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sábado, 23 de fevereiro de 2013

O outro lado







E, se em vez de insistirmos na comparação entre os governos petistas e os do PSDB dos últimos 20 anos, fizéssemos uma análise mais abrangente, com as comparações da performance brasileira nos últimos dez anos com a própria performance dos governos ao longo da nossa História e, além disso, com as demais economias do mundo, inclusive dos países emergentes?

POR MERVAL PEREIRA
O GLOBO

O professor titular de Economia Internacional da UFRJ Reinaldo Gonçalves se propôs a se distanciar da polarização PT-PSDB para analisar a economia brasileira e os avanços sociais nos dez anos de governos petistas, e encontrou quadro bastante desolador, distante da propaganda oficial, a que deu o título "Brasil negativado, Brasil invertebrado: legado de dois governos do PT".

A"negatividade" é informada por inúmeros indicadores de desempenho da economia brasileira que abarcam o país, o governo, as empresas e as famílias.

O "invertebramento" envolve a estrutura econômica, o processo social, as relações políticas e os arranjos institucionais.

Essa trajetória é marcada, segundo Gonçalves, na dimensão econômica, por fraco desempenho; crescente vulnerabilidade externa estrutural; transformações estruturais que fragilizam e implicam volta ao passado; e ausência de mudanças ou de reformas que sejam eixos estruturantes do desenvolvimento de longo prazo.

Na avaliação do crescimento da renda durante os governos do PT, o professor classifica de "fraco desempenho pelo padrão histórico brasileiro e pelo atual padrão internacional".

A taxa secular de crescimento médio real do PIB brasileiro no período republicano é 4,5%, e a taxa mediana é 4,7%. No governo Lula, a taxa obtida é 4%, enquanto as estimativas e projeções do FMI para o governo Dilma informam taxa de 2,8%.

O resultado é claramente negativo: no ranking dos presidentes do país, Lula está na 19ª posição, e Dilma tem desempenho ainda pior (24ª), em um conjunto de 30 presidentes com mandatos superiores a um ano.

Resultados que não são compensados pelo fato de o governo Fernando Henrique estar em 27ª posição, com o crescimento médio de 2,3%.

O Brasil negativado dos governos do PT também é evidente quando se observam os padrões atuais de desempenho da economia mundial, ressalta Gonçalves. Durante os governos petistas, a taxa média anual de crescimento do PIB (considerando as estimativas e projeções do FMI para os dois últimos anos do governo Dilma) é 3,6%.

No período 2003-2014, a estimativa é que a economia mundial cresça à taxa média anual de 3,8%; no caso dos países em desenvolvimento, essa taxa deverá ser de 6,4%.

Portanto, salienta Gonçalves, o Brasil negativado é evidente quando se constatam não somente essas diferenças como dois outros fatos: em seis dos 12 anos do período 2003-14, a taxa de crescimento da economia brasileira é menor do que a taxa média mundial; e, em todos os anos, a taxa de crescimento do PIB brasileiro é menor do que a média dos países em desenvolvimento.

O Brasil negativado também é evidente quando se compara o crescimento do PIB brasileiro durante os governos petistas com a média simples e a mediana das taxas de crescimento dos 186 países que são membros do FMI e que representam um painel muito representativo da economia mundial.

A taxa média durante os governos Lula e Dilma (3,6%) é menor que a média simples (4,6%) e a mediana (4,4%) das taxas de crescimento dos 186 países.

A taxa de crescimento brasileiro é menor que a média simples e a mediana da economia mundial em dez e sete anos dos 12 anos, respectivamente.

O fraco crescimento da economia brasileira durante os governos petistas está diretamente associado às baixas taxas de investimento, ressalta Gonçalves.

A taxa média de investimento do Brasil no período 2003-14 é 18,8% enquanto a média e a mediana mundial (painel do FMI) são 23,9% e 22,5%, respectivamente.

Em todos os anos de governo petista, a taxa de investimento é menor que a média e a mediana do mundo.

No painel de 170 países o Brasil ocupa a 126ª posição, média para o período 2003-14.


23 de fevereiro de 2013

A festa acabou. A economia empacou. O investidor fugiu. E agora?


O Brasil não brilha mais no céu das finanças globais. Por que nossa imagem no exterior se deteriorou tanto – e como isso afeta nossa economia e nosso futuro
JOSÉ FUCS

(Ilustração: Alexandre Lucas)

Trecho de reportagem de ÉPOCA desta semana.


Três anos atrás, enquanto o mundo ainda estava nas trevas da crise de 2008, o Brasil brilhava como um Sol ao meio-dia. O país crescia em ritmo acelerado, ajudado pelas medidas de estímulo do governo, e acabara de ser escolhido como palco da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016.

O brilho iluminava nossas vantagens competitivas – um ambiente institucional mais sólido que noutros países emergentes, um mercado interno gigantesco, uma agroindústria pujante e imensas riquezas minerais e energéticas.

As publicações internacionais davam de ombros para os gargalos históricos da economia brasileira e reverenciavam o então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

A austera revista britânica The Economist chegou a publicar uma reportagem de capa exaltando a força e o dinamismo do país. Sob o título “O Brasil decola”, a reportagem era ilustrada pela figura do Cristo Redentor disparando como um foguete em direção ao espaço sideral.

O eterno país do futuro, outrora marcado por calotes nos credores externos, uma inflação estratosférica e um crescimento pífio, parecia ter se tornado enfim o país do presente, pronto para realizar seu potencial.

Parecia.

A lua de mel durou pouco. No fim do ano passado, a percepção do Brasil no exterior, que se deteriorava gradualmente desde o final do governo Lula, piorou muito. Nos últimos meses, as críticas se multiplicaram e se tornaram ainda mais fortes.

Como num eclipse que oculta os raios do Sol, o brilho do Brasil perdeu intensidade na arena global. “A ideia do Brasil decolando passou”, disse a ÉPOCA o megainvestidor Mark Mobius, presidente da Templeton Emerging Markets, empresa que administra um patrimônio de US$ 54 bilhões em mercados emergentes, US$ 4,3 bilhões no Brasil.

“A percepção do Brasil pelos investidores estrangeiros está no pior momento desde 2002”, afirma o cientista político Christopher Garman, diretor da área de estratégia para mercados emergentes do Eurasia Group, uma consultoria americana especializada na análise de riscos políticos.

“Exceto em circunstâncias excepcionais, o mundo não se deixa enganar por muito tempo”, diz Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex-secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

A mesma Economist, que louvara o Brasil três anos antes, defendeu recentemente em editorial a saída do ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerado inepto para garantir o crescimento de que o país carece.

“Aquela capa do Cristo Redentor falava que o Brasil estava decolando e não que tinha chegado à Lua”, afirma a correspondente da Economist no Brasil, Helen Joyce. “Aquele momento especial chegou ao fim.”

(Foto: Fernanda Bernardino/Ed. Globo)

A mudança radical na imagem do Brasil lá fora tem a ver, em boa medida, com o desempenho sofrível da economia brasileira. Depois de crescer 7,5% em 2010, no último ano do governo Lula, o país desacelerou.

Para desconforto da presidente Dilma Rousseff e de sua equipe econômica, confirmaram-se as previsões mais pessimistas dos economistas. Em 2011, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não passou de 2,5%, um resultado apenas razoável para um país emergente do porte do Brasil.

Em 2012, de acordo com as projeções oficiais, ele desacelerou ainda mais, para 1,35%. É um patamar bem inferior à média mundial no período, de 3,3%, e das estimativas hiperotimistas, de até 5%, feitas por Mantega no início do ano passado.

“Lula manteve sem necessidade os estímulos econômicos criados no combate à crise para gerar um clima de euforia e eleger Dilma presidente”, afirma Ricupero.

“Mas ele sabia que o dia do juízo chegaria depois.”

22/02/2013

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Não se governa de um palanque




O Estado de S.Paulo

Uma das críticas recorrentes e mais contundentes que até notórios simpatizantes como Frei Betto fazem ao Partido dos Trabalhadores é a de que, após chegar ao Palácio do Planalto, em 2003, o partido passou a priorizar seu ambicioso projeto de perpetuação no poder, a ele condicionando o projeto de governo.

Na última quarta-feira, na festa promovida para comemorar "o decênio que mudou o Brasil", Luiz Inácio Lula da Silva - o que é natural - e Dilma Rousseff - o que é lamentável - demonstraram acima de qualquer dúvida que estão mais preocupados com as urnas do que com a solução dos crescentes problemas do País.

A festa, minuciosamente planejada pelo marqueteiro oficial dos petistas, João Santana, serviu de palanque para o lançamento, por Lula, da candidatura de Dilma Rousseff à reeleição, daqui a um ano e oito meses. E a presidente da República cumpriu disciplinadamente o papel que o roteiro da festa lhe reservava. Com um discurso populista e sectário, inadequado para quem não deixa de ser chefe de governo e de Estado nem mesmo num evento partidário, Dilma Rousseff sinalizou que daqui para a frente, até outubro de 2014, será sempre mais candidata do que presidente.

Ao antecipar o calendário eleitoral e comunicar ao País que sua pupila vai disputar a reeleição, Lula demonstrou que, ao contrário do que seu tom triunfal sugere, sabe que a vitória em 2014 não são favas contadas, principalmente por conta das incertezas de uma conjuntura econômica que, se até recentemente era favorável, agora é uma grande incógnita no médio prazo. Por essa razão tentará o Partido dos Trabalhadores, o mais cedo possível, "tomar conta" da cena eleitoral e consolidar a imagem da presidente Dilma Rousseff com, mais uma vez, a irrecusável indicação do Grande Chefe. Em circunstâncias normais, esse seria um problema do Partido dos Trabalhadores, que os eleitores resolveriam nas urnas.

Ocorre que quem está genuinamente preocupado com o futuro do País não pode deixar de constatar que o partido hegemônico no âmbito federal opta claramente por se aproveitar das dificuldades nacionais - que se acumularam nos últimos dois anos -, em vez de superá-las em benefício de todos os brasileiros.

Pois é isso que ocorre quando os programas governamentais passam a ser subordinados aos interesses eleitorais, sempre imediatos. Não se governa de cima do palanque. Buscar soluções para questões fundamentais no âmbito da educação, saúde, infraestrutura, segurança, etc., implica frequentemente a prescrição e a aplicação de remédios amargos que só rendem dividendos políticos a longo prazo, provavelmente muito depois da próxima eleição. A presidente Dilma faria muito melhor, portanto, se, em vez de vestir vermelho e recitar num palanque as frases de efeito que lhe são ditadas por seu marqueteiro, se dedicasse a governar bem, que é o que dela se espera.

Mas na festança petista, realizada nas instalações de um hotel de São Paulo, os militantes em geral tinham mesmo muito o que comemorar, depois de 10 anos no poder, numa máquina estatal aparelhada como nunca antes na história deste país. Um aparelhamento, justiça seja feita, compartilhado com um enorme arco heterogêneo de alianças, devidamente representado no palanque por caciques partidários que iam desde os "faxinados" ex-ministros Carlos Lupi (PDT) e Alfredo Nascimento (PR) até o neodilmista Gilberto Kassab (PSD), saudado pela plateia com sonora vaia. Companhias, até para alguns petistas, um tanto indigestas. Mas, como explicou Lula, "ora, não é para casar!".

A cereja do bolo servido na festa petista foi a participação de mensaleiros condenados pelos mais variados crimes: José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha. Foi-lhes estritamente recomendada uma participação discreta, o que os manteve fora do palanque, mas não os privou de efusivas manifestações de apreço e consideração.

Enquanto isso, a oposição continua em obsequioso silêncio, quebrado pelo solitário discurso de críticas ao governo feito pelo senador Aécio Neves na tarde de quarta-feira. Foi pouco, muito pouco.


22 de fevereiro de 2013



Charges

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sponholz



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Estudantes venezuelanos exigem que Chávez mostre a cara


Grupo diz que se governo não apresentar provas da presença do presidente no país, haverá protestos no hospital onde o coronel está internado
Veja.com
Imagem de Hugo Chávez na fachada do Hospital Militar Dr. Carlos Arvelo, em Caracas
(Miguel Gutiérrez/EFE)

Um grupo de estudantes exigiu nesta quinta-feira que o governo dê provas concretas sobre a presença de Hugo Chávez na Venezuela. Caso contrário, os estudantes afirmam que vão ao Hospital Militar na próxima segunda-feira para verificar seu estado de saúde para conferir se o coronel tem capacidade de governar. “Assim como exigimos sua volta à Venezuela, hoje exigimos que saia e mostre a cara”, disse a jornalistas a líder universitária Gabriela Arellano.

Na madrugada de segunda-feira, a volta de Chávez a Caracas foi anunciada por meio de sua página no Twitter e divulgada por integrantes do governo. No entanto, nenhuma imagem do coronel foi divulgada até agora. Nesta quarta-feira, o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que na véspera havia tentado se encontrar com o coronel na capital venezuelana, sem sucesso. “Não pude vê-lo, só me reuni com seus médicos e familiares”, explicou.

Nas últimas semanas, diferentes movimentos estudantis fizeram manifestações pelo país relacionadas à ausência de Chávez, que foi submetido a uma nova cirurgia para combater um câncer em 11 de dezembro, em Havana, e permaneceu em Cuba para o tratamento pós-operatório. Os protestos pediam que fosse declarada a ausência temporal do caudilho, ou ainda o respeito à soberania do país – mote de manifestação realizada na semana passada, em frente à embaixada de Cuba em Caracas, movimento que foi reprimido pela Guarda Nacional. Os estudantes acreditam que suas ações obrigaram o governo a divulgar as primeiras imagens do mandatário em dois meses, por meio de fotos divulgadas no dia 15.

Leia também: Ausência de Chávez enfraquece discurso bolivariano

Os estudantes que preparam uma manifestação para a próxima semana acusam o vice-presidente Nicolás Maduro de não querer mostrar Chávez com o intuito de se manter no poder sem ter sido eleito. A posse do coronel na Assembleia Nacional estava marcada para 10 de janeiro, como previsto na Constituição. No entanto, a maioria governista no legislativo concedeu a Chávez o tempo necessário para se recuperar e o Superior Tribunal de Justiça (alinhado ao chavismo) endossou a tese, alegando que há “continuidade administrativa” no país, uma vez que o mandatário foi reeleito em outubro do ano passado – para o quarto mandato consecutivo. Consequentemente, os ministros e o vice – que é nomeado – também continuaram no poder.

Posse – Também nesta quinta, um grupo de advogados foi ao STJ solicitar “urgência” na juramentação de Hugo Chávez para o mandato que vai até 2019, uma vez que ele está no país. Exigência que também foi feita pela oposição venezuelana esta semana. Em um comunicado, a Mesa da Unidade Democrática (MUD) questionou o discurso do governo de que Chávez está em plenas condições de governar o país e pediu que o juramento de posse seja realizado o quanto antes. A coalizão opositora também pediu que o governo pare que fazer um “espetáculo” sobre a saúde do presidente e se dedique a resolver os problemas da “vida real” dos venezuelanos: a violência, a escassez, o alto custo de vida, os baixos salários, o desemprego e a corrupção. A MUD está organizando uma concentração neste sábado contra os efeitos da desvalorização cambial anunciada no início deste mês.

Outro movimento opositor, o Vontade Popular, pede ao governo que designe uma junta médica para avaliar a saúde do presidente - sendo que os nomes dos médicos sejam de conhecimento público -, explique o tipo e a duração do tratamento necessário para Chávez e permita que a imprensa tenha acesso direto às informações médicas, e não apenas através das redes oficiais de rádio e televisão. O líder do partido, Carlos Vecchio, ressaltou que as fotos de Chávez com as filhas e o anúncio de sua volta ao país não são suficientes para reduzir as incertezas sobre seu estado de saúde.

Na última segunda-feira, o Superior Tribunal de Justiça da Venezuela disse estar pronto para realizar a cerimônia de juramento de Chávez “a qualquer momento”. A corte estaria à espera apenas da “decisão do presidente e de sua equipe médica” para determinar se o evento será público ou privado e onde será realizado.

Yoani critica silêncio do Brasil sobre direitos humanos



http://www.gloria.tv/thumbnail/2013-02/media-402766-2.jpg


Por Branca Nunes
VEJA.com


A blogueira Yoani Sánchez criticou o silêncio do governo brasileiro com relação à questão dos direitos humanos em Cuba. “Há muito silêncio”, disse a cubana. “Recomendaria uma posição mais enérgica”. A declaração foi feita na manhã desta quinta-feira, quatro dias depois de Yoani desembarcar no país, durante um debate realizado na sede do jornal O Estado de S. Paulo. Com a voz levemente rouca e uma pulseira do Senhor do Bonfim no braço direito, esta foi a primeira vez que a blogueira crítica ao regime ditatorial dos irmãos Castro conseguiu expor suas opiniões sem ouvir gritos de protestos nem sofrer agressões verbais.
“Não me surpreenderam”, disse, ao comentar os protestos. “Os blogs oficiais do meu país já haviam avisado que eu teria uma ‘resposta contundente’ durante a viagem. Todos têm direito de manifestar sua opinião. O que me surpreendeu foi a violência física. Nunca imaginei que me impediriam de falar”.
A blogueira aproveitou o evento para responder parte das críticas que os defensores dos irmãos Castro fazem a ela. Ao ser questionada sobre quem está financiando sua viagem – Yoani percorrerá mais de dez países em 80 dias –, a cubana respondeu que o dinheiro vem de diversas instituições, como a Anistia Internacional, universidades e blogueiros. “Não tenho milhões de dólares, mas tenho milhões de amigos”. Um dos objetivos de Yoani é receber os prêmios (que somam mais de mais de 300 000 reais) que recebeu ao longo dos últimos anos pelo trabalho em Generación Y.
Yoani aproveitou para salientar que as pessoas que a ajudam com o blog (traduzido para 18 idiomas) são voluntários espalhados pelo mundo. “Quem traduz meus textos para o inglês, por exemplo, é uma motorista de ônibus de Nova York de 65 anos”, conta. “Mas o governo não acredita mais na espontaneidade. Quando eles querem algo, ordenam, pagam”.
Nesta quinta-feira, às 18h, Yoani participará de um evento com blogueiros na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, e, em seguida, autografará o livro De Cuba, com carinho. A blogueira permanece na capital paulista até sábado, quando embarcará para a Republica Checa.
Veja abaixo alguns dos temas comentados por Yoani Sánchez no debate desta quinta-feira:
Internet A internet é para os cubanos uma plataforma de liberdade. Um campo de treinamento para o que algum dia pode se tornar realidade. Ela possibilita que mais pessoas possam se tornar o epicentro da informação. É um espaço democrático, com pessoas boas e más.
Fidel e Raúl Castro O governo de Raúl nasceu de um pecado original: ele não foi eleito. As reformas econômicas que tem feito estão na direção correta, mas num ritmo absurdamente lento e sem profundidade. O governo de Fidel Castro, por sua vez, queria controlar cada aspecto da vida dos cubanos, desde o que vestíamos ao café que tomávamos. Sobre a repressão, Fidel fazia dela um espetáculo, com grandes julgamentos e punições exemplares. No governo de Raúl, a repressão é velada.
Comunismo e capitalismo Tenho uma relação ruim com as ideologias. Sou uma pessoa pós-moderna, que cultua a liberdade. Não creio que em Cuba haja um socialismo e muito menos um comunismo. Classificaria o governo cubano como um capitalismo de estado. O patrão é o governo.
Educação e saúde A estrutura física e a extensão da rede de ensino e de saúde em Cuba são aspectos positivos. Existem escolas e postos de saúde em cada bairro. Porém, existe um colapso material. Os professores ganham menos de trinta dólares por mês, o que diminui a qualidade. São pessoas despreparadas.
Economia Cuba vive hoje uma esquizofrenia monetária. Existe o peso cubano e o peso conversível. O cubano acorda todos os dias com um objetivo: o que fazer para conseguir pesos conversíveis e alimentar sua família. Existem algumas alternativas. Caso ele seja um cozinheiro de um grande hotel, por exemplo, pode roubar um azeite ou um pedaço de queijo para vender no mercado negro. Também pode se prostituir, trabalhar clandestinamente ou pedir que parentes que emigraram enviem dinheiro. Quem não tem nenhum desses caminhos passa mal. O salário não é mais a principal fonte de renda.
Embargo econômico Há uma teoria que diz que o embargo é uma caldeira. O fogo geraria precariedade econômica e material, o que levaria as pessoas à rua. Mas o embargo não resulta em rebeldia, mas na imigração dos cubanos. Outro motivo pelo qual sou contra o embargo é o fato de que ele embasa os argumentos do governo cubano que diz que não há batatas, não há tomates, não há comida por causa do império. Sem essa desculpa, quem eles vão culpar?
Protestos internos Desde pequenos, os cubanos recebem uma série de informações e propagandas que fazem com que eles acreditem que o país não lhes pertence. Pertence a uma geração histórica, que foi a protagonista da revolução. Isso cria uma apatia grande. Além disso, tem uma paralisia provocada pelo medo. Não um medo da morte, mas um medo da delação. Você acha que será denunciado pelo seu vizinho. Isso leva muitas pessoas a tentarem resolver os seus problemas individualmente. Mas existe uma oposição hoje de jovens que se manifesta artisticamente, via internet, que procura divulgar as informações de forma ampla.
Manifestações no Brasil Muitas dessas pessoas que protestaram contra mim nunca estiveram em Cuba. Outras estiveram por duas semanas fazendo turismo. É uma visão muito superficial. Para os mais velhos, acredito que seja difícil assumir que aquilo em que eles tanto acreditaram está morto, não seu certo. O governo cubano cria uma realidade distorcida. Eles propagam uma Cuba que não existe, uma cidade utópica, de esperança, onde todos têm chances. Quando meu filho era criança chegou em casa da escola dizendo que antes de Fidel Castro não havia universidades em Cuba. Isso é mentira.

Oposição aproveita melhor politicamente visita de blogueira cubana




PSDB, o DEM e o PPS mandaram ao Congresso militantes para abafar o ruído dos manifestantes pró-Cuba e críticos de Yoani Sánchez


João Domingos
O Estado de S.Paulo


Partidos de oposição levaram ampla vantagem sobre o governo na obtenção de resultados políticos durante a passagem da blogueira cubana e colunista do Estado Yoani Sánchez pelo Congresso, ontem. Os grupos que gritam contra Yoani apareceram e ela deu sua opinião sobre tudo o que lhe perguntaram. Mas tiveram de aguentar a reação.

André Dusek/AE
Yoani cumprimenta senador tucano Aécio Neves

O PSDB, o DEM e o PPS mandaram ao Congresso militantes para abafar o ruído dos manifestantes pró-Cuba.

Os anti-Yoani entoavam: "Yoani, eu já sabia, quem te financia é a CIA". Resposta: "Vendam seus smartphones e mudem para Cuba".
Yoani e a oposição tiraram proveito até de uma armadilha que o deputado Glauber Braga (PSB-RJ) tentou montar para a blogueira. Ele lhe fez quatro perguntas sobre o que achava do bloqueio econômico a Cuba, da prisão de segurança máxima da base americana instalada na Baía de Guantánamo, da prisão dos chamados "cinco heróis cubanos" pelos Estados Unidos e sobre quem é que financia o giro que ela está fazendo pelo mundo, começando pelo Brasil.

A blogueira respondeu calmamente, depois de agradecer Braga. "O embargo deve terminar já. Essa é minha posição de sempre. Porque provoca mal-estar na população e ainda serve de justificativa para o fracasso do governo, toda vez que é cobrado", disse ela, sob aplausos.

Quanto a Guantánamo, disse que é civilista, portanto é contrária à existência da prisão.

A respeito dos "cinco heróis", afirmou que eles eram 12 - e pertenciam a uma rede de espionagem.

Sobre seus financiadores, Yoani disse que são blogueiros como ela, além da Anistia Internacional e de universidades europeias pelas quais deve passar na fase seguinte de sua viagem.

Ela disse ainda que hoje existe uma Cuba oficial, na qual o trabalhador recebe salário mensal de US$ 20 (cerca de R$ 40), e uma Cuba real.

Com esse salário, segundo a blogueira, todos os cubanos são obrigados a viver na ilegalidade, roubar o próprio governo, prostituir-se e receber remessa ilegal de dinheiro.

Disse também que sonha com o dia em que trabalhadores cubanos poderão ir para a praça pública fazer um protesto por melhores salários.

A ida de Yoani ao Congresso foi proposta pelo deputado Otávio Leite (RJ) e pelo senador Alvaro Dias (PR), ambos tucanos.

O DEM, por intermédio do deputado Mendonça Filho (PE), requereu proteção da Polícia Federal à blogueira, enquanto o PPS, outro partido de oposição, prestou a ela solidariedade.

Ao se despedir da Câmara dos Deputados, Yoani agradeceu, mais uma vez : "Muito obrigado por essa lição de democracia. Gostaria que os 11 milhões de compatriotas cubanos pudessem ver pelo menos um pedacinho do que estou vendo. Estou impressionada com o Brasil. Nenhum incidente negativo vai manchar a lembrança que levarei de tudo isso".



21 de fevereiro de 2013

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Suplicy e o pensamento miserável do falso bobo alegre. Ou: Estão tentando transformar Yoani em bonequinha de louça da ditadura cubana. Ou ainda: Um livro e sua contracapa mentirosa


                                                                      Por Reinaldo Azevedo


Caros, vai o meu texto, acho, mais importante sobre Yoani Sánchez. Aqui, deixo claro que há gente tentando transformá-la numa espécie de interface entre a ditadura dos Castro e um regime quase democrático. A contracapa que fizeram para um de seus livros é indecorosa, beirando a indignidade. Vamos lá.


* Uma das expressões mais felizes criadas nos últimos tempos, e que se popularizou, é “vergonha alheia”. Sintetiza um sentimento que, antes, requeria palavras demais, não é? Como expressar aquela sensação de constrangimento caso estivéssemos na pele do outro? Embora a situação vexaminosa não nos atinja, é como se atingisse; chegamos  a experimentar um desconforto até físico. A vergonha alheia é a câmera subjetiva da… estupidez alheia. Pois é… Nas vezes em que fui levado a me sentir na pele do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), veio-me isto: desconforto, vontade de que a terra se abrisse aos meus pés, desejo de acordar de um pesadelo.

Em uma palavra: VERGONHA.

Em duas palavras: VERGONHA ALHEIA.

Escrevi aqui dois posts sobre o pensamento detestável, asqueroso mesmo, do petista Breno Altman. Se, um dia, o seu partido exercer o poder como ele quer que seja exercido, não tenho dúvida de que ele mandará a mim e a outros tantos que pensam como eu para o paredão. Se os tempos fossem avessos a execuções sumárias (“porque pega mal”), ele nos enviaria para um paredão moral, condenando-nos ao silêncio. No regime que defendemos e com o qual ele quer acabar, Breno pode falar; no regime que ele defende, nós seríamos eliminados da história. Breno considera, em suma, que erradicar o adversário é um etapa superior de civilização.

Ele tem alguma qualidade? Não chega a ser qualidade, mas uma característica menos detestável: NÃO É UM FARSANTE! Breno odeia a democracia e não esconde isso de ninguém. Breno acha legítimo calar o argumento com o berreiro — ele pratica berreiro também, como deixou claro na Globo News — e não disfarça. Ninguém tem o direito de dizer que não entendeu direito o que ele pretende. Qualquer um entende. Ele não doura a pílula.

Mas e Suplicy?

A sociedade que este senhor tem na cabeça — se devidamente identificada, naquela, tudo indica, espessa bruma em que os neurônios lutam desesperadamente por uma sinapse — não é diferente da de Breno, não! Suplicy só é um pouquinho mais bondoso e pio. Dá ao acusado o direito de apresentar provas do que não fez… Ele estava naquele evento de Feira de Santana, em que acanalha fascista proibiu Yoani de falar. Nesta quarta, comportou-se como seu interrogador, na ida da blogueira cubana ao Congresso brasileiro, e, caso não se altere a agenda, tem, na sexta, um bate-papo com ela na Livraria Saraiva do Shopping Pátio Higienópolis. Gilberto Dimenstein é o outro interlocutor.
Está havendo um esforço — talvez seja da Editora Contexto (já digo a razão da minha desconfiança) — para transformar Yoani Sánchez numa espécie de boneca de louça da interface entre o regime assassino dos irmãos Castro e uma nova realidade, que seria, assim,  o regime assassino dos irmãos Castro, mas com rosto mais humano. Há gente atuando para demonstrar que, se ela está aqui, aquele troço lá não é assim tão mau…
Qual era a agenda em Feira de Santana? A exibição de um filme que mostra as agressões à liberdade de expressão em regimes tão diferentes como o de Cuba e o de Honduras. Os vagabundos impediram a realização do evento. Mas lá estava Suplicy para “negociar”, então, uma mudança da agenda: em vez do filme, um debate. Entenderam? A canalha, então, já havia vencido, mas cumpria dar uma aparência de solução de consenso ao que consenso não era porque uma imposição dos brucutus. Na TV, o senador apareceu com as bochechas trêmulas, aparentemente enfrentando os seus aliados do PT e do PCdoB.

Vale dizer: foi preciso apelar a um deles para proteger Yoani da fúria… deles. Naquele dia, comprovada a impossibilidade de realizar o previsto, a única saída decente era o cancelamento do evento. Até porque não houve debate. A blogueira não conseguiu falar. Aqueles dinossauros a soldo que estavam lá não deixaram.



No Congresso

No Congresso, nesta quarta, o senador petista continuou na sua saga indecente. Reproduzo trecho da reportagem da VEJA.com (em azul):


Dois parlamentares, nada interessados em saber as condições de vida de Yoani em Cuba, trataram de interrogar a convidada: Eduardo Suplicy pediu que ela pedisse o fim do embargo econômico à ilha e defendesse o fim da prisão americana de Guantánamo, em solo cubano. Glauber Braga (PSB-RJ) foi mais longe: perguntou se ela defendia a libertação de cinco cubanos presos nos Estados Unidos por espionagem. E ainda quis saber quem financia as viagens que a blogueira tem feito.

De forma tranquila, Yoani respondeu: defende o fim do embargo e a libertação dos presos para que o regime cubano tenha menos razões para justificar o próprio fracasso e desviar o foco da falta de democracia na ilha. Disse que é contra as violações supostamente praticadas em Guantánamo. E ainda explicou, detalhadamente, de onde vieram os recursos de suas viagens – de doações espontâneas e entidades como a Anistia Internacional
.

Suplicy posa de amigo de Yoani, de homem tolerante, para, de fato, exercer uma intolerância em certa medida mais ferina e inteligente do aquela de Breno Altman. Exige que a blogueira se ajoelhe no milho e faça, indiretamente, juras de amor a seu país — como se isso fosse necessário — para que tenha, então, legitimidade para falar. Essa tem sido a sua prática constante.

Ora, é evidente que Yoani é contra o embargo a Cuba (embora ele seja irrelevante); é evidente que ela só pode falar contra a permanência de prisioneiros em Guantánamo — e até mesmo contra a existência da base americana. Qualquer coisa que sugerisse o contrário serviria de pretexto para ser considerada agente da CIA.
Este senhor é um dos agentes da degradação dos direitos democráticos. Atenção! Yoani teria o direito de falar o que bem entendesse, ainda que fosse favorável ao embargo; Yoani teria o direito de falar o que bem entendesse, ainda que fosse favorável à existência da base de Guantánamo, com seus respectivos prisioneiros; Yoani teria o direito de falar o que bem entendesse, ainda que fosse favorável à prisão dos cinco cubanos nos EUA.
Suplicy está tentando demonstrar aos brucutus de esquerda que a cubana não é assim tão má; que ela não é uma “conservadora”, que ela não é “uma direitista”, que ela não é “uma reacionária”. EU TAMBÉM ACHO QUE ELA NÃO É NADA DISSO, MAS É UM ABSURDO QUE SE EXIJA DELA QUE PROVE NÃO SER NADA DISSO.  ESPECIALMENTE QUANDO ELA TEM O DIREITO DE SER TUDO ISSO, SE QUISER, MANTENDO O DIREITO À PALAVRA! A blogueira cubana foi alvo, há algum tempo, de um delinquente francês disfarçado de jornalista chamado Salim Lamrani. Ele a entrevistou — na verdade, mais a ofendeu do que outra coisa — para demonstrar que é, sim, uma agente da CIA ou  algo assim. Suplicy já cobrou de Yoani em outras circunstâncias que demonstrasse que aquele bandido intelectual estava errado, que se explicasse.

EM SUMA, SUPLICY ESTÁ COLADO A YOANI PARA, NA PRÁTICA, FAZER A DEFESA DO REGIME CUBANO.

E Gilberto Dimenstein na conversa? Qual é a sua ligação com essa história toda? Quem o escalou? A Editora Contexto? Não! Não estava nem estou me oferecendo — antes que as Parcas da desqualificação comecem a vomitar… Trata-se de mais uma tentativa para, digamos, enfraquecer e edulcorar a imagem de Yoani como uma adversária do regime. O chefe do onguismo politicamente correto — divulgador, em larga medida, da mesma visão de mundo que hostiliza Yoani — vai conversar com ela por quê? Por que não um Demétrio Magnoli, por exemplo? Não, não estou sugerindo alguém da minha “igreja de pensamento”.

Em matéria de pensamento, minha religião tem um só fiel: eu! Em matéria de política internacional, mais discordamos do que concordamos — aliás, é bem provável que só discordemos. Eu defendo, sim, o embargo a Cuba, ainda que ele seja irrelevante (é provável, não me lembro, que Demétrio seja contra). No que diz respeito à política americana, somos água e óleo; ao Oriente Médio e à Primavera Árabe, idem. Quando o assunto é Obama, então, a divergência vai ainda mais longe. Mas Demétrio é da área e foi uma das primeiras pessoas no Brasil a se interessar pela atuação de Yoani.

O livro “De Cuba, com Carinho”, tem um posfácio de sua autoria, de 37 páginas.

O que pretendem?

Que Suplicy continue a fazer testes ideológicos com a blogueira e que Dimenstein a trate como uma espécie de ciclista das liberdades democráticas? Tenham paciência! “Olhem o Reinaldo, que reclama da intolerância, sendo intolerante.” Não! Olhem o Reinaldo escrevendo o que pensa, sem gritar, sem xingar, sem impedir ninguém de falar. Eu não vou comparecer à Livraria Saraiva para dirigir impropérios contra Suplicy e Dimenstein.
Yoani: cronista do cotidiano e guia turística?

Pode não parecer, mas há, então, uma patrulha original, prévia, que já buscou enquadrar a imagem de Yoani num determinado figurino para não ofender os “companheiros cubanos”. E por que acho que a Editora Contexto está nessa? Vejam esta imagem. É a contracapa do livro “De Cuba, com carinho”. Contracapas são escritas sempre pelos editores, nunca pelos autores. Vejam o que vai ali. Volto em seguida.
 


Por que destacar que ela é “alguém que não quer que conquistas obtidas nas últimas décadas sejam jogadas fora”??? Ora, e por que quereria? Quem seria idiota o bastante para dizer: “Ah, isso que temos aqui é bom, mas, como queremos mudar o regime, então vamos dizer que é ruim”? Yoani não é a petista de sinal trocado de Cuba. Seja lá a que conquista o texto queria se referir, trata-se de uma boçalidade. Não é a pior. Na última linha do primeiro parágrafo, a Contexto manda bala: “Mas ela não escreve sobre política”.
Não??? Dispenso-me de repetir o clichê de que tudo é política. Não preciso ser genérico assim. Reproduzo páginas de seu livro para que vocês avaliem se Yoani é, assim, mera cronista do cotidiano ou, sei lá, guia turística. Até onde acompanhei, a Contexto se encarregou de inventar uma Yoani mais palatável ao regime cubano e às esquerdas xexelentas brasileiras, embora isso tenha resultado inútil. Os brucutus não se interessam por matizes. Abaixo, reproduzo uma página do seu livro (imagem logo abaixo) e uma do posfácio de Magnoli (a seguinte). Volto para encerrar.


Voltei
Se a Contexto estiver certa e se isso não for política, é o quê? Culinária? Turismo? Um tratado sobre metafísica? A vinda da blogueira cubana ao Brasil está sendo útil para demonstrar também a nossa miséria intelectual.

Em Cuba, ao menos, há quem resista à ditadura — e Yoani é uma dessas pessoas. No Brasil, embora as leis estejam aí para assegurar o direito à divergência, cada vez mais se procura a ditadura do consenso.


A PERDA CAUSADA PELO IMPOSTO SOBRE O PATRIMÔNIO






FRANCISCO VIANNA
JACAREÍ - SP

O império britânico é, por assim dizer, o local onde o capitalismo moderno mais se expandiu e se atualizou, mas não está livre das ameaças socialistas.

Destarte, foi também no Reino Unido, onde mais proliferou o chamado “capitalismo de estado”, prática que eles exportam principalmente para a América latina, na certeza de que ela manterá a região patinando no subdesenvolvimento e no atraso que o sistema é useiro em promover.

O Secretário de Saúde do governo inglês, Jeremy Hunt, planeja, a partir de 2017, fazer com que qualquer britânico que tenha algum patrimônio ou dinheiro em conta bancária, valendo mais de 123 mil libras esterlinas (algo em torno de trezentos e cinquenta mil reais), tenha que pagar pelos primeiros custos de até 75 mil libras esterlinas por seus serviços sociais recebidos do estado, neles incluídos os gastos com assistência médico-hospitalar, aposentadoria e pensão, seguro desemprego, despesas com educação e ensino público e etc.

Isso, diz o burocrata, “evitará que o povo tenha que vender suas casas quando precisar de assistência médica e de enfermagem residencial e hospitalar, que são muito dispendiosas”.

O problema é que lá, tal como ocorre no Brasil, não existe uma contribuição específica criada para financiar tais serviços públicos e os governos, de lá e de cá, têm a pretenção de oferecer tais serviços - particularmente dispendiosos - a custa do erário em parte e a custa da arrecadação previdenciária.

Não é surpresa que tal arrecadação aqui em Pindorama esteja de há muito operando no vermelho.

Ao mesmo tempo, o chanceler do Tesouro britânico, George Osborne, dirá que o teto sobre o qual incidirá esse ‘imposto de herança’ se tornará pagável às receitas estaduais e será congelado em 325 mil libras esterlinas, ao invés de ser elevado a um milhão de libras, como queriam os Conservadores antes das eleições.


Os planos de Fundos de Assistência beneficiarão talvez um quinto dos pensionistas britânicos: presentemente, as pessoas – com muito menos dinheiro e patrimônio do que isso – são sujeitadas a pagar por seus próprios custos de assistência social.

Mas, então, o dinheiro terá que vir de algum lugar. Por que os jovens, a quase totalidade dos quais a começar suas vidas e tentam prover suas famílias com rendas modestas, deveriam enfrentar altos tributos para dar suporte aos que já têm suas casas próprias e algum patrimônio?

Afinal, as pessoas no Reino Unido enxergam suas casas próprias como uma espécie de poupança. E esta tem sido uma forma muito mais confiável de poupança do que ter seu dinheiro numa conta bancária, onde ele é erodido em seu valor pela inflação – inflação essa causada, certamente, pela má política monetária do governo.

Os governos têm na verdade encorajado tal forma de poupança também. Muitos dos que irão se beneficiar com o que planeja Jeremy Hunt irão aproveitar o alívio fiscal sobre as taxas de juros que incidem sobre suas hipotecas por muitos anos sob o velho esquema MIRAS. Quando eles ganharem dinheiro e subir a escada de sua aquisição patrimonial individual, não pagarão os 28% a 40% de impostos sobre ganho de capital que têm sido cobrados sobre outros tipos de patrimônio, como ações e títulos da bolsa de valores. Planejar restrições tem assegurado que os preços do mercado imobiliário se mantenham estáveis. E assim por diante.

Se os governos passassem a encorajar seus povos a poupar adquirindo casa própria dessa maneira – usando dinheiro dos contribuintes e pagadores de impostos para financiar o processo – seria notável ver que isso manteria seus povos longe da expiação de usar seu suado dinheiro para financiar indiretamente o crescimento de depósitos e de patrimônio de quem não precisa disso para tal.

Sim, caso precise receber assistência médica ou de enfermagem residencial, o britânico terá que se preparar para dias difíceis. Mas, se tiver poupado em adquirir sua casa própria para uma extrema necessidade, é bem mais aceitável esperar que, então, os pagadores de impostos deem uma mão aos mais pobres abrindo um guarda-chuva muito dispendioso sobre eles de modo a permitir que, pelo menos, possam deixar suas casas para os seus filhos.


Quem, então, vai acabar pagando mais imposto sobre a herança ou sobre o patrimônio – um imposto de 40% sobre o valor possuído até o teto estabelecido, que rompe com as normas do capital (justamente numa hora em que os britânicos necessitam de capital para investir na recuperação econômica) e que encoraja o malabarismo dos depósitos e do patrimônio para evitar o imposto?

É tão grande a perda oriunda de tal imposto – embora seja uma ótima fonte de arrecadação para o governo – que provavelmente vai produzir mais efeitos negativos sobre a economia pelos próximos cem anos a frente de sua história.

12 de fevereiro de 2013

Yoani é recebida aos berros por deputados pró-Fidel


Deputados da base tentaram impedir, no grito, presença da blogueira no plenário; presidência da Casa mudou horário da sessão para impedir transmissão de visita pela TV Câmara

Gabriel Castro e Marcela Mattos

de Brasília

Yoani Sánchez está em visita ao Brasil após anos impedida de sair de Cuba
(Ueslei Marcelino/Reuters)


A blogueira cubana Yoani Sánchez foi recebeida aos berros na Câmara dos Deputados por parlamentares pró-ditadura dos irmãos Castro. Logo após chegar ao Congresso e ser recebida por parlamentares de oposição, a dissidente visitou o plenário. Lá, a sessão foi interrompida por alguns segundos enquanto Yoani cumprimentava os integrantes da Mesa Diretora.


Foi o que bastou para que parlamentares defensores da ditadura esperneassem. A oposição afirma que a sessão que a cubana visitou foi convocada às pressas pela base governista para evitar que a visita da blogueira à Casa fosse transmitida pela TV Câmara.

Amauri Teixeira (PT-BA) foi o primeiro da tropa pró-ditadura cubana a se manifestar e acabou sendo chamado de "ditador nazista" por Jair Bolsonaro (PP-RJ), que ocupava a tribuna.

“É inadmissível uma blogueira vir aqui atrapalhar os nossos trabalhos”, esbravejou o deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA).

“Vamos votar logo, deputado”, gritavam outros parlamentares, que tentavam desviar o foco de Yoani.

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-BA) disse que o episódio criava um "incidente diplomático" e abria um "grave precedente": "Amanhã eu vou trazer um blogueiro da Bahia aqui", disse.

Na entrada da sala onde a convidada participou de um debate com os deputados sobre liberdade de expressão, manifestantes pró e contra o regime autoritário cubano travaram um embate verbal. Mesmo com o acesso ao local controlado por seguranças, três manifestantes contra Yoani que tiveram acesso à sala tentaram impedir a audiência aos gritos.

Sem se exaltar, a dissidente cubana respondeu de forma elegante aos protestos de deputados defensores da ditadura cubana, minutos antes: "O parlamento do meu país tem uma triste história: nunca disse não a uma lei. Nunca viu um debate como hoje, aqui, com diferenças e contraposições. No meu parlamento isso é impossível", disse Yoani.

"Cuba não é um partido, não é uma ideologia, não é um homem. É plural, diversa, com muitas cores. E estamos lutando para que essa Cuba plural possa ter um marco legal de direito e respeito, para que todas as ideias se manifestem como temos visto que se manifestam no Brasil", afirmou a blogueira, em um curto pronunciamento.
Yoani Sánchez também disse que criou seu blog apenas para contar o dia-a-dia do que via em seu país.

"Quando abri Generación Y, não pensei que a minha vida ia mudar tanto. Por que um blog traria com conseqüências a vigilância policial, a satanização pública através da propaganda oficial?".

Além de parlamentares de PSDB, DEM e PPS, estiveram presentes na audiência deputados do PP, do PSD, do PR e do PV. Os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Alvaro Dias (PSDB-PR), Pedro Taques (PDT-MT) e Eduardo Suplicy – único petista – também compareceram. Alguns parlamentares pediram desculpa à cubana pelas agressões verbais que a blogueira sofreu em solo brasileiro.

Antes de ouvirem Yoani, os deputados assistiram ao documentário Conexão Cuba-Honduras, do cineasta Dado Galvão.

As imagens mostram como a jornalista é vítima, em Cuba, com intimidações e agressões financiadas pelo governo ditatorial.

Interrogatório
- Dois parlamentares, nada interessados em saber as condições de vida de Yoani em Cuba, trataram de interrogar a convidada: Eduardo Suplicy pediu que ela pedisse o fim do embargo econômico à ilha e defendesse o fim da prisão americana de Guantánamo, em solo cubano. Glauber Braga (PSB-RJ) foi mais longe: perguntou se ela defendia a libertação de cinco cubanos presos nos Estados Unidos por espionagem. E ainda quis saber quem financia as viagens que a blogueira tem feito.

De forma tranquila, Yoani respondeu: defende o fim do embargo e a libertação dos presos para que o regime cubano tenha menos razões para justificar o próprio fracasso e desviar o foco da falta de democracia na ilha. Disse que é contra as violações supostamente praticadas em Guantánamo.

E ainda explicou, detalhadamente, de onde vieram os recursos de suas viagens - de doações espontâneas e entidades como a Anistia Internacional.

Manobra – Não fosse uma mudança às pressas, a sessão que acabou em bate-boca nem teria acontecido. Às 21h50 de terça-feira, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), enviou um e-mail aos gabinetes dos deputados convocando sessão extraordinária às 11 horas desta quarta-feira, três horas antes do horário anunciado no encerramento dos trabalhos.

Com a convocação de última hora, a transmissão do debate com a blogueira cubana na Comissão de Constituição e Justiça foi cancelada, já que as pautas no plenário têm prioridade na programação da TV Câmara.

Leia também:
Yoani Sánchez: "Eles queriam me linchar. Eu, conversar"
PT vai distribuir dossiê contra a blogueira Yoani Sánchez


Blogueira de Cuba ensina o ativismo online sem internet


Yoani Sanchéz, do famoso Generación Y, mostra a cubanos como usar os serviços de SMS e MMS para prescindir da web

Leda Balbino
enviada a Havana, Cuba
ultimo segundo


Há seis meses, a mais famosa blogueira de Cuba descobriu uma nova forma de se comunicar fora da Ilha. De tanto fuçar em busca de novas possibilidades online, Yoani Sanchéz soube que era possível twittar, postar fotos e vídeos e alimentar seu Facebook de um celular cubano sem 3G, usando apenas os serviços de SMS e MMS.

 
Foto: Leda Balbino
Yoani Sanchéz, seu marido, Reinaldo Escobar, e a também blogueira Regina Coyula



“Os cubanos, nos anos 90, inventaram o picadinho sem carne, e agora inventam a internet sem internet”, afirmou a blogueira do Generación Y, referindo-se ao “período das necessidades especiais”, quando o país passou por uma grave crise após o colapso da União Soviética, em 1991.

Teclando em um celular sem quase nenhum aplicativo, Yoani demonstra como consegue escrever os 140 caracteres máximos do Twitter usando o Serviço de Mensagem Curta (SMS, na sigla em inglês) por meio de um número no Reino Unido. Pelo Serviço de Mensagem Multimídia (MMS, na sigla em inglês), ela envia fotos ao TwitPic e vídeos ao YouTube.

Em um país onde apenas 2,9% dos 11,2 milhões de cubanos relataram ter tido acesso direto à internet ao longo de um ano, segundo levantamento da Oficina Nacional de Estatísticas (ONE) em 38 mil lares, Yoani vê o celular como mais uma possibilidade de informar ao exterior o que se passa na Ilha. E isso apesar de a telefonia móvel, cuja venda de contas e aparelhos foi liberada pelo presidente Raúl Castro em 2008, também ter uso restrito na Ilha. De acordo com a ONE, só 2,5% dos entrevistados disseram ter celulares.

Segundo a blogueira, como ela só consegue acessar a internet uma vez por semana, o celular é o meio para ter agilidade e divulgar informações urgentes. “São truques do subdesenvolvimento”, afirmou Yoani.

Enquanto isso seu blog, traduzido para 22 línguas por voluntários e pelo qual ela ganhou prêmios como o espanhol Ortega y Gasset, continua sendo a base de “reflexões e opiniões mais sedimentadas”, que recebem em média 2 mil comentários.

Para espalhar a novidade dos recursos SMS e MMS, Yoani deu das 9h às 16h30 de 13 de setembro um curso que chamou de “móvil activismo” (ativismo pelo celular, em tradução livre), “para ensinar outros cubanos a usar a internet prescindindo dela”.

Não foi o primeiro curso ministrado pela blogueira de 34 anos. Entre outubro de 2009 e abril deste ano, ela e voluntários criaram a Academia Blogger para ensinar 32 alunos a escrever códigos no Wordpress e produzir seus próprios diários online.

Uma das estudantes a receber os diplomas certificados pela revista Wired foi a dona de casa Regina Coyula, de 54 anos. Ex-funcionária do Serviço de Contrainteligência de Cuba (equivalente à KGB soviética), Regina criou o blog Malaletra.
Navegar é preciso

Os cursos gratuitos são uma tentativa de disseminar a comunicação online em um país onde os obstáculos para usar a internet são inúmeros. Em Cuba, não se pode contratar uma conexão doméstica. Os únicos com acesso relativamente fácil à web são os estrangeiros residentes, os empregados em determinadas funções no aparato estatal, alguns cientistas, altos dirigentes.

Segundo o marido de Yoani, o jornalista independente Reinaldo Escobar, a situação da internet em Cuba expõe a diferença entre “ter um direito e desfrutar um privilégio”.

Foto: Getty Images

Hotel Plaza, em Havana: Presidente Raúl Castro permitiu em março de 2008 hospedagem de cubanos
(04/12/2006)

E, mesmo aqueles que têm acesso, não o têm de todo. A navegação limita-se a sites estatais e a alguns internacionais. O Generación Y, que Yoani começou em fevereiro de 2007 e foi catapultado à fama após ser descoberto pelos jornais Wall Street Journal, New York Times e El País, está bloqueado internamente desde que ela foi premiada com o Ortega Y Gasset, em março de 2008.

Para alimentar o blog, Yoani grava em um pendrive fotos e os textos escritos no computador de casa e acessa a internet de um hotel, cuja entrada antes proibida para cubanos foi liberada por Raúl em maio de 2008. “Ninguém disse que seria permitido usar a internet, mas como a norma deixava que os cubanos se hospedassem, inferimos que também estava liberado o uso da web”, afirmou Yoani, que antes burlava a proibição falando inglês ou alemão para fingir ser turista.

Como a administração de conteúdos no Wordpress é bloqueada em Cuba, a blogueira conta com a ajuda de voluntários para atualizar o blog e “otimizar seu tempo online”. No acesso de US$ 6 a hora, ela envia por email os textos e as fotos para amigos no Chile, Canadá e Espanha, que alimentam o site respeitando as instruções de qual texto postar em cada dia e qual foto usar em cada um deles.

No início do Generación Y, Yoani pagava o acesso à internet, que tem preços proibitivos para o salário médio cubano equivalente a US$ 20, com o dinheiro que ganhava como professora de espanhol para turistas e guia para estrangeiros. Mas, desde o sucesso do blog, ela conseguiu ter mais autonomia colaborando com publicações estrangeiras.

Como exemplo de cubana que pôde prosperar apesar das limitações do sistema, Yoani acredita que a concessão pelo governo de licenças para trabalhos privados trará mais independência a muitos cubanos e eventualmente possibilitará a abertura do regime. “Pessoas sem recursos são dóceis. Com a autonomia econômica vem a autonomia política.”
20/10/2010

Charge


Chico Caruso

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Cínico


Há limite para tudo – até mesmo para os direitos fundamentais das pessoas


Por exemplo: você é livre para dizer o que quiser. Mas você não pode sair por aí dizendo o que quiser. A lei considera crime dizer determinadas coisas.

Ela também deveria punir quem abusa do cinismo – e por abusar, ofende a sociedade.

Foi o caso recente de Renan Calheiros (PMDB-AL), eleito presidente do Senado no início do mês. Abusou de ser cínico.


Um manifesto que pede o impeachment de Renan é o sucesso do momento nas paradas das redes sociais. Atraiu até agora mais de um milhão e meio de assinaturas. No dia em que for encaminhado ao Senado, seu destino será a lata do lixo.

Milhares de assinaturas obrigam o Congresso a examinar propostas de leis ordinárias, mas o afastamento de um dos seus dirigentes... Esqueça. Não me pergunte por que é assim. Simplesmente é.

O Congresso, que em 2007 absolveu Renan contra todas as evidências de que prevaricara, jamais o condenará. A cara do Congresso é igual ao focinho de Renan.

Expressiva fatia dos votos que elegeu Renan presidente do Senado pela segunda vez tem a ver com a tranquilidade que ele inspira aos seus pares. Quem esteve com a cabeça a prêmio tudo fará para que seus camaradas sejam poupados de experiência tão angustiante.

Renan governará o Senado por dois anos. E talvez por mais dois. Enquanto ali estiver, respirem em paz os senadores que temem ser alvo de uma ação moralizadora de origem interna ou externa.

O controle que Renan exerce sobre o Senado é acachapante.

O corregedor do Senado, encarregado de zelar pelo bom comportamento dos senadores, será uma figura da inteira confiança de Renan.

A presidência do Conselho de Ética caberá a outro homem de confiança de Renan. Ou do PT, o que não fará diferença.

Só terá assento ali quem representar a sólida garantia de que defenderá Renan acima de qualquer coisa, bem como todos os que desfrutem da condição de aliados fiéis dele.

No passado, acusado de quebra de decoro, Renan foi condenado pelo Conselho de Ética e absolvido pelo plenário. A história não se repetirá.

Portanto, tudo bem até aqui e a perder de vista - para Renan, os seus e aqueles que não se importam com essa coisa comezinha chamada ética.

Tudo bem, nada! Mas o que fazer se o Congresso (Câmara dos Deputados e Senado) está todo dominado?

Nem mesmo isso, contudo, assegura a Renan o direito de ser cínico. Excessivamente cínico. Abusivamente cínico. Descaradamente cínico. Insolentemente cínico.

Prefiro “insolentemente” cínico. Lembra-me um professor do curso ginasial que bradava com os alunos: “Não sejam insolentes”. Pois Renan foi ao comentar o pedido de impeachment dele.

Primeiro chamou de “lícita e saudável” a mobilização na internet para recolher mais assinaturas contra ele. Depois subverteu seu significado. Disse que a mobilização tem por objetivo tornar o Congresso mais ágil e preocupado com os cidadãos.

Por fim, desdenhou do movimento. “O número de assinaturas não é tão importante quanto a mensagem”. E lembrou que fora líder estudantil. E que também se valera de todos os meios para obter o que desejava.

O número de assinaturas é tão ou mais importante, sim, do que a mensagem. Se não fosse grande jamais Renan comentaria o assunto.

Nada há de juvenil na iniciativa. Gente de todas as idades a ampara.

O comentário atende à recomendação de assessores para que Renan não pareça presunçoso.

Presunçoso? Está aí uma coisa que ele definitivamente não parece.

Em compensação...

Deixa pra lá.