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sábado, 22 de setembro de 2012

Deputados mensaleiros: quem paga a conta é você


Mensalão

Valdemar Costa Neto (PR) e Pedro Henry (PP) devem entrar para a lista, que já conta com João Paulo Cunha (PT), de deputados federais condenados


Laryssa Borges
João Paulo Cunha, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry
(Fernando Pilatos, Sergio Lima/Folha Imagem, ABr)
Com dedo em riste, o deputado Valdemar Costa Neto, então presidente do Partido Liberal (PL) – atual Partido da República (PR) – anunciou em agosto de 2005 que defenderia a “punição de quem se valeu de recursos públicos para desonrar o decoro parlamentar e a confiança do povo”.

Acusado de receber propina do valerioduto, esquema que, segundo a Justiça, surrupiou dinheiro público, foi o primeiro congressista a renunciar ao mandato para evitar a cassação quando explodiu o escândalo do mensalão.

Atualmente, em vez de defender a punição exemplar dos malversadores de recursos, Costa Neto engrossa a lista dos parlamentares que o Supremo Tribunal Federal (STF) colocará na galeria dos corruptos.

Réu por corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, o deputado recebeu nesta semana o veredicto do ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão: “Valdemar Costa Neto valeu-se de dezenas de mecanismos de lavagem de dinheiro para garantir o recebimento da vantagem indevida em espécie sem deixar qualquer registro ou rastro no sistema bancário”.

Até o final do mês, os atuais dez ministros do STF devem confirmar que Costa Neto e Pedro Henry (PP-MT), ao lado de João Paulo Cunha (PT-SP) – já condenado pelo Supremo – são criminosos e utilizaram seus mandatos para alimentar interesses espúrios.

Condenados, os três devem ser pressionados a deixar a vida pública e não deveriam sequer transitar pelo Salão Verde da Câmara dos Deputados.

Enquanto nenhum tem seu mandato tomado – é necessária uma solicitação formal para que eles percam a cadeira na Câmara –, os mensaleiros João Paulo Cunha, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry continuarão a representar não necessariamente seus eleitores, mas certamente gastos para os cofres públicos.

Só neste ano, com dados até setembro, os três somaram mais de 2,8 milhões de reais em salários e verbas de gabinete.

Até dezembro, com as duas rubricas, cada um deve gerar despesas de mais 367 000 reais, excluídos gastos com passagens aéreas, correios, telefonia e consultorias.

Apenas com a cota para o exercício da atividade parlamentar, recursos públicos para que o deputado pague pesquisas, assessoria e transporte, por exemplo, João Paulo já desembolsou 179 018,23 reais até setembro; Henry registra despesas de 126 616,61 reais na cota; e Valdemar Costa Neto outros 111 761,01 reais.

Os deputados mensaleiros, que devem ser condenados pela ampla maioria dos ministros da corte até o final do capítulo sobre a compra de votos parlamentares, vão compor a lista dos já penalizados Natan Donadon (PMDB-RO) e Asdrúbal Bentes (PMDB-PA), congressistas que, mesmo apenados pelo STF, insistem em permanecer na Câmara.

Com a apresentação de poucos projetos e sem representatividade no parlamento, os dois se resumem praticamente a gerar gastos ao poder público.

Só Donadon, que amargou pena de mais de 13 anos de prisão imposta pelo Supremo, mas recorre da sentença, gastou neste ano mais de 250 000 reais na cota para o exercício da atividade parlamentar.

Mesmo condenado pelo STF, ele continua recebendo dos cofres públicos 15 salários de pouco mais de 26 000 reais mensais e tem 78 000 reais por mês para gerir seu gabinete.

A propósito, ao longo de todo o ano, Natan Donadon não se deu sequer o trabalho de propor um único projetos de lei.
22/09/2012

VEJA POSSUI FITAS COM GRAVAÇÃO COMPLETA DAS ACUSAÇÕES DE MARCOS VALÉRIO CONTRA LULA E O PT!







Colunista da Veja confirma que a revista tem as fitas gravadas com Marcos Valério




Saiu no facebook do Noblat parte da coluna publicada nesta edição por José Roberto Guzzo, na última página da Veja...

"Para o seu próprio sossego pessoal, o ex-presidete Lula, seus fãs mais extremados e os chefes do PT deveriam pôr na cabeça, o mais rápido possível, um fato que está acima de qualquer discussão: só existe um meio que realmente funciona, não mais que um, para governos mandarem na imprensa, e esse modo se chama censura. 
Infelizmente para todos eles, essa é uma arma de uso privativo das ditaduras – e nem Lula, nem o PT, nem os “movimentos sociais” que imaginam comandar têm qualquer possibilidade concreta de criar uma ditadura no Brasil de hoje.

Podem, no fundo da alma, namorar a ideia. Mas não podem, na vida real, casar com ela.

Só perdem seu tempo, portanto, e se estressam à toa, quando ficam falando que a mídia brasileira é um lixo a serviço das “elites”; há dez anos não mudam de ideia e de assunto.

Bobagem.

O que querem mesmo é impedir que esta revista, por exemplo, publique reportagens como a matéria de capa de sua última edição, com as declarações de Marcos Valério sobre o envolvimento de Lula no mensalão.

Ficam quietos, porque têm medo de que sejam publicadas as fitas gravadas com tudo aquilo que ele disse, e as coisas piorem ainda mais”.


22 setembro 2012

Joaquim Barbosa Reposiciona a Nação Brasileira


Nação que também começa e se reerguer moralmente em meio à lama putrefata do poderes ignóbeis que clamam por antijustiça a qualquer preço moral


Por movimento da ordem
vigilia contra corrupção

O ministro Joaquim Barbosa reposiciona a Nação Brasileira no rumo da seriedade e no enfrentamento da impunidade.

Joaquim Barbosa não precisou de cotas raciais para se tornar advogado, professor e jurista de renomada.

Joaquim Benedito Barbosa é filho primogênito de uma família de oito irmãos. Seu pai era pedreiro e sua mãe doméstica. Aos 16 ele saiu de Paracatu, nas Minas Gerais e sozinho foi aventurar a vida em Brasília, onde arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e trabalhou como compositor gráfico do Centro Gráfico do Senado Federal.

Ao contrário de Lula, que ganhou a vida como parasita de sindicatos, Joaquim Barbosa estudou, formou-se em Direito na Universidade de Brasília, concluiu o mestrado em Direito do Estado e, por mérito próprio, tornou-se Chefe da Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde; Oficial de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores (1976-1979), tendo servido na Embaixada do Brasil em Helsinki, Finlândia.

É Mestre e Doutor em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas); foi Visiting Scholar (1999-2000) no Human Rights Institute da Columbia University School of Law, New York, e na University of California Los Angeles School of Law (2002-2003); e também por méritos, foi ungido ministro da mais alta corte de justiça do Brasil, o Supremo Tribunal Federal.

Intelectual de luzes possantes, é autor das obras “La Cour Suprême dans le Système Politique Brésilien”, publicada na França em 1994 pela Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence (LGDJ), na coleção “Bibliothèque Constitutionnelle et de Science Politique”; “Ação Afirmativa & Princípio Constitucional da Igualdade e "O Direito como Instrumento de Transformação Social".

Somente os canalhas e lacaios defensores da quadrilha de marginais de estimação do PT ousariam empreender uma campanha imunda e indigna de apreço para tentar denegrir a honra de um magistrado da justiça que cumpre com altivez e dignidade as suas funções constitucionais, e o faz de forma exemplar.

Eu, Ruy Câmara, assim como a imensa maioria do povo brasileiro, aplaudimos de pé o ilustre ministro Joaquim Barbosa, pelo seu trabalho corajoso em defesa da moralidade e decência no Brasil. O Brasil tem jeito; tem jeito graças a homens do calibre moral e intelectual como o destemido RELATOR DO MENSALÃO.

Joaquim Benedito Barbosa, um homem cuja alma é de uma alvura que nem mesmo a pele negra consegue obumbrar, encarna em si a decência, a honradez e a imparcialidade personificada no espírito republicano de um juiz digno, honesto e de cujos princípios e ações exemplificam o Brasil a cada vez que faz justiça-justa.

Quando o vejo pronunciando-se de pé, com o semblante tenso de quem certamente está suportando, às duras penas, as mais terríveis dores de coluna, lembro-me (não sei o porquê) mas lembro-me sempre da imagem do poeta de Santana do Desterro, o genial Cruz e Souza, já cansado de viver entre os medíocres, recitando pausadamente a sua indignação, tal como se estivesse lançando luzes sobre o breu de uma noite taciturna e perigosa.

Vejo-o tal como imagino o grande Dante, num cenário onde grasnam as aves de rapina e onde os espíritos vis vão se obumbrando com suas torpezas; e é nesse cenário onde o juiz se acentua no “Lasciate ogni speranza”; e quando presume-se sozinho, nadando contra a correnteza de águas poluídas, eis que ao seu lado vão surgindo os Homeros e Virgílios que se levantam graças aos braços hercúleos da posteridade e ao fôlego intérmino e secular da história de uma Nação que também começa e se reerguer moralmente em meio à lama putrefata do poderes ignóbeis que clamam por antijustiça a qualquer preço moral.

Mensalão: agora, Lula se cala - e o PT fica desnorteado



Mensalão

O ex-presidente silencia diante das revelações do empresário Marcos Valério, que o colocou como chefe do esquema. PT, agora, diz que julgamento é golpe


Daniel Pereira
e Rodrigo Rangel

TEORIA DA CONSPIRAÇÃO - Lula e Valério: as revelações seriam uma tentativa de “golpe das elites” com a participação dos ministros do Supremo (Juliana Knobbel/Frame/Folhapress e Cristiano Mariz)

O PT fabricou uma manifestação de apoio a Lula por saber que as confissões de Valério podem ser investigadas. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou importantes as revelações e declarou que poderá analisar o envolvimento de Lula no mensalão

Na edição passada, uma reportagem de VEJA revelou com exclusividade parte das confissões feitas pelo empresário Marcos Valério, o operador financeiro do mensalão, sobre as engrenagens do maior escândalo de corrupção política da história do país.

Além de confirmar a participação decisiva no suborno a parlamentares dos petistas José Dirceu e Delúbio Soares, que figuram como réus no processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), Valério implicou o ex-presidente Lula no esquema -- e no papel de protagonista. Valério diz que Lula era o verdadeiro comandante da organização criminosa denunciada pelo Ministério Público.

Afirma que a quadrilha do mensalão contava com um caixa de 350 milhões de reais, o triplo, portanto, do valor identificado pela Polícia Federal. Além disso, ressalta que desde a eclosão do escândalo, em 2005, teve Paulo Okamotto como interlocutor no PT.

Amigo do peito e pagador de contas pessoais do ex-presidente da República, Okamotto era fiador de um acordo que previa a impunidade em troca do seu silêncio. O empresário desabafou: “Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”.

Em VEJA da semana passada: Marcos Valério revela os segredos do mensalão

Valério sempre ameaçou relatar em detalhes o funcionamento do mensalão. E sempre foi contido - segundo contou a pessoas próximas - pela promessa do ex-presidente e do PT de ajudá-lo na Justiça. Esse acordo se manteve de pé até o início do julgamento no STF.

Já condenado por corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro, crimes que podem resultar numa pena de mais de 100 anos de prisão, Valério resolveu compartilhar seus segredos com um grupo seleto de confidentes.

A revelação dessas conversas por VEJA desnorteou o PT, conforme mostra reportagem publicada na edição desta semana. Lula, um notório entusiasta do debate em público, preferiu o silêncio ao ser confrontado com as novas informações. Não rechaçou o que Valério contou nem tentou desqualificá-lo. Dirceu e Delúbio seguiram o chefe. Não foi à toa. Segundo aliados, Lula não quer desafiar Valério, que não teria mais nada a perder.

Além disso, teme que o empresário revele mais detalhes se provocado. Rebatê-lo agora, sem saber do arsenal à disposição de Valério, seria uma estratégia de altíssimo risco.

A palavra de ordem é não comprar briga com o pivô financeiro do mensalão. Contra-ataques, só em cima dos alvos de sempre, aqueles aos quais os petistas recorrem, como uma conveniente muleta, toda vez que são pilhados em irregularidades.

Essa estratégia foi seguida à risca. Na segunda-feira, o PT divulgou uma nota conclamando a militância para “uma batalha do tamanho do Brasil” - no caso, a defesa do partido e do ex-presidente.

O texto não faz menção às confissões de Valério. Ou seja: não explica do que Lula deve ser defendido. Na quinta-feira, outra nota foi publicada.

Ela retoma a tese de que o mensalão e seus desdobramentos não passam de uma conspiração urdida pela oposição e por setores da imprensa para tirar o PT do comando do país por meio de um golpe. Esse golpe seria alimentado com a divulgação de denúncias sem provas.

Quais denúncias?

A redação petista não teve coragem, de novo, de citar as confissões de Valério, providencialmente esquecido. Fala de uma “fantasiosa matéria veiculada pela Revista Veja”.

Fantasiosa, por ora, só a nota do PT. Ela foi elaborada pelo presidente da sigla, Rui Falcão. Em seguida, ele ligou para os presidentes de cinco partidos e pediu-lhes que subscrevessem o texto. Não se tratou de uma solidariedade espontânea. Muito pelo contrário. O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, assinou sem ler e nem sequer consultou seus correligionários -- entre eles, o vice-presidente da República, Michel Temer. “Não concordo com a nota, mas não podia recusar um pedido do presidente Lula”, revelou um dos signatários.

Tiago Queiroz/AE, Cristiano Mariz, Caio Guatelli/Folhapress
DEGRADANTE - O mensalão cria constrangimentos à campanha do petista Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, principalmente diante da aproximação da data de julgamento do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro Delúbio Soares. Os dois serão julgados pelo Supremo por corrupção ativa
O PT fabricou uma manifestação de apoio a Lula por saber que as confissões de Valério podem ser investigadas.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou importantes as revelações e declarou que poderá analisar o envolvimento de Lula no mensalão, tal qual relatado por Valério, depois do julgamento do processo no STF.

Os petistas também esperam usar a nota assinada por presidentes de partidos aliados no horário eleitoral gratuito. A ideia é alegar que o PT está sendo vítima de uma conspiração de setores conservadores, os quais estariam pressionando o Supremo -- que teve sete dos seus atuais dez ministros nomeados pelo governo petista -- a condenar os réus do mensalão.

O processo no STF tem influenciado de forma negativa o desempenho dos petistas nas disputas municipais. Imposto ao partido por Lula, Fernando Haddad está na terceira colocação na corrida pela prefeitura paulistana.

Na semana passada, num recurso à Justiça Eleitoral, a equipe dele disse ser “degradante” a associação da imagem de Haddad à de Dirceu e Delúbio, como tem feito o PSDB. Mais sintomático dos efeitos do mensalão, impossível.

O PT sempre desdenhou dos impactos políticos do caso. Numa conversa com aliados dias antes do início do julgamento no STF, Lula disse que o processo teria “influência zero” sobre o partido e seus candidatos.

Com a mesma confiança do líder messiânico que prometera aos réus livrá-los da condenação judicial, Lula lembrou que foi reeleito em 2006, um ano depois de ser acossado pela ameaça de um processo de impeachment, e fez de Dilma Rousseff sua sucessora em 2010.

O mensalão seria uma mera “piada de salão”. Piadinha sem graça.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Joaquim, inabalável

 

No momento em que as pressões de partidos de governo e oposição voltam a conturbar o ambiente político, o relator do mensalão, Joaquim Barbosa, garante à ISTOÉ que fatores externos não irão interferir no julgamento

                                                 ISTOÉ


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BLINDAGEM
O ministro Joaquim Barbosa diz que o relevante está nos autos do processo

Na semana em que o Supremo Tribunal Federal começou a decidir o destino do núcleo político do mensalão, a proximidade das condenações levou réus do processo a orquestrar reações que atiçaram tanto partidos da base do governo como da oposição. O ambiente político conturbado, no entanto, não deve mudar um centímetro os rumos do julgamento, garantiu à ISTOÉ o ministro-relator, Joaquim Barbosa. O ministro diz que os movimentos não surpreendem e que o cenário de pressões não preocupa. “Nada vai interferir. O que é relevante para nós está nos autos do processo”, afirmou Joaquim na quarta-feira 19. Como consequência da atmosfera pesada dos últimos dias, o próprio Barbosa, que fora ovacionado e aclamado como herói num restaurante japonês em Brasília, virou alvo de simpatizantes do PT nas redes sociais. Embora não se sinta confortável com a possibilidade de se tornar personagem de discursos inflamados em palanques eleitorais durante a campanha, o ministro se diz inabalável. A disposição é confirmada pelos votos contundentes que ele proferiu na semana passada.


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A blindagem do processo pregada por Barbosa se faz necessária num momento de maior pressão política desde o início do julgamento em agosto. Nos últimos dias, o ex-presidente Lula voltou com força total à cena política. Liberado pelos médicos para participar das campanhas eleitorais, Lula decidiu comandar a reação às investidas da oposição para envolvê-lo no processo do mensalão. Inicialmente, ele anunciou que permaneceria em silêncio e garantiu não dar prioridade alguma às sessões do Supremo que decidem o destino dos acusados. Mudou de ideia. A condenação do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) e os recados emitidos por réus do processo o fizeram adotar uma nova postura. “Ele até pensou em ficar de fora dessa polêmica. Mas quem aguenta? A gente insistiu que ele tem sim de ir às ruas e mobilizar as pessoas. Isso é o que o ex-presidente melhor sabe fazer na vida”, resume o petista Devanir Ribeiro (SP), compadre de Lula. A primeira providência do ex-presidente depois que decidiu reagir foi cobrar do PT e de aliados respostas aos discursos de integrantes da oposição de que ele teve ligações com o esquema operado pelo publicitário Marcos Valério.

As respostas cobradas vieram rapidamente. Na Câmara, o presidente Marco Maia (PT-RS) deixou de lado a discrição típica de seu posto. Fez duras críticas ao ministro Joaquim Barbosa e aos votos a favor da condenação já proferidos. “Há uma tentativa de afirmar uma coisa que não condiz com a verdade”, disse. Minutos depois, uma fila de petistas se formava no plenário para criticar o Supremo e insinuar que o julgamento estava “combinado” com a imprensa. “É um atentado à democracia”, acusou André Vargas (PT-PR), secretário de comunicação do partido. Também atendendo Lula, a direção nacional do PT divulgou um documento oficial chamando os petistas para se mobilizar. No dia seguinte, outra nota assinada por cinco partidos aliados seguiu o mesmo discurso. No texto, os partidos governistas alegam que a oposição tenta golpear o ex-presidente Lula como aconteceu com Getúlio Vargas e João Goulart, sem levar em conta que a comparação é prejudicada pelo fato de que Lula não está mais no governo. “O que querem agora é barrar e reverter o processo de mudanças iniciado por Lula, que colocou o Brasil na rota do desenvolvimento com distribuição de renda”, diz a nota assinada pelos presidentes do PT, PDT, PMDB, PCdoB, PSB e PRB.



As suspeições não alteraram o comportamento de Joaquim Barbosa. Nos seus votos da última semana, o ministro-relator deixou claro que a lógica do julgamento não mudará, independentemente das pressões externas. Barbosa confirmou que houve compra de votos pelo governo Lula e atestou a culpa dos políticos acusados de receber propina em troca de apoio no Congresso. O relator concluiu seu voto com a condenação de 12 réus por terem se beneficiado do esquema. Barbosa declarou que líderes de quatro partidos – PP, PR, PTB e PMDB – venderam a lealdade ao governo Lula por milhões de reais. Em sua avaliação, o governo montou sua base de apoio no Congresso à custa do valerioduto. O próprio revisor, ministro Ricardo Lewandowski, também condenou o ex-deputado Pedro Corrêa, do PP, por corrupção passiva, apesar de tê-lo absolvido do crime de lavagem de dinheiro.

O desgaste que essas decisões do STF vêm causando na campanha eleitoral em curso também explica o tom ácido dos partidos da base aliada. Candidatos petistas em várias capitais passaram a revelar um desempenho pior nas pesquisas de intenção de voto, o que muitos interpretaram como decorrência da exposição de líderes partidários no julgamento do mensalão. Mesmo assim, o plano de reação do PT aposta no efeito positivo que tem sobre o jogo de poder a disseminação da ideia de que Lula ainda pode ser candidato ao Planalto em 2014. A estratégia foi discutida em reuniões da cúpula petista ao longo da semana. Agora, o combinado é dizer que Lula pode, sim, participar novamente da disputa presidencial. Mais do que a vontade do próprio Lula, o discurso em torno de uma possível candidatura expressa uma tentativa de fortalecer a liderança do ex-presidente e inibir o crescimento de outras candidaturas na base aliada ao governo, como a do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Um dirigente nacional do PT avalia que a estratégia pode “salvar” o partido de um fiasco nas urnas, no mês que vem.

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A estratégia petista também insistirá em caracterizar as condenações do STF como resultado de um julgamento político, destinado a atingir o ex-presidente. “Lula tem uma liderança incomparável e ele sabe disso. Nenhum partido tem líder com o poder de mobilização que ele mantém. Isso faz toda a diferença”, avalia o deputado federal petista Paulo Teixeira (SP). A estratégia de espalhar a tese de um retorno ao poder ficou evidente no início do mês, durante o comício de apoio a Patrus Ananias, que disputa a Prefeitura de Belo Horizonte. Antes de subir ao palanque, o ex-presidente disse aos aliados que estava de volta à política. E sorriu diversas vezes quando o chamavam de futuro presidente. Lula tenta refazer o clima de sua campanha de reeleição, em 2005, quando, posto em xeque pelo escândalo do mensalão, fez discursos duros e o uso do poder de mobilização das massas. Minutos antes de embarcar para o México na quinta-feira 20, o ex-presidente pediu aos assessores que acompanhassem todo esse processo atenciosamente, numa referência ao julgamento do mensalão transmitido ao vivo pela tevê. Seu interesse é mais uma prova de que está disposto a atacar os obstáculos no seu caminho e no do PT. No partido, o consenso é de que Joaquim Barbosa é o maior desses obstáculos.


Fotos: Victor R. Caivano/AP Photo; José Cruz/ABr; Adriano Machado/AG. ISTOÉ
Foto: Fellipe Sampaio/sco/stf


                    21.Set.12

Gritos presidenciais não ocultam fracassos




Marco Antonio Villa

O sonho acabou. Sonho ingênuo, registre-se. Durante quase dois anos, a oposição ─ quase toda ela ─ tentou transformar Dilma Rousseff em uma estadista, como se vivêssemos em uma república. Ela seria mais “institucional” que Lula. Desejava ter autonomia e se afastar do PT. E até poderia, no limite, romper politicamente com seu criador.

Mas os fatos, sempre os fatos, atrapalharam a fantasia construída pela oposição ─ e não por Dilma, a bem da verdade.

Nunca na história republicana um sucessor conversou tanto com seu antecessor. E foram muito mais que conversas. A presidente não se encontrou com Lula para simplesmente ouvir sugestões. Não, foi receber ordens, que a boa educação chamou de conselhos.

Para dar um ar “republicano”, a maioria das reuniões não ocorreu em Brasília. Foi em São Paulo ou em São Bernardo do Campo que a presidente recebeu as determinações do seu criador. Os últimos acontecimentos, estreitamente vinculados à campanha municipal, reforçaram essa anomalia criada pelo PT, a dupla presidência.

Dilma transformou seu governo em instrumento político-eleitoral. Cada ato está relacionado diretamente à pequena política. Nos últimos meses, a eleição municipal acabou pautado suas ações.

Demitiu ministro para ajeitar a eleição em São Paulo. Em rede nacional de rádio e televisão, aproveitou o Dia da Independência para fazer propaganda eleitoral e atacar a oposição. Um telespectador desavisado poderia achar que estava assistindo um programa eleitoral da campanha de 2010. Mas não, quem estava na TV era a presidente do Brasil.

É o velho problema: o PT não consegue separar Estado, governo e partido. Tudo, absolutamente tudo, tem de seguir a lógica partidária. As instituições não passam de mera correia de transmissão do partido.

Dilma chegou a responder em nota oficial a um simples artigo de jornal que a elogiava, tecendo amenas considerações críticas ao seu antecessor. Como uma criatura disciplinada, retrucou, defendendo e exaltando seu criador.

O governo é ruim. O crescimento é pífio, a qualidade da gestão dos ministros é sofrível. Os programas “estruturantes” estão atrasados. O modelo econômico se esgotou.

Edita pacotes e mais pacotes a cada quinzena, sinal que não tem um consistente programa. E o que faz a presidente? Cercada de auxiliares subservientes e incapazes, de Lobões, Idelis e Cardozos, grita. Como se os gritos ocultassem os fracassos.

O Brasil que ainda cresce é aquele sem relação direta com as ações governamentais. É graças a essa eficiência empresarial que não estamos em uma situação ainda pior. Mas também isso tem limite.

O crescimento brasileiro do último trimestre, comparativamente com os dos outros países dos Brics (Rússia, Índia e China) ou do Mist (México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia), é decepcionante. E o governo não sabe o que fazer.

Acredita que elevar ou baixar a taxa de juros ou suspender momentaneamente alguns impostos tem algum significado duradouro. Sem originalidade, muito menos ousadia, não consegue pensar no novo. Somente manteve, com um ou outro aperfeiçoamento, o que foi organizado no final do século passado.

E a oposição?

Sussurra algumas críticas, quase pedindo desculpas.

Ela tem no escândalo do mensalão um excelente instrumento eleitoral para desgastar o governo, mas pouco faz.

Não quer fazer política.

Optou por esperar que algo sobrenatural aconteça, que o governo se desmanche sem ser combatido.

Ao renunciar à política, abdica do Brasil.

Achacadores da esperança, demagogos da miséria, cafetões da pobreza!



Ou: Lá está Suplicy tirando uma casquinha eleitoral da infelicidade alheia!

                       
                        Por Reinaldo Azevedo


Eu vou lhes contar uma história escabrosa.
Espalhem este texto. Debatam-no nas redes sociais. O tema diz respeito a todas as capitais brasileiras e a várias outras cidades médias e grandes.

Os pobres brasileiros viraram massa de manobra de pilantras, de vigaristas, de achacadores da esperança, de cafetões da pobreza, de demagogos da miséria, que farejam as tragédias como os urubus, a carniça. O caso que vou relatar abaixo aconteceu em São Paulo, mas é assim em toda parte, e os leitores do Brasil inteiro — e muitos que há América Latina afora — saberão do que falo.


Há uma ocupação irregular em São Paulo chamada “favela do Moinho”. Fica localizada, como vocês podem ver abaixo, entre duas linhas de trem, que passam a menos de meio metro de muitas casas.


Crianças se espalham pelos trilhos, e a tragédia as espreita — quando, então, aqueles pulhas correrão para encharcar com suas lágrimas asquerosas as vítimas de sua demagogia.


Há laudos demonstrando que o solo está contaminado. Sobre um dos lados do quase trapézio (à esquerda), como vocês podem ver abaixo, há um viaduto. Há barracos embaixo dele. Volto em seguida.

 

Essa imagem localiza o incêndio do ano passado. No começo desta semana, um rapaz brigou com o seu namorado e teve uma ideia: usou um botijão de gás como maçarico e matou seu companheiro estável.


Provocou um incêndio. Justamente embaixo do viaduto. Pelo menos oitenta barracos foram destruídos. As linhas de trem ficaram interditadas por um bom tempo. O elevado teve de ser fechado. Placas de concreto, que se despregaram com o calor, ameaçam desabar.

Quando secretário de Subprefeituras, Andrea Matarazzo tentou remover a favela do local. É evidente que ela não pode ficar ali em razão do risco que representa à segurança dos moradores. Seja pelas linhas do trem, seja pelo solo contaminado, seja pela qualidade das moradias, o risco é permanente.


Não se tratava de dar um pé no traseiro dos moradores e pronto! A Prefeitura se dispôs, inclusive, a pagar aluguel para os que se cadastrassem. Tudo inútil. Armou-se um grande salseiro. Já escrevi dois textos a respeito.

Os supostos “amigos do povo” entraram em ação, acusando a iniciativa da Prefeitura de “higienista” — os mesmos que também tentaram impedir que o estado de direito chegasse à região conhecida como Cracolândia.


O padre Júlio Lancelotti, cujo Deus tem coloração partidária (é do PT!), protestou. Na PUC-SP, formou-se um núcleo de defesa dos moradores do Moinho, como se a intenção da Prefeitura fosse atacá-los.


O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), claro!, se mobilizou. E o senador Eduardo Suplicy (PT), como sempre, foi lá oferecer a sua solidariedade e, por que não?, falar sobre o renda mínima…

Em busca de um cadáver
Muito bem! Na noite de ontem, com as placas de concreto se desprendendo do viaduto, a Prefeitura fez o óbvio: isolou a área e impediu que novos barracos fossem construídos embaixo dele antes que se faça o devido reparo.


Um “líder comunitário”, formado na engenharia da vida — se Lula tem 7.867 títulos de doutor honoris causa, por que não? —, achou que a área isolada era muito grande, entenderam? E mobilizou moradores para impedir o trabalho da Guarda Municipal — que passou a ser hostilizada.

Leiam os textos que saíram nos portais da imprensa paulistana, obsessivamente antitucana, obsessivamente anti-Kassab.

Podem ser “anti-o-que-bem-lhes-der-na-telha”, ora essa! Mas e os fatos?

Quando só depoimentos contra a Guarda Municipal são colhidos, há algo de errado na narrativa. Imaginem se a Prefeitura permite que novos barracos sejam construídos antes dos reparos e se uma placa de concreto cai na cabeça de moradores, o que pode ser morte certa! O mundo vem abaixo.

Mas pergunto: não é justamente cadáveres o que querem esses “amigos do povo”?
A guarda começou a ser atacada. Foi preciso pedir o auxílio da PM. Foram usadas balas de borracha “contra o povo”, como diz o PT. Os companheiros acham que esse recurso é válido quando empregado pelas polícias e guardas sob o comando dos governantes de seu partido ou da base aliada.


Já demonstrei como casos de cegueira em razão do mau uso desse expediente cegaram pessoas em estados governados pelo PT. Procurem no arquivo.

Mas o melhor vem agora. Mal o confronto havia começado, a favela do Moinho se encheu de políticos. Foram pra lá a candidata do PPS à Prefeitura, Sônia Francine, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o deputado Adriano Diogo (PT-SP) e, ora vejam, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).


A cena não poderia estar completa sem a presença do padre Júlio Lancelotti, o que sempre cai de joelhos diante de um homem humilde.


Incrível! Toda essa gente estava sem agenda, à espera, pelo visto, de um “conflito social” para ir prestar a sua solidariedade.

 Pergunto-me: onde andavam esses patriotas, esses amigos do povo, durante a gestão de Marta Suplicy (2001-2004).

Também havia incêndio em favelas naquele tempo. Aliás, muito mais do que hoje em dia. Os números são estes:

2001 – 224

2002 – 169

2003 – 200

2004 – 185
A partir de 2005 — são dados oficiais —, caíram espantosamente as ocorrências:

Gestão Serra

2005 – 151
2006 – 156

Gestão Kassab

2007 – 120
2008 – 130
2009 – 129

2010 – 31

2011 – 79

2012 – 69
O que eu estou sugerindo?

Que o fogo gosta do PT?

Ainda se fosse o contrário…

Não!

Trabalhos de urbanização de favelas e de regularização das instalações elétricas respondem pela diminuição de ocorrências — tudo devidamente ignorado pelo noticiário.

O que faziam os petistas ontem à noite na favela do Moinho? O mesmo que faziam horas depois do incêndio, enquanto os bombeiros ainda realizavam o trabalho de rescaldo: campanha eleitoral em cima da desgraça alheia.


Os barracos destruídos ainda soltavam seus fumos, e uma equipe de TV de Fernando Haddad já estava lá, filmando tudo, na certeza de que aquilo rende votos.

Há, pois, nisso um norte ético, moral mesmo: se as desgraças rendem votos ao PT, infere-se que os terá tanto mais quanto maiores elas forem.

Seus partidários estavam lá, provavelmente, para acelerar a história.

Não! O partido não age assim só em São Paulo. Age assim onde quer que seja oposição. Quando, então, chega ao governo, aí usa com gosto as balas de borracha e o gás pimenta. Em nome da classe trabalhadora, do futuro e dos amanhãs que cantam!

Esse é o país do petralhas que assombra o país dos decentes, ricos ou pobres.
Texto originalmente publicado às 3h39

O Fome Zero americano




Por Olavo de Carvalho

Diário do Comércio 

Se os caros leitores compreenderam o meu artigo anterior (“A engenharia da desordem”), deve ter-lhes ocorrido, ao menos de raspão, a idéia de que o sr. Barack Hussein Obama talvez não estivesse fazendo puro jogo de cena quando, ao encontrar o sr. Lula em Washington D.C., exclamou: “Esse é o cara!”

O presidente americano prometeu imitar o Fome Zero, e não só o fez como vem obtendo, desse empreendimento, resultados perfeitamente simétricos aos alcançados pelo seu colega brasileiro.

        
Nos últimos anos, a economia americana caiu do primeiro lugar para o sétimo na escala de competitividade do Fórum Econômico Mundial.

O desemprego, que em 2008 não passava muito de quatro por cento, já está acima de oito, e a criação de novos empregos é cada vez mais lenta. Comparando números, o colunista Donald Lambro, do Washington Times, conclui que o desempenho do presente governo americano na área trabalhista é o pior desde a II Guerra Mundial (veja o link
).

Em compensação, Obama foi o recordista absoluto na distribuição de dinheiro do governo não só aos pobres como também aos ricos – incluindo um vistoso leque de empresas falidas por má administração e fraudes, em geral pertencentes a seus contribuintes de campanha.

Para isso, sobrecarregou o Estado de mais dívidas do que todos os seus antecessores somados, desde George Washington. É um fracasso colossal, dizem os analistas econômicos. Mas, os utilitaristas que me perdoem, a racionalidade econômica não é a motivação última dos atos humanos.

O que do ponto de vista econômico parece um absurdo pode ser politicamente lógico e sensato, ao menos no sentido maquiavélico da coisa. Um artigo excelente do comentarista Ira Stoll no New York Sun 
mostra que as melhores chances de sucesso do candidato democrata nas eleições de novembro repousam precisamente no descalabro da sua política trabalhista: na primeira gestão Obama, o número das pessoas que vivem de ajuda governamental começou a superar, pela primeira vez na história americana, o das que trabalham e pagam impostos.

Hoje são 46,7 milhões de americanos que recebem vale-alimentação, 8,7 milhões de estudantes bolsistas, mais 7,6 milhões de empregados estatais sindicalizados. Total: 63 milhões de obamistas compulsivos. Quatro milhões acima do número de votos obtidos por John McCain em 2008.

        
Será especulação psicótica, será “teoria da conspiração” suspeitar que houve alguma premeditação por trás de um fracasso tão benéfico à pessoa do seu autor?

Não, quando se leva em conta o seguinte fato: o único emprego que Obama teve na vida, o único ramo de atividade no qual adquiriu alguma experiência, foi o de “organizador comunitário” empenhado na aplicação da estratégia Cloward-Piven.

E essa estratégia consiste, de alto a baixo, na arte de fomentar o desastre econômico para tirar dele proveitos políticos. Expliquei isso num artigo de 2009 publicado neste mesmo Diário do Comércio
.

Que pode haver de tão inverossímil em supor que, na presidência, o homem fez a única coisa que comprovadamente sabe fazer?

         
Aí reside também a diferença entre ele e o seu modelo brasileiro. Lula, para implantar o monopólio político da esquerda e corromper a sociedade inteira, teve de manter a economia funcionando razoavelmente e fazer o possível para cortejar o empresariado, dessensibilizando-o para tudo o que se passasse fora do círculo de seus interesses mais imediatos.

          
Obama, ao contrário do nosso ex-presidente, não encontrou uma massa de miseráveis pronta para ser alistada na sua clientela. Teve de fabricá-la – e não havia como fazer isso senão demolindo a economia, aumentando ao mesmo tempo o desemprego e a dívida pública para que esses dois monstros se alimentassem um do outro até à completa exaustão do organismo nacional.

           
Outra diferença é a posição dos EUA no cenário internacional, que tinha de ser corroída mediante cortes no orçamento militar e o favorecimento inicialmente discreto, depois explícito, às forças inimigas que se levantavam contra governos aliados ou neutros. O assassinato do embaixador americano na Líbia, sincronizado com manifestações anti-americanas na Tunísia, no Iêmen, no Irã e no Egito (onde, para cúmulo, os marines que guardam a embaixada continuam proibidos de portar munição de verdade), é o símbolo condensado da lógica que orienta toda a política do governo Obama.

Essa lógica resume-se na simples aplicação local do mandamento globalista: enfraquecer os Estados no plano internacional e fortalecê-los no plano interno.

Dito de outro modo: desarmá-los contra seus inimigos e armá-los contra suas próprias populações, de modo a fazer deles os cães-de-guarda, ao mesmo tempo dóceis e implacáveis, da nova ordem global.

De sob as cascas dos velhos Leviatãs nacionais  começa a erguer-se, majestosamente sinistro, o Leviatã planetário.


***
           

 Nota: O desenlace sangrento da intromissão dos EUA na Líbia ajudou a grande mídia a abafar pelo menos uma notícia importante: o Instituto de Ciência e Tecnologia de Israel examinou a certidão de nascimento de Barack Hussein Obama divulgada pelo governo americano e confirmou que “é manifestamente falsa” (veja o link
). 

18 de setembro de 2012
 

PT constrange partidos aliados a assinar nota de apelo golpista em favor de Lula e contra a imprensa, contra o STF e contra os fatos!




Circula por aí uma nota de espírito golpista — contra os fatos, contra a imprensa, contra o STF e, pois, contra a democracia — assinada por presidentes de seis partidos políticos

O líder, claro, é Rui Falcão, chefão do PT


 Leiam o texto. Volto em seguida.

Por Reinaldo Azevedo


À SOCIEDADE BRASILEIRA


O PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e PRB, representados pelos seus presidentes nacionais, repudiam de forma veemente a ação de dirigentes do PSDB, DEM e PPS que, em nota, tentaram comprometer a honra e a dignidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Valendo-se de fantasiosa matéria veiculada pela Revista Veja, pretendem transformar em verdade o amontoado de invencionices colecionado a partir de fontes sem identificação.

As forças conservadoras revelam-se dispostas a qualquer aventura. Não hesitam em recorrer a práticas golpistas, à calúnia e à difamação, à denúncia sem prova.

O gesto é fruto do desespero diante das derrotas seguidamente infligidas a eles pelo eleitorado brasileiro. Impotentes, tentam fazer política à margem do processo eleitoral, base e fundamento da democracia representativa, que não hesitam em golpear sempre que seus interesses são contrariados.

Assim foi em 1954, quando inventaram um “mar de lama” para afastar Getúlio Vargas. Assim foi em 1964, quando derrubaram Jango para levar o País a 21 anos de ditadura. O que querem agora é barrar e reverter o processo de mudanças iniciado por Lula, que colocou o Brasil na rota do desenvolvimento com distribuição de renda, incorporando à cidadania milhões de brasileiros marginalizados, e buscou inserção soberana na cena global, após anos de submissão a interesses externos.

Os partidos da oposição tentam apenas confundir a opinião pública. Quando pressionam a mais alta Corte do País, o STF, estão preocupados em fazer da ação penal 470 um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula .

A mesquinharia será, mais uma vez, rejeitada pelo povo.


Rui Falcão, PT

Eduardo Campos, PSB

Valdir Raupp, PMDB

Renato Rabelo, PCdoB

Carlos Lupi, PDT

Marcos Pereira, PRB.


Brasília, 20 de setembro de 2012.


Voltei
Vamos ver. A maioria dos presidentes de partido foi constrangida a assinar a nota. Quem os mobilizou falou pessoalmente em nome de Lula. Ficou claro que era um favor de caráter pessoal.

Quanto ao mérito, dizer o quê? “Fantasiosas” são as convicções democráticas dos que promoveram essa peça patética — mais um desdobramento da loucura que vai tomando conta de Lula.

Golpista é roubar dinheiro do Banco do Brasil para financiar um projeto de poder. Golpista é tentar montar um Congresso paralelo, sustentado por uma propinoduto. Golpista é tentar intimidar o Supremo. Golpista é tentar calar a imprensa livre.

Golpismo, no entanto, inútil. Pela maioria de suas vozes, o Supremo deixa claro que zela por sua independência. A imprensa independente, por sua vez, continuará a fazer o seu trabalho: retratar os fatos, zelar pela verdade e vigiar os Poderes da República, tendo como referência a Constituição.


Golpistas de 1954?

Golpistas de 1964?

Essa nota é assinada pelo PMDB, de que José Sarney, aliado dileto de Lula, é um dos capas-pretas?

Seria aquele mesmo Sarney que foi estrela da UDN, que fez oposição severa a Getúlio, e que presidiu depois o PDS (partido sucedâneo da Arena) e que comandou os votos governistas na rejeição da emenda das Diretas?

Trata-se de uma apreciação, também ela, fantasiosa e ridícula.

Os signatários que apenas fazem um favorzinho pessoal a Lula não se dão conta de que põem sua assinatura num documento que tenta, a um só tempo, constranger a imprensa e a Justiça.

Uma tentativa, acreditem vocês e os signatários, inútil.


20/09/2012



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Eis as provas cabais da existência do Mensalão





* Miriam Leitão – Globo, 19

Resumo feito pelo ex-prefeito Cesar Maia
1. No voto sobre o núcleo político, o relator Joaquim Barbosa começou pelo PP. Isso derruba, por absurda, a tese de que a distribuição de dinheiro era "apenas" para pagamento de gastos de campanha. Como o PP apoiou o candidato José Serra, em 2002, se a versão dos acusados fosse verdadeira, o PT estaria se endividando para pagar as contas da campanha dos seus adversários.


2. O PT, de Lula, o PL, de José Alencar, e o PCdoB, juntos, elegeram apenas 129 dos 513 deputados. Para aprovar uma PEC exige-se 308 votos, uma MP, 257. A estratégia governista foi manter o PT e os partidos mais ideológicos com o mesmo tamanho e inchar os partidos mais fisiológicos que aderiram à coalizão de governo. Os partidos de oposição foram lipoaspirados.


3. Assim, entre a eleição de 2002 e setembro de 2005, o PTB — que havia apoiado Ciro no primeiro turno — saiu de 26 para 46 deputados, o PL saiu de 26 para 47 deputados. O PMDB fora parte da chapa de José Serra, com Rita Camata candidata à vice. Elegeu 74 deputados. Perdeu quatro até a posse, ficando com 70. Aderiu ao governo e ganhou 17.


4. Já os partidos mais tradicionais de esquerda, PT e PCdoB, ficaram do mesmo tamanho. O PSB, que tinha disputado com o candidato Garotinho, e o PPS, que lançou Ciro Gomes, ficaram do mesmo tamanho. O valerioduto irrigou principalmente os partidos fisiológicos, que incharam. 


Ricardo Lewandowski, a lavagem de dinheiro e por que seu voto, se triunfar, passa a mão na cabeça de políticos corruptos




Por Reinaldo Azevedo

Ricardo Lewandowski deve absolver todo mundo do crime de lavagem de dinheiro. Segundo o ministro, para que pudesse haver lavagem de dinheiro, seria necessário que aquele que recebeu o dinheiro agisse de modo deliberado para escondê-lo. Sem isso, diz, seria punir alguém duas vezes pelo mesmo crime, o tal “bis in idem”. Diz ainda que o recebedor dos recursos teria de saber que o dinheiro tinha origem ilícita — e não haveria provas disso, diz ele.

É uma consideração que tem consequências. Boa parte dos políticos é acusada de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Três condenações podem levar um réu à cadeia, mas duas não. Lewandowski deu ainda pistas de que pode inocentá-los também de formação de quadrilha.

A tese de que aqueles que recebiam dinheiro não sabiam necessariamente de sua origem ilícita é, para dizer pouco, risível. Diz que se trata de mera ilação. Ora, se o dinheiro não tinha origem ilícita, por que todas aquelas heterodoxias para sacá-lo? Tenham paciência!

Em tempo: Lewandowski condenou Pedro Correa por corrupção passiva, mas inocentou Pedro Henry. Só tratará da lavagem de dinheiro ao fim do seu voto.

Seu voto, embora severo na questão da corrupção passiva — mas sempre deixando claro que está seguindo o tribunal, sugerindo que seu entendimento é outro —, se triunfante, passa a mão na cabeça dos políticos.
20/09/2012


Tratam o Supremo como uma facção partidária em vias de cometer crimes de lesa-pátria apenas porque seus interesses e expectativas estão sendo contrariados


Vergonha alheia


Dora Kramer
O Estado de S.Paulo
Abobado

Tudo bem, o senador Jorge Viana, o presidente da Câmara, Marco Maia, e companhia bela resolveram transitar na contramão, senão da História, porque esta não se faz de imediato, mas da lógica. É um direito que os assiste.

Atacam o Supremo Tribunal Federal, reclamam da imprensa e denunciam "preconceito das elites" sem levar em conta que reagem na realidade às consequências de atos cometidos pelo próprio partido.

Os juízes fazem justamente o que desde sempre se cobra da Justiça: a aplicação rigorosa da lei sem olhar a quem.

Maia chama de falacioso (capcioso, intencionalmente enganador) o voto do relator Joaquim Barbosa que reconhece a existência da compra de apoio de partidos ao primeiro governo Lula.

Viana fala em "golpe" contra o PT e o secretário de comunicação do partido, André Vargas, aponta "risco para a democracia" nas transmissões ao vivo das sessões do STF.

Graças à bem articulada transição democrática da qual o PT se afastou quando renegou o sentido da eleição indireta de Tancredo Neves como ato de imposição de derrota política à ditadura, o País vive desde o século passado em estado de liberdade plena.

Defendem-se quaisquer ideias e teoricamente ninguém tem nada com isso. É sagrado todo direito, inclusive ao esperneio.

Afastada a ameaça à democracia apontada pelo deputado Vargas, uma vez que a transmissões do que se passa no tribunal é garantia do preceito constitucional da transparência, resta sempre o risco do ridículo.

O que dirão os autores das pesadas críticas ao Supremo se ao fim do julgamento houver absolvições inesperadas?

E se não prevalecer totalmente a posição do relator Joaquim Barbosa? Se, por hipótese, José Genoino for considerado mero "mequetrefe" e José Dirceu não puder ser enquadrado na categoria "chefe de quadrilha" por falta de provas? Como ficarão os difamadores do STF?

É uma possibilidade remota? É altamente improvável, mas não impossível.

Nesse caso os detratores virarão defensores da Justiça do Brasil. Portanto, até como precaução – uma vez que parece inútil pedir respeito à Corte – seria conveniente que prestassem atenção ao que fazem.

Tratam o Supremo como uma facção partidária em vias de cometer crimes de lesa-pátria apenas porque seus interesses e expectativas estão sendo contrariados.

Condenações havendo de cima a baixo, que fique bem claro: não terão sido produto de arbítrio, mas de decisão da Justiça. Do mesmo tribunal tão festejado por decisões tidas como inovadoras em outros campos que não o da política (ciência, costumes, direitos sociais), cuja atuação tem ido muito além da guarda da Constituição e da representação da cúpula do Poder Judiciário.

Depois de longos períodos de restrição de autonomia por força de governos arbitrários, desde 1988 o Supremo vem se aperfeiçoando no papel a ele conferido pela nova Carta: a de indutor da construção de um modelo mais avançado de relação entre Estado e sociedade.

É um ganho para todos.

Independentemente de governos e partidos.

Estes passam, mas a República permanece.

20 setembro, 2012


O ÓDIO DE LULA - DO BERÇO AO TÚMULO A ÚNICA DIRETRIZ






Assistindo à derrocada do lulo-petismo, mais especialmente à derrocada do próprio lula, cabe aqui uma reflexão;
O QUE MOTIVOU ESSA MUDANÇA?


O que levou o vitorioso e festejado "Melhor Presidente que o Brasil já Teve", e o seu partido, "o Partido Que cuida dos Pobres" a cair no descrédito que se vislumbra, a ponto de estar correndo o risco de sofrer uma derrota eleitoral sem precedentes?

A resposta pode estar na origem do lula.

Ao vir para São Paulo, o pernambucano luis inacio trouxe na sua mala, além de umas poucas roupas, ÓDIO ... MUITO ÓDIO.

O ódio pelo seu passado de pobreza o acompanhou até sua chegada à presidência da república, e, embalado por ele, estimulou o ódio e a divisão de classes como forma de governar, uma coisa jamais noticiada na política brasileira.

Cercado de gente (?) de índole semelhante, o retirante luis inacio deu vazão total ao seu ódio ao país e permitiu que estes assaltassem os cofres públicos, conquanto o apoiassem na sua fúria destruidora, e durante 8 longos anos iludiu aos que o tinham como o lider que os redimiria da pobreza e os levaria à vitória na luta contra o seu grande inimigo; A DESIGUALDADE SOCIAL.

Passados estes anos todos, os seus seguidores acordaram num mundo muito mais desigual.

Os sonhos de riqueza alimentados por discursos inflamados foram se desvanecendo a cada prestação não honrada, a cada carta de cobrança recebida, e então, o povo percebeu o tamanho do engodo em que caíra.

Esse povo símples, que acreditou no discurso odioso de seu suposto líder, está dando a resposta que é devida a qualquer político que chegue ao poder através de expediêntes como os que lula usou; o DESPRESO NAS URNAS.

O nascido luis inacio da silva se transformou em Lula da Silva, Presidente do Brasil sem que tivesse se livrado de seu ódio, e por conta dele fez escolhas erradas, tanto com os amigos, pois preferiu os cúmplices, como em suas emoções, pois preferiu comemorar a derrota dos seus inimigos a festejar uma vitória sua,

Lula teve a melhor das oportunidades para reescrever o enredo da sua vida, firmando-se como um homem do bem ao trabalhar para melhorar a vida dos seus iguais, mas ao contrário, preferiu trilhar o caminho do ódio e está recebendo o justo troco

A sua biografia de retirante pobre em nada será alterada para melhor, ao contrário, a história é impiedosa com os que procuram distorcê-la, e ele não será poupado de ser apontado como o homem que institucionalizou a corrupção para com isso satisfazer seus delírios de poder e saciar o seu ódio desenfreado.

Do presidente vitorioso e imbatível de outrora restou apenas o que se vê na foto acima, um homem acuado, assustado com as derrotas que as urnas irão lhe proporcionar neste e em outros anos, e no olhar uma mistura de medo e ódio estampados.

Como bem lembrou o Reinaldo Azevedo num comentário de hoje, “Quos volunt di perdere dementant prius.” OS DEUSES TIRAM A RAZÃO DAQUELES A QUEM QUEREM DESTRUIR.


20 de setembro de 2012

Uma anatomia da loucura de Lula


 

Por Reinaldo Azevedo

Os deuses primeiro tiram a razão daqueles a quem querem destruir.

“Quos volunt di perdere dementant prius.”

Já lembrei aqui este adágio latino a Lula, mas ele, claro!, não me ouve. No que, do seu ponto de vista, faz muito bem! Se ouvisse, creio que não teria sido eleito presidente da República, porque eu, por óbvio, teria reprovado, como reprovo, os métodos a que recorreu para construir seu partido, para se eleger e para se manter no poder. E é assim não é de hoje — desde quando, ainda bem jovem, rasguei a minha filiação, apostando que ele chegaria ao poder. Foi quando criei a expressão “burguês do capital alheio” (eu ainda era de esquerda) — e, aí sim, tive uma antevisão: não será bom para as instituições e para a verdade dos fatos.

Em seus oito anos de mandato, Lula já havia depredado a história o bastante. Um dia, creio, a onda estupidificante petista na academia reflui, e se poderá, então, serenamente, narrar o que se deu. De todo modo, o Apedeuta encerrou seus oito anos de poder elegendo sua sucessora, o que é uma conquista e tanto. Uma aposentadoria política digníssima se lhe afigurava, com o mito relativamente preservado. MAS NÃO! O DIABO É QUE, NA CABEÇA DE LULA, SUA OBRA ESTÁ INCOMPLETA.

Ainda há no Brasil, vejam que ousadia!, quem lhe faça oposição intelectual — não me refiro aos partidos, não! — e quem não esteja disposto a se ajoelhar a seus pés. Ainda há no Brasil setores que ele considera recalcitrantes, que merecem a pecha de “golpistas” porque ousam não concordar com ele. Ainda há no Brasil, por exemplo, uma imprensa livre também no espírito, não apenas na letra da lei. Se o PT foi malsucedido no seu esforço de criar um mecanismo de censura, sabe, no entanto, que foi muito bem sucedido em tornar influentes alguns de seus valores, hoje bovinamente repetidos por franjas engajadas também da grande imprensa. Há dias, li em dois grandes jornais textos de “analistas” que afirmavam, por exemplo, literalmente, que “ninguém ganha com a guerra entra bandidos e polícia em São Paulo”. Ainda preciso escrever um texto só sobre esse assunto. Imaginem vocês… Quando alguém escreve essa enormidade, está a igualar os dois lados da suposta “guerra”, vislumbrando, então, a necessidade de uma “pax”; o que se está a pedir é uma solução negociada com os… bandidos! Mas não quero me desviar do foco.

Lula poderia estar exercendo dignamente o seu papel de ex-presidente — ele prometeu, como sempre, ser muito melhor do FHC nisso também… É o que vemos? Não! Dias antes de encerrar seu mandato, anunciou que ele próprio investigaria essa história de mensalão, sustentando ser uma grande tramoia da oposição. Passou a se articular freneticamente nos bastidores para impedir que o Supremo Tribunal Federal cumprisse seu papel. No encontro com um ministro, falou abertamente a língua da chantagem. Conversas de Marcos Valério, reveladas por reportagem de VEJA, informam que aquele que sempre esteve no controle do mensalão (segundo o publicitário), dava garantias que só poderiam sair da boca de um tirano. O Supremo estaria no bolso.

Em associação com José Dirceu e com outros “duros” do PT, armou a CPI do Cachoeira não para investigar falcatruas — o que seria meritório; mas está aí a Delta, protegida pelos petistas —, mas para intimidar a oposição e, de novo!, a imprensa. Lula apostou tudo na comissão. Era o seu bilhete premiado para as eleições de 2012 e de 2014! Não haveria de sobrar pedra sobre pedra dos oposicionistas, da imprensa livre, da Procuradoria-Geral da República — lembrem-se de que Collor foi o escalado para atacar Roberto Gurgel — e do próprio Supremo.

Dos bastidores, chegavam os ecos trevosos: “Não haverá julgamento! Isso irá para 2013 e, de 2013, para nunca mais!”. Ao mesmo tempo, ainda que a presidente Dilma negue (e ela nega), o seu próprio governo passou a entrar no radar do lulismo. O Apedeuta não concordava com a ideia de uma “faxina ética”, na qual a presidente surfou. Isso fazia parecer que seu governo era condescendente (ora vejam!) com a corrupção.

O Babalorixá de Banânia, como sabem, havia prometido “desencarnar”, para empregar o verbo a que ele próprio recorreu, mas quê… Foi tomado, assim, por uma espécie, se me permitem, de paixão carnal do espírito. A história política de Lula também poderia ser contada a partir dos seus ódios. E poucos são capazes de odiar como ele. Ao longo de sua trajetória política, à diferença do que muitos pensam, não liquidou apenas adversários políticos, não! Também destruiu aliados. Para tanto, bastava-lhe ser contrariado. E, como ninguém, soube, desde os tempos de sindicato, usar as falhas alheias e as circunstâncias em benefício próprio e na construção de sua própria mitologia.

Lula poderia, reitero, estar curtindo a sua aposentadoria, mesmo depois do drama pessoal que viveu com a doença — e até por isso também —, mas ele não se entende fora do poder e da disputa pelo poder. Reparem que passou oito anos demonizando FHC, usando a estrutura do estado para atingir a reputação do antecessor. Como nunca, vimos uma máquina de publicidade oficial dedicada de modo contumaz à mentira. Lula tem menos prazer em vencer do que em derrotar o outro. Isso distingue, devo lembrar, um governante virtuoso de um tirano. E Lula só não é esse tirano porque as instituições que herdou não lhe permitiram. Ele as depredou e infiltrou nelas germens do mal — inclusive no Supremo —, mas não conseguiu subordiná-las a suas vontades.

Enlouquecendo
Tentou fazer da CPI a razia final contra o que resta de oposição e contra a imprensa. Não deu! Tentou destruir a reputação do procurador-geral da República. Não deu. Tentou macular a independência do Supremo. Não deu. Tentou se construir como a alternativa a Dilma (“caso ela não queira disputar a reeleição”, ele sugeriu…). Não deu. Tentou impedir o julgamento dos mensaleiros. Não deu. Tentou criar uma mentira sobre aqueles fatos escabrosos. Não deu. Tenta agora eleger Fernando Haddad em São Paulo para ter como chantagear depois o próprio governo Dilma. O jogo não está jogado, mas está difícil. Sai Brasil afora a vociferar contra candidatos a prefeito de partidos de oposição, numa espécie de guerra santa desesperada contra os dragões da maldade. O resultado, por enquanto ao menos, não é muito animador. Ainda que seu projeto paulistano dê certo — não parece que vá —, o PT pode sair dessa disputa municipal menor do que entrou.

E eu ousaria dizer que o principal culpado pelas dificuldades que o partido passou a enfrentar é Lula. Acostumado a jamais ser contestado — e pobre daquele que a tanto ousar —; incensado como dotado de uma intuição genial, que lhe teria sido transmitida pelo leite materno por mãe nascida analfabeta (a minha já nasceu citando Schopenhauer no original…); aplaudido por gente como Marilena Chaui como aquele que, ao falar, ilumina o mundo; recentemente reverenciado por Marta Suplicy como o próprio “Deus” (nada menos!), Lula foi perdendo a razão, caminho certo para a autodestruição.

É claro que ele não vai acabar. Continuará a ser uma pessoa influente na política e no PT por muito tempo. Mas é o mito que passa — e, nesse particular, sua loucura é um bem para o país — por um processo acelerado de corrosão. Talvez ainda se elegesse presidente no primeiro turno (em São Paulo, quem está na frente é Russomanno, afinal…), mas são as suas virtudes demiúrgicas junto a setores influentes da política que estão se esfarelando.

Lula errou feio. Errou quando decidiu emparedar o Supremo. Errou quando decidiu emparedar a imprensa livre. Errou quando decidiu usar uma CPI como instrumento de vingança. Errou quando decidiu que basta mandar para o eleitor obedecer. Errou quando decidiu ser um condestável da República, disputando influência com a própria presidente da República.

Errou feio, em suma, quando acreditou que, de fato, era Deus. E ele é apenas um homem, mais falível, em muitos aspectos, do que a esmagadora maioria. Afinal, o destino lhe sorriu e lhe foi dado governar um país por oito anos. Poderia ter seguido seu antecessor num particular: entregar instituições mais sólidas do que encontrou. Ele preferiu depredá-las de forma sistemática, contínua e dedicada.

Lula, quem diria?, ainda será o melhor biógrafo de Lula. A ambição desmedida do homem acabará por revelar os pés de barro do mito.

20/09/2012