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segunda-feira, 13 de julho de 2020

Mourão: Gilmar Mendes “ultrapassou limite” ao associar Exército a genocídio


Ministro do STF deu declaração comentando a gestão da crise do novo coronavírus.
Vice-presidente avalia que magistrado "não foi feliz"


Rafaela Felicciano/Metrópoles


O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira (13/7) que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), “ultrapassou o limite da crítica” ao afirmar que o Exército se associou a um “genocídio” durante a pandemia do novo coronavírus.

A declaração foi feita durante uma videoconferência realizada pelo Banco Plural, nesta tarde.


“O ministro Gilmar Mendes não foi feliz. Eu vou usar uma linguagem do jogo de polo: ele cruzou a linha da bola. Querer comparar com genocídio o fato das mortes ocorridas aqui no Brasil na pandemia. […] Atribuir essa culpa ao Exército porque tem um oficial general do Exército como ministro interino da Saúde”, declarou o vice-presidente ao se referir ao general Eduardo Pazuello, chefe interino do Ministério da Saúde desde maio.

“Ele forçou uma barra aí, que agora tá criando um incidente com o Ministério da Defesa. […] Eu acho que a crítica vai ocorrer, tem que ocorrer, ela é válida, mas o ministro ultrapassou o limite da crítica nisso aí”, acrescentou.

A fala do ministro do STF ocorreu no sábado (11/7), durante uma transmissão ao vivo. Na ocasião, Gilmar Mendes fez referência à atuação de militares no Ministério da Saúde.

“Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso”, disse Gilmar.

Nesta segunda, em resposta à fala do ministro do STF, o Ministério da Defesa informou que encaminhará representação ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para adoção de “medidas cabíveis”.

Em nota (leia a íntegra mais abaixo), o ministro da pasta, Fernando Azevedo e Silva, junto aos comandantes das Forças Armadas: Edson Leal Pujol (Exército), almirante Ilques Barbosa Junior (Marinha) e brigadeiro Antonio Carlos Bermudez (Aeronáutica) repudiraram “veementemente” a declaração do ministro do STF.

“Comentários dessa natureza, completamente afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, além de infundada, irresponsável e sobretudo leviana. O ataque gratuito a instituições de Estado não fortalece a democracia”, disse em trecho da nota.

Leia a íntegra da nota do Ministério da Defesa

O Ministro da Defesa e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica repudiam veementemente a acusação apresentada pelo senhor Gilmar Mendes, contra o Exército Brasileiro, durante evento realizado no dia 11 de julho, quando afirmou: “É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável”.

Comentários dessa natureza, completamente afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, além de infundada, irresponsável e sobretudo leviana. O ataque gratuito a instituições de Estado não fortalece a democracia.

Genocídio é definido por lei como “a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso” (Lei nº 2.889/1956). Trata-se de um crime gravíssimo, tanto no âmbito nacional, como na justiça internacional, o que, naturalmente, é de pleno conhecimento de um jurista.

Na atual pandemia, as Forças Armadas, incluindo a Marinha, o Exército e a Força Aérea, estão completamente empenhadas justamente em preservar vidas.

Informamos que o MD encaminhará representação ao Procurador-Geral da República (PGR) para a adoção das medidas cabíveis.

Fernando Azevedo e Silva
Ministro de Estado da Defesa

Ilques Barbosa Junior
Almirante de Esquadra
Comandante da Marinha

Edson Leal Pujol
Comandante do Exército

Antônio Carlos Moretti Bermudez
Tenente-Brigadeiro do Ar
Comandante da Aeronáutica

13/07/2020

Fábricas migram da Argentina para o Brasil em meio a crise



O ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, fala com o então ministro argentino, Dante Sica.
(Foto: MAURO PIMENTEL / AFP via Getty Images)


Um grupo de empresas anunciou recentemente, segundo reportagem da revista Veja, que vai migrar suas operações da Argentina para o Brasil – alegando falta de condições econômicas para seguir no país vizinhos. As empresas, ligadas ao setor automotivo, anunciaram o fechamento de suas plantas argentinas, com demissões, para concentrar suas atividades em solo brasileiro.

Segundo a Veja, as primeiras a revelarem seus planos de transição foram a gigante alemã Basf e a Axalta, duas que produzem tintas e resinas para uso na fabricação e montagem de veículos. A divulgação ocorreu na semana passada.

Além dessas, um terceiro grupo anunciou um mesmo movimento: a francesa Saint-Gobain Sekurity, que produz vidros utilizados nos para-brisas de carros. Segundo a Veja, 150 funcionários da empresa foram dispensados com o fechamento da fábrica argentina, inaugurada em 2016 após um acordo com o então presidente Mauricio Macri. A operação argentina da Saint-Gobain Sekurity será incorporada pela unidade brasileira da empresa.

Em todos os casos, a alegação oficial para a saída é a mesma: “falta de condições econômicas”.

Mas, segundo um tuíte do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, pode ter havido conversas de autoridades brasileiras no sentido de atrair essas empresas dos vizinhos argentinos para território brasileiro. Bolsonaro escreveu, em novembro do ano passado, que havia sido feito um “mapeamento” de empresas argentinas interessadas em fazer a mudança – multinacionais como Honda e L’Oréal.

Com a repercussão negativa da postagem, o tuíte foi apagado logo depois. A informação de que a L’Oréal fecharia uma fábrica na Argentina, porém, é falsa, como explicou a própria empresa em nota enviada ao Yahoo.

"Com relação às informações de que a L'Oréal fecha a fábrica na Argentina e transfere a produção para o Brasil, esclarecemos que este foi um artigo publicado em 2001 na imprensa. A L'Oréal produz na Argentina em parceria com um fabricante local e não há planos para mudar isso."


13 de julho de 2020

Coronavírus: o que a Ciência já sabe sobre imunidade pós-covid



Coronavirus
A questão não é se você se torna ou não imune, é por quanto tempo'
By James Gallagher
Correspondente de Saúde e Ciência
BBC News


Um novo estudo com pessoas que tiveram covid-19 e se recuperaram do coronavírus levanta a probabilidade de que a imunidade ao vírus tenha curta duração.


Cientistas do King's College em Londres estudaram como o corpo naturalmente combate o vírus por meio da produção de anticorpos, e o quanto esses anticorpos duram nas semanas e meses depois da recuperação.

Quase todas as 96 pessoas analisadas no estudo apresentaram anticorpos que poderiam neutralizar e parar o coronavírus. Mas os níveis começaram a diminuir três meses após a pesquisa.

A possibilidade de que a proteção contra covid-19 para quem já pegou a doença dure pouco tempo coloca em xeque teses que indicam que regiões que foram muito afetadas pelo coronavírus e agora registram queda nos casos - como Europa, EUA e cidades como São Paulo e Manaus, no Brasil - estejam permanentemente protegidas.
Como você se torna imune ao coronavírus?

Nosso sistema imunológico é a defesa do corpo contra infecções, e é composto, basicamente, por duas partes.

A primeira está sempre pronta para agier quando qualquer invasor é detectado no corpo. É conhecida como a resposta imunológica natural e inclui a liberação de substâncias químicas que causam inflamação e células brancas capazes de destruir células infectadas.

Mas esse sistema não é específico para o coronavírus. Ele não irá aprender e tampouco lhe dará imunidade contra o coronavírus.

Em vez disso, será necessária a resposta imune adaptativa, que inclui células que produzem anticorpos específicos que podem aderir ao vírus para neutralizá-lo e células T que podem atacar apenas as células infectadas com o vírus, a chamada resposta celular.

Isso leva tempo - estudos indicam que é preciso cerca de 10 dias para que o organismo comece a produzir anticorpos que possam atacar o coronavírus e para que os pacientes mais doentes desenvolvam uma resposta imunológica mais forte.

Se a imunidade adaptativa for forte o suficiente, então pode deixar uma memória duradoura da infecção, que garantirá proteção no futuro.

Não se sabe até agora se pessoas que têm apenas sintomas leves, ou que não apresentam sintoma nenhum, irão desenvolver uma resposta imune adaptativa suficiente.

Cientistas ainda trabalham para compreender o papel dessas células T na resposta à covid-19. Mas um estudo recente apontou que pessoas que testaram negativo para anticorpos contra o coronavírus ainda podem ter alguma imunidade.

Para cada pessoa que testou positivo para anticorpos, o estudo encontrou duas que tinham células T específicas que identificam e atacam células infectadas.

Não há garantia até agora de que pacientes já infectados com a covid-19 estejam imunes à doença
Não há garantia até agora de que pacientes já infectados com a covid-19 estejam imunes à doença

Quanto dura a imunidade?

A memória do sistema imunológico é como a nossa - se lembra claramente de algumas infecções, mas esquece de outras.

O sarampo, por exemplo, é altamente memorável - um único contato dá imunidade para a vida inteira (como fazem a versão enfraquecida dos vírus na vacina tríplice viral contra sarampo, rubéola e caxumba).

Há muitas outras infecções, no entanto, que são plenamente "esquecíveis". Crianças, por exemplo, podem pegar o vírus respiratório sincicial muitas vezes durante um mesmo inverno.

O novo coronavírus, o chamado Sars-CoV-2, não é conhecido há tempo suficiente para se saber o quanto dura a imunidade contra ele, mas há outros seis coronavírus que atingem humanos e podem dar uma pista.

Quatro deles produzem os sintomas de uma gripe comum e a imunidade é curta. Estudos mostram que, nesses casos, pacientes podem ser reinfectados em menos de um ano.

No caso dos dois outros vírus - os que causam Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) -, anticorpos foram detectados alguns anos depois.

"A questão não é se você se torna ou não imune, é por quanto tempo", afirmou Paul Hunter, um professor de medicina na University de East Anglia. Ele acrescenta: "É quase certo que não durará por toda a vida", diz.

"Baseado nos estudos de Sars é possível que a imunidade só dure cerca de um ou dois anos, embora ainda não se tenha certeza sobre isso."

Mesmo se você não estiver completamente imune, no entanto, é possível que uma segunda infecção não seja tão grave.

Pesquisador analisando o vírus para desenvolver uma vacina
Entender a imunidade poderia ajudar a relaxar o confinamento, se ficar claro quem não está em risco de pegar e nem espalhar o vírus

Alguém já pegou covid duas vezes?

Há relatos preliminares de pessoas que parecem ter sido infectadas mais de uma vez pelo novo coronavírus em um período curto de tempo.

Mas o consenso científico é de que a questão eram os testes, com os pacientes sendo incorretamente informados de que estavam livres do vírus.

Ninguém foi deliberadamente reinfectado com o vírus para testar a imunidade, mas alguns macacos rhesus foram submetidos a tal experiência.

Eles foram infectados duas vezes, uma para estimular uma resposta imunológica e uma segunda vez três semanas depois. Esses experimentos, muito limitados, mostraram que eles não desenvolveram os sintomas novamente depois de uma reinfecção tão rápida.
Se eu tenho anticorpos, estou imune?

Não há garantia sobre isso, e é por isso que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem demonstrado preocupação com países que estão adotando os chamados "passaportes de imunidade" como maneira de sair do lockdown.

A ideia da estratégia é que se você passar no teste de anticorpos estará seguro para voltar a trabalhar. Isso poderia ser particularmente valioso para equipes de saúde em casa ou em hospitais que entram em contato com pessoas do grupo de risco de desenvolver sintomas graves.

Mas, ao mesmo tempo que você encontra alguns anticorpos em quase todos os pacientes, nem todos são iguais. Anticorpos neutralizadores são aqueles que aderem ao coronavírus e são capazes de impedir que eles infectem outras células.

Um estudo realizado com 175 pacientes recuperados na China mostrou que 30% tinham níveis muito baixos de anticorpos neutralizadores.

É por isso que a OMS diz que a "imunidade celular [a outra parte da resposta adaptativa] também pode ser fundamental para a recuperação".

Outra questão é que só porque você pode estar protegido pelos seus anticorpos não significa que não possa ainda abrigar o vírus e o transmitir para outras pessoas.
Por que a imunidade é importante?

A questão da imunidade importa por razões óbvias de saúde e porque define se você vai pegar covid-19 diversas vezes, e com que frequência.

A imunidade também ajudará a definir o quão mortal o vírus é. Se as pessoas retiverem alguma proteção, ainda que imperfeita, isso tornará a doença menos perigosa.

Entender a imunidade poderia ajudar a relaxar o confinamento, se ficar claro quem não está em risco de pegar e nem espalhar o vírus.

Se for muito difícil produzir imunidade de longo prazo, pode significar que conseguir uma vacina será uma tarefa mais difícil. Ou pode mudar a maneira como a vacina precisa ser usada - poderá ser uma vez na vida ou uma vez por ano, como a vacina contra a gripe.

E a duração da imunidade, seja por infecção ou por vacinação, nos dirá se somos ou não capazes de impedir que o vírus se espalhe.

Todas são grandes perguntas para as quais ainda não existe resposta.


Ministério da Defesa vai à PGR por fala de Gilmar Mendes sobre genocídio



Mídia de cabeçalho

O Ministério da Defesa rebateu as críticas feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e informou nesta segunda que vai enviar uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) para adoção de 'medidas cabíveis’.

A reação é em resposta a uma fala proferida pelo ministro no último sábado, quando afirmou que 'o Exército está se associando a esse genocídio', criticando a condução do Governo frente à crise da Covid-19.

Foto via @JornalOGlobo