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De onde saiu o dinheiro que o PT mandou para o exterior e que pode ter desembarcado na campanha de Lula?



Ele quer contar tudo


O doleiro Toninho da Barcelona diz que conhece (e quer revelar) o esquema de envio de dinheiro do PT ao exterior


Por
Policarpo Junior
17 de agosto de 2005



Luiz Prado/Luz



Alexandre Taniguchi/A Comarca
         REVELAÇÕES QUE VEM DO CÁRCERE


Preso em Avaré, no interior de São Paulo, numa penitenciária de segurança máxima, o doleiro Toninho da Barcelona escreve aos seus familiares. Conta que sua vida virou um inferno desde que revelou que conhecia o esquema de remessas de dinheiro do PT ao exterior. Nas cartas, ele narra maus-tratos na prisão, diz que tem medo de morrer e que nunca depôs no Congresso por orientação do petista José Mentor





De onde saiu o dinheiro que o PT mandou para o exterior e que pode ter desembarcado na campanha de Lula? A resposta está numa penitenciária de segurança máxima em Avaré, no interior de São Paulo. Ali, preso numa cela de castigo, com a cabeça raspada e 10 quilos mais magro, está o doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, considerado o maior do país.

Ele quer falar.

Em cartas e contatos mantidos com a família e com seus advogados, Toninho já mandou dizer que está disposto a depor na CPI dos Correios para contar o que sabe sobre as remessas clandestinas que operou durante anos para políticos e partidos, entre eles o PT.

E Toninho sabe muito.

Sabe inclusive o nome de pessoas e instituições envolvidas na fraude. Nas cartas que escreve, às quais VEJA teve acesso, Toninho diz que o PT envia dinheiro ao exterior desde a preparação da primeira campanha de Lula, em 1989.

As remessas se multiplicaram na década de 90 e, desde então, concentraram-se em duas pontas: no Trade Link Bank, instituição ligada ao Banco Rural nas Ilhas Cayman, e numa empresa offshore criada no Panamá, que também funciona como um paraíso fiscal.

Em seu depoimento, o publicitário Duda Mendonça, calçado por vinte comprovantes de depósitos bancários, mostrou que a maior parte do dinheiro que recebeu lá fora saiu de uma conta no Trade Link, em Cayman. Os segredos de Toninho da Barcelona podem mostrar de onde saíram esses recursos.

Os doleiros, normalmente, recebem dinheiro frio no Brasil – das mãos do dono do dinheiro ou de seu representante – e se encarregam de enviá-lo ao exterior por meio de uma cadeia de laranjas.

Toninho da Barcelona afirma saber o nome do responsável pelas transações entre o PT e o Banco Rural. Nas cartas enviadas à família, o doleiro dá algumas pistas sobre os caminhos do dinheiro. As informações, porém, são cifradas para fugir à censura do presídio. Ele está com medo de morrer, diz-se vítima de uma brutal perseguição e conta que sua vida virou um inferno desde que surgiu a informação de que ele operou para o PT.

A notícia foi publicada pela primeira vez pelo jornal O Estado de S. Paulo, em junho passado, reproduzindo uma declaração do ex-tesoureiro do PPS Rui Vicentini, que afirmou ter ouvido de Barcelona a revelação sobre a existência de um caixa do PT no exterior.


Luiz Prado/Luz


Dida Sampaio/AE
CASO PARA ANISTIA
O advogado Sayeg (à esq.), que planeja denunciar a situação de seu cliente para a Anistia Internacional, e Mentor, que nega conhecer o doleiro


Não se sabe a amplitude do que Toninho da Barcelona, condenado a 25 anos de prisão por evasão de divisas, tem a revelar. Mas sabe-se que seus segredos geram um clima de pânico entre figuras importantes do PT. No dia 24 de junho, o doleiro pediu autorização para dar uma entrevista. Queria contar o que sabia.

No mesmo dia, eclodiu uma rebelião no Presídio Adriano Marrey, em Guarulhos, onde o doleiro cumpria pena. Ele foi apontado – vagamente e por uma denúncia anônima – como um dos líderes da rebelião e, como punição, foi transferido para a penitenciária de segurança máxima de Avaré, onde ocupa uma cela sem chuveiro e com direito a banho de sol apenas uma vez por semana.

É um tanto exótico que um doleiro, neófito nas lides de um presídio, seja capaz de liderar uma rebelião – muito menos que o faça justamente no dia em que está recebendo a primeira visita de sua filha de 14 anos, como foi o caso.

Mesmo assim, o diretor de disciplina do presídio, em carta ao juiz, pediu que Toninho fosse punido com um ano em cela isolada, por tratar-se de "pessoa de altíssima periculosidade".

No presídio de Avaré, Toninho conta que recebe ameaças de morte e é vítima de tortura psicológica. É acordado no meio da madrugada por carcereiros que batem nas grades de sua cela, produzindo um barulho infernal.

"Estou com medo de morrer", já disse. Ele conta que, depois da transferência para Avaré, recebeu a visita de dois advogados do PT. Um deles, dizendo-se amigo do deputado José Mentor, do PT de São Paulo, queria saber se ele tinha mesmo revelações a fazer sobre remessas do partido.

Quando Toninho indagou o que teria a ganhar por responder à pergunta, um dos emissários anunciou uma charada: "Nós temos três reis e um ás que podem ajudá-lo a sair daqui". Não foi a primeira vez que o doleiro e enviados do deputado Mentor se encontraram. Segundo Toninho, o próprio Mentor articulou para que ele não fosse à CPI do Banestado, que apurava a remessa ilegal de dinheiro para o exterior.

Toninho diz que Mentor, então relator da CPI do Banestado, temia o alcance das revelações que o depoente pudesse fazer.

Consultando os arquivos da CPI, constata-se que o doleiro foi intimado a depor no dia 20 de abril de 2004, mas não compareceu porque recebeu a intimação apenas duas horas antes da audiência. E ficou tudo por isso mesmo. Ele nunca apareceu na CPI nem foi convocado de novo. "Houve um estranho afrouxamento na convocação do Toninho.

O relator parecia não ter interesse no depoimento", acusa o senador Antero Paes de Barros, ex-presidente da CPI do Banestado. Em seu relatório final, Mentor suprimiu todo o capítulo que se referia ao Banco Rural, instituição suspeita de participar do esquema de remessas ilegais para o exterior. Procurado por VEJA, o deputado José Mentor declarou que não conhece o doleiro Toninho da Barcelona e que nunca enviou nenhum emissário para conversar com ele.

Sobre o depoimento à CPI que não aconteceu, o parlamentar disse que isso fez parte de uma estratégia que definiu em comum acordo com a Polícia Federal.

"Toninho da Barcelona é hoje um preso político", diz Ricardo Sayeg, seu advogado, que pensa, a pedido da família, em ingressar com uma denúncia na Anistia Internacional.

Sayeg lembra que a situação do doleiro é inusitada dado o fato de que seu cliente tem curso superior mas nunca conseguiu ser transferido para uma cela especial, como manda a lei. "Ele está cumprindo 25 anos porque foi condenado três vezes pelo mesmo crime", diz o advogado.

Sayeg não tem dúvida de que a situação de Toninho se complicou desde que ele ameaçou contar o que sabe sobre as transferências de dinheiro de petistas para o exterior.

"Ele foi interrogado ilegalmente por nove delegados da Polícia Federal, sem a minha presença, que sou seu advogado, e sem comunicação prévia à Justiça." Os representantes do PT que o visitaram também não tinham autorização para isso.

O criminalista conta ainda que, na prisão, o doleiro foi obrigado a assinar um estranho documento por meio do qual se responsabilizava por sua integridade física.

"Tenho razões para crer que tudo isso está acontecendo de maneira orquestrada para evitar que ele conte o que sabe",
conclui Sayeg.


Com a palavra, a CPI.


1 comentários:

Anônimo disse...

Essa corja do PT é capaz de qualque coisa para proteger o crápula maior que é molusco, tenho até nojo de pronunciar o nome deste crápula, sem escrúpulo, tadinho do molusco que leva seu nome. Gente vamos dar um jeito nisso esses crápulas não podem continuar no poder, vamos banir o PT nestas eleições e as próximas.