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quarta-feira, 26 de junho de 2013

A trinca de conselheiros comprova que Dilma não entendeu a mensagem das multidões



 

Por Augusto Nunes

O jornalista Lauro Jardim informou que Gilberto Carvalho anda amuado por não ser consultado pela presidente Dilma Rousseff.

Essa é a notícia boa: pouco importa o que tem a dizer quem só diz besteira.

A notícia ruim é que, segundo o ex-seminarista que virou porteiro de bordel (além de secretário-geral da Presidência), a chefe agora ouve apenas ─ além das ordens de Lula ─ a trinca formada por Aloizio Mercadante, Fernando Pimentel e João Santana.

Ministro da Propaganda,João Santana costuma alternar lances espertos com ideias de jerico. Na campanha de 2010, por exemplo, o marqueteiro baiano acertou ao condecorar Dilma Rousseff com a medalha de Mãe do PAC.

A malandragem ajudou a fantasiar de supergerente a dona da lojinha que faliu em Porto Alegreio.

Em contrapartida, foi Santana quem convenceu a presidente a dar as caras na abertura da Copa das Confederações.

Teria uma recepção de rainha, apostou. Foi mais vaiada que um zagueiro que enterrou o time.

Seja qual for o cargo que ocupe, Aloizio Mercadante jamais perde uma chance de justificar o título de Herói da Rendição, obtido graças a notáveis demonstrações de falta de bravura em combate.

Especialista em retiradas e capitulações, inventou a revogação do irrevogável quando liderava a bancada do PT no Senado.

Agora no triplo papel de ministro da Educação, da Economia e de Crises Políticas, foi o primeiro a aconselhar Dilma Rousseff a entrar na batalha da Constituinte. E foi o primeiro a recomendar que se rendesse.

Disfarçado de ministro de Indústria, Comércio e Desenvolvimento, Fernando Pimentel é o Primeiro-Acompanhante e Melhor Amigo da presidente, com quem convive desde quando tentavam trocar a tiros a ditadura militar pela ditadura do proletariado.

A força do afeto manteve Pimentel no emprego mesmo depois da descoberta de que ganhou muito dinheiro usando as fantasias de “conferencista” e “consultor financeiro” .

O palestrante enriqueceu sem abrir a boca. O consultor precisou de meia dúzia de conselhos para levar à falência uma fábrica de tubaína.

Se estivesse disposta a combater a corrupção, Dilma já teria remetido Pimentel para a delegacia mais próxima.

Se quisesse mesmo reduzir a gastança federal, já teria mandado para casa Mercadante e João Santana.

Caso desejasse fazer as duas coisas com um único despejo, Gilberto Carvalho estaria procurando trabalho há muito tempo.

A demissão do secretário-geral reduziria a taxa de mediocridade do Planalto e talvez impedisse o engavetamento das investigações sobre o escândalo protagonizado pela segunda-dama Rosemary Noronha.

Dilma não fará nada disso, claro. Vai continuar ouvindo o coro dos áulicos, contando mentiras, desfiando promessas grisalhas e irritando milhões de brasileiros fartos de tapeação.

Até que as multidões percam a paciência de vez e acordem a presidente surda à mensagem das ruas com uma passeata debaixo da cama.

25/06/2013

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ruth Cardoso vs. Dilma: 400 a 0

Ruth Cardoso vs. Dilma: 400 a 0

Ruth Cardoso foi a prova definitiva de que milagres civilizatórios ocorrem mesmo nos grotões do planeta.

A discreta e talentosa paulista de Araraquara, que se casou muito jovem com o sociólogo carioca Fernando Henrique Cardoso, seria a única primeira-dama a desembarcar em Brasília com profissão definida, luz própria e opiniões a emitir ─ sempre com autonomia intelectual e, se necessário, elegante contundência.

Durante oito anos, o brilho da mulher que sabia o que dizia somou-se à luminosidade da antropóloga respeitada em muitos idiomas para clarear o coração do poder.

No fim de 1994, por não imaginarem com quem logo lidariam, muitos jornalistas ouviram com ceticismo a justificativa apresentada pelo presidente eleito para a viagem à Rússia: “Vou como acompanhante da Ruth”. Ela participaria como palestrante de um congresso de antropologia promovido em Moscou, ele aproveitaria para descansar alguns dias. Nenhum repórter cuidou de conferir o desempenho da palestrante. Perderam todos a chance de descobrir que Ruth era muito mais que a mulher do n° 1.

A melhor e mais brilhante das primeiras-damas abdicou do título já no dia da posse do marido. “Isso é uma caricatura do original americano, esse cargo não existe”, resumiu numa entrevista. Se não existia, Ruth inventou-o. Sem pompas nem fitas, longe de fanfarras e rojões, montou o impressionante conjunto de ações enfeixadas no programa Comunidade Solidária.

Em dezembro de 2002, os projetos em execução mobilizavam 135 mil alfabetizadores, 17 mil universitários e professores, 2.500 associações comunitárias, 300 universidades e 45 centros de voluntariado.


Acabou simbolicamente promovida a primeira-dama da República no dia da morte que pareceria prematura ainda que tivesse mais de 100 anos.

A cerimônia do adeus comprovou que o Brasil se despedia, comovido, de alguém que o fizera parecer menos primitivo, mais respirável, menos boçal.

E que merecia ter morrido sem conhecer a fábrica de dossiês cafajestes da Casa Civil chefiada por Dilma Rousseff.


Instruída para livrar o governo da enrascada em que se metera com a gastança dos cartões corporarativos, Dilma produziu um papelório abjeto que tentava reduzir Fernando Henrique e Ruth Cardoso a perdulários incuráveis, uma dupla decidida a desperdiçar o dinheiro da nação em vinhos caros e futilidades gastronômicas.

Dilma foi a primeira a agredir uma mulher gentil, suave, e também por isso tratada com respeito até por ferozes inimigos do marido.

A fraude que virou candidata à presidência anda propondo que o país compare Fernando Henrique a Lula.

“O Lula ganha de 400 a 0″, delira.

Qualquer partido mais competente e menos poltrão teria topado há muito tempo esse confronto entre a seriedade e a bravata, entre o conhecimento e a ignorância, entre o moderno e o antigo, entre o real e o imaginário.

Como o PSDB prefere capitular sem combate, poderia ao menos sugerir que se compare Dilma Rousseff a Ruth Cardoso.

A Mãe do Pac talvez aprenda como é perder por um placar de 400 a zero.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A novidade é a cabeça sem filtro




Augusto Nunes
13 de janeiro de 2010


A demissão por justa causa de quatro ou cinco gramas, consumada num spa em Gramado, não produziu efeitos notáveis na silhueta. Os cabelos curtos combinam mais que a peruca com a sessentona que se exercita em companhia do personal trainer e de um labrador chamado Nego. A calça esportiva da aparição matinal e o terninho noturno informam que houve tempo para as compras de Natal. E a cabeça está um pouco pior, comprovou a discurseira de meia hora com que Dilma Rousseff abriu, nesta terça-feira, o capítulo 2010 do Discurso sobre o Nada.

Principal oradora de outra quermesse em louvor do milagre da multiplicação de casas invisíveis a olho nu, Dilma reforçou a suspeita de que, por achar que Mãe do PAC é coisa pouca, resolveu encarnar cumulativamente o papel de Madrasta das Plateias Federais. Confiram dois momentos exemplares:

“Antes se fazia casa a conta-gotas. Com isto mostramos que seremos capazes de estar à altura do desafio que está em nossa frente, que é dar conta de construir casa suficiente para a população brasileira sem casa, sem moradia, vivendo em situação insuficiente”. (Tradução: é importante construir casas porque as pessoas moram em casas).

“No momento em que vimos cidades brasileiras serem atingidas por alagamentos e por desmoronamentos, enfim, por uma série de calamidades, nós somos obrigados a pensar por que isso ocorre nessa dimensão. Aí sabemos que, durante mais de 25 anos, uma imensa parcela da nossa população ficou sem direito a esses direitos fundamentais”. (Tradução: se a coisa anda feia, o governo Lula não tem nada com isso).

Nesta quarta-feira, entre um passeio com Nego, duas séries curtas de abdominais e uma caminhada de 300 metros, Dilma tornou a capturar o microfone fantasiada de doutora sem doutorado. Teria chegado a hora de pontificar sobre o 3° Programa Nacional de Direitos Humanos, que fez uma escala de 13 dias na Casa Civil antes da festa de lançamento? Ainda não, decepcionou-se a plateia de jornalistas. Ansiosos por conhecer as opiniões da candidata sobre o Guia do Stalinismo Farofeiro, foram apresentados por Dilma à potência esportiva que Lula criou. Trecho da exposição:

”A Copa com os Jogos Olímpicos mostram que o Brasil é hoje uma das maiores e melhores oportunidades de investimento nesta área em todo o mundo. As atenções do mundo vão se voltar ao Brasil na expectativa fundamentada que em breve seremos uma das cinco maiores economias do planeta”.

Uma das atribuições da chefe da Casa Civil é a ”verificação prévia da constitucionalidade e legalidade dos atos presidenciais”. Outra é a “análise do mérito, da oportunidade e da compatibilidade das propostas, inclusive das matérias em tramitação no Congresso Nacional, com as diretrizes governamentais”. No caso do Guia do Stalinismo Farofeiro, a ministra não fez uma coisa nem outra. Talvez nem tenha lido o papelório. Talvez tenha gostado do que leu. Talvez não tenha entendido nada. Difícil saber. Dilma Rousseff passou tantos anos sem falar que talvez precise de outros tantos para conseguir dizer coisa com coisa.

Aos amigos que chegavam do exterior nos anos 60, o cronista Rubem Braga contava que a grande novidade na praça era o Hollywood com filtro. As declarações da candidata de Lula radiografam um cérebro incapaz de juntar as peças do mosaico, preencher lacunas no raciocínio, remontar a frase esquartejada, refinar impressões e informações que chegam aos pedaços ou em estado bruto. Cinquenta anos depois do cigarro de Rubem Braga, a novidade da estação eleitoral é uma cabeça sem filtro.

E pensando na Presidência.