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sábado, 20 de dezembro de 2014

Tomara que caia



Quem, em sã consciência, pode apostar que um grupo que se enraizou no Estado brasileiro para saqueá-lo fará tudo diferente agora?

Guilherme Fiuza
O Globo

Ao ser diplomada no TSE para o novo mandato, Dilma Rousseff propôs um pacto nacional contra a corrupção. Quase na mesma hora, a Controladoria-Geral da União afirmava que a compra da Refinaria de Pasadena não foi um mau negócio, foi má-fé. Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobras, responsável pela aprovação da negociata. A dúvida é se os critérios para a compra da refinaria e para o pacto anticorrupção serão os mesmos.

O Brasil precisa saber urgentemente qual será o papel do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no pacto nacional contra a corrupção. Nas investigações da Polícia Federal, Vaccari é acusado de beneficiário do esquema do petrolão, e de injetar propinas na campanha de Dilma — essa mesma que foi reeleita e diplomada declarando guerra à corrupção. As faxinas da presidente deixariam o FBI de cabelo em pé.

Os EUA, aliás, já foram apresentados às entranhas do governo popular, com a chegada do escândalo da Petrobras à Justiça americana. O problema é que lá não tem um Lewandowski ou um Dias Toffoli para tranquilizar os companheiros na última instância. Também não tem um ministro da Justiça servindo de garoto de recados do marqueteiro petista. Como incluir os americanos, holandeses e suíços lesados pelo petrolão no pacto contra a corrupção? Será que o apoio deles custa mais do que os da UNE e do MST?

Uma das ascensões políticas mais impressionantes nos últimos anos foi a do ex-deputado André Vargas. Virou secretário de comunicação do PT e chegou a falar grosso com o STF no julgamento do mensalão — cuja transmissão televisiva ele queria embargar. Depois provocou Joaquim Barbosa publicamente, fazendo a seu lado o gesto do punho cerrado dos mensaleiros. André Vargas chegou à vice-presidência da Câmara dos Deputados, nada menos. Aos inocentes que não entendiam aquela ascensão meteórica, veio, enfim, a explicação: Vargas era comparsa do doleiro Alberto Youssef, o operador do petrolão.

Essa singela crônica de sucesso mostra que hoje, no Brasil, não há nada mais claro e seguro do que a lógica de funcionamento do PT. A qualquer tempo e lugar que você queira compreendê-la, o caminho é simples: siga o dinheiro.

Seguindo o dinheiro (farto) do doleiro, a polícia chegou a uma quadrilha instalada na diretoria da Petrobras sob o governo popular. Tinha o Paulinho do Lula, tinha o Duque do Dirceu, tinha o tesoureiro da Dilma, tinha bilhões e bilhões de reais irrigando a base de apoio do império petista. Um ou outro brasileiro mal-humorado se lembrou do mensalão e resmungou: mais um caso de corrupção no governo do PT. Acusação totalmente equivocada.

O mensalão e o petrolão não são casos de corrupção. Pertencem a um sistema de corrupção, montado sob a bandeira da justiça social e da bondade. Vamos repetir para os que seguiram o dinheiro e se perderam no caminho: trata-se de um sistema de corrupção. E as investigações já mostraram que esse sistema esteve ligado diretamente ao Palácio do Planalto nos últimos dez anos. Um deputado de oposição disse que o maior medo do PT não era perder a eleição presidencial, mas que depois Dilma fizesse a delação premiada.

E lá vai o Brasil para mais quatro anos dessa festa. Quem tem autoridade para acreditar que o método será abandonado? Quem em sã consciência pode apostar que um grupo político que se enraizou no Estado brasileiro para saqueá-lo irá fazer tudo diferente agora? Responda, prezado leitor: quem são as pessoas nesse governo ou nesse partido capazes de liderar uma guinada virtuosa? Lula? Dilma? Vaccari? Mercadante? Pimentel? Cardozo? Carvalho? Dirceu? Delúbio?

Mesmo depois de passada toda a propaganda suja da eleição, mesmo depois de exposta a destruição da maior empresa brasileira pelos que juravam amá-la, Dilma não recuou. Foi para cima do Congresso e rasgou a Lei de Responsabilidade Fiscal. Obrigou o parlamento a legalizar o golpe do governo popular contra a política de superávit — que é um dos pilares da estabilidade monetária. O que falta fazer?

Que passe de mágica devolverá a credibilidade a um governo desmoralizado no país e no exterior? Quem vai querer investir aqui com esse bando de parasitas mudando as regras ao sabor das suas conveniências fisiológicas? Quem tem coragem de afirmar (com alguma dignidade) que os próximos quatro anos poderão reerguer esse Brasil em processo de argentinização?

Num sistema parlamentarista razoável, a extensão do escândalo na Petrobras já teria derrubado o governo. Os acordos de delação premiada já indicaram que Dilma e Lula sabiam de tudo. Se o Brasil quiser (e o gigante abrir pelo menos um dos olhos), essa investigação chegará onde tem que chegar. Esse é o único pacto possível contra a corrupção.

Em 1992, quando Collor estava balançando, já por um fio, Bussunda resolveu dar a sua contribuição e apareceu diante do Palácio do Planalto vestindo um tomara-que-caia — “em homenagem ao presidente”. É isso que falta?
Guilherme Fiuza é jornalista

20.12.2014


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ex-diretor citou em delação 28 políticos beneficiários de esquema na Petrobrás


Paulo Roberto Costa relata em 80 depoimentos relação que inclui ministro e ex-ministros da gestão Dilma Rousseff, governador, ex-governadores e parlamentares; são, ao todo, 10 nomes do PP, 8 do PT, 8 do PMDB, 1 do PSB e 1 do PSDB

POR  FAUSTO MACEDO, RICARDO BRANDT, JULIA AFFONSO e FÁBIO FABRINI
Estadão

Primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa citou em 80 depoimentos que se estenderam por duas semanas, entre agosto e setembro, uma lista de 28 políticos – que inclui ministro e ex-ministros do governo Dilma Rousseff (PT), deputados, senadores, governador e ex-governadores.

O Estado obteve a lista completa dos citados. A relação inclui ainda parlamentares que integram a base aliada do Palácio do Planalto no Congresso como supostos beneficiários do esquema de corrupção e caixa 2 que se instalou na petrolífera entre 2004 e 2012.

Há nomes que até aqui ainda não haviam sido revelados, como o governador do Acre, Tião Viana (PT), reeleito em 2014, além dos deputados Vander Luiz dos Santos Loubet (PT-MS), Alexandre José dos Santos (PMDB-RJ), Luiz Fernando Faria (PP-MG) e José Otávio Germano (PP-RS). Entre os congressistas, ao todo foram mencionados sete senadores e onze deputados federais.

O perfil da lista reflete o consórcio partidário que mantinha Costa no cargo e contratos bilionários da estatal sob sua tutela – são 8 políticos do PMDB, 10 do PP, 8 do PT, 1 do PSB e 1 do PSDB. Alguns, segundo o ex-diretor de Abastecimento, recebiam repasses com frequência ou valores que chegaram a superar R$ 1 milhão – dinheiro que teria sido usado em campanhas eleitorais. Outros receberam esporadicamente – caso, segundo ele, do ex-senador Sérgio Guerra, que foi presidente nacional do PSDB e em 2009 teria pedido R$ 10 milhões para arquivar uma CPI da Petrobrás no Senado.

Sobre vários políticos, o ex-diretor da estatal apenas mencionou o nome. Não revelou valores que teriam sido distribuídos a eles ou a suas agremiações.

Foram citados os ex-governadores do Rio Sérgio Cabral (PMDB), do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) e de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) – que morreu em um acidente aéreo em 13 de agosto, durante campanha presidencial.

Primeiro escalão. A lista inclui também o ex-ministro Antonio Palocci (PT), que ocupou a Esplanada nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma; os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o atual ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, e ex-ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Mário Negromonte (Cidades).

Os 28 nomes são exclusivamente de políticos que teriam sido beneficiários dos negócios da diretoria de Costa. A Polícia Federal e a Procuradoria da República trabalham com outros nomes de políticos que se relacionavam com os ex-diretores da estatal Renato Duque (Serviços) e Internacional (Nestor Cerveró).

As revelações foram feitas em depoimentos prestados por Costa à força tarefa da Lava Jato e fazem parte do acordo de delação premiada firmado pelo ex-diretor com o Ministério Público Federal em troca de redução da pena. Desde que sua delação foi aceita pelo Supremo Tribunal Federal, ele cumpre prisão em regime domiciliar, no Rio.

Alguns nomes dessa lista também aparecem na relação fornecida pelo doleiro Alberto Youssef, que firmou acordo semelhante – ainda não homologado pelo ministro Teori Zavascki, do STF. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve denunciar os envolvidos no esquema de desvios da estatal em fevereiro, quando tem início a nova legislatura (mais informações no texto abaixo).

A delação do ex-diretor da Petrobrás, já homologada pelo Supremo, estava com Janot desde novembro. Ele aguarda o teor do depoimento de Youssef para cruzar os nomes citados, o que deverá ser realizado até o início da próxima legislatura.

Foro. Na troca da composição do Congresso, alguns dos citados perdem foro privilegiado e passam a ser julgados pela Justiça de primeira instância. Por decisão do ministro Teori Zavascki, as investigações permanecem divididas entre a Suprema Corte e a Justiça Federal no Paraná, onde serão investigados os acusados que não têm mandato.

A lista de 28 nomes foi revelada por Costa exclusivamente no âmbito da delação premiada. Como são citados políticos com foro privilegiado, o caso foi parar no STF. Em depoimentos à primeira instância da Justiça Federal, o ex-diretor da Petrobrás não falou de políticos, mas citou que o PP, o PMDB e o PT recebiam de 1% a 3% sobre o valor dos contratos da estatal para abastecer caixa de campanha.

A investigação desvendou uma trama de repasses a políticos na estatal. A Lava Jato foi desencadeada em março e identificou a parceria de Costa com o doleiro Youssef. Na última fase da operação, deflagrada em 14 de novembro, foram presos os principais executivos e dirigentes das maiores empreiteiras do País, todos réus em ações penais por corrupção ativa, lavagem de dinheiro, crimes de cartel e fraudes a licitações.
19 dezembro 2014


Vaccari pagou por apartamento no prédio do tríplex de Lula


O Solaris, no Guarujá, é um dos poucos edifícios da Bancoop que foram finalizados. O hoje tesoureiro do PT presidia a cooperativa quando ela quebrou


Por Alexandre Hisayasu
Veja.com

Edifício onde ficam os apartamentos de Lula e Vaccari no Guarujá (SP)
(Reprodução)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é o único sortudo a ter comprado um tríplex no edifício Solaris, no Guarujá (SP), uma das poucas obras iniciadas pela Bancoop que foram concluídas. O atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, pagou por um apartamento no mesmo prédio. Seu nome consta de um documento oficial, feito em 2006 pela Bancoop, que lista os “cooperados ativos” do edifício – ou seja, que estavam com os pagamentos das parcelas em dia. Procurada, a assessoria do petista disse que ele não iria comentar o assunto.


Sérgio Lima/Folha Imagem/Folhapress

O tesoureiro do PT e ex-presidente da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), João Vaccari Neto, em 2010, durante depoimento à CPI das ONGs no Senado

A Bancoop quebrou em 2006, quando era presidida por Vaccari. Deixou 32 obras inacabadas e mais de 3 500 famílias na rua da amargura. O edifício Solaris foi uma das oito obras assumidas pela OAS depois disso. À beira da praia e com vista para o mar, o prédio tem três tipos de apartamentos – as coberturas triplex, alguns duplex de 162 metros quadrados e outros de um pavimento, com cerca de 100 metros quadrados. O de Lula, que ficou pronto neste ano, pertence à primeira categoria. Fica no 16º andar, tem elevador privativo e 297 metros quadrados. Além de Vaccari, também constam da lista de cooperados do Solaris a mulher de Freud Godoy, o ex-assessor de Lula que ficou famoso no caso dos aloprados, em que militantes petistas foram presos tentando comprar um dossiê com informações falsas contra o tucano José Serra.

O fato de o edifício onde o ex-presidente tem apartamento ter sido um dos poucos que ficaram prontos irritou cooperados que continuam até hoje sem ver a cor dos imóveis pelos quais passaram anos pagando. "Queremos saber por que há tantas obras inacabadas, enquanto algumas poucas são construídas tão rapidamente", disse um dos conselheiros da entidade de lesados pela Bancoop, Marcos Sérgio Migliaccio.

A Bancoop quebrou, segundo o Ministério Público, com um rombo de pelo menos 100 milhões de reais, porque seus dirigentes desviaram dinheiro pago pelos mutuários para “fins escusos”. Segundo o promotor José Carlos Blat, parte do dinheiro foi para financiar campanhas eleitorais do PT. Vaccari é um dos cinco réus que respondem na Justiça por estelionato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

VEJA/Reprodução

Imagens de um apartamento no prédio em que Lula adquiriu um triplex
Divulgação

 18/12/2014



terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Justiça aceita denúncia contra executivos da Camargo Correa e irmão de ex-ministro


Com a nova ação penal,
já são 36 os réus relacionados a empreiteiras suspeitos de atuar no megaesquema de corrupção e lavagem de dinheiro que envolve a Petrobras

Laryssa Borges, de Brasília


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o ministro do STF, Luiz Fux, são homenageados pelo Ministério Público Estadual do Paraná, através de seu procurador-geral, Gilberto Giacoia. Janot não quis comentar a apresentação das denúncias da operação Lava Jato. Fux, ao contrário, comentou sobre a operação que investiga o escândalo dos contratos da Petrobras - Juca Varella/Folhapress

O juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na Primeira Instância, aceitou denúncia nesta terça-feira contra executivos da construtora Camargo Correa, incluindo o presidente da companhia, Dalton Avancini, e contra Adarico Negromonte, irmão do ex-ministro das Cidades Mario Negromonte. O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa também são acusados nesta ação, mas já são réus em outras ações penais.

Com a nova ação penal, já são 36 os réus relacionados a empreiteiras suspeitos de atuar no megaesquema de corrupção e lavagem de dinheiro que envolve a Petrobras. Além da Camargo Correa, respondem a ações penais por participação no propinoduto dirigentes das empreiteiras UTC, Mendes Júnior, Galvão Engenharia, da OAS e da Engevix.

Funcionários e a alta cúpula da Galvão Engenharia, OAS e Engevix, que ao lado das outras empreiteiras são acusadas de formar um cartel para fraudar licitações e controlar as maiores obras de infraestrutura do país, também já haviam passado à condição de réus, situação na qual a Justiça considera haver indícios suficientes para a abertura de ação penal. Os próximos passos serão as oitivas de testemunhas de defesa e de acusação, previamente agendadas para fevereiro de 2015.

De acordo com as investigações feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, o cartel de empreiteiras incluía OAS, Odebrecht, UTC, Camargo Correa, Techint, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Promon, MPE, Skanska, Queiroz Galvão, IESA, Engevix, Setal, GDK e Galvão Engenharia e teria atuado de 2006 a 2014 nas maiores obras do país, como a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). “As empreiteiras, reunidas em algo que denominavam de ‘Clube’, ajustavam previamente entre si qual delas iria sagrar-se vencedora das licitações da Petrobras, manipulando os preços apresentados no certame, com o que tinham condições de, sem concorrência real, serem contratadas pelo maior preço possível admitido pela Petrobras”, relatou o juiz em sua decisão.

Para garantir que pudessem monopolizar as grandes obras de infraestrutura, a Camargo Correa e as demais empreiteiras destinavam uma percentagem de cada contrato com a Petrobras para o pagamento de propina. Segundo os investigadores, os dirigentes da Camargo Correa teriam destinado pelo menos 1% sobre o valor dos contratos e aditivos à Diretoria de Abastecimento da Petrobras, então comandada por Paulo Roberto Costa. “Em relação aos agentes da Camargo Correa, há diversas razões especificadas na denúncia para a imputação, como o depoimentos dos colaboradores, o envolvimento deles na celebração dos contratos fraudulentos, o fato de figurarem em comunicações eletrônicas com o grupo dirigido por Alberto Youssef ou o próprio resultado da busca e apreensão”, resume o juiz.

Na Camargo Correa, o presidente da empreiteira Dalton Avancini ainda assinou os contratos das obras nas quais as fraudes foram constatadas, além de ter celebrado contrato fraudulento com a empresa de Paulo Roberto Costa, a Costa Global, para dissimular o pagamento de propina.


16/12/2014

Caso Celso Daniel – O surrealismo da Justiça brasileira. É estupefaciente!



Por Reinaldo Azevedo

A esta altura, vocês sabem que o Supremo Tribunal Federal anulou um dos processos relativos à morte do prefeito Celso Daniel, ocorrida em janeiro de 2002: justamente aquele que diz respeito a Sérgio Gomes da Silva, conhecido como “Sérgio Sombra”, que foi considerado o mandante do crime pelo Ministério Público Estadual. Vou expor as razões apresentadas para a anulação e me dispensarei de entrar no mérito se acho Sombra culpado ou inocente. Até porque, vamos convir, não sou Justiça.

O que lamento aqui é uma mecânica processual — e como estamos atrasados nisso! — que permite que um dos réus de um crime ocorrido em 2002 ainda não tenha sido julgado em 2014 e que, depois de quase 13 anos, o processo seja simplesmente anulado. Vale dizer: a acusação contra Sombra volta ao primeiro estágio, ao da instrução, e será ainda analisada pelo juiz da primeira instância… Mais quantos anos? 13? 15? 20? A eternidade? Para vocês terem uma ideia, será preciso ouvir testemunhas…

Roberto Podval, advogado de Sombra, recorreu ao Supremo porque afirmou que a defesa não teve a chance de interrogar os outros réus, o que é garantido pela jurisprudência da Corte. E isso é fato. Houve empate na turma: 2 a 2. Os ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli foram sensíveis ao pleito da defesa; Cármen Lúcia e Roberto Barroso o recusaram por razões técnicas: acharam que o habeas corpus não era o instrumento adequado.


arte celso daniel_atualizada em 16.2.2014 (Foto: Arte/ G1)

A decisão vale para Sérgio Sombra apenas. Ocorre que o processo já tem seis acusados cumprindo pena. E agora? O mais provável é que seus respectivos advogados recorram, com base no mesmo fundamento. O que vai acontecer? Ninguém tem a menor ideia. O processo de Sombra voltará à fase de instrução, e não haveria razão para ser diferente com os demais. Digamos que alguém condenado no julgamento anulado seja absolvido em novo julgamento… E a parte da pena que já foi cumprida?

Uma Justiça que permite esses surrealismos está com graves problemas, não é mesmo?, independentemente de qual seja a nossa convicção a respeito do caso. Aliás, o processo já estava parado no Supremo porque a defesa de Sombra recorrera ao tribunal alegando que o Ministério Público não tem competência para investigar. O relator é o ministro Ricardo Lewandowski, que está sentado sobre o caso há dois anos. Alegada a incompetência do MP, a defesa pedia a anulação do processo também por esse motivo.

Quer dizer que Lewandowski pode se dispensar de dar agora uma resposta? Acho que não! A eventual anulação do processo contra Sombra por incompetência do MP iria, sim, beneficiar o réu, mas seu alcance é mais geral. O que se vai definir é, afinal, qual é o arco de atribuições do Ministério Público. Se bem se lembram, a tal PEC 37 tentou tornar o poder de investigação exclusivo das polícias. Por outras vias, o tema está dormitando no Supremo. O que Lewandowski espera para tomar uma decisão. Creio que nem Deus saiba.

16/12/2014

Acusados sem foro privilegiado serão julgados pela Justiça do Paraná




De acordo com os ministros, somente deputados, senadores e ministros de Estado, que eventualmente forem citados nas delações premiadas, devem ter seus casos avaliados pelo STF

Folha Poder

A Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) negou nesta terça-feira (16) duas reclamações que tentavam anular mandados de prisão e retirar da Justiça Federal do Paraná os processos relativos à Operação Lava Jato. Seguindo voto do ministro Teori Zavascki, os ministros Celso de Mello e Cármen Lúcia entenderam que os investigados sem foro privilegiado devem ser julgados pela Justiça Federal do Paraná, onde atua o juiz Sérgio Moro.

De acordo com os ministros, somente autoridades com foro privilegiado, como deputados, senadores e ministros de Estado, que eventualmente forem citados nas delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, devem ter seus casos avaliados pelo STF.

As reclamações julgadas nesta terça eram de um dos sócios da Sanko Sider Murilo Barrios e de Waldomiro de Oliveira, um dos laranjas de Youssef. Ambos alegavam que, como há autoridades como foro investigadas na Lava Jato, todo o caso deveria ir ao Supremo.

Ao negar as reclamações, os ministros destacaram que as recentes prisões da Lava Jato não foram baseadas em delações premiadas e que todos os fatos ligados a autoridades com prerrogativa estão sob comando das autoridades competentes, no caso, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o próprio STF. Por isso, não estaria havendo usurpação da competência do Supremo por parte do juiz Moro.
PROBLEMA

Em seu voto, Zavascki não enfrentou um dos temas abordados pela defesa: o fato do juiz Moro orientar os investigados e testemunhas para não citarem autoridades com foro durante interrogatórios.Segundo ele, a atitude do juiz pode levar até mesmo a eventuais nulidades no processo. Sem dizer quais problemas a situação poderia acarretar, o ministro limitou-se a falar que tal situação seria analisada posteriormente.

"A defesa se insurge seguidamente contra o fato de que o magistrado com o declarado fim de preservar a competência do Supremo restringe a formulação de questionamentos sobre eventual envolvimento de detentor de foro, questão que está sub judice em outros procedimentos. Então, se ele agiu corretamente ou não, se ele praticou ato nulo ou não porque restringiu, isso não enseja ação penal. Pode ser que a pretexto de preservar a competência do Supremo esteja cometendo outra irregularidade, mas isso está sendo discutido em outro foro, que não é nessa reclamação", disse.

O ministro Gilmar Mendes, que também compõe a Turma, ausentou-se do plenário durante a análise das reclamações, por isso não votou no processo.
NA PRISÃO

Na sessão desta terça a Segunda Turma ainda negou um pedido de liberdade do vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, que está detido desde 14 de novembro, quando foi deflagrada a sétima fase da operação Lava Jato.

Os ministros entenderam que, ao recorrer ao STF sem ter tido seu caso analisado pelo pleno do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da Quarta Região), o pedido de liberdade não poderia ser sequer analisado. De acordo com eles, salvo em caso de prisão manifestamente ilegal, é preciso esperar que o TRF e posteriormente o STJ (Superior Tribunal de Justiça) analise o caso para, só então, se recorrer ao Supremo.
16.12.2014


A contragosto, Dilma já sonda nomes para substituir Graça


Presidente resiste à ideia, mas novas revelações de ex-gerente e provável rebaixamento da nota da estatal deixam demissão cada vez mais perto
Veja.com

Graça Foster e Dilma Rousseff, em Brasília (Reuters/VEJA)

Embora a presidente Dilma Rousseff resista à ideia, Graça Foster está cada vez mais perto de deixar o comando da Petrobras. Reportagem desta terça-feira do jornal Folha de S. Paulo informa que já começaram as sondagens do Planalto por nomes para assumir a presidência da estatal. Ainda que informais, as consultas já apontam para o nome de Murilo Ferreira, presidente da Vale. A substituição, segundo o jornal, seria anunciada como parte do pacote de reformas ministeriais – ao lado de trocas nos comandos de bancos públicos e da Itaipu Binacional.

Amiga de Graça, Dilma tem poupado o quanto pode a presidente da Petrobras. Na semana passada, o governo fez uma força-tarefa para blindar Graça Foster. Após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter feito um pedido público pela demissão da cúpula da Petrobras, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se apressou para sair em defesa da atual diretoria da estatal e disse que nem a presidente da companhia nem os atuais diretores da empresa deixarão seus cargos. Três dias depois, contudo, o jornal Valor Econômico revelou que Graça foi alertada sobre os desvios na estatal por Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente da diretoria de Abastecimento comandada por Paulo Roberto Costa.

Em nota enviada nesta terça-feira, a Petrobras afirma que Graça apenas foi avisada dos desmandos na estatal em novembro deste ano. E que os avisos anteriores "não explicitaram irregularidades relacionadas à RNEST, à área de Comunicação do Abastecimento e à área de comercialização de combustível de navio (bunker)". "Os temas supracitados foram apenas levados ao conhecimento da Presidente através de email recente, de 20/11/2014, quando a empregada já havia sido destituída de sua função gerencial. Nesta data, as irregularidades na Comunicação do Abastecimento e na RNEST já haviam sido objeto de averiguação em Comissões Internas de Apuração, bem como as irregularidades da área de comercialização de combustível de navio (bunker) em Grupos de Trabalho. A Presidente respondeu à empregada Venina Velosa Fonseca, no dia 21/11/2014, informando que estava encaminhando o assunto ao Diretor José Carlos Cosenza e ao Jurídico da Petrobras para averiguação e adoção das medidas cabíveis", diz o texto da estatal.

Além de temer novas revelações de Venina, Dilma terá dificuldade de manter Graça no cargo diante da iminente perda de grau de investimento da estatal. Define uma fonte do governo ao jornal O Globo: "O tempo de Graça já acabou e ela própria percebeu isso. A diretoria da Petrobras não tem mais credibilidade com o mercado. A presidente pode estar conseguindo mantê-la apesar dos problemas políticos, mas, com os desdobramentos econômicos que ainda virão, será difícil".
16 de dezembro de 2014

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Ações da Petrobras acumulam perdas de 25% em seis dias





Ações da Petrobras fecham em queda pelo 6º dia seguido e acumulam perdas de 25%



Papéis da companhia tiveram as negociações suspensas temporariamente no pregão para reduzir volatilidade; Ibovespa caiu 2,05%


Por Ana Paula Ribeiro
João Sorima Neto

O Globo


SÃO PAULO - Pelo sexto dia consecutivo, as ações da Petrobras encerraram em forte queda e arrastaram o Índice Bovespa, principal indicador do mercado acionário brasileiro. Em seis pregões, as ações da empresa perderam 25% de seu valor. Nesta segunda, os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da petrolífera encerraram com perda de 9,19% a R$ 9,18, enquanto as ações ordinárias (ON, com direito a voto) recuaram 9,93% cotadas a R$ 8,55. O Ibovespa encerrou com queda de 2,05% aos 47.018 pontos e volume negociado de R$ 10,9 bilhões, inflado pelo vencimento de opções sobre ações, que movimentou R$ 3,5 bilhões. É o menor patamar desde 19 de março passado, quando o índice fechou aos 46.567 pontos.

A negociação com os papéis da Petrobras na Bovespa foi suspensa por cerca de 15 minutos, próximo das 15 horas, para tentar minimizar as perdas. A falta de um balanço auditado da companhia, a resistência do governo em trocar o comando da empresa e mais uma queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional deixaram os investidores nervosos. No exterior, as Bolsas da Europa e dos Estados Unidos também recuaram com mais uma queda no preço do petróleo.

No mercado de câmbio, o dólar fechou em alta de 1,28%, pelo quarto dia consecutivo, cotado a R$ 2,685. É o maior patamar da moeda americana desde o dia 29 de março de 2005, quando fechou negociado a R$ 2,697.

As ações PN da Petrobras fecharam na menor cotação desde o dia 20 de julho de 2005, quando encerraram a R$ 9,16. Nos últimos seis dias de baixas, acumulam uma desvalorização de 25,1%. Já as ações ON terminaram o pregão no menor nível desde 15 de setembro de 2004, quando fecharam a R$ 8,47. Em seis pregões, o papel perdeu 25,6%. Nesta segunda, os papéis ordinários tiveram a segunda maior desvalorização do Ibovespa, enquanto as preferenciais foram a terceira maior perda do índice. Na Bolsa de Nova York, os American Depositary Receipts (ADRs), tiveram desvalorização de mais de 11% cotados a US$ 6,28.

Nesta segunda, o Credit Suisse reduziu o preço justo para as ações da estatal, de US$ 14 por ADR para US$ 7,30. O banco manteve a recomendação neutra para a ação. Os analistas do banco suíço citaram as dificuldades em avaliar a empresa, com o adiamento da divulgação dos dados do balanço e a queda do petróleo para justificar a redução. Já o banco HSBC cortou o preço-alvo dos papéis preferenciais de R$ 10,70 para R$ 8,70. Os analistas do banco observam que a companhia corre o risco de ficar sem caixa no quarto trimestre de 2015 se não divulgar suas demonstrações financeiras e não conseguir fazer captações no mercado internacional.

LEILÃO PARA EVITAR PERDAS

Na Bovespa, os papéis ordinários da Petrobras entraram em leilão às 14h50m, quando atingiram queda de 9,62%, negociados a R$ 8,55. Já as ações preferenciais entraram em leilão logo em seguida, quando caíam 9,10% a R$ 9,19. Segundo o manual de procedimentos operacionais da Bovespa, ações de uma empresa entram em leilão sempre que há uma oscilação de mais de 10% sobre o preço de abertura do pregão. Foi o que aconteceu com os papéis da Petrobras nesta segunda.

Nos leilões, a cotação do papel fica congelada e diversas ordens de compra ou venda entram no chamado 'livro de ofertas'. Os investidores aguardam a fixação de um preço teórico para que possam avaliar se será necessário alterar suas posições, antes que termine o leilão. De acordo com a BM&F, o leilão é um procedimento comum de controle de risco e não é a primeira vez que os papéis da Petrobras têm a negociação suspensa temporariamente. Isso aconteceu, em 27 de setembro de 2010, por exemplo, no primeiro dia de negócios após a capitalização da empresa. A BM&F informou que o leilão desta segunda durou cerca de 5 minutos e teve prorrogação, já que o prazo máximo previsto no manual de procedimentos é de 15 minutos.

— O leilão acontece automaticamente quando há uma oscilação muito brusca num dos papéis negociados. É uma medida para estancar a volatilidade — explica Maurício Pedrosa, da Queluz Asset Management.

As ações da Petrobras estão renovando as mínimas dos últimos anos nos últimos pregões. Na última sexta-feira, os papéis ordinários já haviam atingindo a menor cotação desde janeiro de 2005: fecharam em queda de 5,77%, a R$ 9,46. Mas as PNs haviam se sustentado acima dos R$ 10, apesar da queda de 6,56%: as ações fecharam a R$ 10,11, a mais baixa desde 2004.

Pedrosa explica que além dos problemas internos da empresa, como as denúncias de corrupção, falta de números auditados e a resistência do governo em trocar o comando da companhia, a conjuntura externa também pesou sobre as ações da Petrobras. O preço do barril do tipo WTI recuou mais 3,3% nos EUA, e fechou negociado a US$ 55,91, a menor cotação desde maio de 2009. No exterior, as Bolsas da Europa e dos Estados Unidos também recuaram com mais uma queda no preço do petróleo. O DAX, de Frankfurt, caiu 2,72%. O CAC 40, da Bolsa de Paris, recuou 2,57% e o FTSE 100, de Londres, teve desvalorização de 1,87%. Já nos Estados Unidos, O Dow Jones perdeu 0,58% e o S&P 500 recuou 0,63%.

— O preço do barril continuou recuando no mercado internacional. Ou seja, além das notícias ruins da empresa, há um mal-estar no mercado internacional do petróleo — diz Pedrosa.

OPEP DIZ NÃO TER 'PREÇO ALVO' PARA BARRIL

O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Abdalla Salem el-Badri, reiterou nesta segunda-feira que o cartel não possui preço-alvo para o petróleo e que a decisão de manter a cota de produção em 30 milhões de barris por dia (bpd) foi tomada por todo o cartel e não tinha como objetivo prejudicar nenhum país.

Na avaliação de Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor, essa pressão vendedora está atrelada à maior aversão ao risco, que derruba o preço dos ativos brasileiros. Isso também pode ser visto pelo aumento da cotação do dólar.

— O mercado está batendo nos ativos brasileiros. É uma maior aversão risco, por isso o dólar também está pressionado. E o adiamento do balanço da Petrobras também não agradou - disse, acrescentando que, em sua opinião, essa é a primeira vez que um papel considerado de primeira linha, como o da estatal, está tão pressionado.

Segundo analistas da Yield Capital, os números preliminares divulgados pela Petrobras no terceiro trimestre mostraram geração positiva de caixa devido ao aumento da produção de petróleo, ao reajuste nos preços dos combustíveis e com a redução das importações. As estatal divulgou endividamento líquido de R$ 261,45 bilhões e fluxo de caixa positivo de R$ 4,25 bilhões. Para a equipe do BTG Pactual, os números não são conclusivos e fica difícil interpretá-los como positivos sem ter em mãos ao menos como foi a variação do capital de giro da companhia. Em nota a clientes, o banco avalia ser difícil a companhia divulgar os dados auditados em janeiro.

A companhia também conseguiu prorrogar as obrigações contratuais (covenants) de parte dos títulos emitidos no exterior, reduzindo o risco dos investidores pedirem o vencimento antecipados.

— A empresa precisará cortar investimentos e reduzir seu endividamento — afirma Pedrosa, da Queluz.

Já o setor bancário, que possui o maior peso no índice, também fechou com fortes perdas e ajudou a puxar o Ibovespa. As ações preferenciais do Itaú Unibanco registraram queda de 2,04% a R$ 33,16, enquanto as do Bradesco tiveram desvalorização de 2,37% a R$ 33,32. O Goldman Sachs publicou relatório citando que está entrando em 2015 mais cauteloso com bancos brasileiros, e reduziu a recomendação de Itaú para "neutra".

INSTABILIDADE NESTA SEMANA

Para Elad Victor Revi, analista da Spinelli Corretora, a tendência é que a Bolsa fique pressionada e muito volátil durante toda a semana. Segundo ele, o vencimento dos contratos de opção sobre ações aumentou a volatilidade, já que os investidores fazem os ajustes de posições, apostando na alta ou na baixa dos papéis. Os papéis da Petrobras em geral são os mais negociados.

E além do vencimento de opções, das incertezas em relação à Petrobras e o baixo crescimento da economia brasileira, analistas e investidores esperam os próximos passos da política monetária nos Estados Unidos.

— Na quarta-feira ocorre a reunião do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) do banco central americano. A expectativa é que o documento dê algum tipo de sinalização para a alta da taxa de juros — afirmou Revi.

Com juros mais altos, os Estados Unidos podem atrair parte dos recursos que estão alocados em outros países, em especial nos emergentes.

Nesta segunda-feira, os Estados Unidos divulgaram que a produção industrial apresentou alta de 1,3% em novembro ante outubro, indicando a recuperação da economia. A expectativa em relação à política monetária dos Estados Unidos afeta o mercado de câmbio. Para Revi, a cotação do dólar comercial deve terminar o ano perto de R$ 2,70.

Os analistas e investidores também veem como negativo o fato do IBC-Br, índice de atividade do Banco Central, ter apresentado queda em outubro ante setembro. O recuo, de 0,26%, é mais um sinal da fraqueza da atividade econômica no Brasil no ano. Em tese, o IBC-Br antecipa a tendência do PIB.

15/12/2014

Ação da Petrobras cai mais de 9% e fecha abaixo e R$ 10


Papel preferencial da Petrobras terminou cotado a 9,18 reais, enquanto o dólar encosta em R$ 2,70



Pregão eletrônico da Bovespa em São Paulo (Reinaldo Canato/VEJA)

Veja.com
(Com agência Reuters)

Pressionada pela queda de mais de 9% das ações da Petrobras, a Bovespa recuou nesta segunda-feira. O Ibovespa, principal índice da bolsa, caiu 2,05%, a 47.019 pontos, o menor nível desde os 46.567,23 pontos de 19 de março deste ano. Na mínima, registrou 46.410 pontos (-3,32%) e, na máxima, 48.401 pontos (0,83%). O giro financeiro foi de 10,95 bilhões de reais. Trata-se da menor cotação para um papel da estatal desde junho de 2014.

Os papéis preferenciais da Petrobras (PN, sem direito a voto) caíram 9,20%, maior queda diária desde 27 de outubro deste ano, para 9,18 reais, segundo informações preliminares. Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) recuaram 9,94%. O recuo dos papéis da estatal potencializou um movimento global de aversão a risco, particularmente em mercados emergentes.

Durante o pregão, as ações da Petrobras chegaram a recuar mais de 10%, o que ativou o mecanismo automático de leilão na bolsa de valores, previsto no regulamento. Com isso, ainda que as ofertas e vendas se mantivessem ativas, os preços foram paralisados por 5 minutos, segundo informações da BM&FBovespa.

A queda ocorre após a estatal adiar pela segunda vez a divulgação do balanço do terceiro trimestre, na última sexta-feira, devido a desdobramentos da Operação Lava Jato. A companhia deve divulgar os resultados até o dia 31 de janeiro de 2015.

No exterior, a trajetória da queda dos preços do petróleo também pressionou os negócios. Na Bolsa de Nova York, as cotações da commodity atingiram o menor nível desde maio de 2009, depois de declarações consideradas pouco animadoras de dirigentes da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep). O preço do petróleo bruto terminou a 55,91 dólares.

Câmbio - O dólar terminou em alta pela quarta sessão seguida e renovou as máximas registradas em quase dez anos. No exterior, a crise do petróleo e a expectativa com a reunião do Federal Reserve (banco central dos EUA), na quarta-feira, impulsionam a divisa norte-americana para 2,6853 reais (1,29%), maior cotação desde 29 de março de 2005 (2,698 reais). Na máxima desta sessão, o dólar foi a 2,7019 reais, alta de 1,91%.

Também influenciaram os negócios incertezas em relação ao futuro do programa de intervenções no câmbio do Banco Central (BC) brasileiro.
15/12/2014

Charge






Petrolão: Lula deve depor na PF.
Vai dizer que não sabia de nada.



Roque Sponholz







Lava-Jato: parte do dinheiro desviado da Petrobras financiou amantes e contratou prostitutas


 Casa da luz vermelha

   Por admin
ucho.info


A Operação Lava-Jato ainda está no começo, com vem afirmando o UCHO.INFO nos últimos meses e confirmou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas alguns detalhes do carrossel de corrupção que funcionava na Petrobras podem apimentar ainda mais o maior escândalo da história nacional.

Além das propinas pagas a partidos políticos, parlamentares e operadores financeiros, parte do dinheiro sujo serviu para financiar noitadas para os integrantes da organização criminosa que saqueou os cofres da estatal. Muitos dos envolvidos, em especial políticos e executivos de empreiteiras, gastavam parcialmente o dinheiro da propina com festas frequentadas por mulheres de programa, as famosas moças que dormem à tarde, enquanto ouros custeavam as despesas de amantes em várias cidades brasileiras.

Documentos em poder das autoridades comprovam a destinação de recursos do esquema de corrupção para esses fins, sendo que em alguns casos as orgias eram oferecidas pelos executivos das empreiteiras às autoridades como forma de recompensa pelos contratos superfaturados. No caso de esses documentos vazarem, os executivos que encontram-se presos na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, terão muito a explicar às respectivas esposas, que enquanto os maridos estão encarcerados batem pernas em shoppings elegantes da capital paulista.

Em outro vértice dessa rocambolesca epopeia, que mescla corrupção, roubalheira, traição e lenocínio, há um grupo de políticos bandoleiros que usam as tribunas da Câmara dos Deputados e do Senado federal para discursos moralistas em defesa da família, mas, longe do Parlamento, a reboque do dinheiro imundo, financiam as despesas de amantes de longa data. O UCHO.INFO tem detalhes dessas bandalheiras, como nomes das amantes, endereços e outros registros. O que serve como ingrediente extra e explosivo para uma receita criminosa e aparentemente sem fim.

Até o momento, o máximo que as mulheres traídas conseguiram fazer foi criticar o árduo e necessário trabalho da imprensa e lamentar o fato de seus parceiros (maridos, amantes, namorados e outros quetais) estarem atrás das grades, onde por certo estão a refletir sobre a bandalheira que protagonizaram.

As festas típicas de final de ano se aproximam com impressionante celeridade, mas é quase nula a chance de os quadrilheiros presos serem liberados para os festejos natalinos com as respectivas famílias. Terão de se contentar com a rápida visita de parentes e desejos de feliz Natal através do sistema de voz do parlatório instalado na PF, sempre acompanhados à distância pelos policiais.

O grande enigma que surge no vácuo da Operação Lava-Jato, além da pena a que cada um será sentenciado, é saber quantos casamentos resistirão aos detalhes sórdidos e covardes das farras de alguns executivos com prostitutas e amantes. Certamente dirão que são inocentes, com direito a declarações de amor eterno e incondicional, mas quem conhece os bastidores da Lava-Jato sabe que isso não passa de balela de alarife experimentado.
 
12/12/2014


domingo, 14 de dezembro de 2014

ROUBALHEIRA DO PT DESTRÓI PETROBRAS Estatal perdeu R$610 bilhões desde 2003. O valor pagaria 25 anos de Bolsa Família.





Em 2013, foram gastos R$ 24,5 bilhões com a Bolsa Família. O valor perdido pela Petrobras pagaria 25 anos do benefício.



Por O EDITOR
Blog do Coronel

Estadão


Abalada pelas investigações de corrupção e, mais recentemente, pela queda da cotação do petróleo, a Petrobras não para de sofrer os efeitos no preço de suas ações. Sua cotação afundou tanto que na sexta-feira passou a valer na Bolsa de Valores o mesmo que no primeiro ano do governo Lula, como se estivesse paralisada há 11 anos.

A estatal brasileira vale hoje menos do que antes do anúncio das descobertas do pré-sal. Para os investidores do mercado financeiro, é como se as reservas gigantes de petróleo, anunciadas em novembro de 2007, tivessem perdido todo o valor.

No auge da cotação da empresa, em 21 de maio de 2008, seu valor a preços de hoje, já considerando a inflação, era de R$ 737 bilhões. De lá para cá, queimou-se no mercado R$ 610 bilhões. Para se ter uma ideia da dinheirama, é como se a companhia tivesse perdido toda a produção anual de Portugal.Ou quatro vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Uruguai.





Em seu auge, em maio de 2008, a estatal chegou a ser cotada a R$ 737 bilhões, em valores corrigidos pela inflação, mas sofreu com a crise global, com a falta de reajuste da gasolina e com os escândalos de corrupção e hoje é avaliada em R$ 127 bilhões

Toda essa perda não se deve apenas ao inferno astral do momento. As perdas começaram logo em 2008, por causa da crise financeira global. No ano passado, a Petrobras teve outra grande perda porque não pôde reajustar os preços da gasolina para não pressionar a inflação. Em 2014, a cotação estava começando a se recuperar, quando as notícias de corrupção atingiram a empresa. Foi assim que na sexta-feira a estatal passou a valer R$ 127 bilhões.

Os números já ajustados pela inflação foram compilados pela consultoria Economática, a pedido do Estado. Aplicar a inflação é importante porque traz o passado para os preços de hoje, como diz o gerente da consultoria, Einar Rivero. Dá o real poder de compra do dinheiro. “O dólar hoje está caro ou está barato? Eu digo que está barato porque vale R$ 2,60. Olhando o dólar de 2002 e aplicando a inflação do período eu teria de ter R$ 8,25 de hoje para comprar dólares. Está barato.”

No caso das ações da Petrobras, não há quem arrisque dizer se o papel está caro ou barato. São muitas as incertezas em relação à empresa, que ainda podem jogar os preços mais para baixo. Não se sabe, por exemplo, o impacto no balanço da companhia quando reconhecer – se reconhecer – as propinas pagas e denunciadas por ex-diretores. Nem sequer o balanço auditado do terceiro trimestre foi publicado e, se isso não for feito até 31 de janeiro, alguns bilhões em dívidas terão de ser pagos antecipadamente.

A empresa ainda enfrenta uma ação movida por acionistas minoritários que pedem indenizações milionárias na Justiça americana. Para complicar, os preços do petróleo estão em níveis que, no curto prazo, ajudam o caixa da companhia, mas se permanecerem por muito tempo na faixa dos US$ 60 podem inviabilizar investimentos – até mesmo no pré-sal.


14.12.2014