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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

“Alô, é José Dirceu, do núcleo petista da Papuda”. Ou: Chega de preconceito! Dirceu não fez nada além do que habitualmente fazem os marginais nos presídios!


Por Reinaldo Azevedo
Correia, o interlocutor de Dirceu: secretário na Bahia e amigão do peito, petróleo e gás
Correia, o interlocutor de Dirceu: secretário na Bahia e amigão do peito, petróleo e gás

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, governado por Agnelo Queiroz, companheiro de partido do petista José Dirceu, disse que abriu sindicância para apurar o uso de celular pelo mensaleiro dentro do presídio, prática considerada uma falta grave. O chefão petista, condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha, bateu um papo com James Correia, titular da Indústria, Comércio e Mineração na gestão do também governador petista Jacques Wagner,  da Bahia. O próprio Correia confirmou a conversa em entrevista ao “Painel”, da Folha. O homem é empresário da área de petróleo e gás e já contratou os serviços de Dirceu como “consultor”. Todo mundo sabe que o mensaleiro é especialista no setor, não é mesmo?
A esta altura, os petralhas pensam: “Pô, presidiários do Brasil inteiro usam celular o tempo todo; de dentro dos presídios, saem ordens para os bandidos que estão nas ruas…”. É verdade. Desta vez, eu concordo com os petralhas: Dirceu não fez nada que esses marginais, ligados ao crime organizado, não façam habitualmente. Por que o preconceito contra ele, né?
A secretaria emitiu uma nota, a saber: Sobre a matéria publicada hoje (17/01) no jornal Folha de S.Paulo sobre a suposta utilização de celular pelo apenado da Ação Nº 470, José Dirceu, dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal esclarece que: 1) Todas as informações veiculadas por meio da matéria serão alvo de um processo administrativo disciplinar aberto na manhã de hoje. O resultado da apuração deverá transcorrer ao longo do mês de janeiro e tem um prazo de até 30 dias para ser concluído. 2) O resultado do processo será encaminhado à Vara de Execuções Penais (VEP)
Retomo

Sim, severidade máxima, posso apostar.
O tal James Correia diz coisas realmente singulares. Afirmou que José Dirceu está animado e quer trabalhar na biblioteca do presídio. Sei. E disparou uma frase deliciosa: “Ele está fazendo o que gosta”.

É?
Correia também não dá muita bola para o que diz a lei e sustenta que seu amigão do peito, além do petróleo e gás,  não fez nada demais. E anuncia a intenção do mensaleiro tão logo saia da cadeia para supostamente trabalhar: “Em breve, ele poderá falar o dia inteiro ao telefone, porque estará trabalhando.”

A menos que Dirceu seja contratado para trabalhar numa empresa de telemarketing, há de se perguntar: que diabo de trabalho será esse?
Pelado
Em 2010, Dirceu concedeu uma entrevista à revista Playboy. Falando sobre a sua atividade de “consultor”, soltou esta pérola:

“(…) No fundo, o que eu faço é isso: analiso a situação, aconselho. Se eu fizesse lobby, o presidente saberia no outro dia. Porque, no governo, quando eu dou um telefonema, modéstia à parte, é um telefonema!”
Claro! Foi a segunda vez que um homem ficou pelado na Playboy — a primeira foi com Lula, em 1979, quando revelou que usava seu cargo no sindicato para pegar as viúvas dos companheiros menos afortunados do que ele… Papar viuvinha de companheiro morto que ia ao sindicato tratar de assuntos ligados à Previdência revela, certamente, um nível tão elevado de testosterona como de caráter.
Assim, tão logo o juiz da Vara de Execuções Penais decida autorizar que Dirceu trabalhe fora do presídio, é bom que se atente: há o risco de ele ficar o dia inteiro pendurado ao telefone, disparando telefonemas para o governo que, “modéstia (dele) à parte, são TELEFONEMAS”.
PS - James Correia tentou consertar o estrago. Afirmou depois não ter conversado pessoalmente com Dirceu. Uma terceira pessoa, uma visita, que estaria com o presidiário, teria servido de intermediária. Ah, bom! Seria boa a desculpa se fosse permitido entrar com celular no presídio. Mas não é.



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O reino da Dinamarca está podre, mas fica longe




Quem dá a mínima para o agente Barba, a morte de Celso Daniel ou os dossiês fajutos do PT?

Por José Nêumanne Pinto


O livro “Assassinato de Reputações” (Topbooks, 2013), do policial e advogado Romeu Tuma Júnior, faz revelações de alto teor explosivo sobre a atuação do mais popular político brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o autor, Lula foi o informante chamado Barba do pai dele, Romeu Tuma, delegado que chefiou o setor de informações da polícia política na ditadura militar, dirigiu a Polícia Federal (PF) e foi senador da República. A obra contesta a versão oficial da polícia estadual paulista, comandada por tucanos, e da direção do partido de Lula, o PT, sobre o assassínio de seu companheiro e prefeito de Santo André Celso Daniel, quando este coordenava o programa de governo na primeira campanha vitoriosa do petista-mor à Presidência. Como indica o título, ele relata minuciosamente o uso de dossiês falsos montados contra adversários em época de eleições. Tuma assegura ainda ter provas de que ministros do Supremo Tribunal Federal tiveram seus telefones grampeados. E registra a atuação ilícita de arapongas da Agência Brasileira de Inteligência em operações da PF, caso da Satiagraha.

Tuminha, como o próprio autor do livro se autodenomina para se distinguir do pai, Tumão, teve o cuidado de esclarecer que o agente Barba não delatou nem prejudicou ninguém. Ao contrário, em sua opinião, ele teria prestado benignos serviços ao País e à democracia permitindo que o Estado (então sob controle dos militares) acompanhasse o movimento operário de dentro. Delatores nunca são benquistos nem benditos, mas Lula pode ser a primeira exceção a essa regra consensual que vige nos presídios, nos palácios, nas ruas, nas casas e em quaisquer outros locais, aqui como em outros países, e sob democracias ou ditaduras. No entanto, não há notícia de que nenhuma das Comissões da Verdade criadas pelo governo federal do PT e do PMDB e por administrações estaduais ou municipais tenha aberto alguma investigação a respeito da atuação de um dirigente político e gestor público importante como ele.

No livro “O que Sei de Lula”, de 2011, revelo que houve uma reunião em São Paulo do então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema com o major Gilberto Zenkner, subordinado do chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general Octávio Aguiar de Medeiros. Este travava intensa luta pelo poder contra o chefe da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva, que enviara o presidente do partido do governo em São Paulo, o ex-governador Cláudio Lembo, para pedir ao líder dos metalúrgicos em greve apoio público à volta e reintegração dos exilados com a abertura e a anistia. O líder negou-o, Medeiros duvidou da informação dada a Figueiredo, mandou conferir e Lula reafirmou a negativa.

Justiça seja feita, Lula sempre confirmou em público ter mantido excelentes relações com o mais célebre xerife na transição da ditadura para a democracia. E chegou mesmo a gravar carinhosa mensagem usada por Tumão na sua propaganda política em campanha para o Senado. Quer dizer: ninguém pode afirmar que haja provas de que ele tenha sido delator, mas também ninguém apareceu para desmentir a versão de Tuminha nem a reunião com o emissário de Medeiros.

Tuminha faz no livro um relato de razoável verossimilhança do sequestro e assassinato de Celso Daniel com a autoridade de quem era, à época, o delegado de Taboão da Serra, onde o prefeito foi executado. O governador de então (e hoje), o tucano Geraldo Alckmin, afastou o policial do caso e transferiu a investigação para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, alegando que o funcionário poderia aproveitar-se da exposição na mídia para se eleger deputado estadual. O inquérito feito pela cúpula da polícia paulista, apoiado e aplaudido pelo comando petista, é contestado pela família da vítima e a sequência de fatos que o autor reproduz na obra sugere que o crime está longe de ter sido elucidado.

Tuma Júnior nunca foi oposicionista nem adversário de Lula. Ao contrário, foi nomeado por este para comandar a Secretaria Nacional de Justiça, ocasião em que muitas vezes, segundo afirma, foi procurado por figurões de alto coturno do governo e do PT para produzir inquéritos contra adversários. Novidade não é: o falso dossiê contra José Serra na campanha para o governo paulista é tão público e notório que, contrariando o seu hábito de nunca ver, nunca ouvir, nunca saber, Lula apelidou de “aloprados” os seus desastrados autores. Nenhum destes, contudo, foi investigado e punido. E seu eventual beneficiário, o candidato petista derrotado por Serra na eleição, Aloizio Mercadante Oliva, é ministro da Educação e tido e havido como um dos principais espíritos santos de orelha da chefe e correligionária Dilma Rousseff. Mas os fatos lembrados no livro de Tuminha impressionam pela quantidade e pela desfaçatez das descaradas tentativas de usar o aparelho policial do Estado Democrático de Direito para assassinar reputações de adversários eleitorais, tratados como inimigos do povo.

O policial denuncia delitos de supina gravidade na obra. No entanto, desde que o livro foi lançado e evidentemente recebido com retumbante sucesso de vendas, não assomou à cena nenhum agente público ou mesmo um membro da tíbia oposição que resolvesse ou desmascarar as possíveis patranhas do autor ou investigar as informações dadas por ele e que seriam passíveis de desmentido ou confirmação. Pois o protagonista das denúncias do delegado continua sendo o eleitor mais importante do Brasil e se prepara para consagrar seu poste Dilma Rousseff, reelegendo-a. Pelo simples fato de que não há eleitores preocupados com as aventuras do agente Barba na ditadura, com a punição dos assassinos de Celso Daniel ou com os inimigos dos poderosos do momento contra os quais foram fabricados falsos dossiês. Há algo de podre no Reino da Dinamarca, mas, como se sabe, a pátria de Hamlet fica longe daqui.
José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor.



15/01/2014

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Charge







segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Covardia chique: o capitalismo nos deixou frouxos?




Por Rodrigo Constantino

O filósofo Luiz Felipe Pondé toca em um tema importante e controverso em sua coluna de hoje na Folha: teria o sucesso material capitalista nos transformado em um bando de frouxos? A tese não é nova. O clássico A Rebelião das Massas, de Ortega y Gasset, vai por caminho parecido ao falar dos “senhorzinhos satisfeitos”, das massas que vivem no conforto material e agem como crianças mimadas.

Muitos conservadores criticam tanto os liberais como os esquerdistas (principalmente estes) com base nessa visão. O sucesso capitalista foi tanto em produzir cada vez mais bens materiais acessíveis e conforto, que as novas gerações tomam tudo isso existente como um “direito adquirido”, e acham que basta chorar para mamar, de preferência nas tetas estatais (esforço alheio).

O tema do meu Esquerda Caviar tem ligação direta com isso. Quem pode se dar ao luxo de viver para a defesa das baleias ou das plantas, senão alguém que já desfruta do básico e muito mais? Quem pode ser uma alma tão sensível a ponto de condenar o luxo no mundo, senão aquele que já possui diversos luxos vistos como inatingíveis por gerações anteriores?

Pondé argumenta que foi justamente Adam Smith quem fez esse tipo de crítica ao modelo que defendia. Os “progressistas” preferem a linha política de Rousseau para condenar o capitalismo, mas era Smith que tinha uma visão mais interessante sobre os riscos morais de um sistema extremamente eficiente em prover conforto e luxo. Pondé é taxativo: “O capitalismo deixou todo mundo frouxo”. Eis a explicação:

Smith temia que a sociedade de mercado causasse um enfraquecimento das virtudes heroicas. A perda dessas virtudes (coragem, disciplina e força), causada por uma vida baseada na produção de riquezas materiais e consequente riqueza de bens imateriais (hoje materializados em leis luxuosas sobre direitos, desejos e liberdades numa sociedade baseada em escolhas individuais contra sociedades que esmagam esta escolha sob a bota de modelos coletivistas tradicionais, religiosos ou marxistas), apareceria na covardia generalizada e no vício do bem-estar, material e imaterial.

Os ganhos do bem-estar corromperiam nosso caráter, nos tornaria frouxos. De fato, não podemos olhar para os estados com forte welfare state e negar isso. Tem gente que pensa que é seu “direito” levar uma vida “digna” sem esforço algum, sem trabalho algum, tudo na conta da “viúva”. Acham que as coisas caem do céu, brotam da terra, são criadas ex-nihilo pelo Deus laico da modernidade, o estado. Pondé cita um exemplo à guisa de conclusão:

O novo crescimento do socialismo rosa-choque, inclusive em lideres como Obama, é fruto dessa corrupção. Smith previu as bases para o surgimento do pensamento de Marx e Gramsci: a corrosão do caráter causada pelo enriquecimento das sociedades e suas demandas de supressão das condições reais da vida como dor, luta e trabalho sem garantias.

Sim, Obama é mesmo o ícone dessa corrupção de caráter da modernidade. Alguém que finge ou tenta crer que é possível levar a paz para o Oriente Médio na base da retórica, com belos discursos inflamados, só pode ser filhote de nosso tempo, um “covarde chique” que age como uma alma infantil brincando no playground do prédio seguro.

Obama não precisa sobreviver no Quênia como seu irmão. Ele vem do Havaí, de Harvard, do conforto material que só o capitalismo americano poderia lhe oferecer. A pergunta, portanto, que Pondé usa como afirmação, é pertinente: o capitalismo nos deixou frouxos?


13/01/2014

Com São Paulo, Cardozo ruge; com o Maranhão, ele bale



Por Reinaldo Azevedo

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o Garboso, concedeu uma entrevista à Folha desta segunda. Chega a ser constrangedor. Desperta na gente o que se passou a definir, com muita propriedade, “vergonha alheia” — vale dizer: já que ele próprio não enrubesce, a gente cora em seu lugar; alguém, afinal de contas, tem de fazê-lo.

Leiam a entrevista. Não há uma só nota de crítica ao governo de Roseana Sarney (PMDB), nada! Muito pelo contrário! Cardozo faz questão de destacar que a governadora tem plena autonomia para cuidar da segurança pública (não me diga!) e que o governo federal está lá para oferecer seu apoio. Para retirar o peso das costas da governadora, Cardozo insiste que os presídios, Brasil afora, estão em petição de miséria.

Ele só se esqueceu de um pequeno detalhe: todos os presídios brasileiros estão subordinados a um órgão federal, que pertence justamente ao Ministério da Justiça.

Leiam esta pergunta e esta resposta (em vermelho):

O Plano Nacional de Apoio ao Sistema Prisional recebeu 34,2% a menos de verba em 2013 do que em 2012. Não era a hora de investir mais?
O tempo médio para a construção de um presídio chega a três anos. A escolha do local nem sempre é fácil porque muitas cidades não querem receber unidades prisionais. Elaborar o projeto e fazer a licitação também é complicado. Esses problemas acabam dificultando o repasse de dinheiro. Acredito que vai melhorar em 2014.


O que foi que ele disse mesmo? Absolutamente nada! Num outro momento da entrevista, com aquela pompa muito característica, afirma: “A presidente Dilma Rousseff determina ao Ministério da Justiça e a toda sua equipe que aja de maneira absolutamente republicana, pouco importa se o governador é aliado ou de oposição.”

Os fatos
É mesmo? Que pena que os fatos desmintam o ministro de maneira tão acachapante e acabrunhante, não é mesmo?

Em 2012, São Paulo passou por um surto de violência — insuficiente para retirá-lo do penúltimo ou último lugar no ranking de homicídios. Cardozo concedeu diversas entrevistas atacando o governo e a polícia de São Paulo. Acusou a Secretaria de Segurança Pública de ter rejeitado ajuda do governo federal. Era falso. Muito pelo contrário: o então secretário, Ferreira Pinto, havia encaminhado uma solicitação de ajuda, que ficou sem resposta. Numa entrevista, com grosseria impressionante, Cardozo disse que o Planalto não era “Casa da Moeda” para ficar dando dinheiro a São Paulo… Ferreira Pinto acabou deixando a secretaria. Desmontei a farsa aqui).

Vejam esta imagem.

É de uma entrevista de Cardozo na Folha do dia 18 de junho, em meio à pauleira das manifestações. Abaixo, reproduzo a sequência de eventos até que o ministro da Justiça tivesse o desplante de concedê-la.

No dia 9 de junho, o Estadão chegava às bancas com uma estranha entrevista de Cardozo, tornada manchete. O alvo principal: o governador Geraldo Alckmin, em particular a política de segurança pública. Era um domingo. Eis a imagem.

Na terça-feira, dia 11 de junho, o Passe Livre e os black blocs voltaram às ruas — já tinham promovido depredações no dias 6 e 7 daquele mês. A violência chegava ao paroxismo. Coquetéis molotov foram lançados contra a polícia. Um policial foi linchado.

Aí veio a tragédia do dia 13. O Passe Livre voltou às ruas ainda mais disposto à pauleira. Aqui e ali já se colhiam na imprensa sinais de simpatia pelos vândalos. Jornalistas foram atingidos por balas de borracha. Uma imprensa que já estava doida para aderir encontrou ali o pretexto de que precisava. A PM passava a ser a vilã. E os protagonistas da truculência dos dias 6, 7 e 11 eram tratados como heróis que estivessem lutando contra um estado autoritário.

Naquele mesmo dia 13, com a cidade tomada pelo caos, Cardozo concedeu uma entrevista aos portais oferecendo “ajuda” ao governador Geraldo Alckmin. Não telefonou, não conversou, não procurou nem foi procurado. Falava pela imprensa. Tirava uma casquinha. Fazia de conta que o problema era de São Paulo.

No dia 17, marca-se outra manifestação em São Paulo. A polícia aceita as condições dos trogloditas que haviam vandalizado a cidade nos dias 6, 7, 11 e 13: nada de tropa de choque, nada de bala de borracha, nada de bombas e nada de restrição a áreas de protesto. No dia 18 de junho, aí era a Folha que trazia outra entrevista de Cardozo, também contra o governo de São Paulo, com ataques diretos à polícia. É a imagem da página que vai ali no alto.

Concedida no dia 17, antes do término das manifestações, esse gênio usou como exemplo bem-sucedidos as polícias do Rio e do Distrito Federal: “O que vi em SP, e as câmeras mostraram, é de uma evidência solar que houve abuso. Vi o que aconteceu no Distrito Federal e no Rio. Padrões de comportamento bem diferentes”.

Patético! Naquele dia 17, não houve violência em São Paulo. Alguns bananas tentaram invadir os jardins do Palácio dos Bandeirantes, mas nada muito grave. No Rio, no entanto, um dos bons exemplos de Cardozo, assistiu-se ao caos.

O ministro da Justiça que “ofereceu” ajuda a Alckmin no dia 13, que já o havia atacado no dia 9 e que censurou a polícia de São Paulo no dia 17, tinha tudo para organizar, então, com o seu aliado Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal, uma ação preventiva exemplar quando o protesto chegou ao Distrito Federal, certo?

Pois bem! No dia 20, o caos se instalou em Brasília. Meteram fogo no Itamaraty. E ninguém ouviu a voz de Cardozo, o chefe da Polícia Federal e o homem que pode acionar a Força Nacional de Segurança.

Caminho para o encerramento

Eis uma breve síntese de José Eduardo Cardozo e sua “isenção”. Desde que este senhor assumiu a pasta da Justiça, tem atacado a segurança pública de São Paulo — goste-se ou não, uma das mais eficientes do país — de maneira sistemática. E o faz por intermédio da imprensa, mobilizando os muitos amigos que tem na área.

Quando, no entanto, se trata do Maranhão, aí o crítico feroz de São Paulo se transforma num cordeirinho da família Sarney.

Com São Paulo, Cardozo ruge; com o Maranhão, ele bale. Palmas para a sua valentia!

PS – Ah, sim: O “Fantástico” também está de parabéns! Por muito menos, em 2012, cheguei a achar que São Paulo estivesse à beira da anomia social. No Maranhão, um representante do governo falava com muita segurança sobre o descalabro. E nem uma palavra sobre lagosta, caviar e champanhe. Nada, em suma, que possa ter envergonhado a Rede Mirante de Televisão, retransmissora da Globo no Maranhão, que pertence à família Sarney, a exemplo da Rádio Mirante AM, da Rádio Mirante FM e do jornal “O Estado do Maranhão”.
 

13/01/2014