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quinta-feira, 7 de junho de 2018

Pessimismo com política faz dólar fechar a R$ 3,925


Cotação e a maior desde março de 2016; Ibovespa fecha em queda de 2,97%

Por Ana Paula Ribeiro
O Globo
Dólar, a moeda oficial dos EUA
Mark Lennihan/Reuters

SÃO PAULO — O pessimismo com o ambiente político fez o dólar renovar as suas máximas em mais de dois anos mesmo com a atuação do Banco Central (BC) no mercado de câmbio. A moeda americna fechou a R$ 3,925, uma alta de 2,24% ante o real. Esse é o maior valor desde 1º de março de 2016. Já o Ibovespa, principal indicador do mercado local, fechou em queda de 2,97%, aos 73.851 pontos - chegou a cair 6,96%.

Nas principais casas de câmbio do Rio, a moeda americana passava dos R$ 4,30 no cartão. Já em papel-moeda, o dólar era comercializado, em média a R$ 4,15. Por sua vez, a moeda europeia estava perto dos R$ 5

A piora nos mercados financeiros, que contou também com a elevação dos juros no mercado futuro e a suspensão dos negócios com o Tesouro Direito, é de origem local. Nos últimos dias, as consequências da greve dos caminhoneiros pressionaram. O acordo costurado pelo governo implica em gastos, o que piora as contas públicas. Além disso, pesquisas de opinião mostraram o apoio da população a algum tipo de controle no preço dos combustíveis e a rejeição a uma eventual privatização da Petrobras, o que foi interpretado como menor chance de vitória de uma candidatura que defenda as reformas que a maior parte dos investidores deseja.

- Esse nervosismo é interno. Os candidatos não se posicionam sobre a reforma da Previdência e outras questões. O que o mercado quer é que isso esteja nos progrmas de campanha - avaliou Ivan Kraiser, gestor chefe da Garín Investimentos.

A escalada do dólar ocorreu mesmo com o reforço da autoridade monetária na oferta de contratos de "swap cambial", que equilvalem a uma venda de moeda no mercado futuro. Foram US$ 2 bilhões em um leilão de swap anunciada pelo início da manhãmais os US$ 750 milhões que estão sendo feitos diariamente desde o mês passado. Na máxima, a moeda atingiu R$ 3,968.

Na avaliação de Julio Hegedus Netto, economista-chefe da consultoria Lopes & Filho, a trajetória de alta do dólar decorre também das frustrações com a agenda econômica, em um ambiente que as reformas não avançam, e da fragilidade do governo.

— O mercado apostou em um agenda econômica que não saiu. O governo até tentou novas medidas, mas é um pato manco. Do lado das eleições, os dois candidatos que se destacam têm caráter mais populista. Tudo isso ajuda a retrair o capital — avaliou.

Os dois candidatos que aparecem na frente nas pesquisas de intenção de voto mais recentes são Jair Bolsonaro e Ciro Gomes.

Os candidatos considerados de centro, e que agradam os agentes do mercado financeiro por defenderem reformas econômicas, não conseguem destaque nas pesquisas de intenções de voto. Além disso, com crescimento mais lento da economia do que o esperado, o governo federal continuará com dificuldades em fazer superávits primários, ou seja, gastar menos do que arrecada, e melhorar a relação entre dívida e PIB (Produto Interno Bruto), um dos indicadores que servem para avaliar a saúde fiscal de um país.

— O nosso quadro fiscal e os ricos eleitorais ainda deverão trazer pressão do dólar ante o real — avaliou Guilherme França Esquelbek, analista da Correparti Corretora de Câmbio.

ELEVAÇÃO DOS JUROS NO RADAR

Os juros futuros também subiram forte. Os contratos com vencimento em janeiro de 2019 chegaram a 7,585% ao anok, ante 6,75% no pregão anterior. Aqueles que vencem em 2020 passaram de 8,84% para 8,06%, refletindo a expectativa de que o BC tenha que elevar a taxa Selic, atualmente em 6,5% ao ano. A volatilidade mais forte durante o pregão fez com que a B3 elevasse o máximo de variação que cada contrato pode ter em um só dia.

Os negócios com título no Tesouro Direto também tiveram que ser suspensos. A retomada está prevista para amanhã.

Outra medida para tentar conter a volatilidade no mercado de juros foi a oferta de R$ 10 bilhões em títulos públicos (em uma operação chamada de compromissada) pelo Banco Central. O objetivo do BC é reduzir a pressão sobre os juros negociados no mercado e, com isso, dissipar as apostas de uma alta.

BOLSA EM QUEDA

E com expectativa de crescimento mais fraco e juros mais elevados, os investimentos em ações também ficam menos atrativos. Isso contribuiu para uma venda generalizada de papeís nesta quinta-feira. Apenas três ações do Ibovespa fecharam em terreno positivo.

Na avaliação de Pedro Galdi, analista corretora Mirae Asset, nas últimas semanas o cenário externo contribuiu para a desvalorização dos ativos brasileiros, mas como o ambiente interno é muito ruim, a pressão acaba sendo ainda pior e se amplifica em momentos de maior aversão ao risco.

- Há uma contaminação interna muito grande. Não há nada de positivo para amenizar esse cenário. Hoje acaba sendo um dia de pânico e então as perdas são ampliadas. Há um fluxo grande de investidores saindo da Bolsa - disse.

Segundo operadores, o que ocorre nos momentos de maior aversão ao risco é que os investidores começam a "realizar o prejuízo", ou seja, quando a perda atinge um determinado patamar, o "stop", eles passam a vender as ações, contribuindo ainda mais para a queda e para que outros mecanismos de venda sejam disparados.

A corretora com maior volume líquido de venda de ações foi a JP Morgan. Nas compras, também foi uma estrangeira, a Merril Lynch, que liderou.

A turbulência no mercado brasileiro ocorreu em meio a uma forte volatilidade com ativos de países emergentes. A perspectiva de uma alta de juros mais forte nos Estados Unidos tem levado investidores a venderem suas ações e moedas de economias consideradas mais arriscadas. No início do ano, se falava em três altas de juros pelo Federal Reserve (Fed). Agora, cresce a aposta para que sejam realizadas quatro, sendo a segunda do ano ainda neste mês.

No mês passado, após uma forte alta do dólar frente ao peso, a Argentina subiu juros, anunciou um maior aperto fiscal e foi pedir um socorro ao Fundo Monetário Internacional (FMI). A Turquia, por sua vez, voltou a subir hoje a taxa para 17,75% ao ano.

Na quarta-feira, o economista Mohamed El-Erian, um especialista em mercados emergentes, questionou se o Brasil não seria a bola da vez entre os emergentes. Em sua conta no Twitter, El-Erian escreveu: "Depois da Argentina e da Turquia, será o Brasil o próximo?"

PETRÓLEO SOBE, MAS PETROBRAS CAI

No mercado acionário, todas as ações do índice operam em queda - no pior momento do pregão, o índice chegou a cair 6,96%. No caso das mais negociadas, as preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras recuaram 3,49%, cotadas a R$ 15,76. As ordinárias (ONs, com direito a voto) recuaram 1,81%, a R$ 18,92. Essa desvalorização ocorre mesmo com a alta do petróleo no mercado internacional. O barril do tipo Brent subia 2,51%, a US$ 77,25, próximo ao horário de encerramento dos negócios no Brasil.

O pregão também foi de queda para a Vale, que caiu 3,03%. Os bancos, de maior peso no Ibovespa, também estão em terreno negativo. As preferenciais do Itaú Unibanco e Bradesco recuaram, respectivamente, 2,90% e 1,77%.

A queda, no entanto, foi liderada pelos papéis da Smiles, que recuaram 12,04%. No caso da Via Varejo, o tombo foi de 9,13%.

No exterior, o Dow Jones subiu 0,38% e o S&P 500 teve leve queda de 0,07%.

7/06/2018

Fachin nega quebra de sigilo telefônico de Temer, mas autoriza medida para ministros Padilha e Moreira

Polícia Federal pediu a quebra do sigilo no inquérito que apura o suposto pagamento de propina pela Odebrecht ao MDB.
G1 buscava contato com ministros.


Por Camila Bomfim,
TV Globo, Brasília
G1

Da esquerda para a direita: Eliseu Padilha (Casa Civil), Michel Temer e Moreira Franco (Minas e Energia)
(Foto: Alan Santos/PR)


O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, negou a quebra do sigilo telefônico do presidente Michel Temer, mas autorizou a medida para os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia), ambos do MDB.

A quebra do sigilo foi pedida pela Polícia Federal no âmbito do inquérito que apura o suposto pagamento de propina de R$ 10 milhões, pela Odebrecht.

Em parecer ao Supremo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu a quebra de sigilo somente para os ministros, se posicionando contra a medida no caso de Temer. Para Dodge, ainda não há indícios que vinculem o presidente diretamente ao caso.

A Polícia Federal queria a quebra do sigilo do presidente alegando que a medida possibilitaria verificar a veracidade da delação de executivos da Odebrecht.

De acordo com o depoimento do delator Cláudio Mello Filho, ex-executivo da Odebrecht, ao Ministério Público Federal (MPF), o presidente Michel Temer pediu, em 2014, R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht. Segundo Mello Filho, quando Temer ocupava a Vice-Presidência da República, ele compareceu a um jantar no Palácio do Jaburu, com a participação de Marcelo Odebrecht, e do ministro Eliseu Padilha. Ainda de acordo com o delator, neste encontro Temer solicitou "direta e pessoalmente" a Marcelo Odebrecht apoio financeiro para as campanhas do MDB em 2014.

Sobre esse assunto, o presidente já admitiu que houve o jantar, mas sempre disse que não falaram de valores. O inquérito investiga esse suposto de pagamento de propina pela construtora na Secretaria de Aviação Civil quando a pasta foi comandada pelo MDB.

Esse inquérito foi aberto no ano passado, mas Temer só foi incluído entre os investigados em março deste ano, pelo ministro relator, Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. É a 1ª vez que há pedido de quebra de sigilo telefônico em uma investigação que envolve o presidente.

07/06/2018


Por segurança, STF cria área reservada para ministros no aeroporto de Brasília


Tribunal desembolsa por ano pelo espaço R$ 374,6 mil


Por Patrik Camporez
O Globo
Ministros do Supremo Tribunal Federal
Ailton de Freitas / O Globo - 26/04/2018



BRASÍLIA — Por segurança, o Supremo Tribunal Federal (STF) contratou uma área especial de embarque para os integrantes da Corte no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. De acordo com o tribunal, o aluguel da nova área, diferente da sala que a Corte tinha anteriormente no terminal de passageiros, ocorreu para garantir a proteção dos ministros. O espaço, que tem um custo anual de R$ 374,6 mil, funciona desde julho do ano passado.

“Toda a questão em torno do uso do embarque no Terminal 2 está relacionado à segurança dos ministros”, explicou a assessoria do Supremo, ao ser procurada.

Na sala vip anterior, os ministros eram dispensados da fila do check in, mas se juntavam aos demais passageiros no momento do embarque no portão indicado pela companhia aérea. A nova sala, no Terminal 2, que fica a dois quilômetros do terminal usado por passageiros de voos comerciais, permite que os ministros do STF aguardem pelo momento do embarque em espaço reservado. Eles são levados de van até o local onde está o avião da companhia área. O embarque é feito por escada lateral no finger. Nesse caso, o ministro não precisa mais percorrer os corredores por onde passam os demais passageiros, nem aguardar pela chamada para embarque no saguão em frente ao portão onde está a aeronave.

Os ministros do Supremo ganharam notoriedade nos últimos anos. A exposição que vinha desde o julgamento do mensalão cresceu com a chegada dos casos da Lava-Jato à Corte e alguns ministros passaram a ser hostilizados por militantes. Relator da Lava-Jato, o ministro Edson Fachin revelou em março que havia pedido auxílio da Polícia Federal para investigar ameaças dirigidas a sua família. O relator da Lava-Jato passou a andar com seguranças armados desde então.

— Nos dias atuais, uma das preocupações que tenho não é só com julgamentos, mas também com a segurança de membros de minha família. Tenho tratado deste tema e de ameaças que têm sido dirigidas a membros de minha família - disse Fachin em entrevista à Globonews.

Em abril, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra vandalizaram o prédio onde a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, tem um apartamento, em Belo Horizonte (MG).

Um dos ministros da Corte disse ao GLOBO, sob a condição do anonimato, que costuma usar a estrutura do tribunal apenas em viagens de trabalho. Em viagens privadas, ele costuma recorrer ao terminal de embarque com os demais passageiros.




O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal
Foto: Jorge William / Agência O Globo/14-12-17

Edson Fachin

O relator da Lava-Jato no Supremo disse que sua família têm sofrido ameaças e pediu um reforço da segurança para não precisar trocar a “fechadura de uma porta arrombada”.




– Quando viajo para compromisso institucional, sigo o protocolo de segurança. Em viagens privadas, uso o terminal de embarque do aeroporto. O ponto é apenas evitar a circulação por dentro do aeroporto. Eu prefiro ir de van para o portão, onde entro na fila de prioridades, por ter cartão fidelidade. Já houve momentos de maior hostilidade, em que se entrava pela escada lateral. Mas é pior – diz o ministro.

Em nota, o Supremo afirma que a nova área de embarque foi criada depois que o antigo contrato de aluguel da sala de espera do tribunal, dentro do aeroporto, venceu. O Supremo diz ter tentado se desfazer da sala e assegurar, no entanto, as credenciais de segurança para acesso livre às áreas restritas do aeroporto, o que foi negado.

“O contrato de aluguel na antiga sala do Terminal 1 estava encerrando na gestão da Ministra Cármen Lúcia e o tribunal tentou manter as credenciais de acesso dos seguranças à área restrita do aeroporto sem a necessidade da sala, mas não conseguimos”, diz o Supremo em nota.


07/06/2018

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Após Gilmar Mendes soltar presos da Lava-Jato, MPF do Rio entra com novo pedido de suspeição

 
Força-tarefa da Lava-Jato no estado aponta relação de instituto da família do ministro com a Fecomércio, que foi presidida por Orlando Diniz

Por Juliana Castro
O Globo
O ministro Gilmar Mendes, durante sessão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal 
Givaldo Barbosa/Agência
O Globo/05-06-2018


RIO - A força-tarefa da Lava-Jato no Rio reagiu ao fato de o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter soltado, em menos de um mês, 20 presos da Operação no estado e entrou com um novo pedido de suspeição contra ele. Desta vez, o documento é focado na relação da Fecomércio com o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), "instituição que é hoje controlada exclusivamente" pela família de Gilmar, como apontam os procuradores no documento. A Fecomércio foi presidida desde o início dos anos 2000 por Orlando Diniz, um dos que ganharam liberdade recentemente por ordem do ministro. Ele só deixou o cargo na entidade após sua prisão, em fevereiro deste ano.

No documento a que O GLOBO teve acesso, a força-tarefa da Lava-Jato no Rio aponta que o aprofundamento das investigações, com a análise dos dados obtidos com a quebra de sigilo fiscal da Fecomércio, mostra um pagamento de R$ 50 mil em 2016, durante a presidência de Diniz na entidade, em benefício do IDP. Além disso, os procuradores apontam que a Fecomércio, quando também era presidida por Diniz, patrocinou ao menos três eventos promovidos pelo IDP, inclusive alguns que contavam com a participação do próprio Gilmar. Dois dos eventos citados pelo MPF do Rio foram realizados em Lisboa.

Com os pedidos de suspeição feitos até o momento, a força-tarefa busca que o ministro não julgue mais os casos relativos a alguns réus, entre eles Diniz e o empresário de ônibus Jacob Barata Filho. Gilmar é o relator dos casos relacionados à Operação Calicute, que faz parte da Lava-Jato, e seus desdobramentos no Supremo. Por isso, caem nas mãos do ministro os pedidos de liberdade de presos da Operação. O pedido de suspeição apresentado pelos procuradores foi encaminhado nesta quarta-feira à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que tem a prerrogativa de atuar pelo Ministério Público Federal (MPF) no STF.

"O aprofundamento das investigações trouxe à tona fatos que evidenciam a eventual suspeição ou impedimento do ministro Gilmar Mendes em feitos relativos ao réu Orlando Santos Diniz", diz o pedido do MPF do Rio.

Orlando Diniz foi solto no dia 31 de maio por Gilmar. O ex-presidente da Fecomercio é réu por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. De acordo com o MPF, Diniz valeu-se do esquema de lavagem de dinheiro que tinha à frente os operadores financeiros do ex-governador Sérgio Cabral, ocultando e dissimulando a origem ilícita de mais de R$ 3 milhões. Os procuradores afirmam ainda que há indícios de que Diniz desviava recursos públicos federais do orçamento do Sesc e do Senac e que, a pedido de Cabral, contratou diversos funcionários “fantasmas”, num esquema que movimentou quase R$ 6 milhões.

Os procuradores reproduzem ainda no novo pedido de suspeição trechos de uma reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" que fala sobre um dos eventos do IDP patrocinados pela Fecomércio e informa que Gilmar se declarou impedido em alguns processos pelo fato de a federação ter como advogado Sérgio Bermudes. O escritório de advocacia de Bermudes tem no quadro de advogados em Brasília Guiomar Mendes, esposa do ministro. O MPF do Rio diz no pedido que, em pesquisa no acompanhamento processual do STF, constata-se de fato o impedimento declarado pelo ministro. Eles, no entanto, aconteceriam apenas em casos cíveis, o que foi alvo da reclamação dos procuradores no documento enviado à PGR.

"A propósito, parece absolutamente despropositado e irrazoável que uma mesma causa de impedimento de magistrado incida em processo de natureza civil, em que questões de ordem patrimonial são objeto da lide, e não se aplique em processo de natureza penal, onde em jogo o direito fundamental à liberdade e o dever do Estado na repressão a crimes graves, na espécie a corrupção e a lavagem de dinheiro. Em outras palavras, não se reconhece na ordem jurídica pátria a figura do juiz 'relativamente impedido'", diz trecho do pedido de suspeição apresentado pelos procuradores.

A relação de presos da Lava-Jato com o escritório onde a mulher de Gilmar trabalha foi levantada também no pedido de suspeição apresentado pelo MPF relativo a Jacob Barata Filho e Lélis Teixeira, ex-presidente da Fetranspor. O escritório do advogado Sérgio Bermudes atuou em processos na Operação Ponto Final, inclusive em ações de interesse de Barata Filho e Lélis Teixeira. Os dois foram soltos por ordem de Gilmar mais de uma vez. Em resposta a esse pedido de suspeição, o ministro argumentou que o escritório de Bermudes presta serviços na área cível, e não penal. Por isso, não haveria impedimento.

Outro argumento apresentado nesse pedido sobre Jacob Barata, o MPF lembra que, em 2013, o ministro foi padrinho de casamento de Beatriz Barata, filha de Jacob Barata Filho, com Francisco Feitosa Filho. O noivo é sobrinho de Guiomar Mendes, casada com Gilmar.

O GLOBO entrou em contato com o gabinete de Gilmar Mendes, que informou que o ministro não vai se pronunciar e responderá apenas se houver alguma autuação processual do pedido do MPF do Rio. A defesa da Orlando Diniz não retornou o contato feito pela reportagem.

06/06/2018


PF pede a quebra de sigilo telefônico de Temer, Moreira e Padilha


Pedido foi feito no inquérito que apura suposto pagamento de propina de R$ 10 milhões combinado em jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, segundo delação da Odebrecht.

Por Camila Bomfim,
TV Globo, Brasília


 
O presidente Michel Temer (centro), entre os ministros Eliseu Padilha (esq.) e Moreira Franco (dir.)
(Foto: Marcos Corrêa/ Presidência da República)





A Polícia Federal (PF) pediu a quebra do sigilo telefônico do presidente Michel Temer e dos ministros Eliseu Padilha (MDB-RS), da Casa Civil, e Moreira Franco (MDB-RJ), de Minas e Energia. O Palácio do Planalto disse que não vai comentar o pedido da PF.

O pedido foi apresentado ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que investiga os três emedebistas dentro da Operação Lava Jato. O inquérito apura o suposto de pagamento de propina pela Odebrecht na Secretaria de Aviação Civil quando a pasta foi comandada pelo MDB, em 2014.

Com o pedido de quebra de sigilo, a PF pretende rastrear telefonema do presidente e dos dois ministros em data próxima a um encontro no Palácio do Jaburu, residência oficial de Michel Temer, onde teria sido acertado o pagamento pela Odebrecht.

De acordo com o depoimento do delator Cláudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht, ao Ministério Público Federal (MPF), o presidente Michel Temer pediu, em 2014, R$ 10 milhões ao empreiteiro Marcelo Odebrecht.

Segundo Melo Filho, quando Temer ocupava a Vice-Presidência da República, ele compareceu a um jantar no Palácio do Jaburu, com a participação de Marcelo Odebrecht, e do ministro Eliseu Padilha. Ainda de acordo com o delator, neste encontro Temer solicitou "direta e pessoalmente" a Marcelo Odebrecht apoio financeiro para as campanhas do MDB em 2014.

Sobre esse assunto, o presidente já admitiu que houve o jantar, mas sempre disse que não falaram de valores. Quando este depoimento se tornou conhecido, o Palácio do Planalto divulgou nota informando que o presidente Michel Temer "repudia com veemência" o conteúdo da delação de Melo Filho.
Quebra de sigilo


O inquérito que investiga o suposto pagamento dos R$ 10 milhões foi aberto no ano passado, mas Temer só foi incluído entre os investigados em março deste ano.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contra o pedido da PF para quebra de sigilo telefônico do presidente. Porém, se manifestou a favor da quebra de sigilo dos ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha. Raquel Dodge considerou que não há indícios consistentes, até agora, contra o presidente para deferir a medida.

No inquérito dos portos, em que Temer também é investigado, a PF pediu quebras de sigilos bancários. A PGR foi contra, mas o ministro Luis Roberto Barroso, relator do inquérito no STF, autorizou a quebra de sigilo do presidente Michel Temer, atendendo pedido da PF.


No caso do inquérito sobre suposta propina da Odebrecht ao MDB, a decisão sobre a quebra de sigilo caberá ao ministro Fachin.


06 de junho de 2018