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sábado, 14 de julho de 2012

Contribuição chinesa ao PIB do Brasil deve perder força



Crise brasileira

Economistas acreditam que a China só retomará ritmo vigoroso de expansão com melhora do cenário internacional, o que não deve acontecer em menos de dois anos e meio
 Veja on line





Porto de Shenzhen: pedidos de produtos brasileiros terão alta menos expressiva
(Daniel Berehulak/Getty Images)

Como se não bastasse o fraco desempenho econômico do Brasil neste ano, uma notícia divulgada nesta sexta-feira conseguiu adicionar mais tensão entre empresários e investidores brasileiros. A China, segunda maior economia do mundo, está desacelerando a olhos vistos.

Falar que o país cresceu “apenas” 7,6% no segundo trimestre deste ano parece ironia, mas é um número que preocupa o mercado por ser a menor patamar desde o primeiro trimestre de 2009.


Já era certo que a piora da crise internacional e, consequentemente, a queda da demanda global levariam a China a um cenário de desaquecimento. O dado revelado nesta sexta-feira apenas confirmou a força deste movimento. O temor reinante hoje no Brasil reside nos efeitos dessa desaceleração, haja vista que a atividade econômica doméstica não está em sua plena forma.

O IBC-Br, do Banco Central, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 0,02% em maio, após ter crescido apenas 0,10% no mês anterior. Com isso, analistas já revisam – para baixo – suas estimativas de expansão do PIB para este ano.



Na avaliação do economista da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira, o ponto mais preocupante refere-se à diminuição no ritmo de expansão de encomendas, especialmente nos segmentos mineral e agropecuário.

“Todos os países emergentes estão sendo impactados pela desaceleração chinesa, já que o país compra muitos produtos primários. Na Ásia, África e América Latina, os efeitos são mais vigorosos”,
disse.

Em outras palavras, dificilmente o Brasil será beneficiado por taxas de crescimento das exportações ao mercado chinês tão expressivas como as de 2009/2010 (alta de 52,47%) e 2010/2011 (43,94%). Há três anos, a China é o principal parceiro comercial do país.

As exportações nacionais para os chineses somaram 44,3 bilhões de dólares no ano passado – número que representou 17,3% do total das vendas externas, de 256,0 bilhões de dólares.

Roberto Dumas Damas, especialista em economia chinesa do Insper, é um pouco mais incisivo quantos aos efeitos dessa velocidade menor do avanço econômico chinês.

Ele destaca que o desaquecimento da economia mundial acabou levando Pequim a procurar novos países consumidores para seus produtos, já que Estados Unidos e Europa diminuíram drasticamente seu patamar de consumo. O Brasil é uma das opções "à mesa".

“A China vai intensificar a venda de produtos excedentes ao mercado brasileiro. Com isso, as indústrias têxtil, calçadista e de manufaturados, em especial, serão afetadas pela maior concorrência”, prevê. Em maio, a produção industrial brasileira caiu 0,9%. 


Alimentos
– Na ponta da exportação brasileira, há uma ressalva a ser feita. Ainda que a China, agora em ritmo mais lento, reduza a intensidade das aquisições de commodities metálicas e energéticas, não se espera impacto significativo nas compras de produtos agrícolas.

 "As indústrias metalúrgica e de mineração serão as mais afetadas, enquanto a de soja, por exemplo, não deve sentir muito os efeitos já que as pessoas não param de se alimentar”, diz o professor do Insper.

O professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Hsia Hua  Sheng, é mais otimista. Ele crê que não haverá grande impacto no médio e longo prazo no Brasil porque a estrutura da economia chinesa continua saudável. “É possível que a demanda em relação aos produtos brasileiros sofra pequena redução no curtíssimo prazo devido ao agravamento da crise europeia, que afeta a demanda de produto chinês”, fala. Porém, ele acredita que a economia chinesa vai, aos poucos, adaptar-se a uma 'nova filosofia' de crescimento menor e mais duradouro, passando a contar mais com o próprio mercado interno.

A passos lentos – Damas destaca que a economia chinesa deve demorar pelo menos dois anos e meio para começar a dar sinais de melhora, dependendo da conjuntura internacional, porque seus três pilares de crescimento (consumo, investimentos e exportações líquidas) estão abalados.

“O governo está tentando puxar o PIB pelo investimento, já que o consumo não mudará muito e as exportações estão em baixa. A China continuará desacelerando”
, afirma. 


Em maio, o governo anunciou medidas de estímulo à economia bem mais tímidas do que o megapacote anunciado em novembro de 2008, que garantiu a expansão chinesa em meio à recessão global.

Em 7 de junho, o Banco do Povo da China realizou o primeiro corte de juros desde o fim de 2008. Nova redução foi anunciada menos de um mês depois, em 5 de julho, em um sinal de que as medidas de estímulo adotadas até então não estavam surtindo o efeito desejado.


Os economistas ouvidos pelo site de VEJA afirmam que está muito distante o momento em que a economia da China terá contribuição mais significativa de sua demanda interna.

O país, apesar de seu inegável desenvolvimento, ainda convive com milhões de pessoas com patamar de renda muito baixo. Adicionalmente, seu mercado de crédito não é tão desenvolvido e as famílias têm costume de poupar, em detrimento do consumo.

O fator ideológico





Por Rodrigo Constantino
O Globo

O ano era 2002. Lula tinha sido eleito e escolhera Dilma para o Ministério de Minas e Energia. Os futuros ministros faziam reuniões com investidores para acalmar os tensos mercados. Eu trabalhava em uma grande gestora carioca. Estive em uma dessas reuniões com Dilma. Foi meu único encontro com a atual presidente.

Um dos presentes perguntou como o governo faria para atrair os necessários investimentos ao setor, uma vez que o discurso corrente era de que a rentabilidade não deveria ser elevada. Com dedo em riste e tom autoritário, Dilma disparou: “Quem foi que disse que é preciso ter alto retorno nesse setor?”

Eis o que eu queria dizer: desde então tenho como certo o fator ideológico entranhado em Dilma. Muitos falam em gestora eficiente, pragmática, mas eu só consigo enxergar ideologia.

Até mesmo o Itamaraty foi infectado pelo vírus ideológico, como ficou claro no caso do Paraguai. O Barão do Rio Branco, ao assumir o ministério das Relações Exteriores, declarou: “Não venho servir a um partido político: venho servir ao Brasil, que todos desejam ver unido íntegro, forte e respeitado”. Ele não teria vez no governo Dilma, que se mostra apenas um capacho de Hugo Chávez.

O prêmio Nobel de Economia Friedrich Hayek chamava a atenção para a “arrogância fatal” de certas ideologias. Ela seria basicamente a crença de que é possível controlar tudo nos mínimos detalhes, de cima para baixo. Planejadores centrais que desprezam os sinais do mercado e pensam ser possível ignorá-lo para sempre: são os arrogantes. O fatal fica por conta dos estragos que costumam causar na economia.

Pois bem. A economia brasileira seguiu nos últimos anos um modelo claramente insustentável, calcado em crédito e consumo. O governo ignorou a necessidade de reformas estruturais que aumentassem a nossa produtividade. A farra foi boa enquanto durou, financiada pela acelerada expansão do crédito, possível pela alta no preço das commodities que exportamos para a China.

Esta fase de bonança se esgotou. O PIB cresceu apenas 2,7% em 2011, e esse ano mal deve chegar a 2%, muito longe dos 4,5% que o ministro Mantega projetava. Para piorar, a inflação ainda segue acima do centro da elevada meta. Qual tem sido a reação do governo?

Ideológica, claro. Imbuído da falsa crença de que pode simplesmente estimular mais ainda o consumo e o crédito, o governo tem apelado para pacotes quase semanais. Os resultados são pífios ou negativos? Não tem problema. Basta aumentar a dose!

A ideia de que o consumo do governo pode estimular de forma sustentável o crescimento econômico não passa de uma falácia, que já foi refutada no século 19 por Bastiat. O economista francês citou o exemplo de uma janela quebrada para fazer seu ponto.

Algum vândalo joga uma pedra que estilhaça a janela de uma loja. Algumas pessoas tentam consolar o dono da loja alegando que ao menos ele estará gerando emprego ao consertar a janela. Afinal, se janelas nunca fossem quebradas, de que iriam viver os reparadores de janelas?

Esta linha de raciocínio míope ignora aquilo que não se vê de imediato. Sim, o conserto da janela iria propiciar um ganho para o vidraceiro. Mas o que seria feito desse dinheiro gasto caso a janela não tivesse sido quebrada? Qual o uso alternativo para este recurso escasso? Eis a questão!

O mesmo ocorre com o gasto público. O governo não produz riqueza. Para ele gastar, antes ele precisa tirar de alguém que produziu. Ele pode fazer isso por meio de impostos, emissão de dívida ou de moeda (imposto inflacionário).

De qualquer forma ele estará transferindo recursos de um lado para o outro, normalmente cobrando um grande pedágio por isso. Mas ele não estará criando riqueza. Logo, os gastos públicos não estimulam a economia: eles apenas retiram recursos do setor privado, que costuma alocá-los de forma bem mais eficiente.

Outro efeito perverso desta política é a seleção dos campeões, que deixa de ser feita pelo mercado (mérito) e passa a depender das escolhas do governo. No dia do anúncio do último pacote, o índice de ações da Bovespa caiu mais de 1%, mas as ações da Marcopolo subiram mais de 6%. O governo divulgou uma grande compra de caminhões para “estimular” o crescimento econômico. Alguém pagou por isso.

Esta ideologia centralizadora está fadada ao fracasso. Ela produz ineficiência e lobby por privilégios, mas não consegue aumentar a produtividade da economia. Infelizmente, a presidente acredita neste modelo, e vai insistir nele até quebrar a (nossa) cara. Não podemos desprezar o fator ideológico deste governo.


SOBRE O AUTOR
Rodrigo Constantino é economista pela PUC-Rio, com MBA de Finanças pelo IBMEC e trabalha no mercado financeiro desde 1997. É articulista e autor de diversos livros, dentre os quais o novo Liberal com orgulho.


 10.07.2012


Dilma e O Pequeno Príncipe



Editorial
O Estado de S.Paulo

Notícia

Faria sucesso num concurso de miss o discurso da presidente Dilma Rousseff na 9.ª Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente, em Brasília.

Sua declaração mais notável, destacada pelos jornais e reapresentada exaustivamente nas tevês e rádios, foi digna de uma devota leitora d'O Pequeno Príncipe: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e para seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto (PIB).

É a capacidade do país, do governo e da sociedade, de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são suas crianças e seus adolescentes".

Na interpretação mais benevolente, essa peroração é apenas uma banalidade. Na menos caridosa, é uma grande tolice apresentada na embalagem rosa da mais pobre filosofice.

Não há como discutir seriamente o bem-estar e o futuro das novas gerações sem levar em conta os meios necessários para educá-las, capacitá-las para viver com independência e dignidade e proporcionar-lhes oportunidades de ocupação produtiva e decente. Mas, também no sentido inverso, a relação é verdadeira: só se pode criar uma economia dinâmica, moderna e capaz de competir globalmente por meio da formação de pessoas qualificadas para tarefas cada vez mais complexas. Examinado de qualquer dos dois ângulos, o desempenho do governo brasileiro tem sido miseravelmente falho e nenhuma retórica pode obscurecer esse dado.

Ao contrário, no entanto, das graciosas candidatas a um título de miss, a presidente Dilma Rousseff recitou sua mensagem num tom furioso, como se reagisse a uma ofensa ou, talvez, a um imerecido golpe da Fortuna. Há uma explicação óbvia tanto para sua visível irritação quanto para a desqualificação do econômico.

Horas antes o Banco Central (BC) havia divulgado seu indicador de nível de atividade, considerado uma prévia mensal do PIB. Esse indicador havia recuado 0,02% de abril para maio, confirmando vários outros sinais de estagnação da economia e reforçando as previsões de um crescimento, em 2012, menor que o de 2011.

Há um vínculo evidente entre os resultados pífios da política educacional e o emperramento da produção. No último exame do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o Brasil ficou em 53.º lugar em leitura e em 57.º em matemática, numa lista de 65 países. O teste é realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Quase todas as crianças estão na escola, graças a um esforço de universalização do ensino iniciado há longo tempo, mas a formação continua péssima. Cerca de 20% dos brasileiros com idade igual ou superior a 15 anos são analfabetos funcionais, incapazes de ler e entender instruções simples.

Empresas têm dificuldade para contratar, por falta de mão de obra em condições até de ser treinada no trabalho. Há um evidente funil no ensino médio, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu facilitar o ingresso nas faculdades, numa escolha errada e demagógica.

O erro na escolha das prioridades tem permeado toda a política econômica. O consumo, apesar da queda observada recentemente, continua, segundo o IBGE, maior que o observado há um ano, mas a indústria brasileira tem tido dificuldade para suprir o mercado interno, por falta de competitividade. Fabricantes estrangeiros têm ocupado uma fatia crescente desse mercado, como já mostrou a Confederação Nacional da Indústria.

Incapaz de reconhecer os erros e de impor novos rumos à política econômica, a presidente Dilma Rousseff, como seu antecessor, prefere insistir na retórica e nas bravatas. "Vamos enfrentar os desafios para garantir à população emprego de qualidade", disse a presidente no batismo de uma plataforma da Petrobrás, na sexta-feira. A plataforma foi construída, recordou, pela "teimosia de um brasileiro chamado Lula".
Seria mais justo e mais realista lembrar a enorme e custosa lista de erros cometidos na Petrobrás a partir de 2003 e apontados pela nova presidente da empresa, Graça Foster, no dia de sua posse.

Foram erros de uma gestão guiada por objetivos político-eleitorais e centralizada no Palácio do Planalto - erros essencialmente idênticos àqueles cometidos na política educacional.

14 de julho de 2012

Venezuela é democrática, justifica Patriota





Assim, opera o ‘socialismo del siglo XXI capitaneado pelo Teniente-coronel-presidente Hugo Rafael Chávez Frías - HRChF- Jefe único, Hegemón, Comandante en Jefe, Habilitado, devoto e candidato à sucessão de Fidel Castro e auto denominado discípulo de SIMÓN BOLÍVAR, sob o manto oculto do Foro de São Paulo [Nova Internacional Comunista – constituída por uma rede (a) narco-guerrilheira-terrorista – auto denominada FORO DE SÃO PAULO -

“Organização que reúne mais de 180 partidos de esquerda, grupos terroristas e narco-guerrilheiros, como as FARCs colombianas e os chilenos FPMR - Frente Patriótica Manuel Rodriguez, ao qual pertence Mauricio Hernández Norambuena, que organizou o PCC - Primeiro Comando da Capital, de Marcola, preso pelo seqüestro de Washington Olivetto, em 2001, e MIR - Movimiento de Izquierda Revolucionaria”.
Aqui.

Esse Foro promove o ‘experimento’ no laboratório da engenharia social denominado ‘República Bolivariana da Venezuela’ cujo ‘produto’ já é exportado para a Bolívia, Equador, Argentina, Nicarágua, Paraguai – com o decisivo apoio do petismo-lulismo, que inclusive hospeda o site do Foro.
A “Revolución Bolivariana” se orienta estratégicamente pelo conceito de “solidaridad internacional activa”.

Essa solidaridade tem uma prioridade alianças estratégicas por afinidade ideológica, em caráter continental com os governos que compõem o embrião da Confederación Bolivariana de Naciones, representada pela atual Unasul/Unasur (Matriz-Cuba, Venezuela, Brasil, Argentina, Bolivia, Equador, Nicarágua, e o abortado Paraguai do bispo Lugo), mantém também uma aliança estratégica intercontinental com o Irã. E, essa solidaridade internacional ativa tem un inimigo comum: Estados Unidos.

Esse processo perverso–– levou a destruição da CAN (Comunidade Andina de Nações), e, agora está avançando pelo MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) com o mesmo propósito destrutivo.
Aí temos a expressão do delírio bolivarianus típico da mendacidade crônica da esquerda.
O fato é que numa corrompida democracia – qualquer que seja o governo, mesmo despótico diz que é democrático.

Os líderes autoritários pretendem que seu regime seja especial e cuja democracia é erigida a uma ‘democracia superior’ as demais.
Assim, na esteira da pureza democrática, especialmente dos devotos da ditadura, digo, ‘democracia e direitos humanos’ de Cuba e da Venezuela, surgem alguns surtos desde o mais ético do mundo ao excesso de democracia e suas deformações ululantes:
“Sou um democrata puro e absoluto. Porém sou o único: não tenho com quem falar.” Vladimir Putin, na qualidade de primeiro-ministro e atual presidente da Rússia.
Cuba da familiocracia-comandante-general Fidel e Raúl Castro, não fica por menos:
"Se acusa a nuestro país de falta de democracia, pero en actos como éstos nos damos cuenta de que somos los más democráticos del mundo, pues tenemos dos presidentes: a Fidel y a Chávez", afirmou o vicepresidente cubano Carlos Lage em Caracas, in VI reunión de la Comisión Mixta Cuba-Venezuela realizada em 2005.
Por último, o profeta da barbarie:
“A democracia proletária é um milhão de vezes mais democrática que qualquer democracia burguesa; o governo soviético é um milhão de vezes mais democrático que as repúblicas burguesas”. Wladmir Illich Ulianov Lênin (1870-1924) – arquiteto da construção dos fundamentos do regime totalitário (ditadura sobre o proletariado) que governou a URSS durante mais de sessenta anos.
Um breve histórico-prontuário chavista para entender a ‘democracia bolivariana’:
O teniente-coronel-presidente Chávez Frías depois de uma tentativa frustrada de golpe foi eleito democraticamente, mas os ‘sinais’ sociopatológicos indicativos de um regime totalitário são evidentes:
- Poder Judiciário aniquilado (‘dominado’);

- salvaguardas eleitorais viciadas;
- limitação/punição dos meios de comunicação que molestan o ‘jefe da revolução’ com críticas, para constituir o que denomina de hegemonia comunicacional, também conhecida como ‘democratização dos meios de comunicação’, no âmbito do Foro de São Paulo;

-
não renovação da concessão da Radio e Televisión Caracas (RCTV) – confiscando seus bens através de medida judicial viciada; também fechou dezenas de rádios;

- anulação dos poderes da Assemblea Nacional - AN que ‘outorgou’ via Ley Habilitante seu poder de legislar ao Executivo que, mesmo tendo o domínio absoluto dos parlamentares, para ‘decretar’ o que ele chama de ‘socialismo del siglo XXI’, rejeitado em referendum pelos venezuelanos, inspirado no perverso comunismo cubano, em que não há oposição nem eleições livres e também na técnica nazista de ‘legislar’. Assim, o Poder Legislativo Venezuelano ficou totalmente dominado ao abdicar da condição de representante da soberania popular aceitando devotamente a expedição de decretos pelo Poder Executivo sob o eufemismo de ley habilitante;

- anunciou e efetivou o control de las empresas privadas que ejercem sus atividades em setores estratégicos de la economía’, através de um programa de nacionalizaciones, com a destruição do sistema produtivo pelo controle de preços, cujo resultado é o desabastecimento;

- avança descaradamente sobre a propriedade privada,
expropriando empresas e propriedades rurais, ocasionando a queda na produção e o consequente aumento de preços, sob o pretexto de criar propiedad mixtas entre el Estado, el sector privado y el poder comunal, creando las mejores condiciones para la construcción colectiva y cooperativa de una economía socialista” – sob as formas de “propiedad pública, social, social indirecta, social directa, propiedad colectiva, mixta”, restringindo a propiedade privada identificada como “aquella que pertenece a personas naturales o jurídicas o que se reconoce sobre bienes de uso, consumo y medios de producción legítimamente adquiridos, con los atributos de uso, goce y disposición, y las limitaciones y restricciones que establece la ley”, muito embora o socialismo tenha sido rejeitado pela maioria da sociedade venezuelana;

- ‘criou’ via reforma da Constituição – “El Poder Público dividido em el Poder Popular, el Poder Municipal, el Poder Estadal y el Poder Nacional, organizado em Legislativo, Ejecutivo, Judicial, Ciudadano y Electoral”, mas na realidade concentrando a soberania e o poder popular na figura presidencial, que passa a ser a ‘fonte do poder’ – poder absoluto;

-
promoveu e continua a perseguição, prisão de opositores, inclusive de uma juíza que permanece presa desde final do ano passado, sem julgamento ...


E todos elles ainda diziam e dizem que são democratas puros, até em excesso...
O RESULTADO da Rota Vermelha do governo ‘chavista’ - “socialismo del siglo XXI” ou “revolución bolivariana”, cujo slogan oficial é “Venezuela ahora es de todos” (qualquer slogan parecido com esse é mera coincidência), seguido de “¡Patria, socialismo o muerte! ¡Venceremos!”, pode ser aferido em números ‘fantásticos’, nunca visto antes num País, sobretudo com ‘excesso de democracia’:
- 37% de sua população está na linha de pobreza, segundo cifras do próprio governo; arrecadação de impostos estimada em 50% do previsto;
- extrema insegurança jurídica;
- sistema de seguridade social legalizado mas não institucionalizado nem operativo;
- intolerância contra a dissidência;
-militarização da sociedade civil, pelo modelo nazi-fascista dos círculos bolivarianos e, da milícia chavista (Milicia Nacional Bolivariana), rojos/rojitos/vermelhos – a exemplo dos ‘camisas negras’ de Mussolini e ‘camisas marrons’ de Hitler;
- deterioração dos princípios e valores da cultura militar;
- sistema educativo em processo de ideologização e com infraestrutura escolar aniquilada;
- setor público sem estrutura burocrática, sem carreira administrativa nem respeito aos direitos dos funcionários, não obstante o grande número de ministérios, com seus ministros e vices ministros ‘del poder popular’;
- a maioria da população carece de segurança, justiça, educação, saúde, emprego, moradia (aumento só das favelas), saneamento básico e água potável;
- corrupção generalizada – com a ascensão da nomenklatura ‘boliburguesa;
- cerca da metade da população economicamente ativa está na economia informal, não obstante a bonança petrolífera;
Na área de segurança pública – revelam um verdadeiro genocídio com 45 assassinatos diários, seqüestros generalizados, (além do seqüestro dos poderes públicos), corrupção generalizada...
- a maior inflação da América Latina e uma CORRIDA ARMAMENTISTA sem precedentes enquanto o respeitável, distinto e soberano povo - continua na mais absoluta insegurança;
- institui a diplomacia de bordel com crítica ao Secretário geral da OEA, a quem qualificou de insulso e ‘pendejo’ por sua posição contrária a não renovação da concessão da RCTV (Rádio Caracas TV), ordem de nacionalização da CANTV, Eletricidade e recuperação das telecomunicações; planeja a ampliação dos meios de controle da sociedade e simultaneamente poderes especiais para a criação da ‘república bolivariana socialista e a reeleição indefinida do presidente...
Ainda manipulou o discurso de Angostura e omite o dito pelo Libertador, contrário a continuação da autoridade num mesmo indivíduo e partidário da alternância, mediante eleições limpas, como garantias da democracia. Diz SIMÓN BOLÍVAR:

“La continuación de la autoridad de un mismo individuo, frecuentemente ha sido el término de los gobiernos democráticos, las elecciones son esenciales en los sistemas populares, porque nada es tan peligroso como dejar permanecer largo tiempo en un mismo ciudadano el poder.


El pueblo se acostumbra a obedecerle y él se acostumbra a mandarlo, en donde se originan usurpación y tiranía. Los ciudadanos deben temer con sobrada justicia, que el mismo magistrado que los ha mandado mucho tiempo, los mande perpetuamente”.

                     14.07.2012


Jersey recusa recursos e julga ação contra Maluf



Localização  Bailiado de Jersey
paraíso fiscal no Canal da Mancha

A Justiça de Jersey abre caminho legal para uma possível condenação do ex-prefeito Paulo Maluf, na próxima semana, e a repatriação do dinheiro supostamente desviado pelo político ao Brasil

AE - Agência Estado

A corte do paraíso fiscal no Canal da Mancha rejeitou todos os recursos e apelos acionados pela defesa de Maluf e agora vai começar a julgar o mérito da ação movida pela Prefeitura para reaver US$ 22 milhões.

Jersey já havia bloqueado o dinheiro em contas que seriam de Maluf e de empresas ligadas a ele.

Agora, decidirá se o valor será devolvido ao Tesouro paulistano.

A Prefeitura alega que o dinheiro foi desviado de obras públicas durante a gestão Maluf (1993-1996).


Num documento de 90 páginas, a corte afastou todas as ameaças de novo adiamento da decisão. Rejeitou recursos procedimentais apresentados pela defesa e indicou que, no dia 20, poderia anunciar uma decisão. Durante anos, a defesa do ex-prefeito usou de vários instrumentos legais para frear o processo, tanto na Suíça quanto em Jersey.

Na Suíça, uma decisão de 2003 do Tribunal Superior rejeitou o pedido da defesa de que os documentos sobre as movimentações bancárias envolvendo Maluf e seus familiares fossem divulgados e transmitidos ao Brasil. Mas a ação conseguiu atrasar o processo.

Em 2005, a defesa explorou o fato de que os extratos de Maluf foram usados para processá-lo no Brasil por evasão fiscal - e, assim, conseguiu mais uma vez bloquear o processo.

Pela lei suíça, a cooperação apenas poderia ocorrer para questões de lavagem de dinheiro.

Em Jersey, a própria corte já avaliou em 2006 e 2007 que Maluf estaria se utilizando de questões procedimentais para frear o processo

Num documento daquele período, os juízes não disfarçam a irritação com o comportamento da defesa do brasileiro.

Maluf nega ter contas no exterior e não comenta o caso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


14 de julho de 2012



Defesa de Duda sugere que esquema de Valério irrigou mais contas no exterior



Alegações finais entregues ao STF sustentam que é ‘falacioso’ o argumento de que só o marqueteiro de Lula em 2002 tenha recebido pagamentos fora do País


Eduardo Kattahe
Fausto Macedo
Estadão

Nas suas alegações finais encaminhadas aos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, a defesa de Duda Mendonça sugere que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza pode ter feito outras remessas para o exterior além dos recursos depositados na conta de uma offshore criada pelo publicitário nas Bahamas.



Ed Ferreira e Celso Júnior/AE
Duda Mendonça e Zilmar Fernandes vão responder por crimes de evasão e lavagem



Em agosto de 2005, no auge do escândalo do mensalão, durante depoimento à CPI dos Correios, Duda Mendonça afirmou aos parlamentares que, do pacote de R$ 25 milhões fechado com o PT para a campanha de 2002, cerca de R$ 10, 5 milhões foram depositados no ano seguinte na conta da Dusseldorf Company, vinculada ao BankBoston em Miami.


Contestando a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR), versão sustentada também pela defesa de Valério, os advogados do publicitário afirmam que “é falacioso o argumento de que eles (os acusados, Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes) foram os únicos que receberam valores no exterior e que, por essa razão, mentiram ao afirmar que agiram assim por determinação de Marcos Valério”.



No documento de 16 páginas encaminhado em abril ao Supremo, os advogados Tales Castelo Branco e Frederico Crissiúma - que posteriormente deixaram a representação dos réus - destacam que a revelação “dessas operações só veio à tona em razão da confissão dos acusados”.

“O que ocorreu, na verdade, é que o Ministério Público Federal e a CPMI dos Correios não foram capazes de descobrir outros pagamentos efetuados por Marcos Valério no exterior.

Isso não significa, em absoluto, que outras situações irregulares não possam ter ocorrido, ainda mais considerando-se a identificação das ‘unidades externas do Banco Rural, formais e clandestinas’, como o Ministério Público Federal anotou em alegações finais.”



No depoimento à CPI - considerado bombástico e que fez a oposição suscitar a tese de impeachment do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, Duda Mendonça disse que os recursos foram depositados em uma conta aberta por sua agência no exterior, por determinação de Valério.

O empresário mineiro, apontado como o principal operador do mensalão, rebateu afirmando que foi o próprio Duda quem exigiu que os recursos fossem depositados na conta que ele já possuía no exterior.


Defesa de Duda sugere que esquema de Valério irrigou mais contas no exterior





continuação do post acima

A denúncia do MPF sustenta que os pagamentos do mensalão obedeciam a um padrão, com saques efetuados na boca do caixa do Banco Rural, mas o processo envolvendo o marqueteiro de Lula em 2002 fugiu à regra.

“É uma falácia dizer que ele é o único que recebeu de uma forma diferente. Afirmar com toda certeza que o PT não pagou ninguém lá fora, ninguém pode dizer”, insistiu Crissiúma, em entrevista ao Estado. Procurado, o advogado Luciano Feldens, novo representante de Duda Mendonça, não foi localizado.

Crimes.

O publicitário e sua sócia respondem pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

No memorial encaminhado ao STF, a defesa sustenta que os acusados desconheciam a origem ilícita dos recursos depositados na conta Dusseldorf e que eles estavam dispensados de apresentar declaração de depósitos no exterior conforme regra do Banco Central.

Ao contestar a acusação de lavagem de dinheiro, Duda Mendonça alega, por meio dos advogados, que a ele e à sócia “sempre pareceu que os valores recebidos por seu lícito trabalho eram oriundos, na pior das hipóteses, de infração prevista na legislação eleitoral (‘caixa dois’ mantido no Brasil e no exterior)”.

“Afinal, a relação dos acusados com o Partido dos Trabalhadores já vinha desde 2001 e todos os pagamentos sempre foram autorizados e aprovados por Delúbio Soares, diretor tesoureiro do partido. É importante acrescentar que até então o PT era visto em todo o Brasil como exemplo de ética, moralidade e combate à corrupção”, argumentam os advogados.

A defesa destaca que esses eram os principais lemas do PT. Tanto que, em 2001, Duda Mendonça criou um filme “extremamente contundente”, no qual “ratos roíam a bandeira do Brasil e um locutor dizia: ‘Ou a gente acaba com eles ou eles acabam com o Brasil. Xô corrupção!’”.

É uma insinuação sem provas’, afirma advogado

“Não há nenhum outro caso em que o pagamento tenha sido feito no exterior a não ser o de Duda”, reagiu o criminalista Marcelo Leonardo, que defende Marcos Valério.

“Ele (Duda) insinua, supõe, faz conjectura, mas não tem prova concreta. De todas as pessoas da lista de pagamentos feitos pelo Marcos Valério, atendendo ao pedido do Delúbio (Soares) para o PT e partidos da base aliada, o único pagamento no exterior foi o do Duda.”


Leonardo é taxativo: “A versão dele (Duda) de que o pagamento no exterior foi por exigência do Marcos Valério ficou desmentida documentalmente”.

“Primeiro, foi localizada no escritório da Zilmar (Fernandes) uma pasta com instruções sobre abertura de conta no exterior, no Banco de Boston.

Segundo, com a quebra do sigilo da conta Dusseldorf ficou provado que ela tinha sido aberta em data bem anterior ao pagamento, o que revela que Duda já mantinha conta no exterior havia muito tempo.

Está documentalmente demonstrado que foi ele (Duda) quem fez questão de receber lá fora.”
/ E.K. e F.M.

Produção industrial recua cinco anos




Em maio, o nível de atividade foi idêntico ao de agosto de 2007 e especialistas preveem que o setor deve fechar o ano em queda


 Fernando Dantas
O Estado de S.Paulo


RIO - A indústria voltou ao nível de cinco anos atrás, e as projeções para 2012 são de queda na produção das fábricas brasileiras.


Em maio de 2012, a produção da indústria medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi idêntica a de agosto de 2007, e inferior a de outubro de 2007.

A comparação, referente à indústria de transformação, elimina as influências sazonais.

"É um indicador chocante, há alguma coisa de muito errado na nossa indústria", diz Fernando Rocha, sócio e economista-chefe da JGP, gestora de recursos no Rio de Janeiro.

Para 2012, as projeções da produção industrial de sete instituições consultadas pelo Estado, incluindo os departamentos econômicos dos dois maiores bancos privados, Itaú e Bradesco, indicam quedas que variam de menos 0,5% a menos 2,2%.

"Houve uma grande piora da indústria no último trimestre do ano passado, aí começou a melhorar, mas o problema é que despencou de novo", diz Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), no Rio.

Nos dados do IBGE, 95% do índice corresponde à indústria de transformação, a atividade manufatureira propriamente dita, e os outros 5% referem-se à indústria extrativa.

Sílvia nota que a queda da indústria da transformação acelerou-se até maio. No primeiro trimestre, ela caiu 0,7% ante o último trimestre de 2011, na série livre de influências sazonais.

Já no trimestre de março a maio, a queda em relação a dezembro, janeiro e fevereiro atingiu 1,5%.

A difusão da queda pelos setores industriais, que havia caído no início do ano, também voltou a aumentar a partir de março.

Para Aurelio Bicalho de Almeida, economista do Itaú BBA, o mau número que a indústria deve exibir em 2012 deve-se em parte a uma questão estatística, ligada à queda forte no segundo semestre de 2011.

Com a desaceleração adicional em 2012, a indústria provavelmente vai ficar no negativo mesmo que cresça no segundo semestre.

Segundo Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, ainda que a produção industrial cresça em média 0,95% ao mês entre junho e dezembro, haverá uma queda no ano de 1,5% - a projeção do Bradesco, mas que o diretor diz estar em "viés de baixa".

"O desafio é grande porque a média histórica (de crescimento mensal da produção industrial) desde 1991 é de 0,23% ao mês", acrescenta Barros.

Um dos fatores apontados pelos analistas para a fraqueza da indústria é a queda na exportação de produtos manufaturados, mesmo com a recente desvalorização do câmbio. "O mundo permanece abarrotado de produtos manufaturados, e não consigo ver essa ociosidade sumindo antes de um horizonte de dois a três anos", diz Barros.
Investimentos.

Almeida, do Itaú BBA, nota que a produção também é negativamente afetada pela desaceleração dos investimentos. Essa, por sua vez, além de influenciada pelos temores com a economia global, está ligada à capacidade ociosa na indústria. Com espaço para aumentar a produção no parque fabril já existente, os empresários adiam investimentos.

Assim, o nível de utilização da capacidade instalada medido pela FGV está em 83,8%, enquanto o Itaú BBA considera que o nível de equilíbrio do indicador é de 85%.

Os estoques, finalmente, são outro fator apontado por Almeida para explicar a freada da indústria. Ele lembra que a sondagem da indústria da FGV apontava, em maio de 2011, uma diferença de apenas 1,6% entre as empresas consultadas que consideravam os estoques excessivos e as que os consideravam insuficientes.

O indicador subiu para 8,5% em outubro, e ainda estava em 8% em dezembro, num claro sinal de estoques excessivos.

Em junho, porém, o indicador já havia caído para 3,1%.

"Ainda está um pouco alto, mas já indica que estamos no caminho de ajustar os estoques", diz.

Ele acha que, com esse ajuste, a queda da Selic (taxa básica) e as medidas de estímulo ao consumo do governo, a produção industrial deve ter uma retomada no segundo semestre

"Mas isso na hipótese de alguma normalização da situação internacional", acrescenta o economista.


14 de Julho de 2012


Fonte seca


 

Eike: sem doações


Eike Batista vai fechar a mão nesta eleição. Pela primeira vez, não doará nem 1 real a candidato algum. Diz que não vê necessidade.

Em 2008, contribuiu com cerca de 1 milhão de reais para candidatos no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Metade disso foi para Eduardo Paes, em quem votará novamente. Mas, desta vez, sem grana.

Aqui no Rio nasceu o maior de todos, Machado, e nem por isso a Turma dos Guardanapos em Paris não é carioca...


Comemorar? O quê?




Leio uma nota do Ilimar Franco que me provocou, perdão, leitor, engulhos:

Cassado Demóstenes Torres, um grupo de senadores comemorou no restaurante Antiquarius de Brasília. No brinde com vinho: os peemedebistas Renan Calheiros, Eunício Oliveira, Romero Jucá e Eduardo Braga, e o petebista Gim Argello.

Desculpe, mas o que é que essas pessoas foram comemorar?

O fim da corrupção no Brasil, a erradicação dessa praga para sempre ou o azar do goiano?

Já tinha ficado estarrecida com a postura arrogante de Renan Calheiros durante os procedimentos da cassação de Demóstenes Torres. Quem desembarcasse de uma nave espacial pensaria que esse senhor, esse maranhense, é o protótipo do puro, é um ser especial que nunca errou. Nem sonharia que entre ele e Torres as diferenças são mínimas.

Leio também, no Estadão, no editorial de ontem O bloco dos descarados, sobre o prefeito de Palmas, TO, Raul de Jesus Lustosa Filho (PT), que confessa candidamente: "Tive a infelicidade de ser filmado" no momento em que o flamejante cachoeira o subornava e filmava... Que azar, não é mesmo?

O deputado do PSOL/RJ, Chico Alencar, diz que o prefeito Lustosa Filho é o “padrão degradado” da política nacional. Concordo com ele, mas gostaria que ele ampliasse a lista, que incluísse nela os animados clientes do Antiquarius de Brasília.

Eu não consigo comemorar quando vejo o nome de nosso país na sarjeta. A quem pode alegrar saber que um Senador da República vendia seus favores a um bicheiro dentro do Senado Federal?
Preferiria mil vezes que o ex-senador Torres fosse um sujeito decente e que nunca essas coisas acontecessem em meu Brasil. Ele mereceu ser cassado e em minha opinião, merece ser destituído de seu cargo de promotor. Mas esses fatos não são dignos de comemoração e sim de muito, de infinito pesar.

Poderíamos, quando muito, comemorar o fato de a cassação de Demóstenes ter sido por 56 votos a 19, com 5 abstenções e 1 ausência. Se isso não fosse um pretexto para a continuação do voto secreto nessas ocasiões. O que, espero, seja apenas pessimismo da minha parte.

Pelo menos – e já é um progresso – nos livramos do beija-mão siciliano como quando Renan, o Maranhense, escapou da cassação. Aquela cena não me sai da memória e foi um retrato vívido do “padrão degradado” de nossos políticos.

Padrão que é motivo para luto e não para brindes.
_ _ _ _ _ _ _ _

Correção

Eu errei. Renan Calheiros é alagoano. Mas o que eu na verdade queria era enfatizar que Renan é Sarneysista. Então fica assim Renan, o Sarneysista.

Quanto ao leitor que defende seu estado citando grandes literatos que lá nasceram... o que eu posso fazer?

Aqui no Rio nasceu o maior de todos, Machado, e nem por isso a Turma dos Guardanapos em Paris não é carioca...
mhrrs



Todos eles eram acusados de "subversão" e ligações com a luta armada



Arquivo reúne imagens de esquerdistas após prisão durante ditadura


RUBENS VALENTE
MATHEUS LEITÃO
FOLHA DE BRASÍLIA

Fotos do Arquivo Nacional, algumas delas inéditas, retratam quatro líderes da esquerda após serem presos pela ditadura militar (1964-1985).

São eles o militante histórico Apolônio de Carvalho (1912-2005), os ex-ministros Carlos Minc (Meio Ambiente) e José Dirceu (Casa Civil) e o ex-deputado Fernando Gabeira.


Todos eles eram acusados de "subversão" e ligações com a luta armada.




Imagem rara mostra o ex-ministro José Dirceu após ser preso em Ibiúna, em 1968
Leia mais

Minc, atual secretário do Meio Ambiente do Rio, foi obrigado a posar de camisa branca, cueca e meias. "Nunca tinha visto essas fotos", disse. Ele participou do roubo do cofre do governador paulista Adhemar de Barros, em 1969, organizado pela VAR-Palmares, a mesma organização da presidente Dilma Rousseff.

Gabeira aparece de calça preta e camisa listrada. "Acredito que tenha sido tirada na Aeronáutica no dia de nossa partida [para Argélia]. Nunca foi divulgada", disse. Ele participou do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969.

Apolônio de Carvalho, militante histórico da esquerda, aderiu à Aliança Libertadora Nacional nos anos 1930, combateu pela República na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), lutou na resistência francesa ao nazismo, foi guerrilheiro no Brasil nos anos 1960 e fundador do PT.

"A foto dele sentado, de frente, parece-me que foi publicada nos jornais e revistas da época", afirmou Renée de Carvalho, viúva de Apolônio.

José Dirceu foi fotografado após ser preso no 30º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Ibiuna, interior de São Paulo, em 1968. Depois, ele foi solto em troca da libertação de um embaixador americano.

A assessoria do ex-ministro disse que ele tem as imagens em seu acervo pessoal.


Veja mais aqui
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14/07/2012


'Ninguém mais tolera a corrupção'



Presidente do TSE:



Cármen Lúcia, presidente do TSE: a ministra afirma que a questão será resolvida antes do fim do prazo dos registros de candidaturas, dia 5 de julho
Foto: O Globo / Ailton de Freitas

Cármen Lúcia vê desafio na aplicação e no cumprimento da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2012 e pede apoio de todos os servidores


Cármen Lúcia diz que será um desafio aplicação da Lei da Ficha Limpa em 2012
BRASÍLIA - A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, disse nesta sexta-feira que a aplicação da Lei da Ficha Limpa será um desafio para a Justiça Eleitoral do país, e que a Corte terá que fazer cumprir a lei, porque ninguém aceita mais a corrupção. A nova regra, que pela primeira vez poderá ser aplicada integralmente na eleição deste ano, impede que políticos condenados por órgãos colegiados possam disputar cargos eletivos.

— Ninguém tolera mais a corrupção. Temos que fazer cumprir essa lei — disse a ministra, em reunião no Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN), nesta sexta-feira.


Cármen Lúcia garantiu que os juízes eleitorais terão segurança para trabalhar com tranquilidade e coibir abusos e afrontas à lei.


— Coloco-me à disposição de qualquer juiz, a qualquer momento, para que se cumpram as demandas. Vamos analisar as singularidades de cada um, a fim de garantir a democracia e o direito do cidadão — disse a presidente do TSE.


A ministra também pediu o apoio de todos os servidores da Justiça Eleitoral para que a legislação seja cumprida:
— A democracia brasileira passa pelo povo brasileiro, mas somos privilegiados por fazer garantir esse direito.


Leia mais sobre esse assunto em oglobo


13/07/12

Dilma, a caminho de 9144 metros de profundidade: “Um abraço no coração”



 
do Augusto Nunes



Nem transformada em abóbora Dilma Rousseff consegue acertar uma frase ─ mesmo feita.

A frase feita — o chavão, o clichê, o lugar comum – é o prêt-à-porter do mundo das palavras.

Um figurino pronto e acabado, no qual é impossível mexer, seja para melhorar, seja para deformar, porque tal sucessão de palavras já se cristalizou no tempo e nos costumes, se tornou una, indivisível, imutável.

Na frase feita, cada palavra sabe onde tem de estar ─ e por automatismo psíquico as pessoas a assimilam, repetindo-a ipsis literis sempre que um pensamento a reclama, das expressões populares a versículos bíblicos.

Assim também nascem e se consagram os bordões.

Até pessoas sem educação formal, ignaras, analfabetas mesmo, têm a capacidade de repetir um bordão sem hesitação, tartamudeio ou mau enunciado ─ ok, esta semana, o prefeito de Palmas, na CPI do Cachoeira, queixou-se de ser um “boi expiatório”.

Mas estava sem dúvida sob o terrível stress de se sentir acuado por uma CPI que não acua ninguém.

Em Maragojipe, na Bahia, o momento não era de stress, mas de festa: o batismo da Plataforma P-59.

Em meio a uma miríade de plataformas imaginárias – as seis mil creches, os três milhões de casas, a Ferrovia Norte-Sul e múltiplos etc ─ a P59, felizmente, já tem vida própria, ou quase: ainda falta ser levada ao poço Peroá Profundo, no litoral do Espírito Santo, para perfurar a até 9.144 metros de profundidade.


Antes de comemorar, é bom lembrar do petroleiro João Cândido, lançado ao mar por Lula e recolhido no mesmo dia — sob risco de cruzar com a P59 no caminho vertical — para reparos básicos de 300 milhões de dólares.

Os construtores do fiasco devem ter levado a sério o coro então puxado por Lula no estouro da garrafa de espumante contra o casco:

– É pique, é pique. É pique, é pique, é pique…

De volta ao raso.

Dilma, exultante, trocando juras de amor com os operários logo no começo do vídeo ─ desconfio que o macacãozinho abóbora que lhe arrumaram venha a ser o destaque absoluto da sexta-feira 13 no Diário de Dilma de julho, mas essa é outra história.

Nossa história, aqui, tem início aos 3:56 deste vídeo – após penosos minutos satanizando “eles”, ou seja, o resto do mundo, que cisma de estar em crise, “cortando 30% dos salários dos vereadores”.

Dilma quer repercutir mais uma redução de meio ponto na taxa Selic.

Para colorir o feito, ocorre-lhe valer-se do mais surrado bordão criado por seu mentor e padrinho, “nunca antes na história deste país”.

Os peixinhos de um aquário doméstico colocado diante da TV nos últimos oito anos saberão repetir as seis palavras exatamente nesta ordem – inclusive o “deste”, que Lula aprendeu a muito custo.

Não Dilma:

“Os juros nesse país estão num nível que nunca antes, como diria Lula, na história desse país eles atingiram”.
Não, nem Lula diria isso.

Seria o caso de perguntar à presidente: que país é esse, se não é este?

É capaz de feitos históricos, como o anunciado no final deste vídeo.

Afinal, presidente, como será o Brasil do futuro, o Brasil de Dilma, imune à crise?

“Em primeiro lugar, vai olhá pro seu povo, pra suas, pra suas, pra sua população, pro seus brasileiros e pra suas brasileiras. Um abraço no coração. E um beijo também”.

Nunca antes na história deste país uma presidente falou desse jeito.





13/07/2012



Dilma repete – e piora – o bordão de Lula




Por Augusto Nunes


Dilma posa para fotos com petroleiros: bordão de Lula na cabeça

(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

O evento era uma festa, o batismo da plataforma P-59 da Petrobras, e a presidente Dilma Rousseff foi a Maragogipe, na Bahia, para ouvir aplausos.

Durante seu discurso, ela acabou se enrolando numa frase e repetiu – ainda que em ordem indireta – o eterno bordão de Lula: ‘Nunca antes na história deste país’.
O ato falho aconteceu quando a presidente falava sobre mudanças que estava implementando na economia para permitir a retomada do crescimento.

Ao citar a queda da taxa básica de juros, Dilma cravou: “A primeira grande mudança tem sido a redução dos juros. Os juros deste país estão num nível que nunca antes, como diria o presidente Lula, na história deste país eles atingiram”.

Com a inversão na ordem direta, Dilma foi além de repetir seu padrinho: ela conseguiu piorar o batido bordão de Lula.
13/07/2012


Como a Delta pagou Perillo


Um relatório da Polícia Federal obtido com exclusividade por ÉPOCA comprova os elos entre o esquema de Carlinhos Cachoeira e o governador
de Goiás



DIEGO ESCOSTEGUY
COM MURILO RAMOS
E MARCELO ROCHA
                                         Revista Época



LUCRO O governador  de Goiás, Marconi Perillo. Ele vendeu uma casa ao bicheiro Carlinhos Cachoeira com um ágio  de R$ 500 mil –  em troca, liberou faturas da Delta  (Foto: Andre Borges/Folhapress)

LUCRO

O governador de Goiás, Marconi Perillo. Ele vendeu uma casa ao bicheiro Carlinhos Cachoeira com um ágio de R$ 500 mil – em troca, liberou faturas da Delta
(Foto: Andre Borges/Folhapress)



Ouça o áudio


capitulo 1 (Foto: reprodução)
 
No dia 27 de junho, o Núcleo de Inteligência da Polícia Federal remeteu à Procuradoria-Geral da República um relatório sigiloso, contendo todas as evidências de envolvimento do governador Marconi Perillo com o esquema da construtora Delta e do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Como governador de Estado, Perillo só pode ser investigado pelo procurador-geral da República – e processado no Superior Tribunal de Justiça.

O relatório, a que ÉPOCA teve acesso com exclusividade, tem 73 páginas, 169 diálogos telefônicos e um tema: corrupção. 

O documento está sob os cuidados da subprocuradora Lindora de Araújo, uma das investigadoras mais experientes do Ministério Público. Ela analisará que providências tomar e terá trabalho: são contundentes os indícios de que a Delta deu dinheiro a Perillo.


Alguns desses 169 diálogos já vieram a público; a vasta maioria ainda não. Encontram-se nesses trechos inéditos as provas que faltavam para confirmar a simbiose entre os interesses comerciais da Delta em Goiás e os interesses financeiros de Perillo.

Explica-se, finalmente, o estranho episódio da venda da casa de Perillo para Cachoeira, que não foi bem entendido. Perillo nega até hoje que tenha vendido o imóvel a Cachoeira; diz apenas que vendeu a um amigo.

O exame dos diálogos interceptados fez a Polícia Federal, baseada em fortes evidências, concluir que:

1) assim que assumiu o governo de Goiás, no ano passado, Perillo e a Delta fecharam, diz a PF, um “compromisso”, com a intermediação do bicheiro Carlinhos Cachoeira: para que a Delta recebesse em dia o que o governo de Goiás lhe devia, a construtora teria de pagar Perillo;

2) o primeiro acerto envolveu a casa onde Perillo morava. Ele queria vender o imóvel e receber uma “diferença” de R$ 500 mil. Houve regateio, mas Cachoeira e a Delta toparam. Pagariam com cheques de laranjas, em três parcelas;

3) Perillo recebeu os cheques de Cachoeira. O dinheiro para os pagamentos – efetuados entre março e maio do ano passado – saía das contas da Delta, era lavado por empresas fantasmas de Cachoeira e, em seguida, repassado a Perillo. Ato contínuo, o governo de Goiás pagava as faturas devidas à Delta;

4) a Delta entregou a um assessor de Perillo a “diferença” de R$ 500 mil;

5) a direção nacional da Delta tinha conhecimento do acerto e autorizou os pagamentos.

Para compreender as negociações, é necessário conhecer dois personagens, que chegaram a ser presos pela PF.

Um é o tucano Wladmir Garcez, amigo de Perillo e ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia. Garcez atua como uma espécie de embaixador de Perillo junto à Delta e à turma de Cachoeira: faz pedidos, cobra valores, entrega recados.

O segundo personagem é Cláudio Abreu, diretor da Delta no Centro-Oeste e parceiro de Cachoeira no ataque aos cofres públicos de Goiás. Na hierarquia da Delta, Abreu detinha a responsabilidade de obter contratos públicos para a construtora e – o mais difícil, custoso – assegurar que os governantes liberassem os pagamentos em dia.

A corrupção neste caso, como em tantos outros, nasce na oportunidade que o Poder Público oferece: um detém a caneta que pode liberar o dinheiro; outro detém o dinheiro que pode mover a caneta.

Na simbiose entre a Delta e o governo de Goiás, Garcez e Abreu eram os sujeitos que se dedicavam a fazer o dinheiro girar, multiplicar-se. Não há caixa de campanha ou questiúncula política nessa história. O objetivo era ganhar dinheiro.


                         A mensagem

Para a Justiça

O relatório da PF traz indícios de que a Delta transferiu dinheiro a Perillo, e eles devem ser investigados


Para o eleitor

A investigação pode dar um novo norte à CPI do Cachoeira
 

A PF começou a monitorar as atividades ilegais das duas turmas, de Perillo e da Delta, em 27 de fevereiro do ano passado.

Naquele momento, Perillo cobrava o pagamento do “compromisso” da Delta. Num diálogo interceptado pela PF às 20h06, Cachoeira pede pressa a Abreu. Disse Cachoeira: “E aquele trem (dinheiro) do Marconi (governador), hein? Marconi já falou com o Wladmir (Garcez), viu”. Abreu chora miséria, como bom negociante. “Vou falar amanhã que não tem jeito”, diz Cachoeira.

“Mas não é 2 milhões e meio, não. Ele (Marconi) quer só a diferença.” Cachoeira refere-se, aqui, à operação de venda da casa, o assunto mais urgente naquele momento.

Abreu faz jogo duro: “Pois é, doutor, eu não tenho como. Do mesmo jeito que o Estado tá com o orçamento fechado, eu também tô”.
O jogo é simples: uma parte quer que a outra aja antes. Perillo quer o dinheiro antes de liberar a fatura; Abreu, da Delta, quer a fatura paga antes de liberar o dinheiro para Perillo.

AGILIDADE O bicheiro Carlinhos Cachoeira. Quando ele entrou no circuito, a negociação entre a Delta  e o representante  de Marconi Perillo passou a andar rápido  (Foto: Ailton de Freitas/Ag. O Globo)AGILIDADE
O bicheiro Carlinhos Cachoeira. Quando ele entrou no circuito, a negociação entre a Delta e o representante de Marconi Perillo passou a andar rápido



(Foto: Ailton de Freitas/Ag. O Globo)



Ouça o áudio

Capítulo 2 (Foto: reprodução)
As negociações prosseguem, emperradas em alguns momentos por desconfianças mútuas. Numa ligação na mesma noite, Cachoeira certifica Abreu de que Garcez, o interlocutor de Perillo, não está pressionando a Delta sem motivos.


“Não é o Wladmir, não. É ele (Marconi) que tem esse trem na cabeça, da diferença e não sei o quê, viu?”, diz.

No dia seguinte, preocupado com a demora da Delta em liberar o dinheiro, Cachoeira pede a Garcez que dê “um aperto” em Abreu, de modo a garantir o negócio.

Garcez liga para Abreu e reforça que a Delta deve pagar logo o “compromisso” com Perillo. Garcez explicara a Perillo que a Delta não conseguiria quitar o acerto logo.

Diz Garcez, no diálogo com Abreu: “Tive lá no Palácio, conversei com o governador lá. Falei... ‘Olha, o compromisso que ele (Abreu) tinha feito com o senhor faltava 1 milhão e meio. (...) Ele (Abreu) vai ver se cumpre aquele compromisso com o senhor”. Diante da pressão, Abreu diz que tem “outros compromissos” em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul. Pede tempo.

Nervoso com a lentidão de Abreu, Cachoeira resolve dar prosseguimento ao negócio com Perillo – e cobrar depois da Delta.

A partir daí, o acerto realiza-se com rapidez.

Ainda no dia 28, Garcez informa a Cachoeira que Perillo quer cheques nominais.

Combinam a entrega de três cheques para o dia seguinte, às 14 horas: dois de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil, depositados no dia 1o de cada mês.

Em seguida, no dia 1o de março, Cachoeira faz a operação: pede ao sobrinho que assine os cheques, avisa a Delta e manda entregar os cheques no Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás.

Às 14h53, Garcez, que estava no Palácio, confirma a Cachoeira que os cheques foram entregues e avisa que levará a escritura do imóvel no dia seguinte.

Doze minutos depois, Cachoeira já pede a contrapartida a Garcez: “O trem da Delta, aqueles 9 milhões que o Estado tem de pagar... Você levou para mostrar para ele (Perillo)?”.

Garcez confirma: “Tá comigo aqui. Oito milhões, quinhentos e noventa e dois, zero quarenta e três”.

Às 16h37, Garcez informa a Cachoeira que está no gabinete do governador, entregando os cheques.

Em seguida, Garcez comunica a Abreu que os problemas da Delta acabaram. (Perillo) falou que vai resolver: ‘Não, pode deixar que isso aqui eu resolvo’”.

E resolveu: ainda no dia 1o de março, o governo de Goiás liberou R$ 3,2 milhões para a conta da Delta. No dia seguinte, o cheque de R$ 500 mil foi depositado na conta de Perillo.


No dia 3 de março, Cachoeira comemora com Abreu a “porta aberta” com Perillo. “Ele (Perillo) engoliu aqueles 500 mil... Ele (Perillo) responde em tudo, deu as contas para pagar”, afirma Cachoeira.

Cachoeira pediu a seu sobrinho Leonardo Ramos, que costuma assessorá-lo, para que preparasse um contrato de compra e venda no nome de um laranja – e começou a chamar amigos para conhecer a linda casa que comprara de Perillo.

No dia 25 de março, o governo de Goiás liberou mais um pagamento de R$ 3,2 milhões para a conta da Delta. Enquanto os pagamentos caíam nas contas da Delta, a Delta cobria, por meio de uma empresa laranja, os cheques dados por Cachoeira.


LUXO Andressa Mendonça, mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ela não queria deixar a prataria da casa para o novo morador  (Foto: Andre Dusek/AE)


LUXO
Andressa Mendonça, mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ela não queria deixar a prataria da casa para o novo morador


(Foto: Andre Dusek/AE)


Ouça o áudio
O segundo cheque de R$ 500 mil foi compensado no dia 4 de abril. Cachoeira, sempre zeloso, checava tudo com seu contador.

No dia 29 de abril, antes da compensação do último cheque, no valor de R$ 400 mil, Abreu voltou a reclamar com Cachoeira que as faturas da Delta haviam sido retidas novamente.

Abreu foi claríssimo na contrapartida necessária para pagar o último cheque: “Deixa eu te contar uma amarelada que eu dei aqui. Wladmir (Garcez) tá me rodeando aqui. Eu falei: ‘Wladmir, tá bom: que dia vai me pagar? Tá prometido até sexta que vem, tá? Então vamos fazer o seguinte: eu pago os 400. Se ele (Perillo) não me pagar até sexta (...) você me devolve os 400’.

Aí ele amarelou aqui”. Os dois reclamaram da demora de Perillo. Cachoeira disse: “Agora tem de tolerar porque nós já pusemos o pé na jaca”. Eles reclamam, reclamam, reclamam... mas no fim pagam.

No dia 2 de maio, Cachoeira ordenou a seu contador que contatasse o pessoal de Perillo e descontasse o último cheque. “Aquele lá (o cheque) não podia falhar de jeito nenhum, né?”, diz o contador.

O cheque foi descontado.

E o que aconteceu?


O governo de Goiás liberou mais uma parcela de R$ 3,2 milhões para a conta da Delta.


Não demorou para Cachoeira perceber que morar na antiga casa do governador de Goiás lhe traria problemas. Num diálogo com sua mulher, Andressa Mendonça, em 17 de maio (leia na página ao lado), Cachoeira compartilhou seu temor por telefone: “Esse trem não vai dar certo (da casa). Vão acabar sabendo que é minha”.

Cachoeira começou, então, a procurar um modo de se desfazer do imóvel, apesar dos protestos de Andressa, que já decorara a casa e adorava o lugar.

As conversas interceptadas pela PF mostram em detalhes como Cachoeira repassou a casa para um terceiro, o empresário Walter Santiago, sem aparecer.

Para isso, recorreu à ajuda de Garcez, que coordenou a transação. Garcez assegurou ao empresário que a casa era de Perillo. No dia 12 de julho, Walter Santiago, rodando num carro blindado, encontrou-se com Garcez e lhe entregou R$ 2,1 milhões em dinheiro vivo.

Cachoeira orientou Garcez pelo telefone: “Manda trazer o dinheiro aqui no Excalibur (prédio onde mora Cachoeira), entendeu? Manda o professor (Walter Santiago) trazer no Excalibur, porque ele tá com carro blindado”


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                                   CONFORTO
     A casa onde moraram o governador
    Marconi Perillo e o bicheiro Carlinhos    Cachoeira.Ela foi vendida por R$ 2,1  milhões em dinheiro vivo


                         (Foto: Fernando Gallo/AE)


Em seguida, Garcez informou a Cachoeira que Lúcio Fiúza, então assessor especial de Perillo, estava com eles no carro. Responde Cachoeira: “Então pega tudo e vem para casa. Dá só os quinhentos na viagem para o doutor Lúcio. (...) Já fala para o doutor Lúcio pegar os cem também (parte do assessor de Perillo). É dois e cem, viu (R$ 2,1 milhões, o dinheiro a ser entregue)? Pega os cem logo e já mata ele, ou então já fala a data que ele tem de entregar”.

Não fica claro se os R$ 500 mil para Fiúza referem-se à parte de Perillo nessa segunda operação – ou se era um pagamento pendente por outra razão. Também nessa segunda operação, Cachoeira recebeu – e distribuiu a gente próxima a Perillo – mais dinheiro do que valia o imóvel.

Cachoeira confirma isso num diálogo com Andressa, ainda no dia 12. Andressa pergunta por quanto ele vendeu a casa. “Dois e cem”, diz Cachoeira.

“Esse trem é do Marconi e não ia dar certo, não. Tem de passar logo esse trem para o nome dele (possivelmente o empresário Walter). Porque eu vou perder um trem de bilhões por causa de um negócio à toa.” Andressa não quer saber de negócios ou dinheiro.

Quer saber da prataria da casa e das coisas bonitas e caras que comprou para decorá-la. “Você explicou para ele (empresário Walter) que roupa de cama, coisa pessoal, acessório de banheiro, nada disso vai, né?”, diz Andressa.

Cachoeira se irrita: “Deixa a roupa de cama do jeito que tá lá. Não faça isso, não. Pega as pratarias que o Wladmir escondeu lá dentro”. “Eu não vou deixar roupa de cama de 400 fios para ele, não. Cê tá louco?”, diz Andressa.

Cachoeira, então, confessa o preço real da casa e revela a existência da “diferença”. “Deixa do jeito que tá. Aquilo lá custou quanto? Afinal, eu comprei ela (a casa) por mil (R$ 1 milhão), vendi por mil e quinhentos (R$ 1,5 milhão). Tá bom, me ajudou a vender.”

A conta é a seguinte, segundo a PF: o empresário Walter Santiago pagou R$ 2,1 milhões pela casa. Destes, R$ 100 mil foram para Fiúza, o assessor de Perillo, R$ 500 mil para Perillo, levados por Fiúza – e o restante, R$ 1,5 milhão, para Cachoeira.

Segundo Perillo, a Receita Federal atestou que seu patrimônio é compatível com seus rendimentos

O que Cachoeira fez depois de receber o R$ 1,5 milhão? Ligou para a Delta. Confirmou o recebimento do dinheiro e perguntou a Abreu se o contador da Delta já fora avisado.

Abreu disse que estava ao lado de Carlos Pacheco, principal executivo da Delta, a quem Abreu chama de “chefe”. Abreu disse: “Eu falei com o chefe aqui, viu, amigo? Ele falou que era para você guardar esse dinheiro, era para você aplicar lá no entorno (entre Brasília e Goiás), no projeto.

Que o projeto lá vai exigir uns 4 milhões e meio, mas eu falo com você pessoalmente”. A PF não descobriu que projeto seria esse. Mas a fala de Abreu deixa claro o que outros diálogos confirmam: a direção da Delta nacional não só sabia das operações de Cachoeira no Centro-Oeste, como coordenava algumas negociações. Até agora, a Delta insiste na versão segundo a qual Abreu agia sozinho.

E manteve sua linha de defesa, após ÉPOCA questionar a empresa sobre as novas evidências. Por meio de uma nota, a Delta afirma não ter conhecimento da apresentação de uma fatura da empresa ao governador Marconi Perillo, nem da visita de Wladmir Garcez ao Palácio de governo para resolver um assunto da empreiteira.

A nota também afirma: “Empresas de construção civil que atuam no setor público, como a Delta, precisam zelar e velar pelo recebimento pontual e em dia dos compromissos assumidos a fim de não ocorrer solução de descontinuidade nas obras”.

A empresa diz ainda que o ex-presidente Carlos Pacheco nunca teve relação comercial com Cachoeira e que a empresa tem prestado esclarecimentos necessários aos órgãos instituídos.

Perillo também preferiu não prestar esclarecimentos a ÉPOCA. Não respondeu às perguntas sobre eventuais conversas para discutir pagamentos da Delta e sobre a relação desses pagamentos com a venda da casa. Em nota, limitou-se a dizer que “prestou, por meses a fio, todos os esclarecimentos solicitados pela imprensa, pela sociedade e pela CPI”.

Perillo criticou ainda o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI do Cachoeira. Disse que o deputado quer transformar a CPI numa “comissão de investigação do governador Marconi Perillo”.

Diz ainda a nota: “No exaustivo crivo a que foi submetido, nenhum fato se encontrou que possa desabonar sua biografia (de Marconi Perillo) de cidadão ou de homem público.

Ao contrário, a Receita Federal, por exemplo, emitiu nota técnica na qual atesta que o patrimônio do governador é compatível com seus rendimentos. Portanto, o governador Marconi Perillo informa que, considerando já devidamente esclarecidos os assuntos de fato relevantes, não se pronunciará mais a respeito de questões atinentes a sua vida privada, reservando essa providência, como é natural, unicamente para os assuntos relacionados a suas atividades como governador do Estado”.

Perillo depôs na CPI do Cachoeira há um mês, quando começavam a se acumular evidências de que ele mantinha relações com a empreiteira Delta e com Cachoeira.

Na ocasião, foi claro: “O senhor Carlos Cachoeira não teve a menor participação na venda da casa. (A venda da casa) foi feita de forma transparente ao atual empresário Walter Paulo.

(...) Os valores (da venda da casa) foram de acordo com o mercado”. Até agora, desconfiava-se que as três afirmações não eram verdadeiras. Agora, com o relatório da PF, sabe-se que são falsas: Cachoeira participou da compra da casa, a operação aconteceu na sombra e o valor da venda foi superior ao de mercado.

Perillo também disse à CPI: “De forma desavisada ou maldosa, vejo, aqui ou acolá, afirmações de que o senhor Carlos Augusto, o Cachoeira, teria influência em meu governo”. Os diálogos interceptados pela PF e a cronologia do pagamento das faturas à Delta revelam que Cachoeira tinha, sim, influência.

Outra frase de Perillo: “Falaram (nos diálogos até então divulgados) sobre seus planos (da turma de Cachoeira), mas nada se concretizou. Nada! Reafirmo: nada se concretizou”.

Aqui, mais uma vez, as cobranças da Delta ao amigo de Perillo, os cheques compensados nas contas de Perillo e o consequente pagamento das faturas da Delta apontam o contrário.

Por fim, Perillo bradou na CPI: “Não tem propina no meu Estado”.

É uma afirmação ousada.

Os delegados da Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República, ao que parece, discordam.

                            13/07/2012