir o poder.

O PT está completamente peemedebizado.

17 de fevereiro de 2011


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O presidente da OAB cobrou que o governo exija a devolução.


OAB quer que Itamaraty revele donos dos superpassaportes

MÁRCIO FALCÃO
FOLHA DE BRASÍLIA

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) anunciou nesta quarta-feira (16) que vai entrar com uma ação na Justiça para que o Itamaraty identifique as pessoas que receberam passaportes especiais e abra um processo administrativo para analisar a forma como os documentos foram concedidos.

A Folha mostrou hoje que o Itamaraty concedeu 328 passaportes diplomáticos --em caráter excepcional e por "interesse do país"-- de 2006 a 2010, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Entre os beneficiados, cinco filhos e três netos de Lula.


O relatório repassado ao Ministério Público com esse dado é genérico, sem apresentar os nomes dos beneficiados.

Segundo o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, o pedido de informações encaminhado ao Ministério de Relações Exteriores não teve resposta.

"A Ordem não foi respeitada. A partir daí, Ordem se sente livre para ingressar judicialmente. A ordem quer que haja uma analise de todos os processos administrativos que foram concedidos tais passaportes, se foram concedidos de acordo com a lei ou de forma graciosa até porque vai haver responsabilização das autoridades que concederam", disse Cavalcante.

A lista de contempleados inclui parentes de Lula, além de ex-vice-presidentes, ex-governadores, vice-governadores, 11 prefeitos de "grandes capitais", presidentes de partidos, ministros aposentados de tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União, líderes religiosos, diretores e secretários-gerais do Congresso Nacional.

Cavalcante reclamou que ainda não houve a devolução de casos considerados abusivos, como dos filhos de Lula Marcos Cláudio, 39, e Luís Cláudio, 25, receberam o superpassaporte em caráter excepcional, como revelado pela Folha em Janeiro.

Marcos Cláudio chegou a prometer, no Twitter, que devolveria o documento, o que ainda não aconteceu.

O presidente da OAB cobrou que o governo exija a devolução.

"Esse é um desrespeito ao principio da moralidade, um desrespeito da própria norma que rege a concessão de passaportes especiais. O Itamaraty deveria ser o primeiro a exigir que essas pessoas, a quem foi concedido de forma irregular os passaportes, os devolvessem."

Para a OAB, "não pode existir direito adquirido contra a própria lei, nem que viole a Constituição no princípio moralidade e transparência".
16/02/2011

Tempo de travessia


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares.

É o tempo da travessia.

E, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Fernando Pessoa

O Planalto nomeou Jeter Ribeiro de Souza, envolvido na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, para assessorar a presidente Dilma Rousseff.


Envolvido em violação de sigilo vira assessor de Dilma

Folha de S. Paulo

O Planalto nomeou Jeter Ribeiro de Souza, envolvido na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, para assessorar a presidente Dilma Rousseff.

Ex-gerente da Caixa Econômica Federal, ele acessou e imprimiu uma cópia do extrato do caseiro a pedido do então presidente do banco, Jorge Mattoso, que responde a ação penal pelo caso.

O escândalo derrubou o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em março de 2006.

O petista foi reabilitado por Dilma e hoje é chefe da Casa Civil da Presidência.

Souza foi convocado a depor na Polícia Federal, mas não chegou a ser indiciado na investigação no STF (Supremo Tribunal Federal).

Ele afirmou à Folha que Palocci não teve influência em sua indicação e disse ter vivido situação "desagradável" pelo envolvimento no caso.

Dilma fecha questão e exige mínimo de R$ 545


O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff avalia que a aprovação do salário mínimo de R$ 545 pelo Congresso é questão de honra para sinalizar ao mercado que o corte nos gastos públicos não tem volta.

Com a expectativa de que a taxa básica de juros, hoje em 11,25%, chegue a 12,5% em junho para conter a inflação, o Planalto elegeu o mínimo como a âncora fiscal desse início de governo.

Definido como a primeira prova de fogo do pós-Lula, o projeto de lei que fixa o piso em R$ 545 será votado amanhã na Câmara e depois seguirá para o Senado.

Na tentativa de quebrar as resistências no Congresso, o ministro Guido Mantega (Fazenda) explicará hoje a proposta do Planalto a uma comissão de deputados, empresários e sindicalistas.

Embora o governo tenha maioria na Câmara e no Senado, a base aliada não está totalmente unida, e o Planalto sabe que haverá dissidências.




"O salário mínimo vai ficar em R$ 545.

Vamos fazer modificação na correção que foi feita. Projetamos uma inflação para poder fazer o decreto [que reajustou o salário mínimo para R$ 540], mas a inflação foi maior.

Vamos fazer uma correção, substituindo dezembro estimado por dezembro realizado. Iria para R$ 543, mas, arredondando, vai para R$ 545".

Ministro da Fazenda, Guido Mantega



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A pergunta que não quer calar...

Tuitada no STF pergunta quando é que, depois de Ronaldo, Sarney vai ‘pendurar as chuteiras’

Chefe da Polícia Civil do Rio deixa o cargo após operação da PF


Vanor Correia/Divulgação

O chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, deixou o cargo nesta terça, após operação que prendeu policiais

O chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, deixou o cargo nesta terça-feira. A saída do delegado foi definida em reunião com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame.


Segundo nota emitida pela secretaria, os dois concluíram que a saída de Turnowski era a mais adequada para "preservar o bom funcionamento das instituições".

A posição de Turnowski à frente da Polícia Civil ficou desgastada após a operação Guilhotina, desencadeada pela PF (Polícia Federal), e que prendeu dezenas de policiais ligados a traficantes e milícias.

O principal preso na operação, o delegado Carlos Oliveira, foi, até agosto do ano passado, subchefe de Polícia Civil. Há anos, é apontado como braço-direito de Turnowski.

Após a operação ser deflagrada, Beltrame chegou a afirmar que Turnowski tinha sua confiança.

"O doutor Allan goza da minha confiança. Como chefe da instituição tem algumas informações a prestar. Não vou fazer juízos de valor",
afirmou Beltrame

Ontem, Turnowski decidiu fechar a Draco (Delegacia de Combate ao Crime Organizado), alegando ter recebido carta anônima com denúncias de corrupção, e que investigaria a delegacia.

A Draco é chefiado pelo delegado Cláudio Ferraz, ligado a Beltrame e desafeto de Turnowski. Ferraz admitiu que contribui para a PF durante a operação Guilhotina.


Em nota, Turnowski agradeceu ao governador Sérgio Cabral (PMDB) e a Beltrame pelo tempo em que comandou a Polícia Civil. "Tenho certeza que esta é a melhor decisão para o momento", afirmou ele.

15/02/2011

Comentário do leitor

A verdade é que o nosso modelo de polícia civil, em face da Constituição de 88, faliu.

A figura do “doutor delegado”, que não é carreira jurídica, mas vive nos gabinetes e nas tv´s de paletó e gravata, também não é “polícia”, pois polícia precisa trabalhar com investigação para levantar provas científicas para convencer o juiz, e não dar show no Datena e sair deputado na eleição seguinte.

Por Papa Fox

A padroeira das artes plásticas “de forma geral” é a “Nossa Senhora de Forma geral”


Dilma, a amiga das artes, recebe um presente

Ou: o verdadeiro pós-tudo


Por Reinaldo Azevedo

Dilma, o quadro e Romero Britto: vida espiritual e cultural intensa.

Dilma, vocês sabem, está se tornando célebre por ser amiga das artes. Lula gostava de futebol; a governanta gosta de alta cultura.

Segundo os candidatos a cuidar de sua hagiografia, seu cérebro vive em permanente convulsão espiritual.

Que bom!

Hoje mesmo já noticiei que ela prepara um ensaio sobre a misoginia no pensamento de Schopenhauer.

Pois é…

Nesta segunda, a presidente recebeu em palácio o artista plástico Romero Brito — na foto, Dilma é a de cinza —, brasileiro radicado em Miami.

Ele fez um desenho da presidente e foi entregá-lo pessoalmente. Em janeiro, Britto pagou US$ 20 mil para publicar o desenho na revista New York Magazine, do jornal New York Times.


Britto é, assim, um pós-Roy Lichtenstein, um pós-Andy Warhol e um pós-Keith Haring, mais ou menos como o Tiririca é um pós-Arrelia.


Vejam ali: de tudo, o que eu achei mais chique foi a moldura. O paletó verde-limão também é bacana. Bem pop e tropical.


Eu diria que já é pós-Tiririca.


PS: Romero Britto estava acompanhado da ministra da Cultura, Ana de Hollanda.

Segundo informes oficiais, a presidente demonstrou interesse pelas artes plásticas “de forma geral”.

A padroeira das artes plásticas “de forma geral” é a “Nossa Senhora de Forma geral”.


Oposição pra quê?


Oposição pra quê?
Por Ex-Governador José Serra
O Globo

O principal risco que correm as oposições - e, portanto, também o PSDB - é perder tempo em embates menores, combates internos fantasmas ou antecipações irrealistas, como trazer 2014 para hoje, inventando bandas de adversários… internos!

Atacar, constranger, prejudicar ou atrapalhar companheiros do próprio partido só faz ajudar os adversários reais, que incentivam esses confrontos.


Para o maior partido da oposição, perder-se em disputas internas seria apequenar-se.

Saímos das urnas com quase 44 milhões de votos, vencendo a eleição presidencial em 11 estados. O PSDB fez oito governadores; o DEM, dois, e tivemos ainda o apoio do governador de Mato Grosso do Sul. Aqueles que votaram em nós queriam que ganhássemos, mas sabiam que podíamos perder. A oposição, portanto, é tão legítima quanto o governo; ela também expressa a vontade do eleitor e tem um mandato.

Não podemos deixar o eleitorado que nos apoiou sem representação. É ele, inicialmente, que precisa receber uma resposta e convencer-se de que não jogou seu voto fora. Até porque as ditaduras também têm governos, mas só as democracias contam com quem possa vigiá-los, fiscalizá-los, em nome do eleitor.

Por isso a oposição tem de ter posições claras, ser ativa, sem se omitir nem se amedrontar. Uma eleição presidencial não é uma corrida de curta duração, de 45 dias, mas uma maratona de quatro anos. E ninguém corre parado.

Até quem votou no PT conta conosco para que ofereçamos alternativas, para que possamos aprimorar propostas do governo e denunciar, quando é (e como está sendo) o caso, a falta de rumo. Não se trata de fazer oposição sistemática ou não sistemática, bondosa ou exigente.

Isso é bobagem!

Essa questão não se coloca em nenhuma grande democracia do mundo. A oposição tem o direito e o dever de expressar seus pontos de vista e de batalhar por eles. É seu papel cobrar coerência, eficiência e honestidade.



A realidade está aí.

O grave problema fiscal brasileiro veio à luz, herança do governo Lula-Dilma para o governo Dilma.

A maquiagem nas contas não consegue escondê-lo.

A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) se transformou no retrato perverso do aparelhamento do Estado, que não se vexa nem diante da realidade dramática da saúde - ou falta dela - dos pobres.

O mesmo acontece em Furnas, palco de escândalos há muitos anos, expressão do loteamento do setor elétrico, onde os blecautes têm sido a regra, não a exceção.

Se a oposição não se fizer presente agora, então quando?


Fazer oposição por quê?


Porque o país experimenta um óbvio desequilíbrio macroeconômico, que reúne inflação alta e em alta, juros estratosféricos, câmbio desajustado, vertiginoso déficit do balanço de pagamentos e infraestrutura em colapso. As trapalhadas do Enem mostram que o PT tripudia sobre a esperança e o futuro dos jovens.

A imperícia do governo na prevenção de catástrofes e socorro às vítimas não requer comprovação.

Por que fazer oposição?



Porque os brasileiros merecem um governo melhor e pagam caro por isso - uma das maiores cargas tributárias do mundo, sem serviços públicos à altura. Temos o direito de nos apequenar com picuinhas? Foi para isso que recebemos um mandato das urnas?

O governo vem fazendo acenos à classe média e às oposições. Conta com o conhecido bom-mocismo dos adversários, tucanos à frente. Sua intenção é lhes tirar nitidez e personalidade, dividi-los e subtrair-lhes energia e disposição.

Até a próxima disputa eleitoral, quando, então, voltaremos a enfrentar os métodos de sempre: vale-tudo, enganações, bravatas e calúnias. Cair nesse truque corresponde a trair a confiança dos que votaram em nós e os interesses do nosso povo e do país.

O PSDB não sabe fazer oposição!

Tanto em 2006 como em 2010, pesquisas internas apontaram ser essa uma das críticas que o eleitorado nos faz.

Ainda que fosse injusta, seria forçoso reconhecer que nos tem faltado nitidez. É razoável que o eleitor considere que não sabe governar quem não sabe se opor.
E nós temos os bons fundamentos!

A quem pertence a bandeira da social-democracia no Brasil?

O PT, fundado como um partido classista, sob a inspiração de partidos leninistas, varreu estatuto e ideário para baixo do tapete ao chegar ao poder e adotou como suas a plataforma e as idéias do adversário.

Mas, longe de estar resolvida, após seis eleições presidenciais, sendo três vitoriosas, e dois governos depois, a contradição entre os “pragmáticos do mercado” e os “puros-sangues de Lenin” ainda é um dos flancos do PT não devidamente explorados pela oposição, para prejuízo do país.

O PT adotou as bandeiras, mas perverteu sua prática.

Privatizou as ações do Estado em benefício do partido e aliados.

Banalizou o que a vida pública brasileira tinha de pior. Rebaixou a Saúde e a Educação.

Transformou em instrumento eleitoral a rede de proteção social herdada do governo FHC.

Virou as costas para a Segurança e descuidou-se da Previdência.



A falsa “social-democracia” petista preside um processo de desindustrialização do Brasil e mantém como principal despesa do orçamento o pagamento de R$ 180 bilhões anuais em serviço da dívida pública interna.

Sem mencionar erros infantis, como o de reconhecer a China como economia de mercado, enfraquecendo nossos mecanismos de defesa comercial.

Que social-democracia é essa, que pôs a perder o ativismo governamental nas coisas essenciais, que caracteriza o Estado do Bem-Estar Social e seus alicerces?

Essa retomada dos valores da social-democracia, com seu respeito ao jogo democrático e sua prioridade à garantia de condições dignas de vida à população, há de tirar do PSDB o falso carimbo de partido da elite e marcar diferença com o PT, com suas práticas sectárias e/ou ineptas.



Para tanto, é fundamental ao PSDB fortalecer a unidade interna, dando uma resposta àqueles que nos delegaram um mandato por meio das urnas.

Estou, como sempre, a serviço da população.

Ajudei a definir as bandeiras históricas do meu partido e sua renovação. Por elas e pela unidade, batalhei sempre. Ninguém andará em má companhia seguindo os Dez Mandamentos.

Para quem está na política, sugiro um 11º, este de inspiração humana, não divina:


“Não ajudarás o adversário atacando teu colega de partido.”


10 FEV 2011

Presidente da Colômbia proíbe negociações de paz com as Farc

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, reiterou nesta segunda-feira que seu governo não autoriza negociações de paz entre grupos humanitários e membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

"Digo com toda a clareza: o governo não autorizou ninguém, nem pensa em fazê-lo --que fique claro, ninguém-- para que realize nenhum tipo de contatos com grupos à margem da lei", disse Santos.

Segundo o presidente, "cada coisa tem seu momento e este não é o momento para esta discussão, muito menos para lançar propostas especulativas" sobre possíveis contatos ou autorizações dirigidas a contactar grupos ilegais para negociar a paz.

No domingo, em uma entrevista divulgada pelo jornal colombiano "El Tiempo", a ex-senadora e mediadora na entrega de vários reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) Piedad Córdoba pediu autorização a Santos para que possa dialogar com os grupos rebeldes na busca por um processo de paz.

"A única coisa que quero é que o presidente me autorize para poder falar com as guerrilhas. Se fizer isso, garanto que haverá resultados", disse Córdoba.

Para Santos, "não há nada que mais afaste a paz do que estar permanentemente falando sobre ela", e por isso, disse, neste momento "devemos nos concentrar em construir condições de paz e reconciliação".
Em outra parte de seu discurso desta segunda-feira, o presidente colombiano foi enfático ao afirmar que no futuro "não haverá zonas desocupadas para os grupos violentos, nem zonas vedadas para a Força Pública", como estipula a lei da Ordem Pública, cuja vigência foi prorrogada pelo Congresso por mais quatro anos.

Entre outros assuntos, esta lei autoriza o governo a iniciar negociações com grupos armados ilegais.

De acordo com o presidente, qualquer esforço de diálogo ou de paz que seja realizado no futuro não trará consigo as mencionadas zonas nem proibirá a presença da Força Pública.
REFÉNS

Mais cedo o governo também sinalizou que a retomada das operações de resgate dos últimos dois de um grupo de seis reféns das Farc não deve ocorrer na terça-feira (15), como espera o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

A missão foi frustrada no domingo (13) devido a coordenadas erradas fornecidas pela guerrilha.

A missão conta com o apoio do Exército do Brasil, que integra as operações com helicópteros e soldados.

Eitan Abramovich/AFP
Helicópteros do Exército brasileiro participam das operações de resgate de seis reféns das Farc na selva da Colômbia

"Não é certo que a retomada de qualquer operação para a libertação de sequestrados tenha sido autorizada.

O governo está à espera de um encontro com a CICV para receber toda a informação sobre o que aconteceu no dia de ontem [domingo], e só depois disso uma decisão será tomada em relação às operações"
, indicou em um comunicado a Presidência colombiana.


Mais cedo, chefe da delegação CICV em Bogotá, Christophe Beney, dissera em entrevista à emissora local Caracol Radio que a Cruz Vermelha e a ex-senadora Piedad Córdoba, mediadora das libertações, já tinham autorização do governo do presidente Juan Manuel Santos para "seguir adiante".

"Prefiro claramente seguir adiante e reconhecer a boa vontade do governo da Colômbia de continuar a operação", avaliou Beney, cujo organismo coordenou a missão humanitária que entre quarta-feira e domingo libertou quatro reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) a bordo de helicópteros emprestados pelo Exército do Brasil.
OPERAÇÕES

Nas três fases realizadas nos dias 9, 11 e 13 de fevereiro, o grupo armado entregou os vereadores Marcos Vaquero e Armando Acuña, o infante da Marinha Henry López e o policial Carlos Alberto Obando Pérez.
Eitan Abramovich/AFP
Córdoba aparece ao lado de soldado do Brasil; missão queria resgatar seis reféns das Farc até o domingo

No entanto, os responsáveis da missão não conseguiram resgatar o major de polícia Guillermo Solórzano e o cabo do Exército Salín Sanmiguel, devido a um suposto erro nas coordenadas que os guerrilheiros entregaram à ex-senadora.


Solórzano e Sanmiguel serão libertados em algum lugar do norte do Departamento [Estado] do Cauca, vizinho ao de Valle del Cauca, cuja capital é Cali, segundo relatou Beney.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Mubarak cai


Mubarak cai

Vídeo onde comento o fantástico acontecimento no Egito, com a pressão popular derrubando o ditador que estava há 30 anos no poder.

É motivo para comemoração, mas também levanto algumas questões que demandam cautela e ceticismo em relação ao futuro do Egito.

O Brasil simplesmente saiu da história intelectual do mundo. Saiu pelo ralo. Pode-se perguntar o que deu errado e responder com máxima objetividade: tudo.


Para cima e para baixo


Por Olavo de Carvalho



Quanto mais se estuda a História, mais se persuade de que não há nela uma linha identificável - muito menos uma que leve claramente para baixo ou para cima.

Conforme se sinta feliz ou infeliz, ajustado ou deslocado na sua época, você tende a enxergar a passagem do tempo histórico como evolução ou decadência. Os filósofos pré-socráticos, por exemplo, lhe parecerão precursores da ciência atual ou portadores de uma sabedoria perdida.


A Idade Média, um período de trevas ou a apoteose da inteligência humana. A 2ª Guerra, uma regressão à barbárie antiga ou o cúmulo da barbárie moderna.

A nenhuma época da História faltam qualidades que justifiquem uma opinião e a outra. Se há neste mundo algum julgamento que seja desesperadoramente subjetivo, é aquele que vê a caminhada da espécie humana sobre a Terra como uma gloriosa escalada em direção aos céus ou inexorável descida aos infernos.

"Todas as épocas são iguais perante Deus", ensinava o historiador Leopold von Ranke. Quanto mais se estuda a História, mais se persuade de que não há nela uma linha identificável - muito menos uma que leve claramente para baixo ou para cima.


Julgamentos de evolução ou decadência só fazem sentido quando há um objetivo e um prazo, claros e determinados, que sirvam de medida do avanço ou retrocesso.

Como ninguém sabe para onde a História deve ir nem quanto vai durar, cada um é livre para medi-la segundo a régua que entenda e chegar a conclusões opostas às do seu vizinho.


No entanto, há na História entidades e instituições que têm uma finalidade clara e pretendem atingi-la num prazo concebível. Essas podem ser julgadas, pois têm em si seu próprio padrão de medida.

A Igreja Católica, por exemplo, prometeu fazer santos, e os fez em profusão desde o primeiro dia, mas não pôde continuar a produzi-los na mesma quantidade e nem mesmo na proporção do crescimento do número de almas humanas na Terra.

Dizer que algo aí não está muito bem não é nada de subjetivo.


O movimento sionista prometeu dar aos judeus um país no prazo de duas ou três gerações. Deu-lhes o país, mas cercado de inimigos. Foi um progresso caro e perigoso, mas quem não concordará que é melhor estar espremido na sua própria terra do que num país estrangeiro, onde cada um está louco para jogar você num gueto ou num campo de concentração?


Já o socialismo não prescreveu a si mesmo nenhum prazo, mas o morticínio, a miséria e a opressão que produziu ao longo de um século já superaram tão amplamente a dose de sofrimentos humanos que ele prometia curar, que não é nem um pouco insensato prever que ele não poderá se sair melhor se lhe dermos outra chance (a última coisa que devemos fazer).

De outro lado, seu fracasso em atingir os fins declarados não implica que ele tenha perdido também o prestígio mágico adquirido pelas suas promessas iniciais.

Ao contrário: o número de fiéis do socialismo parece aumentar na mesma proporção do número de cadáveres que ele vai deixando pelo caminho.

O socialismo decai como ideal legítimo no mesmo passo em que progride como máquina de conquista do poder. Como diria Nelson Rodrigues, o fracasso subiu-lhe à cabeça.


A cultura superior no Brasil também não nasceu com prazo, mas é razoável e, aliás, habitual, medi-la pela evolução de um país vizinho nascido na mesma época e em condições não muito diversas.


O transcurso de dois séculos fez aí toda a diferença: a elite pensante do nosso Império nada perdia na comparação com os Founding Fathers, mas enquanto os Estados Unidos são hoje o centro da alta cultura universal, reunindo os maiores filósofos, os maiores cientistas, os maiores artistas e as melhores universidades, o Brasil simplesmente saiu da história intelectual do mundo.

Saiu pelo ralo.

Pode-se perguntar o que deu errado e responder com máxima objetividade: tudo.


A pergunta sobre evolução e decadência não é sempre descabida. Basta que seja limitada a entes e processos historicamente mensuráveis e que você esteja preparado para aguentar o tranco da resposta.



Artigos - Cultura
 10 Fevereiro 2011


A herança maldita sem aspas



A herança maldita sem aspas

“Nós assumimos um país com a inflação fora de controle”, recitou Dilma Rousseff ao longo da campanha eleitoral, depois de decorar aplicadamente outra lição que Mestre Lula ensinou.

Falso.


A inflação andou regurgitando no fim de 2002 em consequência da inquietação causada pela histórica irresponsabilidade do PT, mas em nenhum momento os índices assumiram dimensões perturbadoras.

O dragão enjaulado pelo Plano Real continuou dormindo profundamente.

“Graças ao governo Lula, vou assumir um país com a economia sem problemas”, deu de declamar Dilma depois de eleita.

Falso.

Como demonstra a reportagem de capa de VEJA, a taxa anual registrada pela inflação em janeiro avisa que a fera ameaça acordar de um sono de 17 anos.

O índice oficial de 6.5% já era preocupante. Vê-se agora que a realidade camuflada pelas contas federais é alarmante.

O quilo da carne, o quilo do feijão, o ingresso nos estádios de futebol, os gastos com transportes — é extensa e incontestável a lista dos itens que decolaram espetacularmente no período de 12 meses.

”O poder aquisitivo dos brasileiros subiu”, fantasia o ministro Guido Mantega.

Ainda que dissesse a verdade, aumento de poder aquisitivo não resulta automaticamente em elevação de preços, os americanos estariam pagando 100 dólares por um cachorro-quente.

O país pode descobrir mais cedo do que imaginava que Dilma recebeu de Lula o que Lula fingiu ter recebido de Fernando Henrique Cardoso.

A “herança maldita” de FHC só existiu na discurseira oportunista do chefe da seita e seus devotos.

Dilma vai saber o que é lidar com uma herança maldita sem aspas. Se não sabia de nada, foi uma gerente-geral inepta. Se sabia de tudo, mentiu. E terá de administrar o legado sozinha.

Não adianta pedir ajuda ao padrinho. Ele mora no Brasil Maravilha que registrou no cartório.
 Direto ao Ponto


13/02/2011