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sábado, 5 de abril de 2014

Propina na Petrobras



As empresas de fachada, as contas em paraísos fiscais, a lista de empreiteiras – e os indícios de corrupção que o ex-diretor Paulo Roberto Costa não conseguiu destruir antes de ser preso

DIEGO ESCOSTEGUY E MARCELO ROCHA,
COM MURILO RAMOS, HUDSON CORRÊA
E LEANDRO LOYOLA

ÉPOCA


Desde que a Polícia Federal prendeu Paulo Roberto Costa, o ex-executivo mais poderoso da Petrobras, há duas semanas, Brasília não dorme. Dezenas de grandes empresários, entre eles diretores das maiores empreiteiras do país e das gigantes mundiais do comércio de combustíveis, todas com negócios na Petrobras, também não. Paulo Roberto Costa era diretor de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012.

Era bancado no cargo por um consórcio entre PT, PMDB e PP, com o aval direto do ex-presidente Lula, que o chamava de “Paulinho”. Paulo Roberto Costa detém muitos dos segredos da República – aqueles que nascem da união entre o interesse de empresários em ganhar dinheiro público e do interesse de políticos em cedê-lo, mediante aquela taxa conhecida vulgarmente como propina.

E se Paulo Roberto fosse descuidado e guardasse provas desses segredos? E se, uma vez descobertas pela PF, elas viessem a público? Pois Paulo Roberto guardou. Tentava destruí-las quando a Polícia Federal chegou a sua casa, há duas semanas. Mas não conseguiu se livrar de todas a tempo.

ÉPOCA obteve cópia, com exclusividade, dos principais documentos desse lote. Foram apreendidos nos endereços de Paulo Roberto no Rio de Janeiro, onde ele mora. Esses documentos – e outros que faziam parte da denúncia que levou Paulo Roberto à cadeia e ainda não tinham vindo a público – parecem confirmar os piores temores de Brasília.

Paulo Roberto e o doleiro Alberto Youssef, também preso pela PF e parceiro dele, acusado de toda sorte de crime financeiro na Operação Lava Jato, eram meticulosos. Guardavam registros pormenorizados de suas operações financeiras, sem sequer recorrer a códigos. Era tudo em português claro, embora gramaticalmente sofrível. Anotavam os nomes de lobistas e empresários, quase sempre os associavam a negócios e a valores em dólares, euros e reais. Os registros continham até explicações técnicas e financeiras das operações.

Os valores milionários mencionados nos documentos, suspeita a PF – uma suspeita confirmada por três envolvidos ouvidos por ÉPOCA –, referem-se a propinas pagas pelas empresas, nacionais e estrangeiras, que detinham contratos com a área da Petrobras comandada por Paulo Roberto. Os papéis já analisados pela PF (há muitos outros que ainda serão periciados) sugerem que as maiores empreiteiras do país e as principais vendedoras de combustível do planeta pagavam comissão para fazer negócio com a Petrobras.



ARQUIVO
Paulo Roberto Costa, ex-executivo da Petrobras. Ele guardava provas de suas transações (Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press)

Para compreender o esquema, cuja vastidão apenas começa a ser desvendada pela PF, é necessário entender a função desempenhada por cada um dos principais integrantes dele. Como diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto fechava, entre outros, contratos de construção e reforma de refinarias (do interesse das empreiteiras brasileiras) e de importação de combustível (do interesse das multinacionais que vendem derivados de petróleo).

Paulo Roberto assinava os contratos, mas devia, em muitos momentos, fidelidade aos três partidos que o bancavam no cargo (PT, PP e PMDB). Paulo Roberto garantia a Petrobras; lobistas como Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e Jorge Luz, ligado ao PT e ao PMDB, cujos nomes aparecem nos papéis apreendidos, garantiam as oportunidades de negócio com as grandes fornecedoras da Petrobras – e, suspeita a PF, garantiam também possíveis repasses aos políticos desses partidos. Para a PF, a Youssef cabia cuidar do dinheiro.

Segundo envolvidos, essa tarefa também cabia a Humberto Sampaio de Mesquita, conhecido como Beto, genro de Paulo Roberto. Ele o ajudava nos negócios e é sócio de uma empresa que tem contrato de R$ 2,5 milhões com a Petrobras. Eram uma espécie de banco do esquema, ao providenciar empresas de fachada para receber as propinas no Brasil e nos paraísos fiscais, ao gerenciar as contas secretas e a contabilidade e ao pagar no Brasil, quando necessário, a quem de direito.

04/04/2014

NA VEJA DESTA SEMANA – Tchau, ex-deputado André Vargas!


 Vai renunciar agora ou aguarda a cassação do mandato?

Em seu blog, André Vargas exibe suas amizades influentes; acima, em companhia de Dilma
Em seu blog, André Vargas exibe suas amizades influentes; acima, em companhia de Dilma
                                   Por Reinaldo Azevedo

Como lembra a “Carta ao Leitor” da edição de VEJA desta semana, costuma haver uma relação diretamente proporcional entre o ódio à liberdade de imprensa e o apreço pela lambança. Ou por outra: os que têm muito a esconder costumam ser os mais entusiasmados com a censura.

E não seria diferente com o deputado André Vargas (PT-PR), ex-secretário nacional de Comunicação do PT, entusiasta do “controle social da mídia” (que é a expressão a que recorrem vigaristas para designar a censura), membro da tropa de choque que saiu em defesa dos mensaleiros e, por um bom tempo, chefe político da rede do subjornalismo delinquente que chama a si mesma, num rasgo de sinceridade, de “blogs sujos”.

Pois é…

O meteórico André Vargas meteu os pés pelos pés e foi flagrado pela Polícia Federal prestando serviços àquele que pode ser chamado, sem favor, de seu sócio: o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava-Jato.

O plano era encher o bolso de dinheiro, fazer a “independência financeira” às custas dos cofres públicos.

Reportagem na edição de VEJA desta semana põe um ponto final na questão e, tudo indica, na meteórica carreira de Vargas.

Parece que a questão agora é saber se ele renuncia já ou espera a cassação do mandato.

Como se sabe, não existe mais voto secreto para proteger gente da sua estirpe.
Amigão de Youssef e “homem muito influente no PT”, Vargas era, nas hostes do governismo, como posso adequar o adjetivo à sua prática?, um fuçador de oportunidades de negócio para o doleiro, que sabia ser grato.

Como informou a Folha, alugou um jatinho para levar o deputado e a família em viagem de férias à Paraíba. Custo do mimo: R$ 100 mil. O deputado folgazão definiu o agrado como “coisa de irmão”. Nem diga!
“Empresário” de múltiplos talentos, Youssef é dono de uma “empresa” de nome imponente: “Labogen Química Fina e Biotecnologia”. É um troço que existe no papel, não na vida real. Nem mesmo chega a ter planta industrial. Seu feito mais notável, até agora, segundo a Polícia Federal, é ter enviado para o exterior, de forma irregular, US$ 37 milhões.
Muito bem!

Vargas, o parceirão de Yousseff, detectou no Ministério da Saúde, então sob o comando de Alexandre Padilha — agora candidato ao governo de São Paulo pelo PT —, a chance de um contrato milionário para fornecimento de remédio, coisa, assim, de R$ 150 milhões.

Mas como é que a Labogen, uma biboca com capital social de R$ 28 mil e folha de pagamentos de R$ 30 mil, poderia se candidatar a tamanha grandeza?

É para isso que servem os amigos. É nesse ponto que entrou André Vargas — leiam a reportagem da revista.

A síntese é a seguinte: a Labogen, mera empresa de fachada, conseguiu se associar à EMS, uma gigante na produção de genéricos, o que lhe conferiria um ar de seriedade, e pronto!

Tudo resolvido.

O diálogo captado pela Polícia Federal entre Vargas e Youssef não deixa a menor dúvida. O deputado petista relata a Youssef sua conversa com Pedro Argese, da Labogen e ouve um prognóstico do interlocutor:
VARGAS – Estamos mais fortes agora. Vi documento com o Pedro. Ele estava no voo de volta de Brasília. Ele estava com o documento da parceria com a EMS. YOUSSEF – Cara, estou trabalhando. Fique tranquilo. Acredite em mim. Você vai ver quanto isso vai valer. Tua independência financeira e nossa também, é claro!
É claro!
Eis aí. Esse é o doleiro “irmão”, cujas atividades ilícitas Vargas dizia desconhecer. Da parceria estimada em R$ 150 milhões, uma já estava em curso, de R$ 31 milhões — suspensa pelo Ministério da Saúde quando o escândalo veio à tona: a de fornecimento de citrato de sildenafila, a substância ativa do Viagra, que é o remédio oficialmente empregado pelo sistema público de saúde para o tratamento de uma doença grave: a hipertensão pulmonar.

Esse contrato contou com a ajuda do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Calos Augusto Gadhelha — a quem Vargas se refere, carinhosamente, num telefonema, como “Gadha”. Padilha, pessoalmente, assinou o contrato.

Relatório da PF fala do parceiro de Youssef que atuava no Ministério da Saúde. Depois ficou claro: era Vargas!
Relatório da PF fala do parceiro de Youssef que atuava no Ministério da Saúde. Depois ficou claro: era Vargas!

Leiam a reportagem.

A coisa vai longe. Youssef está preso, como sabem. O deputado está tentando se virar. Já mandou um emissário ao doleiro afirmando que, se ele, Vargas, cair, gente mais graúda vai junto, “gente de cima”.

Huuummm…

Quem estaria acima de Vargas nessa operação?

Eis uma boa questão.

E por que Youssef deveria temer essa “gente de cima”?

Temer o quê?


Vargas não é o único interlocutor de Youssef no PT. Há outros, como o deputado Vicente Cândido (SP). Vocês já o conhecem. É aquele senhor que ofereceu “honorários para um conselheiro da Anatel livrar a Oi de uma multa bilionária. Disse, então, que falava em nome de Lula. Tudo gente fina.
Segunda-feira é bom dia para André Vargas pegar o boné e ir pra casa, refletir sobre os males da liberdade de imprensa.

Afinal, até onde se sabe, ele já tem garantida a “independência financeira”.

Leiam a reportagem na edição impressa na revista.

05/04/2014



A marca da ruína na Petrobras vai durar



http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/files/2014/04/capa-da-VEJA-Petrobras.jpg 

Transformada em braço do partido , instrumento de política econômica e foco de corrupção, a empresa resistirá à gestão petista, mas vai demorar para recuperar a excelência

DEU NO QUE DEU - A refinaria, no Texas, e o ex-presidente Gabrielli: análise do TCU revela que a diretoria não calculou custos básicos embutidos no negócio, assumiu todo o risco sozinha e pôs a estatal nas mãos dos belgas
DEU NO QUE DEU - A refinaria, no Texas, e o ex-presidente Gabrielli: análise do TCU revela que a diretoria não calculou custos básicos embutidos no negócio, assumiu todo o risco sozinha e pôs a estatal nas mãos dos belgas (Sérgio Lima/FOLHAPRESS)

Mais que um retrato a óleo do Brasil, a Petrobras sempre foi o orgulho de todos os brasileiros. Não apenas mais um daqueles símbolos ufanistas sonoros e coloridos, de aves que por aqui gorjeiam e verdes inigualáveis, mas como ponta de lança do progresso, exemplo de meritocracia, laboratório de alta tecnologia, carreira dos sonhos dos jovens mais brilhantes e indutora do crescimento econômico.

Há onze anos essa complexa e bilionária estrutura funciona sob o comando do PT, partido no governo, que detém o controle executivo e gerencial da empresa. Nem o mais ardoroso militante petista pode, em sã consciência, afirmar que a Petrobras está em melhores condições agora do que antes de 2002. Não há lente ideológica capaz de produzir hoje uma imagem animadora da Petrobras.

O consenso dos analistas da indústria petrolífera é que a Petrobras está soçobrando sob a bateria de abusos de que vem sendo vítima. É consenso também que o potencial da Petrobras é tão grande que, deixada em paz pelo governo, em pouco tempo retomará a trajetória que fez dela, no auge, uma das empresas petroleiras mais valiosas do mundo.

Mas abusaram do aparelhamento político da Petrobras, transformando-a em uma fonte de escândalos de corrupção.

A Petrobras foi feita de ferramenta para tentar corrigir erros absurdos de política econômica, sendo obrigada a amargar prejuízos bilionários para segurar os preços do diesel e da gasolina nas bombas e, assim, mascarar a inflação.

O resultado é desastroso para a empresa e para o Brasil. Se não tivesse sido submetida a esse sacrifício, teria cumprido seu bilionário plano de investimentos, responsável por 1% do PIB brasileiro. As reportagens que se seguem narram histórias relacionadas a essa lenta demolição — que precisa ser estancada logo.
  • O PLANO ERA ENRIQUECER

    O vice-presidente da Câmara, o petista André Vargas, e o doleiro Alberto Youssef, operador da quadrilha que atuava na Petrobras, associaram-se para fraudar contratos no governo — e, juntos, ganhar uma fortuna
  • O CLUBE DOS CORRUPTOS

    Para fazer negócios com a Petrobras, empresários precisavam pagar pedágio que variava de 300 000 a 500 000 reais
  • AÇÃO ENTRE AMIGOS

    Em depoimento, o mensaleiro Marcos Valério revelou que a Petrobras foi usada para financiar negócios do PT
  • FEITO PARA DAR ERRADO

    Documento do TCU mostra que o contrato de aquisição da refinaria de Pasadena tinha tantos furos que o rombo bilionário na Petrobras era o único desfecho possível
  • A COLÔMBIA DÁ LIÇÕES AO PT

    Com foco nos resultados e livre do uso político pelo governo do momento, a Ecopetrol desbancou a Petrobras como modelo de gestão para as estatais petrolíferas da América Latina

Para ler a continuação dessa reportagem compre a edição desta semana de VEJA

 05/04/2014



Dilma se encontra à socapa com Lula num hotel para debater a Petrobras. Ou: Presidente não é a “Belle de Jour” da política para manter encontros furtivos. Mais institucionalidade, soberana!



Este post é daquela linhagem que começa assim:

“Que gente pitoresca!”.



Por Reinaldo Azevedo

O presidente de fato, Luiz Inácio Lula da Silva, e a presidente de direito, Dilma Rousseff, resolveram se encontrar em São Paulo para debater, a portas fechadas, a crise da Petrobras.

Entendo!

Ela era a presidente do conselho, a poderosa ministra da Casa Civil e Senhora Absoluta do setor energético quando a lambança foi feita.

Ele era o presidente da República.

A Petrobras era dirigida por José Sérgio Gabrielli, um lulista fanático.

O presidente de fato está furioso com a presidente de direito: acha que ela levou a crise para dentro do Palácio ao afirmar que votou a favor da compra sem dispor de todos os dados.
Do ponto de vista estritamente factual, a observação dele faz sentido.

O chefão do PT está bravo com o seu poste — que ilumina cada vez menos — porque faltou a ela o devido senso de malandragem: era para agasalhar a questão, sair xingando a oposição e acusar FHC de ter tentando privatizar a Petrobras.
É mentira, claro!

Para Lula, no entanto, não existem nem verdade nem mentira na política: apenas o que é e o que não é útil ao PT.

Trata-se de um gigante moral, como se sabe.

Dilma participou da solenidade de entrega de unidades do Minha Casa Minha Vida em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, evento para o qual levou Alexandre Padilha a tiracolo — como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. Por que trataria a Petrobras como coisa pública quem trata a própria Presidência da República como coisa privada (fica para outro post)?

Segundo a agenda, estava previsto que voltaria direto para Brasília. Mas não! Fez uma parada na cidade de São Paulo para se encontrar com Lula num hotel.

É curiosa essa fixação que tem o PT por encontros em hotéis. Já repararam nisso? Existe um escritório da Presidência em São Paulo. O tema da conversa, afinal, é de interesse público. Não há nada de errado no fato de a atual presidente se reunir com o ex. Por que num hotel?

É que a verdadeira república petista é aquela que se movimenta no mundo paralelo, nas esferas não institucionais, nas sombras, nos corredores… Não é casual, já observei aqui, Lula ter criado um ministério que se chama “das Relações Institucionais”, o que só faz sentido porque se supõe que o poder também lida com as “relações não institucionais”.

Façam uma pesquisa sobre os escândalos do petismo: o cenário é sempre um hotel. Quando o presidiário José Dirceu arrumou um emprego, ora vejam,! foi como gerente de um hotel, cuja história é mais enrolada do que André Vargas tentando explicar suas relações com um doleiro. Lembram-se da empresa de consultoria do mesmo Dirceu? Fazia reuniões num… hotel!

A presidente não é a “Belle de Jour”. Não tem de ficar se encontrando em hotéis, à sorrelfa e à socapa, com senhores barbudos para discutir os destinos da maior empresa pública brasileira.

Não sei quais explicações Dilma deve a seu chefe. Sei as que ela deve ao povo brasileiro: por que não fez nada quando descobriu o golpe que tinham dado na Petrobras?

Por que, presidente?

04/04/2014


sexta-feira, 4 de abril de 2014

PF: doleiro e ex-diretor da Petrobras teriam contas conjuntas


Ligação de Paulo Roberto Costa com Alberto Youssef vai além da consultoria, segundo a Polícia Federal


Por Jailton de Carvalho
O Globo 


Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, no dia que foi preso. Planilhas indicam pagamento de doleiro Marcelo Piu / Agência O Globo


BRASÍLIA - A Polícia Federal (PF) descobriu indícios de que as relações entre o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Yousseff vão além do suposto pagamento de propina. Novos documentos, em análise na PF, indicam ampla parceria financeira entre os dois, inclusive com contas conjuntas e tentáculos no exterior. Planilha apreendida pela PF faz referência a pagamentos feitos por empresas do doleiro a Costa, entre julho de 2011 e julho de 2012, período em que estava na diretoria da Petrobras.

Yousseff e Costa estão presos em Curitiba. Os dois são alvos centrais da Operação Lava-Jato, investigação sobre lavagem, evasão de divisas e corrupção.

“Os documentos retratados na representação sugerem a existência de uma conta corrente dele (Costa) com o doleiro, contas comuns no exterior e a entrega de relatórios mensais da posição dele com o doleiro e com pagamentos em haver para ele e para terceiros, alguns deles também relacionados a negócios envolvendo a Petrobras”, diz um dos relatórios da operação.

As suspeitas sobre a sociedade financeira estão entre os indícios que deram base à decretação da prisão preventiva do ex-diretor, no fim do mês passado. “Alguns documentos indicam que a relação de Paulo Roberto Costa com Alberto Yousseff é bem mais profunda que a alegada consultoria”, diz o relatório. Até o momento, o ex-diretor vinha sustentando que os vínculos se limitavam a uma consultoria.

A consultoria teria sido oferecida a Yousseff no ano passado, quando Costa já não estava mais na Petrobras. Em troca, teria recebido um Land Rover, de R$ 250 mil, um dos carros apreendidos pela PF na operação.

As explicações dadas pelo ex-diretor à polícia não convenceram os investigadores. Costa não apresentou documentos para comprovar a consultoria. A versão de uma consultoria do ex-diretor a um dos maiores doleiros do país sobre mercado futuro foi considerada inverossímil.

As descobertas podem complicar a situação de dirigentes da Camargo Correa, que integra o consórcio responsável por uma obra de R$ 8,9 bilhões, a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Entre os papéis apreendidos pela PF estão uma planilha com indicações de pagamentos das empresas MO Consultoria e GDF Investimentos, controladas por Yousseff, para o ex-diretor da Petrobras. Na planilha há referência ao “consórcio Camargo Correa”. Com base nestas informações e em dados obtidos em escutas telefônicas, a polícia chegou à conclusão de que os pagamentos estão “relacionados ao consórcio Camargo Correa”.

PF investiga venda de refinaria na Argentina

Num dos dois depoimentos que prestou à polícia logo depois de ser preso, Costa disse que a diretoria que comandava era responsável pela “fiscalização de aspectos técnicos da execução da obra” pelo consórcio.

O advogado Fernando Fernandes, que atua na defesa de Costa, negou que ele tenha conta conjunta com Yousseff ou que tenha conta no exterior. Negou que o ex-diretor tenha recebido pagamentos da Camargo Correia por intermédio de empresas de Youssseff.

Segundo ele, a PF fez ilações indevidas a partir da apreensão de documentos no escritório de outro advogado de Yousseff. Nos documentos estão os nomes de duas offshores, criadas por Costa em 2013, quando tinha deixado a Petrobras.

— Ele (Costa) nega que tenha relação profunda com Yousseff, a não ser a consultoria. Os documentos citados foram apreendidos com um advogado, o que é ilegal. O delegado (da PF) não mostrou a tabela com o Paulo — disse Fernandes.

A assessoria de imprensa da Camargo Correa negou qualquer negócio da empresa com Costa. Segundo um assessor, a empresa “não tem qualquer relação comercial com a MO Consultoria ou com a GDF Investimentos”.

A PF abriu inquérito, no início do mês passado, para investigar suposta evasão de divisas na venda da refinaria de San Lorenzo, na Argentina, ao grupo Oil Combustibles S.A. Em outros dois inquéritos, a PF investiga a compra da refinaria de Pasadena, nos Texas, e o suposto pagamento de propina a funcionários da estatal pela SBM, da Holanda.


                             04/04/14




quinta-feira, 3 de abril de 2014

Lambança na Petrobras: para não perder o foco

 

Por Reinaldo Azevedo

É impressionante a facilidade com que os descalabros havidos na Petrobras, como posso dizer?, saem do eixo, deslocando-se para lateralidades, falsas questões, guerras de versões.

Não se enganem: há, por trás disso, os chamados “gerenciadores de crise”.

São profissionais especializados em plantar versões na imprensa.

Atenção! Eu recorri à palavra “versões”, não “mentiras”.

Nesse contexto, a “versão” rearranja as verdades para inventar uma narrativa que não aconteceu, mas que é favorável a quem contratou o serviço.


No post anterior, vocês leem uma reportagem de Daniel Haidar, publicada na VEJA.com.

Ali se informa que Edson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró — que Dilma Rousseff considera o responsável pelo memorial técnico omisso, que resultou na compra da refinaria de Pasadena —, afirma não ter provas de que a documentação sobre a operação tenha chegado ao Conselho de Administração com 15 dias de antecedência.

Segundo diz, fez essa afirmação porque é praxe em casos assim.


Eis aí. É mesmo a praxe. Ocorre que, no caso de Pasadena, houve uma exceção: a diretoria tomou a decisão no dia 2 de fevereiro de 2006 e já mandou para a consulta do conselho no dia 3. Pois é. É importante não perder o eixo na guerra de versões.

Vamos lá.


1: José Sérgio Gabrielli, homem de Lula na Petrobras, é presidente da empresa. Já está demonstrado que ele sabia de tudo, de cada item do acordo. Participou de reuniões para decidir a compra da empresa. Ele não era um conselheiro como os outros.

2: Igualmente evidente é que a direção executiva da Petrobras também sabia de tudo. Ou vocês acham que Nestor Cerveró atuava ao arrepio dos seus pares, Gabrielli especialmente?

3: Gabrielli, então, bateu os olhos num resumo executivo incompetente e permitiu que os demais conselheiros decidissem no escuro?

4: Dilma também não era uma conselheira comum. Era a czarina da infraestrutura e a Senhora dos Raios do setor energético. Aliás, foi a sua fama de sabichona na área que a catapultou para a Casa Civil, quando José Dirceu caiu em desgraça. A área era considerada estratégica.

5: Dilma, sim, como presidente do conselho, contava com uma equipe técnica para assessorá-la. A questão é saber por que não recorreu a ela.

6: Assim, não havia como Gabrielli não saber; não havia como a direção da Petrobras não saber e, considerando que a empresa virou uma extensão do quintal petista, parece-me evidente que não havia como Dilma não saber, sendo quem era — ainda que, oficialmente, tenha recebido, como os outros, um resumo executivo maquiado, para decidir a toque de caixa.

7: Não bastasse isso, há o que veio depois. Dilma, COMO MINISTRA DA CASA CIVIL E PRESIDENTE DO CONSELHO, ficou sabendo das tais cláusulas “Marlim” e “Put Option” pouco depois. Fez o quê? A resposta é escandalosamente óbvia: NADA!

8: Não só não fez como permitiu que Nestor Cerveró assumisse, na sua gestão, um dos cargos mais ambicionados do país: diretor financeiro da BR Distribuidora.

9: No seu pronunciamento de rádio, Guido Mantega, atual presidente do conselho da Petrobras, defendeu a operação e tentou dividir a responsabilidade com os conselheiros da Petrobras. Pois é: a) nem Dilma tem coragem de assumir essa posição; b) o ministro tenta usar o conselho para diluir responsabilidades.

10: O que se fez nessa operação, definitivamente, não é coisa de amadores, não.

Síntese:

a: José Sérgio Gabrielli, desde sempre, sabia de tudo;

b: Dilma, sendo quem era no governo, tinha como saber de tudo;


c: na hipótese de, como conselheira, ter sido também ludibriada, não tardou para que, como ministra, tivesse em mãos as informações necessárias para agir e não agiu;


d: abrigou Cerveró, o pai do resumo executivo, na BR Distribuidora.


11: E finalmente: José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, o que sempre soube de tudo, não era e nunca foi ele próprio.

Gabrielli sempre foi Lula.

Gabrielli sempre foi PT.



03/04/2014

 

Levanta a mão! Ou: André Vargas e os presidiários


A moçada já sacaneia no Twitter com esta foto e a seguinte legenda:

“Quem voa em jatinho de doleiro preso levanta a mão”.



Por Reinaldo Azevedo

E a foto, como sabem, é aquele em que o deputado André Vargas cerra o punho, na presença de Joaquim Barbosa, para indicar que ele se solidarizava é com a turma da Papuda.

Que coisa!

Esse rapaz gosta de um presidiário, né?




02/04/2014

terça-feira, 1 de abril de 2014

Esquerda tinha ditaduras como modelo






Durante a ditadura, a oposição de esquerda transformou a experiência dos países socialistas em referência de democracia. A ditadura do proletariado foi exaltada como o ápice da liberdade humana e serviu como contraponto ao regime militar. A falácia tinha uma longa história. Desde os anos 1930 brasileiros escreveram libelos em defesa do sistema que libertava o homem da opressão capitalista.

Tudo começou com URSS, Um Novo Mundo, de Caio Prado Júnior, publicado em 1934, resultado de uma viagem de dois meses do autor pela União Soviética. Resolveu escrevê-lo, segundo informa na apresentação, devido ao sucesso das palestras que teria feito em São Paulo descrevendo a viagem. À época já se sabia do massacre de milhões de camponeses (a coletivização forçada do campo, 1929-1933) e a repressão a todas os não bolcheviques.

Prado Júnior justificou a violência, que segundo ele “está nas mãos das classes mais democráticas, a começar pelo proletariado, que delas precisam para destruir a sociedade burguesa e construir a sociedade socialista”. A feroz ditadura foi assim retratada: “O regime soviético representa a mais perfeita comunhão de governados e governantes”. O autor regressou à União Soviética 27 anos depois. Publicou seu relato com o título O Mundo do Socialismo. Logo de início escreveu que estava “convencido dessa transformação (socialista), e que a humanidade toda marcha para ela”.

Em 1960, Caio Prado não poderia ignorar a repressão soviética. A invasão da Hungria e os campos de concentração stalinistas estavam na memória. Mas o historiador exaltava “o que ocorre no terreno da liberdade de expressão do pensamento, oral e escrito”, acrescentando: “Nada há nos países capitalistas que mesmo de longe se compare com o que a respeito ocorre na União Soviética”. E continua escamoteando a ditadura: “Os aparelhos especiais de repressão interna desapareceram por completo. Tem-se neles a mais total liberdade de movimentos, e não há sinais de restrições além das ordinárias e normais que se encontram em qualquer outro lugar.”

Seguindo pelo mesmo caminho está Jorge Amado, Prêmio Stalin da Paz de 1951. Isso mesmo: o tirano que ordenou o massacre de milhões de soviéticos dava seu nome a um prêmio “da paz”. Antes de visitar a União Soviética e publicar um livro relatando as maravilhas do socialismo – o que ocorreu em 1951 -, Amado escreveu uma laudatória biografia de Luís Carlos Prestes. A União Soviética foi retratada da seguinte forma: “Pátria dos trabalhadores do mundo, pátria da ciência, da arte, da cultura, da beleza e da liberdade. Pátria da justiça humana, sonho dos poetas que os operários e os camponeses fizeram realidade magnífica”.

A partir dos anos 1970, o foco foi saindo da União Soviética e se dirigindo a outros países socialistas. Em parte devido aos diversos rachas na esquerda brasileira. Cada agrupamento foi escolhendo a sua “referência”, o país-modelo. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) optou pela Albânia. O país mais atrasado da Europa virou a meca dos antigos maoistas, como pode ser visto no livro O Socialismo na Albânia, de Jaime Sautchuk. O jornalista visitou o país e não viu nenhuma repressão. Apresentou um retrato róseo. Ao visitar um apartamento escolhido pelo governo, notou que não havia gás de cozinha. O fogão funcionava graças à lenha ou ao carvão. Isso foi registrado como algo absolutamente natural.

O culto da personalidade de Enver Hoxha, o tirano albanês, segundo Sautchuk, não era incentivado pelo governo. Era de forma natural que a divinização do líder começava nos jardins de infância onde era chamado de “titio Enver”. As condenações à morte de dirigentes que se opuseram ao ditador foram justificadas por razões de Estado. Assim como a censura à imprensa.

Com o desgaste dos modelos soviético, chinês e albanês, Cuba passou a ocupar o lugar. Teve papel central neste processo o livro A Ilha, do jornalista Fernando Morais, que visitou o país em 1977. Quando perguntado sobre os presos políticos, o ditador Fidel Castro respondeu que “deve haver uns 2 mil ou 3 mil”. Tudo isso foi dito naturalmente ─ e aceito pelo entrevistador.

Um dos piores momentos do livro é quando Morais perguntou para um jornalista se em Cuba existia liberdade de imprensa. A resposta foi uma gargalhada: “Claro que não. Liberdade de imprensa é apenas um eufemismo burguês”. Outro jornalista completou: “Liberdade de imprensa para atacar um governo voltado para o proletariado? Isso nós não temos. E nos orgulhamos muito de não ter”. O silêncio de Morais, para o leitor, é sinal de concordância. O pior é que vivíamos sob o tacão da censura.

O mais estranho é que essa literatura era consumida como um instrumento de combate do regime militar. Causa perplexidade como os valores democráticos resistiram aos golpes do poder (a direita) e de seus opositores (a esquerda).

01/04/2014




Mais um petista graúdo aparece perto do doleiro Youssef: André Vargas, vice-presidente da Câmara. E o Ministério da Saúde estava na pauta!


O deputado André Vargas (PT-PR) é mesmo um homem de comportamento bastante heterodoxo.

Vice-presidente da Câmara, ele também é vice-presidente do Congresso.

Por Reinaldo Azevedo

André Vargas, o lulista roxo, e a grosseria com Joaquim Barbosa em favor dos mensaleiros

É aquele senhor, vocês devem se lembrar, que, na abertura do ano legislativo, na presença do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo e convidado para a solenidade, ergueu o punho esquerdo, cerrado, um gesto que virou símbolo dos mensaleiros.

Em março do ano passado, reportagem da revista VEJA revelou que um militante petista chamado André Guimarães, especializado em montar perfis falsos nas redes sociais para atacar pessoas, era funcionário de Vargas. Esse tal Guimarães foi, por exemplo, o criador da RedePT13, uma organização virtual formada por gente que não existe e blogs apócrifos, usados para alvejar aqueles que são considerados inimigos do partido. O rapaz ganhou tal expertise no trabalho de difamação que, acreditem!, saía Brasil afora oferecendo o seu método para estados e prefeituras. O pacote oferecido, a depender do serviço, podia custar de R$ 2 mil a R$ 30 mil por mês.

André Guimarães e seu chefe: especialista em perfis falsos

Reportagem da Andréia Sadi na Folha desta terça informa que André Vargas pegou emprestado um avião com o doleiro Alberto Youssef, principal investigado da operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Youssef, que está preso, é acusado de envolvimento com um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado R$ 10 bilhões.

A viagem a João Pessoa, informa a Folha, “foi discutida em uma conversa entre os dois por um serviço de mensagem de texto, no dia 2 de janeiro, segundo documentos da investigação da PF”. Não fica claro se o avião pertence ao doleiro, que desejou ao deputado “boa viagem e boas férias”. Indagado pela Folha a respeito da conversa, adivinhem qual foi a resposta de Vargas ao jornal…

Reproduzo: “Eu não sabia com quem eu estava me relacionando. Não tenho nenhuma relação com os crimes que ele eventualmente cometeu.” Não sabia, embora admita que conhecia o doleiro há 20 anos.

É a segunda vez que o nome do doleiro aparece ligado a um figurão do PT. Reportagem da VEJA publicada no dia 23 de março informa que uma empresa chamada Labogen assinou com o Ministério da Saúde um contrato de R$ 150 milhões para o fornecimento de remédios, R$ 31 milhões desse dinheiro são destinados à compra de citrato de sildenafila, o princípio ativo do Viagra, substância usada no tratamento de uma doença grave: a hipertensão arterial pulmonar.

Pois é…

A PF descobriu que essa “empresa” não tem planta industrial e que os remédios seriam fabricados por outro laboratório, ao qual a Lobogen repassaria 40% do contrato. Ou por outra: segundo a Polícia, a turma pagaria R$ 60 milhões pelo produto e embolsaria nada menos de R$ 90 milhões.

Uma beleza!

E o que isso tem a ver com o doleiro?

Segundo a polícia, a Lobogen, que tem capital de apenas R$ 28 mil, é um dos instrumentos de lavagem de dinheiro de Youssef. Só essa empresa teria remetido ilegalmente para o exterior US$ 37 milhões. O contrato foi celebrado pelo então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo.

Ah, sim: a polícia federal descobriu também outro diálogo entre André Vargas, que é um dos braços de Lula no PT, e o doleiro. Sobre avião? Não! Vargas diz ao doleiro que a reunião com o Gadhella foi “boa demais”. Num outro momento, cheio de intimidade, diz: “O Gadha vai nos ajudar”.

Quem é Gadhelha, o Gadha?

Conto pra vocês: é o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério da Saúde, um dos responsáveis pela compra de… remédios.

Não é lindo?


01/04/2014

PF aponta sociedade entre André Vargas e doleiro preso


O deputado André Vargas atuava como espécie de lobista do doleiro Alberto Youssef, “exercendo influência” no governo, de acordo com relatório da PF

LAÇOS – O deputado André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Câmara, repetindo gesto dos mensaleiros presos (Sergio Lima/Folhapress)

Robson Bonin, de Brasília
Veja.com
 

Nas conversas interceptadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef e o vice-presidente da Câmara, André Vargas, demonstram ter muito mais do que uma relação de amizade. Em quase cinquenta mensagens registradas pela PF, Vargas recebe orientações do doleiro, combina reuniões com Youssef e chega a passar informações das conversas que ele, como parlamentar do PT, mantinha com integrantes do governo. Como é natural nesses diálogos nem sempre edificantes flagrados pela polícia, Vargas e Youssef adotam a precaução de conversar em códigos. Para Polícia Federal, no entanto, os registros colhidos na operação mostram que Vargas faz parte de projetos de Youssef e usa sua influência no governo em benefício do parceiro.

Nas mensagens obtidas pela polícia, Vargas e Youssef tratam de interesses do laboratório Labogen Química Fina e Biotecnologia no Ministério da Saúde. Como VEJA revelou há duas semanas, a Labogen é uma das empresas do esquema do doleiro. A Polícia Federal já descobriu que a empresa – que está no nome de um laranja de Youssef e é tudo menos um laboratório farmacêutico – já havia conseguido fechar uma parceria com o Ministério da Saúde pela qual receberia 150 milhões de reais em vendas de remédios para o governo. No dia 26 de fevereiro deste ano, Vargas escreve para Yousseff: “Reunião com Gadelha foi boa demais... Ele garantiu que vai nos ajudar, que sabe da importância, e encaminhou reunião decisiva dia 18, mas pediu que entregássemos os medicamentos da primeira PDP (Parceria para o Desenvolvimento Produtivo) e concluíssemos Anvisa, boas práticas aqui em BSB”. O doleiro elogia o empenho de Vargas: “Que bom. Parabéns.” E diz que já estão prontos para a Anvisa. “Muito bom”, finaliza Vargas.

Para a Polícia Federal os termos da conversa não deixam dúvidas: “Os indícios presentes nesta conversa apontam que o interlocutor não identificado (André Vargas) faz parte do projeto da Labogen junto ao Ministério da Saúde, e possivelmente atua exercendo influência junto aos responsáveis pela contratação do governo.” Falando sempre em códigos, André Vargas e o doleiro falam da necessidade de marcar uma reunião com um interlocutor identificado por Vargas pelas iniciais “PP”. Aparece na conversa também o nome de um certo “Marcos”.

No dia 7 de março, outra conversa chama atenção dos investigadores. Até então, os agentes da Polícia Federal consideravam a possibilidade de André Vargas ser apenas um homônimo do vice-presidente da Câmara. As evidências de que se trata mesmo do deputado federal petista aparecem quando o próprio Vargas combina um encontro com Youssef: “Quer fazer eu, você e Marcos segunda de noite em Brasília (sic)?”, pergunta o doleiro. “Tenho reunião com deputados. PP falou de fazermos na quinta”, responde André Vargas. “A partir dessa afirmação, ficam contundentes os indícios de que o interlocutor possui contatos no Congresso, pois tem marcada uma reunião com deputados, provavelmente em Brasília”, registra a PF no relatório.

Ainda segundo a PF, as negociações entre André Vargas e o doleiro no Ministério da Saúde eram realizadas a partir do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, Carlos Augusto Grabois Gadelha, e de Eduardo Jorge Valadares, diretor do Departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, órgão do Ministério da Saúde. Além dos servidores, o próprio ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, atualmente pré-candidato petista ao governo de São Paulo, é citado nominalmente no inquérito da Polícia Federal justamente por ter assinado o contrato com o laboratório do doleiro.

Ao jornal Folha de S.Paulo, que revelou parte das conversas hoje, Vargas negou qualquer contato com os servidores citados pela Polícia Federal. Na semana passada, porém, o vice-presidente da Câmara também negava ter participado de qualquer reunião com o doleiro em Brasília ou intermediado qualquer interesse de Youssef. “Eu só conversava com o Youssef em Londrina, no aeroporto ou num posto de gasolina. Como eu sou um cara que tenho muita influência no partido do governo, ele queria saber o que estava acontecendo na política, na economia. Ele queria saber dos cenários econômicos, políticos e eu só dava os meus pitacos”, disse Vargas. Com o lobby e as reuniões de Vargas em favor do doleiro escancaradas, tem-se agora a demonstração do que pode estar por trás de um simples “pitaco”.

segunda-feira, 31 de março de 2014

31 de Março – 1: Viva a democracia! Nada devemos à esquerda armada além de violência, mortes, sequestros, assaltos e indenizações milionárias. O regime de liberdades é obra dos que fizeram a luta pacífica




Oficialmente, o movimento militar que derrubou João Goulart faz hoje 50 anos — o assunto, como sabem, está em todo canto.

A quartelada, com amplo apoio civil, se consumou, de verdade, no dia 1º de abril, mas se quis evitar a coincidência com o chamado Dia da Mentira.

Por Reinaldo Azevedo


Hoje, com a tal Comissão da Verdade federal em funcionamento — e algumas outras estaduais ou até corporativas (em universidades, por exemplo) —, prospera a farsa sobre aqueles tempos. A extrema esquerda armada perdeu a batalha porque era minoritária e porque não dispunha de força bélica para enfrentar os militares. Os extremistas, no entanto, venceram a guerra de propaganda, desta feita sem precisar dar um tiro: seus epígonos, isto é, seus seguidores intelectuais, ocuparam a imprensa, o meio universitário, os centros culturais, as escolas, fatias importantes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário para inventar o confronto que nunca existiu.

E qual é o confronto que nunca existiu? Aquele que oporia, de um lado, os defensores da liberdade e, de outro, os que a recusavam. Se, durante o regime militar, vivemos sob a mentira de que o golpe foi desfechado para defender a democracia, hoje, 50 anos depois, vive-se a outra face do engodo, que, no caso, é igualmente trapaceira, mas com o sinal trocado. Comecemos do óbvio: em 1964, João Goulart e os que com ele se alinharam não tinham a democracia como um valor universal e inegociável; tampouco era essa a convicção dos militares e dos organismos civis que lhes deram apoio. O regime de liberdades individuais e públicas morreu de inanição; morreu porque faltou quem estivesse disposto a alimentá-lo. Ao contrário: assistiu-se a uma espécie de corrida rumo ao golpe. Golpista, na prática — e escandalosamente incompetente —, era Jango. Golpistas eram aqueles que o depuseram. Ainda que pudesse haver bem-intencionados em ambos os lados, não foram esses a ditar o rumo dos acontecimentos.

Outras farsas influentes se combinam para fabricar um confronto entre vítimas e algozes que é não menos trapaceiro. Não é verdade, por exemplo, que os atentados terroristas e a luta armada tiveram início depois da decretação do famigerado AI-5, o Ato Institucional que implementou a ditadura de fato no país. Ao contrário até: a muita gente essa medida de força, que deu ao estado poderes absolutos, pareceu até razoável porque a extrema esquerda decidiu intensificar a rotina de ataques terroristas. O AI-5 só foi decretado no dia 13 de dezembro de 1968. A VPR, a Vanguarda Popular Revolucionária, explodiu uma bomba no Consulado Americano, no Conjunto Nacional, em São Paulo, no dia 19 de março daquele ano. Em abril, novas explosões no Estadão e na Bolsa de Valores de São Paulo. Essas são apenas algumas de uma sequência. No dia 18 de julho, o presidente Costa e Silva ainda recebeu uma comissão de estudantes para negociar. Inútil.

O que pretendiam os movimentos de extrema-esquerda? É certo que queriam derrotar o regime militar inaugurado em 1964; mas que fique claro: o seu horizonte não era a democracia. Ao contrário. Como costumo lembrar, não há um só texto produzido pelas esquerdas então que defendessem esse regime. Ao contrário: a convicção dos grupos armados era que os fundamentos da democracia eram apenas um engodo para impedir a libertação do povo. Os extremistas de esquerda também queriam uma ditadura — no caso, comunista.

Cumpre indagar e responder: o regime democrático que temos hoje é um caudatário, um devedor, dos extremistas que recorreram à guerrilha e ao terrorismo? A resposta mais clara, óbvia e evidente é “Não”! Devemos a democracia aos que organizaram a luta pacífica contra a ditadura militar. Qual foi a contribuição da Ação Libertadora Nacional, a ALN, do terrorista Carlos Marighella, à civilidade política? Nenhuma! A eles devemos sequestros e cadáveres. Qual foi a contribuição da VPR, a Vanguarda Popular Revolucionária, do terrorista Carlos Lamarca, à tolerância política? Nenhuma! A eles devemos violência e mortes. Qual foi a contribuição da terrorista VAR-Palmares, de Dilma Rousseff, à pluralidade política? Nenhuma. A eles devemos assaltos, bombas e sequestros.

Mas devemos, sim, a democracia a Paulo Brossard, a Marcos Freire, a Itamar Franco, a Franco Montoro, a Fernando Henrique Cardoso, a Mário Covas, a José Serra, a Alencar Furtado, entre outros. Devemos a democracia até a ex-servidores do regime que resolveram dissentir, como Severo Gomes e Teotônio Vilela. Outros ainda, dentro do aparelho de estado, tiveram papel relevante para trincar o bloco hegemônico que comandava o país, como Petrônio Portella, Aureliano Chaves e Marco Maciel.

História

O ambiente está viciado. Mistificadores e prosélitos, mais ocupados com a guerra ideológica do que com a realidade, atropelam os fatos. Pretendem inventar uma narrativa que justifique tanto as ações doidivanas do passado como certas safadezas do presente (ainda voltarei a este ponto). O que fazer? Se você não quer se deixar levar pela mera discurseira inconsequente, sugiro que leia este livro.



O historiador Marco Antonio Villa escreveu “Ditadura à Brasileira” (LeYa), que tem um emblemático subtítulo: “1964-1985: A democracia golpeada à esquerda e à direita”. Villa vai ao ponto. Cada ano do período constitui um capítulo do livro e evidencia a escalada da radicalização, num confronto em que quase ninguém podia reivindicar o papel do mocinho. Não se trata de “uma outra leitura do golpe”, favorável ao movimento. O que Villa faz, com rigor e competência, é alinhavar, de maneira seca, objetiva, a sequência de eventos, com os seus devidos protagonistas, que levaram à deposição de João Goulart, à instauração da ditadura, à abertura do regime e, finalmente, à democracia.

É claro que o autor tem um ponto de vista — e, no caso, é um ponto de vista que protege o leitor: Villa é um democrata, e isso faz com que veja com olhos críticos — e, pois, independentes — as várias agressões havidas no período aos valores da democracia , tanto à direita como à esquerda. No seu livro não há bandidos e heróis. Há pessoas de carne e osso fazendo coisas: muitas em favor da civilidade política; boa parte delas, em favor da barbárie. O volume traz uma útil cronologia, bibliografia e índices onomástico e remissivo, o que o torna também um bom manual de consulta. É um bom instrumento para se defender de fraudes influentes.

Encerro este post

Nada devemos, rigorosamente nada!, às esquerdas armadas. A coragem é, em si, um valor. Quando ela é tão suicida como homicida, já não é coragem, mas estupidez, e costuma arrastar outros tantos em sua aventura.


31/03/2014

31 de Março – 2: De como o mensalão, os aloprados e o assalto à Petrobras nasceram com Marighella, Lamarca e afins…


Na minha coluna de sexta, na Folha, escrevi um texto sobre 1964, que reproduzirei abaixo, na íntegra, o que nunca faço aqui.

Impressiona-me a incapacidade de alguns grupos de ler o que está escrito, preferindo o que não está.

Por Reinaldo Azevedo

Getúlio: o ditador fascistoide amado pelas esquerdas


O texto tem, sim, uma tese: sustento que toda essa discurseira sobre o golpe militar de 1964 busca se apropriar do passado para garantir posições e conquistas do presente. E me ocorreu, então, indagar se o país fez o mesmo com o Estado Novo, por exemplo, a ditadura de Getúlio Vargas, que foi mais brutal, discricionária e assassina do que a militar.

Não faço uma “comparação de ditaduras” para escolher a melhor. É preciso ser burro ou canalha para fazer essa leitura. Tampouco sugiro que a ditadura militar foi bolinho, tranquila, nada disso! Lembro é outra coisa: em 1987, em vez de ficar reciclando os ódios de 1937, o Brasil estava fazendo a sua Constituinte, ora! Em 1995, em vez cuidar dos 50 anos do fim do Estado Novo, estávamos empenhados em garantir o futuro do Plano Real.

E deixei claro: estou preocupado é com o país daqui a 50 anos, com 2064, não com 1964. Segue o texto na íntegra.
*
1964 já era! Viva 2064!
1964 já era! Tenho saudade é de 2064! Os historiadores podem e devem se interessar pelos eventos de há 50 anos, mas só oportunistas querem encruar a história, vivendo-a como revanche. Enfara-me a arqueologia vigarista. Trata-se de uma farsa política, intelectual e jurídica, que busca arrancar do mundo dos mortos vantagens objetivas no mundo dos vivos.

A semente do mensalão está nos delírios do Araguaia. O dossiê dos aloprados foi forjado pela turma que roubou o “Cofre do Adhemar”. Os assaltos à Petrobras foram planejados pelas homicidas VAR-Palmares, de Dilma, e ALN, de Marighella. A privatização do passado garante, em suma, lugares de poder no presente e no futuro. Os farsantes apelam à mitologia para reivindicar o exclusivismo moral que justifica seus crimes de hoje. Ladrões se ancoram na gesta da libertação dos oprimidos. Uma solene banana para eles, com seus punhos cerrados e seus bolsos cheios!

Quem falava em nome dos valores democráticos em 1964? Os que rasgaram de vez a Constituição ou os que a rasgavam um pouco por dia? Exibam um texto, um só, das esquerdas de então que defendesse a democracia como um valor em si. Uma musiquinha do CPC da UNE para ilustrar: “Ah, ah, democracia! Que bela fantasia!/ Cadê a democracia se a barriga está vazia?” Para bom entendedor, uma oração subordinada basta. A resposta matou mais de 100 milhões só de… fome!

Nota desnecessária em tempos menos broncos: respeito a disposição dos que querem encontrar seus mortos. Eu não desistiria enquanto forças tivesse. Mas não lhes concedo a legitimidade, menos ainda a alguns prosélitos disfarçados de juristas, para violar as regras do estado de direito. A anistia, por exemplo, não está consignada apenas na Lei 6.683. O perdão — não o esquecimento — é também o pressuposto da Emenda Constitucional nº 26 (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-revisao-da-anistia-todas-as-leis-que-sete-procuradores-tem-a-ousadia-de-querer-ignorar-%E2%80%94-alem-claro-de-tentar-chutar-o-traseiro-do-supremo/), de 1985, que convocou a Assembleia Nacional Constituinte. Vamos declarar sem efeito o texto que nos deu a nova Constituição? A pressão em favor da revogação da anistia e a conversão da Comissão da Verdade — se estatal, ela é necessariamente mentirosa — num tribunal informal da história ignoram os pactos sobre os quais se firmaram a pacificação política do país.

Digam-me: onde estávamos em 1985? Revivendo a repressão de 1935, que se seguiu à “Intentona Comunista”? E em 1987? Maldizendo os 50 anos do Estado Novo? E em 1995, celebrando o seu fim? Estado Novo? Eis a ditadura que os “progressistas” apagaram da memória. Um tirano como Getúlio Vargas foi recuperado pelas esquerdas para a galeria dos heróis do anti-imperialismo e serve de marco, segundo os pensadores amadores, para distinguir “demófobos” de “demófilos”.

Ilustro rapidamente. Entre novembro de 1935 e maio de 1937, só no Rio, foram detidas 7.056 pessoas. Todas as garantias individuais estavam suspensas. Dois navios de guerra foram improvisados como presídios. Em 1936, criou-se o Tribunal de Segurança Nacional, que condenou mais de 4 mil pessoas — Monteiro Lobato entre elas. Mais de 10 mil foram processadas. A Constituição de 1937 previa a pena de morte para quem tentasse “subverter por meios violentos a ordem política e social”. Leiam o decreto nº 428, de 1938, para saber como era um julgamento de acusados de crime político. Kim Jong-un ficaria corado. A tortura se generalizou. No assalto ao Palácio da Guanabara, promovido por integralistas em maio de 1938, oito pessoas presas, desarmadas e rendidas foram assassinadas a sangue frio, no jardim, sem julgamento, por Benjamin e Serafim Vargas, respectivamente irmão e sobrinho de Getúlio. No dia 9 de novembro de 1943, a Polícia Especial enfrentou a tiros uma passeata de estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, com duas vítimas fatais. Tudo indica que os mortos e desaparecidos do Estado Novo, sem guerrilha nem ataques terroristas, superaram em muito os do regime militar. Nunca se fez essa contabilidade. Nesse caso, a disputa pelo presente e pelo futuro pedia que se escondessem os cadáveres.

Getúlio virou um divisor de águas ideológicas na história inventada pelos comunistas, oportunistas e palermas e é o pai intelectual de João Goulart, o golpista incompetente deposto em 1964. Antes como agora, “eles” sabem como transformar em heróis seus assassinos. A arqueologia do golpe é um golpe contra o futuro. Viva 2064!


31/03/2014
 

31 de Março – 3: Surpresa? Há mais brasileiros querendo punir ex-terroristas do que ex-torturadores. No Estado de Direito, as duas coisas são impossíveis!


Por Reinaldo Azevedo

A Folha publica hoje uma pesquisa sobre a revisão da Lei da Anistia. Há duas maneiras de lê-la: escondendo o que está lá ou chamando a atenção para o que está sendo revelado. De modo genérico, 46% se dizem a favor da revisão, contra 37%, que não apoiam essa ideia. Não souberam responder 17% dos entrevistados. Mas a pesquisa é um pouco mais detalhada. O instituto quis saber: “Você é a favor ou contra a punição de pessoas que torturaram presos políticos durante a ditadura?”.

A resposta: 46% a favor, e 41% contra. Considerando a margem de erro, há praticamente um empate técnico. A pergunta, convenham, força parte das pessoas a se posicionar contra a tortura — e o aspecto jurídico acaba se perdendo. Suponho que pessoas de bem repudiem tal prática, certo?

Mas o que certamente vai surpreender muita gente é outra coisa. O instituto perguntou: “Polícia e Judiciário devem reexaminar os casos de atentados contra o governo durante a ditadura?”. Atenção para a resposta: 54% são a favor, 29% são contrários; 11% não sabem, e 6% são indiferentes (os infográficos foram publicados pela Folha).




Não dá para dourar a pílula: os que acham que a extrema esquerda terrorista também deve ser julgada são em maior número do que os que querem punir os torturadores: 54% a 46%; os que defendem que os esquerdistas sejam deixados em paz são em menor número — 29% — do que os que pensam o mesmo sobre os torturadores: 41%. E nada menos de 80% acham que tanto os torturadores como os que praticaram atentados devem ser julgados hoje; 8% avaliam que só os membros do governo têm de passar por essa revisão; 6% a defendem apenas para os agentes do estado, e outros 6% não sabem.

Vale dizer: a esmagadora maioria dos brasileiros não tem a ambiguidade moral das esquerdas, que acreditam que a Lei da Anistia deva ser revista só para seus adversários. Que fique claro: não é verdade que todos os esquerdistas que participaram de atentados, ou de seu planejamento, foram presos e processados naqueles dias. Alguns foram; outros não.

O Datafolha apresentou ainda a seguinte questão: “O governo brasileiro paga indenização a pessoas ou familiares de pessoas que foram mortas ou perseguidas pela ditadura. Qual é a sua opinião a respeito?”. 52% concordam totalmente; 22% concordam em parte; 5% são indiferentes; 5% discordam em parte; 9% discordam totalmente; 7% não sabem. Eu diria que não há como uma pergunta como essa não ter uma maioria de gente que concorda. Afinal, se as pessoas foram mortas ou perseguidas… Será, no entanto, que, se os brasileiros soubessem da penca de desmandos que há nesses pagamentos, haveria a mesma concordância? Duvido.




Só para lembrar. A Lei de Anistia, a 6.683, é de 1979 e, por reivindicação das esquerdas, concedeu anistia “ampla geral e irrestrita” para os crimes políticos e conexos — incluindo a tortura, que só passou a ser definida na legislação em 1997, com a Lei 9.455. O que pretendem? Aplicar uma lei de 1997 para crimes cometidos antes de 1979? No direito penal brasileiro, a lei não retroage para punir ninguém. Mais: a Emenda Constitucional nº 26, que convocou a Constituinte, tinha como pressuposto a anistia. Se tudo isso parecesse pouco, o STF já se pronunciou a respeito e reafirmou a impossibilidade de rever o perdão.

Mais: o Brasil não tem ainda uma lei contra o terrorismo. Se e quando tiver, deve-se retroagir para punir remanescentes de grupos terroristas? Acho que não! A pressão política para processar apenas os torturadores e livrar a cara dos terroristas é grande. Ocorre que uma e outra coisa não resistem a um exame jurídico isento. O que pretendem? Revogar a Lei 6.683, tornar sem efeito parte da Emenda Constitucional nº 26 e aplicar retroativamente a Lei 9.455? Isso não seria estado de direito, mas estado de bagunça.

Não acho que vá acontecer.


31/03/2014

31 de Março – 4: PT faz ato contra o “golpe” em… Paris!!!



Por Reinaldo Azevedo

Ufa! Nada como ser petista em Paris! Também é podre, mas é chique! Ah, os vermelhos às margens do Sena!

É, companheiros!

O núcleo petista de Paris convocou para hoje uma manifestação contra o golpe militar de 1964.

Leiam a convocação.


Volto em seguida.


Então… Sabe-se lá o que fazem em Paris. Não biblioteca é que não estão. Como a gente sabe, antes da ditadura, os pobres e negros eram muito respeitados e não havia tortura, como evidencia o Estado Novo, por exemplo.

Aliás, Delfim Netto, um dos signatários do AI-5 serviu como embaixador do Brasil na França entre 1975 e 1978. Hoje é um dos conselheiros econômicos do PT. Como ele conhece bem tanto Paris como o partido, poderia ter sido convidado para o evento, né?

Esses petistas de Paris… Pedir uma CPI para investigar a Petrobras nem pensar, né?

31/03/2014