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sábado, 8 de agosto de 2009

“Laranja de Sarney”.

Em discurso, Sarney disse inverdades sobre repórter

por Josias de Souza


Na última quarta-feira (5), José Sarney escalou a tribuna do Senado para tentar se defender das acusações que o assediam.


A certa altura, queixou-se da mídia. Apresentou-se como “vítima de uma campanha sistemática e agressiva” dos meios de comunicação.


Para reforçar o que dizia, descreveu “uma coisa lamentável”: a visita de “um jornalista credenciado no Senado” ao empresário Jeovane de Morais.


Jeovane realizara uma transação imobiliária com Sarney. O negócio envolveu a Fazenda do Pericumã, nos arredores de Brasília.


Pois bem. O empresário concordara em receber um repórter interessado em esmiuçar o negócio. O encontro foi descrito por Sarney assim:


“Chega agredindo, dizendo ‘o senhor é laranja do Sarney, confesse!’ e rouba os papéis que estavam em cima da mesa dele e sai correndo”.


Nesse instante, Sarney recolheu um estojo de plástico que se encontrava sobre o púlpito do Senado. Continha um DVD.


Sacudindo-o no ar, Sarney pespega: “Isto está gravado aqui. A cena foi filmada e não deixa dúvida”.


Posando de magnânimo, Sarney disse que não exibiria as imagens. Por quê? Não queria prejudicar os personagens envolvidos, expondo-os em público.


O repórter em questão, cujo nome Sarney esquivou-se de declinar, é Andrei Meireles. Trabalha para “Época”.


A revista obteve cópia da fita que Sarney brandiu em plenário. O miolo das imagens está disponível no vídeo que ilustra esse texto.


Como disse Sarney, “a cena não deixa dúvida”. Sarney pronunciou diante dos colegas uma rematada lorota.


Deu-se em 30 de julho a visita de Andrei ao escritório de Jeovane. Não há nas imagens vestígios de agressão verbal, roubo de papéis ou fugas apressadas.


O repórter entra na sala. Cumprimenta os presentes, senta-se à mesa e põem-se a fazer perguntas de cunha eminentemente técnico.


Em dado momento, Jeovane reclama de diálogo que mantivera na véspera com o repórter. Andrei dissera que ele era “laranja de Sarney”.


Andrei esclarece: Jeovane não identificara os outros proprietários da fazenda, que comprara em 2002. Nessa situação, poderia ser definido como um “laranja”.


O repórter pergunta quanto cada sócio da fazenda desembolsara em dinheiro por sua parte nas terras. Jeovane não responde.


Jeovane exibe a Andrei um lote de papéis: alguns acomodados numa pasta preta, outros soltos sobre a mesa. De resto, um relatório encadernado.


Calmamente, Andrei folheia os documentos. Examina mais detidamente o relatório. Nenhum dos presentes diz ao repórter que ele não poderia levar a encadernação.


A conversa segue. Andrei se levanta. Veste o paletó. Leva o celular ao bolso. À vista de todos, pega o relatório encadernado.


O repórter dirige-se à porta. Nada de correria. Jeovane o acompanha. Argeu Ramos, que trabalha com o empresário e acompanhou a conversa pega o telefone.


Uma assistente do empresário, que também testemunhara a entrevista, passa diante da câmera. Afirma que não sabe como desligá-la.


Munido de um celular, Argeu liga para Emmanoel Roriz, vizinho da fazenda. É outro personagem da transação imobiliária do Pericumã.


Argeu informa a Emmanoel que o repórter iria procurá-lo. Orienta-o a não dar informações. Deveria apenas negar a existência de “contrato de gaveta”.


A assistente diz a Argeu que não está encontrando o relatório que Jeovane exibira ao repórter. Concluem que Andrei o havia levado. Ele “é perigoso, muito perigoso”, diz Argeu.


A assistente deixa o escritório. Ao retornar, informa que Andrei fora embora. No dia seguinte, de acordo com o relato da revista, assessores de Sarney procuraram Época.


Disseram que as informações do relatório não se destinavam a publicação. A revista concluiu que os dados não eram essenciais. E devolveu o papelório.


Foi esse o episódio que Sarney invocou em plenário para sustentar a tese de que, valendo-se de métodos agressivos, a mídia o persegue.


Desfere contra ele “mentiras,” “calúnias”, “montagens” e “acusações levianas”.


Em verdade, se quisesse, o repórter poderia se valer do vídeo para processar Sarney por calúnia e difamação.


Efeito Marina

Efeito Marina

De Melchiades Filho, hoje, na Folha de São Paulo:
Nem os retoques do pré-sal nem a ruína de Sarney. O que mais preocupa os estrategistas do Planalto é a possibilidade de Marina Silva se lançar à Presidência pelo Partido Verde e, com isso, inviabilizar o caráter plebiscitário que Lula queria dar à sucessão.

O plano do presidente ia bem.

Para garantir o PMDB na aliança eleitoral, ele conteve o PT nos Estados e ratificou o apoio a José Sarney. Para limpar a cédula nacional, autorizou o transplante de Ciro Gomes para São Paulo e, com a ajuda de Renan Calheiros, limpou o terreno em Alagoas para que Heloísa Helena (PSOL) prefira o certo (o retorno ao Senado) ao duvidoso (outra candidatura estridente à Presidência).

Com a entrada de Marina, porém, não haverá a polarização Lula x anti-Lula.

Não só porque a ex-ministra será uma terceira via, capaz de atrair o voto desgarrado, mas também porque ela tem perfil anfíbio. É mais petista do que a candidata do PT. Atuou 30 anos no partido, 20 a mais do que Dilma. Tem uma trajetória de superação como a de Lula -filha de nordestinos, ex-empregada doméstica, analfabeta até a adolescência (cursou o Mobral e hoje possui diploma universitário), militante sindical e de movimentos sociais, casada e mãe de família.

Ao mesmo tempo, Marina não será uma solução de continuidade.

Não esteve envolvida nos escândalos do governo Lula (mensalão, aloprados, dossiê contra FHC) e colecionou divergências com Dilma -não quis ceder a empreiteiros e ruralistas nem operou para criar ou privilegiar grandes corporações.

Sua candidatura pode murchar como a do pedetista Cristovam Buarque, em 2006. Ou decolar como a de Fernando Collor, do igualmente nanico PRN, em 1994.

Mas não é apenas isso que parece mover Marina, e sim a oportunidade valiosa de incluir questões ambientais na pauta nacional de debates durante um ano e arrancar compromissos de candidatos avessos ao desenvolvimento sustentável.

A "tropa de choque" hoje é outra

Carta ao Leitor

Militares cercam o Congresso, em 1968
Os escândalos atuais e seus encobrimentos podem fazer o que nem mesmo
a ditadura conseguiu - matar a ideia do Parlamento
como o berço das leis e a casa do povo

O país assiste, estupefato e impotente, a mais um espetáculo vexaminoso que se desenrola em Brasília. Para garantir-se na presidência do Senado, José Sarney, afogando-se em revelações de nepotismo e corrupção, recorreu à "tropa de choque" - um lumpesinato parlamentar de biografia encardida, sem nada a perder e que usa como armas da chantagem à intimidação física.

A tropa de choque que tenta blindar Sarney é capitaneada por Renan Calheiros, derrubado da mesma cadeira em 2007, depois que vieram à tona a pensão da filha paga por um lobista e outros ilícitos bem mais constrangedores.

Seu lugar-tenente é Fernando Collor de Mello, um ex-presidente da República cuja folha corrida dispensa apresentações. Ao alistar gente dessa espécie para formar sua linha de ataque, Sarney aceitou pagar o preço que esses serviços de proteção cobram. No campo simbólico, enterra sua longa carreira política igualando-se em estatura a Collor e Renan.

Na prática, condenou-se a presidir um Senado em que a política, como se viu na quinta-feira passada, se tornou apenas a extensão de uma guerra por outros meios. Aos brasileiros, o decano senador, ex-presidente da República e ex-governador dá o direito de perguntar, afinal que recompensa preciosa é essa a justificar tão alto custo da operação de defesa?Aqui.

Revista Veja

Lula, o verdadeiro chefe de Renan


Um texto meu de ontem começava assim:

O triste espetáculo a que se assiste no Senado tem um maestro: Luiz Inácio Lula da Silva.

Pois bem, posts abaixo, vocês lerão que Lula — que ontem resolveu exercitar retórica golpista — endossou o comportamento de Renan Calheiros (PMDB-AL) no Senado. Segundo o presidente, quem radicalizou foi a oposição!

Lula endossa, assim, o espetáculo de arrogância, truculência e baixo calão protagonizado por Renan. A coisa não pára por aí. Ele também gostou daquela frase emblemática do seu aliado: a oposição é “minoria com complexo de maioria”.

Aprovou o achado. Considera que é isso mesmo. Até o peemedebista achou que tinha exagerado, mas não Lula. Como já disse aqui, isso revela uma incompreensão básica, essencial, do que é democracia. Por que as palavras são, como disse, emblemáticas? Porque elas sintetizam e desenham o espírito deste governo: maiorias existem para esmagar; minorias, para ser esmagadas.

“Mas não é assim nas democracias?”, pergunta o petralha.

Não, não é, não. Os vários fascismos europeus foram regimes de maioria, alguns “de massa”. E, no entanto, não foram democráticos.

A democracia supõe a existência e aplicação de valores — e um dos mais sagrados é justamente a proteção aos direitos da minoria, seja na política, seja na sociedade. Bastasse a maioria, as próprias leis seriam inócuas.

Leia mais.

Por Reinaldo Azevedo

Elle, o de sempre - Roberto Pompeu de Toledo

Elle, o de sempre

Por Roberto Pompeu de Toledo

"Quando Collor se cansou de Simon e de Sarney, sobrou
para quem? O colunista que vos fala. O que disse é mentira.
Mais uma vez: MENTIRA. E uma terceira: MEN-TI-RA"

Pode sentir-se defendido quem tem em sua defesa a dupla formada pelos senadores Renan Calheiros e Fernando Collor de Mello? Há defesas que ferem como ataque. Num primeiro momento funcionam, como funcionou a furibunda blitz desfechada pela dupla contra o senador Pedro Simon, na memorável sessão do Senado da última segunda-feira.

A torrente de insultos, insinua-ções e, da parte de Collor, assustadoras caretas lançadas contra Simon intimidou o senador gaúcho a ponto de, como ele afirmaria mais tarde, ter sentido medo físico.

Mas o ônus de carregar pela vida afora, e biografia adentro, o fato de ter contado com tais defensores supera o alívio momentâneo.

Os senadores do PT sabem disso e conspicuamente procuram se dissociar dos referidos senhores. Já o presidente do Senado, José Sarney, não bastassem os próprios problemas, é refém de um duo cujo abraço aperta, aprisiona e sufoca como tenaz.

O senador Collor superou-se, naquele dia, na utilização dos velhos recursos em favor do novo papel de injustiçado e sofredor. Buscando inspiração no aparelho digestivo, ordenou a Simon que "engolisse" as próprias palavras e "as digerisse como julgasse conveniente".

Chamou o honrado senador de "parlapatão".

E enquanto isso armava seu impressionante repertório de expressões fisionômicas e exalações corporais, um conjunto que, querendo sublinhar indignação, acaba por revelar um perturbador descontrole.

A respiração era pesada como a do touro ao investir contra o pano vermelho.

Repetiam-se os estranhos olhos fixos de outras ocasiões. E a alturas tantas, quando se cansou de Simon e de Sarney, sobrou para quem? Quem? Quem? O colunista que vos fala.

Disse ele que "o jornalista chamado Roberto Pompeu de Toledo, que costuma sujar a última página de uma revista local, se não me engano a VEJA", procurou o ministro Ilmar Galvão, encarregado, no Supremo Tribunal Federal, de relatar o processo contra ele, Collor, à época do impeachment, e lhe propôs: "Ministro, declare a culpa do Fernando Collor que nós daremos ao senhor a capa e as entrevistas de páginas amarelas da revista". O ministro, indignado, teria expulsado o interlocutor de seu gabinete.

Deus do céu, quanta pretensão, num pobre jornalista, achar que a efêmera glória do bom tratamento num órgão de imprensa pudesse influenciar o julgamento de um ministro do Supremo!

Collor acrescentou que Roberto Pompeu de Toledo não poderia desmentir tal episódio. Pode sim. É mentira. Mais uma vez: MENTIRA. E uma terceira: MEN-TI-RA.

A conversa que na época o colunista teve com Ilmar Galvão não teve nunca, jamais e em tempo algum o caráter de (ingênua) negociação do julgamento do ministro contra possível tratamento privilegiado em VEJA.

Mesmo se, enlouquecido, o jornalista quisesse fazê-lo, não teria poderes, como não tem agora, nem nunca teve, de dispor da capa ou das páginas amarelas da revista.

Seu único e singelo objetivo era informar-se.

Claro está que se não houve o principal – uma tentativa de negociação – também não houve o secundário – a expulsão do gabinete. Em todo caso, registre-se que o cinematográfico desfecho pretendido pelo senador é outra mentira, MENTIRA, MEN-TI-RA.

A entrevista transcorreu em clima de cordialidade.

Como encerrar este artigo? Primeira hipótese: dizer que sujar páginas por sujar páginas, perito mesmo na especialidade é o ex-presidente – no caso, sujar as páginas da história do Brasil.

Sentencioso demais.

Se os leitores permitem a falta de modéstia, o colunista gostaria na verdade é de congratular-se consigo mesmo. Ao contrário de Sarney, ele não tem Collor como defensor. Tem como acusador. É uma honra.

•••

Por falar em fisionomia, e para arejar o ambiente com caso oposto ao da carranca oferecida por Collor a Simon, a fisionomia do momento, no Brasil, é a do vice-presidente José Alencar.

O fato de ele estar impelido a correr de internação em internação, e de operação em operação, dentro daquilo que se convencionou chamar de "luta" contra o câncer, é o de menos.

Como ele próprio alega, não dispõe de alternativa. Muitos também o fariam – e fazem –, especialmente quando têm recursos para pagar o tratamento.

O que impressiona é a serenidade com que enfrenta o infortúnio, manifestada no sorriso e no jeito bonachão que estampa nas entradas e saídas do hospital.

Seu comportamento, na mais decisiva das horas que espera um mortal, cativou o país. A ele seria dedicada a coluna desta semana, se o homem das Alagoas não se interpusesse no caminho.

Fica o registro

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Frase do dia...

Há algo de errado com a Justiça de um país que não consegue trancar na cadeia um fora-da-lei
como Renan Calheiros.

Augusto Nunes

CHEGA DE CORRUPÇÃO!

#FORASARNEY

MANIFESTAÇÕES PROGRAMADAS


bier_mobilizacao

Bier

VÁ DE PRETO, LEVE FAIXAS, CARTAZES E BANDEIRAS DO BRASIL!

CHEGA DE CORRUPÇÃO!

QUALQUER SEMELHANÇA COM OS CARA-PINTADAS NÃO É MERA COINCIDÊNCIA!

São Paulo
Data: 15/08 (Sábado), 14H
Local: MASP

Porto Alegre
Data: 15/08 (Sábado), 14H
Local: Arco da Redenção

Rio de Janeiro
Data: 15/08 (Sábado), 14H
Local: Candelária

Belo Horizonte
Data: 15/08 (Sábado), 14H
Local: Praça Sete

Salvador
Data: 15/08 (Sábado), 14H
Local: Av Garibaldi

Londrina
Data: 15/08 (Sábado), 14H
Local: Em frente ao Banco do Brasil do calçadão

Recife
Data: 15/08 (Sábado), 14
Local: Av. Conde da Boa Vista, na frente do shopping.


CHEGA DE CORRUPÇÃO!

Ajudem na divulgação na sua cidade, bairro, escolas, faculdades e as distintas
galeras, turmas e amigos, vizinhos bacanas…

Precisamos que o pessoal das cidades compareçae ajude a organizar
as manifestações.

A única forma de realizar a parada é essa: divulgar, divulgar e
divulgar mais ainda…

#forasarney e quem o apóia!

O Foro de São Paulo vai à guerra


Por Arlindo Montenegro

Sob o título, "Os arquivos de Reyes, um desafio internacional", o jornalista André Oppenheimer publicou nas páginas do Diário Exterior (http://www.eldiarioexterior.com/), cuja tradução resumida é a seguinte:

"Hugo Chavez e seu pupilo equatoriano Correa, reagiram com insultos à publicação da Interpol certificando a autenticidade dos 37.872 arquivos do computador do terrorista Reyes, das Farc.

São centenas de referências ao apoio efetivo de Chavez e Correa ao grupo terrorista. Eles podem gritar e espernear, mas foram colhidos em flagrante apoiando um grupo terrorista empenhado em derrubar o governo democraticamente eleito da Colômbia".

"Chavez, do mesmo modo que fez quando uma delegação oficial da Venezuela foi flagrada no aeroporto de Eceiza, carregando 800 mil dólares em espécie para ajudar a eleger Cristina Kirchner, grita que o resultado da perícia da Interpolé "uma palhaçada do império" e que o secretario geral da Interpol é "um mafioso", "um vagabundo".

O equatoriano Correa não ficou para trás e anunciou que seu exército está se modernizando para, junto com a Venezuela, Brasil e os outros bolivarianos, atacar a Colombia".

"Os laptops das Farc, segundo os peritos em segurança, são documentos valiosos como um tesouro, os mais importantes da luta contra o terrorismo nas Américas.

Já proporcionaram o resgate de 480 mil dólares das Farc na Costa Rica e 30 kg de uranio não enriquecido guardados pelos guerrilheiros na periferia de Bogotá".

"Entre centenas de revelações estão 8 referências à ajuda que Chavez prometeuaos chefes terroristas das farc. Outros documentos referem a contribuição de 100 mil dólares das farc para a eleição de Correa em 2006".


Embora no fundo do poço, Senado não para de cavar

Fica, Sarney.
Ajude a revelar a verdadeira face do Senado!


por Josias de Souza

O que mais degrada a imagem do Senado, além de seus próprios desatinos, é a TV.
Nesta quinta (6), produziu-se diante das câmeras da TV Senado um strep-tease. Não foi o primeiro esvoaçar de vestes.

Mas foi o mais dramático. Antes, o Senado expunha os seus contornos apodrecidos. Agora, mostra as vísceras.

Quem assistiu não vai esquecer.

O instante mais dramático foi uma altercação de duas estrelas. De um lado, Renan Calheiros. Do outro Tasso Jereissati.

Numa TV comercial, o espetáculo não teria sido exibido em horário vespertino.

A alturas tantas, Tasso pediu a Renan que não lhe apontasse “o dedo sujo”. Renan respondeu que sujo era o dedo de Tasso. “Dedos do jatinho pago pelo Senado”.

E Tasso: “pelo menos era com o meu dinheiro. O jato é meu, não é do que você rouba dos seus empreiteiros. É meu. Eu tenho”.

Ofensa vai, ofensa vem Renan chama Tasso de “coronel”. Não um coronel qualquer. “Um coronel de merda”, ouviram os que estavam próximos de Renan.

“Cangaceiro”, devolveu Tasso, desafiando Renan a repetir a expressão de calão raso. Na mesa da presidência, José Sarney, que já não preside coisa nenhuma, suspendeu a sessão por dois minutos.

Na véspera, no final de um discurso em que tentara, sem sucesso, defender-se, Sarney fizera um apelo pela paz.

Pois bem, 24 horas depois, Renan escalou a tribuna para reiterar a declaração de guerra. Renan leu em plenário a representação do PMDB contra o líder tucano Arthur Virgílio.

Uma reação às investidas do PSDB contra Sarney.

Mencionou a “doação” de R$ 10 mil recebida de Agaciel Maia, os R$ 210 mil de salários pagos a um assessor que estudava “teatro” na Espanha... ...os mais de R$ 700 mil de despesas médicas do tratamento de saúde da mãe de Virgílio, já morta.

E até o uso de um servidor do Senado em serviços domésticos.

Em resposta, Virgílio desfiou um rosário de acusações feitas contra Renan à época em que arrostou o par de representações que o apeara da presidência do Senado.

A platéia ficou sabendo, se é que já não sabia, que o Senado, casa dos mais velhos, feita para preservar o bom senso...

...Esse Senado é liderado por pessoas que se consideram umas às outras indignas do exercício do mandato. Cristovam Buarque foi ao microfone para dizer a Sarney que a paz não será obtida sob a presidência dele.

Disse que Sarney está cercado, hoje, de dois tipos de pessoas. As que enaltecem a sua biografia e as que se aproveitam dela. “Hoje, experimentamos a sessão mais degradante na minha vida aqui dentro do Senado. Acho que chegamos a um ponto extraordinariamente baixo”.

Demóstenes pronunciou quatro vezes o vocábulo: “Basta”. “Não podemos mais ficar nesse clima.

Tião Viana instou Sarney a chamar as principais lideranças. Nada de “conchavos”, disse. Alvo que restabeleça a convivência mínima. Uma convivência que não parece interessar a Renan e à tropa dele.

“Qual é a ética praticada aqui? Eu vinha dizendo que não ia sobrar um senador nessa casa”, disse, em timbre de ameaça Wellington Salgado, um miliciano de Renan.

“Não pensem que vão chegar aqui e tratar o presidente Sarney dessa maneira e achar que vamos ficar calados.

Somos do PMDB, o maior partido do país”.

A isso se reduziu o PMDB de Ulysses Guimarães.

É hoje, o PMDB de Renan, o PMDB de Sarney, o PMDB de Wellington Salgado.

À platéia já não resta senão torcer para que a briga continue e gere conseqüências.

A essa altura, já não parece conveniente que Sarney saia.

Fica, Sarney.

Ajude a revelar a verdadeira face do Senado!

Será que é pedir demais?


Senador Paulo Duque - "Poder Imperial"
"O presidente do Conselho de Ética do Senado, Paulo Duque (PMDB-RJ), negou nesta quarta-feira o rótulo de "engavetador" de processos contra o senador José Sarney (PMDB-AP) que tramitam no colegiado. Duque disse, porém, que tem "poder imperial" concedido pelo regimento interno do Senado ao presidente do conselho para arquivar as cinco representações contra o peemedebista".

O Senador sem voto, Paulo Duque não sabe que a república foi proclamada no Brasil em 1889.
Mesmo assim, o máximo que ele poderia pensar é que é um Duque. Nunca um imperador. (Me desculpem o trocadilho).

Esta é a tragédia do Brasil.

Logo que eleitos os nossos parlamentares imediatamente passam a ter "biografia" e pensam que pertencem a uma casta superior imune às leis e se lixando para a opinião pública.

ODORICO NÃO DECEPCIONA QUEM O CONHECE

Sarney se limitou a dar uma de Paulo Maluf. Ele fez, ele faz, enfim, ele é gente que faz. Sobre os nomeados, eram tantos que Sarney usou Power point.

Não conhece ninguém, nunca os viu, jamais soube de sua existência. Dos parentes, claro, foram todos nomeados sem seu conhecimento e consentimento, por amigos.

Negou conhecer inclusive um seu afilhado de casamento, parente de Agaciel Maia.

Sarney que tanto falou sobre sua biografia, mais uma vez ignorou o fato que ele mesmo, aceitando esse papel ridículo que aceitou e aceita fazer, acabou com a mesma.

Colocou, claro, a culpa na imprensa. Acusou jornalistas de roubo, mas, por ética, vejam só, ética, resolveu não mostrar a prova. Disse que foi enxertado frases em gravações só para ligá-lo a Zuleido Veras.

De fato, não saberia dizer o pior ponto desse seu discurso em plenário. Foram tantos. Tantos. Somente uma coisa ficou claro mais uma vez:

José Sarney é uma raposa velha que se acostumou a atacar o galinheiro e ter neste ataque o silêncio cúmplice das galinhas...e até diria, um trato com elas, porem, esse velho senhor, tão verdadeiro como a cor de seus cabelos tingidos, perdeu o bonde da história.

Não passa de um Odorico Paraguaçu. Uma peça folclórica do cenário político brasileiro. Se ele se sair bem desta não será por mérito próprio, mas, certamente por neste momento aceitar servir aos lobos que dominam o Brasil.

Sarney, o oportunista, que hoje se vangloria de ter sido um bastião contra a ditadura militar, nunca passou de um golpista em 1964.

Sarney, de verdade, com a idade que tem não suportaria se olhar no espelho.
Chega, Sarney.

Nem mesmo o senhor tem o direito de se auto-enlamear tanto!

Ridículo, do começo ao fim.



OU SOMOS OU NÃO SOMOS!

SE OS SENADORES DE OPOSIÇÃO NÃO COLOCAREM O BLOCO NA RUA e, claro, nós, povo brasileiro, achincalhados, humilhados, imundos das merdas que as Genis nos jogam todos os dias, vamos pro brejo rapidinho.

A hora é agora.

Ou assumimos nossa cidadania e a praticamos ou assumimos que somos bananas e vamos nos divertir com o pouco pão e o muito circo que nos dão.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Perna curta

Perna curta
por Lucia Hippolito
Defesa de Sarney

Um dos argumentos utilizados pelo senador José Sarney para convencer os demais senadores a apoiá-lo foi o de que Carlos Augusto Montenegro, diretor-presidente do Ibope, lhe havia garantido que o escândalo só tinha chegado às elites, às classes A e B. As classes C, D e E não tomaram, segundo Montenegro, conhecimento do escândalo.

Vamos passar rápido pela injustiça que este tipo de pensamento comete com os milhões de pobres deste país. O que o argumento embute é um tremendo preconceito contra os menos favorecidos, como se eles não se incomodassem com roubo, com apropriação do dinheiro e dos espaços públicos.

Os mais pobres sabem que desvio de dinheiro público é dinheiro desviado da saúde pública, do saneamento, da educação, dos transportes, da habitação popular, dos remédios a preços populares.

Vamos passar rápido.

O fato é que hoje recebi um telefonema de Carlos Augusto Montenegro, que me afirmou categoricamente que não fala com o José Sarney há cinco anos. Afirmou ainda que essa suposta pesquisa não existe e que ele, Montenegro, não pensa dessa forma, bem ao contrário.

Ficam aqui as palavras de Carlos Augusto Montenegro, diretor-presidente do Ibope.

Bate-boca entre Tasso e Renan

Senadores discutiram e plenário nesta quinta-feira.
Sessão teve que ser interrompida por dois minutos.

Do G1, em Brasília


O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) bateram boca em plenário nesta quinta-feira (6) após o peemedebista ler a representação de seu partido contra o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). Após a discussão, a sessão foi interrompida por dois minutos.

O bate-boca começou quando Virgílio ia se defender das acusações feitas na representação da tribuna do plenário, e Tasso pediu ao presidente da Casa que fosse retirado um manifestante do plenário, e foi criticado por Renan.

Leia abaixo a íntegra do ocorrido:

Tasso Jereissati - Existem manifestações aqui nessa tribuna de honra. Eu pediria que retirassem esse senhor aqui que está fazendo constantes manifestações, porque não está de acordo com o regimento.

Renan Calheiros - Sr. Presidente, pela ordem. A respeito da manifestação do senador Tasso Jereissati. Essas crises acontecem por isto: É a minoria com complexo de maioria. Quer expulsar agora um cidadão que está aqui participando da sessão, que é uma sessão, infelizmente, histórica do Senado Federal.

Tasso Jereissati - Ele não está participando. A tribuna de honra não pode ficar fazendo piada aqui. Senador Renan, não aponte esse dedo sujo para cima de mim. Não aponte esse dedo sujo para cima de mim. Estou cansado das suas ameaças.

Renan Calheiros - O dedo sujo, infelizmente, é o de V. Exª. São os dedos dos jatinhos que o senado pagou.

Tasso Jereissati - Pelo menos, era com meu dinheiro. O jato é meu. Não é o que o senhor anda, o de seus empreiteiros.

Renan Calheiros - O dinheiro é seu?

Tasso Jereissati - É meu. É meu. É meu e eu tenho para falar.

(fala fora do microfone. Inaudível.)

Tasso Jereissati - Eu coronel, cangaceiro? Cangaceiro de terceira categoria. (Pausa) O quê? Repita o que você disse! O decoro parlamentar.

Renan Calheiros - Você não é coronel de nada.

Tasso Jereissati - Repita o que você disse aí!

Renan Calheiros - Me respeite!

Tasso Jereissati - Repita o que você disse aí!

Renan Calheiros - Você é minoria com complexo de maioria. Me respeite!

Tasso Jereissati - Sabe de uma coisa? Eu não respeito.

(fala fora do microfone. Inaudível.)

Tasso Jereissati - Sr. presidente, o senador Renan Calheiros acabou de quebrar o decoro parlamentar, dirigindo-se a mim com palavras de baixo calão. Peço que seja feita uma representação sobre isso.

Renan Calheiros - Presidente, peço desculpas e peço para V. Exª retirar da sessão de hoje que minoria com complexo de maioria é falta de decoro parlamentar.

Presidente do Senado, José Sarney - Está suspensa a sessão por dois minutos.

Manifesto de senadores pelo afastamento do presidente José Sarney

Posted by: joseagripino

Excelentíssimo Sr. Senador José Sarney

Presidente do Senado

Consideramos e reafirmamos que para iniciar a recuperação da dignidade do Senado é preciso a apuração com credibilidade de todas as denúncias contra a administração da Casa e o envolvimento de Vossa Excelência. O primeiro passo para isto é o afastamento de Vossa Excelência da Presidência do Senado, durante os trabalhos de investigação na Comissão de Ética.

Sabemos que a decisão deste afastamento é exclusiva de Vossa Excelência. Mas fica registrada aqui nossa sugestão de que faça um gesto histórico em defesa do Senado e de sua biografia pessoal, afastando-se da presidência do Senado durante o tempo necessário para a apuração dos fatos de denúncias contra Vossa Excelência.

Lobão engole palavrões de Lula

Olho no poder: Lobão engole palavrões de Lula

05/08/2009

O presidente Lula usou boa parte do repertório de palavrões brasileiros para passar uma descompostura no ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. O sermão aconteceu pouco antes da assinatura do novo acordo entre Brasil e Paraguai sobre a hidrelétrica de Itaipu, no dia 25 de julho.

A reprimenda de Lula valeu também para o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, presente no encontro.

A irritação de Lula foi motivada pela resistência de Lobão e Gabrielli em assinar o acordo.

-- Vai t..., Lobão! Não me venha com esse papo. Vocês querem que o Brasil repita com os países pobres o mesmo imperialismo dos Estados Unidos com toda a América do Sul. Vai t...

Sem escutar os argumentos dos subalternos, Lula continuou a dizer o que pensava.

-- O Brasil tem uma responsabilidade muito grande com os vizinhos, ainda mais com o Paraguai, teve a guerra. Vocês querem f... o Lugo (Fernando Lugo, presidente do Paraguai), mas não vão.

-- E não adianta vocês fazerem estas continhas, estes numerozinhos. Vocês vao t...

A reprimenda de Lula foi reproduzida ao colunista por uma pessoa que tomou conhecimento da conversa. As frases, certamente, não são literais. Os palavrões e o sentido das reclamações do presidente, com segurança, são verdadeiros e ditos em grande quantidade.

*É o editor executivo do Congresso em Foco. Ex-diretor das sucursais das revistas Época e IstoÉ em Brasília, atuou como repórter ou editor em vários outros veículos, como Folha de S. Paulo, Veja e Correio Braziliense. Em 2003, ganhou o Prêmio Esso Regional de Jornalismo com reportagens sobre a guerrilha do Araguaia. Foi co-autor de Operação Araguaia – os arquivos secretos da guerrilha, obra que recebeu o Prêmio Jabuti de melhor livro-reportagem de 2005.

O discurso do velho coronel

defesa de Sarney

O discurso do velho coronel

por Lucia Hippolito

Voz firme, apesar do tremor das mãos, que não cessou um minuto durante todo o discurso que apresentou em sua defesa, José Sarney pareceu, em vários momentos, sinceramente espantado.

Sem entender por que está sendo, segundo ele, tão duramente perseguido.

Continua fazendo o que sempre fez.

No PSD, onde começou a carreira, lá na década de 1950 do século passado. Na UDN, para onde se bandeou porque não havia espaço no PSD. Na Arena, partido da ditadura, em que foi presidente nacional. No PDS, sucedâneo da Arena, ainda durante a ditadura, partido de que também foi presidente. No PMDB, para onde se bandeou quando a ditadura começava a fazer água.

Coronelismo, nepotismo, clientelismo, fisiologismo, privatização de espaços e recursos públicos. Vaidade, vaidade, vaidade. Nada disso é desconhecido pelo senador Sarney.

Todas essas práticas são antigas a arraigadas em sua biografia. Biografia que o senador tanto preza.

Por que, então, começou-se a cobrar dele, como se fosse ele, Sarney, o único a exercer essas práticas? Ou que se ele as tivesse começado a praticar ontem.

O fato é que, talvez, Sarney, como os dinossauros, não tenha realmente percebido que os tempos mudaram.

Depois de passar mais da metade da vida como o enfant gâté da ditadura, Sarney dedicou-se, nos últimos 20 anos, a polir seu verbete nas enciclopédias da História do Brasil.

Tendo sido chamado de ladrão e incapaz por Lula e Collor durante toda a campanha eleitoral para a primeira eleição democrática desde 1960 (a eleição de 1889 está fazendo 20 anos), Sarney ocupou-se da carreira política dos filhos, da construção de um patrimônio invejável, da publicação de alguns romances de qualidade duvidosa e de construir seu mausoléu.

Naturalmente, num espaço público e tombado pelo Patrimônio Histórico, o centenário Convento das Mercês.

Ah, e aderiu a todos os governos desde Itamar Franco.

E agora, quando esperava coroar sua história de vida com a terceira presidência do Congresso Nacional, eis que sua biografia lhe cai sobre a cabeça como um paralelepípedo, estragando todo o esforço realizado nas últimas dácadas para mantê-la escondida da sociedade brasileira.

Sarney volta a ser um coronel de província. Obsoleto, anacrônico, desfuncional.

Estamos assistindo a um duelo de morte. Entre o velho coronelismo e os novos tempos de internets, blogs, twitters e julgamentos em tempo real.

Assim como os dinossauros, o coronelismo está nos estertores. Sejam os velhos ou os novos coronéis, estes donos de meios de comunicação, senhores da opinião em seus estados, proprietários de currais eleitorais.

O coronelismo está agonizando

CPI da Petrobras

Primeiros movimentos da CPI da Petrobras


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Hoje às 10 horas, a primeira reunião de trabalho da CPI da Petrobras. Na pauta a votação de requerimentos e a apresentação do roteiro pelo relator Senador Romero Jucá.

http://twitter.com/alvarofdias

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Leia na íntegra o discurso de José Sarney

Leia na íntegra o discurso de José Sarney

- O SR. JOSÉ SARNEY (PMDB - AP). Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.

- Srªs e Srs. Senadores, Srª Presidente, até hoje não usei esta tribuna, para rebater as inverdades contra mim disseminadas aqui mesmo e na mídia nacional.

Vim hoje, para expor tudo que fizemos e estamos fazendo pelo Senado, seguindo a linha das minhas administrações anteriores e com a colaboração da Mesa, especialmente do seu executivo, o 1º Secretário Heráclito Fortes.

Avaliei que as críticas que me fizeram eram só rescaldos da eleição, mas eram mais profundas, faziam parte de um projeto político e de uma campanha para desestabilizar.

Disse, quando assumi a Presidência desta Casa, que tenho as minhas amizades pessoais; sempre zelei por elas e cumpro o meu dever de amigo para com elas. Tenho minha posição política, que adotei com coragem e com convicção,de apoio ao Presidente Lula, que está fazendo um governo excepcional, com o apoio estimulante e forte do povo brasileiro. Mas nem os amigos, nem minhas convicções políticas me fariam colocar o Senado submetido a qualquer sentimento menor ou de qualquer posição pessoal. Meu dever é para com o Senado.

Por temperamento, sempre fui um homem de diálogo, de convívio pacífico, de respeito aos outros, às suas ideias e às suas posições. Mas isso, ao longo de minha vida, nunca me fez abandonar a firmeza, quando ela tem sido necessária.

Minha vida política nunca foi fácil, nem sem momentos até mesmo - posso dizer - de perigos. Se estou vivo, sobrevivi a três atentados. E houve tempo neste Senado, em que minha vida era ameaçada todo dia pelo Senador Vitorino Freire, que foi um grande inimigo que tive - e político. Nas vezes em que tive que tomar decisões impostas por minha consciência, eu assim procedi.

Na semana depois do Golpe Militar, em um clima de grande temor, de grande apreensão dentro do Congresso, em que o caráter dos homens é posto à prova, quatro dias depois, fui à tribuna da Câmara, para defender o mandato dos Deputados cassados:

"José Sarney lidera a campanha contra a cassação de Deputados" - quatro dias depois de 31 de março. Havia uma inquietação muito grande, temores de todos os lados, mas eu fui para a tribuna do Congresso, da Câmara dos Deputados, para defender contra a cassação dos Deputados e tive a oportunidade de dizer, sob aplausos da Bancada udenista, em meu discurso: "Aqui não se cassa ninguém fora dos termos previstos na Constituição e na Lei Magna, que deve ser respeitada a todo custo." Não era fácil naquele tempo se tomar uma posição dessa natureza.

No AI-5 fui o único Governador que não o apoiou. Quando o Lula foi atacado injustamente - eu não era seu amigo, nem o conhecia pessoalmente -, sendo seu adversário, escrevi na Folha de S. Paulo, em sua defesa, um artigo, defendendo a sua biografia, com o título "A Lula o que é de Lula", dizendo que devíamos respeitá-lo pelo que ele tinha feito e que ele não podia ser acusado do que estava sendo acusado.

Quando divergi do PDS, renunciei à sua Presidência, abrindo condições para montagem de uma transição sem traumas. Não aderi ao Tancredo, mas, por ele e por Ulysses, fui insistentemente convidado e cooptado para ligar-me ao movimento que o levava ao poder.

Da mesma maneira, achei melhor para o Brasil a candidatura Lula e por ele fui convidado - não fui aderir - a apoiá-lo, e ele foi muitas vezes em visita à minha casa nesse sentido.

Sempre assumi minhas responsabilidades. Presidente, decretei o Cruzado, fiz a moratória. Não eram fáceis as duas decisões. Coloquei a minha cabeça a prêmio, mas abri caminho, para que no futuro chegássemos, através dos vários planos, ao Plano Real e à estabilidade econômica. Tive a coragem de congelar os preços e até hoje pago por essa conduta. Criei o Programa do Leite, o Seguro-Desemprego, o Vale-Transporte, o Siafi, a Secretaria do Tesouro; acabei com a Conta Movimento do Banco do Brasil. Liberei as Centrais Sindicais, legalizei a UNE e os Partidos banidos, como o PCdoB e o PC. Dei o 13º salário ao funcionalismo público. Agüentei 12 mil greves, sem que nunca tivesse pedido um dia de prontidão militar, e crescemos, àquele tempo, a números que até hoje não se repetiram. Criamos uma sociedade democrática que, num sistema de capilaridade, penetrava em todas as camadas.

Aqui, no Congresso, são várias as minhas propostas. As declarações de bens que hoje nós fazemos como registro de candidatos foram iniciativa minha; a Lei da Microempresa e da Pequena Empresa, o primeiro projeto de quotas para negros, a Lei das Estatais, o Estatuto do Livro, a lei que manda o Estado dar medicamento aos aidéticos e a minha grande causa Parlamentar, que foi a cultura, com a Lei de Incentivos Fiscais.

Fui o Relator da Emenda Constitucional, que extinguiu o Ai-5. Nos meus mandatos nunca tive recurso contra a minha diplomação, nunca nenhum procedimento penal, nunca o meu nome foi envolvido em qualquer escândalo; assim, agora, das acusações que me foram feitas nas diversas representações apresentadas ao Conselho de Ética nenhuma coisa se refere relacionada com o dinheiro ou prática de atos ilícitos ou desvio de dinheiro público. São coisas que não representam nenhuma queda de padrão ético e eu vou enumera-las para que se veja como são menores e como elas podem ser jogadas e manipuladas.

Todas são respaldadas sem nenhuma exceção por recortes de jornal.

O Conselho de Ética é um órgão julgador. Há diversas decisões da Justiça que não autorizam a abertura de processo por recortes de jornais. Como denunciação caluniosa, muitas das... todas as representações, algumas delas, afirmam que eu estou sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República.

Afirmam que estou sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República. Quem desmente isso é o próprio Procurador-Geral da República, em declaração que ontem ele deu aos jornais, em que disse: não existem indícios suficientes contra o Presidente do Senado, José Sarney, para que a última instância do Ministério Público, o Supremo Tribunal Federal, entre nas investigações.

Na coerência do meu passado, não tenho cometido nenhum ato que desabone minha vida. Não tenho senão que resistir, foi a única alternativa que me deram.

Todos aqui somos iguais. Nenhum Senador é maior do que o outro e, por isso, não pode exigir de mim que cumpra a sua vontade política de renunciar. Permaneço pelo Senado para que ele saiba que me fez Presidente para cumprir o meu mandato.

Como lembrei em minha prestação de contas antes do recesso, todas as medidas necessárias para a reforma administrativa da Casa foram feitas. Nossa ênfase tem sido na eficiência e na transparência.

Problemas que vieram se acumulando durante vários anos estão sendo resolvidos.

Nosso desejo e determinação é que possamos retomar a nossa agenda de Casa Legislativa, discutindo os grandes problemas políticos, as reformas que aguardam uma ação firme do nosso Parlamento.

O Senado é uma Casa onde todos temos o mesmo peso, igualdade na representação, na disponibilização de assessoramento, na obediência ao Regimento, na possibilidade de cobertura na TV e na Rádio Senado, na composição dos nossos gabinetes com cargos comissionados.

Tenho sempre exercido o comando da Casa, compartilhando-o com os outros membros da Mesa Diretora e com as Lideranças. Não sou o primeiro Senador a ter a Presidência duas vezes e pela terceira vez; outros já assim a tiveram.

No entanto, hoje não se fala mais em crise administrativa do Senado. Ela sumiu e toda a mídia e alguns Senadores não a vinculam, senão a mim. Não dizem o que fiz de errado, por que devo receber punição, o que devo fazer para a reforma do Senado. Os jornais e a mídia em geral que eu conheça nunca se concentraram tanto contra uma pessoa como estão fazendo comigo, vasculhando minha vida, desde o meu nascimento e, não encontrando nada, invadem minha privacidade e abrem devassa que se estende até a minha família inteira.

Não tenho instrumentos de revidar ou responder, porque o direito de resposta e a proteção à imagem estão na Constituição, mas não se integram nem são acessíveis aos direitos da cidadania brasileira.

Repito: Do que me acusam? Quero ser objetivo e vou entrar em pontos tópicos que constam das denúncias, sem fugir a nenhum deles de ser tratado.

Antes, vamos ver como tudo ocorreu.

Desconhecia - e eu acho que também todo o Senado - que o Senado tinha 170 diretorias. Elas não foram criadas por mim!

É um número inaceitável. E estamos para isso trabalhando com a Fundação Getúlio Vargas para reduzi-lo, porque a nossa organização é atrasada, decadente em face das necessidades e avanços da Administração Pública. É uma herança do passado, mas disseram, e consta de uma das representações, que 70% dessas diretorias foram criadas por mim. Dessas diretorias, eu criei 23 na minha gestão de 1995 a 1996, para atender aos novos serviços que aqui servem aos Senadores como TV, rádio, jornal, interação com o público, Alô Senado, Interlegis, Instituto Legislativo Brasileiro para aprimoramento dos recursos humanos. Assim, os Srs. Senadores que hoje me condenam têm esse instrumento à sua disposição, porque tomei a iniciativa de fazê-lo.

Os que vêm aqui e muitas vezes me criticam o fazem através da TV e Rádio Senado, que foram obras feitas e executadas na minha primeira administração.

Em seguida, veio a denúncia dos atos secretos. Eu acho que ninguém aqui nesta Casa sabia ou podia pensar que existisse ato secreto. Acho que é necessário esclarecer primeiro ao povo brasileiro o que se chama ato secreto.

A parte administrativa do Senado, que tinha o seu boletim interno impresso, com o advento da Internet, para economia e modernização de comunicação, em 2000, depois da minha primeira Presidência, substituiu esse sistema pela Intranet, que é uma Internet exclusiva do Senado, na qual passaram a ser publicados os atos de rotina administrativa do Senado Federal.

Assim, entram na Intranet do Senado cerca de quatro mil publicações por ano.
Nos nove anos em que ela existe, não se sabe por qual motivo, 511 atos não foram incluídos na rede. Uma média anual de 56 atos, ou seja, 0,84% das publicações administrativas.

A Constituição diz, no art.37, que a Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos Poderes deve obedecer aos princípios da publicidade, da moralidade e da eficiência. Assim, esses atos, a meu ver, tinham uma nulidade essencial. Por isso, eu, pelo Ato 294, de 14 de julho de 2009, anulei todos eles, com ressalva das decisões tomadas pela Mesa, porque eu não tinha autoridade para anular atos da Mesa, decisões estas aprovadas pelo Plenário desta Casa.

Mas se nós levarmos a uma interpretação literal dos termos da Constituição, da publicidade, que deseja que eles sejam do conhecimento de todos, também os publicados na rede da Intranet do Senado são semissecretos, porque não podem ser acessados pelo público em geral e somente pelos funcionários do Senado que dispõem de uma senha própria para assim fazer. Por isso, mandei que, a partir desta gestão, todos sejam publicados no portal do Senado, de acesso público, e não somente do conhecimento da própria Casa, e divulgar tudo, sem nenhuma restrição.

Mas voltemos aos atos secretos.

Dos 663 atos assinados considerados secretos, foi verificado que 152 tinham sido publicados no Diário do Senado Federal, não na intranet, no Diário do Senado, ficando em 511. Destes, 358 são de movimentação de pessoal, rotina da Casa, e 36 foram da Mesa, aprovados pelo Plenário do Senado Federal.

Afirmaram, contudo, e parece para a Nação inteira que fui eu que fui responsável por todos esses atos, e a opinião pública passou a receber assim essas informações erradas, deformadas e incompletas.

Quero mostrar a distribuição de sua publicação pelas diversas administrações segundo dados do nosso próprio Senado.

Quadro nº 1.

Sarney: um ato não publicado, boletins não publicados: 1 ato; Antonio Carlos Magalhães: 21 atos, 11 não publicados; Jader Barbalho: 1 ato publicado, 1 ato não publicado; Edison Lobão: 7 atos, 3 não publicados; Jader Barbalho: 0 e 0 não publicado; Ramez Tebet: 63, 303 boletins publicados, 19 não foram publicados; Sarney - na minha segunda administração: 87, publicamos 536, e 33 não foram publicados; Renan Calheiros: 260, 905 atos - ele foi por quatro anos, e, por isso, esses números crescem -, e 229 não publicados; Tião Viana - 2 meses de Presidência: 16 atos, 57 e 9 não publicados; Garibaldi Alves - 1 ano de Presidência: 207 atos, 445 boletins publicados, 106 não publicados, somando 312.

Portanto, meus 33, com um lá em cima, e, para a Nação inteira, foi dito que eu era responsável por todos os atos secretos que existiram nesta Casa. Nenhum de nós, Presidentes, sabia da não publicação desses atos. Dou esses números, para que realmente se veja e se faça justiça, porque isso foi divulgado no País inteiro; eles não eram assinados pelo Presidente e, sim, às vezes, pelo 1º Secretário, pelo Diretor-Geral, por outros diretores e por outros chefes da Casa na movimentação de pessoal.

Determinei a abertura de inquérito logo que foram denunciados, com a assistência do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União. Este inquérito foi remetido à Polícia Federal; está na Polícia Federal.

Fui Presidente do Senado quatro anos, e foram administrações modernizadoras.

Estou dizendo isso, não por mim, mas porque daqui recebi de todos os partidos, no fim do mandato que exerci, elogios considerando que este tinha sido o meu desempenho, sem exceção.

Nesses seis meses em que sou novamente Presidente do Senado, eu só fiz corrigir erros e tomar medidas saneadoras.

Acusam-me de nepotismo. Essa é a grande acusação que me é feita. Há 55 anos no Congresso, nunca adotei a norma de chamar parentes para a minha assessoria. Quero comentar a lista de nomeações das representações contra mim - estou colocando a lista, para saber quais foram elas, quais foram colocadas e que constam do processo, do PSOL e do PSDB, em uma só, porque elas se repetem, com as informações de lotação a mim fornecidas pela administração da Casa.

Quadro número um: João Fernando Sarney. Aqui no Senado - todos nós sabemos -, não se nomeia para o gabinete quem não for requisitado para nomear pelo Senador; e ele foi feito. Está aqui a requisição ao Diretor-Geral, do Senador Epitácio Cafeteira, que já teve a oportunidade de confessar que não me disse que tinha nomeado.

Segundo nome: Vera Portela Macieira Borges. Realmente, é sobrinha, por afinidade, minha. Eu requisitei do Ministério da Agricultura para a Presidência e pedi ao Senador Delcídio que a colocasse no gabinete em Mato Grosso, porque ela tinha se casado, e assim ela continuava trabalhando, não me julgando que nisso houvesse qualquer falha ou qualquer...

Não julgando que nisso houvesse qualquer falha ou qualquer... Qualquer um dos Srs. Senadores aqui nunca deixou na vida de cumprir ou de ajudar as pessoas que lhes pediram que legalmente tomassem providências.

Maria do Carmo Macieira - Eu confesso que não sei quem é. Tem o nome de Macieira, mas também não sei quem é e não trabalha no meu gabinete.

Perdão, ela foi nomeada pela Senadora Roseana. Eu não a conheço. E a lei brasileira não passa responsabilidade de filha para pai. Não há na lei brasileira - está no art. 5º - que a responsabilidade passe de filha para pai.

Pois bem, mas há o ofício da Senadora Roseana requisitando Macieira.

Isabella Murad Cabral Alves dos Santos - Também não é minha parenta. Foi nomeada pelo Senador Cafeteira, que, segundo me afirmou, foi a pedido do Sr. Eduardo Lago, que é primo do Governador do Maranhão, que era meu adversário, e não por mim.

Virgínia Murad Araújo - Também nomeada para o gabinete da Senadora Roseana Sarney. Cada um de nós é Senador pelo seu Estado e naturalmente recruta, tem essa liberdade de recrutar quem deve trabalhar com ele. Meu Estado é o Amapá.

Nathalie Rondeau, também não é minha parenta. Não tenho nenhuma ligação de parentesco com ela.

Luiz Cantuária, também não sei quem é Luiz Cantuária.

Rosângela Terezinha Gonçalves, funcionária da Diretoria-Geral, não tenho nenhum laço de parentesco. Nem sei de quem se trata.

Maria do Carmo de Castro Meira, da mesma maneira, não sei de quem se trata. Funcionária da Diretoria-Geral, mas foi incluída na lista da representação contra mim.

Shirley Duarte Pinto de Araújo, também era do gabinete da Senadora Roseana Sarney. Não era do meu gabinete. Não foi requisitada para nomear por mim.

Rodrigo Cruz, também não sei quem é. Incluíram como se fosse nomeado por mim.

Agora, Fausto Rabelo Consendey, também não conheço. Não sei onde trabalha, nem que é meu parente ou que tenha sido nomeado por mim.

Agora aqui nós vamos ver: Ricardo de Araújo Zoghbi, Luís Fernando Zoghbi, João Carlos Zoghbi Júnior.

Ora, os senhores vêem, por essa lista, quanto isso pode ser coisa que não pode ser feita, senão coisa que não pode ser feita com seriedade, porque todos sabem que eu nunca me relacionaria aqui com o Sr. Zoghbi. E, ao contrário, mandei abrir inquérito contra ele.

E todos sabem, por que o Senador Demóstenes, daqui do plenário, teve oportunidade de fazer uma denúncia de que ele tinha sido colocado no seu gabinete.

Pois está colocado na lista como se fosse nomeado por mim.

Tenho aqui as relações feitas pelos Senadores pedindo a nomeação dos filhos do Sr. Zoghbi botaram que fui nomeei na minha lista.

Dirijo-me a V. Exª para encarecer do Sr. Marcelo Zoghbi neste gabinete para o cargo em comissão... Demóstenes Torres. Estou dizendo isso, Senador Demóstenes como se faz, como foi feita essa lista.

Também tenho outra requisição do Sr. Zoghbi para o órgão central de comunicação e execução. Não foi eu, nunca trabalhou no meu gabinete, nunca o vi, mas foi colocado como se eu tivesse sido o homem que botou.

Karla Santana, também colocaram numa lista dessa Zoghbi na função de assistente parlamentar da Quarta Secretaria, a partir desta data. Mozarildo Cavalcanti. Colocaram como se fosse eu, colocaram também na lista, não está aqui, colocaram como se fosse eu. Está aqui a requisição feita por lá.

Tem outra também do Ricardo para gabinete parlamentar da Vice-Presidência, assinado pelo Senador Eduardo da Silva Campos.

Então, meus Srs. Senadores, sou acusado por esta lista que está na representação como se fosse minha, mostrando o meu nepotismo. E aí se vê que só tenho uma pessoa dessas que eu tenha influído que é Vera Portela Macieira Borges, que pedi para botar na Presidência e pedi ao Senador Delcídio para coloca-la.

Dessa maneira a gente pode ver como as coisas são feitas.

Perdão, eu pulei Ivan Sarney. Ivan Sarney trabalhou aqui dois anos. Em 2003, 2004 e 2005, no gabinete do Senador Ivan Sarney trabalhou aqui dois anos - em 2003 ou 2004, não me lembro, 2005 -, no gabinete do Senador João Alberto, que não é mais nem um gabinete, e é incluído aqui como se estivesse na lista entre a minha maneira de fazer nepotismo dentro da Casa. (Pausa.)

Vou repetir o que já disse: essas nomeações eram feitas pelo Diretor-Geral, por requisição do Senador interessado. Foram nomeações para gabinetes. Todos nós sabemos que são privativas dos Srs.

Senadores.

Ordenei que... Consta também na minha denúncia por quebra de decoro que mandei quatro seguranças do Senado para minha casa, para fazer uma varredura na minha casa, ameaçada de ser incendiada. Se isso é falta de decoro, quero dizer que nós temos dado aqui aos Srs. Senadores... Muitos deles têm pedido a remessa de policiais nossos ao Estado, e essa é a função da nossa Polícia.

Outra denúncia que fizeram é que meu neto tinha sido privilegiado com agenciamento de créditos consignados de forma fraudulenta. Meu neto nunca teve nenhuma relação com o Senado. (Pausa.)

"Declaro, a quem interessar possa, que o Sr. José Adriano Cordeiro Sarney não é nem nunca foi integrante do quadro de pessoal do Senado Federal, seja efetivo ou de pessoal comissionado, bem como atesto, para todos os fins de direito, que este Senado Federal não tem nem nunca teve qualquer contrato firmado com a empresa Sarcris - Consultoria, Serviços e Participações Ltda."

Essa é uma declaração feita pelo Senado Federal.

Sua relação era com o HSBC, o maior Banco do mundo, e não podia ter sido colocado, como se aqui no Senado ele tivesse sido posto por interferência de quem quer que seja.

Agora, esse contrato foi feito com o HSBC, a sua concessão, em 2005. Em 2005, quando ele operava, eu não era Presidente, não tinha nada a ver com isso, nem estou sabendo.

O que fiz, quando assumi agora, em 2007, foi ter baixado os juros de todos os bancos para 1,6%. De tal modo que, segundo informação que me deram, eram 29 e baixaram para três, o que mostra o acerto da nossa medida.

E quando eu assumi também, no dia 2 de fevereiro deste ano, o meu neto não era mais credenciado para operar no HSBC, não trabalhava mais com crédito consignado, conforme nota do próprio Banco.

Está aqui a nota do Banco, dizendo justamente isto: que ele tinha sido dispensado... que ele não mais era credenciado pelo Banco.

Meu neto não participou da negociação de qualquer convênio do Banco com o Senado, que foi em 2005; ele ainda nem estava morando em Brasília. A autorização do Banco em que trabalhou foi anterior a minha Presidência e a participação das consignações no Senado nos contratos de sua empresa era residual, limitada a 65 contratos, 3%.

Tratou-se também da Fundação Sarney, acusando-me de nela ter funções administrativas e ter negado isto desta tribuna. Quero mostrar o que me faculta o Estatuto da Fundação, pelo parágrafo único do art. 19. Está ali: "É assegurado ao instituidor delegar total ou parcialmente, por prazo determinado, os poderes que lhe são conferidos por este Estatuto."

E eu, na condição de instituidor, Presidente vitalício e Presidente do Conselho Curador da Fundação da Memória Republicana, com fundamento no parágrafo do art. 18, delego, pelo prazo de cinco anos, ao advogado José Carlos Sousa e Silva - porque tinha que ser delegado, e ela foi renovada de cinco em cinco anos -, inscrito na Ordem, os poderes a mim conferidos por este Estatuto.

A Fundação, Srs. Senadores, não é uma coisa feita de escondido. É uma grande obra, basta ver que, no ano passado, ela foi visitada por 137 mil pessoas que assinaram no seu livro de visita. Está aqui o folder do que é a Fundação. E mais do que isto: quero dizer que é um dos pontos turísticos, estão aqui os Senadores do Maranhão que podem provar. O Senador Mão Santa já visitou também. E está aqui o folder da Fundação onde diz: Instituidor, José Sarney; Presidente, José Carlos Sousa e Silva.

...Presidente: José Carlos de Souza e Silva.

Então, nunca tive nenhuma função administrativa na fundação fundada por mim. Essas são as provas que estão sendo mostradas aqui.

Quero comentar também outras notícias sobre a minha família que nada tem a ver com o Senado. Estavam discutindo, sou Senador e estou sendo representado como decoro parlamentar, mas, colocaram minha família que nada tem a ver com o Senado. E acusaram-me, numa campanha pessoal, de favorecer o namorado da minha neta por um ato secreto, nos trechos dos diálogos divulgados de maneira ilícita, porque ninguém pode fazer isso, gravar alguém e pegar uma conversa interlocutória e divulgá-la sendo segredo de justiça com o objetivo do processo, quanto mais com outra pessoa, e ainda mais com um Senador da República, que tem foro privilegiado pelo Supremo Tribunal Federal. De modo que é uma ilegalidade, além de ser uma brutalidade, que hoje é comigo, mas, amanhã pode ser feito com qualquer um dos Senhores.

Nos trechos dialogados, divulgados de maneira ilícita, verifica-se que se trata de conversas coloquiais entre familiares, que nada tem a ver com processo de segredo de justiça e, pela lei, deveriam ser eliminados.

Não há nelas qualquer palavra minha, mesmo nessa gravação, em relação à nomeação por ato secreto. É claro que não existe o pedido de uma neta; se pudermos ajudar legalmente, qualquer um de nós não deixa de ajudar.

A pessoa indicada era competente, formado em Física, pós-graduado e sempre trabalhou com assiduidade...e recebe elogios dos seus chefes nesta Casa.

Sou acusado de ter recebido outra coisa, falta de decoro parlamentar: auxílio-moradia do Senado por sete meses. O auxílio-moradia é legal, é direito dos Senhores Senadores. Muitos dos Senadores recebem auxílio moradia, mas, por uma questão própria, pessoal, eu não quis aceitar auxílio-moradia, e depositaram em minha conta, e eu mandei estornar esses depósitos, mandei estornar, não estava indenizando.

Agora, quero mostrar aos senhores os métodos que foram adotados.

Não encontrando nada contra mim, então faltando - acho - notícia, querendo generalizar - os senhores vão ficar pasmados - fraudaram a fita que distribuíram aos jornais e incluíram o meu nome com a voz de uma outra pessoa, que passa no diálogo pensando que é um interlocutor dizendo: "Eu vou, estou indo para a casa do Sarney", e aí me colocaram como sendo um homem que participava da Operação Gautama do Sr. Zuleido Vera. Se eu já vi Zuleido Vera três ou quatro vezes na minha vida, foi muito e nunca tive intimidade, nunca freqüentou a minha casa, mas fraudaram e colocaram. Isso foi feito numa perícia feita pelo Sr. Molina, o grande conhecido perito nesse assunto. "O negócio não está solto, não. Já, no dia 9, vai chegar à casa do Sarney já, já", essa palavra não é dele...

É outra voz que foi enxertada na fita para que eu pudesse então colocar-me dentro desse problema.

Está aqui e ele também disse: "a voz que diz a frase relativa ao Senador José Sarney é a voz de quem se identifica como Zuleido na conversa telefônica, não pertence ao mesmo interlocutor. Mais ainda, no laudo completo ele prova e mostra a mudança de ciclagem tecnicamente, como está comprovado. No entretanto, isto foi feito. Para quê? Se foi feito nisso, quantas dessas gravações que publicaram aí não foram montadas? Quantas? Alguém pode dizer, afirmar que não se procede? E onde foram montadas?

Quem é responsável por isso? Nós não temos, nenhum de nós - hoje é impotente - para saber exatamente esse tipo de processo que se usa.

Mas a campanha não fica só aí. Eu quero também dizer ao Senado uma coisa lamentável. Nessa busca foram atrás do sujeito, da pessoa a quem eu vendi minha fazenda em 2002, Sr. Geovani. E um jornalista, credenciado aqui no Senado, chega no seu escritório agredindo, chamando: "O Senhor é "laranja" do Sarney, confesse!" e rouba os papéis que estavam em cima da mesa dele e sai correndo.

Pois bem. Isto está gravado aqui - porque o senhor, como o Sr. Giovani, tem gravação de TV em seu escritório, a cena foi filmada e não deixa dúvida.

São esses os métodos que se faz numa campanha dessa natureza. Este não é um método de Deotonlogia - da profissão - e eu acredito que todos os jornalistas que estão ali jamais concordariam com isto. Mas eu decidi porque é do meu temperamento. Eu fiquei estarrecido com isto. Pensei se deveria exibi-lo mais aqui, mas decidi que eu iria ser arrastado ao nível do debate que eu tenho criticado e que não é do meu feitio. Pelo bem de todos, quero sair em respeito à imagem das pessoas. Não vou, portanto, publicar mas dizer que isto ocorreu e se alguém duvidar e se colocarem na minha palavra, eu colocarei à sua disposição em minha defesa mas não vou divulgar porque não quero ofender criatura humana nenhuma, colocando-a em dificuldade aqui. Acredito, no entanto, que o que houve foi da maior gravidade. É uma demonstração em até que ponto foi levado essa guerra contra a minha pessoa. Devo registrar, por uma questão de justiça, que o veículo informado da conduta do repórter, não utilizou os documentos que ele furtou.

Assim, Srs. Senadores, não está se desejando melhorar e nem pensando no Senado mas se está numa campanha pessoal, sem respeitar a minha privacidade, os meus 55 anos de vida público, de serviços prestados a este País e a este Senado de muitas e cruéis lutas.

Meus 55 anos de vida pública, de serviços prestados a este País e a este Senado, de muitas e cruéis lutas, graças a Deus, sem nódoa nenhuma. São essas as graves acusações que pesam sobre a minha pessoa e merece a minha quebra de decoro parlamentar.

Eu quero resumir, em nenhum momento da minha vida faltei ou faltarei com o decoro parlamentar, logo eu que prezo a liturgia, porque decoro é conduta, cidadão de vida ilibada, de hábitos simples, ter falta de compostura e de decoro? Nunca eu acho que poderia alguém me acusar de uma coisa dessa natureza. Não favoreci neta ou neto meu, não abusei da minha autoridade ao requisitar o envio de seguranças para a minha residência, não menti ao dizer que não tinha responsabilidade por atos administrativos na Fundação José Sarney.

Sou, isto sim: vítima de uma campanha sistemática e agressiva. Humildemente, como é do meu feitio, peço aos meus Colegas que me julguem pela minha conduta austera, sem arrogância, respeitando todos e com todos mantendo boa convivência e não pelas mentiras, pelas calúnias, pelas montagens, como se acaba de ver, pelas acusações levianas de desrespeito às pessoas.

Peço justiça, para que possamos sair da crise e voltarmos nesta Casa ao ambiente de tranqüilidade. Esta, na razão da minha personalidade, é o meu apelo, é a minha mensagem.

Não vou mudar!

Não vou mudar. O meu apelo é a volta de uma convivência pacífica entre nós. O que não posso aceitar é a humilhação de fugir das minhas responsabilidades sem me dar outra solução senão aquela de me humilhar, de me submeter à humilhação pública perante o País.

No meu último discurso, falei em vencer a injustiça pelo silêncio, mas me lembrei de Clemenceau, um grande estadista francês que dizia que é muito mais difícil lidar com o silêncio do que com as palavras.

Que a paz seja restaurada nesta Casa, que o ódio e a paixão política não nos façam perder a razão. Cito, para terminar, palavras de uma jovem, de uma moça neurocientista, Ana Carolina, num livro que publicou, em que diz que obedecer à consciência, à sua consciência, é honrar a vida. É um trabalho sobre o cérebro. Ela diz: "É um tempo difícil, eu sei. Qualquer entre luz transeunte é percebida como a mais intensa escuridão, mas segure, aguente, persista, resista, encontre qualquer ponto de força que ainda more dentro de você. Você é amado também por muitas pessoas".

Minha força não é o desejo de poder. Este cargo não me acrescenta nada senão agruras, injustiças, decepções e trabalho, mas minha certeza de que nada fiz de errado, a minha fé e a minha crença de que as Senhoras e os Senhores Senadores são justos - e a convivência faz conhecer as pessoas, nós nos conhecemos uns aos outros - ajudar-me-ão a reconstruir a paz e a harmonia no Senado, sendo julgado com espírito único de justiça.

do Estadão