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sexta-feira, 17 de julho de 2015

Exclusivo: Eduardo Cunha pede a Jair Bolsonaro para atualizar pedido de impeachment de Dilma Rousseff



Atingido pela Operação Lava Jato, Eduardo Cunha está mesmo disposto a derrubar Dilma Rousseff




O presidente da Câmara notificou o deputado federal Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (17) para que emende o pedido de impeachment da petista no prazo de 10 dias.

Este blog obteve o ofício de Cunha e conversou com Bolsonaro pelo telefone. Segundo ele, Cunha está pedindo a todos os autores de pedidos de impeachment protocolados na Câmara que os atualizem com fatos novos, se for o caso, para que sejam avaliados já no fim do mês e discutidos em agosto, após o recesso parlamentar.

O ofício da Câmara segue abaixo. Daqui a pouco, aqui no blog, a gravação da conversa com Bolsonaro.

Tic-tac, Dilma, tic-tac…


* Recordar é viver:



17/07/2015

Cunha anuncia rompimento com o governo e diz que agora é 'oposição'


Presidente da Câmara acusou o Planalto de orquestrar denúncias contra ele
Nesta quinta (16), delator acusou Cunha de ter pedido propina de US$ 5 mi
Fernando Calgaro e Nathalia Passarinho
Do G1, em Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta sexta-feira (17) seu rompimento político com o governo Dilma Rousseff.

Segundo Cunha, a partir de agora ele passará a integrar as fileiras de oposição à gestão petista. "Eu, formalmente, estou rompido com o governo. Politicamente estou rompido", enfatizou Cunha em coletiva de imprensa no salão verde da Câmara.


O peemedebista acusa o Palácio Planalto de ter se articulado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para incriminá-lo na Operação Lava Jato. Nesta quinta (16), o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo relatou à Justiça Federal do Paraná que Cunha lhe pediu propina de US$ 5 milhões.



Um dos delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, Camargo afirmou em seu depoimento, em Curitiba, que foi pressionado por Cunha a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da estatal fosse viabilizado. Do total do suborno, contou o ex-consultor, Cunha disse que era "merecedor" de US$ 5 milhões.

Camargo, que é ex-consultor da empresa Toyo Setal, afirmou à Justiça que, sem ter recurso para pagar a propina exigida, Cunha o ameaçou com um requerimento na Câmara, solicitando que os contratos dos navios-sonda fossem enviados ao Ministério de Minas e Energias para avaliação e eventual remessa para o Tribunal de Contas da União (TCU).

Apesar das duras críticas desferidas contra o governo durante a entrevista, o presidente da Câmara disse que o rompimento não significa que haverá o "fim da governabilidade". "O fato de eu estar rompido com o governo não vai afetar a relação institucional", complementou o peemedebista.

Ele assegurou que continuará a pautar os projetos, inclusive, de interesse do Planalto, mas fez um alerta: "Saiba que o presidente da Câmara agora é oposição ao governo”.

Após o teor do depoimento de Júlio Camargo vir à tona, o presidente da Câmara rebateu as acusações e disse que o procurador-geral da República, a mando do governo, obrigou o delator a mentir em seu depoimento para constranger o Legislativo. Na visão dele, o Planalto está por trás de uma tentativa de "constranger" o parlamento, em articulação com o procurador-geral da República.

Nesta sexta, Eduardo Cunha acusou o governo de ter orquestrado uma ação “faraônica” para constranger o Congresso Nacional, com os mandados de busca e apreensão da Polícia Federal executados na última terça (14) nas casas dos senadores Fernando Collor (PTB-AL), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Ciro Nogueira (PP-PI).

'Aloprados'
Sem citar nomes, o presidente da Câmara afirmou que existe um “bando de aloprados” no Palácio do Planalto que age contra ele. A relação de Cunha com o Executivo ficou extremamente tensa desde que ele assumiu o comando da casa legislativa, em fevereiro.

Em meio à eleição interna da Câmara, ele criticou o fato de o governo ter apoiado a candidatura de seu adversário, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Diante da derrota do deputado petista, Cunha se negou a manter interlocução política com o então ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, que era responsável pela articulação política do Planalto com o Legislativo. Enfraquecido no cargo, Pepe foi transferido posteriormente para a Secretaria de Direitos Humanos.

“Tem um bando de aloprados no planalto que vive desse tipo de circunstância, de criar constrangimento.”

Segundo Cunha, o governo tem “ódio” dele e age para constranger o Legislativo. “O governo nunca me quis e não me quer como presidente da Câmara. O governo não me engole, tem um ódio contra mim. Tem um bando de aloprados no planalto que vive desse tipo de circunstância, de criar constrangimento.”

Inquérito contra Dilma
Eduardo Cunha questionou durante a entrevista desta sexta a ausência de inquéritos para investigar a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, ambos foram citados nos depoimentos do doleiro Alberto Youssef e, portanto, também deveriam ser alvos de investigação.

“Youssef falou da presidente Dilma, falou do presidente lula, e ninguém abriu inquérito contra eles. Estão pegando as coisas do Youssef e estão selecionando [quem investigar].”

Para o presidente, o Ministério Público está “protegendo” o PT, ao não fazer busca e apreensão nas residências de senadores petistas investigados na Lava Jato e não abrir inquérito contra a presidente Dilma.

“Se for dar valor às declarações do Youssef tinha que ter aberto inquérito contra a presidente da República. Se o procedimento de investigar é igual para todos, deveria ter aberto para todos.”

Críticas a Sérgio Moro
Cunha também desferiu críticas ao juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato na primeira instância, ao dizer que o magistrado “pensa que é o dono do país”. O peemedebista criticou o fato de ter sido acusado em um depoimento conduzido no primeiro grau, sendo que possui foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Um juiz que acha que é o dono do país. Acha que é o dono do Supremo Tribunal Federal, do Superior de Tribunal de Justiça. Vamos entrar com uma reclamação no Supremo. Já que estou sendo acusado, quero que o processo vá para o Supremo”, disse.

Retaliações
Em retaliação ao governo, Eduardo Cunha ameaça nos bastidores instalar uma série de CPIs incômodas ao governo, como a do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e a dos fundos de pensão.

Ele também já prepara terreno para votar as contas do governo de 2014 da presidente Dilma, que devem ser julgadas em agosto pelo TCU. Auditores da corte apontaram diversos indícios de irregularidades, incluindo as chamadas “pedaladas fiscais”, que são os atrasos de repasses do governo a bancos públicos para pagamento de programas sociais, como o Bolsa Família. Para o TCU, essa prática configura empréstimo e viola a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Cunha anunciou que irá começar a votar as contas pendentes de governos anteriores em agosto, o que abrirá terreno para analisar a de Dilma em seguida. O peemedebista já avisou também que essa análise será “política” e não técnica, como quer o Planalto.

Cunha disse ainda que deverá decidir, em até 30 dias, se aceita ou não o pedido de abertura de processo de impeachment da presidente da República apresentado, em maio, por integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL).

17/07/2015

Agora é guerra: Eduardo Cunha vai romper com Dilma


Alvejado pela Lava Jato, presidente da Câmara convoca aliados para anunciar que vai romper com o governo. A crise política atinge temperatura máxima no Congresso Nacional


Por Marcela Mattos, de Brasília
Veja.com
Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados
(Yasuyoshi Chiba/AFP)

A guerra declarada nesta quinta-feira pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao Palácio do Planalto consumou-se a jato. Pela primeira vez na história recente do país, o Palácio do Planalto pode ter pela frente um adversário real no comando de uma das Casas mais importantes da República. Cunha avisou seus aliados na madrugada que vai formalizar o rompimento com o Executivo na manhã desta sexta-feira. Se confirmada, a atitude pode acarretar consequências graves ao governo da presidente Dilma Rousseff e, politicamente, indicará um afastamento inédito e sintomático do PMDB dos cabides do poder no momento em que a crise política beira a temperatura máxima.

Eduardo Cunha teve uma quinta-feira difícil. Começou o dia atirando contra o governo e o Partido dos Trabalhadores porque sabia do pior: o lobista Julio Camargo, da Toyo Setal, iria contar à Justiça que o peemedebista pediu 5 milhões de dólares do propinoduto da Petrobras para agilizar contratos na estatal. Dito e feito. Mas Cunha não engoliu. Reagiu negando as denúncias, mas horas antes já havia colocado em curso um plano de afastamento do governo que, em tempos de crise econômica e agenda pública à deriva, o fortalece ainda que jogado no lamaçal do petrolão.

Ao seu lado, Eduardo Cunha tem o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), tão líder dentro do PMDB como ele, mas não tão influente na capilaridade do Legislativo. Renan aprovou a ideia. É hora de emparedar o Executivo sobre os rumos da Operação Lava Jato.

No Senado, Renan tem duas cartas na manga: vai pressionar o governo nesta sexta com a criação das incômodas CPIs do BNDES e a dos Fundos de Pensão. São duas comissões que causam tremor Palácio do Planalto desde 2005. Mas o trunfo na mesa esta mesmo nas mãos de Cunha: a aliados, ele confidenciou a intenção de contratar pareceres de advogados renomados sobre a possibilidade de dar seguimento ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff por atos cometidos na gestão anterior. Neste momento, aliás, Cunha tem um empolgado deputado disposto a assumir a caneta: Paulinho Pereira (SD-SP), o Paulinho da Força Sindical, que há mais de uma década sonha em encampar essa briga.

17/07/2015


quinta-feira, 16 de julho de 2015

MP abre inquérito contra Lula para investigar tráfico de influência


Procuradoria da República no Distrito Federal apura oficialmente se ex-presidente trabalhou para favorecer empreiteiras brasileiras no exterior

Por Laryssa Borges, de Brasília
Veja.com

NA MIRA – ex-presidente Lula, agora alvo de inquérito do Ministério Público
(Paulo Whitaker/Reuters)

Depois de cobrar informações diretamente do ex-presidente Lula, a Procuradoria da República do Distrito Federal decidiu abrir inquérito contra o petista para apurar a relação dele com a construtora Odebrecht e investigar a possível prática de tráfico de influência em favor da empresa por parte do petista, entre 2011 e 2014. Para o Ministério Público (MP), é preciso apurar a atuação de Lula na concessão de empréstimos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o contexto em que o petista viajou, às custas de empresas, para negociar contratos no exterior. Na portaria em que converte o caso para um procedimento investigatório criminal, o MP pede que a força-tarefa da Operação Lava Jato compartilhe todas as informações que envolvem o relacionamento entre o ex-presidente e a Odebrecht.

Oficialmente, o inquérito tem prazo de noventa dias para ser concluído, mas pode ser prorrogado por diversas vezes. Nesta fase de inquérito, se houver evidências de que o ex-presidente tenha praticado tráfico de influência junto a agentes políticos internacionais para influenciar a contratação da Odebrecht, o Ministério Público pode pedir a adoção de medidas invasivas contra Lula, como quebras de sigilo do petista e buscas e apreensões.

África - Reportagem de VEJA revelou que Taiguara Rodrigues dos Santos ganhou contratos de obras após o ex-presidente Lula ter viajado, com dinheiro da Odebrecht, para negociar transações para a empreiteira. Em 2012, por exemplo, a Exergia Brasil, de Taiguara, foi contratada pela Odebrecht para trabalhar na obra de ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola. O acerto entre as partes foi formalizado no mesmo ano em que a Odebrecht conseguiu no BNDES um financiamento para realizar esse projeto na África. Taiguara é filho de Jacinto Ribeiro dos Santos, conhecido como Lambari, amigo de Lula na juventude e irmão da primeira mulher do ex-presidente. Funcionários do governo e executivos de empreiteiras costumam identificá-lo como "o sobrinho do Lula".

Antes de abrir oficialmente o procedimento criminal, a procuradoria deu prazo de quinze dias para que Lula se explicasse e concedeu tempo também para que a Odebrecht, empresa citada por delatores da Lava Jato como uma das integrantes do "clube do bilhão", apresentasse a sua versão.

No pedido em que reúne informações para apurar se Lula cometeu tráfico de influência, o MP cita diversas menções de que o petista viajou com recursos da Odebrecht em busca de contratos no exterior. Em um dos casos, a empreiteira teria desembolsado 435.000 reais, por meio da DAG Construtora, para pagar um voo fretado para que Lula fizesse suas transações em Cuba e na República Dominicana.

16/07/201

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Relator das contas de Dilma rebate tese de que TCU sempre tolerou pedaladas


Augusto Nardes afirma que seu voto ainda não está definido e que aguarda a justificativa do governo que explique o gasto de 40 bilhões de reais sem aprovação do Congresso

Por Luís Lima
O Globo

"Se houver um argumento do governo compatível com a legalidade, eu até poderia mudar o voto", diz Nardes sobre 'pedaladas' (José Cruz/Agência Senado/VEJA)

A tese do governo para justificar as "pedaladas fiscais" junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) está definida. A presidente Dilma Rousseff, cujas contas de 2014 foram contestadas pelo órgão, apresentará defesa afirmando que a sistemática sempre ocorreu e apenas agora foi questionada pelo tribunal. A intenção do governo é estabelecer 2015 como "marco zero" em relação ao fim da prática de "pedalar". Em entrevista ao site de VEJA, o ministro relator do processo no TCU, Augusto Nardes, sinaliza que se a justificativa se resumir a isso, o governo não estará em bons lençóis. O relator disse que já mandou sua equipe técnica apurar, nas contas passadas, indícios de que a tese do governo possa se sustentar. Segundo Nardes, o fato de as irregularidades terem sido detectadas só agora não valida o que aconteceu nos anos anteriores. Ele defende a atuação do TCU afirmando que melhorias recentes nas auditorias operacionais e financeiras possibilitaram, pela primeira vez, que a corte identificasse os malfeitos do governo. "A partir disso, tivemos condições de mostrar todos os gargalos do Brasil. Isto muda, inclusive, a forma de julgar, pois se passa a ver com mais clareza questões como as 'pedaladas'", disse.

Nardes afirma que seu voto não está definido - e que tudo depende das explicações sobre as treze irregularidades que o governo deve entregar até a próxima quarta-feira, dia 22. "Esperamos que sejam justificadas de forma adequada, pois a população precisa retomar o encanto. Para isto, torço que seja esclarecido da forma mais competente possível, porque o TCU é um dos guardiões da Lei de Responsabilidade Fiscal."

O julgamento das contas do governo acontece em um momento delicado para o TCU, já que o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente da corte, Aroldo Cedraz, foi citado em depoimentos do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia e um dos delatores da Operação Lava Jato. Segundo ele, Cedraz recebia 50.000 reais mensais para repassar à empreiteira informações de seu interesse na corte de contas. Em decorrência disso, o escritório do advogado foi alvo de busca e apreensão na nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã de terça-feira. Questionado, Nardes desconversou. "Me pegou de surpresa essa história". Leia trechos da entrevista.

O fato de o filho do presidente do TCU, Tiago Cedraz, ter sido citado como facilitador da UTC em processos no TCU pode tirar credibilidade da corte? Eu não conheço a situação. Estou por fora. O Cedraz disse algo sobre isso?

Até o momento, não. Mas o fato ganhou bastante repercussão com a nova fase da Lava Jato. Eu realmente não gostaria de dar opinião sobre algo que eu não sei direito. Gostaria de me posicionar sobre isso, mas preciso estar melhor informado.

O julgamento das contas do governo de 2014 deve ficar para agosto? Estamos dentro dos prazos. A presidente Dilma Rousseff deve entregar as explicações no próximo dia 22, quinta-feira. Em seguida, as justificativas seguirão para a área técnica do tribunal, que geralmente pede 15 dias para a análise. Este prazo, por sua vez, termina no dia 7 de agosto. Depois disso, formato meu voto em um prazo não determinado. Pode ser mais tarde ou mais cedo, não posso especificar, pois também preciso dar cinco dias de prazo para outros ministros lerem a matéria. Portanto, há alguns procedimentos formais que devem ser cumpridos, o que faz com que não tenha uma data específica para a votação.

A Advocacia-Geral da União (AGU) apostará na tese de que a sistemática das "pedaladas" sempre existiu e nunca foi questionada pelo TCU. O senhor concorda? Como presidente do tribunal, fizemos uma gestão de melhoria das nossas auditorias financeiras. Estabelecemos acordos com o Banco Mundial, com alguns tribunais da Europa, como o francês, e aperfeiçoamos nossas auditorias operacionais. Isso tudo com o objetivo de aumentar a eficiência do Estado brasileiro. Nesse sentido, o que não se detectava antes, se detecta agora com muito mais aperfeiçoamento. Além disso, tivemos um aumento de secretarias especializadas de oito para 22, com gente treinada para se aprofundar em temas de interesse da nação. O TCU passou por uma evolução, que foi muito positiva. A partir disso, tivemos condições de mostrar todos os gargalos do Brasil. Isto muda, inclusive, a forma de julgar, pois se passa a ver com mais clareza questões como as "pedaladas".

Mas esta linha de defesa do governo justifica as irregularidades apuradas pela corte? O fato de as irregularidades terem sido detectadas só agora não significa que o TCU tenha de validar o que aconteceu anteriormente. De qualquer forma, acionei a minha equipe para fazer um levantamento para saber se o argumento de que "já houve no passado" é válido.

Essa tese é suficiente para sustentar uma defesa sobre treze irregularidades graves executadas pelo governo? Acredito que Luís Inácio Adams (advogado-geral da União) e sua equipe são competentes. O Brasil todo espera que haja uma explicação plausível para o gasto de mais de 40 bilhões de reais sem autorização do Congresso Nacional. A sociedade tem de saber para onde foi o recurso. Por isso esperamos que tudo seja justificado de forma adequada. Eu realmente torço que tudo seja esclarecido da forma mais competente possível, porque o TCU é um dos guardiões da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Há rumores de que a AGU leve o caso ao STF, com base no argumento de que o senhor não poderia se manifestar publicamente sobre as pedaladas antes do julgamento. Eu me manifestei depois de apresentar o relatório, que foi tornado público. No meu voto, deixo muito claro que o parecer prévio das contas da presidente Dilma Rousseff não estava em condições de ser apreciado devido aos indícios de irregularidades que encontramos. Em relação ao voto futuro, eu não me manifestei em nenhum momento. Portanto, eu me pronunciei sobre aquilo que foi entregue aos ministros e ao Congresso e que, desta forma, foi tornado público.

Mas essas manifestações não podem indicar uma inclinação sobre seu voto? Não necessariamente. Estou aguardando a justificativa do governo. Se houver um argumento compatível com a legalidade, eu até poderia mudar o voto. Mas não posso antecipá-lo. O que farei, junto à equipe técnica, é analisar com todo o critério as respostas do governo.

Como avalia a iniciativa de alguns parlamentares de criar uma auditoria para fiscalizar as atividades do TCU? A função do TCU é exercida com autonomia. Como presidente, no ano passado, imprimi uma lista de 6.603 condenados pelo tribunal que perderam o direito político por oito anos, entre eles, três candidatos a governador e vários ministros, deputados e senadores. Nós exercemos com independência uma instituição de excelência que tem 124 anos e que se profissionalizou. Se o sentido é diminuir o poder do tribunal, acho que a iniciativa não é bem-vinda. Mas, por outro lado, se tem como objetivo auxiliar a sociedade brasileira a tomar conhecimento com transparência sobre o que acontece no país, acho bom. Temos que avaliar qual é o sentido dessa questão.

O aperfeiçoamento do TCU implica, de fato, numa maior transparência das contas públicas? É um grande momento para o Brasil dar uma virada na melhoria de sua governança. Estou batalhando muito nesse objetivo, de que temos de profissionalizar a gestão pública no país. Chega de amadorismo. Foi o TCU que iniciou as auditorias na Petrobras, mostrando a realidade dos contratos, por exemplo. Temos de fazer uma grande cooperação e união de segmentos para implantar a governança pública como desafio de todos os brasileiros. Além disso, temos de dar mérito a quem tem capacidade e diminuir o jogo político, para entregar o melhor produto para a sociedade brasileira. O aperfeiçoamento do tribunal melhora a cada dia. Com isso, o desafio dos governantes está estabelecido: melhorar a governança e aplicar o dinheiro de forma correta para a sociedade saber para onde vai o dinheiro público. Então, diria que este aprimoramento cria desafios também para governos estaduais e municipais, já que fizemos alianças com tribunais dos Estados, que estão na mesma linha de pensamento do TCU. Isso é muito positivo para a democracia.

15.07.2015


Em novo pedido para não ser preso, Dirceu diz que não vai fugir


Advogado diz a juiz da Lava-Jato que ex-ministro ‘não aguenta mais a angústia’ e que vive ‘suplício’
Por Tatiana Farah
O Globo

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu
André Coelho / Agência O Globo (04/11/2014)


SÃO PAULO - Investigado pela Operação Lava-Jato, o ex-ministro José Dirceu protocolou na noite de terça-feira um pedido ao juiz federal que cuida do caso, Sérgio Moro, para que não decrete sua prisão. Segundo os advogados do ex-ministro, Dirceu, que cumpre pena domiciliar em Brasília pelos crimes do mensalão, “não aguenta mais” o “suplício” pelo temor de uma eventual prisão preventiva e afirma que “não vai fugir”.

Ontem, mais uma acusação atingiu o petista. O empresário Julio Camargo, da Toyo Setal, afirmou à Justiça ter pago R$ 4 milhões em dinheiro vivo ao ex-ministro. O advogado de Dirceu, Roberto Podval, decidiu protocolar a petição depois do depoimento de Camargo. No documento de seis páginas, os advogados dizem que é “tamanha a angústia” de Dirceu, “que, já com seus 70 anos e rotulado indelevelmente de inimigo público, não aguenta mais a situação a qual é submetido diariamente”.

Os advogados dizem já ter afirmado ao juiz que “José Dirceu estava à disposição, como sempre esteve para esclarecer todo e qualquer questionamento, seja da autoridade policial, seja do Ministério Público”.

“José Dirceu não vai fugir. Como se vê, ironicamente, seu local é tão certo e sabido, que até a imprensa aguarda a chegada da polícia federal em sua porta. Nada mais desnecessário”, escrevem os advogados, afirmando que jornalistas fazem ronda às portas da casa do ex-ministro, em Brasília.

Dirceu já ingressou com o pedido de habeas corpus preventivo para evitar a prisão. Em caráter liminar, o habeas corpus foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que engloba a Justiça do Paraná. O advogado Podval disse esperar que a decisão final sobre o pedido seja tomada pelos desermbargadores em sessão do TRF na próxima quarta-feira.



15.07.2015

terça-feira, 14 de julho de 2015

PF faz buscas nas casas de Collor e outros dois senadores


Desdobramento da Lava Jato cumpre 53 mandados expedidos pelo STF contra políticos investigados no esquema do petrolão

Veja.com
Policiais Federais deixam a residência do senador Fernando Collor de Mello em Brasília levando material apreendido
(Ed Ferreira/Folhapress)


A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira um desdobramento da Operação Lava Jato e cumpriu 53 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) referentes a seis processos contra políticos investigados no petrolão. Um dos alvos da ação é o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL): agentes vasculharam as casas de Collor em Brasília e Maceió, a sede das Organizações Arnon de Mello e a sede da TV Gazeta de Alagoas, que pertence ao senador. Também foram alvo das buscas os senadores Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). A PF ainda fez buscas e apreensões em endereços ligados ao deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), ao ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, que atualmente é integrante do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCE-BA), e ao ex-deputado federal pelo PP de Santa Catarina João Pizzolatti.

Leia mais:

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STF recebe novas provas contra Collor no petrolão

Foram cumpridos sete mandados em Alagoas, doze no Distrito Federal, onze na Bahia, oito em Pernambuco, cinco em Santa Catarina, cinco no Rio de Janeiro e cinco em São Paulo. Em Alagoas, a PF vasculhou ainda endereços de Luís Pereira de Amorim e Eduardo Frazon, dirigentes das Organizações Arnon de Mello, controladas pela família do senador Collor de Mello. As ações relacionadas a Pizzolatti foram nas casas do ex-deputado, da ex-mulher dele e de um ex-sócio em Santa Catarina. Esse ex-sócio também teve um escritório visitado pelos agentes.

Batizada Politeia, termo de origem grega em referência ao livro A República, de Platão, que cita uma cidade perfeita, onde a ética prevalece sobre a corrupção, a operação cumpre mandados expedidos pelos ministros Teori Zavascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski e tem como objetivo evitar a destruição de provas, segundo a Procuradoria-Geral da República. Além das casas dos investigados, as buscas se deram nas sedes de empresas, escritórios de advocacia e órgãos públicos. As ações decorrem de representações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República, esta é a primeira fase da Lava Jato no âmbito do STF. "As medidas são necessárias ao esclarecimento dos fatos investigados , sendo que algumas se destinaram a garantir a apreensão de bens adquiridos com possível prática criminosa e outras a resguardar provas relevantes que poderiam ser destruídas caso não fossem apreendidas", afirmou, em nota, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Segundo ele, as medidas refletem uma atuação firme e responsável do Ministério Público Federal. "Adsumus (aqui estamos)", concluiu.

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Esquema do petrolão financiou prostitutas de luxo

Lava Jato aponta propina da Odebrecht para Cerveró

Collor e a Lava Jato - Collor foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef como beneficiário de propina no valor de 3 milhões de reais em uma operação da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Desde julho do ano passado o Supremo Tribunal Federal já havia registrado inquérito criminal contra o parlamentar. Segundo relatou Youssef em acordo de delação premiada, a distribuição do dinheiro sujo contava com a participação do ex-ministro de Collor Pedro Paulo Leoni Ramos, dono da GPI Investimentos e amigo de longa data do senador. Na triangulação do suborno, foi fechado um contrato com uma rede de postos de combustível de São Paulo e que previa a troca de bandeira da rede, para que o grupo se tornasse um revendedor da BR Distribuidora. O negócio totalizou 300 milhões de reais, e a cota de propina, equivalente a 1% do contrato, foi repassada a Leoni Ramos, que encaminhava finalmente a Collor.

Conforme revelou VEJA, há outras provas do envolvimento de Fernando Collor de Mello no esquema de fraude e corrupção na Petrobras. Os investigadores encontraram, por exemplo, um comprovante de depósito de 8.000 reais feito pelo doleiro Alberto Youssef na conta pessoal do senador do PTB e rastrearam o repasse de 17.000 reais para uma empresa dele em Alagoas. Na sequência, surgiram mais sete depósitos diretos para o parlamentar. O ex-ministro Pedro Paulo Leoni Ramos, que atuou no governo Collor, é apontado como um dos sócios de Youssef no laboratório fantasma Labogen, por meio do qual o doleiro atuava em fraudes no Ministério da Saúde. Em entrevista a VEJA, a contadora de Youssef Meire Poza afirmou que os depósitos foram feitos a pedido de Leoni Ramos.

O mensalão do PP no petrolão - Já o PP de Ciro Nogueira e Negromonte montou uma "estrutura criminosa estável e perene" no esquema, nas palavras de Janot. Os pepistas atuavam de forma organizada e recebiam mensalmente propina por intermédio do doleiro Alberto Youssef. Segundo as apurações da Operação Lava Jato, a bancada na Câmara levava entre 1,2 milhão de reais e 1,5 milhão de reais todos os meses, enquanto os líderes, responsáveis pela distribuição do dinheiro, embolsavam de 250.000 reais a 500.000 reais mensais.

Uma das empresas citadas por Youssef como pagadoras da propina ao partido é a Mendes Júnior. Em depoimento à Justiça, o doleiro disse que a empreiteira aceitou o pagamento de comissão em troca de um contrato junto a refinaria de Paulínia (SP) e de Araucária (PR) em 2010. O valor do contrato teria sido de 500 milhões de reais, sendo que a fatia destinada ao PP era de 1% sobre o custo total. Os ex-deputados João Pizzolatti (SC) e Mário Negromonte foram apontados como os receptores das comissões destinadas ao PP. Nogueira foi citado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos destinatários da propina, conforme revelou VEJA. Já Pizzolatti é suspeito de receber propina no esquema de corrupção da Petrobras, conforme depoimento de delatores. Ele é alvo de quatro inquéritos no Supremo Tribunal Federal, um deles que apura formação de quadrilha.

PSB - O senador Fernando Bezerra Coelho é citado nos depoimentos dos delatores da Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa. Nos depoimentos, o nome de Bezerra aparece como representante do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto no ano passado. Bezerra foi ministro da Integração Nacional no início do primeiro governo Dilma, permanecendo no cargo até o final de 2013. Em depoimento prestado à Polícia Federal, Costa disse ter sido procurado por Bezerra em 2010 para o recebimento de propina no valor de 20 milhões de reais, que seria destinado à campanha de Campos à reeleição do governo de Pernambuco. À época, Bezerra era secretário de Desenvolvimento de Pernambuco e dirigente do Porto de Suape, complexo industrial onde está instalada a Refinaria Abreu e Lima.

Atualizado às 15h25:

Ao contrário do que informava versão inicial do texto, não houve buscas na casa de Arnon de Mello Neto, filho de Collor.

(Da redação com Estadão Conteúdo)
14/07/2015

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Aqui se fala, aqui se paga, falastrão! Nome de Lula derrete, aponta pesquisa Ibope





Por Reinaldo Azevedo
A cada vez que Lula bravateia por aí um “olhem que eu volto!”, tenho dito aqui: “Isso, volte mesmo! Deixe que o povo diga nas urnas o que pensa!”. Mas ele não vai tentar, não! O Ibope decidiu testar como anda a popularidade do ex-presidente numa pesquisa realizada na segunda quinzena do mês passado. Houvesse uma disputa hoje, em segundo turno, entre o petista e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o tucano a venceria por 59% a 41%. Se o nome do PSDB fosse Geraldo Alckmin, a vantagem do governador de São Paulo se situaria na margem de erro, que é de dois pontos para mais ou para menos: 51% a 49%. Vejam quadro abaixo, publicado pelo Estadão (clique na imagem para ampliá-la).



O que se tem acima é a confirmação inequívoca de que Lula está certo numa coisa: ele, o PT e Dilma estão mesmo no “volume morto”. Desde 2002, o petista venceria com folga qualquer adversário. A situação se inverteu. E parece se agravar quanto mais o próprio Lula e o PT insistem em espancar a realidade. E que se note: mesmo contra Alckmin, seus números são mais vexaminosos do que parecem à primeira vista.


O petista é o político mais conhecido do país: 100% dos brasileiros sabem quem é ele. Alckmin não faz uma campanha nacional desde 2006. Mesmo assim, tudo indica que derrotaria o ex-presidente no confronto direto. Deve-se considerar o óbvio: há pouco a fazer para tornar Lula mais conhecido, mas muito poderia ser feito por Alckmin nesse particular.

Resistências
Segundo o Ibope, Lula tem alguns bastiões de resistência, mas com números bastante minguados em relação ao passado. Contra Aécio, ele ainda levaria vantagem entre os que ganham até um salário mínimo (54% a 46%), têm até a quarta série (53% a 47%) e moram na região Nordeste (58% a 42%). Contra Alckmin, os números favoráveis ao petista nesses quesitos seriam, respectivamente, 64% a 36%; 60% a 40% e 67% a 33%. Nesse segundo caso, o ex-presidente ainda levaria vantagem entre os que recebem de 1 a 2 mínimos (56% a 44%), estudaram da 5ª à 8ª série (53% a 47%) e têm entre 16 e 24 anos (53% a 47%).

A pesquisa evidencia, como era o esperado, que o prestígio de Lula é melhor do que o de Dilma, mas que nunca esteve tão baixo. Segundo o próprio Ibope, apenas 9% consideram o governo ótimo ou bom, contra 68% que dizem ser ruim ou péssimo. Pesquisa do Datafolha dos dias 17 e 18 do mês passado já evidenciava o desprestígio eleitoral do Babalorixá de Banânia: numa simulação de primeiro turno, ele obteria 25% dos votos, contra 35% de Aécio e 18% de Marina Silva. Com Alckmin como o nome do PSDB, o petista empataria com a líder da Rede (26% a 25%), e o tucano alcançaria 20%.

Lula que se cuide! A depender do andar da carruagem, caso decida concorrer, há o risco de nem disputar um segundo turno. Aí, meus caros, o resultado para ele seria realmente PT: perda total.

Aqui se fala, aqui se paga, falastrão! 



12/07/2015