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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Em dia de 'Pibinho' e decisão sobre juros, dólar vai a R$ 2,11 e Bovespa tem forte queda

 Ibovespa recua com perdas nas ações de empresas que dependem do crescimento do consumo

Moeda americana dispara após ministro Mantega declarar que real desvalorizado não preocupa o governo
  Alta da moeda americana coloca mais pressão sobre o Copom, que decide hoje o nível da taxa básica de juros.
Bolsa paulista recua com fraco desempenho do PIB no 1º trimestre; ações de varejistas e construtoras caem
Dólar sobe a R$ 2,11 e Bolsa tomba com PIB abaixo do esperado

Bruno Villas Bôas
o globo

RIO — O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) abaixo do esperado no primeiro trimestre provoca um curto-circuito no mercado financeiro brasileiro nesta quarta-feira.

O dólar comercial disparou e está sendo negociado próximo de R$ 2,11 e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) apresenta a maior baixa entre os principais índices de ações pelo mundo.

O dólar comercial subia 1,73%, cotado a R$ 2,108 na compra e R$ 2,110 na venda, por volta das 16h30m, no quatro pregão seguido de valorização.

Operadores pressionam a taxa na expectativa de uma intervenção do Banco Central (BC), o que ainda não ocorreu.

O avanço se intensificou após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmar que o real mais fraco não preocupa e o estimularia as exportações brasileiras, ao comentar o resultado do PIB.

Já o Ibovespa, principal índice de ações do país, recuava 2,12%, aos 54.846 pontos, com R$ 5,7 bilhões em volume de negócios.

No pior momento do pregão, o índice chegou a tombar 2,20%, puxado pelas perdas dos papéis de empresas que dependem da economia interna para crescer, como varejistas e construtoras.

O IBGE divulgou nesta quarta-feira que o PIB brasileiro cresceu 0,6% no primeiro trimestre deste ano, em relação aos três meses anteriores.

O resultado foi abaixo do esperado por economistas do mercado financeiro, que previam uma alta de 0,9% da economia. O crescimento do consumo foi afetado pelo avanço da inflação no período.

No mercado de câmbio, a valorização do dólar frente ao real é a maior entre as 16 principais moedas acompanhadas pela Bloomberg News, superando a de outros emergentes como uon sul-coreano (+0,54%), o rand sul-africano (+0,33%) e o peso mexicano (+0,11%).

Para quem pretende viajar, a moeda americana no mercado turismo fechou o dia vendida a R$ 2,22 nas casas de câmbio do Rio, em média, segundo acompanhamento da consultoria CMA.

Além das declarações do ministro da Fazenda, os dealers de câmbio testam a tolerância do Banco Central para uma moeda mais valorizada, o que poderia gerar mais inflação.

No começo do ano, esse teto informal da moeda era de R$ 2,05. O mercado vê agora um teto de R$ 2,10, o que tem limitado uma alta ainda maior nesta quarta-feira.

— Os operadores estão puxando a cotação para cima e aguardam que, em algum momento, o BC faça uma intervenção no mercado e estabeleça, assim, um novo limite para a moeda.

E isso pode acontecer hoje ou nos próximos dias — explica Mario Battistel, diretor da mesa de câmbio da Fair Corretora.

Na sexta-feira, o BC vai formar a taxa de câmbio chamada ptax, usada por exportadores e importadores para pagamento de contratos.

Informalmente existiria um acordo para que o BC não fazer intervenções no mercado antes da formação dessa taxa, o que ocorre às 13h, para não beneficiar nenhum lado na queda de braço pela taxa.

— O mercado fica na expectativa de que, depois das 13h, o BC faça uma intervenção. Mas, na sexta-feira, como muitas empresas vão emendar o feriado de quinta-feira, talvez isso não aconteça — disse um operador, que pediu para não ser identificado.

Além da declaração de Mantega e do movimento técnico, o dólar avança nesta quarta-feira seguindo uma tendência do mercado internacional, onde operadores especulam sobre uma possível redução do programa de recompra de títulos públicos nos EUA pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).
Mercado coloca em dúvida modelo de crescimento do governo

Com o temor da retiradas dos estímulos nos EUA, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, opera em baixa de 0,58%. O Nasdaq, termômetro do setor de tecnologia, registra perda 0,58%. Mais cedo, os mercados europeus também tiveram um pregão de pesadas perdas.

O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, caiu 1,99%; o CAC 40, de Paris, recuou 1,89%. E o DAX, da Bolsa de Frankfurt, teve perdas de 1,70%.

Segundo Maurício Pedrosa, da Queluz Asset Management, os investidores vendem fortemente ações de empresa dependentes do mercado doméstico do país, como varejistas e construtoras, após o fraco resultado do PIB brasileiro.

— O fato é que o modelo de crescimento do governo não está funcionando. A tolerância com a inflação mais alta não permitiu um crescimento maior da economia, pelo contrário.

O governo não está entregando. E esse câmbio mais alto vai pressionar ainda mais a inflação — disse Pedrosa. — Isso afeta o humor dos investidores, inclusive estrangeiros, que vendem ações e deixam o país.

Entre os destaques de perdas do Ibovespa estão ações de empresas varejistas, como Hering ON (-4,43%, a R$ 39,47), B2W Digital ON (-3,96%, a R$ 11,13) e Natura ON (-2,55%, a R$ 5150). É o setor mais sensível ao crescimento do país e que sustenta o desempenho do mercado de ações brasileiro desde o ano passado.

Também são destaque de perdas construtoras como a Brookfield ON (-3,57%, a R$ 1,89) e Rossi ON (-2,80%, a R$ 3,81). O PIB revelou que A indústria de construção civil também apresentou queda (1,3%) na comparação com o mesmo período de 2012.

Somente as ações da incorporadora Gafisa estão na contramão, em alta de 3,51%, com os rumores de que a companhia pode vender a subsidiária de loteamentos Alphaville Urbanismo.

Entre os maiores vendedores líquidos de ações do pregão estão clientes de corretoras normalmente associadas às pessoas físicas: Concórdia e XP Investimentos.

Os clientes de dois grandes bancos de investimentos aproveitam a baixa para comprar: Merrill Lynch e BTG Pactual, também considerando o saldo líquido das operações.

 29/05/13


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