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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

LEGITIMAÇÃO DO MAL




Maria Lucia Victor Barbosa

Os recentes atos terroristas perpetrados na França por fundamentalistas islâmicos levam a reflexões importantes, pois envolvem situações globais que atingem indivíduos isoladamente ou mesmo populações inteiras.

Para começar lembremos que a liberdade é essencial à vida, uma espécie de oxigênio que permite viver com dignidade. É fruto da sociedade ocidental capitalista, do Estado Liberal que evoluiu para o Estado Democrático de Direito. É um bem precioso que foi conquistado aos poucos, lembrando que sistemas totalitários como o comunismo e o nazismo extinguiram a liberdade e massacraram os que tentaram exercê-la, assim como os regimes ditatoriais.

Mas existe limite à liberdade de expressão? Pode a mídia ser antissemita, racista, achincalhar, insultar, tripudiar sobre valores incluindo os religiosos? E não me venham dizer que não posso perguntar isso ou que estou do lado do terror. Tenho direito de me expressar livremente enquanto o ministro petista Berzoine não baixar a cesura total.

Que fique bem claro de minha parte, que as charges sem graça e de péssimo gosto jamais justificariam a chacina dos chargistas levada a cabo pelos irmãos terroristas Chérif e Said Kouachi, na redação do jornal Charlie Hebdo, em Paris. Defender o terrorismo e legitimar o mal é característica da esquerda primitiva e acéfala que culpa os franceses, os Estados Unidos, os judeus, a islamofobia, a direita pelos brutais assassinatos em nome da fé. Tudo indica que os grupos fundamentalistas sendo totalitários, expansionistas, tribais, medievais atraem irresistivelmente a esquerda que encontra naquelas organizações fanáticas ecos do seu próprio modo de ser, identificando-se com as mesmas.

Seguiram-se às mortes dos jornalistas o assassinato de quatro judeus em um supermercado Kosher, pelo terrorista, Amedy Coulibaly e sua amante, Hayat Boumeddiene. As quatro vítimas chamavam-se: Yoav Hattab, 21, Yohan Cohen, 20 (que salvou uma criança de três anos quando lutou com o terrorista), Philippe Braham, 45 e François Saada, 64.

Lembra Gilles Lapouge sobre os judeus na França (O Estado de S. Paulo, 14/01/2015), que “fundidos na sociedade francesa e sentindo-se franceses até a raiz dos cabelos, seus talentos (Bergson, Lévi-Strauss, Mendés France, Léon Blum, Montaigne e outras milhares de centenas de pessoas) levaram à incandescência o gênio da França, à beleza de sua civilização – excluindo, claro, o vergonhoso espetáculo da ocupação nazista (1940 – 44) quando o general Pétain empreendeu uma campanha de perseguição aos judeus”.

Contudo, passado um dia ou dois dos ataques terroristas tudo voltou ao normal e as afrontas, as agressões e ameaças aos judeus se multiplicaram. Uma contradição, sem dúvida, pois se milhões de franceses foram às ruas para defender a liberdade de expressão, por que alguns negam a outros a liberdade de existir?

Um dos irmãos Kouachi também matou o policial Ahmed Merabet, um mulçumano que ferido e deitado no chão pediu clemência, mas levou um tiro na cabeça. Coulibaly, um dia antes de entrar no Koscher atirou em dois policiais, sendo que a agente Clarissa Jean-Philippe, de 25 anos, morreu.

Os franceses acorreram às ruas para defender um valor que lhes é caro, a liberdade ou para defender sua sobrevivência. Afinal, o ato terrorista se seu dentro do seu território e atingiu o chamado Quarto Poder. Porém, há uma legitimação do mal que não é só apanágio da esquerda diante das facções jihadistas ou guerra santa. Afirmo isso porque houve mais espanto do que manifestações mundiais quando emissários de Bin Laden derrubaram as Torres Gêmeas em 11 de novembro de 2001. Atualmente ninguém se comoveu com o sequestro e assassinato de três jovens Israelense, ao que tudo indica pelos terroristas do Hamas cujo objetivo é dar fim a israel. Mulçumanos matam mulçumanos e fica por isso mesmo entre eles. O Boko Haram sequestra jovens que são estupradas, mantidas como escravas, vendidas, além de dizimar populações inteiras a ferro e fogo, algo que parece apenas uma notícia longínqua que não interessa a ninguém. Outras facções do Islamismo radical seguem atuantes como o Taleban e agora entra em cena o Estado Islâmico com seus degoladores, crucificadores de cristãos, experts em todo tipo de atrocidades. Isso se dá sob a indiferença, legitimação ou aceitação das maiorias que aguardam sua vez de se submeter. Afinal, Islã quer dizer submissão.

Está na hora do mundo se movimentar para valer em vez de ficar esperando a ação dos Estados Unidos para depois criticá-la. E nem menciono o Brasil porque aqui a governanta quer diálogo com o terror, como se isso fosse possível, enquanto já se diz que fundamentalistas recrutam jovens em nossas favelas. Só falta Maria do Rosário declarar que terroristas desumanos têm direitos humanos.


Maria Lucia Vitor Barbosa é socióloga.
mlucia@sercomtel.com.br
www.maluvibar.blogspot.com.br


16/01/2015

Nova denúncia do Jayme "Careca": diretor da Petrobras teria transformado piscina em cofre forte


Jayme "Careca" é o mesmo policial que acusou de forma mentirosa o senador Antonio Anastasia (PMDB-MG).

A matéria abaixo, bem como a reprodução acima, são da Folha de São Paulo.

Por O EDITOR


Em seu depoimento à Polícia Federal, o policial afastado Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca, disse ter ''ouvido'' que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria aterrado uma piscina em sua casa, no Rio de Janeiro, para guardar dinheiro.


Ainda não é possível saber o que os investigadores fizeram com a vaga informação fornecida por Careca. Mas uma comparação entre imagens aéreas antigas e recentes do local mostra que, de fato, uma piscina desapareceu do imóvel de Costa, que fica num condomínio na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio).


No local onde havia um nítido quadrado azul rodeado de um piso claro, bem na entrada de sua residência, há agora só um gramado plano. Conforme o histórico de imagens de satélite do Google Earth, recurso disponível para quem faz download da ferramenta, a casa de Costa ainda era equipada com a piscina em 17 de setembro de 2009. A imagem mais nítida da piscina, feita três meses antes, é a que ilustra esta reportagem. Em 18 de janeiro de 2010, porém, a piscina já não estava mais lá. Nesta quinta-feira (15), a Folha sobrevoou o local. Na foto mais recente, feita pela reportagem, também só é possível identificar um gramado.


Preso na sétima etapa da Operação Lava Jato, em novembro, mas já em liberdade, Careca trabalhava como carregador de dinheiro para o doleiro Alberto Youssef, detido até agora. Ele respondeu questionamentos sobre o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras no dia 18 de novembro.


CONTATO

No depoimento, disse que não mantinha contato com Costa, mas com seu genro, Márcio Lewkowicz. "Conheço o Márcio da loja de móveis que ele tem em Ipanema. Era a pessoa para quem eu entregava o dinheiro", disse. O agente federal afirmou ter entregue ''umas seis vezes'' dinheiro ao genro de Costa, mas não soube informar os valores. Ele negou frequentar a casa do ex-diretor da Petrobras: "Não sei nem onde fica'', afirmou.


Indagado sobre o local onde Costa guardava o dinheiro que lhe era entregue através do genro, disse supor que os montantes eram levados para casa. Foi aí que o policial, voluntariamente, levantou a questão da piscina. "Posso acrescentar que já ouvi informações que, antes de sua prisão, Paulo Roberto possuía uma piscina em sua residência na Barra da Tijuca, onde está preso atualmente. Ouvi dizer que a mesma foi aterrada antes da sua prisão e que possivelmente ele teria guardado valores onde existia a piscina", afirmou.


Costa foi preso na Operação Lava Jato, mas deixou a cadeia após firmar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal no ano passado. Atualmente ele cumpre prisão domiciliar em sua casa --agora desprovida de piscina-- na Barra da Tijuca. O imóvel foi comprado por ele em julho de 2002.


A Folha procurou o advogado de Costa, João Mestieri, para comentar a declaração de Careca. Na quarta (14), ele disse que só falaria com seu cliente no dia seguinte e faria o possível para dar algum esclarecimento à reportagem. Nesta quinta, ele não respondeu aos recados deixados em seu escritório, no celular e em seu e-mail. A assessoria de imprensa do advogado também não respondeu. A Folha não localizou o genro de Costa.


16.01.2015


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

PT tenta mudar o conteúdo da minha criação e transformar “petralha” em algo positivo




Por Reinaldo Azevedo

O PT resolveu mobilizar a sua tropa para mudar a imagem do partido. Sabem como é… Ultimamente, esses patriotas protagonizaram o caso dos aloprados, o do mensalão, o do petrolão… Nunca antes na história deste país, desde que criei o termo “petralha”, a palavra foi tão atual, tão presente, tão verdadeira.

Só para lembrar: o termo, já dicionarizado, junta as palavras “petista” e “metralha” — numa alusão aos Irmãos Metralha, a quadrilha. Desde o primeiro dia, deixei claro, o termo “petralha” não define todo e qualquer petista: só aqueles que justificam o roubo de dinheiro público. Alguém poderá dizer: “Ah, mas não existe petista de outro modelo”. Se não existir, então todos são mesmo “petralhas”.

A palavra incomoda. Sou alvo do ódio eterno da companheirada. A coisa pegou. Fugiu ao meu controle. Nem tanto porque eu seja influente, mas porque o petralhismo se tornou um norte moral da cambada.

Vejam isto:




Não pensem que se trata de uma piada — até é, mas involuntária. Essa é uma página do Facebook que pertence ao próprio PT. O partido decidiu mudar o sentido da minha criação, incorporado o “petralha” como coisa positiva.

Como bem notou a minha mulher, nem os companheiros tiveram a coragem de acrescentar o adjetivo “honesto” à lista de qualidades de um “petralha”…



15/01/2015

A Pátria Educadora desgovernada pela presidente que não diz coisa com coisa tem um ministro da Educação mal-educado, 13 milhões de analfabetos e meio milhão de 500 mil estudantes nota zero em redação

 Direto ao Ponto

Augusto Nunes
 

Charge: Sponholz




14/01/2015


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Nestor Cerveró é preso pela Polícia Federal no Rio


Acusado de corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato, ex-diretor da Petrobras foi detido ao desembarcar no aeroporto após viagem a Londres
Veja.com

 
Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras (Eraldo Peres/Reuters)

Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, foi preso pela Polícia Federal no início da madrugada desta quarta-feira no aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Cerveró foi detido por volta de 0h30 ao desembarcar de uma viagem a Londres. Acusado de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato, que apura o esquema de corrupção na Petrobras, o ex-diretor da estatal tinha depoimento marcado para quinta no Ministério Público Federal do Rio. Cerveró será transferido para Curitiba, base das investigações da Lava Jato, ainda nesta quarta.



Em declaração para a GloboNews, o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, afirmou que ainda não conhece a fundamentação para a prisão preventiva, mas que "estranha" a detenção de seu cliente. "Eu entendo que não existe motivo para a prisão, já que ele informou às autoridades sobre a viagem e retornou para prestar o depoimento", disse Ribeiro.

Propina – De acordo com a acusação contra Cerveró, aceita pela Justiça em dezembro, o ex-diretor recebeu 15 milhões de dólares, a partir da mediação do lobsita Fernando Baiano, para a consolidação de um contrato com a Samsung. Depois de ter embolsado a propina, Cerveró, na condição de diretor da Área Internacional da Petrobras, recomendou à Diretoria Executiva da estatal a contratação da empresa sul-coreana por 586 milhões de dólares.

Em uma segunda etapa, por meio de Fernando Baiano, Cerveró teria recebido mais 25 milhões de dólares para que a Samsung conseguisse um contrato para o fornecimento de outro navio sonda para perfuração de águas profundas ao custo de 616 milhões de dólares. O total de 40 milhões de dólares em vantagens indevidas, que o empresário Julio Camargo afirma ter sido destinado a Fernando Baiano, terminou, segundo apuração do Ministério Público, nas mãos de Cerveró.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Eu convido o Islã a chegar ao século 21. Quem topa? Ou: O gênio de Churchill, a idiotia de Edward Said e a delinquência de Tariq Ali. Ou: Não sou “Charlie Hebdo”; o “Charlie Hebdo” é que é parte, e só parte, do que somos


 Por Reinaldo Azevedo

Culpar o Alcorão pelos ataques terroristas havidos na França é, de fato, ridículo. Livros não matam ninguém. As ideias, ah, estas, sim, podem produzir grandes desastres. Ainda bem que, ao longo do tempo, as exegeses judaica e cristã se encarregaram de interpretar, à luz da vida, não da morte, a vontade de Deus, que pedira a Abraão que sacrificasse Isaac — o filho que veio depois de tão longa espera. Na hora “h”, como sabemos, o Senhor conteve a mão do pai, e Isaac não foi imolado no altar da fé. Também Jó não resta como um bom exemplo, como posso dizer?, social e psicologicamente justo para testar a fidelidade de um crente. Textos religiosos são alegorias de sentido moral.

Os convertidos a uma fé que estão livres do demônio do fanatismo entendem que aquelas situações arquetípicas são divinamente inspiradas. Elas nos transmitem um valor, não um exemplo a ser seguido. No que concerne à linguagem — metafórica, alegórica, metonímica —, não há diferença entre Esopo, os narradores da Torá, os evangelistas ou Maomé. O que os diferencia é a crença de milhões de que um conjunto de palavras, e não outro, retrata uma vontade superior, além do alcance puramente humano, onde está o fabulista Esopo.

Livros, com efeito, não matam ninguém, mas as religiões ou ideologias que eles inspiram, a estas podem fazer pilhas de cadáveres. Seria inútil fazer um cotejo entre os Textos Inspirados dos três grandes monoteísmos — judaísmo, cristianismo e slamismo — para saber qual investe mais na paz ou na guerra. Há de tudo em todos eles. Ainda que a Santa Inquisição tenha matado muito menos do que Robespierre, por exemplo, como justificar as decisões do Tribunal do Santo Ofício? Folgo que inexistam hoje, que se conheçam, admiradores da fogueira purgatória. Mas como ignorar que os descendentes do poeta da guilhotina continuam por aí? O fundamentalismo cristão, felizmente, é residual e sem importância. Já os filhotes de Robespierre ainda são muito influentes. Sigamos.

Sim, é, de fato, ridículo atribuir ao Alcorão os atentados terroristas na França, mas indago: por que havemos de ser nós, os cristãos — ou os ateus e agnósticos dos países de maioria cristã — a proclamar essa verdade? Onde estão as autoridades religiosas do islamismo para condenar, atenção!!!, não apenas os ataques terroristas, mas também a força que os legitima aos olhos — e crenças — de muitos milhões?

Ora, acusar a barbárie dos dois atos terroristas que deixaram 17 mortos é tarefa relativamente fácil, mas cadê as vozes relevantes do mundo islâmico para falar em defesa da liberdade de expressão, do direito à crítica, da pluralidade religiosa? Não existem! Lamento, mas é impossível ser honesto intelectualmente e, ao mesmo tempo, sustentar que os valores hoje influentes do islamismo são compatíveis com a ordem democrática. Neste ponto, alguém poderia dizer, e com razão: “Ora, também as narrativas de sua Bíblia se chocam com o mundo dos fatos”. É verdade. Mas pergunto: que país impõe ao conjunto dos cidadãos os rigores da “minha” Bíblia? Alguém é capaz de um citar um que seja?

Esse é um bom momento para um tolo provocador produzir obscurantismo em vez de luzes. O bobo costuma lembrar que a Igreja Católica reconheceu só em 1992 que errou ao condenar Galileu Galilei, depois de 350 anos. Para todos os efeitos, até essa data, para a Santa Madre, o Sol é que girava em torno da Terra. Pois é… Em 1992, quantas eram as universidades e escolas católicas mundo afora — e a Igreja é a maior instituição de ensino do planeta — que defendiam o geocentrismo? Os médicos e cientistas de seus hospitais produziam e produzem ciência, não proselitismo religioso.

Eu estou aqui a perguntar onde estão os reformadores do Islã. E notem: nem peço a eles que passem a considerar islamicamente legítimo que se desenhe a imagem de Maomé. O que eles têm de reconhecer — e de transmitir a seus fiéis — é que não podem impor a outras culturas e a outras religiões valores que a esses são estranhos. Na melhor cultura política ocidental, que, felizmente, se distingue da religião, tudo pode e deve estar submetido ao livre exame, e os ofendidos buscam em tribunais igualmente leigos, regulados por leis democráticas, a reparação por eventuais agravos. Luta-se com teclados, canetas e lápis de cor, não com fuzis; faz-se um confronto de togas, não de bombas.

Churchill, Edward Said e Tariq Ali
Infelizmente, não li nem ouvi uma só autoridade religiosa muçulmana — e me refiro àquelas que condenaram os ataques, já que as outras, por definição, não o fariam — a defender o direito que têm os não islâmicos de nações não islâmicas de se comportar como não islâmicos. Entendo! Afinal, na esmagadora maioria dos países muçulmanos, estado e religião se misturam, quando não estão submetidos a uma mesma ordem, e a pluralidade religiosa é um valor que suas comunidades cultivam no Ocidente, mas jamais nas terras consideradas já sob o domínio do Profeta. Ou não é verdade que os muçulmanos se espalham no Ocidente instrumentalizando um valor — o da pluralidade — no qual eles próprios não acreditam em seus países de origem? Ou não é verdade que eles usam em sua defesa um direito — a da liberdade religiosa, garantida pelo Ocidente democrático — que sonegam aos cultores de outras crenças?

O jovem Churchill, ele mesmo!, escreveu em 1899, no segundo volume de ‘The River War – A Reconquista do Sudão”, o que segue:
“Como são terríveis as maldições que o maometismo impõe a seus adeptos! Além do frenesi fanático, tão perigoso num homem como a hidrofobia num cão, existe a apatia fatalista do medo. As consequências são evidentes em muitos países. Onde quer que os seguidores do Profeta governem ou vivam, há costumes imprevidentes, sistemas desleixados de agricultura, métodos atrasados de comércio e insegurança da propriedade. (…). O fato de que, no direito muçulmano, toda mulher deva pertencer a um homem como sua propriedade absoluta — seja uma criança, sua esposa ou concubina — retardará a extinção da servidão. E será assim enquanto o Islã for uma grande força entre os homens. Indivíduos muçulmanos podem demonstrar qualidades esplêndidas, mas a influência da religião paralisa o desenvolvimento social daqueles que a seguem. Não existe força mais retrógrada no mundo. Longe de estar moribundo, o islamismo é uma fé militante, de prosélitos. Ele já se espalhou por todo o centro da África, criando, a cada passo, guerreiros destemidos. Não estivesse o Cristianismo protegido pelos braços fortes da ciência — ciência contra a qual lutou em vão —, a civilização da moderna Europa já poderia ter ruído, como ruiu a civilização da Antiga Roma”.

Como ouso citar aqui a visão que o colonizador — no caso, o inglês Churchill — tem do colonizado? Pois é. Mergulho, assim, numa das farsas mais influentes do nosso tempo, cujo livro de referência é “Orientalismo”, escrito pelo palestino Edward Said. Pesquisem. A tese é conhecida, simplista e mentirosa: existiria um “Oriente” inventado pelo Ocidente (e já evidencio de modo muito simples por que Said é uma piada) como uma espécie de espantalho a justificar toda sorte de brutalidades. Essa suposta construção — da qual certamente a observação de Churchill faria parte — teria se dado ao longo de séculos, atendendo apenas a interesses muito objetivos, essencialmente econômicos e políticos.

Said é um farsante porque, convenham, não existindo razões para haver “um Oriente”, também não haveria para haver “um Ocidente”. Se cai o termo da equação de um lado, há de cair o seu correspondente no outro. Mas esse nem é o aspecto mais importante. Por mais condenável que fosse ou que tenha sido o colonialismo europeu, particularmente o britânico, nos países islâmicos, cumpre indagar: o que foi que eles fizeram dessa herança e em que medida a religião serviu para libertar ou para escravizar os povos?

A Folha de S.Paulo deste domingo publica um artigo asqueroso de Tariq Ali, escritor paquistanês que vive folgadamente na Inglaterra, misturando em doses idênticas esquerdismo rombudo, ódio irracional aos EUA e, como direi?, uma simpatia nada homeopática pelo terror. Segundo esse canalha intelectual, “as circunstâncias que atraem” os terroristas “não são escolhidas por eles, mas pelo mundo ocidental”. Entenderam? Tariq Ali não vive sob leis islâmicas, mas sob as regras da democracia do Reino Unido. Tariq Ali condena, claro, os assassinatos, mas acha que os verdadeiros culpados são as vítimas. Tariq Ali não é um líder religioso. Ao contrário: que se saiba, é comunista e ateu, mas entende as razões dos terroristas e aponta os culpados entre os mortos.

É claro que ainda voltarei muitas vezes a esse assunto. Encerro este texto indagando, uma vez mais, o que as diferentes lideranças muçulmanas, das mais variadas correntes, fazem de efetivo contra a suposta “islamofobia”. Se o Islã traz uma mensagem de paz, onde estão seus porta-vozes? Que venham a público não apenas para condenar os atentados covardes, mas para defender o valor essencial da liberdade. Não! Eu não sou “Charlie Hebdo” porque isso diz pouco do que sou. O “Charlie Hebdo” é que é parte do que nós somos. E nem sempre fomos assim. Nós nos tornamos assim! No século 17, ainda queimávamos hereges. No século 18, ainda cortávamos cabeças.

Eu convido o Islã a chegar ao século 21. Quem topa?


12/01/2015