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sábado, 18 de abril de 2015

Documentos revelam que Palocci recebeu R$12 mi de empresas quando coordenava a campanha de Dilma em 2010

Não há comprovação de qualquer serviço e ocorreu até contrato de boca
THIAGO BRONZATTO
E FILIPE COUTINHO
ÉPOCA


Em 3 de dezembro de 2010, a petista Dilma Rousseff, eleita havia poucas semanas para seu primeiro mandato como presidente da República, mandou anunciar o nome do ministro mais poderoso de seu governo. Dali a dias, Antonio Palocci – ex-ministro da Fazenda, ex-deputado federal, ex-prefeito de Ribeirão Preto e hoje alvo ilustre da Operação Lava Jato – assumiria a chefia da Casa Civil. Era a improvável ressurreição política de Palocci, ceifado do governo Lula anos antes, quando, após resistir a toda sorte de acusações de corrupção, acabou por não resistir ao escândalo da quebra dos sigilos do caseiro Francenildo. Perdeu o cargo, mas não a influência. Palocci ressurgiu na eleição de Dilma. Coordenou a campanha e atuou como arrecadador informal da petista, ao lado do tesoureiro do PT, João Vaccari, hoje preso. A nomeação para a Casa Civil, na qual sucederia a Erenice Guerra, premiava seus bons serviços na campanha. Nas palavras de Dilma, Palocci fora “um dos artífices da jornada vitoriosa” que a elegera. Estava claro quem mandaria em Brasília no terceiro mandato petista.

No mesmo dia do anúncio, Palocci recebeu R$ 1 milhão do escritório do criminalista Márcio Thomaz Bastos, segundo documentos da empresa do petista, em poder do Ministério Público Federal (MPF) e obtidos por ÉPOCA. MTB, como era conhecido o advogado, morreu no ano passado. Em 2010, após uma longa passagem pelo Ministério da Justiça do governo Lula, na qual fez muitas tabelinhas com Palocci, resistia como principal conselheiro jurídico da cúpula do PT. O dinheiro foi repassado sem que houvesse sequer contrato formal. Era um contrato de boca. Duas semanas depois, Palocci recebeu mais R$ 1 milhão de MTB. Os R$ 2 milhões somavam-se aos R$ 3,5 milhões repassados durante a campanha e a pré-campanha de Dilma. No total, 11 pagamentos. Sempre sem contrato. Sempre em valores redondos – R$ 500 mil, no auge das eleições, e R$ 250 mil, antes. Sempre depositados, segundo o próprio Palocci, na conta da Projeto, a empresa de consultoria criada por ele após deixar o governo Lula.

No dia em que foi anunciado como ministro de Dilma, Palocci recebeu R$ 1 milhão em sua consultoria

Qual a origem do dinheiro? O Pão de Açúcar, dizem os advogados de Palocci e do escritório de MTB. Por que o Pão de Açúcar pagaria uma pequena fortuna a Palocci? Para que o petista, um médico sanitarista que passava aqueles dias de 2010 na intensa faina de uma campanha presidencial, ajudasse na fusão entre o grupo de Abilio Diniz e as Casas Bahia. Não se sabe como Palocci poderia ser tão valioso numa negociação dessa natureza – nem por qual razão o Pão de Açúcar não o contratara diretamente. Mas ele prestou algum serviço? A renomada consultoria Estáter, contratada de forma exclusiva pelo Pão de Açúcar para tocar a fusão, informou ao MPF que, por óbvio, não – Palocci não prestou qualquer serviço, o que despertou suspeitas entre os investigadores. Fontes que participaram das negociações confirmaram a ÉPOCA que Palocci não participou de qualquer reunião, conversa informal ou troca de e-mails durante o negócio. Em ofício ao MPF, o Pão de Açúcar disse que “em função da relação de confiança desenvolvida” é comum que os “serviços de assessoria jurídica sejam contratados de modo mais informal”. Palocci não é advogado. Procurado por ÉPOCA, o Pão de Açúcar informou que não vai se pronunciar.

Palocci não tardou a cair novamente. Pouco após assumir a Casa Civil, o jornal Folha de S.Paulo revelou que ele comprara um apartamento avaliado em R$ 6,6 milhões, antes de voltar a Brasília. Palocci, que não tem herança e sempre foi político, se recusou a explicar a origem do dinheiro. Disse apenas que provinha dos clientes que contratavam a Projeto, sua empresa de consultoria. Preferiu deixar a Casa Civil a revelar os nomes deles – e a declinar para que fora exatamente contratado. Agora, ÉPOCA teve acesso a documentos internos da empresa de Palocci, a uma investigação sigilosa do MPF sobre ela e a uma lista com 30 nomes de empresas que pagaram o ex-ministro. Os papéis oficiais, assim como a investigação dos procuradores, revelam que a prosperidade da empresa de Palocci coincidiu com o momento em que ele assumiu as tarefas de coordenar a campanha de Dilma – e de arrecadar para ela.

Em 2010, Palocci recebeu, ao menos, R$ 12 milhões em pagamentos considerados suspeitos pelo MPF. Além dos pagamentos do escritório de Márcio Thomaz Bastos, supostamente em nome do Pão de Açúcar, os procuradores avaliaram como suspeitos os pagamentos do frigorífico JBS e da concessionária Caoa. Eles somam R$ 6,5 milhões. São suspeitos porque, na visão do MPF, Palocci, mesmo depois de ouvido, não conseguiu comprovar que prestou serviços às empresas – ou foi desmentido por quem estava envolvido, como no caso da consultoria Estáter e do Pão de Açúcar. Ademais, para o MPF, a inexistência de contratos para muitos dos pagamentos reforça os indícios de que as consultorias foram, na verdade, de fachada. Por que grandes empresas gastaram tanto com Palocci? E qual o destino final do dinheiro? Ninguém sabe ainda.

A investigação à qual ÉPOCA teve acesso corre em Brasília, mas será requisitada por procuradores que trabalham nos dois maiores casos de corrupção sob investigação no país: a Lava Jato. No petrolão, a Procuradoria-Geral da República abriu inquérito para apurar a acusação de que o petista arrecadou R$ 2 milhões – para a mesma campanha de Dilma em 2010. A denúncia foi feita pelo delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Como Palocci não tem foro privilegiado, o processo contra ele corre no Paraná, sob a guarda do juiz Sergio Moro. Com base no trabalho dos procuradores de Brasília, a Força-Tarefa de Curitiba espera avançar mais rapidamente no rastro do dinheiro que circulou pelas contas associadas ao ex-ministro. Eles preparam o pedido de quebra dos sigilos de Palocci, entre outras medidas.


O procurador da República Frederico Paiva, responsável pela investigação e coordenador do núcleo de combate à corrupção no Distrito Federal, não quis dar entrevista, porque o caso corre sob sigilo. Com o avanço em Palocci, que também está sob investigação em outras frentes da Lava Jato, a Força-Tarefa do Paraná atinge a tríade responsável pela arrecadação de dinheiro no PT desde a queda de Delúbio Soares. Além de Palocci, a tarefa cabia ao ex-ministro José Dirceu e ao tesoureiro João Vaccari. No caso de Vaccari, já preso, as evidências de participação no esquema são abundantes (leia mais na coluna de Ruth de Aquino). Os procuradores também abriram uma investigação específica para Dirceu. À semelhança de Palocci, Dirceu enriqueceu como consultor, após sair do governo em desgraça. Ele é suspeito de forjar contratos de consultoria para receber propina das empreiteiras. Ele e as empresas negam. No total, José Dirceu recebeu como consultor pouco mais de R$ 29 milhões entre 2006 e 2013. “Uma das principais sistemáticas para o pagamento de propina para agentes públicos era justamente a celebração de contratos simulados com empresas de consultoria. Há suspeita de que a JD assessoria tenha sido utilizada para essa finalidade”, escreveram os procuradores ao pedir a quebra de sigilo da empresa de Dirceu. O ano de 2010, quando Dilma foi eleita, também foi próspero para o petista. Sua empresa de consultoria faturou R$ 7,2 milhões. Para os procuradores, as operações de Dirceu e Palocci são siamesas no método e, suspeitam, na finalidade.

Há uma proliferação de consultorias petistas. Também preso na Operação Lava Jato, o ex-deputado André Vargas é mais um deles. Valeu-se de contratos de consultoria de fachada para ganhar dinheiro. Por meio da empresa Limiar, ele recebeu R$ 200 mil da JBS em agosto de 2010, às vésperas da eleição. Questionada sobre o repasse, a empresa afirmou que contratou em 2010 os serviços de “consultoria de marketing” prestados por Vargas, técnico de nível médio em administração de empresas. Não colou. No despacho que decretou a prisão de Vargas, o juiz Sergio Moro disse que “há prova de que a empresa teria recebido remuneração por serviços não prestados”.



A consultoria do frango
Segundo os documentos obtidos por ÉPOCA, a consultoria de Palocci recebeu R$ 2 milhões da JBS entre 2009 e 2010. É um caso para lá de estranho: embora Palocci tenha admitido que recebeu da JBS, a JBS informou a ÉPOCA, por e-mail, que nunca teve qualquer negócio com o petista. Em 2010, a JBS foi a campeã de doações oficiais à campanha de Dilma, com R$ 13 milhões – foram quase R$ 70 milhões em 2014. No caso de Palocci, a JBS fez sete depósitos em cinco meses. Os pagamentos se dividiram em dois de R$ 250 mil e outros cinco de R$ 300 mil, segundo notas fiscais obtidas pela reportagem. Embora a JBS negue, a justificativa para esses pagamentos está num contrato com metas e tarefas inverossímeis para um consultor como Palocci.

O contrato foi assinado antes da eleição, no dia 1º de julho de 2009. Previa o assessoramento do ex-ministro na aquisição que a JBS faria nos Estados Unidos da multinacional Pilgrims Pride, segunda maior produtora de aves do mundo. A JBS fechou o negócio logo depois, em 16 de setembro daquele ano. Aos procuradores, Palocci descreveu os serviços que a JBS diz não ter contratado: “Apoio decisório que passa pela análise das perspectivas do mercado de carnes de frango nos mercados americano e global e pela avaliação do valor de mercado da companhia e as sinergias passíveis de serem auferidas com a globalização do grupo em outras áreas de proteína animal, além da carne bovina”.

Mesmo que Palocci entendesse profundamente do mercado avícola americano e global, um documento enviado ao BNDES pela dona da Friboi em 5 de agosto daquele ano – um mês, portanto, após a contratação de Palocci – põe ainda mais em dúvida a veracidade dos serviços, segundo o MPF. Na nota técnica AMC/DEPAC 028/2010, a que ÉPOCA teve acesso, a JBS informa ao BNDES que “já estava em fase adiantada de negociação com a Pilgrims”. O próprio dono da JBS, o empresário Joesley Batista, que já era dono nos Estados Unidos da multinacional Swift, disse, em outubro daquele ano: “Começamos a negociar com a Pilgrims Pride há um ano, antes que pedisse concordata”. Dez meses antes, portanto, da assinatura do contrato com Palocci. Nele, aliás, Palocci assinalou que ajudaria a JBS “no processo de negociação” e na “avaliação do empreendimento”.

Executivos envolvidos nessa negociação disseram a ÉPOCA que a JBS foi assessorada por uma equipe de cerca de 20 especialistas em fusões e aquisições, formada por representantes dos bancos JP Morgan e Santander – e de dois tradicionais escritórios de advocacia, o brasileiro Pinheiro Neto e o americano Shearman & Sterling. Segundo essas fontes, que pediram anonimato, Palocci em nenhum momento se agregou ao grupo ou foi mencionado como um dos analistas da operação comercial. É, portanto, o mesmo relato que se fez no caso de MTB e do Pão de Açúcar.

Palocci, portanto, nada fez? Não há certeza, novamente. Mas, em setembro de 2009, dois meses depois da contratação do petista, a JBS anunciou a aquisição do frigorífico brasileiro Bertin e da americana Pilgrim’s Pride numa só tacada. Para fechar o negócio com a Pilgrim’s, a JBS contou com o apoio do BNDES, que, segundo suspeita, o MPF só topou financiar essa aquisição internacional se a companhia adquirisse o endividado Bertin. Assim foi feito. Em dezembro, o banco adquiriu R$ 3,47 bilhões em debêntures (papéis de dívida) do frigorífico Bertin. Um mês depois, Palocci emitiu sua última nota de consultoria para a JBS, no valor de R$ 300 mil. O financiamento da operação do banco estatal desencadeou uma investigação em andamento no Ministério Público Federal no Rio de Janeiro. O BNDES se recusa a fornecer informações sobre a operação de financiamento da JBS.



A consultoria chinesa
Meses depois, em 1º de julho de 2010, já no auge de suas atividades na campanha, Palocci fechou um contrato com a rede de concessionária de automóveis Caoa. No papel, o petista foi contratado para ajudar o empresário Carlos Alberto Oliveira Andrade, dono do grupo automotivo, na avaliação de oportunidades de negócios com a China e na ampliação de produção de veículos. Palocci deveria ajudar a explorar uma nova marca e uma nova linha de veículos com preços competitivos em relação às montadoras chinesas que estavam chegando ao Brasil. O ex-ministro foi então recrutado para negociar uma parceria com a Great Wall, maior fabricante de utilitários esportivos da China, e a BYD, fabricante chinesa de carros elétricos. Novamente: era isso que o contrato previa. Nele, consta a definição do que seria o serviço. Há expressões como “no intuito de analisar e assessorar a concretização de investimentos em projetos na área de produção” e procurar “definição de investimento em nova planta”.

Conforme o próprio grupo Caoa admitiu, as consultorias de Palocci não vingaram – nenhum acordo relevante foi fechado. Mesmo assim, o ex-ministro levou uma bolada. De julho a dezembro de 2010, ele recebeu da Caoa R$ 4,5 milhões. Durante o período em que o ex-ministro era seu consultor, o grupo Caoa pleiteava no Congresso a aprovação da Medida Provisória 512, que estendeu até 2020 as isenções fiscais para montadoras do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país – a Caoa tem uma fábrica da Hyundai em Goiás. Sem a medida, o benefício se encerraria em janeiro de 2011. A MP foi transformada em lei em abril de 2011, quando Palocci era chefe da Casa Civil. O grupo Caoa afirmou: “Não temos e nunca tivemos nada com a consultoria do Palocci. O grupo não se manifesta sobre assuntos relativos a contratos privados e acrescenta que não possui parceria e nem contrato com nenhuma das duas empresas citadas”.

Procurado, Palocci não quis falar. Pronunciou-se por meio de nota. “A empresa de consultoria Projeto não pode divulgar cláusulas e condições dos contratos que celebra com seus clientes, os quais se revestem de cláusula de confidencialidade, inclusive por conterem segredos comerciais das contratantes. Todas essas informações, todavia, estão – e sempre estiveram – à inteira disposição dos órgãos estatais de fiscalização e controle. Sobre os questionamentos formulados, esclarecemos que rigorosamente tudo o quanto se indagou já foi respondido ao Ministério Publico Federal, há tempos, inclusive com envio de todas as informações contratuais, contábeis, financeiras e tributárias – e a respectiva documentação –, as quais foram encaminhadas à Procuradoria da República no Distrito Federal, onde tramita, desde o ano de 2011, procedimento a respeito dos fatos e que se reveste de caráter sigiloso, que nada tem a ver com a Operação Lava Jato.”

A nota prossegue. “Afirmamos, categórica e peremptoriamente, que as atividades e recursos da Projeto não têm nem nunca tiveram qualquer relação com a referida campanha eleitoral ou com qualquer outra, como demonstra a documentação que se acha em poder do Ministério Público Federal, repita-se, desde o ano de 2011. Repudiamos, assim, com indignação, qualquer insinuação ou ilação gratuita nesse sentido. A despeito de a Projeto prestar serviços para empresas de diferentes ramos de atividade, Engevix e UTC jamais foram suas clientes. Nada obstante, no ano de 2006, depois de ter deixado o Ministério da Fazenda e antes da constituição da Projeto, Antonio Palocci Filho proferiu palestras, enquanto pessoa física, para diversas empresas, por solicitação dessas, uma das quais na UTC.”

Se Palocci teve, ao menos, 30 clientes, qual a natureza da relação do petista com as demais 27 empresas? Um exame dos pagamentos conhecidos e uma análise do MPF mostram que havia dois Paloccis à frente da Projeto. Um conseguia milhões de grandes empresas, sem, segundo o MPF, prestar qualquer serviço – é o caso de MTB e Pão de Açúcar, JBS e Caoa. O outro Palocci dava palestras e fazia análises de cenários, por valores muito mais modestos. Nesses casos, tudo indica que os serviços – as palestras e as análises de cenário político – foram prestados. Trata-se, portanto, de uma relação comercial corriqueira. Nesses casos, o valor de mercado do ex-ministro, quando contratado por uma grande empresa, é de R$ 30 mil a R$ 50 mil por mês. Nas palestras, a fatura não fica muito longe disso. Em 12 de novembro de 2013, Palocci fez uma palestra para um grupo de empresários, a convite do banco BR Partners. Cobrou R$ 30 mil. Como menciona em seu comunicado, Palocci fez palestra até para a UTC, empreiteira apontada como líder do cartel do petrolão. Foi em 2006, logo após deixar o governo Lula. Cobrou R$ 27 mil. Procurada, a UTC disse que “foi efetuado pagamento registrado e tributado no valor de R$ 27 mil, compatível com o que era cobrado na época por palestrantes de primeira linha, caso do senhor Palocci”.


17/04/2015


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Num dos jogos de Lula, o descarte é Dilma, por improbidade administrativa





O ministro José Múcio Monteiro, do TCU, teve acatado o seu relatório em favor da abertura de investigação das pedaladas fiscais. Comemoramos. Afinal de contas, esse pode ser um atalho para o impeachment de Dilma Rousseff. O mesmo TCU, no entanto, por meio do ministro Augusto Nardes, acatou um relatório aprovando os acordos de leniência com as empreiteiras do petrolão, ao largo da Justiça. Vaiamos.

O natural é que o TCU, cuja maioria dos ministros é fisiológica, segurasse a barra do governo petista em ambos os casos. A contradição é explicável pelo fator Lula. José Múcio é ligadíssimo ao ex-presidente. José Múcio fez a coisa certa por motivos errados.

Lula está desesperado, mas ainda nutre a ilusão de que dá para se salvar. Para se salvar, ele começa a jogar simultaneamente mais uma cartada: a do descarte de Dilma Rousseff. A melhor forma de descartá-la é por improbidade administrativa, caso das pedaladas fiscais, que não o atingem diretamente, ao contrário da corrupção do petrolão.

Se Dilma Rousseff sofrer impeachment por improbidade administrativa, Lula acredita que a Operação Lava Jato perderá ímpeto e não chegará até ele. Se Dilma sofrer impeachment por improbidade administrativa, Lula acredita que será mais fácil recuperar eleitoralmente o que restou do PT e de si próprio perante o povão, que não sabe o que é improbidade administrativa e pode ser transformada num monstro inventado pelas "elites". Até mesmo a corrupção do PT, se não chegar até ele, tem chance de virar, por obra de marqueteiros, uma mistura de "erros de certos companheiros" com a tentativa das "elites" de derrubá-lo, como no mensalão.

Lula também aposta que o impeachment de Dilma Rousseff por improbidade administrativa é melhor para PSDB e PMDB. Porque, outra vez, ele acredita que isso arrefeceria a Operação Lava Jato e, consequentemente, aliviaria a barra desses partidos enrolados com as empreiteiras bandidas -- o primeiro mais no passado; o segundo igualmente nos três tempos, tal como o PT.

O significado de acordão para Lula é, portanto, o impeachment de Dilma Rousseff por improbidade administrativa. O PSDB já está aderindo. O PMDB ainda está na dúvida, porque afinal de contas é governo e, portanto, cúmplice tanto da corrupção como da improbidade administrativa. O PMDB ainda está na dúvida, e talvez dela não saia, porque tem mais senso de realidade do que Lula.

Lula acha, acredita, joga em inúmeras frentes -- e agora na do impeachment de Dilma Rousseff por improbidade administrativa. Mas, como diria Garrincha, falta combinar com os russos. E os russos são o juiz Sergio Moro e os procuradores da Operação Lava Jato.

O Antagonista quer o impeachment de Dilma Rousseff por qualquer motivo. O Antagonista quer, ainda, que Lula se torne uma triste lembrança na história nacional.

15.04.15


quarta-feira, 15 de abril de 2015

Vaccari preso! Elite vermelha do PT é criminosa, reincidente e milionária


 
Por
Felipe Moura Brasil

Não adiantou o teatro armado na CPI da Petrobras.

João Vaccari Neto foi preso por enriquecimento ilícito.


É o segundo tesoureiro do PT a ir parar na cadeia durante o mandato de Dilma Rousseff.

Delúbio Soares foi preso na primeira gestão da petista por envolvimento no mensalão.

A elite vermelha do PT é criminosa, reincidente e milionária, para dizer o mínimo.

Pior: atua em família.

A mulher de Vaccari, Giselda Rousei Lima, foi conduzida coercitivamente para depor. A 12° fase da Lava Jato teve também a prisão temporária de sua cunhada, Marice Correa de Lima.

As principais denúncias contra o tesoureiro que não foi tirado do cargo pelo partido cúmplice são:

1) Um “acréscimo patrimonial a descoberto” foi revelado pela quebra do sigilo bancário e fiscal dele, de sua mulher, de sua filha e de sua cunhada.

2) Há prova documental, nos autos da Lava Jato, do pagamento de pelo menos 1,5 milhão de reais por empresas controladas pelo executivo Augusto Ribeiro, um dos delatores, à Editora Gráfica Atitude. O repasse, segundo a operação, teria sido feito por solicitação de Vaccari “em espécie de doação não-contabilizada” para o PT.

3) Sua filha, Nayara de Lima Vaccari, “apresentou significativo acréscimo patrimonial entre 2009 a 2014″. Segundo o relatório fiscal, “entre os anos 2008 e 2013 ela não declarou nenhum rendimento tributável próprio de trabalho, porém seu patrimônio pessoal neste período sem atividade laboral própria independente e capacidade financeira cresceu de R$ 240 mil (decorrente de bens anteriormente declarados na DIRPF dos pais) para mais de R$ 1 milhão”.

Para o juiz Sergio Moro, que mandou prender Vaccari, há indícios contra o tesoureiro do PT da prática de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

“Caberia a ele intermediar parte da propina acertada entre as empreiteiras e os dirigentes da Petrobrás em favor de agentes ligados ao Partido dos Trabalhadores”, anotou o juiz.

Não há data para terminar a prisão preventiva de Vaccari.

Resta saber a data do término do desgoverno corrupto, mentiroso e incompetente de Dilma Rousseff.

15/04/2015

Dilma sobre Vaccari: “Não quero uma frase em defesa dele”



Por Lauro Jardim

Dilma: sem paciência para Vaccari

No fim do ano passado, em uma reunião na Granja do Torto com Rui Falcão, Dilma Rousseff falou, pela enésima vez, cobras e lagartos de João Vaccari Neto. Dilma nunca confiou em Vaccari e, naquela ocasião, reforçou que, por ela, Vaccari devia ser imediatamente retirado da Secretaria de Finanças do partido.

Preocupado com a veemência da presidente, Rui Falcão argumentou que a defesa de Vaccari era, no fundo, a defesa do partido – postura que Falcão mantém até hoje e que ficou explícita na nota em defesa do tesoureiro divulgada à tarde.

Falcão fez, em seguida, na mesma reunião, um apelo a Dilma. Pediu que ela evitasse criticar Vaccari, mesmo que reservadamente, para que ele não se enfraquecesse ainda mais.

Até hoje de manhã, o apelo de Falcão foi atendido. Após ser avisada por José Eduardo Cardozo da prisão de Vaccari, Dilma reuniu os ministros do PT mais próximos a ela e orientou qual seria a postura do governo:

- Não quero uma frase em defesa do Vaccari.



15 de abril de 2015



O PT, DEFINITIVAMENTE, É HOJE UM CASO DE POLÍCIA, NÃO DE POLÍTICA




 Por Reinaldo Azevedo

O PT, agora é um partido que tem um de seus principais dirigentes na cadeia. Trata-se do tesoureiro João Vaccari Neto, nada menos do que o que o homem que cuida das finanças da legenda. É acusado de arrecadar recursos ilegais desde 2004. A ser assim, dedicou-se a ações clandestinas na campanha que reelegeu Lula em 2006, na que elegeu Dilma em 2010 e na que a reelegeu em 2014. Essa mesma agremiação já viu atrás das grades José Genoino, seu ex-presidente; Delúbio Soares, ele também um tesoureiro; e José Dirceu, que era, então, até o mensalão vir à luz, o condestável do governo Lula e do petismo. Ou, se quiserem, numa síntese rápida, o PT deixou de ser um caso de política para se transformar numa caso de polícia.

Impressiona a arrogância dessa turma. Desde que o nome de Vaccari apareceu no depoimento inicial do doleiro Alberto Youssef, revelado pela VEJA em abril, o razoável é que se afastasse do comando. Mas isso não aconteceu. Ao contrário. A cúpula dirigente se fechou em sua defesa. E essa defesa não se limitou ao presidente da legenda, Rui Falcão.

Em fevereiro, em Belo Horizonte, em reunião do Diretório Nacional, Lula se solidarizou com o companheiro. Acusou uma suposta tentativa de criminalizar o partido e, adicionalmente, pôs sob suspeição o resultado do julgamento do mensalão. Afirmou então: “Descobri lamentavelmente no mensalão que o julgamento não é jurídico, é político”. O partido estava na capital mineira para comemorar os seus 35 anos. Vaccari participou da festança. A presidente Dilma Rousseff, santa imprudência!, discursou no evento.

Sim, Vaccari está em prisão preventiva, e isso não significa uma sentença condenatória. Os petistas descobriram a presunção de inocência depois que chegaram ao poder. Quando eram oposição, Lula costumava cortar cabeças sobre o palanque. Isso poderia ser um sinal de que partido chegou, ainda que tardiamente, a um fundamento das sociedades civilizadas… Sabemos, no entanto, que não é assim. O tesoureiro não estava aboletado em seu cargo em nome de algum princípio do direito. Lá permanecia por arrogância sua e da cúpula; lá permanecia porque o partido insiste em não reconhecer a legitimidade e a legalidade da investigação em curso. Tanto é assim que o líder na Câmara, o inefável Sibá Machado (AC), acusou a existência de uma grande conspiração. Sibá não sabe falar sozinho, por conta própria. Alguém lhe soprou o texto.

E quem participaria dessa conspiração? Suponho que sejam a Justiça, o Ministério Público, a imprensa e a esmagadora maioria dos brasileiros, não é?, que hoje reconhecem na ação dos companheiros o que há de mais deletério na política.

Diga-se sempre: o PT não inventou a corrupção. Ela existe, como já brinquei aqui, desde que o homem decidiu provar do fruto proibido. Sempre houve, Brasil e mundo afora, desvios da norma praticados por pessoas, por partidos, por grupos. E jamais será o caso de condescender com eles. Inaceitável é que se tenha criado um sistema que, em vez de perseguir, para punir, o crime, faz a apologia da transgressão. Asqueroso é que se tenha erigido um modelo de gestão que pretende pôr, num prato da balança, o assalto aos cofres públicos e à institucionalidade e, no outro, a reparação social, real ou suposta, como se a precondição do bem fosse, necessariamente, o mal.

Por nada, sem motivo, sem causa, o Planalto inventou a patacoada de que já poderia respirar aliviado — afinal, sabem como é, apenas quase meio milhão de pessoas estava nas ruas do domingo… Depois do suposto alívio, ficamos sabendo que a Controladoria Geral da União esperou passar as eleições para apurar a denúncia de uma fraude que já chegava com provas. E agora se vê ir para a cadeia o tesoureiro do partido que atuou na arrecadação da campanha eleitoral da presidente; que compartilhou com ela, há pouco mais de dois meses, o ambiente em que o PT comemorava o seu anIversário.

Os petistas acham que o partido está sendo perseguido por uma conspiração de direita. Não! O partido está tendo é de prestar contas por sua história e pelas opções que fez — e é evidente que, dessa missa macabra, a gente não deve conhecer nem a metade.

Eis aí. Desde 2005, os jornais e os veículos de comunicação já confinado a cobertura dos assuntos do petismo na seção de polícia. Afinal, as coisas de que tomamos ciência, convenham, não são matéria da política.



15/04/2015

PT anuncia afastamento de João Vaccari Neto da tesouraria do partido


O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, chega ao IML de Curitiba (PR) para exame de corpo de delito
Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress

MARINA DIAS
CATIA SEABRA
FOLHA DE SÃO PAULO 

O PT anunciará nesta quarta-feira (14) o afastamento de João Vaccari Neto do comando da tesouraria do partido, após sua prisão pela Polícia Federal em mais um desdobramento da Operação Lava Jato.

A cúpula do PT divulgará uma nota no fim da tarde dizendo que Vaccari pediu seu afastamento e que a saída vai ajudar na defesa do petista.

A decisão exime a direção do partido de ficar com o ônus do afastamento de Vaccari, adiado desde que ele se tornou réu por suspeita de participar do esquema de corrupção na Petrobras e petistas aumentaram a cobrança por sua saída do cargo.

O martelo foi batido após reunião entre o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo.

Uma opção era deixar o anúncio para esta quinta-feira (15), para quando está marcada uma reunião da Comissão Executiva petista, na capital paulista, mas os dirigentes avaliaram que isso só iria "prolongar o desgate."

Lula e Falcão eram os principais defensores da permanência de Vaccari à frente da tesouraria.

Nos últimos dias, porém, o ex-presidente havia dito a aliados que achava melhor o tesoureiro ser afastado o quanto antes. A cúpula do PT, por sua vez, consultou advogados que argumentaram que sua saída poderia parecer um "reconhecimento de culpa".

Após saber da prisão de Vaccari, o presidente do PT, que estava em Brasília, viajou à capital paulista para se reunir com o ex-presidente. Os dois almoçaram juntos e conversaram por mais de duas horas.
Às 16h30, Falcão chegou à sede nacional do PT em São Paulo e orientou a redação da nota.

REUNIÕES DO PT


Mais cedo, a cúpula do PT foi surpreendida com a prisão do tesoureiro, mas, num primeiro momento, decidiu manter as reuniões da Comissão Executiva e do Diretório Nacional do PT, marcadas para quinta (16) e sexta-feira (17), respectivamente. A avaliação é a de que qualquer mudança de planos pode acusar um partido "acuado".

Falcão planejava para a reunião de quinta convencer a tendência Mensagem ao Partido a não apresentar ao diretório nacional pedido formal de afastamento de Vaccari da tesouraria petista.

O argumento: essa tem que ser uma decisão pessoal do tesoureiro.

Falcão contava em demover a Mensagem mas, caso contrário, o pedido teria que ir à votação interna na sexta-feira pelos dirigentes do PT. Segundo a temperatura sentida pela cúpula do partido, o pedido seria rejeitado.

CPI

Preso em sua casa, em São Paulo, Vaccari nega qualquer envolvimento no esquema de corrupção que atingiu a Petrobras. No último dia 9, o tesoureiro foi ouvido pela CPI da Petrobras na Câmara.

No depoimento, defendeu doações que o partido recebeu de empresas investigadas pela Lava Jato e admitiu ter se encontrado com operadores do esquema, mas evitou explicar os contatos.

A avaliação do comando do PT foi a de que, mesmo nervoso, Vaccari conseguiu responder a todas as perguntas e teve um desempenho "satisfatório na medida do possível."

15/04/2015

Charge





 

Sponholz


O vídeo que garantiu a indicação do advogado Luiz Fachin para a vaga de Joaquim Barbosa no STF


Trechos do vídeo:

“Apoiamos Dilma para prosseguirmos juntos na construção de um país capaz de um crescimento econômico que signifique desenvolvimento para todos, que preserve os bens naturais. Um país socialmente justo que continue acelerando a inclusão social e que consolide, soberano, sua nova posição no cenário internacional. Um país que priorize a educação, a cultura, a sustentabilidade e a erradicação da miséria. Um país que preserve sua dignidade reconquistada. O governo que queremos é o governo que preservou as instituições democráticas e jamais transigiu com o autoritarismo. Um governo que não tentou, casuisticamente, alterar a Constituição para buscar um novo mandato”.

“Um governo que sempre escolheu para chefe do Ministério Público Federal o primeiro da lista tríplice elaborada pela categoria e não alguém de seu convívio ou conivência. Um governo que reestruturou a Polícia Federal, a Defensoria Pública, que apoiou a criação do importante Conselho Nacional de Justiça e a ampliação da democratização das instituições judiciais. Nestes últimos anos, a liberdade de manifestação de ideias fluiu no país. Não houve um ato sequer do governo que limitasse a expressão do pensamento em sua plenitude, e essas são as liberdades que devem ser mantidas”.

“Muito mais que uma candidatura, o que está em jogo é o que foi conquistado. Por isso tudo, declaramos em conjunto o apoio a Dilma Rousseff. É hora de unir nossas forças no segundo turno para garantir as conquistas e continuarmos na direção de uma sociedade justa, soberana e solidária”.

15.04.2015


No centro de São Paulo, militantes do PT ouvem o que o povo pensa

Por Augusto Nunes

Nesta terça-feira, dia em que a Polícia Federal preparava a prisão do tesoureiro petista João Vaccari Neto, milicianos do partido que virou bando tiveram a má ideia de desfraldar bandeiras vermelhas nas imediações do Teatro Municipal, na capital paulista, e começar a distribuir panfletos atribuindo a crise da água ao governador Geraldo Alckmin. Lula repete há anos que o Brasil é dividido entre “eles” e “nós”.

O chefe da seita está começando a colher o que plantou.





15/04/2015


Com Vaccari preso, oposição fala em 'PT na cadeia'. E o partido ataca Justiça


Petistas fazem reunião de emergência para discutir o caso, e chegam a falar em 'prisão política'.

Opositores dizem que partido virou uma lavanderia


Por Laryssa Borges e Gabriel Castro,
de Brasília
Veja.com


O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto(Luis Macedo / Câmara dos Deputados/Divulgação)

Depois de ter desqualificado o Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, tratando como heróis próceres do partido condenados por corrupção, o PT voltou a adotar nesta quarta-feira o conveniente discurso de que seria "vítima" de forças políticas que alega estarem interessadas em destruir a imagem do partido. Apesar dos fartos indícios de que o tesoureiro petista João Vaccari Neto recebeu milhões em propina no escândalo do petrolão, a sigla insiste em dizer que todas as doações do partido são legais. E mais: o líder do partido na Câmara dos Deputados, Sibá Machado (PT-AC), o mesmo que chegou a atribuir à CIA uma suposta campanha de enfraquecimento de governos sul-americanos, disse hoje que a prisão do correligionário é "política".

"Eu acho que a prisão é política. Temos uma posição muito clara sobre Vaccari. Ele não fez nenhum tipo de arrecadação fora do que determina a lei brasileira. Estamos extremamente desconfiados de que há uma orientação deliberada nessas delações premiadas para prejudicar o PT", disse Machado.

Depois da prisão de João Vaccari Neto, determinada pelo juiz Sergio Moro, parte da Executiva do PT fez uma reunião de emergência nesta quarta para discutir a situação do tesoureiro. Para evitar interpretações de que o partido está "acuado" diante das sucessivas denúncias de corrupção descobertas na Operação Lava Jato, o PT manteve, por enquanto, a reunião da Executiva Nacional agendada para esta quinta-feira em São Paulo. A sigla ainda discute em que termos vai se manifestar oficialmente sobre a prisão.

No Congresso, a maior parte dos petistas evitou comentar publicamente os motivos que levaram à prisão de Vaccari, apontado pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco como o destinatário de até 200 milhões de dólares em propina. "Não tenho informação suficiente para fazer um julgamento de se a prisão cabia ou não cabia. Até o momento contra várias coisas que foram alegadas não foram apresentadas provas, mas não sabemos o que a justiça, a Polícia Federal e o Ministério Público têm", limitou-se a comentar o líder do PT no Senado Humberto Costa (PT-PE).

O relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ), disse ao site de VEJA que a prisão de Vaccari não deve ter influência sobre as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito. "A CPI vai continuar na sua dinâmica e no seu planejamento", diz ele. Mas, na prática, deve aumentar a pressão por uma acareação entre Vaccari e os delatores do esquema.

Luiz Sérgio também reconheceu que a prisão constrange o partido, embora critique a condução das investigações da Lava Jato. "Qualquer prisão cria evidentemente um constrangimento. Mas a informação que eu tenho é de que foi uma prisão temporária, por cinco dias, para aprofundar as investigações. A lógica que nós tínhamos visto até então é que se apurava e, com base na apuração, prendia. Agora nós estamos vendo uma inversão. Prende para depois apurar".

Indagado sobre a necessidade de afastamento de Vaccari do partido, Luiz Sérgio reconheceu que isso deve acontecer. "O acontecimento de hoje evidentemente cria uma dificuldade muito grande para ele", afirmou o petista.

Entre os partidos oposicionistas, a avaliação é de que a prisão do tesoureiro petista reforça a tese que o PT, depois de ter amargado desgaste com as falcatruas do ex-tesoureiro Delúbio Soares, condenado no julgamento do mensalão, utilizou doações eleitorais por meio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para lavar dinheiro da propina do petrolão. Em sua sugestão de pacote anticorrupção, o Ministério Público defende a possibilidade de extinção de siglas políticas que corriqueiramente tenham se abastecido de dinheiro resultado de crime.

Para o líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (RJ), a prisão de Vaccari comprova "que o mensalão foi o protótipo do petrolão, dois esquemas de corrupção criados para drenar dinheiro público para os cofres do PT com o objetivo de financiar o projeto partidário em detrimento dos interesses do país".

"O PT transformou a Justiça Eleitoral em lavanderia. É o segundo tesoureiro preso por envolvimento em corrupção", disse o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). "O PT não tem credencias de partido político, e sim de lavanderia. O partido é reincidente ao ter o tesoureiro Vaccari, sucessor de Delúbio Soares, flagrado e preso por arrecadar dinheiro desviado de empresas públicas para alimentar suas campanhas e encher os bolsos de seus dirigentes", completou o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Para Caiado, a reincidência de irregularidades no alto escalão do PT já seria suficiente para que a sigla pudesse perder o registro eleitoral. "Diante desse cenário, tudo caminha para que o PT perca o registro de partido político. E, comprovado que a presidente Dilma foi beneficiada por esse esquema em suas campanhas, será mais que suficiente para ela perder o mandato por corrupção", afirmou.

"A prisão do tesoureiro do PT, mantido na função, não pode deixar de ser vista como a prisão preventiva do próprio PT", disse o presidente do Democratas José Agripino. "A máxima do dia é que mentira tem perna curta. Vaccari foi preso menos de uma semana depois de mentir descaradamente na CPI da Petrobras", declarou o líder do DEM na Câmara Mendonça Filho (DEM-PE). "A prisão do tesoureiro representa o PT na cadeia. Prisão preventiva é assunto sério e sinaliza que solto ele poderia atrapalhar as investigações e apagar os rastros da roubalheira comandada pelo PT não só na Petrobras, mas em outros setores do governo", afirmou o líder do PPS na Câmara Rubens Bueno.

15/04/2015

Tesoureiro do PT João Vaccari Neto é preso em SP



Ele já chegou a Curitiba, numa nova fase da Lava-Jato; mulher de Vaccari prestou depoimento e cunhada tem mandado de prisão temporári
a

Por Renato Onofre, Tatiana Farah
e Thaís Skodowski
(especial para O GLOBO)
 

Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, na CPI da Petrobras
Ailton de Freitas / Agência O Globo

SÃO PAULO e CURITIBA - O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi preso nesta quarta-feira na 12ª fase da Operação Lava-Jato. Vaccari foi preso em sua casa em São Paulo por volta das 6h e chegou à superintendência da PF em Curitiba por volta do meio-dia. A mulher de Vaccari, Giselda Rousie de Lima, foi ouvida na própria residência do casal, num mandado de condução coercitiva (quando a pessoa obrigatoriamente depõe). A cunhada do tesoureiro Marice Correa de Lima teve um mandado de prisão temporária emitido contra ela, mas ainda não foi localizada, informou a PF numa coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira em Curitiba. Os procuradores do MPF dizem que se ela não for localizada, pode ter a prisão temporária transformada em preventiva (por tempo indeterminado).

Em despacho, o juiz Sergio Moro - da 13ª Vara Federal de Curitiba - justificou a detenção do tesoureiro do PT alegando que “a manutenção dele em liberdade ainda oferece um risco especial pois as informações disponíveis na data desta decisão são no sentido de que João Vaccari Neto, mesmo após o oferecimento contra ele de ação penal pelo Ministério Público Federal em 16/03/2015, remanesce no cargo de tesoureiro do Partido dos Trabalhadores”.

Os investigadores detectaram vários depósitos suspeitos nas contas da mulher, da cunhada e da filha de Vaccari o que, segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, são indícios de “lavagem de dinheiro”. Dois apartamentos _ um em nome da cunhada e outro em nome da filha de Vaccari _ foram citados como parte do esquema.

Além dos mandatos de prisão temporária, preventiva e condução coercitiva, um mandado de busca e apreensão foi cumprido nas residências de Vaccari e de Marice, as duas em São Paulo. Em março, a Justiça Federal havia aceitado denúncia do Ministério Público Federal e Vaccari se tornou réu sob a acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A Justiça determinou a quebra de sigilo bancário e telefônico de Vaccari e suas mulher, filha e cunhada.


A PF e o Ministério Público do Paraná apresentaram depósitos bancários suspeitos feitos em nome de Nayara de Lima Vaccari, de 27 anos, a filha do casal . De acordo com relatório da Receita Federal encaminhado à Força-Tarefa da Lava-Jato, foi detectado um significativo aumento patrimonial entre 2009 e 2014 de Nayara, que é médica. Neste mesmo período, a filha de Vaccari não declarou nenhum rendimento à exceção de uma bolsa de residente em Medicina por dois anos. De acordo com a RF, o patrimônio da médica cresceu de R$ 240 mil para mais de R$ 1 milhão no final de 2013.

A casa de Vaccari, no bairro de Moema, na Zona Sul de São Paulo, permaneceu fechada desde a prisão do ex-tesoureiro do PT. A família recebeu a visita apenas de Nayara, por volta das 8h. Os vizinhos falam que o casal é bastante discreto e se mudou para a casa há cerca de quatro anos. O ex-tesoureiro não teria apresentado resistência à prisão.




Marice, a cunhada de Vaccari, ainda não foi localizada mas, segundo os investigadores, já sabe do mandado de prisão temporária.


Os investigadores citaram a compra de um apartamento por Marice de R$ 200 mil em São Paulo, que foi revendido à construtora OAS por R$ 480 mil. Mais tarde, segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, o mesmo imóvel foi vendido novamente pela OAS por menos de R$ 400 mil o que, segundo ele, “é uma operação suspeita (...) típica de lavagem de dinheiro”.

Outro apartamento, em nome da filha da Vaccari, também foi citado pelos investigadores. Segundo eles, Nayara não tem recursos para realizar a transação. Esses apartamentos já apareciam nas investigações do Ministério Público Estadual de São Paulo relacionadas à gestão de Vaccari na Cooperativa do Bancários de São Paulo (Bancoop). E agora também fazem parte das investigações da Lava-Jato.

— A posição de João Vaccari é muito semelhante à de Alberto Youssef (doleiro) porque ele é um operador de um partido político num esquema da Petrobras — declarou Carlos Fernando dos Santos Lima.

O PT convocou uma reunião para esta quinta-feira sobre a prisão de Vaccari.

BANCOOP e GRÁFICA

Irregularidades cometidas pelo tesoureiro do PT na época em que foi presidente da Cooperativa do Bancários de São Paulo (Bancoop), de 2004 a 2010, foram apontadas pelo Ministério Público Federal (MPF) como uma das razões que levaram o juiz Sérgio Moro a decretar a prisão preventiva do dirigente petista.

A Força Tarefa da Operação Lava-Jato também suspeita que a gráfica Atitude, de São Paulo, usada para produzir materiais para a primeira campanha da presidente Dilma Rousseff foi usada pelo tesoureiro do PT para lavar dinheiro desviado da Petrobras. Contribuíram ainda para a prisão movimentações suspeitas feitas pela família do tesoureiro.

BARUSCO E YOUSSEF APONTARAM ESQUEMA

O ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco, que também é investigado pela Justiça, afirmou em delação premiada que Vaccari recebeu cerca de R$ 200 milhões em nome do PT no esquema investigado pela Lava-Jato. As apurações da PF apontam que as propinas eram pagas por empreiteiras que firmavam contratos com a petroleira.

Segundo depoimento do doleiro Alberto Youssef, R$ 400 mil desviados pelo esquema de corrupção na Petrobras foram depositados na conta de Giselda, em 2008. Uma planilha apreendida pela Polícia Federal, no ano passado, indicou que Marice Correa de Lima também recebeu dinheiro de Youssef: cerca de R$ 244 mil, que viriam de propina da construtora OAS.

Na última sexta-feira, em depoimento à CPI da Petrobras, o ex-tesoureiro do PT deu respostas evasivas e repetidas para defender a legalidade das doações eleitorais recebidas pelo partido e negou ter tratado sobre finanças do PT com o doleiro Alberto Youssef e ex-gerente da estatal Pedro Barusco. Os dois são delatores da Operação Lava-Jato e o acusam de ter recebido recursos decorrente de propinas pagas por empreiteiras contratadas pela Petrobras.

No depoimento, Vaccari, no entanto, admitiu ter se encontrado com operadores do esquema de corrupção descoberto na estatal, mas evitou explicar os contatos. Na chegada de Vaccari à sala para depor na CPI, um homem abriu uma caixa e soltou ratos dentro do plenário. O homem foi detido pela Polícia Legislativa e os animais, capturados.

Delatores da Lava Jato afirmaram que Vaccari era encarregado de recolher propina cobrada pela diretoria de Serviços da Petrobras. O diretor na época era Renato Duque, que tinha o ex-gerente Pedro Barusco como subordinado.

Barusco, que decidiu colaborar com as investigações, disse que parte da propina ficava com ele e outra parte ia para o PT. Em depoimento à CPI da Petrobras, o ex-gerente disse que ele e Duque se reuniam com Vaccari em hotéis para tratar da propina.

A Operação Lava -Jato foi deflagrada pela PF em março e 2014 e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A última fase da operação foi deflagrada na última sexta-feira e prendeu sete pessoas. Entre elas três ex-deputados federais: André Vargas, Luiz Argôlo (SDD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE).



15/04/2015

‘Pela primeira vez, o tesoureiro do partido que governa o país está preso’, diz Aécio



Eduardo Cunha também se pronunciou e afirmou que ‘só cabe assistir e lamentar’

Por Maria Lima e Isabel Braga

O Globo

BRASÍLIA - O senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, comentou a prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, nesta quarta-feira. O parlamentar afirmou que o partido virou refém do medo de tirar Vaccari do partido:

— Hoje eu reitero a mesma pergunta que eu fiz à presidente Dilma nos últimos debates (da campanha eleitoral).

Presidente, a senhora continua confiando no tesoureiro do seu partido que hoje está preso?


O que mais me chama atenção é que o PT se fragilizou tanto que virou refém do medo de tirar Vaccari do partido.

A história vai registrar que, pela primeira vez, o tesoureiro do partido que governa o país está preso.

Será que ele vai continuar despachando da prisão? - disse Aécio ao chegar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.


O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, também comentou a prisão:

— Ele já está sendo denunciado, já era réu numa ação penal, já esteve na CPI. Acho que esse é um problema que está sendo discutido no Poder Judiciário. A gente só cabe assistir e lamentar. Vamos ver no que vai dar - disse Cunha.


15/04/2015

Lava Jato encontra ‘depósitos picados’ na conta da mulher do tesoureiro do PT


Analistas do Ministério Público Federal identificaram repasses que somaram R$ 322 mil em favor de Giselda Rousie de Lima




Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba,
Fausto Macedo e Julia Affonso
Estadão

A força-tarefa da Operação Lava Jato – investigação sobre corrupção na Petrobrás – identificou depósitos ‘picados’, no limite próximo de R$ 10 mil, que somaram R$ 322,9 mil em conta da mulher do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Em um único dia, 12 de dezembro de 2013, Giselda Rousie de Lima recebeu em conta cinco depósitos, quatro deles no valor de R$ 2 mil e um de R$ 1.500.


O rastreamento bancário de Giselda pegou o período entre 1.º de julho de 2006 e 18 de dezembro de 2014.

Contra a mulher do tesoureiro a Justiça Federal expediu mandado de condução coercitiva, mas na manhã desta quarta feira, 15, policiais federais tomaram seu depoimento na própria residência dos Vaccari, em São Paulo. Giselda não precisou ser levada para depor na Polícia Federal.




Trechos de pedido de prisão de Vaccari que fala de sua mulher, Giselda

Os analistas do Ministério Público verificaram operações de depósitos bancários ocorridas com “características de fracionamento” ou em valores próximos ao limite de identificação da operação pela instituição bancária – a Circular 3461/09, do Banco Central, estabelece que os bancos devem identificar transações realizadas com uma mesma pessoa que superem a quantia de R$ 10 mil.

“Em que pese a estruturação de depósitos não seja por si só ilícita, trata-se de
expediente comum na lavagem de capitais”, registrou o MPF.

Em 2008, os depósitos fracionados na conta da mulher do tesoureiro do PT bateram em R$ 16 mil. Já em 2011, saltaram para R$109,1 mil.Em 2014, ano que estourou a Operação Lava Jato, os ‘picados’ abasteceram em R$ 31,5 mil a conta de Giselda.

Além dos depósitos fatiados’, os peritos do Ministério Público Federal constataram, a partir da quebra do sigilo bancário, que caíram na conta da mulher do tesoureiro do PT repasses superiores a R$ 10 mil, também em dinheiro, que somaram R$ 260,5 mil, entre 19 de setembro de 2008 e 29 de outubro de 2012.


15 de abril de 2015