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sábado, 29 de março de 2014

Passa, passa, Pasadena


"Se esse Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobrás, abrir a boca, a República vai estremecer"...

Fernando Gabeira*
O Estado de S.Paulo

Água era o meu foco. Revisitava o Rio Piracicaba castigado pela seca. No passado fui a algumas reuniões do Comitê de Bacia. Já havia na época uma preocupação com o futuro do rio, tão solicitado: abastece uma região em crescimento e mais 8,8 milhões de pessoas em São Paulo.

Lembrei, à beira do Piracicaba, alguns autores no fim do século passado afirmando que a água seria o petróleo do século 21, com potencial de provocar conflitos e até guerras. Mas ao falar no petróleo como algo do passado constatei que está na ordem do dia. Enterraram uma fortuna em Pasadena, no Texas. Outra Pasadena, na Califórnia, é a cidade cenário da sitecom The Big Bang Theory.

Pois é, nossa Pasadena começou com um singular ponto que se expande de forma vertiginosa. Foi uma espécie de Big Bang na consciência dos que ainda duvidavam que a Petrobrás estivesse indo para o buraco nas mãos dos aliados PT e PMDB. Diante dos fatos, vão-se enrolar de novo na Bandeira Nacional, sobretudo num momento de Copa do Mundo, fulgurante de verde e amarelo.

Os críticos da Petrobrás não são bons brasileiros. Bons são os que se apossaram dela e a fizeram perder R$ 200 bilhões nestes anos e despencar no ranking das grandes empresas do mundo.

O líder do governo, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que a perda desse dinheiro faz parte do jogo capitalista de perde e ganha. Se fosse numa empresa privada, dificilmente seus diretores resistiriam no cargo. Em Pasadena enterrou-se dinheiro público. O que deveria ser mais grave em termos políticos.

Pasadena é uma boa versão com sotaque latino para Waterloo. Dilma Rousseff afirma que assinou a compra da refinaria no Texas sem conhecer as cláusulas. Depois disso conheceu. Ela lançou uma nota para explicar o momento em que não sabia. E se esqueceu de explicar todos os anos de silêncio e inação.

Os diretores que teriam omitido as cláusulas que enterram mais de US$ 1 bilhão em Pasadena continuaram no cargo. Até a coisa explodir mesmo. Tenho a impressão de que tentaram sentar-se em cima da refinaria de Pasadena. Sentaram-se numa baioneta, porque não se esconde um negócio desastroso de mais de US$ 1 bilhão.

Os fatos começam a se desdobrar agora que os olhares se voltam para esse refúgio dos nacionalistas, defensores da Pátria enriquecidos.

Uma empresa holandesa cobrou US$ 17 milhões da Petrobrás por serviços que não constavam do contrato. A primeira parcela da compra em Pasadena foi declarada como US$ 360 milhões, mas no documento americano ela foi registrada como uma compra de US$ 420 milhões. Refinarias compradas no Japão têm as mesmas cláusulas do contrato desastroso de Pasadena.

Um amigo de Brasília me disse ao telefone: "Se esse Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobrás, abrir a boca, a República vai estremecer".

Conversa de Brasília.

Quantas vezes não se falou o mesmo de Marco Valério?! O que pode trazer revelações são os computadores, pen drives e documentos encontrados na casa dele. A Polícia Federal não acreditava que ele iria falar, tanto que o prendeu com o argumento de que estava destruindo provas.

Passa, passa, Pasadena, quero ver passar. A Petrobrás da nossa juventude, dos gritos de "o petróleo é nosso", se tornou o reduto preferido dos dois grandes partidos que nos governam.

O petróleo é deles, do PT e do PMDB.

Levaram o slogan ao pé da letra e suas pegadas na maior empresa do País demonstram que devoram até aquilo que dizem amar.

De certa forma, isso já era evidente para mim nas discussões dos contratos do pré-sal. Eles impuseram uma cláusula que obriga a Petrobrás a participar de todos os projetos de exploração. Não deram a chance à empresa de recusar o que não lhe interessava.

Tudo isso é para fortalecer a Petrobrás, isto é, fortalecer-se com ela, com uma base de grandes negócios, influência eleitoral e, de vez em quando, uma presepada nacionalista, tapas imundos de óleo nas costas uns dos outros, garrafas de champanhe quebradas em cascos de navios.

Lá, no Texas, os magnatas do petróleo usavam aqueles chapéus de cowboy. Lá, em Pasadena. Aqui, os nossos magnatas em verde e amarelo estão com poucas opções no momento. Ou reconhecem o tremendo fracasso que é a passagem dos "muy amigos" da Petrobrás pela direção da empresa ou se enrolam na Bandeira e acusam todos de estarem querendo vender a Petrobrás. Diante das eleições e da Copa do Mundo, devem optar por uma alternativa mais carnavalesca.

Mas os fatos ainda não são de todo conhecidos. Deverá haver uma intensa guerra de bastidores para que não o sejam, especialmente os documentos nas mãos da Polícia Federal.

Pasadena. Certos nomes me intrigam. O mensalão não seria o que foi se não houvesse esse nome tão popular inventado por Roberto Jefferson, que no passado apresentava programas populares de TV. Pasadena soa como algo esperto, dessas saidinhas em que você vai e volta em cinco minutos, leve e faceiro. Mas pode ser que Pasadena não passe e fique ressoando por muito tempo, como o mensalão. E se tornar uma saidinha para comprar cigarros, dessas sem volta, para nunca mais.

Criada uma comissão no Congresso Nacional, envolvidos Ministério Público e Polícia Federal, podem sair informações que, somadas às de fontes independentes, deem ao País a clara visão do que é a Petrobrás no período petista.

Não tenho esperança de que depois disso todos se convençam de que a Petrobrás foi devastada.

Mas será divertido vê-los brigando com os fatos, com as mãos empapadas de óleo.

Diante do Rio Piracicaba meu foco é a água. Na semana passada, vi como na Venezuela o uso político do petróleo deformou o país. No Brasil o alvo da voracidade aliada é a Petrobrás.

E se a água é o petróleo do século 21, daqui a pouco vão descobri-la, quando vierem lavar as mãos nas margens dos nossos rios.

*Fernando Gabeira é jornalista.


28 de março de 2014

Estes senadores precisam do nosso apoio para vencer a máquina de assassinar reputações do PT. Envie seu e-mail



Peço aos leitores que copiem a mensagem acima e enviem para os três senadores. A pressão que eles estão recebendo é desumana.

A chantagem do PT e do Palácio do Planalto não pode vencer.

Não vamos deixar que três heróis sejam transformados em três vilões.

Vamos dizer a eles que o país está ao lado deles.

Que o gesto deles entrará para a História.

Estes são os e-mails:

eduardo.amorim@senador.leg.br
clesio.andrade@senador.leg.br
sergiopetecao@senador.leg.br


É hora de mostrar para este governo corrupto que eles não podem tudo.

Vamos salvar a maior empresa do Brasil das mãos de uma quadrilha.

Participe.

Mande o seu apoio a estes senadores.

29 de março de 2014


Dilma decepciona, e governo parece estar numa camisa-de-força, diz 'FT'


Primeiro logo da Petrobras, de 1953

UOL
São Paulo

Antes das eleições de 2010, os investidores acreditavam que Dilma Rousseff seria uma líder "eficiente e tecnicista", mas a presidente não conseguiu conquistar a confiança do mercado, afirma um texto do jornal britânico "Financial Times".

Pelo contrário, o governo de Dilma parece "uma pessoa em uma camisa de força", "sempre tentando se libertar das amarras impostas pelo mercado financeiro", de acordo com a reportagem de Joe Leahy, que escreve de São Paulo.

O texto comenta uma situação que ocorreu no mercado brasileiro nesta semana: rumores sobre a queda da aprovação de Dilma em pesquisa eleitoral fizeram com que investidores corressem para comprar ações da Petrobras e de outras estatais. Depois a pesquisa mostrou que ela continua liderando e ganharia no primeiro turno.

Segundo o "FT", o movimento mostra qual é a posição do mercado financeiro em relação ao governo federal, principalmente devido ao excesso de intervenções políticas do governo na gestão da Petrobras.
Rebaixamento da nota

De acordo com a reportagem, críticos acusam o governo Dilma de embarcar em uma série de "medidas desastradas" de política econômica, que culminaram com o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de risco Standard & Poor's nesta semana.

Investidores acreditam que, como ex-ministra de Minas e Energia, Dilma deveria ter dado atenção especial para a Petrobras, mas, em vez disso, ocorreu um "desastre", segundo o jornal. "Mesmo depois de anunciar a maior descoberta de petróleo no mundo, em 2007, o preço das ações despencou devido a uma política intervencionista de controle dos preços da gasolina", afirma.


28/03/2014

sexta-feira, 28 de março de 2014

Petrobrás deu convite VIP para genro de Dilma



Estatal recebeu parentes de ministros e parlamentares em camarote no GP Brasil

Andreza Matais e
Murilo Rodrigues Alves
Estadão

Brasília – Lista inédita dos convidados VIP da Petrobrás para assistir ao GP do Brasil de Fórmula 1, em novembro, revela que o agrado, originalmente usado pela estatal “para relacionamento com grandes clientes corporativos”, teve como beneficiados o genro da presidente Dilma Rousseff, Rafael Covolo; dois filhos do ministro da Fazenda, Guido Mantega; e a irmã, o cunhado e a sobrinha da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, além de parlamentares da base aliada e seus familiares.

Mantida em segredo pela gerência executiva de Comunicação Institucional da Petrobrás, a lista foi obtida pelo Estado via Lei de Acesso à Informação. O cargo é ocupado desde 2003 por Wilson Santarosa, sindicalista amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pedido de informações foi negado duas vezes, e só foi atendido por decisão da presidência da Petrobrás.

As cortesias dão direito à vista privilegiada da pista do Autódromo de Interlagos, além de acesso aos boxes das escuderias, hospedagem em hotel cinco estrelas e buffet de bebidas e comidas durante o GP. Estima-se que o custo unitário dos convites oferecidos pela Petrobrás chegue a R$ 12 mil – o ingresso mais caro vendido ao público no ano passado, com benefícios semelhantes, valia R$ 11.200.

A Secretaria de Comunicação Social do governo afirmou ontem que Covolo “compareceu ao GP Brasil” a convite da Petrobrás, desacompanhado da mulher, Paula Rousseff, e que Dilma não sabia do convite. “A presidenta disse que, se tivesse sido (consultada), teria dito para ele não comparecer. Isso porque, embora não exista irregularidade, não vale o incômodo.”

Procurado, Covolo avisou pela secretária que “não tinha interesse em se manifestar”.
O secretário adjunto do gabinete de segurança da Presidência, coronel Artur José Solon Neto, também foi convidado. O oficial confirmou o convite, mas disse não saber por que foi escolhido.

Pedido. Dois filhos de Mantega, que preside o Conselho de Administração da Petrobrás, estão na lista VIP da estatal, assim como amigos deles. O pedido de ingressos para Carolina e Leonardo Mantega partiu do próprio ministro.

Procurada, Carolina fez um pedido. “Por favor, eu gostaria que você não escrevesse essa matéria.” Perguntada se ganhou o ingresso do pai, repetiu: “Eu não quero falar sobre isso”. Leonardo não foi localizado.

Os filhos de Mantega levaram um amigo, Felipe Isola. “Eu fui convidado porque gosto de assistir à Fórmula 1. O camarote é minha posição preferida”, afirmou. Questionou se tinha algum negócio com a estatal que justificasse a cortesia, Isola disse que a pergunta deveria ser feita à Petrobrás. “Não sou da empresa, mas conheço pessoas de lá”, afirmou.

Em nota, Mantega afirmou que “os convites mencionados pela reportagem foram dados pela empresa devido ao fato de o ministro ser conselheiro da companhia, tratando-se de uma prática usual da Petrobrás para com seus conselheiros”.

Miriam Belchior é outra ministra e conselheira da Petrobrás cujos parentes foram ao camarote. Irmã da ministra, Virgínia confirmou ao Estado ter recebido o ingresso, mas desligou o telefone ao ser perguntada sobre como ganhou o convite.

Por meio de sua assessoria, a ministra afirmou que membros do Conselho de Administração constituem um dos diversos “públicos” de interesse da estatal. “Esse procedimento é praxe por parte de qualquer empresa pública ou privada que patrocina grandes eventos. Não infringe nenhuma norma estabelecida.”
O marido da titular das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o subtenente do Exército Jeferson da Silva Figueiredo, também foi convidado para o camarote VIP. A ministra recebeu o convite, mas afirmou não ter ido ao evento. Figueiredo não quis falar sobre o assunto.

Base. O ex-presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), também tem um parente na lista VIP da Petrobrás. O neto do senador, João Fernando Sarney, não quis falar sobre o convite.

O Estado identificou na lista nove deputados federais, um distrital e dois senadores, além de suas mulheres, irmãos, namoradas e filhos. Lá estão o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o senador Gim Argello (PTB-DF), dois dos principais articuladores contra a CPI da Petrobrás.

O gabinete de Argello confirmou o uso da credencial, estendida ao irmão e à mulher, mas disse que “não utilizou o serviço de hospedagem a que tinha direito”. Chinaglia não quis comentar.

Por meio de assessoria, Marcus Pereira Aucélio, subsecretário de Política Fiscal do Tesouro, Paulo Fontoura Valle, subsecretário da Dívida Pública do Tesouro, e Marcio Holland, secretário da Fazenda, confirmaram a presença no evento, mas disseram que, ao aceitarem o convite, “consideraram que a Petrobras é uma empresa pública e não enxergaram nenhum potencial conflito de interesses, por se tratar de evento promocional e com convite extensivo a várias outras autoridades”.

Confira a lista completa de convidados:

Cota da presidente: Rafael Covolo, genro de Dilma

Família Mantega: Carolina Mantega, filha do ministro Guido Mantega (Fazenda); Leonardo Mantega, filho do ministro Guido Mantega; Felipe Isola, amigo da filha do ministro Guido Mantega; Reginaldo Valença, amigo da filha do ministro Guido Mantega

Ministra do Planejamento: Miriam Belchior, ministra (Planejamento) e membro do Conselho de Administração da Petrobrás; Virginia Belchior Carneiro de Campos, irmã da ministra; José Renato Carneiro de Campos, cunhado da ministra; Carolina Belchior Carneiro de Campos, sobrinha da ministra

Relações Institucionais
Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais; Jeferson Figueiredo, marido da ministra e sargento do Exército

Deputados
Arlindo Chinaglia (PT-SP); Cleber Verde (PRB-MA); Fernando Ferro (PT-PE); Guilherme Mussi (PP-SP); João Carlos Bacelar (PR-BA); José Guimarães (PT-CE); Marcelo Cerqueira (ex-deputado); Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP); Protógenes Queiroz (PC do B-SP); Weliton Prado (PT-MG); Cristiano Araújo (PTB-DF) e namorada

Senadores

Gim Argello (PTB-DF) e irmão; Clovis Fecury (DEM-MA)

Tesouro
Marcus Pereira Aucélio, subsecretário de Política Fiscal; Paulo Fontoura Valle, subsecretário da Dívida Pública

Pesquisa CNI-Ibope: Popularidade e aprovação de Dilma despencam; chance de alternância de poder não é pequena; veja por quê




 
Por Reinaldo Azevedo


A companheirada deve estar chateada. A pesquisa CNI/Ibope que veio a público não é nada boa para a presidente Dilma Rousseff. Outro levantamento do Ibope, divulgado no dia 21, já tinha dado o sinal de alerta, embora muita gente tenha feito questão de ignorar os dados. Vamos ver.

Segundo os números divulgados nesta quinta, a avaliação positiva da presidente Dilma caiu de 43% em dezembro para 36% agora. Em três meses, é uma mudança considerável. Os que consideram sua gestão ruim ou péssima subiram de 20% para 27%. O levantamento foi realizado entre os dias 14 e 17, quando o caso Petrobras ainda não havia, como direi?, “pegado’. Agora pegou.

Os que aprovam o modo Dilma de governar caíram de 56% para 51%; os que o reprovam subiram de 36% para 43%. Tão importante como os números é o fato de que Dilma não sustentou a recuperação de popularidade depois dos protestos de junho, quando sua aprovação despencou para 31% — dali saltou para 37% (em dezembro) e, depois, para 43%. Agora, volta a cair — e sem protesto.

Os dados de agora corroboram uma realidade que estava embutida na pesquisa da semana passada. Nada menos de 40,32% dos pesquisados deixaram claro que gostariam que o próximo governo mudasse de rumo e de presidente. Por quê?

Naquele levantamento, como destaquei aqui, 64% afirmaram esperar que o próximo governo mude tudo ou muita coisa em relação ao que aí está. Entre esses, nada menos de 63% expressam o desejo de mudar também o presidente — ou seja, 40,32% do total, número bem próximo dos 43% que hoje reprovam o governo Dilma. Considerando os que desejam que tudo fique como está e os que aceitam alterações, mas com a presidente no comando, chegava-se a 49,2%, número também compatível com os 51% que ainda aprovam o governo.

Na pesquisa Ibope de há uma semana, Dilma ainda vencia a eleição no primeiro turno, um número, observei então, enganoso. Até porque nem Lula nem ela própria, em circunstancias muito melhores, lograram tal feito em 2002, 2006 e 2010. O número verdadeiramente importante daquela pesquisa estava um tanto escondido: os 40,32% que não querem que ela continue.

Outra evidência importante daquele levantamento: juntos, o tucano Aécio Neves, com 15% das intenções de voto, e o pessebista Eduardo Campos, com 7%, somavam apenas 22%. Enormes 18 pontos percentuais separavam a insatisfação ativa com Dilma dos votos que eles teriam hoje, num sinal evidente de que o eleitor ainda não os identificou com a mudança. Ocorre que também ficava claro que expressivos 28% não conheciam Aécio, índice que chega a 35% com Campos. Como é sabido e evidente, Dilma dá plantão todo dia na TV, e a máquina oficial é poderosíssima.

A síntese é a seguinte:

1) a eventual reeleição de Dilma será tudo, menos tranquila;

2) a chance de o PT ser apeado do poder não é pequena.

27/03/2014

quinta-feira, 27 de março de 2014

Avaliação positiva do governo Dilma cai de 43% para 36%, indica CNI/Ibope




Entre dezembro do ano passado e março, a aprovação da maneira
de governar da presidente também
caiu de 56% para 51%

Ricardo Brito e Bernardo Caram
Agência Estado

Brasília - A avaliação positiva do governo da presidente Dilma Rousseff caiu de 43% para 36% em relação a dezembro, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira, 27. No mesmo período, o porcentual de entrevistados que consideram o governo regular registrou oscilação dentro da margem de erro de 35% para 36% dos e os que o avaliam o governo como ruim ou péssimo subiu de 20% para 27%.

Foi a primeira vez, desde julho do ano passado, logo após os protestos de rua, que a presidente interrompeu a trajetória ascendente de avaliação positiva registrada a partir de setembro, nos levantamentos realizados pelo instituto. Na ocasião, ela registrou 31% de avaliação positiva. Em dezembro, o desempenho do governo Dilma havia subido de 37%, em setembro, para 43%.

Na semana passada, o mesmo instituto divulgou pesquisa segundo a qual Dilma tem 43% das intenções de voto, o mesmo índice registrado em novembro de 2013, data do levantamento anterior. Com esse índice, a petista mantém a expectativa de vencer no 1º turno. O levantamento anterior foi realizado entre 13 e 17 de março.

O porcentual dos entrevistados que aprovam a maneira da presidente Dilma Rousseff de governar caiu de 56% para 51%. Ao mesmo tempo, aqueles que desaprovam a maneira da atual presidente de governar subiu de 36% para 43%.

Assim como a avaliação positiva, a aprovação da maneira de governar de Dilma inverteu a trajetória favorável. Em julho, 49% reprovavam a maneira de governar, superando, na ocasião, aqueles que a aprovavam, que eram 45%. Isso ocorreu logo após o início dos protestos de rua País afora. Foi a única vez que ela registrou uma reprovação superior à aprovação da maneira de governar desde que assumiu a presidência, em 2011.

A confiança na presidente Dilma diminuiu de 52% para 48%. O porcentual dos que não confiam nela subiu no mesmo período de 41% para 47%. Na prática, os indicadores de confiança e desconfiança estão tecnicamente empatados. O índice dos que não souberam ou não quiseram responder a essa pergunta também oscilou de 7% para 5%, dentro da margem de erro. Nos dois primeiros anos de governo, 75% confiavam na presidente.

A primeira pesquisa CNI/Ibope de 2014 foi realizada entre os dias 14 e 17 deste mês com 2.002 pessoas em 141 municípios. O levantamento tem margem de erro de dois pontos porcentuais e foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número BR-00053-2014. A sondagem foi feita, portanto, antes da revelação de que a presidente Dilma Rousseff, quando presidia o Conselho de Administração da Petrobrás, votou a favor da compra de parte da refinaria de Pasadena com base em um resumo juridicamente "falho".

Em 2012, a estatal concluiu a compra da refinaria e pagou ao todo US$ 1,18 bilhão por Pasadena, que, sete anos antes, havia sido negociada por US$ 42,5 milhões à ex-sócia belga. A oposição protocolou nesta quinta o pedido para a abertura de uma CPI no Senado para investigar o caso.

27 de março de 2014



A caixa-preta da Petrobrás





Editorial
O Estado de S.Paulo

A Petrobrás, outrora tida como um modelo de administração e eficiência, tornou-se a casa da mãe joana. O caso da Refinaria de Pasadena, no Texas, revela a cada dia que a direção da estatal não exerceu o devido comando sobre executivos que atuaram em um negócio tão temerário, de bilhões de dólares. Tal situação apenas reforça a certeza de que a administração da Petrobrás, sob o governo petista, é uma imensa caixa-preta, cujos segredos não só os acionistas são os últimos a saber.

Pois o último a indignar-se com esse estado de coisas não foi um daqueles a quem a companheirada governista costuma chamar de "neoliberais" que, ao criticarem a gestão desastrosa da Petrobrás, estariam interessados apenas em privatizá-la. Foi a própria presidente da Petrobrás, Graça Foster, que veio a público manifestar seu espanto diante da descoberta, na última segunda-feira, de que havia uma instância executiva dentro da empresa, cuja existência ela desconhecia, que estava acima do próprio Conselho de Administração - a máxima autoridade na gestão da empresa - e que encaminhou a compra da refinaria americana em 2006.

Segundo disse Graça a O Globo, trata-se de um certo "comitê de proprietários de Pasadena", no qual o representante da Petrobrás era o então diretor de Refino e Abastecimento, Paulo Roberto Costa. Como se sabe, Costa está preso sob acusação de lavagem de dinheiro, numa operação da Polícia Federal que, até aqui, nada tem formalmente a ver com o caso da refinaria. Graça mandou abrir sindicância.

As evidências de malfeitos são muitas. Costa ajudou a redigir o contrato que lesou a Petrobrás na aquisição de Pasadena, obrigando-a a desembolsar US$ 1,2 bilhão para adquirir uma refinaria de valor oito vezes inferior e que se provou uma sucata. É dele também a coautoria do resumo executivo no qual a presidente Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, disse ter se baseado para avalizar o negócio. Passados oito anos, Dilma diz que foi induzida a erro porque o tal resumo era "técnica e juridicamente falho".

No meio do caminho, em março de 2008, na mesma reunião em que tomou conhecimento das cláusulas lesivas à Petrobrás, o Conselho, ainda presidido por Dilma, ressaltou em ata os "relevantes serviços prestados" e a "competência técnica" de Nestor Cerveró, diretor internacional da estatal, o principal autor do parecer técnico agora criticado pela presidente.

São essas contradições que evidenciam a urgência da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, além da continuidade célere das investigações da Polícia Federal, do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público sobre as suspeitas de evasão de divisas e de superfaturamento, para aclarar aquilo que as autoridades parecem querer esconder.

Na trajetória da Petrobrás sob a direção de apadrinhados governistas e do PT, não se trata de uma situação incomum. Por imposição ideológica, a estatal tem tomado decisões obscuras - em relação a investimentos, preços e outros fatores estratégicos - sem levar em conta os interesses dos acionistas nem muito menos as boas práticas de administração, tendo em vista somente o uso da estatal como instrumento de política econômica e partidária.

Isso explica não apenas o caso de Pasadena, mas os próprios resultados da Petrobrás. Em seu balanço de 2013, a estatal apresentou lucro de R$ 23,5 bilhões, fruto não de seu desempenho como petroleira, mas principalmente da venda de ativos e de manobras contábeis. Não fossem os truques, a sangria ficaria evidente - a empresa, que há cinco anos era a 12.ª maior do mundo em valor de mercado, hoje é apenas a 120.ª.

O controle estatal sobre a Petrobrás é absoluto. No entanto, a julgar pelos esgares de estupefação de Graça Foster e pela ira de Dilma, ambas dizendo-se surpreendidas por informações que desconheciam, apesar dos amplos poderes de que dispõem, parece haver uma administração paralela na Petrobrás, que não presta contas senão a seus padrinhos.

27 de março de 2014

quarta-feira, 26 de março de 2014

O PT não se conforma que oposicionistas façam oposição! No fim das contas, isso é ódio à democracia! Ou: Ainda não temos de imitar o modelito do anão tarado




Por Reinaldo Azevedo

No seu esforço para tentar impedir a criação de uma CPI da Petrobras ou qualquer investigação que fuja ao estrito controle oficial, o governo não tem se poupado, e nos poupado, do ridículo. Quem deu a largada foi o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com a entrevista coletiva que concedeu na terça-feira. Segundo o preclaro, o pedido de investigação encaminhado por um grupo de senadores ao procurador-geral da República não se justifica porque não haveria fato novo, além das denúncias publicadas pela imprensa. Ora, e quem disse que elas já não são o bastante?

Mais: Cardozo afirma que se trata de uma ação de caráter político-eleitoral, acusação repetida pela agora apenas senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que era ministra da Casa Civil até outro dia. O que os petistas querem dizer com isso? Então o PT, quando era oposição, nunca se esforçou para criar uma CPI em ano eleitoral? Então o PT não se esforça para criar comissões de inquérito nos estados e nas cidades em que é oposição? Ora, ora…

Até o quase sempre contido Paulo Bernardo, ministro das Comunicações e marido de Gleisi, resolveu dar a sua contribuição à obviedade vertida em bobagem. Segundo ele, a CPI é do interesse da oposição! Ora, não me diga, ministro! Em todo o mundo democrático, comissões de inquérito do Poder Legislativo são justamente isto: instrumentos de que dispõe a oposição para investigar atos do Executivo.

O PT é um partido curioso! Acha que é normal que governistas defendam o governo, mas considera um absurdo que os oposicionistas o critiquem. Como costumo lembrar, governos existem em todos os países do mundo, também nas piores tiranias. Vejam agora o caso da Coreia do Norte. Kim Jong-un, aquele anãozinho tarado, decidiu que todos os homens do país devem ter o cabelo cortado como o seu: raspar as laterais do cabeça e deixar aquele tufo ridículo no topo. O que faz de um país uma democracia é justamente haver oposição, ministra Gleisi. É a gente não ser obrigado a seguir o que o metre mandar.

Dilma afirmou que o conselho da Petrobras tomou uma decisão com base num relatório omisso; Graça Foster decidiu criar uma comissão interna na Petrobras para investigar a lambança de Pasadena; o Tribunal de Contas da União investiga a compra… Por que o Congresso, como disse Eduardo Campos, haveria de ficar de joelhos?

O que pretendem os ministros José Eduardo Cardozo, Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo? Que o Parlamento se abstenha de cumprir o seu papel só porque é ano eleitoral? Digamos, por hipótese, e isto ainda não está dado, que uma CPI possa ser positiva para as oposições. Estas deveriam, então, se abster de pedi-la, mesmo diante dos descalabros, com medo de eventuais benefícios? Essa trinca deveria citar um só regime democrático em que as oposições, afinal, não transformem os erros do governo em uma questão… política!

A situação, aliás, é mais grave do que parece. Eu reitero que a entrevista de Graça Fortes, presidente da Petrobras, ao Globo é nitroglicerina pura. Além de ela própria denunciar a existência de um comitê secreto na bagunça de Pasadena, deixou claro que os mecanismos para a Petrobras se precaver de outras lambanças são tênues — a rigor, inexistentes.

De resto, por que tanto medo de uma CPI da Petrobras? Se Dilma diz que foi enganada; se Graça Foster diz que foi enganada, por que o Parlamento deve ficar longe da investigação? Vejam o caso do sr. José Sérgio Gabrielli. Indagado pela imprensa sobre o tal comitê secreto, ele diz que não se pronuncia sobre o assunto. Como não? É sua sucessora na Petrobras, petista como ele, quem denuncia o bunker; a empresa é de economia mista e deve satisfação a seus acionistas. O Congresso é parte da representação de que dispõe o povo brasileiro e tem o poder para fazer o sr. Gabrielli falar o que sabe — ou, então, para que faça suas confissões por intermédio do silêncio.

De resto, uma sugestão a Gleisi: é melhor redescobrir o tom e a entonação de uma parlamentar. A senadora ainda está com aquela altivez — que anseia passar por sabedoria — de quando era ministra da Casa Civil, sempre à beira de um pito. A gente já sabe, senadora, que isso não funciona. Pode até despertar certo interesse por algum tempo, mas, depois, cai no ridículo. Especialmente quando nos damos conta do que estava, e deve estar, em curso na Petrobras.

O PT não se conforma que oposicionistas façam oposição. No fim das contas, é ódio à democracia. Enquanto isto aqui não for a Coreia do Norte, não precisaremos cortar o cabelo à moda do anãozinho tarado.


26/03/2014


O Brasil rebaixado




O Estado de S.Paulo

As contas externas vão mal, a inflação continua elevada, a indústria permanece empacada, a gastança federal prossegue e a Standard & Poor's baixou a nota de crédito do Brasil. Todos os fatos combinam muito bem, mas o ministro da Fazenda contestou a decisão, o Banco Central (BC) defendeu a ação do governo e a presidente, como de costume, reagiu com irritação. Mas ninguém pode, honestamente, falar de surpresa.

A agência havia indicado, no ano passado, sua preocupação com as contas do Brasil. Uma missão técnica passou por Brasília há poucos dias e conversou com autoridades, enquanto se acumulavam as más notícias. Se os ministros apresentaram algo diferente da conversa e das promessas de sempre, mantiveram um incompreensível segredo.

Mas o governo parecia, até há pouco, levar a sério o risco de rebaixamento. Depois de esnobar Davos durante três anos, a presidente Dilma Rousseff aceitou participar da reunião do Fórum Econômico Mundial, em janeiro, para falar aos investidores sobre os atrativos do País.

Teve uma oportunidade excelente de passar sua mensagem, mas parece haver esquecido de um detalhe. A viagem à Suíça poderia ajudar, mas seria preciso muito mais que isso.

Com a reclassificação, o País mantém o grau de investimento, mas apenas um passo acima do nível especulativo. O governo parece haver esquecido esse detalhe e pouco se esforçou para completar o trabalho iniciado em Davos.

A meta fiscal anunciada em fevereiro foi avaliada com descrença por muitos analistas - e também pelos da Standard & Poor's, como indica a nota da agência.

A desconfiança vai além do objetivo proposto, um superávit primário equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Não se pode levar a sério um resultado fiscal obtido à custa de receitas especiais, da exclusão de investimentos e de incentivos e também de truques.

A nota cita a contabilidade criativa dos últimos anos e a expectativa, baseada em atos das autoridades, de mais expedientes desse tipo. Todos esses fatores, segundo o informe, enfraqueceram a credibilidade do governo.

A nota menciona também a elevação, nos últimos anos, do déficit nominal (incluída a despesa com juros) e as transferências do Tesouro aos bancos da União, conhecidas no jargão dos especialistas como operações quase fiscais.

O rebaixamento das notas da Petrobrás e da Eletrobrás, anunciado em um segundo informe, acompanhou a reavaliação do crédito soberano. As intervenções do governo nas duas maiores estatais são conhecidas, assim como seus efeitos negativos tanto para as companhias como para o Tesouro.

Não há como dissociar as avaliações de crédito, porque as interferências políticas - na fixação de preços e tarifas, por exemplo - criam obrigações financeiras para o governo e aumentam a dependência das estatais em relação ao Tesouro.

A redução da nota brasileira foi justificada com uma argumentação muito ampla. "O rebaixamento", segundo o informe da agência, "reflete a combinação da deterioração fiscal, da perspectiva de que a execução fiscal continuará baixa diante de um baixo crescimento nos próximos anos, de uma capacidade reduzida para ajustar as políticas antes das eleições presidenciais, e do ligeiro enfraquecimento das contas externas do Brasil." Não se produziu, portanto, apenas uma avaliação das finanças do governo.

Horas antes do comunicado da Standard & Poor's, o BC havia divulgado o relatório mensal sobre as contas externas. O déficit em conta corrente nos 12 meses até fevereiro chegou a US$ 82,48 bilhões. Havia alcançado US$ 81,37 bilhões em dezembro. Além disso, o déficit previsto para 2014 foi elevado de US$ 78 bilhões para US$ 80 bilhões.

No mesmo dia, a reportagem do Estado levantou informações sobre a renegociação de R$ 238 bilhões devidos ao Tesouro pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - parte das operações "quase fiscais" mencionadas no documento da agência. No fim da semana, os jornais haviam noticiado a aceleração da inflação, com a alta de 0,73% do IPCA-15 em março.

Será apenas um extraordinário conjunto de coincidências?
26 de março de 2014



Senador Mário Couto pede impeachment de Dilma, por Gabriel Garcia




Blog do Noblat

O senador Mário Couto (PSDB-PA) pediu nesta quarta-feira (26) o impeachment da presidente Dilma Rousseff por causa da compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006. O requerimento será protocolado na Câmara dos Deputados.

A compra foi autorizada pelo Conselho de Administração da Petrobras, na época presidida pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.


Mário Couto, senador

Dilma admitiu que tomou a decisão com base em relatório falho elaborado pela ex-diretor da área internacional da Petrobras Néstor Cerveró.

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), não foi consultado.

Couto, no entanto, disse que o pedido tem apoio da bancada.

26 de março de 2014

Com a ajuda do PMDB, oposição consegue aprovar pedido para ouvir Cerveró, ex-diretor da Petrobras

 

Por Márcio Falcão
Folha Online


Com apoio de parte da base governista, a oposição conseguiu aprovar nesta quarta-feira (26) convite para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró prestar esclarecimentos na Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA), que envolve a presidente Dilma Rousseff.

O convite foi aprovado por 8 votos a 6.

PT, PP, Pros e PR votaram contra.

A oposição conquistou apoio de parlamentares governista, especialmente do PMDB. Segundo oposicionistas, Cerveró sinalizou que está disposto a dar a sua versão sobre o polêmico negócio de US$ 1,18 bilhão, investigado pelo Tribunal de Contas da União, Polícia Federal e Ministério Público por suspeita de ter causado prejuízo aos cofres da Petrobras.

Considerado personagem-chave no polêmico negócio, Cerveró foi afastado da diretoria de Finanças da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras, na semana passada, dias depois de a presidente Dilma Rousseff apontá-lo como responsável por um parecer “falho” que teria induzido o Conselho de Administração da Petrobras a aprovar o negócio, em 2006.

Ele estava em férias na Europa quando foi demitido e deve voltar ao país no dia 5.

(…)
26/03/2014

terça-feira, 25 de março de 2014

Senadores querem que Janot investigue Dilma por improbidade administrativa; lei é dura; condenação implica até perda de mandato. Será difícil o procurador recusar a abertura de investigação. Vejam por quê


                                        Por Reinaldo Azevedo

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está com um problema de bom tamanho nas mãos.

Um grupo suprapartidário de senadores, que se dizem independentes, encaminhou a ele um pedido para investigar a conduta da presidente Dilma Rousseff na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, com base na Lei 8.429, a Lei da Improbidade Administrativa, que é a que mais apavora os políticos.

Ela pune atos que de servidores ou agentes públicos considerados lesivos a qualquer uma das esferas administrativas e a empresas e órgãos estatais. Essa lei pune também o enriquecimento ilícito, mas não é por aí que a presidente corre riscos. O bicho pode pegar é nos Incisos I, II, III, IV e XII do Artigo 10, transcritos abaixo (em azul):
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
II – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
IV – permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V – permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
Retomo Parece evidente que a compra da refinaria de Pasadena incide em todos eles, não? Sim, é verdade: Dilma era apenas a presidente do Conselho, e já se sabe que o memorial executivo preparado omitiu as cláusulas “Marlim” e “Put Option”, que estão no cerne do espeto de US$ 1,18 bilhão com o qual arcou a Petrobras na compra da refinaria de Pasadena.
A questão, reitero, é saber por que, mesmo sabendo das cláusulas danosas a partir de 2007, Dilma nada fez como presidente do Conselho de Administração, como ministra ou como presidente da República.
A lei é dura. Vejam o que dispõe, por exemplo, o Artigo 7º: Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Mas, pior do que isso, é o que está no Inciso II do Artigo 12 — que é o que se aplicaria no caso: II – Na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

Problemão

Janot está com um problemão nas mãos, não é mesmo?

Será muito difícil demonstrar que, a partir de 2007, Dilma não se encaixa nos Incisos I, II, IV, V e XII da Lei de Improbidade Administrativa. Até porque a melhor prova que se tem contra Dilma é… Dilma.

Foi ela quem demitiu Nestor Cerveró, não é?, afirmando que seu memorial executivo era técnica e juridicamente falho.
Vamos ver como o procurador-geral da República se sai dessa. Notem que basta a responsabilidade culposa — não precisa ser dolosa.

Em tese, alguém pode ser absolvido num processo criminal por um determinado ato, mas ser condenado pela Lei de Improbidade.

Integram o grupo de independentes os seguintes senadores: Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Taques (PDT-MT), Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF).
25/03/2014

Rebaixamento do Brasil, da Petrobras e da Eletrobras reflete pessimismo dos agentes econômicos; lobby do governo para evitar rebaixamento dá errado





Por Reinaldo Azevedo

A agência de classificação de riscos Standard & Poor’s rebaixou a nota do Brasil de BBB para BBB-. A decisão reflete o pessimismo dos agentes econômicos.

Eu explico. Entre os dias 10 e 13 de março, Lisa Schineller, diretora da S&P, esteve no Brasil com a sua equipe, conversando com representantes do setor privado. Uma agência de rating, que avalia a capacidade de pagamento de governos e empresas, analisa os números, os dados técnicos, mas pesam também os fatores, digamos, humanos, políticos.

Se há uma crença generalizada de que o governo vai fazer tudo certo, ainda que os números não estejam muito bons, a tendência é adiar o rebaixamento na expectativa de uma melhora. Se, ao contrário, a maioria aposta que o governo vai fazer tudo errado, então os números negativos apressam o rebaixamento.

Foi o que aconteceu. Lisa e sua equipe colheram dos agentes econômicos do setor privado as piores impressões. Pouca gente confia no governo, e esse é um problema grave.

O que é a chamada “classificação de risco”? As agências avaliam se há a possibilidade de o país em questão dar calote na sua dívida. Quando conclui que não há, o país passa para a categoria de “grau de investimento”. Ocorre que, dentro dessa categoria positiva, há 10 níveis: o menor bom nível da S&P é BBB- e o maior é AAA. Quanto mais alto estiver o país, menos juros ele paga para financiar suas operações no mercado internacional.

O Brasil estava, segundo a classificação da S&P, no penúltimo dos bons degraus: BBB. Agora, passou para BBB-. Qual é o risco? Abaixo do BBB-, já se entra no grupo dos maus pagadores, que é chamado “Grau especulativo”. Também nesse grupo há degraus: no caso, são 11. O melhor dos piores é “BB+”. O pior dos piores é “C”. Segundo a Standard&Poor’s, o governo brasileiro está perdendo margem de manobra e está mais exposto a choques externos.

Escreve a S&P: “A perspectiva de baixo crescimento reflete fatores cíclicos e estruturais, incluindo o nível de 18% de investimentos em relação ao PIB e a desaceleração no mercado de trabalho. Combinados, esses fatores configuram a capacidade reduzida de manobra do governo no caso de choques externos”.
As agências de classificação de risco caíram em certo descrédito depois de 2008, com a crise das hipotecas nos EUA. Não sem razão. Por isso mesmo, elas têm sido mais rigorosas em suas avaliações. O governo tem recorrido a uma verdadeira guerra de propaganda para tentar evitar rebaixamentos da agências. Até o ex-ministro Delfim Netto, que já foi um saco de pancada do petismo no passado, entrou em campo.

Delfim chegou a afirmar na semana retrasada, logo depois da passagem de Lisa pelo Brasil, que estava convicto de que a Standard & Poor’s não rebaixaria o Brasil porque o país faria o superávit de 1,9% do PIB e porque, segundo disse, a presidente Dilma teria mudado, estando disposta a corrigir os preços dos combustíveis e da energia elétrica, o que levaria a uma redução do consumo, afastando o risco de apagão.

Petrobras e Eletrobras
A S&P também rebaixou o rating global da Petrobras e da Eletrobras. A primeira também passou do triplo B para o triplo B negativo, mesma queda sofrida pela Eletrobras em moeda estrangeira. Em moeda nacional, a estatal do setor elétrico caiu de A- para triplo B.
Parece que os representantes da S&P que andaram por aqui, a exemplo dos representantes do setor privado, estavam bem menos otimistas do que Delfim.

No ranking da S&P, agora, o Brasil está a um nível do grau especulativo. A gente pode fazer uma de duas coisas: xingar as agências ou torcer para o governo arrumar as contas. Prefiro a segunda opção.



24/03/2014
 

segunda-feira, 24 de março de 2014

Direção da Petrobras omitiu cláusulas do conselho, isso é um fato! A questão é saber por que Dilma esperou 7 anos para fazer a primeira demissão e por que não tomou providências nem como ministra nem como presidente




Por Reinaldo Azevedo


É preciso lembrar sempre destas fotos.





Volto a elas mais tarde.
Já não há mais dúvida, a ata veio a público, e parte da operação desastrosa, que levou a Petrobras a comprar 50% da refinaria de Pasadena, nos EUA, está esclarecida: em 2006, a direção executiva da Petrobras omitiu do Conselho de Administração da empresa, presidido por Dilma Rousseff, as cláusulas Marlim e “Put Option” do contrato com a empresa belga Astra Oil: a primeira garantia aos belgas um rentabilidade de 6,9% ao ano, pouco importava o resultado da refinaria, e a segunda obrigava a Petrobras a comprar os outros 50% no caso de haver desentendimento entre os sócios.

Que tipo de gente é essa que garante a um sócio 6,9% de rentabilidade independentemente do desempenho do empreendimento? A Petrobras se comportou como um banco de investimento como não há em lugar nenhum do mundo: vende rentabilidade sem risco, com juros prefixados, independentemente das condições de mercado. É claro que não poderia dar em outra coisa. Some-se a isso a obrigatoriedade de a empresa comprar os outros 50% da refinaria, e o resultado é aquele que já sabemos: um prejuízo de US$ 1,18 bilhão.

Quando se diz que o “eu não sabia” de Dilma não se justifica, já escrevi aqui e volto a fazê-lo, não se está a falar da conselheira Dilma Rousseff, mas da ministra da Casa Civil, que era, inequivocamente, a chefe do setor energético brasileiro. Era ela quem dava as cartas — era, afinal de contas, a mãe do PAC.

Sem que a Petrobras pudesse garantir a rentabilidade, a Astra jogou o contrato na mesa já em 2007 e pediu que se aplicasse a cláusula “Put Option”, já que a “Marlim” não estava sendo respeitada, e a Petrobras não estava oferecendo os tais 6,9% de rentabilidade. Os belgas queriam impor à empresa brasileira a compra da outra metade. De fato, o assunto foi parar no Conselho, e a conselheira e ministra Dilma Rousseff decidiu que era o caso de enfrentar a Astra na Justiça. Assim, a agora presidente tinha ciência das barbaridades desde 2007. Sobra a pergunta óbvia: por que não fez nada?

Quem preparou as justificativas técnicas para a compra da refinaria de Pasadena foram o então diretor da Área Internacional, Nestor Cerveró, e Paulo Roberto Costa, que era diretor de Refino e Abastecimento. É aquele senhor que foi preso pela PF na Operação Lava-Jato, que apura a lavagem de dinheiro no valor de R$ 10 bilhões. Gente fina! Se Dilma sabia de tudo desde 2007, por que Cerveró e Costa continuaram na empresa? Atenção! O ex-diretor que agora está preso — e não foi por causa do rolo de Pasadena — só deixou a Petrobras em março de 2012, há meros dois anos. Cerveró migrou para a direção financeira da poderosa BR Distribuidora.

Dilma não tomou iniciativa para investigar a lambança quando presidia o conselho e não o fez também depois de presidente da República, quando a Petrobras se viu obrigada pela Justiça americana a comprar, sim, a outra metade da refinaria por US$ 820,5 milhões, que se somaram aos US$ 360 milhões que já haviam custado os primeiros 50% da empresa.

A Petrobras virou o símbolo da atuação desastrada e desastrosa do lulo-petismo. Em 2010, a empresa estava avaliada pelo mercado em R$ 380 bilhões; hoje, vale R$ 179 bilhões — um tombo de mais de R$ 200 bilhões. Era a 12ª maior empresa do mundo; hoje, é a 120ª.

Um pouco de memória
No dia 4 de outubro do ano passado, publiquei aqui um post sobre os problemas enfrentados pela Petrobras. Um deles era justamente a refinaria de Pasadena.

Nos 11 anos e três meses de gestão petista, muito especialmente nos oito em que Lula esteve à frente do governo, nenhuma área do governo — ou empresa estatal — teve uma gestão tão arrogante, tão autoritária e, ao mesmo tempo, tão ineficiente como a Petrobras — e olhem que não se está falando exatamente de uma estatal. Como se sabe, trata-se de uma empresa de economia mista. Os desacertos foram se acumulando. Em vez de dar explicações quando confrontado com os problemas, o petista José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da gigante, demitido pela presidente Dilma em janeiro de 2012, respondia com grosserias e desaforos.

No seu aniversário de 60 anos, em 2013, a Petrobras teve duas péssimas notícias: 1) a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou as notas de crédito da estatal de A3 para Baa1 em razão do elevado endividamento (e, nesse particular, o governo Dilma tem uma parcela enorme de responsabilidade); 2) segundo relatório do TCU, o atraso na entrega do Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj), no Rio, pode gerar um prejuízo para a empresa de R$ 1,4 bilhão.

A Petrobras encerrou 2010 devendo R$ 118 bilhões; no começo deste 2014, a dívida já se aproximava dos R$ 300 bilhões. Parte desse rombo decorre de a empresa importar gasolina a um preço superior ao de venda no mercado interno. Como a economia degringolou, é preciso segurar o preço dos combustíveis para que a inflação não dispare.

E então voltamos às fotos. No dia 21 de abril de 2006, durante a inauguração da Plataforma P 50, em Campos, Lula repetiu o gesto de Getúlio Vargas, em 1952, e sujou as mãos de petróleo. O populista do passado marcava o início da extração no Brasil; o petista comemorava a suposta autossuficiência do Brasil. Pois é…

Na gestão petista, a Petrobras, que nunca foi exatamente um exemplo de transparência, transformou-se, de fato, numa caixa-preta. Exemplos escandalosos de má gestão e de uso político da empresa foram se acumulando. Em 2006, por exemplo, o presidente da Bolívia, Evo Morales, tomou duas refinarias da Petrobras no país — de arma na mão. Se a empresa recebeu alguma compensação justa, ninguém sabe, ninguém viu Nem por isso o índio de araque deixou de ser um aliado e, na expressão de Lula, “um querido”. Também em 2006, a Petrobras resolveu comprar a tal refinaria de Pasadena.



Evo Morales toma refinaria da Petrobras com armas na mão e ainda põe uma faixa: “Agora é nossa”. O governo brasileiro engoliu e ainda emprestou dinheiro pra ele


Acima, vão algumas das evidências de que a Petrobras foi mergulhando numa rotina de má governança. Não para por aí: com a mudança do regime de exploração do petróleo de concessão para partilha, no caso do pré-sal, a empresa é obrigada a ser sócia das explorações, o que lhe impõe pesados investimentos. Como investir se enfrenta um grave problema de caixa, que vai se agravar nos próximos anos, segundo a Moody’s?

Complexo Petroquímico

A Petrobras deveria ter inaugurado em setembro do ano passado o Complexo Petroquímico de Itaboraí, no Rio. A previsão, agora, é que o empreendimento seja entregue só em agosto de 2016 — com quatro anos de atraso. Segundo o Tribunal de Contas da União, isso acarretará um prejuízo de R$ 1,4 bilhão. A obra, inicialmente orçada em R$ 19 bilhões, não ficará por menos de R$ 26,6 bilhões.

Entre os motivos do atraso, o tribunal aponta irregularidades na instalação das tubulações, que ficou a cargo de uma empresa chamada MPE. Só essa parte da obra foi orçada em R$ 730 milhões. O cadastro da MPE nos arquivos da empresa não recomendava a sua contratação. Mesmo assim, na licitação, ela venceu as concorrentes, embora tenha apresentado um sobrepreço, em relação às outras, de R$ 162 milhões.

O PT foi fundo na impostura, e a Petrobras serviu ao uso eleitoreiro mais descarado. Em dezembro de 2009, Gabrielli teve a cara de pau de conceder uma entrevista afirmando que FHC havia tentado privatizar a Petrobras. Trata-se de uma mentira escandalosa, escancarada, vergonhosa. Nunca houve, INFELIZMENTE, nenhuma iniciativa de governo nenhum nesse sentido. Já seria um despropósito que o presidente de uma empresa mista, nomeado pelo governo, fizesse proselitismo eleitoral. Fazê-lo com mentiras era ainda pior. Ficou por isso mesmo.

Já candidata, durante o debate eleitoral, em 2010, Dilma insistiu naquela cascata de Lula de que o pré-sal era o “bilhete premiado”. Acusou José Serra, seu adversário tucano, que criticou o modelo da partilha porque impunha pesados desembolsos à Petrobras, de estar querendo entregar o “filé-mignon” para os estrangeiros.
E chamou, então, 57 anos de história da Petrobras de “carne de pescoço”. Vejam o filme.

          


Observem com que energia ela fala, com que convicção, com que sabedoria. Vocês viram, na licitação do campo de Libra, quanta gente estava interessada no nosso “filé-mignon”…


Uma Petrobras rebaixada, endividada e encalacrada num modelo de exploração do pré-sal que lhe impõe um custo com o qual não pode arcar é, sem dúvida, uma obra inequívoca do PT. As barbaridades maiores foram cometidas, sim, na gestão Lula, mas não se pode esquecer de que a gerentona do setor de energia era Dilma.

Para encerrar: tentou-se fazer um enorme escarcéu com os delírios de Edward Snowden e Glenn Greenwald, segundo os quais o governo americano teria espionado segredos da Petrobras. Escrevi, então, que não havia mal que os gringos pudessem fazer à empresa que os governantes brasileiros não fariam, algumas vezes multiplicado, por sua própria conta.

Eis aí.

Ah, sim: no que deu a tal autossuficiência?

O déficit da conta petróleo em 2013 foi de US$ 20,277 bilhões.

Lula só sujou as mãos daquele jeito porque não conseguiu resistir.
   

                               24/03/2014