Um texto meu de ontem começava assim:
“O triste espetáculo a que se assiste no Senado tem um maestro: Luiz Inácio Lula da Silva“.
Pois bem, posts abaixo, vocês lerão que Lula — que ontem resolveu exercitar retórica golpista — endossou o comportamento de Renan Calheiros (PMDB-AL) no Senado. Segundo o presidente, quem radicalizou foi a oposição!
Lula endossa, assim, o espetáculo de arrogância, truculência e baixo calão protagonizado por Renan. A coisa não pára por aí. Ele também gostou daquela frase emblemática do seu aliado: a oposição é “minoria com complexo de maioria”.
Aprovou o achado. Considera que é isso mesmo. Até o peemedebista achou que tinha exagerado, mas não Lula. Como já disse aqui, isso revela uma incompreensão básica, essencial, do que é democracia. Por que as palavras são, como disse, emblemáticas? Porque elas sintetizam e desenham o espírito deste governo: maiorias existem para esmagar; minorias, para ser esmagadas.
“Mas não é assim nas democracias?”, pergunta o petralha.
Não, não é, não. Os vários fascismos europeus foram regimes de maioria, alguns “de massa”. E, no entanto, não foram democráticos.
A democracia supõe a existência e aplicação de valores — e um dos mais sagrados é justamente a proteção aos direitos da minoria, seja na política, seja na sociedade. Bastasse a maioria, as próprias leis seriam inócuas.
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