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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Chico Buarque errou de novo. Agora deve desculpas à família de Samuel Wainer






Por Augusto Nunes

Chico Buarque rendeu-se aos fatos e pediu desculpas a Paulo César Araújo por ter afirmado que nunca vira de perto o biógrafo com quem conversou durante quatro horas. Mas aproveitou a retratação para deixar claro que continua decidido a combater o mau combate. O pretexto para o recomeço dos socos na verdade e pontapés na sensatez foi a inclusão num dos livros de Araújo do trecho de uma entrevista concedida por Chico ao jornal Última Hora. Confiram a versão do grande compositor:

“Eu não falaria com a Última Hora de 1970, que era um jornal policial supostamente ligado a esquadrões da morte. Eu não daria entrevista a um jornal desses, muito menos para criticar a postura política de Caetano e Gil, que estavam no exílio. Mas o biógrafo não hesitou em reproduzi-la em seu livro, sem se dar ao trabalho de conferi-la comigo. (…) Não, Paulo Cesar Araújo, eu não falava com repórteres da Última Hora em 1970. Para sua informação, a entrevista que dei ao Mario Prata em 1974 foi para a Última Hora de Samuel Wainer, então diretor de redação, que evidentemente nada tinha a ver com a Última Hora de 1970″.

Tinha tudo a ver, acaba de corrigir Lauro Jardim. Se tivesse lido (ou não tivesse lido e esquecido) Minha Razão de Viver, a autobiografia de Samuel Wainer que tive o privilégio de organizar e editar, Chico saberia que, em 1970, ainda pertencia a Wainer o jornal que fundou nos anos 50 e da empresa que venderia em abril de 1972. “Entre maio de 1973 e janeiro de 1975, numa comovente demonstração de humildade, ele foi redator-chefe da Última Hora paulista, então sob o controle do grupo Folhas”, informa a página 365. No artigo que assinou no Globo, Chico também fez questão de registrar que só topou ser entrevistado em 1974 porque Wainer era o redator-chefe. Quatro anos antes, era mais que isso: era o dono da empresa e da marca Última Hora.

É possível que Araújo tenha confundido 1970 com 1974. Se é que errou a data, precisa corrigir um equívoco que não prejudica a reputação nem invade a privacidade de ninguém. Chico Buarque fez pior: confundiu a Última Hora com a Folha da Tarde, cuja direção manteve no começo dos anos 70 ligações promíscuas com torturadores a serviço do regime militar. Ao errar de jornal, acabou transformando um perseguido pela ditadura em comparsa de esquadrões da morte.

Chico Buarque deve mais que uma correção. Deve outro pedido de desculpas, agora endereçado aos familiares de Samuel Wainer. Talvez deva também prometer que jamais escreverá biografias.

18/10/2013

Dilma e seu tripé de fantasia




Editorial do Estadão

Contra todos os fatos e evidências bem conhecidos no Brasil e no exterior, a presidente Dilma Rousseff negou haver abandonado o tripé da estabilidade econômica – as metas de inflação, a busca do equilíbrio das contas públicas e o regime de câmbio flutuante.

Talvez a declaração, embora obviamente falsa, tenha sido feita de boa-fé, por desconhecimento do sentido próprio das palavras e dos fatos.

Segundo a presidente, a inflação tem ficado na meta e está sob controle, assim como as contas públicas. Só pessoas extremamente desinformadas poderiam levar a sério esse discurso.

A presidente abusa das palavras – talvez por inocência, convém admitir – ao falar sobre a inflação sob controle e “dentro da meta”.

A meta é obviamente 4,5% e é esse o conceito usado pelo Banco Central (BC).
A margem de dois pontos para mais ou para menos é apenas um espaço de tolerância, para ser usado em circunstâncias excepcionais. A inflação nunca esteve na meta, na gestão da presidente Dilma Rousseff, e ficará longe desse ponto ainda por uns dois anos, segundo projeções das autoridades monetárias.

Classificar como “sob controle” uma inflação anual na faixa de 5,8% a 6% ou é um sinal de absoluta desinformação ou configura uma tentativa bisonha de enfeitar um cenário muito feio. Não é fácil de escolher uma das duas possíveis explicações.

A defesa da política fiscal é igualmente inepta e chega a ser quase cômica. Os resultados fiscais, muito magros e cada vez piores, só têm sido alcançados com a participação crescente de dividendos pagos por estatais e com o recurso a truques contábeis conhecidos no Brasil e no exterior. Neste ano, prêmios pagos por empresas interessadas na exploração do pré-sal devem fortalecer o caixa do governo.

Há meses a equipe econômica vem listando essa receita em suas projeções, numa demonstração de quase desespero diante da piora constante das contas públicas.

Além disso, mesmo os pífios resultados fiscais só têm sido apresentados, nos relatórios do governo, graças à famigerada contabilidade criativa, conhecida e tratada como tema de piada dentro e fora do País. Talvez a presidente seja pouco informada sobre esses detalhes. Ou talvez considere os comentários sobre o assunto meras demonstrações de má vontade e de pessimismo “adversativo”. Expressões como essa indicam formas peculiares de perceber e de avaliar o mundo.

A dívida bruta do setor público é também um claro indicador de uma política fiscal perigosa. Pelos cálculos do Fundo Monetário Internacional, a dívida pública brasileira está na faixa de 68% do Produto Interno Bruto (PIB), quase o dobro da média dos emergentes, em torno de 35%.

Pelas contas oficiais brasileiras, a proporção é da ordem de 58% do PIB. Por qualquer critério, a situação é menos segura que a dos países da mesma categoria econômica.

Somados os principais componentes do quadro, o Brasil apresenta inflação mais alta, endividamento público maior e crescimento econômico menor que aqueles apresentados por muitos países emergentes e em desenvolvimento.

Mas o Brasil será em 2013 um dos poucos países com crescimento maior que o do ano anterior, disse ontem o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland. Com essa contribuição, o discurso oficial fica ainda mais engraçado. O secretário parece haver esquecido de um detalhe: no ano passado o PIB brasileiro cresceu 0,9%, depois de ter aumentado apenas 2,7% em 2011.

A presidente mencionou também as reservas internacionais, superiores a US$ 270 bilhões. Esqueceu de citar a deterioração das contas externas, com o saldo comercial próximo de zero e o déficit em conta corrente a caminho de US$ 75 bilhões – efeitos de um acúmulo de erros econômicos e diplomáticos.

Na terça-feira, a presidente declarou-se pouco interessada em eleições e dedicada só a governar. Mas suas atividades na terça e na quarta-feira, incluída a entrega de casas populares sem luz e sem água, são explicáveis só como esforços eleitoreiros. Em campanha constante, ela converteu o marketing político em plano de governo.

18/10/2013

Mitômano incorrigível, Lula diz que Brasil é o que mais cresce no mundo





Lula mente descaradamente.

Ele nem sequer se dá ao trabalho de examinar números como os do gráfico ao lado, que mostra a posição caudatária do Brasil, fruto da herança maldita que deixou para Dilma e da incompetência do seu governo.

Em evento no Rio, o ex-presidente Lula, que é um mentiroso patológico, repudiou a atitude do senador tucano Aécio Neves (PSDB-MG), que, em evento promovido pelo banco BTG Pactual em Nova York, afirmou que o Brasil se tornou "pouco confiável" para investidores.  “Eu sei que tem gente que vai lá fora e fala que a economia brasileira não está bem”, disse ele, antes de emendar: “Qual é a economia do mundo que está melhor do que a nossa? Não tem nenhuma.

. Lula mente descaradamente porque acha que prevalecerá o que diz e que ninguém conseguirá espaço igual na mídia para desmenti-lo.

 . O ex-presidente nem se deu ao trabalho de examinar o último relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve este mês a projeção de crescimento econômico para o Brasil neste ano, em 2,5%, mas reduziu a estimativa para o próximo ano, de 3,2% para 2,5%. Com isso, o Brasil ocupa a última colocação entre os países emergentes em 2014. Mesmo depois de reduzir a previsão de 2014 para 2,5%, a projeção do Fundo segue superior à mediana das instituições ouvidas semanalmente pelo Banco Central (BC), que aponta uma expansão de 2,2%. A estimativa do FMI para 2013 ficou em linha com o projetado pelo mercado, de 2,47%.

. No relatório Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês), o FMI não esmiuça os motivos que levaram à revisão da estimativa de crescimento para 2014. Diz que o Brasil e outros emergentes como China, Índia e África do Sul mostram uma perda de fôlego em parte devido a fatores cíclicos e em parte a fatores estruturais.

. No caso de Brasil e Índia, gargalos regulatórios e de infraestrutura desaceleração o crescimento da oferta num cenário de uma demanda doméstica ainda forte. "Como resultado, pressões externas aumentaram nessas economias". No caso do Brasil, o déficit em conta corrente vem crescendo, atingindo 3,6% do PIB nos 12 meses até agosto. O FMI projeta um rombo de 3,4% do PIB em 2013 e de 3,2% do PIB em 2014.

. Ao tratar das perspectivas para o crescimento da economia brasileira neste ano, o FMI diz que "a recente desvalorização do câmbio vai melhorar a competitividade externa e compensar parcialmente o impacto adverso dos aumentos dos rendimentos dos títulos soberanos". A inflação mais alta, contudo, reduziu a renda real e pode pesar no consumo, enquanto restrições de oferta e incertezas sobre políticas podem continuar a restringir a atividade, afirma o relatório.

18 de outubro de 2013


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A larga estupidez de Paula Lavigne no “Saia Justa”


 
Por Reinaldo Azevedo

O programa “Saia Justa”, do GNT, convidou a empresária Paula Lavigne, presidente (!) do grupo “Procure Saber” e ex-mulher de Caetano Veloso, para falar sobre a polêmica das biografias. Quem assistir ao programa verá que esta senhora não sabe o que fala. A sua ignorância só não supera a sua arrogância e a sua truculência.

Entre outras bobagens, tratou como valores equivalentes um artigo do Código Civil, o 20, que permite que biografados ou seus familiares interditem um livro, e os artigos 5º e 220 da Constituição, que asseguram a liberdade de expressão e vetam qualquer forma de censura. Ora, só existe uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF porque se aponta justamente a inconstitucionalidade desse Arrigo 20. Se assim decidirem os ministros do Supremo, fim de papo. Para ser didático, dona Paula: a Constituição pode declarar sem efeito um dispositivo do Código Civil, mas um dispositivo do Código Civil não pode declarar sem efeito uma garantia constitucional.

Entendeu ou quer um desenho?

O debate prosseguia. Paula tentava desesperadamente arrumar um argumento. Dizia que ela e seu grupo estavam injustamente sendo acusados de censores, sem conseguir explicar, no entanto, por que aquilo que defendem não é, afinal de contas, censura. Pouco se lhe dá que a tal lei impeça, como tem impedido, de se contar parte da história do Brasil e que inexista restrição parecida em qualquer democracia do mundo. E daí? O Brasil atrasado pode lhes parecer um bom lugar quando se trata de defender o que consideram seus próprios interesses.

A jornalista Barbara Gancia é uma das integrantes do “Saia Justa”. Fez o que as pessoas razoáveis fazem nas democracias. Combateu a censura, citou os dispositivos constitucionais e lembrou que existem leis para punir abusos. Sem saída, Paula Lavigne apelou.
— Barbara, você é gay assumida, né? — Sou. — Qual é o nome da sua namorada? — Marcela. — Ela não vai se sentir bem vendo eu perguntar isso, é disso que estou falando, você não está entendendo na teoria e agora viu na prática como é ruim ter a privacidade invadida!


Retomo
Paula Lavigne é vulgar e preconceituosa. E o é, como diz uma das minhas filhas, num “nível novo”, que pode escapar a uma análise mais ligeira. Vamos lá. Agora parte da minha biografia: Barbara é minha amiga há 21 anos. Nunca escondeu o que não tinha de ser escondido. Nesses anos, jamais vi alguém, por mais que a detestasse ou que estivesse furioso com suas opiniões, recorrer à sua sexualidade para tentar vencer o debate, como se fosse um argumento eficiente. Querem a evidência incontornável de que se tratou de preconceito? É simples: se Barbara fosse heterossexual, o diálogo seria impossível, não é?

Imaginem:
— Barbara, você é heterossexual assumida, né? — Sou. — Qual é o nome do seu namorado? — Paulo. — Ela não vai se sentir bem vendo eu perguntar isso, é disso que estou falando, você não está entendendo na teoria e agora viu na prática como é ruim ter a privacidade invadida!


É asqueroso! No mundo de dona Paula Lavigne, os gays devem ser menos livres para ter opiniões do que os heterossexuais, ou ela logo quer saber qual é o nome do “namorado” ou da “namorada”… O mais patético é que Barbara respondeu o que lhe foi perguntado sem constrangimento, mas Paula insistiu em ver ali a suposta violação incômoda de uma intimidade — violação que não havia porque não se cuidava de nenhuma informação secreta. Mas ainda não cheguei ao fundo do pântano ético desta senhora.
Digamos, só para efeitos de pensamento, que a homossexualidade de Barbara fosse um segredo guardado a sete chaves, bem como o nome da sua namorada. Ora, quem é que estava a falar no programa como a guardiã do “direito à intimidade”? Entendo. Paula só estava tentando ser didática e sagaz.


Não é a primeira vez
Trinta anos depois, essa gente aprendeu muito pouco. Em 1983, furioso com uma crítica que Paulo Francis lhe fez, Caetano, ex-marido de Paula Lavigne e um dos entusiastas da censura, chamou o jornalista de “bicha amarga” e “boneca travada”. Nos recentes embates que tive com ele, lembrei a baixaria. Caetano tentou se explicar, e a emenda saiu bem pior do que o soneto. Segundo disse, a parte negativa da caracterização era “travada”, não “bicha”. Ah, bom! Paula Lavigne acha que Barbara Gancia não poderia jamais ter aquela opinião sendo gay. E Caetano acha que uma bicha só é digna se for “destravada”. Poderia ser dito de outro modo: “Já que é bicha, que seja destravada”. Não sei se ele tem exigências também voltadas aos heterossexuais.

O mesmo Caetano, descontente com um texto de Mônica Bergamo, colunista da Folha, sobre autorização para Maria Bethania captar patrocínio pela Lei Rouanet, resolveu especular sobre a vida privada da jornalista, acusando-a de “parceira extracurricular” de um colega. Escrevi sobre o despropósito.

A Lei Rouanet é um instrumento público de fomento à cultura. Saber quem tem e quem não tem acesso à vantagem é de interesse do conjunto dos brasileiros. Mas o cantor tomou a coisa como pessoal. E ainda escreveu: “Pensam o quê? Que eu vou ser discreto e sóbrio? Não. Comigo não, violão”. Em suma: Caetano acha que não precisa “ser discreto e sóbrio” com a vida de pessoas privadas, mas quer uma lei que censure a biografia de pessoas públicas.
Num embate recente com Mônica no Twitter, Paula Lavigne mandou ver esta delicadeza:

Paula Lavigne Mônica Bergamo

Ela se desculpou, e parece que a jornalista aceitou as desculpas. Não estou aqui a tomar as dores de ninguém. Mônica sabe se defender — assim como Barbara. Estou é evidenciando um estilo.
Sei o quanto me custa de aporrinhação e de xingamentos os mais estúpidos as críticas que faço à chamada “lei que pune a homofobia”. Trata-se, em muitos aspectos, de mais uma agressão à liberdade de expressão sob o pretexto de defender uma minoria. Precisamos é que as leis que existem para punir todas as formas de agressão sejam devidamente aplicadas. E com celeridade — inclusive as que coíbem os crimes contra a honra.
O que me espanta ao relatar esses casos é ver a ligeireza com que esses “descolados” — que jamais serão chamados de “homofóbicos” — podem recorrer à sexualidade desse ou daquele ou a supostos aspectos da vida privada de desafetos para tentar vencer um debate sobre temas que são de interesse público.

 Se há coisa que não me interessa — e desconfio que interesse a bem pouca gente — é a vida venturosa de Caetano Veloso, de Djavan ou de Chico Buarque. Espantoso é que esses senhores, sob o pretexto de preservar a sua intimidade, defendam uma lei já tornada obsoleta pela Constituição, que permite, e isto é inegável, até a censura prévia.
Paula Lavigne, no seu estilo sem limites, em conversa com O Globo, afirmou que Barbara teria pedido ao GNT que cortasse trechos do programa.

Estranhei. Telefonei para Barbara.
— Você pediu isso? — Reinaldo, eu vou fazer uma cópia da mensagem que enviei ontem para a Mariana Koehler, que é a diretora do Saia Justa. Minutos depois, chegava ao meu celular a mensagem que Mariana recebeu na manhã de quarta-feira.

Assim:
“Bom dia, flor: Não se preocupe comigo na hora de editar, tá tudo tranquilo, faça o que for melhor pro programa. Confio 100% no seu bom senso. Manda bala e vamos em frente!”

É MAIS SEGURO PARA A HUMANIDADE QUE PAULA LAVIGNE TENTE CENSURAR BIOGRAFIAS. IMAGINEM SE ELA FOSSE UMA BIÓGRAFA…

Encerro lembrando que esses patriotas costumam reclamar ainda da imprensa brasileira. Com raras exceções, o jornalismo que se pratica no Brasil preserva, sim, a intimidade de personalidades públicas — inclusive dos artistas. É claro que, de vez em quando, aparecem um Lula ou outro para protestar.

O agora ex-presidente ficou furioso quando a imprensa noticiou que a Gamecorp, empresa de Lulinha, um de seus filhos, recebeu um aporte de R$ 5 milhões da então Telemar. Segundo o petista, tratava-se de “assunto privado”. Errado! A Telemar era detentora de uma concessão pública e tinha como sócio o BNDES. Se ela dá dinheiro para a empresa do filho do presidente da República, a notícia é do interesse de todos os brasileiros.
Lula, Chico Buarque e Caetano Veloso acham que biografia boa é biografia autorizada. Estão a um passo de achar que jornalismo bom é jornalismo autorizado.
Se não é assim, Paula Lavigne logo pergunta: — Você é gay, né?
Texto publicado originalmente às 5h26


17/10/2013

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Em SP, a conversa dos hipócritas e a marca dos violentos. Ou: O endosso à ética e à estética da violência. Ou ainda: Muita gente brincou com fogo. Eis aí…




Por Reinaldo Azevedo

Tão nefastos como os black blocs são os hipócritas. Os invasores da Reitoria da USP — também eles pertencem, na maioria dos casos, ao PSOL e ao PSTU, os mesmos que comandam a patuscada no Rio — marcaram um protesto em São Paulo. Pedem eleições diretas para o comando das universidades paulistas e se dizem solidários com os professores do Rio. O dito protesto reuniu umas 400 pessoas, que decidiram marchar para o Palácio dos Bandeirantes. Gritam ainda palavras de ordem contra Geraldo Alckmin e Sérgio Cabral…

Muito bem. Um grupo acabou se desgarrando. Vi há pouco pela TV uma verdadeira invasão de uma loja da Tok & Stok, na esquina da Eusébio Matoso com a Marginal Pinheiros. Clientes correram apavorados. Sim, são os mascarados de sempre, aquela gente que o doutor Wadih Damous, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, se nega a condenar com a veemência com que critica a Polícia Militar. A condescendência de setores importantes da imprensa com esses marginais produziu esse estado de coisas. Houve depredação também da estão Butantã do Metrô.

Por que me referi aos hipócritas no início deste post? Leiam pequenas notas publicadas no Estadão online. Volto em seguida.

19h36 – Mascarados tentam se esconder no estacionamento de uma unidade da rede de lojas Tok & Stok, na esquina da Avenida Eusébio Matoso com a Marginal do Pinheiros. Uma grande quantidade de policiais tentam cercar quem se desprendeu do bloco central. Há focos de incêndio na pista e rojões estão sendo lançados por parte dos manifestantes.

19h31 – Mascarados entram em confronto com a policia, jogando coquetéis molotov. A PM responde com bombas de gás e persegue os black blocs, que entraram em um posto de gasolina na Marginal do Pinheiros para se defender.

19h12 – Tumulto na Avenida Eusébio Matoso: manifestantes destruíram os vidros de uma concessionária na altura do Shopping Eldorado. O policiamento foi reforçado no local, e a marcha parou momentaneamente. Logo foi retomada e se encontra na Ponte Eusébio Matoso, totalmente interditada no sentido da Avenida Francisco Morato.

19h05- Manifestantes deixam pichações na Avenida Eusébio Matoso enquanto seguem no sentido Marginal do Pinheiros: “Mais escolas”; “Escolas padrão Fifa” e “Fogo na PM” foram algumas das mensagens escritas.

19h01 – Manifestantes e um grupo de mascarados tiveram um pequeno atrito. Os mascarados jogavam sacos de lixo na rua e tentavam tirar as bandeiras presentes na passeata, atitude repudiada pelo restante dos participantes do ato. Membros do Diretório Central de Estudantes da USP chegaram a repreender os mascarados usando o megafone.




Black Blocs foram às ruas em São Paulo. Foto: Reuters

Voltei

Atenção! Estes que aparecem aí supostamente repreendendo a ação de vândalos invadiram a Reitoria da USP com marreta e pé de cabra. Muitos deles estavam também mascarados. Acham, portanto, que a depredação e a violência são caminhos eficazes para a luta política. Não reconhecem o estado de direito. Há um arcabouço legal para a eleição do reitor da USP. Eles têm todo o direito de querer mudar a lei, mas não pode ser de marreta na mão. Ou pode? Segundo a Justiça de São Paulo, sim! Foi negada uma liminar de reintegração de posse. O juiz preferiu acusar a intransigência da Reitoria — vale dizer: da vítima.

Ataque a uma equipe da Globo
Uma equipe da Rede Globo foi atacada por black blocs, e a lente de uma câmera foi pichada. Os black blocs só aceitam o acompanhamento da chamada “Mídia Ninja”, que os trata como verdadeiros poetas da democracia. Na expressão de Bruno Torturra, ligado ao grupo — que é financiado pelo Fora do Eixo, aquela turma acusada de explorar trabalho similar à escravidão —, o black blocs são, antes de mais nada, “uma estética”.

Deve ser assim mesmo, não é? Li em algum lugar que Torturra foi um dos convidados do encontro promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Pelo visto se considera que ele tem muito a ensinar, nem que seja no campo ético, não é mesmo? Acompanho a cobertura na Globo News. Há quebra-quebra e confronto em São Paulo e no Rio. A emissora chama bandidos de “manifestantes” e pauleira de “manifestação”. O que aconteceu com o sentido das palavras? Não sei. Esse vocabulário ajuda a explicar por que chegamos aqui. Ainda voltarei a esse tema. Muita gente decidiu brincar com fogo. Eis aí. Alguns equivocados acharam que se podia abrir impunemente a caixa de Pandora. Não é possível. Nem no mito nem na vida.


15/10/2013

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Empresa de filho de Lula fatura com dinheiro público e deve R$6,1 milhões



Imagem: B77

Gamecorp, criada por Lulinha e alvo de polêmicas durante a gestão do ex-presidente, pode quebrar, avalia auditoria;


Firma recebeu em 2011 R$ 190 mil por anúncio do BB, negociado após pedido de amigo de Lula, diz um diretor do banco


A Gamecorp, empresa criada por um dos filhos do ex-presidente Lula, Fábio Luís Lula da Silva, e alvo de diversas polêmicas durante o mandato do petista, vive uma situação de "incerteza" sobre sua sobrevivência.

A avaliação é da Peppe Associados, uma firma de auditoria contratada pela própria Gamecorp para verificar suas contas em 2011.

A Peppe fez um diagnóstico pouco favorável para o futuro da empresa de Lulinha, como Fábio é conhecido, e ainda lançou dúvidas sobre a confiabilidade dos números do balanço da empresa.

Segundo o relatório da auditoria, a administração da Gamecorp não divulgou "de forma adequada" a razão de números possivelmente incompatíveis nas contas. Também não foi possível, escreve a Peppe, ter idéia do valor dos bens da empresa.

A Gamecorp surgiu em 2004, recebeu um aporte de R$ 5 milhões da Telemar (hoje Oi). Como a empresa de telefonia tem participação do BNDES, o aporte passou a ser investigado pelo Ministério Público por suspeita de tráfico de influência.


Em 2006, quando a associação com a Telemar tornou-se pública, o então presidente Lula disse à Folha que seu filho era o "Ronaldinho" dos negócios, em alusão ao jogador de futebol, tido como um dos melhores em atividade no Brasil naquela época.


Desde então, a empresa acumulou sucessivos prejuízos. Apesar do lucro de R$ 384 mil no ano passado, as perdas acumuladas chegam a R$ 8,6 milhões. Além disso, há uma diferença de R$ 2,2 milhões entre a soma dos bens e dos valores que a empresa tem a receber e as obrigações que contraiu, o que pode configurar risco de insolvência. O único alívio é a retaguarda da multinacional.


A dívida de curto prazo, de até 12 meses, subiu de R$ 2,03 milhões, em 2010, para R$ 2,89 milhões no fim do ano passado. A de longo prazo, acima de um ano, saltou de R$ 3 milhões para R$ 3,3 milhões. O total dessas obrigações atinge R$ 6,1 milhões. A avaliação da empresa de Lulinha só foi possível porque hoje, como subsidiária da Oi, a Gamecorp adota critérios internacionais de contabilidade. A Oi não quis comentar os resultados.



DINHEIRO PÚBLICO

No início, segundo o próprio Lulinha, a Gamecorp evitava receber dinheiro de fontes públicas para não gerar eventuais dúvidas sobre favorecimento político. No fim do ano passado, porém, a postura mudou: a empresa recebeu R$ 190 mil por anúncios do Banco do Brasil.

De acordo com um diretor do banco que pediu para não ter o nome publicado, o pedido partiu do pecuarista José Carlos Bumlai, que é amigo de Lula. A reportagem tentou ouvir de Bumlai a razão do empenho pela Gamecorp, mas não conseguiu contato.

Lulinha também não respondeu ao e-mail encaminhado, nem ao recado deixado na Gamecorp.

Na sede da empresa, a informação é que ele aparece por lá duas vezes na semana e que não tem secretária ou alguém designado para dar informações à imprensa.


A assessoria de imprensa do Banco do Brasil informou que o diretor de marketing da instituição na época do repasse à Gamecorp era Armando Medeiros, que não está mais no banco. Segundo a instituição, em 2011, o BB veiculou filmes da campanha publicitária "BB Universitários/Fies", destinada ao público jovem na PlayTV, uma emissora da Gamecorp.


Foram seis meses de veiculações na PlayTV e em alguns outros canais de TV fechada e aberta, como MTV, Multishow, VH1, Universal, MixTV e Woohoo. O BB disse que não poderia dar informações sobre o valor repassado. O banco negou que tenha havia ingerência política.


"Todas as campanhas publicitárias do Banco do Brasil envolvem planejamentos de mídia realizados pelas agências de publicidade. Os veículos e canais selecionados atendem a critérios como target (público a que se destina a campanha), aderência da programação aos objetivos da campanha, circulação, audiência e outros", diz a assessoria de imprensa do BB.


18/08/12
José Ernesto Credendio
Andreza Matais
Folha de S. Paulo

Fonte: Aqui.


14 de outubro de 2013

Ainda esquerda e direita — Esquerdismo é ideologia sim. No mais das vezes, aquilo a que se chama “direita” é só bom senso aplicado




Por Reinaldo Azevedo


Vamos falar mais um pouquinho sobre direita e esquerda. Nesta manhã, escrevi um post sobre a pesquisa Datafolha. A versão online do jornal publicou as perguntas que permitiram fazer a classificação que vai da esquerda à direita. Vejam. Volto em seguida (se preciso, clique na imagem para ampliá-la e facilitar a leitura).
 

Retomo
Há, já observei, o risco — nesse questionário e em qualquer outro que busque quantificar a população segundo a ideologia — o risco de se confundirem as pessoas generosas com a esquerda, e as mais, digamos assim, severas com a direita. Huuummm… Há uma possibilidade, nesta vereda que abro, de haver um pouco mais de “conservadores” — de direitistas — no Brasil do que aponta a pesquisa. Por quê?
Peguemos as afirmações sobre a posse de armas:

Este seria o primado da esquerda:

Devem ser proibida, pois ameaça a vida de outras pessoas.

Este seria o primado da direita?:

Arma legalizada deve ser um direito do cidadão para se defender

Notem: a arma, qualquer que seja o contexto e o pretexto, efetivamente ameaça a vida de outras pessoas. Esta condição é imanente ao objeto. A rigor, ela existe para isso mesmo. Tendo a achar que essa obviedade deita sua sombra sobre a questão, e a pessoa que responde a questão acaba expressando mais o seu bom sentimento e o seu cuidado do que a suja opinião. Vamos a um exercício? E se a definição da direita fosse esta?
“Arma legalizada deve ser um direito do cidadão; o que é preciso é proibir a arma ilegal”.

Penso que o resultado seria outro. Aliás, o resultado já foi outro. E quem tomou a decisão foi o eleitorado brasileiro.

Em 2005, realizou-se o referendo das armas, lembram-se? O que se perguntava?

Literalmente:

“O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”.

A campanha começou, e o “Sim” era acachapante. Nunca antes tantas celebridades e tantos decolados se reuniram e favor de uma causa. Bastou ao “não” lembrar que a proibição, por óbvio, acabaria retirando a arma das mãos dos não-bandidos, já que o bandido, por definição, não se preocupa com a legalidade da arma. Diante dessa evidência e dada a incompetência do Estado para impedir a POSSE ILEGAL DE ARMAS, o “não” virou o placar espetacularmente. Saldo final: 59.109.265 rejeitaram a proposta (63,94%), contra 33.333.045 (36,06%) que a aprovaram.

A questão da proibição de armas, portanto, quando aplicada à realidade, quando vista nas suas consequências práticas, empurrou a maioria — quase dois terços — para o que seria uma posição “de direita”. Se é de direita ou não, é preciso ver. Uma coisa é certa: era apenas matéria de bom senso. Ou desarmar os não-bandidos altera a condição dos bandidos?

Tome-se um outro tema espinhoso, como o da migração. A resposta obviamente simpática, “humanista”, é a de que ela contribui para o desenvolvimento e a cultura. Perguntem, no entanto, aos moradores de Brasiléia, no Acre, que sofre uma verdadeira invasão de haitianos em situação ilegal, para ver qual é a opinião. Aposto que a esmagadora maioria dirá que “pobres que migram acabam criando problemas para as cidades”. Isso nada tem a ver com xenofobia, racismo ou discriminação de qualquer natureza. Trata-se apenas de um fato.

O mundo como fato e o mundo como ideia


Chama-se, muitas vezes, de “pensamento de direita” ou “pensamento conservador” o que é nada além de bom senso. Nesse sentido, ideologia, esta sim, é a engenharia social a que se dedicam as esquerdas, ao tentar impor um ponto de vista ancorado em convicções e crenças que insistem em desafiar a realidade. Uma questão, para mim, é emblemática: a criminalidade

Viés de esquerda:
“A maior causa é a falta de oportunidades iguais para todos (36%)”

Viés de direita
“A maior causa é a maldade das pessoas (61%)”

Não gosto da palavra “maldade”. Ela me parece reducionista em excesso. E se as respectivas formulações fossem estas?

Viés de esquerda
“A pessoa não pratica crime porque quer, mas porque não teve melhores oportunidades”

Viés de direita
“Praticar crime é uma escolha; mesmo com uma vida difícil, o certo é se esforçar para vencer na vida”.

Corto a mão — a direita, que é a melhor — se a alternativa “de direita” não chegar a uns 90%. Notem, no entanto, que a opinião “de direita”, mesmo na formulação dada, é amplamente majoritária. A razão é simples, gente! O salário médio pago no Brasil é inferior a R$ 1.800. O pago a universitários (só 17% da mão-de-obra) é de R$ 4.135,06. O dos não-universitários (82,9%) é de R$ 1.294,70. Este pode ser um país rico, mas composto de uma esmagadora maioria de pobres. Onde mora o sujeito que recebe menos de R$ 1.300 por mês? Os esquerdistas do complexo PUCUSP podem não saber — a maioria só conhece pobre de ouvir falar —, mas esse trabalhador sabe que a delinquência é uma escolha, EM QUALQUER CLASSE SOCIAL, não uma necessidade. E sabe porque ELE PRÓPRIO DECIDIU SER DECENTE, APESAR DAS DIFICULDADES.

Estou sustentando que a afirmação de que a pobreza induz a criminalidade é, ela sim, ideologia — uma construção artificial que busca, num primeiro momento, explicar a realidade, tentando, em seguida, substituí-la. Já a afirmação de que é criminoso quem quer, quem decide ser (não se trata de “maldade”), não é um artifício para explicar o mundo: é um dado da experiência.

“O Reinaldo está afirmando que ser direitista não é ideologia, que isso é uma tendência normal das pessoas, e que que ideologia mesmo é só a esquerda?” Não! Se o Reinaldo quisesse afirmar isso, ele afirmaria isso — ainda que o mundo gritasse o contrário. Estou afirmando, sim, que há uma tendência para demonizar como “coisa de direita” — o que é tomado como sinônimo de anti-humanismo — certas evidências dadas pela experiência.

Encerro com a questão sobre drogas. As esquerdas — no Brasil ao menos — tendem a afirmar que as drogas devem ser liberadas porque, como se lê no questionário, é o usuário que arca com as consequências (George Soros também acha isso…). Ora, basta circular no centro das grandes cidades para saber que a conta é paga por toda a sociedade — e é uma conta crescente, à medida que cresce o discurso da medicalização do problema, com essa mesma sociedade sendo chamada a arcar com os custos das “opções” feitas pelos “usuários” que se tornaram “doentes”.

Se a ideologia ainda é uma espécie de jogo de ocultamento, em que um pensamento, orientado por algum ente de razão — partido, por exemplo —, tenta se sobrepor à evidência dos fatos, então as opiniões da esquerda, com raras exceções, é que merecem essa denominação. Aquelas que são atribuídas “à direita”, na maioria das vezes, são apenas matéria de bom senso. Não fosse assim — e por exemplo, a criminalidade fosse uma consequência das carências sociais —, o Brasil não teria 50 mil homicídios por ano, mas 200 mil. Nos últimos anos, a Região Nordeste cresceu a taxas superiores às do resto do Brasil. Relativamente, ficou menos pobre. E a violência cresceu estupidamente. A afirmação de que a carência induz a violência é ideologia. A constatação de que isso é falso está no mundo dos fatos.


14/10/2013 


As pesquisas que erram até na véspera do dia da votação só param de eleger o candidato do PT (no primeiro turno) quando começa a apuração. São tão relevantes quanto uma previsão de Guido Mantega




 
Por Augusto Nunes
Se não estivesse ainda ressabiado com as manifestações de rua que escancararam a indignação do Brasil que começou a despertar, os donos do poder teriam incluído no balaio de espertezas disfarçado de “reforma política” o aperfeiçoamento do sistema de escolha do presidente da República: as urnas eletrônicas seriam substituídas pelos institutos de pesquisa e o voto pela intenção de voto. Tal mudança garantiria a vitória do candidato do PT, sempre no primeiro turno, em todas as disputas presidenciais.

Caso fosse adotada desde o começo deste século, a nova fórmula teria poupado Lula das canseiras do segundo turno em 2002, em 2006 e em 2010, quando conseguiu um terceiro mandato com o nome de Dilma Rousseff. E a afilhada do chefe supremo seria dispensada neste sábado de concorrer ao troféu Miss Simpatia do Planalto com a “fase dos grandes beijos”.

Está liberada para retomar a rotina dos pitos e chiliques, avisam os resultados da pesquisa Datafolha que, neste outubro de 2013, autorizou a seita lulopetista a comemorar o triunfo de Dilma em outubro de 2014.

No primeiro turno, como sempre.

Só crédulos profissionais podem enxergar revelações que antecipam o futuro no cortejo de porcentagens promovido com um ano de antecedência por gente que erra feio até em véspera da eleição.

Em 3 de outubro de 2006, por exemplo, quando a votação de verdade começou, Geraldo Alckmin já fora goleado por Lula por 49% a 30% no Ibope e por 49% a 35% no Datafolha.

Encerrada a apuração oficial, pitonisas sem rumo saíram à caça de álibis para explicar os 41% alcançados pelo candidato do PSDB — muitos pontos percentuais e alguns milhões de votos acima do que haviam previsto.

Não encontraram álibi nenhum. Nem pediram desculpas. Tampouco providenciaram justificativas palatáveis quatro anos depois, quando o Vox Populi e o Sensus se juntaram ao Datafolha e ao Ibope para a consumação do duplo assassinato estatístico.

O tucano José Serra chegou ao dia da eleição resfolegando na ladeira que ia dos 25,6% no Sensus aos 28% no Datafolha. Marina Silva, do Partido Verde, patinava entre os 12% do Vox Populi e os 14% do Datafolha. Flutuando nas cercanias dos 50%, Dilma acordou em 3 de outubro de 2010 sonhando com o terninho da posse. Soube à noite que os 46,9% do total de votos válidos eram insuficientes para superar a soma dos 32,6% de Serra (sete pontos acima da última profecia do Vox Populi) e dos 19,3% de Marina.

Contra Aécio e Campos, Dilma venceria no primeiro turno, reincidiu neste sábado a manchete da edição da Folha que publicou a mais recente pesquisa sobre a sucessáo de 2014. O espaço principal poderia ter registrado o declínio da colecionadora de recordes de popularidade que, ainda há pouco, surfava em altitudes superiores a 70%. Também poderia ter destacado o crescimento dos concorrentes. Preferiu anunciar a reeleição no primeiro turno.

Feitas em sequência, pesquisas honestas ajudam a esboçar retratos de determinados momentos e desenham curvas que permitem identificar tendências. Só isso.

O último levantamento do Datafolha, além de sujeito aos desvios e distorções de praxe, é o primeiro produzido depois da recentíssima aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva. A campanha ainda está nos trabalhos de parto. Oficialmente, não existem sequer candidatos. A presidente está pendurada em palanques desde 2007, mas os candidatos da oposição nem completaram a fase de aquecimento.

Lula e Dilma nunca enfrentaram adversários que falassem e agissem como oposicionistas de verdade. Jamais duelaram com gente decidida a exonerar-se da cautela que é o outro nome do medo, pronta para combater com bravura e trocar os cuidados defensivos pelo ataque audacioso.

Desta vez terá de ser diferente. Milhões de brasileiros estão fartos de escolher por exclusão e votar no menos pior. Querem eleger alguém que exponha sem rodeios nem firulas os estragos causados por 11 anos de hegemonia lulopetista.

Na campanha de 2010, o padrinho e a afilhada mentiram impunemente. Festejaram sem revides o Brasil Maravilha que as manifestações de junho sepultaram em cova rasa. Gabaram-se de feitos alheios, celebraram colossos administrativos que nunca desceram dos palanques, promoveram-se a domadores da inflação que vai ganhando musculatura, viajaram no trem-bala, banharam-se nos barris do pré-sal, rebaixaram a invencionice da elite golpista o mensalão que vai dar cadeia. Fizeram o diabo, como Dilma confessou.

Passados três anos, está claro que o país que votou na ministra que tudo sabia e de tudo entendia elegeu uma mulher que não consegue dizer coisa com coisa (e, se conseguisse, nada diria de aproveitável). Quem votou na durona que não tolerava corruptos contratou a única faxineira do mundo que adora lixo. Quem acreditou na superexecutiva de impressionar executivo alemã acabou entregando o país a uma assombrosa mediocridade. Sabem disso as multidões que saíram as ruas no fim do primeiro semestre.

Por enquanto, nenhum dos oposicionistas apontou publicamente a nudez do reizinho gabola e da rainha tatibitate.

Só quem for suficientemente corajoso para desmascarar os embusteiros conseguirá derrotar todos os concorrentes (e todos os institutos de pesquisa).

Só alguém assim merecerá a Presidência da República.

14/10/2013

domingo, 13 de outubro de 2013

Charge




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Sponholz