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quarta-feira, 17 de abril de 2019

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segunda-feira, 15 de abril de 2019

Os principais fatos históricos sobre a catedral de Notre-Dame, consumida pelo fogo em Paris



Catedral de Notre-Dame consumida pelo fogo
Catedral de Notre-Dame, com mais de 850 anos, foi consumida pelo fogo nesta segunda-feira


Ao longo dos seus mais de 850 anos de existência, a Catedral de Notre-Dame, em Paris, viu passarem pelo trono francês três dezenas de reis, sobreviveu à Revolução Francesa, coroou Napoleão Bonaparte como imperador, testemunhou a ascensão da República na França e resistiu a duas guerras mundiais.

Atingida pelo fogo nesta segunda-feira, a igreja era uma das mais famosas do mundo e um dos principais pontos turísticos da França. A causa do incêndio ainda não é conhecida. Uma grande operação está em curso para controlar as chamas, mas o porta-voz da administração da catedral afirmou que tudo está queimando e "não restará nada" da parte de madeira da estrutura.

Um dos elementos mais memoráveis da catedral são suas gárgulas, esculturas com aspecto animalesco monstruoso.


As estátuas eram usadas na Idade Média para ornar desaguadouros - canos projetados para fora do telhado que ajudam a escoar água das chuvas. Acreditava-se que elas protegiam a catedral contra espíritos malévolos.

As gárgulas de Notre-Dame faziam parte do projeto arquitetônico desde o período medieval, mas haviam sido removidas, até que novos exemplares foram acrescentados à fachada durante a grande restauração feita no século 19, segundo o livro The Gargoyles of Notre-Dame: Medievalism and the Monsters of Modernity (As Gárgulas de Notre-Dame: o Medievalismo e os Monstros da Modernidade, em tradução livre).


Recentemente, muitas haviam sido substituídas por tubos de plástico, pois estavam muito corroídas, o que tornava perigoso mantê-las no alto do edifício.

Abaixo, a BBC News Brasil lista os principais fatos históricos sobre a catedral.

Igreja completou 850 anos em 2013

A catedral de Notre-Dame começou a ser construída em 1163, por decisão de Maurice de Sully, bispo de Paris.

A ideia era erguer uma catedral dedicada à Virgem Maria. Por isso, o nome Notre-Dame - "Nossa Senhora", em francês. O lançamento da pedra fundamental teria ocorrido na presença do Papa Alexandre III.

A catedral, de estilo gótico, fica localizada no coração de Paris, a Île de la Cité - uma ilha no rio Sena, considerada o berço da antiga vila de Paris.

Em 2013, a igreja completou 850 anos de existência. O fato foi marcado por um ano de comemorações na França, que contou com restaurações, exposições e um simpósio científico.

Construção levou 180 anos

A catedral de Notre-Dame só foi completamente concluída 180 anos depois do início da construção. Porém, já por volta de 1250 estavam erguidas as duas torres da fachada.

Mesmo antes de terminada, a obra em construção já atraía cavaleiros medievais que, durante as Cruzadas, iam ao local rezar e pedir proteção antes de partir para o Oriente.


Visão frontal da catedral, que aparece iluminada em início de noite
Em 2013, a catedral completou 850 anos de existência

Escavações abaixo da Notre-Dame revelaram vestígios de cidade romana

O local onde fica a catedral foi um dia uma cidade romana chamada Lutécia. Escavações realizadas no terreno sugerem que havia na área um possível templo pagão romano, dedicado a Júpiter. A estrutura teria sido substituída por uma igreja cristã, anterior à construção de Notre-Dame.

Parte das escavações deram origem a um museu, a Cripta Arqueológica, que podia ser visitada nos subterrâneos da Notre-Dame, indicando como era a vida no Império Romano.
Foi pilhada durante a Revolução Francesa e quase demolida

A última vez em que a catedral sofreu grandes danos foi durante a Revolução Francesa (1789-1799).

Neste período, a igreja foi pilhada, e uma torre do século 13 foi desmantelada.

Também foram destruídas 28 estátuas da galeria dos reis e de todas as grandes esculturas dos portais, com exceção do Virgem do Trovão, localizada no entrada do claustro.

Durante esta época, a igreja foi transformada em um tempo do Culto à Razão, uma espécie de religião da nova República.

Em seu interior, as estátuas da Virgem Maria foram substituídas por esculturas da Deusa da Liberdade, e cruzes foram removidas.

Alguns de seus sinos originais da torre norte foram derretidos durante a revolução para a fabricação de balas de canhão.

Os substitutos, fabricados no século 19, eram considerados "desafinados" e foram trocados em 2013 para marcar seu aniversário de 850 anos.

A catedral chegou a ser usada como um depósito durante a revolução e quase chegou a ser demolida, antes de voltar a ser um templo católico, em 1801.
A coroação de Napoleão

Apesar de muito antiga e imponente, a catedral de Notre-Dame só passou a abrigar importantes celebrações francesas com a ascensão de Napoleão Bonaparte, que escolheu a igreja para ser coroado imperador da França, em 2 de dezembro de 1804.

Para receber a cerimônia, a Notre-Dame precisou passar por alguns processos de recuperação - já que, antes disso, estava vivendo um processo de degradação.

A coroação de Napoleão foi posteriormente retratada em uma grande pintura, com 10 metros de largura e 6 metros de altura - encomendada pelo próprio imperador. Hoje no Museu do Louvre, a obra retrata Napoleão coroando sua esposa como imperatriz. A obra foi pintada por Jacques-Louis David, nomeado por Napoleão como pintor oficial do império.

Pintura 'Coroação de Napoleão', do artista francês Jacques-Louis David, de 1807, retratando a cerimônia na Catedral de Notre Dame
Pintura 'Coroação de Napoleão', do artista francês Jacques-Louis David, de 1807, retratando a cerimônia na catedral de Notre-Dame


'O Corcunda de Notre Dame', romance de Victor Hugo

O romance histórico O Corcunda de Notre-Dame, do escritor francês Victor Hugo, foi publicado em 1831, e ajudou a popularizar a catedral no mundo todo com a história do tocador de sinos corcunda Quasímodo.

Seu título original era Notre-Dame de Paris, já que o livro não se concentrava apenas no personagem do corcunda, mas descrevia a antiga catedral em dois capítulos inteiros e ilustrava a sociedade medieval da Paris e os diversos tipos que convivam nela, dos pedintes à nobreza.

A história se passa no século 15. Nas torres góticas da catedral vive Quasímodo, abandonado ao nascimento por sua mãe nos degraus de Notre-Dame. Ele é adotado então pelo arquidiácono Claude Frollo. Desprezado por sua aparência e vítima de agressões frequentes, ele é visto com empatia por Esmeralda, uma linda dançarina cigana a quem ele passa a devotar toda as suas atenções.

Esmeralda, no entanto, também atraiu a atenção do sinistro Frollo e quando ela rejeita suas tentativas de aproximação para favorecer o Capitão Phoebus, Frollo cria um plano para destruí-la. Quasímodo tenta impedi-lo. Mas o fim é trágico para todos.

Em seu romance Victor Hugo descreve o péssimo estado de conservação da construção gótica na época.

A pressão criada pela popularização da obra literária ajudou a fazer com que a catedral fosse restaurada entre 1844 e 1864.

Braçadeira de emergência reforça agulha (estrutura mais alta da igreja), em imagem registrada pela BBC News em reportagem de 5 de março de 2018
Braçadeira de emergência reforça agulha (estrutura mais alta da igreja), em imagem registrada pela BBC News em reportagem de 5 de março de 2018

Arrecadação de fundos em 2018

No ano passado, a catedral de Notre-Dame lançou um pedido urgente de arrecadação de fundos para recuperar sua estrutura, que estava começando a desmoronar. O valor necessário para a restauração era estimado em 150 milhões de euros.

"Partes da catedral podem cair. É um grande risco", afirmou Michel Picot, responsável pela campanha, em entrevista à BBC em 2018.

Além de elementos decorativos, como esculturas e pinturas, partes da estrutura da catedral também estavam ameaçadas. A agulha (estrutura mais alta da igreja), por exemplo, precisou ser reforçada com uma braçadeira de emergência.

"É uma joia única, a nível mundial, então eu acredito que pedir ajuda, não mendigar, é a melhor coisa a se fazer. Não é um monumento da França, é um monumento mundial", falou Picot.