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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Dilma perdoou dívida de países africanos de olho em 2014


Reportagem de VEJA desta semana mostra que, por trás de presente de US$ 840 milhões, está a necessidade de ajudar empreiteiras amigas do governo

Otávio Cabral
 

Dilma entre os governantes africanos: dívida de 840 milhões de dólares perdoada (Roberto Stuckert Filho)

Na comemoração dos cinquenta anos da fudação da União Africana, realizada na semana passada na Etiópia, a presidente Dilma Rousseff deu aos anfitriões um presentão de 840 milhões de dólares. O valor equivale ao total da dívida que doze países do continente haviam contraído com o Brasil e que a partir de agora não terão mais de se preocupar em pagar. O governo brasileiro os perdoou.

Foi o pragmatismo eleitoral, mais do que a solidariedade aos povos sofredores, que orientou a decisão da presidente Dilma de perdoar a dívida dos países africanos. A questão é que empreiteiras, mineradoras e produtoras agrícolas que querem atuar nesses países com financiamento do BNDES (o órgão acaba de aprovar a criação de um escritório de representação na África do Sul). Ocorre que a legislação impede a concessão de benefícios a nações com dívidas atrasadas junto ao Brasil. Ao abrir mão da cobrança dos débitos, medida que ainda precisa ser aprovada pelo Senado, o governo pretende remover essa barreira – e deixar o caminho livre para as empresas amigas.

Para ler a continuação dessa reportagem compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet ou nas bancas.

Outros destaques de VEJA desta semana

‘Lulêu e Rosiêta’, um cordel de Fred Crux


 Feira Livre

Por Augusto Nunes



LULÊU E ROSIÊTA

FRED CRUX

(um romance à brasileira)

1
No Reino do Bananal,
um país meio aloprado,
surgiu um dia um casal
que já estava fadado
a fazer parte da história
se bem que sem muita glória.
Corrijam se estou errado.

2
Eu vou contar a vocês
como tudo começou:
ele era o antiburguês
e assim que iniciou
carreira sindicalista
se tornou mero fascista
com tendência a ditador

3
Falava em qualquer comício
como um sujeito decente
e sem muito sacrifício
enganava toda a gente.
Sua cultura raquítica,
como convém na política,
começava a ganhar frente.

4
Fundou partido operário,
bem vermelho e revoltado,
que lutava por salário
do tal proletariado
mas que no fundo almejava
o poder, que só teimava
em ir para o outro lado.

5
Convenceu a classe média
que ele era a salvação
e seria uma tragédia
se perdesse a eleição.
Candidato derrotado,
repetia este seu fado
sem perder a direção.

6
Até que um dia se elege
e aí começa o drama
pois logo tornou-se herege,
deitou na fama e na cama,
meteu os pés pelos pés,
distribuiu capilés
e espojou-se na lama

7
E logo entornou a pipa,
reformou toda a “fachada”,
arrumou-se com uma “tipa”
que de “besta” não tem nada.
Uma tal de Rosemary
que morde, agrada e não fere
feito bichinha assanhada.

8
Essa dona, com prazer,
conquistou o manda-chuva
infiltrou-se no poder.
De tamarindo fez uva,
passou a mandar em tudo.
Conquistado o casacudo
lhe dava tapa de luva.

9
Viajou muito à vontade
por dezenas de países
no lugar da titular
e foi criando raízes.
Na cabine do avião,
ela jogava um bolão,
não deixava cicatrizes

10
E o presidente abobado
fazia todo o seu gosto.
Entregou-lhe o seu reinado,
mostrou-se muito disposto
a fazer qualquer benesse.
O que dona Rose quisesse,
cumpriria sem desgosto.

11
O Cara foi se enredando
com Rosemary, afinal
que um belo dia acordando
leu de pronto no jornal
A tramóia descoberta
a intimidade aberta
foi tombo descomunal

12
O choque foi tão agudo
que o papagaio falante
se tornou bicho trombudo
e naquele mesmo instante
teve horror a microfone,
desligou o telefone
e na hora ficou mudo

13
Hoje faz mais de seis meses
que Lula, rei da mentira,
escondeu-se dos fregueses,
camuflou a “pomba-gira”,
não quis mais um holofote,
apagou o seu archote
e multiplicou sua ira.
Rosemary, esse mistério
ninguém sabe se está viva
ou em algum ministério
fazendo uma tentativa
de esconder da polícia
toda aquela imundícia
que tramou quando era ativa.

14
O ex-presidente, então,
que já foi um poderoso,
fechou o seu matulão.
Boca-de-siri manhoso,
não fala nada de nada
camuflando a sua “fada”,
se escondendo do seu povo

15
Então, seu ex-presidente,
escolha agora o caminho.
Assuma o caso pendente
e abrace o seu espinho
porque já cheirou a Rosa,
que um dia foi formosa
e ainda quer seu carinho.

16
E que os dois, abraçados,
paguem pelo desmantelo
junto com os apaniguados.
Que desenrolem o novelo
de toda essa trambicagem.
É esta a minha mensagem
do nosso povo é o apelo !

31/05/2013

PIB, um fracasso anunciado


Mais que um tropeço, o fraco desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre, com expansão de 0,6% em relação aos três meses anteriores, é um péssimo prenúncio

O Estado de S.Paulo

Se o ritmo for mantido, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentará apenas 2,4% neste ano, menos que nos primeiros 12 meses de governo da presidente Dilma Rousseff.

A cúpula federal havia decidido, segundo informou o Estado na terça-feira, batalhar por um crescimento de pelo menos 2,7%, igual ao de 2011 - algo parecido com uma questão de honra.

Pelos números divulgados na quarta-feira, a luta por esse objetivo será mais dura do que devem ter imaginado, poucos dias atrás, os formuladores da política econômica.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, referiu-se ao ritmo atual de atividade como equivalente a 2,2% ao ano, ao comentar os novos números das contas nacionais.

Pelo menos o investimento cresceu vigorosamente e isso aponta maior capacidade de produção nos próximos tempos, podem argumentar as autoridades. O volume de recursos destinado à compra de máquinas e equipamentos, à construção civil e a obras de infraestrutura foi 4,6% maior que o do trimestre final de 2012. Isso é consequência, segundo o ministro da Fazenda, dos estímulos proporcionados pela política oficial. Mas o aumento indicado pelos novos números nem sequer compensou a forte retração do ano anterior.

O total investido ficou 3% acima do contabilizado um ano antes, mas a comparação entre períodos de 12 meses ainda acusa uma redução de 2,8%. Além disso, o País investiu no primeiro trimestre apenas 18,4% do PIB.

Nos primeiros três meses do ano passado essa taxa havia ficado em 18,7%. Qualquer das duas taxas é muito inferior àquela fixada pelo governo como objetivo para os próximos anos, algo em torno de 24%.

Vários países emergentes, incluídos alguns latino-americanos, investem a cada ano pelo menos o equivalente a 25% do PIB. Na Ásia são encontradas taxas acima de 30%.

Além disso, o Brasil tornou-se mais dependente do capital externo para investir, porque a poupança interna caiu de 15,7% do PIB no primeiro trimestre de 2012 para 14,1% um ano depois.

Todos conhecem a explicação: o governo continua gastando em custeio mais do que deve e dificultando a formação da poupança nacional.

O ministro procurou também enfeitar os números muito ruins do amplo setor industrial. A queda de 0,3% em relação ao trimestre final de 2012, afirmou, resultou basicamente do recuo de 2,1% da mineração. A indústria de transformação, acrescentou, produziu mais que nos três meses anteriores.

As duas afirmações são verdadeiras, mas o trabalho de maquiagem foi inútil.

De fato, o produto da indústria de transformação cresceu, mas apenas 0,3%, e ainda foi 1,4% inferior ao de um ano antes.

Um dia antes a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) havia divulgado suas novas projeções para o ano: o crescimento do PIB foi revisto de 3% para 2,5%; o da indústria de transformação, de 2,4% para 1,9%; o da construção civil, de 3,3% para 1,9%; o dos serviços, de 3% para 2,7%; e o da agropecuária, de 3,4% para 3,7%.

A fraqueza da economia brasileira é visível de longe. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por economias desenvolvidas e algumas emergentes com histórico de boas políticas, cortou para 2,9% em 2013 e 3,5% em 2014 o crescimento estimado para o Brasil. As projeções feitas no fim de 2012 eram de 4% e 4,1%.

Não há novos estímulos na agenda, disse o ministro Mantega.

É uma boa notícia, diante do fracasso previsível das medidas já adotadas, um conjunto de incentivos improvisados.

Beneficiaram alguns setores, pouco ajudaram o conjunto da produção e agravaram a situação das contas públicas. Sem mais estímulos desse tipo, o governo terá uma oportunidade para agir mais seriamente, controlando seus gastos, contribuindo para o combate à inflação e cuidando com mais eficiência dos problemas de competitividade. Mas é preciso ser muito otimista para apostar nessa mudança.

31 de maio de 2013

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Em dia de 'Pibinho' e decisão sobre juros, dólar vai a R$ 2,11 e Bovespa tem forte queda

 Ibovespa recua com perdas nas ações de empresas que dependem do crescimento do consumo

Moeda americana dispara após ministro Mantega declarar que real desvalorizado não preocupa o governo
  Alta da moeda americana coloca mais pressão sobre o Copom, que decide hoje o nível da taxa básica de juros.
Bolsa paulista recua com fraco desempenho do PIB no 1º trimestre; ações de varejistas e construtoras caem
Dólar sobe a R$ 2,11 e Bolsa tomba com PIB abaixo do esperado

Bruno Villas Bôas
o globo

RIO — O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) abaixo do esperado no primeiro trimestre provoca um curto-circuito no mercado financeiro brasileiro nesta quarta-feira.

O dólar comercial disparou e está sendo negociado próximo de R$ 2,11 e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) apresenta a maior baixa entre os principais índices de ações pelo mundo.

O dólar comercial subia 1,73%, cotado a R$ 2,108 na compra e R$ 2,110 na venda, por volta das 16h30m, no quatro pregão seguido de valorização.

Operadores pressionam a taxa na expectativa de uma intervenção do Banco Central (BC), o que ainda não ocorreu.

O avanço se intensificou após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmar que o real mais fraco não preocupa e o estimularia as exportações brasileiras, ao comentar o resultado do PIB.

Já o Ibovespa, principal índice de ações do país, recuava 2,12%, aos 54.846 pontos, com R$ 5,7 bilhões em volume de negócios.

No pior momento do pregão, o índice chegou a tombar 2,20%, puxado pelas perdas dos papéis de empresas que dependem da economia interna para crescer, como varejistas e construtoras.

O IBGE divulgou nesta quarta-feira que o PIB brasileiro cresceu 0,6% no primeiro trimestre deste ano, em relação aos três meses anteriores.

O resultado foi abaixo do esperado por economistas do mercado financeiro, que previam uma alta de 0,9% da economia. O crescimento do consumo foi afetado pelo avanço da inflação no período.

No mercado de câmbio, a valorização do dólar frente ao real é a maior entre as 16 principais moedas acompanhadas pela Bloomberg News, superando a de outros emergentes como uon sul-coreano (+0,54%), o rand sul-africano (+0,33%) e o peso mexicano (+0,11%).

Para quem pretende viajar, a moeda americana no mercado turismo fechou o dia vendida a R$ 2,22 nas casas de câmbio do Rio, em média, segundo acompanhamento da consultoria CMA.

Além das declarações do ministro da Fazenda, os dealers de câmbio testam a tolerância do Banco Central para uma moeda mais valorizada, o que poderia gerar mais inflação.

No começo do ano, esse teto informal da moeda era de R$ 2,05. O mercado vê agora um teto de R$ 2,10, o que tem limitado uma alta ainda maior nesta quarta-feira.

— Os operadores estão puxando a cotação para cima e aguardam que, em algum momento, o BC faça uma intervenção no mercado e estabeleça, assim, um novo limite para a moeda.

E isso pode acontecer hoje ou nos próximos dias — explica Mario Battistel, diretor da mesa de câmbio da Fair Corretora.

Na sexta-feira, o BC vai formar a taxa de câmbio chamada ptax, usada por exportadores e importadores para pagamento de contratos.

Informalmente existiria um acordo para que o BC não fazer intervenções no mercado antes da formação dessa taxa, o que ocorre às 13h, para não beneficiar nenhum lado na queda de braço pela taxa.

— O mercado fica na expectativa de que, depois das 13h, o BC faça uma intervenção. Mas, na sexta-feira, como muitas empresas vão emendar o feriado de quinta-feira, talvez isso não aconteça — disse um operador, que pediu para não ser identificado.

Além da declaração de Mantega e do movimento técnico, o dólar avança nesta quarta-feira seguindo uma tendência do mercado internacional, onde operadores especulam sobre uma possível redução do programa de recompra de títulos públicos nos EUA pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).
Mercado coloca em dúvida modelo de crescimento do governo

Com o temor da retiradas dos estímulos nos EUA, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, opera em baixa de 0,58%. O Nasdaq, termômetro do setor de tecnologia, registra perda 0,58%. Mais cedo, os mercados europeus também tiveram um pregão de pesadas perdas.

O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, caiu 1,99%; o CAC 40, de Paris, recuou 1,89%. E o DAX, da Bolsa de Frankfurt, teve perdas de 1,70%.

Segundo Maurício Pedrosa, da Queluz Asset Management, os investidores vendem fortemente ações de empresa dependentes do mercado doméstico do país, como varejistas e construtoras, após o fraco resultado do PIB brasileiro.

— O fato é que o modelo de crescimento do governo não está funcionando. A tolerância com a inflação mais alta não permitiu um crescimento maior da economia, pelo contrário.

O governo não está entregando. E esse câmbio mais alto vai pressionar ainda mais a inflação — disse Pedrosa. — Isso afeta o humor dos investidores, inclusive estrangeiros, que vendem ações e deixam o país.

Entre os destaques de perdas do Ibovespa estão ações de empresas varejistas, como Hering ON (-4,43%, a R$ 39,47), B2W Digital ON (-3,96%, a R$ 11,13) e Natura ON (-2,55%, a R$ 5150). É o setor mais sensível ao crescimento do país e que sustenta o desempenho do mercado de ações brasileiro desde o ano passado.

Também são destaque de perdas construtoras como a Brookfield ON (-3,57%, a R$ 1,89) e Rossi ON (-2,80%, a R$ 3,81). O PIB revelou que A indústria de construção civil também apresentou queda (1,3%) na comparação com o mesmo período de 2012.

Somente as ações da incorporadora Gafisa estão na contramão, em alta de 3,51%, com os rumores de que a companhia pode vender a subsidiária de loteamentos Alphaville Urbanismo.

Entre os maiores vendedores líquidos de ações do pregão estão clientes de corretoras normalmente associadas às pessoas físicas: Concórdia e XP Investimentos.

Os clientes de dois grandes bancos de investimentos aproveitam a baixa para comprar: Merrill Lynch e BTG Pactual, também considerando o saldo líquido das operações.

 29/05/13


Bolsa Família calça de 300 reais - Paródia


E agora? Com a Caixa e o governo admitindo “erro” na confusão do Bolsa Família, a ministra Maria do Rosário deveria pedir demissão, Rui Falcão deveria pedir desculpas — e por aí vai. Alguém acredita nisso?


Por Ricardo Setti

Rui Falcão, presidente do PT, e Maria do Rosário, ministra de Direitos Humanos: nada de desculpas nem de demissão (Fotos: Ricardo Weg / PT :: Marcelo Camargo / ABr)

De forma absolutamente irresponsável, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, acusou uma inexistente “central de boatos da oposição” pelo princípio de pânico e corrida a aos caixas eletrônicos de milhares de beneficiários do Bolsa Família no sábado, 18.

O inefável Rui Falcão, presidente nacional do PT, enxergou “terrorismo eleitoral” nos fatos, mirando igualmente, da mesma forma leviana e irresponsável, a oposição.

Lula, que não sossega a língua, atribuiu a coisa a “gente do mal”, enquanto o ministro da Justiça mencionava, sem contudo apontar culpados, uma suposta “manobra orquestrada”.

E, no entanto, como se viu, tudo se deveu a um “erro” da Caixa Econômica Federal, admitido e explicado pelo próprio presidente da entidade, Jorge Hereda, que teve a dignidade de também pedir desculpas.

Num país decente, numa democracia que se preze, a ministra Maria do Rosário deveria pegar seu boné e ir para a casa. Uma acusação absurda e infundada — mesmo que mal e canhestramente retificada depois — é motivo mais do que suficiente para, uma vez desmentida pelo próprio governo a que pertence, um integrante da equipe ir embora.

Somos, porém, uma República sem-vergonha, e a ministra está lá, feliz e lampeira, como se nada tivesse ocorrido.

Igualmente um dos luminares estalinistas do lulopetismo, Rui Falcão, agora finge que não é com ele a declaração de “terrorismo eleitoral”. Não dá um pio, e mais dia menos dia vai incidir no mesmo tipo de leviandade, hábito que se acentuou depois que assumiu o atual cargo, há pouco mais de dois anos.

Quem se houve bem no episódio foi a presidente Dilma Rousseff: fez com que gente do governo parasse de falar publicamente em conspiração, pediu uma apuração dos fatos e chamou o presidente da Caixa Econômica para uma conversa em que ficou clara a responsabilidade do próprio governo no episódio. É verdade que a presidente, enquanto imaginou que a origem de tudo fora um boato, classificou-o como “desumano e criminoso”, mas não chegou a insinuar responsabilidades.

Mais duas perguntinhas só:


1) Lula disse que a corrida aos caixas se deveu a ação praticada por “gente do mal”? Estaria se referindo ao presidente da Caixa? Ou a quem mais no governo?

2) O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, terá detectado uma “manobra orquestrada” da qual ele mesmo fez parte (leia abaixo)?

Confiram agora reportagem do Estadão mostrando quem de fato errou no episódio:
CAIXA E GOVERNO ADMITEM “ERRO” AO OMITIR PAGAMENTO ANTECIPADO DO BOLSA FAMÍLIA

Anne Warth e Ricardo Della Coletta / Brasília

O governo federal disse nesta segunda-feira, 27, que errou ao tratar publicamente dos boatos sobre o fim do Bolsa Família que levaram milhares de pessoas a caixas eletrônicos dez dias atrás.

Integrantes da gestão Dilma Rousseff admitiram que seguraram por pelo menos quatro dias a informação segundo a qual os recursos do programa social foram liberados para saque na véspera da corrida aos bancos iniciada no dia 18.

Entre segunda-feira, dia 20, e sexta-feira, dia 24, a versão oficial dava conta de que a liberação do benefício havia ocorrido só após o início dos tumultos em agências bancárias da Caixa Econômica Federal, responsável por distribuir as verbas.

Nesse período, integrantes do governo Dilma classificaram os boatos como uma “ação orquestrada”.

A ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário, chegou a falar em uma “central de boatos da oposição”.

Após quatro dias a Caixa divulgou nota confirmando que a liberação havia, sim, sido feita no dia 17.

Nesta segunda-feira, 27, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, admitiram que sabiam já naquela segunda-feira do dia 20 que o banco havia antecipado a liberação dos recursos.

Hereda disse, em uma entrevista concedida após Dilma pedir que ele desse um esclarecimento público, que a primeira versão oficial se tratou de um “erro”.

A Caixa nega, porém, que a liberação excepcional de recursos do Bolsa Família na véspera tenha motivado os boatos sobre o fim do benefício e causado a corrida aos caixas eletrônicos. Já a oposição diz que esse pode, sim, ter sido o motivo do pânico.

Questionado sobre o motivo de ter levado quatro dias para confirmar a informação, Hereda disse que ordenou, ainda na segunda-feira, que fosse feito um levantamento completo sobre o ocorrido, que teria levado uma semana para ser concluído.

“Eu sou presidente de um banco e não vou a público apenas com parte da informação”, afirmou Hereda. “Essa imprecisão só se justifica pelo momento que a gente estava vivendo e eu peço desculpas pelo engano na manifestação”.

Já o vice-presidente de Governo do banco, José Urbano, disse que não houve demora. “Se três dias é muito tempo, é uma questão de opinião.”

Falhas.

Segundo a Caixa, desde março atualizações no sistema de beneficiários mostraram que cerca de 692 mil famílias possuíam mais de um cadastro, chamado de número NIS.

O banco decidiu eliminar a duplicidade e adotar apenas o número mais antigo para fazer o depósito.

Como o calendário de pagamentos segue a ordem do último número desse cadastro, o banco justificou a antecipação para evitar que algumas famílias tentassem sacar o benefício sem que ele estivesse liberado.

Mas, conforme Hereda, nenhum beneficiário foi avisado sobre essa liberação antecipada.

Segundo a Caixa, os beneficiários somente foram contatados a partir de segunda-feira, 20. Por SMS, 2,588 milhões de celulares, de usuários de 13 Estados, receberam às 20h a seguinte mensagem: “A Caixa informa: o Bolsa Família está sendo pago normalmente, de acordo com o calendário de pagamentos. Não acredite em boatos”.

Urbano negou também que a Caixa tenha deixado prosperar o boato de que o fim do Bolsa Família estivesse ligado à oposição. “Jamais iríamos tomar essa iniciativa de saber que houve um problema e deixar que ele continuasse acontecendo.”

O vice-presidente do banco disse que o boato ocorreu independentemente das ações da Caixa. “Ele aconteceu por um fator alheio à decisão, e pode ter se valido dessa decisão. A Polícia Federal vai investigar, mas esse não foi o fator motivador”, afirmou o dirigente da Caixa.

Dilma ficou preocupada com o impacto dos boatos sobre o fim do Bolsa Família, razão pela qual chamou Hereda na segunda-feira para uma reunião pela manhã.

Nesse encontro, pediu que o presidente da Caixa desse as explicações públicas.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criador do Bolsa Família, classificou nesta segunda os boatos sobre o fim do benefício como um “ato de vandalismo”.

Charge



https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/0/?ui=2&ik=4ef2d7894c&view=att&th=13eeb8f6c9a759da&attid=0.1&disp=inline&safe=1&zw&saduie=AG9B_P8dD-8IMGSXBnb_fTv7nBFe&sadet=1369797432872&sads=pti27WqwaUuCZ3iMLdwSUts-AI8&sadssc=1

o curral eleitoral

sponholz


terça-feira, 28 de maio de 2013

Vocês têm de ver isto e espalhar país afora para o debate: são 30 segundos que resumem o Brasil. A sociedade tem de fazer isso porque as oposições têm medo de falar com quem paga a conta!



Quero que vocês vejam este vídeo, bem curtinho. Esta senhora que fala aí é uma assistida do Bolsa Família lá de Fortaleza.

São só 30 segundos.

Mas eles resumem o Brasil que aí está e também apontam para um futuro — não muito promissor. Assistam. Volto em seguida.



Por Reinaldo Azevedo

          

Voltei


Escrevi ontem à noite um post sobre a irresponsabilidade dupla da Caixa Econômica Federal — que alterou o sistema de pagamento do Bolsa Família sem avisar ninguém e depois negou que o tivesse feito, sendo desmentida por reportagem da Folha — e das autoridades do governo federal, que saíram a acusar ou as oposições, caso de Maria do Rosário (a ministra dos Direitos Humanos, de inumana compreensão), ou um complô conspiracionista, sugerindo que, no fundo, seriam mesmo as oposições: José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça e aspirante a disputar o governo de São Paulo pelo PT, e Dilma Rousseff.

A governanta classificou a boataria sobre o Bolsa Família de “desumana e criminosa”. Tudo não passou de uma trapalhada da Caixa Econômica Federal, pela qual se desculpou Jorge Hereda, presidente da instituição.

Só desculpas?

Pois é… O que antes era “desumano e criminoso” não merecerá da soberana, pelo visto, nem mesmo um puxão de orelha. Cardozo continua em busca de um bode expiatório. Quem sabe apareça alguém para confessar, não é?, e se descubra, então, que ele é vizinho da tia da cabeleireira que vem a ser prima da cunhada da faxineira do secretário-geral do PSDB de Arapiraca…

É ridículo!

Mais do que o boato do fim do Bolsa Família, o que se espalhou como rastilho de pólvora foi a informação de que havia uma graninha a mais na CEF, um bônus. As pessoas que lá iam constatavam: havia mesmo! Aí, meus caros, foi o que se viu…

Como pergunta Silvio Santos — numa indagação que, suponho, toca universalmente o coração e o intelecto: “Quem quer dinheirooo?”.

No post em questão, destaquei também o ar robusto, primaveril mesmo em alguns casos, dos assistidos do Bolsa Família. O valor médio do benefício pago a cada família está aí na casa dos R$ 150. Muita gente recebe menos, mas há quem receba mais: nunca menos de R$ 32, nunca mais de R$ 306 — é o que informa o governo.

Muito bem. Agora volto à assistida do vídeo que está lá no alto. A entrevista foi concedida ao Jornal Nacional de sábado. Reproduzo a sua fala, uma das maiores contribuições jamais prestadas à compreensão sociológica destes dias.

“Eu fui na lotérica, como vou de costume, fazer um depósito na poupança do meu esposo. Fui depositar o dinheiro. Como eu já estava lá, eu tinha de ir fazer isso, eu aproveitei, levei o cartão e tirei o meu Bolsa Família. Quando eu tirei, saiu (sic) os dois meses”.

Entendi. Ela foi depositar, como faz habitualmente, um dinheiro na poupança do marido, certo? Já que estava lá, levou o cartão do Bolsa Família e pimba! Saíram os dois meses de uma vez só. Ai, ai, ai… Longe de mim querer cassar o benefício da distintíssima senhora Diane dos Santos — e espero que ninguém pegue no pé dela.

Mas me parece que alguém que tem dinheiro para fazer poupança não precisa do… Bolsa Família, certo? Reitero: acusarei aqui perseguição caso queiram lhe cortar o benefício — porque, é fato, como ela, há uma legião, há milhões hoje em dia.

O problema não é ela, mas o programa. Eu até confesso uma certa simpatia por Diane, uma brasileira brejeira, com o cabelo arrumado, brincos, pele boa… Ela desmoraliza os delírios dos bem-pensantes sobre o atavismo da fome no Brasil, que faz o coitadismo que embala as ideias de reparação social da esquerda universitária. Ela não! É, reitero, distinta! Ela nem fala “marido” — deve achar meio grosseiro. Prefere, como Daniela Mercury, mas mudando o gênero, a palavra “esposo”.

“Então Reinaldo Azevedo sustenta que não existem mais a fome, a miséria…” Aquela fome africana, que Lula dizia existir em 2002, que ele curaria com dois pratos de comida, não existe mais no Brasil há décadas, embora haja, é evidente, nichos de famélicos em algumas áreas do sertão e até nas periferias extremamente pobres das grandes cidades. Isso persiste.

Da mesma sorte, há, sim, pessoas com renda abaixo de R$ 70 em áreas restritas do Brasil profundo. Mas os pobres — eu sei do que falo — somos duros de morrer, fiquem certos, sobretudo de fome. Sempre se arranja um bico pra fazer, um serviço extra, alguma coisa que garanta o sustento dos filhos.

No mais das vezes, essa renda per capita entre R$ 70 e R$ 140 é uma fantasia estatística. Ou será que a distinta dona Diane está “depositando na poupança do marido” o dinheiro do Bolsa Família? Ela nem havia sacado ainda o de abril — e já era dia 17! Certamente, o depósito que fora fazer era uma sobra, não?, depois de satisfeitas as necessidades básicas. Sobra de que renda? Não era do Bolsa Família!

Sim, é possível que haja alguns milhões de brasileiros que precisam efetivamente de um Bolsa Família, mas serão mesmo 40 milhões, 45 milhões talvez, divididos em mais de 13 milhões de família? Não é só dona Diane dos Santos que prova que não.

Vocês certamente se lembram desta senhora, que, diz, “só ganha R$ 134 há oito anos”, o que, segundo ela, não dá nem comprar uma calça para a filha, “uma jovem de 16 anos”, porque, afinal, uma calça para essa faixa etária custaria R$ 300


De fato, ela não tem a menor dúvida de que comprar uma calça para a sua filha é, sim, um problema do governo brasileiro, não dela própria, do marido ou de sua família. “Ah, o Bolsa Família vai custar em 2013 apenas R$ 24,9 bilhões. Perto do que o governo gasta com o Bolsa BNDES ou com o Bolsa Juros… Reinaldo não quer dar grana para os pobres.” Nem para os ricos!!! Eu não acho que governos tenham de dar dinheiro para ninguém. No caso dos pobres, tem é de criar programas sociais que os estimulem a buscar uma saída.

E a injeção de recursos na conta do vivente só deve ser feita mesmo em último caso. E já está mais do que claro que o Bolsa Família, para muita gente, virou uma doação… O Nobel da Paz Muhammad Yunus está no Brasil (ver post na home).

Ele criou o programa de microcrédito em Bangladesh que deu origem a um banco. Ele critica no Bolsa Família justamente seu caráter assistencialista.

O “andar de cima”, como quer Elio Gaspari, com essa categoria sociológica haurida da construção civil, consome bem mais do que os R$ 25 bilhões do Bolsa Família em subsídios, trapaças, aditamento de contratos etc.? Certamente! Não deixa de ser uma forma de “bolsismo”, não é?, e das mais perversas.

Os dois extremos — os ricos cuidadosamente selecionados para as prebendas e os pobres que recebem todo mês um dinheirinho — se tornaram pilares de um modo de fazer política.

Uns são gratos ao governo de turno com doações eleitorais e outras que não aparecem nos registros do TSE; os outros expressam a sua gratidão com votos.

O Bolsa Família se tornou, assim, uma formidável máquina eleitoreira, e os que mais se entusiasmam com o governo nem são, suponho, os que realmente precisam, mas os que, não precisando, temem uma mudança de guarda e a perda de uma benefício de que, no fundo, sabem ser descabido. Assim, é melhor deixar tudo como está.

Oposição
Compreendo que a oposição venha a público disputar a paternidade dos programas sociais porque, com efeito, o Bolsa Família nada mais é do que a reunião dos programas que existiam no governo FHC numa única rubrica. Já demonstrei faz alguns anos que isso é verdade.

Faço-o de novo transcrevendo, em vermelho, trecho da Medida Provisória nº 132, que “criou” o Bolsa Família, no dia 20 de outubro de 2003. Essa MP foi depois convertida na Lei 10.836, de 9 de janeiro de 2004. O conteúdo era o mesmo. Prestem atenção:

(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação – “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA, criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.


Retomo
Assim, é claro que os programas foram originalmente criados pelo governo FHC. A questão é saber se dá para disputar essa paternidade hoje. Parece-me que não! E a máquina de propaganda montada com o Bolsa Família tem, sim, um efeito eleitoral evidente, como ficou claro em 2006 e 2010. Menos do que fazer tal disputa, as oposições teriam de ter a coragem de perguntar quem paga a conta. É claro que os petistas partiriam pra cima, acusando-a de querer acabar com o programa. Ocorre que o eleitorado cativo, meus caros, cativo já está. Não será desse mato que vão sair tucanos. Não saem mesmo! Os que se apõem ao petismo, reitero, têm de aprender a falar com quem paga a conta — muito especialmente os trabalhadores.

Que país existe na outra ponta dessa forma de assistencialismo? Não tem outra ponta nenhuma! A outra ponta é esta que está aí. Está bom assim? É o que o modelo permite. As virtudes já se esgotaram. Com Bolsa BNDES e Bolsa Família, a gente vai ficando assim. Teremos um dia uma oposição capaz de politizar o que tem de ser politizado, fugindo do demônio do consenso, que é, numa democracia, o que é a censura na ditadura? Não sei. Se e enquanto não o fizer, pode ir brincar de outra coisa. Chegou a hora de conversar com quem, não tendo o Bolsa Família, não tem também uma sobra para depositar na poupança do “esposo”.

                         28/05/2013

Uma mentira engole a outra, que engole a outra



O que foi que na semana passada a ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, atribuiu à central de notícias da oposição?


O que Dilma, por sua vez, chamou de “desumano e criminoso”?

Lula, de ação praticada por “gente do mal”?

José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, de “manobra orquestrada”?

E Ruy Falcão, presidente nacional do PT, de “terrorismo eleitoral”?

No sábado 18, e no dia seguinte em 13 estados, um milhão de clientes do programa Bolsa Família invadiu agências lotéricas para sacar suas mesadas fora do dia marcado. Boatos davam conta de que o programa seria extinto ou suspenso. Ou que Dilma autorizara o pagamento de um bônus.

Houve quebra-quebra. A polícia foi acionada.




Ministra Maria do Rosário

A ministra Maria do Rosário corrigiu-se poucas horas depois de ter pendurado na conta da oposição as consequências dos boatos. Qualificou de “singela” sua própria opinião - não mais do que "singela". E garantiu com a inocência que Deus lhe deu: “Não quero politizar”.

Ora, ora, ora...

Quem por meio de uma “manobra orquestrada” poderia fazer “terrorismo eleitoral”? Aliados do governo? Claro que não.

Uma vez politizado o episódio, politizado está. Só que aos poucos ameaça se voltar contra o governo. Na melhor das hipóteses teria sido um caso de má gestão polvilhado com mentiras.

Entre as tardes do sábado e do domingo, quando pessoas em desespero se empurraram e depredaram agências lotéricas na caça ao tesouro do Bolsa Família, dois gerentes regionais da Caixa Econômica sugeriram que um erro do sistema de pagamento seria o responsável pela liberação do dinheiro em desacordo com o calendário do programa. Um deles, Hélio Duranti, do Maranhão, foi preciso.

“Os boatos surgiram após um atraso no pagamento do benefício ocorrido em todo o país. A situação foi normalizada, mas muita gente procurou os caixas eletrônicos ao mesmo tempo e o dinheiro acabou”, disse ele. “Quem não encontrou ficou revoltado e quebrou os caixas”.

A ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social, preferiu observar: “Não existe qualquer motivação para que a gente pudesse gerar esse tipo de intranquilidade para a população”.

Será?

A direção da Caixa Econômica atravessou a semana negando que tivesse mexido no calendário de pagamento. Até que na última sexta-feira, a Folha de S. Paulo encontrou em Caucaia, região metropolitana de Fortaleza, a dona de casa Diana dos Santos, 34 anos. Na sexta anterior ela fora a um caixa eletrônico sacar os R$ 32,00 do Bolsa Família referentes a abril. Ao inserir seu cartão, sacou os R$ 32,00 de abril e os R$ 32,00 de maio.

“Recebo o Bolsa Família há anos e nunca pagaram antecipadamente”, comentou Diana. “Acho que outras pessoas receberam também, avisaram aos conhecidos e virou essa confusão”.

A Caixa inventou então outra história depois que se desmanchou no ar a história que ela vinha contando. Soltou uma nota dizendo:

- A Caixa Econômica esclarece que vem realizando, desde março, diversas melhorias no Cadastro de Informações Sociais. Em consequência desse procedimento, na sexta-feira (17), primeiro dia do calendário de pagamentos de benefícios do Bolsa Família do mês de maio, o banco disponibilizou o saque independentemente do calendário individual.

O pagamento é feito levando-se em conta o último número do cartão magnético de cada bolsista. A Caixa liberou o dinheiro para pagar de vez a todo mundo, mas não avisou a ninguém. De resto, não explicou como uma operação dessa natureza pode melhorar seu Cadastro de Informações Sociais.

É razoável desconfiar que a Caixa mentiu outra vez.

Para mudar o sistema de pagamento do Bolsa Família permitindo saques em outras datas, o Conselho Deliberativo da Caixa teria de ser obrigatoriamente consultado - e não foi, segundo me contou um dos seus membros. Ou informado - e também não foi.

A Caixa esconde que houve uma falha no sistema, o que tornou possíveis os pagamentos fora de hora.

No dia em que a Folha pegou a mentira da Caixa, uma fonte da Polícia Federal, mediante a garantia prévia de anonimato, revelou ao O Globo em Brasília que fora localizada no Rio de Janeiro a central de telemarketing responsável pela difusão dos boatos.

Não disse o nome da central. Nem do seu proprietário. Não disse quem a contratou. Nem como a central teve acesso aos números de telefones de inscritos no Bolsa Família.

Sem acesso aos números de telefones como a central poderia disseminar boatos?

Enquanto a Polícia Federal não revelar o nome da empresa e não apresentar o criminoso que encomendou o serviço, sobreviverá a suspeita de que ela mente para livrar a cara da Caixa Econômica.


27.05.2013


segunda-feira, 27 de maio de 2013

Segurança Pública no Rio – Os insucessos de José Mariano Beltrame fazem dele um astro. A gente aprende que saraivada de balas e toque de recolher são a prova de que ele está certo! Parabéns pelo milagre, secretário!



Por Reinaldo Azevedo

Leio no Globo que a Polícia do Rio já identificou os bandidos que efetuaram, no domingo, uma série de disparos no Complexo do Alemão, pouco antes do início da quarta edição da corrida “Desafio da Paz”.

A polícia já sabe, mas, até havia pouco, ninguém ainda tinha sido preso. Dado o padrão com que se tem fabricado “a paz” no Rio, é grande a chance de que não se prenda ninguém.

O estado vai se tornando — ou já se tornou — um caso único no mundo em que se considera uma obrigação moral ou um imperativo ético ignorar a realidade em nome de uma crença, de uma convicção ou, sei lá, do que já se poderia chamar uma construção ideológica.

A coisa chega à beira do delírio coletivo. Aquilo que vemos, aquilo que ouvimos, aquilo que constatamos, nada tem importância.

Prestar atenção aos fatos se torna, então, coisa de gente de maus bofes, de sabotadores, de quem recusa o “desafio da paz”, dos “críticos de sempre”. Corra, carioca, corra!

Todos estavam lá para correr: autoridades, ONGs, deslumbrados da Zona Sul, batalhões policiais, parte da população local e, claro!, José Mariano Beltrame, secretário de Segurança, cotado para compor a chapa para a sucessão ao governo do estado com o atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Uma situação hipotética

Imaginem aí, senhoras e senhores, a seguinte situação: o secretário de segurança de São Paulo — esta cidade sem vista para o mar — comparece, em companhia de sua tropa de elite, a um evento para, vá lá, que seja, “desafiar” o banditismo com “a paz” e é recebido por uma chuva de balas.

Seria submetido a tal ridículo que não teria como se sustentar no cargo. O caso seria tomado como um símbolo de malogro da política pública aplicada na área.

Ou não foram os bandidos que acabaram, ao recrudescer as ações criminosas, derrubando José Ferreira Pinto, ex-secretário de Segurança de São Paulo?

As ocorrências passaram a ser debitadas pela imprensa na conta de Ferreira Pinto. Não faz tempo, a filha do agora ministro Guilherme Afif Domingos foi vítima de uma tentativa de assalto.

Tom do noticiário: a violência no Estado seria de tal sorte que atingiu ATÉ a filha do então vice-governador, como se o cargo do pai pudesse, por alguma razão, tornar imune a filha… A taxa de homicídios em São Paulo corresponde a menos da metade da taxa do Rio.

A leitura peculiar que se faz das ocorrências no Rio, no entanto, leva a imprensa a considerar que os eventos que desafiam a política pública de segurança ou que, numa leitura racional, evidenciariam a sua falência são, na verdade, provas evidentes de sua eficácia.

Não estamos mais no terreno da lógica, não estamos mais no terreno da racionalidade, não estamos mais no terreno dos fatos. Só o discurso religioso ou ideológico pode fornecer as explicações.

Beltrame, falou, então, para câmeras, microfones e gravadores mais do que benevolentes:

“Essa ação é oriunda de resquícios de uma facção que reinou durante décadas. Hoje, o Estado, através da Polícia Civil e da Polícia Militar, ocupou a área. É óbvio que essa facção, mesmo enfraquecida, ainda acredita que vai nos afastar daqui. Mas isso legitima que esta área está ocupada pelo Estado e que daqui nós não sairemos. Existe um trabalho de inteligência porque a população merece segurança”.
Eita!

Os “resquícios” da ocupação da tal facção haviam, três dias antes, na quinta, fechado o comércio e as escolas no Complexo do Alemão. Quase 12 mil crianças ficaram sem aula.

Os “resquícios” da ocupação, sabendo que o poder público e seu aparato bélico estavam presentes na “comunidade”, desafiavam a autoridade com uma saraivada de balas, mas Beltrame, como se o episódio evidenciasse o êxito do seu trabalho, proclama: “a população merece segurança”.

Como as palavras fazem sentido, eu presto atenção ao que diz o secretário, segundo quem “isso (os tiros) legitima que esta área (parte do Complexo do Alemão) está ocupada pelo Estado”.

Estamos diante de uma visão essencialmente torta, lamento ter de escrever isto, da segurança pública e da relação da polícia com a população.

BANDIDO NÃO LEGITIMA COISA NENHUMA!

O Estado que chegou ao Alemão lá deveria ter estado presente desde sempre. Há, nas sublinhas desse texto, a ideia de que tanto bandido como polícia são forças legítimas, que disputam, perdoem-me o clichê, os corações e as mentes das comunidades.

Esse substrato intelectual equivocado tem importância definidora na polícia de segurança do Rio. No fim das contas, existem motivos por que a polícia não caça e não prende bandidos.

Do ponto de vista puramente pragmático, convenham, espantá-los é bem mais barato. Bandido preso custa caro, e administrar presídios é das tarefas mais espinhosas e desgastantes que pode ter um governo.

No que concerne a certa esfera de valores, há correntes minoritárias, mas muito influentes na imprensa, da opinião pública que ainda veem o banditismo como uma espécie de derivação teratológica da luta de classes.

No fundo, seriam rebeldes primitivos que não tiveram a chance de direcionar de maneira adequada, política, a sua justa revolta. Com um pouco mais de teoria, teriam sido petistas, socialistas, esquerdistas, progressistas…

Como não tiveram a chance de estudar com os marxistas da Zona Sul, viraram bandidos mesmo…

Trata-se, assim, de uma mistura de Rousseau com sociologia do Posto 9: o bandido nasceu bom, a sociedade, nós (isto é, “eles”), é que o corrompeu. O nome disso tudo é má consciência.

escrevi na sexta sobre os episódios do Complexo do Alemão, antes ainda de a bandidagem ter recebido Beltrame com uma salva de… balas!

Evidencio lá o que tenho escrito aqui há muito tempo: é claro que eu sou favorável à recuperação de territórios que haviam sido MONOPOLIZADOS pelo crime.

Felizmente, existem arquivos, memória etc. Já lá se vão quase 20 anos do meu primeiro artigo que sustentava que era preciso retomar o espaço físico que havia sido sequestrado pelos bandidos, que haviam fundado um estado paralelo.

Mas é inaceitável, estupefaciente, que a política de segurança pública do Rio compreenda — e compreende — a não prisão de bandidos, a não ser em casos excepcionais e que rendam “mídia & flashes”.

O pior é que esse é um dos seus aspectos mais elogiados pelo onguismo do miolo mole porque isso demonstraria um apego pela paz. Ignora-se, e já há casos, o risco que há em fazer com que o aparato policial conviva “pacificamente” com a bandidagem.

Como a disciplina do crime é mais elástica e mais rentável do que a da polícia, a lógica se encarregará do resto.

Caminhando para a conclusão
Mas não há jeito, não! A narrativa criada para explicar aquelas escolhas é muito mais forte do que os fatos. Parte do Palácio do Planalto quer, por exemplo, que o candidato do PT ao governo de São Paulo seja o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Embora o estado exiba uma das menores taxas de homicídio do país (é bem provável que continue a ser a mais baixa), avalia-se que a segurança pública é um flanco que pode ser explorado pelo partido.

E o contraponto da suposta eficiência e de uma política alternativa, acreditem, é o… Rio de Janeiro!

São Paulo concentra 40% dos presos brasileiros, embora tenha apenas 22% da população.

A queda na taxa de homicídios no estado — mais de 70% em dez anos — é atribuída pelos especialistas “PTólogos” à política do desarmamento e, pasmem!, à suposta ação do PCC, que teria estabelecido uma espécie de “pax” na bandidagem.

Não ocorre a esses analistas indagar por que, então, o desarmamento não teria provocado efeito semelhante no resto no Brasil.

Também não lhes ocorreu por que a polícia de São Paulo, que teria feito um pacto de não agressão com o crime, prende bandidos, e a do Rio, que não teria feito acordo nenhum, os deixa soltos.

No universo da ideologia — e no da manipulação descarada da informação —, os fatos precisam ser combatidos para que a mistificação produza seus frutos.


 27/05/2013

Tucanos pedem que PGR investigue mudança de pagamentos do Bolsa Família


‘Houve uma mentira flagrante na Caixa. Foram apanhados com o rabo de fora’, diz Aloysio Nunes
Senadores também protocolaram requerimento para convite ao presidente do banco em comissão no SenadoOposição quer retratação do governo sobre o caso

Maria Lima
Cristiane Jungblut 


Os senadores do PSDB Alvaro Dias (PR) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), após protocolarem requerimento na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado, para que o presidente da Caixa seja convidado a prestar esclarecimentos sobre a antecipação de crédito dos benefícios do Bolsa Família Ailton de Freitas / O Globo

BRASÍLIA — Com ausência de governistas na tribuna para falar do assunto, ao contrário do bombardeio da semana passada, a oposição se reveza nesta segunda-feira no plenário do Senado para cobrar providências urgentes para esclarecer pontos obscuros da confusão no programa Bolsa Família. Além do requerimento para que o presidente da Caixa, Jorge Fontes Hereda, seja convidado a prestar esclarecimentos sobre a antecipação de crédito dos benefícios do Bolsa Família no mês de maio, na Comissão de fiscalização, os senadores Aloysio Ferreira (SP), líder do PSDB, e e Álvaro Dias (PR), protocolaram representação na Procuradoria Geral da República (PGR) para apuração das responsabilidades cível, penal e administrativa de autoridades da Caixa por eventual prática de crimes de improbidade administrativa e falsidade ideológica. Se comprovados esses crimes, os tucanos pedem punições desde a perda da função, perda de direitos políticos e ressarcimento de danos ao erário.

— Houve uma mentira flagrante na Caixa. Foram apanhados com o rabo de fora. Não vamos dar um minuto de trégua ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso. Vamos cobrar que mostre o resultado da investigação, quem é a empresa de telemarketing que teria passado os comunicados, quem contratou e como obteve o cadastro dos 13 milhões de beneficiários do Bolsa Família — disse Aloysio Nunes Ferreira.

Segundo os tucanos, ficou claro o uso político da confusão, mesmo se sabendo que a onda de saques pode ter sido gerada por erro ou mudança no cronograma de pagamentos da Caixa.

— Houve a calúnia da ministra Maria do Rosário, que se apressou a acusar a oposição. Na segunda-feira passada, quando discursei aqui, o senador Jorge Viana já tinha dito que a origem do tumulto poderia provavelmente ser um erro da Caixa. Mesmo assim continuaram agindo de má-fé, principalmente a ministra Maria do Rosário. E não vi nenhuma ação do Governo para desautorizá-la —disse Aloysio.

— A presidente Dilma disse que houve um ato criminoso e desumano. É preciso dizer agora quem cometeu esse crime — completou Álvaro Dias.

O líder do PSB, Rodrigo Rollemberg (DF), disse que o partido deve apoiar a votação do requerimento de convite de Hereda amanhã, em reunião da Comissão de Fiscalização e Controle. Ele disse que deverá interessar ao governo esclarecer essa situação, até mesmo para tranquilizar os beneficiários do Bolsa Família.

— Se se comprovar que houve um erro da Caixa, eu diria que houve precipitação por parte dos membros do Governo, que se apressaram em politizar a questão — criticou Rollemberg.

O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI) continua defendendo as versões dadas pela direção da Caixa, de que só entrou para garantir os pagamentos, depois do estouro da procura nas agências. Mas admite que a interpretação de que haveria o pagamento de um bônus de dia das mães, pode ter ocasionado a corrida.

— Se um foi lá sacar e conseguiu sacar dois meses de uma vez só, isso pode ter sido disseminado como um pagamento extra. Quem está dizendo que uma empresa de telemarketing pode ter sido usada para provocar o tumulto é a Polícia Federal — disse o líder petista.

Wellington Dias disse que o PT não vai obstruir a aprovação do requerimento para que Jorge Hereda compareça ao Senado para dar explicações.

No requerimento entregue na PGR, os senadores lembram as versões desencontradas sobre o tumulto envolvendo o pagamento do Bolsa Família, especialmente a mudança na postura da Caixa, que reconheceu a antecipação dos pagamentos.

"Como se pode observar, a Representada admite a antecipação do pagamento do Programa um dia antes dos tumultos, sob o pretexto de ‘melhorias de sistemas’. Todavia, não informa as razões pelas quais não comunicou publicamente o fato, sequer justificando ou mesmo preparando a população beneficiária da alteração no calendário de pagamento oficialmente previsto", questionam os senadores na representação.

Eles pedem ao Ministério Público a imediata abertura de procedimento administrativo competente para a investigação penal e cível, bem como judiciais, a fim de apurar a materialidade e a autoria dos fatos penais que vierem a ser tipificados e os ilícitos civis e administrativos apontados; e abertura de inquérito civil administrativo, a fim de apurar responsabilidades civis e políticas pela eventual prática de atos de improbidade administrativa pelos envolvidos. Se comprovadas as acusações, sugerem a apresentação de denúncia formal por parte do Ministério Público.

No pedido encaminhado à comissão do Senado, os senadores justificam que houve contradição nas informações prestadas pela instituição. Integrantes do governo reconheceram que a liberação dos benefícios, sem respeitar o calendário, contribuiu para a corrida dos beneficiários às agências bancárias.

“Na última segunda-feira, 20 de maio, o vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, José Urbano Duarte, afirmara que o banco havia decidido liberar todos os benefícios durante o final de semana para minimizar os efeitos do boato. No entanto, a imprensa mostrou que a Caixa Econômica Federal liberou todos os benefícios na sexta-feira, dia 17 de maio, véspera da disseminação do boato”, justificam no requerimento.

Oposição quer retratação do governo

O líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), disse que as oposições querem uma retratação do governo, devido à acusação de que partira dos partidos oposicionistas os boatos sobre o Bolsa Família. Ao chegar para a sessão da Câmara marcada, Caiado disse que o DEM e o PSDB exigirão, em conjunto, a presença do presidente da CEF, Jorge Hereda, em comissões temáticas da Casa.

- O governo vai ter que se retratar direito desta prática de sempre querer culpar as oposições de forma irresponsável - disse Caiado.

Ele criticou ainda as declarações feitas pelo ex-presidente Lula, pela presidente Dilma e pelos ministros, em especial Maria do Rosário (Direitos Humanos), que foi a primeira a causar a oposição.

Ele pretendia discutir o assunto na reunião de líderes dos partidos na Câmara e acreditava que isso poderia inviabilizar qualquer votação de Medidas Provisórias.

O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), também quer que Hereda dê explicações sobre a antecipação do pagamento do Bolsa Família e também sobre a mudança na versão dada pelo banco sobre esse procedimento.

O requerimento neste sentido será apresentado, em conjunto, pela oposição e encaminhado às Comissões de Fiscalização, Financeira e Controle e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Os tucanos ainda querem explicações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre a ação da CEF.

O governo sustenta que não partiu de nenhuma esfera do Executivo federal o comando para espalhar qualquer tipo de boato, que provocou pânico entre os beneficiários do programa. A Polícia Federal está investigando o caso. Há suspeita de que a ação teria sido orquestrada e partido de uma central de telemarketing do Rio de Janeiro. No entanto, falta ainda identificar o autor e a mensagem que teria sido divulgada à população.


27/05/13


domingo, 26 de maio de 2013

NA VEJA – Os lobistas José Dirceu e Erenice Guerra se juntam para facilitar negócios de seus clientes com o governo federal




Tremei, Brasília!


Temei, Brasil!


Por Reinaldo Azevedo


Dois potentados no lobismo se uniram: José Dirceu e Erenice Guerra, ambos ex-ministros da Casa Civil. O objetivo é facilitar os negócios de seus clientes com o governo federal. Não é mesmo espantoso? Se os novos ministros do Supremo não caírem na conversa do Zé, logo ele estará na cadeia. Mas continua a ser um dos poderosos de Brasília. Leiam trechos de reportagem de Rodrigo Rangel e Hugo Marques. A íntegra segue na edição impressa.
*
(…)
Assim como [Joé] Dirceu, [Erenice] montou um escritório de advocacia, reuniu uma carteira de clientes na iniciativa privada e também lucra oferecendo acesso ao poder. A novidade é que os dois ex-ministros agora estão operando juntos. Montaram em Brasília uma joint venture do lobby — uma parceria que atende empresas e empresários interessados nos mais variados negócios com o governo.

José Dirceu, antes de ser condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha, era o “consultor” preferido das grandes empreiteiras, das empresas de telefonia e de bancos. Erenice Guerra, há menos tempo no mercado, tem seu nicho de atuação nas empresas e fundos de pensão com interesses ligados ao Ministério de Minas e Energia, onde trabalhou. O empresário Flávio Nunes Rietmann é um ex-executivo do banco Cruzeiro do Sul, liquidado no ano passado pelo Banco Central. Ele também é dono de uma corretora de valores e negocia títulos de pouca liquidez. No início de março, o empresário participou de uma reunião no escritório de Erenice Guerra. O encontro, segundo confidenciou um dos presentes, foi agendado por José Dirceu. Rietmann queria a ajuda da ex-ministra para passar à frente títulos a um fundo de pensão, numa operação que poderia movimentar mais de 100 milhões de reais. As partes envolvidas dividiriam uma comissão de 10% sobre o valor final do negócio. Numa demonstração de poder, pelo telefone, Erenice convocou ao seu escritório Fábio Resende, diretor da Previnorte, o fundo de pensão dos funcionários da Eletronorte. O funcionário chegou em poucos minutos, ouviu uma breve explanação sobre o negócio e recebeu uma ordem: “É para comprar”.
(…)


Leia a reportagem da revista para saber como os interesses de José Dirceu e Erenice acabaram se encontrando e qual é o principal elo entre eles. Essa, como chamarei?, união de talentos tem um braço operativa até na Secretária-Geral da Presidência, cujo titular é Gilberto Carvalho. É o novo Brasil!

Fábio Resende, da Previnorte, saindo do escritório de Erenice: ela chama, ele obedece

25/05/2013