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sábado, 21 de janeiro de 2012

Justiça degradada




 EDITORIAL
FOLHA DE SÃO PAULO

Em pouco mais de dois anos, num caso complexo e cheio de ambiguidades, o médico de Michael Jackson foi julgado e condenado como responsável pela morte do cantor norte-americano.


No Brasil, passaram-se 13 anos até o ex-deputado alagoano Talvane Albuquerque Neto receber a sentença que lhe cabia, como mandante de um assassinato sem disfarces nem rebuços.

Assassinato?

Melhor dizer chacina.

Além da deputada Ceci Cunha, cujo posto o suplente Albuquerque ambicionava ocupar, foram mortos seu marido, seu cunhado e a mãe deste, poucas horas depois de Cunha ser diplomada.

Numa involuntária ironia, como a compensar pelo largo tempo transcorrido entre crime e julgamento, estipulou-se em 103 anos de prisão a pena que Albuquerque deveria cumprir.

Mas que, como se sabe, nem de longe, e não apenas por limitações na duração da vida humana, ele irá cumprir.

Na prática, o prazo de recolhimento efetivo pode reduzir-se consideravelmente -e o tempo da pena resultar equivalente ao que se consumiu durante o processo, não raro mais de uma década.

É um despropósito essa verdadeira inversão do que se espera da Justiça.

Explicações, certamente, existem.

Por exemplo, uma desejável latitude dos recursos à disposição do réu consagrou-se no Código Penal, como forma de garantir um amplo direito de defesa.

O estado de desumanidade chocante que vige nas prisões brasileiras faz com que, no espírito de muitos legisladores e juízes, a pena de privação da liberdade apareça como algo a evitar-se ao máximo.

A tese pode até ser vista como prudente, vez que um erro pode ter consequências gravíssimas, mas deveria aplicar-se quando muito aos casos de menor periculosidade.

Não faz sentido, decerto, no caso de Talvane Albuquerque.


A defesa do réu conseguiu que o processo se enredasse numa infinidade de recursos protelatórios, transitando por diversas instâncias e tribunais.


Tornou-se necessária uma intervenção externa, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), para que o desnorteante roteiro da impunidade fosse interrompido.

Com razão, fortalece-se na opinião pública o sentimento de que a Justiça raramente alcança os mais ricos e importantes; cresce proporcionalmente o desejo, iníquo e bárbaro, do julgamento sumário, da abolição dos direitos de defesa.

A impunidade de um assassino não deixa de trazer, nesse sentido, uma dupla vitória para o assassinato.

Quando se escarnece da lei, o clamor pela Justiça rapidamente se degrada em elogio da violência e desejo de vingança.

Janeiro 21, 2012

Educação reprovada






Haddad comanda o Ministério da Educação há 5 anos e meio, tempo suficiente para mostrar serviços e avanços em sua área

Ao contrário, no balanço de sua gestão, encontramos principalmente o descaso com nossos estudantes e com a educação das futuras gerações



Por Roberto Freire
Brasil Econômico

O maior desses descasos é o Enem. Transformado de uma prova para avaliação das escolas de ensino médio para um gigantesco vestibular, o Enem apresenta falhas que se repetem ano a ano.

Da falta de capacidade de manter o adequado sigilo à absoluta falta de transparência com os critérios de avaliação, o Enem é o maior símbolo de uma administração fracassada, inepta e incompetente.

Há relatos de estudante que tirou zero e reverteu sua nota no Judiciário, de estudantes que entregaram a prova em branco e tiraram nota maior que a mínima, e agora o Judiciário decidiu que o MEC deve dar transparência à correção das redações.

Sem critérios claros de avaliação, sem um currículo mínimo a ser percorrido no ensino médio para ser cobrado no Enem, o exame tem sido criticado por impor a ideologia oficial aos estudantes.

Não se cobra conhecimentos adquiridos, mas o alinhamento do estudante ao pensamento oficial. O mérito, o único critério que deveria ser utilizado para ingresso nas universidades públicas, foi abolido nas águas turvas desse exame.

Mas a incompetência do ministro não se restringiu ao Enem. Livros didáticos foram distribuídos no país inteiro com erros de português.

O ministério gastou tempo, energia e recursos para montar um kit contra a homofobia que foi reprovado até pela presidência e serviu unicamente para a direita levantar-se contra o esclarecimento necessário sobre o tema.

A expansão descontrolada das vagas nas universidades federais sem planejamento fez o sonho se transformar em pesadelo para aqueles que assistem aulas, quando são ministradas, em locais inadequados e sem equipamentos.

E como não houve previsão da demanda por vagas, milhares sobram ociosas ano a ano, num desperdício completo de recursos escassos.

A alardeada supervisão dos cursos superiores serviu somente para demonstrar que o MEC deixa faculdades sem condições começarem a funcionar para depois fazer exigências de qualidade, após milhares de estudantes terem estudado nessas instituições ineptas, perdendo tempo e dinheiro e não alcançando a formação pretendida, como comprova a alta taxa de reprovação dos diplomados nas provas de admissão das respectivas carreiras.

Enquanto isso, ainda somos o 53º no ranking do Pisa/2009, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE, muito atrás de nossos vizinhos latino-americanos.

Faltou à gestão Haddad foco no fundamental: conseguir unir o país para que nossas crianças aprendam português, matemática e ciências. Suprir a falta de recursos de estados e municípios para que o ensino fundamental seja priorizado numa cadeia de colaboração federativa.

Isso não foi feito e continuamos a patinar na educação do nosso povo, comprometendo o nosso desenvolvimento futuro.

E ainda há quem defenda que esse senhor possa administrar uma cidade gigantesca e complexa como São Paulo.




Roberto Freire é presidente do PPS

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

VERGONHA! Embaixador brasileiro apóia Ahmadinejad e diz que iraniano falou em “Israel desaparecer da história”, não “do mapa”.




(…) Por Reinaldo Azevedo
Por Cláudia Antunes
na Folha:


O embaixador brasileiro em Teerã, Antonio Salgado, advertiu contra a “demonização” do Irã e disse que a frase “infeliz” do presidente Mahmoud Ahmadinejad sobre “varrer Israel do mapa” -citada como evidência de intenções agressivas- foi “aparentemente mal compreendida” no Ocidente.

“Na realidade ele não queria dizer que Israel deveria desaparecer do mapa, mas sim desaparecer da história.

Seria mais uma analogia com o que aconteceu com a União Soviética ou a África do Sul do apartheid”, afirmou Salgado em debate no Rio com o chanceler britânico, William Hague.

O diplomata disse que, em vez de aprovar novas sanções contra o Irã -defendidas por Hague como “pressões pacíficas”-, o Ocidente deveria insistir em negociações sobre o programa nuclear. Citou a proposta “passo a passo” feita pela Rússia, que prevê um processo paulatino de concessões mútuas.

“Não estou defendendo o Irã, mas existe nos últimos anos uma demonização que tem mais a ver com a fase inicial da revolução [islâmica]. Depois houve oportunidades de normalizar relações com o Ocidente que foram perdidas”, acrescentou.

Ao relativizar a declaração de Ahmadinejad -por sua vez uma citação do aiatolá Khomeini, líder da Revolução Islâmica- o diplomata retomou polêmica que vem desde que ela foi reportada pelo “New York Times” em 2006.

Especialistas como o americano Juan Cole dizem que a frase foi mal traduzida e a versão correta é metafórica, e não uma ameaça de guerra: “Esse regime de ocupação sobre Jerusalém deve desaparecer da página do tempo”.

Outros, porém, argumentam que o próprio governo do Irã já usou a expressão “varrer do mapa” em páginas em inglês na internet.


No debate promovido pelo Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) no palácio do Itamaraty, Hague não recuou diante das críticas de brasileiros -que também questionaram, como o embaixador Marcos Azambuja, a viabilidade de uma solução para o caso iraniano enquanto Israel mantiver arsenal atômico.
20/01/2012 

Grupo hacker diz ter derrubado site do FBI


Anonymous já teria tirado do ar o site do Departamento de Justiça dos EUA.
Ação seria protesto contra a derrubada do site Megaupload.com.
Do G1
São Paulo

O grupo hacker Anonymous afirmou na noite desta quinta-feira (19) por meio dos seus perfis no Twitter que derrubou o site do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos.
Às 23h50, o endereço www.fbi.gov estava inacessível. Nesta quinta, o Anonymous também disse ter sido responsável pela saída do ar dos sites do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, da Universal Music, da Associação de Filmes dos EUA e da Associação da Indústria Fonográfica do país.


Em seus posts, eles dizem que a luta é pela “liberdade da internet”.

O Megaupload, um dos maiores sites de compartilhamento de arquivos do mundo, foi tirado do ar nesta quinta-feira.
O fundador da companhia e vários de seus executivos foram acusados formalmente de violar leis antipirataria nos Estados Unidos, informaram promotores federais do país.

A acusação alega que o site deu aos detentores de direitos autorais mais que US$ 500 milhões em prejuízo por facilitar a pirataria de filmes e outros tipos de conteúdo.


O Departamento de Justiça dos Estados Unidos disse, em um comunicado, que Kim Dotcom --fundador do site, também conhecido como Kim Schmitz—e outros três executivos da empresa foram presos nesta quinta-feira na Nova Zelândia a pedido de oficiais norte-americanos.

O Megaupload é único não somente pelo volume grande de download que possibilita, mas pelo apoio que tem de celebridades conhecidas e músicos, que geralmente são vistos como as vítimas da violação das leis antipirataria.

Antes de ser tirado do ar, o site trazia o “apoio” de nomes como a socialite Kim Kardashian e os músicos Alicia Keys e Kanye West –as celebridades chegaram a gravar um vídeo de apoio à companhia, mas as imagens foram tiradas do ar pelas gravadoras.

SOPA e PIPA
A derrubada dos sites acontece um dia depois que diversos endereços, incluindo a Wikipédia e a Craigslist, tiraram seus sites do ar em protesto com o SOPA e o PIPA, dois projetos de lei antipirataria que circulam nos Estados Unidos.

O Stop Online Piracy Act (SOPA) é um projeto de lei com regras mais rígidas contra a pirataria digital nos EUA. Ele prevê o bloqueio no país, por meio de sites de busca, por exemplo, a determinado site acusado de infringir direitos autorais.

O foco está principalmente em sites estrangeiros, contra os quais as empresas americanas pouco podem agir. No Senado, circula o Protect IP Act, conhecido como PIPA (ato para proteção da propriedade intelectual), outro projeto sobre direitos autorais que mira a internet.


Ambos são apoiados por empresas de entretenimento, constantes alvos de pirataria, mas são questionados por companhias de internet, como Google, Facebook, Amazon e Twitter, que interpretam as medidas como um tipo de censura aos sites e à liberdade de expressão.

O SOPA ainda está sendo avaliado por comissão na Câmara; a PIPA deve ir à votação no Senado ainda neste mês.

20/01/2012





quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Da amizade e do ódio. Ou: Trinta anos neste post




O comunismo resultou em terror porque seus militantes confundiram a civilidade com um traço de classe.

Não conseguiram acabar com a burguesia, mas conseguiram acabar com a civilidade.

Tenho certos códigos de conduta que são bastante rígidos. Eu não me obrigo, e jamais me obriguei, a detestar alguém porque repudie sua ideologia ou, sei lá, seu gosto para as artes.

Como num poema de Drummond, acho que “amizade é isto mesmo: salta o vale, o muro, o abismo do infinito”.

E também não me imponho o contrário: suportar uma pessoa que deteste só porque comungamos das mesmas idéias. Jamais rompi uma amizade por causa de uma divergência, mas já fui, sim, e ainda sou, alvo de algumas vilezas porque o sujeito mudou de lado ou, o que é pior, de patrão!


Tenho aqui, por exemplo, uma penca de e-mails elogiosos assinados por um ex-jornalista que passou a me detestar por obrigação profissional - isto é, porque seu novo senhor assim o exige. Não deixa de ser engaçado: como os seus elogios eram, obviamente, gratuitos, já que eu nada poderia lhe oferecer em troca, eu os considero mais honestos do que seus ataques, que são remunerados. É o tipo de gente que substitui a admiração sincera e gratuita pelo ódio fingido e a soldo. Estranho mundo!

Nelson Breve, por exemplo, que hoje é o presidente da EBC, substituindo Tereza Cruvinel, começou sua carreira jornalística onde também comecei: no Diário do Grande ABC. Foi repórter quando eu era redator-chefe. Vinha da área bancária e não tinha experiência em jornalismo. Se a memória não lhe falha, sabe muito bem como eu trabalhava. Tivemos uma conversa um pouco mais longa, certa feita, na minha sala. Ele já era petista! As divergências eram claras. Eu lhe disse o óbvio: “Interessa-me a notícia, não o que grupos de pressão dizem ser notícia”. Tivemos um relacionamento profissional e cordial. Convivo bem com a diferença. Tanto Breve como eu sabíamos para onde conduziam as velas. Ele cresceu a favor do vento; eu, contra.

Memórias, memórias, memórias… O PCO, Partido da Causa Operária, um dos grupos de extrema esquerda que respondem pelas ações mais detestáveis na USP, resolveu me transformar em seu inimigo público nº 1. Como tenho muitos leitores, consideram que a coisa rende. Sou um bom “inimigo”. Seus militantes acusam-me das maiores barbaridades. Como foram longe demais, terão de responder legalmente por isso. Um deles escreve num jornaleco chamado “USP Livre”, ligado ao tal partido, que defendo o espancamento de negros (!) e me chama de racista. O racismo é crime imprescritível e inafiançável. Vai ter de provar. Se não o fizer, e não tem como fazê-lo, estará cometendo crime de calúnia. Vamos nos encontrar no lugar certo para tratar do assunto. Como ele é um “revolucionário”, deve nos imaginar em trincheiras opostas, com armas na mão. Mais modesto, contento-me com o estado democrático e de direito. Se cometi o crime que ele diz que cometi, tenho de ir em cana. Se não cometi, quem vai arcar com as conseqüências é ele. É bom ir consultando um advogado do “estado burguês”, meu rapaz.

O que o rapazola talvez ignore é que estudei na USP com o seu chefe, Rui Costa Pimenta, o presidente do PCO. Quando o conheci, no começo de 1980 acho, eu tinha 18; ele, 22. Tivemos uma convivência amiga, cordial. Rui já pertencia a uma corrente trotskista dentro do PT chamada Causa Operária, que ainda não era, como é hoje, um partido. Lá se vão mais de 30 anos! Eu fazia política estudantil com outro grupo, igualmente trotskista, a Liberdade e Luta (a famosa “Libelu”), depois de ter passado pela Convergência Socialista (onde comecei, aos 15…), que viria a resultar, mais tarde, no PSTU.

Rui tentou, sem qualquer ação ostensiva ou desagradável, ressalte-se, me atrair para a sua corrente. Chegamos a almoçar em sua casa, servidos por sua simpática avó, quando a possibilidade foi tratada de maneira mais clara. Eu gostava de nossa amizade, mas não me convenci. Ele não era muito apreciado pelas demais correntes estudantis, mesmo as mais radicais, porque não entendiam direito seus movimentos. Rui jamais participou das invasões da Reitoria, do restaurante universitário ou dos prédios de moradia do Crusp, por exemplo. Com um brinco bastante avançado para a época, cultivava, digamos assim, um certo distanciamento aristocrático daquela turba de invasores - na qual eu me incluía…

Lembro-me de ter pensado certa feita: “Será que ele tem medo de apanhar? Seria covardia?” Mas logo deixei de lado a suspeita porque me pareceu duplamente indigno pensar aquilo: a) porque era meu amigo; b) porque todo mundo tem o direito de ter medo de apanhar, e isso não é uma falha de caráter. Afinal, era mais difícil opor-se à ditadura do que à democracia. Preferi pensar que ele achava irresponsável a nossa forma de ação direta. Eu sempre penso as melhores coisas sobre os meus amigos.

Eu conhecia alguns poemas de Mário Faustino, mas Rui tinha uma raridade: “O Homem e Sua Hora”, publicado pela Civilização Brasileira, em 1955, com orelha de Paulo Francis. Ele me emprestou o livro, e foi esse o melhor saldo da nossa amizade. Se Rui deu pela falta do volume em sua estante, na hipótese de que isso ainda seja do seu interesse, vai o aviso: o livro está comigo. Preciso achar um modo de devolvê-lo.

Mais de trinta anos depois, a cordialidade, que parecia existir independentemente das divergências - eu sempre preferi as nossas conversas sobre gramática e literatura -, é substituída por uma violência retórica que parece tanto mais exacerbada quanto mais minoritárias se mostram as teses do PCO. Hoje, as “crias ideológicas” de Rui não se contentam apenas em dizer que estou errado (ok, é um direito) ou que sou reacionário (ok, é um juízo de valor). Não! Isso lhes parece pouco. Precisam também recorrer às mentiras, às acusações infundadas, ao xingamento, à baixaria, às calúnias. Não basta a seus soldados aquilo que realmente escrevo para me satanizar no tal “USP Livre”. Precisam também recorrer ao que nunca escrevi.

Numa tarde distante, depois das aulas da USP, Rui tentou, numa conversa serena, convencer-me a aderir à sua “Causa Operária”. Não conseguiu. Mais de 30 anos depois, sou obrigado a considerar que a sua causa avançou pouco, mas a violência retórica de sua turma e a ação empreendida na USP ganham contornos de insanidade minoritária. Mas vejam como sou: esse Rui de hoje, que comanda pessoas que golpeiam eleições no DCE e que se dedicam à calúnia e à violência, não poderia, evidentemente, ser meu amigo. O meu espaço para a divergência não comporta esse tipo de ação delinqüente. Mas aquele outro, que ficou perdido há 30 anos, com o qual não rompi, era capaz de dizer coisas interessantes.

Dia desses, chegaram-me alguns impropérios desferidos contra mim por Natália Pimenta, que, fiquei sabendo, é filha de Rui e até já se candidatou a algum cargo eletivo. Fazer o quê? As minhas filhas só saberão agora quem é o pai de Natália. Não as treinei para o ódio. Eu as eduquei para a liberdade.

O comunismo resultou em terror porque seus militantes confundiram a civilidade com um traço de classe.

Não conseguiram acabar com a burguesia, mas conseguiram acabar com a civilidade.

18/01/2012

Sem oposição


A incapacidade de o PSDB se articular minimamente para exercer o papel que lhe cabe como maior partido oposicionista brasileiro resulta em uma apatia política perigosa, que não faz nada bem à democracia.

A mais recente demonstração disso é o convite despropositado feito pelas regionais do Rio e do Distrito Federal para que o senador Álvaro Dias seja candidato a governador.

O governo Dilma Rousseff, mesmo sem grandes realizações em seu primeiro ano e cheio de problemas para resolver na sua base aliada, continua popularíssimo graças à sensação de bem-estar que a economia brasileira ainda é capaz de proporcionar, mesmo que os sinais de desgaste do modelo estejam evidentes, até mesmo pelo reflexo da crise internacional.

POR MERVAL PEREIRA
O GLOBO

O aumento do salário mínimo em torno de 14% é um forte alavancador do consumo interno e impulsiona a popularidade do governo, mesmo que tenha chegado em uma hora em que as contas públicas andam precisando de uma forte contenção.

A oposição, minguada em números - representa cerca de 18% do Congresso, o menor índice desde a redemocratização -, não tem uma atuação qualitativa que compense a fraqueza numérica.

Tudo indica que o principal partido, o PSDB, está preso em uma armadilha que já o apanhou uma vez, na disputa contra a presidente Dilma Rousseff em 2010.
Ali se avaliou erroneamente que a candidata de Lula não teria condições de disputar a campanha presidencial com o grão-tucano José Serra, e este optou por não atacar o ex-presidente (ao contrário, chegou a elogiá-lo), na vã esperança de que os eleitores lulistas veriam nele uma alternativa melhor do que Dilma.


Como se a disputa política-ideológica não fizesse parte do pensamento estratégico de uma parte do eleitorado, e a outra não estivesse ligada à continuidade das benesses oficiais.

O ex-governador paulista mudou radicalmente sua postura depois da derrota, e anda muito mais ativo na crítica ao governo do que seu próprio partido, ou mesmo que seu adversário interno, o senador Aécio Neves, que ainda não disse a que veio.
O problema de Serra é que essa atitude que vem assumindo agora chega quando já não tem as condições políticas necessárias para se colocar como candidato a presidente pelo PSDB, uma obsessão que não corresponde à realidade do momento.
Está tudo preparado - e de modo truculento, no ponto de vista dos serristas, cada vez em menor número - para que Aécio Neves seja o candidato da vez dos tucanos.

Aliás, essa "truculência" apontada por seus seguidores pode dar a Serra a explicação para deixar o partido e tentar se candidatar à Presidência pelo PPS ou pelo PSD, caso não se acerte no PSDB.

A única maneira de clarear a situação interna dos tucanos seria Serra aceitar se candidatar à prefeitura paulistana e deixar o caminho aberto para Aécio Neves, o que significaria que desistiu de chegar à Presidência da República, o que parece improvável neste momento.

O problema de Aécio parece ser uma maneira antiquada de fazer política, que não o coloca perante a opinião pública como um líder oposicionista.


Ele tem se movimentado bastante pelos bastidores, tentando acertar acordos que podem levá-lo a quebrar a ampla coalizão partidária que dá apoio à presidente Dilma.


A questão é que esses acordos dependem do fracasso do governo, mais especificamente no enfraquecimento econômico do nosso crescimento.

A perspectiva para os próximos anos não é nada boa, e é possível que o governo Dilma mantenha-se em um patamar medíocre justamente nos anos eleitorais.

O crescimento do ano passado já deve ser abaixo de 3%, em parte porque o governo quis frear o crescimento para controlar a inflação, em parte porque a crise internacional não permitiu crescimento maior.

Segundo relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) divulgado ontem, a economia mundial beira uma nova recessão, e espera-se crescimento "anêmico" nos anos de 2012 e 2013.

O crescimento da América Latina e do Caribe será de 3,3% este ano, e o Brasil se manterá abaixo da média, como vem ocorrendo nos últimos anos: a previsão de crescimento do PIB brasileiro é de 2,7%.

São dados preocupantes, que sinalizam menos arrecadação de impostos e exigirão do governo um corte nos gastos públicos que ele não tem conseguido concretizar a não ser cortando investimentos, o que leva a menos crescimento ainda.

Dois anos seguidos de crescimento abaixo de 3% configurariam uma situação econômica difícil, mesmo que nosso PIB cresça mais que o dos países desenvolvidos.

Nesse ritmo, continuaremos nos aproximando das chamadas "economias maduras" do mundo, mas perdendo terreno para os emergentes como nós, que crescem a uma taxa mais acelerada, apesar da crise.

E, sobretudo, perdendo as condições de manter a política social que garante a popularidade do governo, mesmo em um ano medíocre em realizações.

Pois o PSDB parece estar jogando na crise econômica como única arma de argumentação para o eleitorado mudar de governo em 2014, sobretudo porque, nesse caso, a desintegração da coalizão governamental poderia oferecer um caminho para a campanha de Aécio Neves à Presidência, com a adesão de alguns partidos, descontentes ou mais pragmáticos.

Há potenciais crises para todos os lados. O PSB do governador Eduardo Campos disputa a primazia de ser o segundo partido da aliança, com direito a indicar o vice, com o PMDB, que disputa com o PT espaços no governo e nas alianças estaduais.

Qualquer dos dois partidos aderiria com prazer a uma candidatura tucana com Aécio Neves à frente, desde que a situação do governo comece a ficar difícil por causa da economia.

Se tudo continuar como está, com a presidente Dilma transformando-se em solução natural para o PT depois que Lula parece estar disposto a continuar sendo o grande eleitor, sem disputar novamente a Presidência como planejara antes de sua doença, os partidos aliados se conformarão dentro da coalizão, mesmo que insatisfeitos.

E o PSDB não parece ter uma proposta alternativa para oferecer ao eleitorado.

O PT na oposição apresentava uma alternativa concreta ao governo de FHC, mesmo que fosse equivocada e tivesse que ser abandonada, por inviável.

Mas durante algum tempo convenceu o eleitorado de que tinha a saída.

Janeiro 18, 2012

Arrogância




A atitude da agência de "rating" S&P (Standard & Poor"s), que rebaixou as notas da França e da Áustria (de AAA para AA+), da Espanha (de AA- para A) e da Itália (de A para BBB+), foi claramente intempestiva pelo seguinte:

POR ANTONIO DELFIM NETTO
FOLHA DE SP

1) Há claros sinais de um entendimento político e econômico mais profundo na eurolândia, que parece ter as condições de sair de crescimento negativo para o positivo em 2012.

2) Os EUA vão crescer em torno de 2,5%, com redução do desemprego.

3) O Japão aumentará seu crescimento acima de 1%.

4) A China mostra que seguirá aterrissando suavemente.

5) Os emergentes -com exceção da China- podem crescer entre 3,5% e 4,5%.

6) A taxa de inflação mundial parece manter-se um pouco mais comportada.


Na melhor das hipóteses, parece uma tentativa de protagonismo para tentar readquirir a credibilidade perdida com os seus dramáticos erros do primeiro momento da crise mundial.

Explicitou a terrível arrogância que envolve o sistema financeiro internacional, que se apropriou do poder político dos Estados e está estressando o sistema democrático. 

Janeiro 18, 2012

O MAIOR DE TODOS OS MALES: A CORRUPÇÃO



"O que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas."


Martin Luther King



O MAIOR DE TODOS OS MALES:

A CORRUPÇÃO


Por Delmar Philippsen

Tem sido repetido exaustivamente que os mais graves problemas do Brasil são a péssima qualidade dos serviços prestados pelos governos nas áreas da saúde, educação, segurança e infra-estrutra. E são péssimos mesmo, mas são também as consequências crueis e desumanas de um mal maior - e que atinge com maior intensidade as camadas mais pobres da população - que é a corrupção.


Esta é a principal causa. Some-se à corrupção, que tomou proporções oceânicas a partir de 2003, a incompetência administrativa e gerencial dos governantes, e teremos o futuro dos nossos filhos e netos comprometidos definitivamente.

A população mais pobre e menos informada não percebe que aqueles que dizem defendê-los, são os mesmos que mais os humilham e desprezam, pois se mantem no poder às custas de muita corrupção, e cujos recursos roubados fazem falta para melhorar de fato a vida dos mais pobres. A vida da população melhorou?

Sim, mas isto não dá o direito aos governantes roubarem como estão roubando. Por outro lado a melhora do padrão de vida se deu em função das importações desmedidas da China. A consequência desta farra de importações é o aniquilamento da indústria brasileira. São milhões de desempregos que o Brasil amargará nos próximos anos

Nunca houve tanto roubo e corrupção nos governos federal, estaduais e municipais, desde que o PT assumiu o governo federal. Lula e seus parceiros de partido simplesmente deram sinal verde para tudo que é tipo de ladroagem. Na medida que não são dados exemplos de honradez, ética, austeridade e honestidade pela cúpula federal, os agentes públicos nas esferas federal, nos estados e municípios, sentem-se liberados para também roubar. Além dos recursos financeiros desviados, um mal subjacente e muito grave também se instalou: a desilusão e a desesperança das pessoas de bem, dos trabalhadores honestos que veem a sua auto-estima e seu amor-próprio pisoteados por estas gangues de marginais. Nunca se aplicou tão bem ao presente momento a frase de Rui Barbosa: "


De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."

Diariamente são relatados casos de corrupção neste país por um número restrito de revistas, jornais e blogs independentes , que não se curvaram ao governo central. De outro lado, um sem número de jornalistas se vende vergonhosamente ao governo para louvá-lo e ocultar as suas falcatruas. Por isto, a insistência da banda corrupta do governo deste país (e do seu principal partido) em criar um conselho de regulação da mídia, que no fundo não teria outra função que não seja a implantação da censura.

No governo Lula foram criadas milhares de ONGs, por petistas e aliados de outros partidos, com o fim exclusivo de desviar recursos públicos para os seus próprios bolsos. Foi criada uma CPI para apurar tais roubos. Infelizmente, por manobras da base aliada, a CPI não deu em nada e a população brasileira, mais uma vez, ficou sem saber o tamanho da roubalheira.

Cálulos da FIESP, publicados na Revista Exame, edição 009, página 54, estimam que no Brasil a corrupção monta a 51 BILHÕES DE REAIS ANUAIS. Segundo o estudo, seria possível construir, anualmente, 918.000 casas populares, ou 58.000 escolas, ou matricular 25.000.000 de crianças da crecha ao 5º ano do ensino fundamental, ou construir 78 aeroportos, ou 40.000 km. de rodovias.

Agora, façam um exercício comigo: quantos hospitais seria possível construir com este montante? 50, 100? Quantos postos de saúde? Certamente uns 50.000. Quantos médicos poderiam ser mantidos com R$ 51 bilhões anuais? Por baixo 30.000.
A Revista de Veja numa das suas edições calculou em R$ 80 bilhões.
E a roubalheira será ainda maior com as obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas. A aprovação de uma nova Lei - a RDC , Regime Diferenciado de Contratação - para contratar obras sem a necessidade da observção dos procedimentos exigidos pelos Tribunais de Contas e Controladoria Geral da União, abrem uma caminho sem precedentes para a roubalheira.

E o que dizer da idéia insana de construir um trem-bala Rio - Campinas? Neste sentido vale a pena ler a análise abaixo, feita por José Serra sobre o assunto.

" Apesar de que:
I. a construção da Transnordestina – ferrovia que liga os portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco – anda a passos de tartaruga, fica cada vez mais cara e deixa de lado estados como o Rio Grande do Norte e a Paraíba;
II. a obras de Transposição do rio São Francisco estão semi-paralisadas e tornam-se, também, cada vez mais caras;
III. os metrôs de Salvador e Fortaleza estão inacabados por falta de recursos federais, o de Belo Horizonte estacionado, os de Goiânia e Curitiba inexistentes, os do Rio de Janeiro e São Paulo sem um centavo federal;
IV. faltam linhas para trens de carga em todo o território brasileiro e somente 30% do nosso potencial hidroviário é aproveitado;
V. 25 bilhões de reais seriam o suficiente para equipar toda a infraestrutura que serviria ao escoamento da produção agrícola do país;
VI. faltam recursos para a Saúde, o governo fala em contenção fiscal e na criação de novos tributos no próximo ano (ministra Ideli Salvatti).
Apesar disso tudo, o governo federal insiste no projeto do trem de alta velocidade entre o Rio de Janeiro e São Paulo, que custaria 65 bilhões de reais, não transportaria carga e não teria demanda adequada de passageiros. Já foi criada uma empresa estatal para tocar o projeto e o governo diz que ele se justifica devido ao ganho tecnológico: o Brasil poderia dominar a tecnologia de trens-bala! Para quê? E a esse preço? Haja distorção de prioridades.
No fundo, a construção do trem-bala tem único objetivo: ser mais uma fonte fantástica de roubo de recursos públicos.
Ou agimos, ou merecemos ser escravos de uma casta de canalhas ladrões e corruptos

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Subiu no telhado a candidatura à prefeitura de São Paulo do ministro Fernando Haddad




Subiu no telhado a candidatura à prefeitura de São Paulo do ministro Fernando Haddad
(Educação), daí o adiamento de sua saída do governo, prevista por ele mesmo para meados de janeiro.

Há dias, Haddad disse que Dilma havia solicitado para ele “ficar mais um pouco” no cargo.

A idéia foi de Lula, agora pessimista com as pesquisas e a falta de entusiasmo da militância, que prefere Marta Suplicy na disputa.

Não é uma Brastemp

O ex-presidente Lula forçou a barra no PT para entronizar Fernando Haddad como candidato, mas concluiu que ele não é nenhuma Dilma.

Sem discurso

Quando escolheu sua chefe da Casa Civil como sucessora, Lula tinha o que dizer de sua capacidade como gestora.

Já sobre Haddad...

Sem realizações

A gestão de Haddad é marcada por vexames nas provas de avaliação e por polêmicas desnecessárias, como o kit gay arquivado por Dilma.

Última chance

As próximas pesquisas sobre a disputa paulistana definirão o futuro da candidatura Haddad. Se não der sinal de vida, será sepultada.

 16/01/2012

domingo, 15 de janeiro de 2012

Charge


encalhado na lama