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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Secom manda suspender patrocínio da CEF para encontro de “blogs sujos”




Adivinhem quem vai fazer o discurso de abertura...
Sim! Ela, a “Afastada”.
Secom tem de fazer uma auditoria na área


Por Reinaldo Azevedo

Aplausos para a decisão! O governo Michel Temer ordenou que a Caixa Econômica Federal suspenda o patrocínio de R$ 100 mil reais para um evento promovido pelos sedizentes blogueiros progressistas, que já contavam com farto financiamento de estatais e do próprio governo federal.

O 5º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais acontece entre os dias 20 e 22 de maio em Belo Horizonte, Minas. Adivinhem quem vai abrir o encontro… Sim, Dilma Rousseff, a Afastada. O tema não poderia ser mais eloquente: “A defesa da democracia e a luta contra o golpismo midiático”. Entenda-se: para um blogueiro dito “progressista”, de esquerda, “golpistas” são aqueles que não concordam com eles e que defendem a Constituição.

Aliás, a Secom (Secretaria de Comunicação Social) mandou reavaliar todas os contratos de publicidade com os veículos de comunicação. Até porque a companheirada decidiu torrar toda a verba, né?, o que inclui a farta distribuição de dinheiro para os blogs sujos.

A questão é tão importante para o PT que Rui Falcão, presidente do partido, resolveu escrever sobre o assunto na página oficial do partido. Ele acha um absurdo que o governo federal e as empresas públicas parem de financiar blogs que se dedicam a defender o PT e os petistas e a atacar os adversários do partido — ou aqueles que eles julgam adversários. Falcão acha que a função do Estado brasileiro é defender a sua legenda.

A questão chega a ser surrealista. Venham cá: se um governo pode financiar os ditos “blogs progressistas”, não poderia, então, financiar também “blogs reacionários”??? A propósito: o que há de “progressista” em ter o nariz marrom, em viver de joelhos para o poder, em exercer a voz do oficialismo?

Aliás, espero que o governo Temer mude a relação com os veículos de comunicação. Há que se criar um critério objetivo para distribuir a verba publicitária que pertence ao povo brasileiro, não aos partidos. O único critério aceitável é o técnico.

Não! Eu não acho que, agora, chegou a hora de “pagar para o outro lado”; eu não acho que Temer deva financiar os blogs que falem bem dele e mal do PT. Eu sou contra esse tipo de pistolagem. É preciso respeitar o dinheiro dos brasileiros.

Até porque, meus caros, não duvidem que alguns dos blogs sujos mudariam bem fácil de lado… Bastaria pagar o preço. É preciso parar com essa sem-vergonhice. Isso é chantagem.

Auditoria
Mas é preciso mais do que isso. A Secom tem de proceder a uma auditoria rigorosa para saber como o dinheiro da publicidade oficial foi empregado, ao longo dos anos, para fazer o trabalho sujo dos sujos.

O lugar de alguns personagens que fizeram parte desse enredo macabro é a cadeia.

19/05/2016

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Desaparelhando o governo


Aos poucos, o governo do presidente em exercício Michel Temer está tentando reverter o gigantesco aparelhamento da máquina do Estado realizado pelo PT ao longo de mais de uma década


As demissões já ultrapassam a casa das centenas, o que dá uma pálida ideia da abrangência do assalto petista ao poder.

Nem é preciso dizer que essas medidas saneadoras foram recebidas pelos simpatizantes do PT como uma afronta – e a máquina de propaganda petista, ainda muito afiada, está empenhada em transformar a faxina promovida por Temer em um atentado à “cultura” e aos “direitos sociais”, justamente as áreas cuja administração foi a mais aparelhada pelo partido – e assim, não à toa, se prestam à marquetagem fraudulenta que faz do PT o proprietário das classes pobres do País. O escândalo que alguns artistas estão fazendo para desqualificar Temer inclusive no exterior, para ficar somente neste exemplo embaraçoso, mostra bem a dificuldade que o presidente em exercício terá para retirar a administração pública de vez da órbita do PT e de seus simpatizantes e devolvê-la ao conjunto dos brasileiros.

A claque petista fez muito barulho com a decisão de Temer de fundir o Ministério da Cultura com o Ministério da Educação, rebaixando aquela pasta à categoria de Secretaria. Do ponto de vista da imagem política, foi um desastre que poderia ter sido evitado, pois alimenta a acusação de que Temer estaria interessado em retaliar a chamada “classe artística” porque esta se alinhou à presidente Dilma Rousseff e fez campanha contra o impeachment.

No entanto, noves fora o fato de que não existe essa tal “classe artística”, a não ser na cabeça de quem não consegue enxergar a sociedade como um conjunto de indivíduos, e sim como uma reunião de corporações com vocação estatal, a decisão de Temer foi essencialmente correta, porque a pasta da Cultura foi transformada pelo PT em um de seus principais feudos, espécie de ponta de lança da construção da imagem do partido como o único capaz de interpretar as aspirações nacionais.

A grande prova de que o Ministério da Cultura era apenas uma espécie de departamento de agitação e propaganda do PT foi dada quando funcionários da pasta receberam o novo ministro da Educação, Mendonça Filho, aos gritos de “golpista” e de “golpe não, cultura sim”. A limpeza promovida por Temer é portanto uma consequência natural da constatação de que a Cultura não estava a serviço do Brasil, mas de um partido político.

O mesmo se deu no caso da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Criada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a EBC deveria servir como uma “instituição da democracia brasileira: pública, inclusiva, plural e cidadã”, como se lê em sua carta de intenções. Mas acabou se transformando em braço do lulopetismo. A necessidade do governo Temer de desaparelhar a EBC ficou evidente quando Dilma, às vésperas de ser afastada da Presidência, nomeou para presidir a empresa o jornalista Ricardo Melo, na certeza de que este seria aliado firme do PT na guerrilha comunicacional contra o governo interino. Temer exonerou Melo, que entrará na Justiça sob a alegação de que seu mandato não podia ser interrompido.

A luta contra a contaminação petista envolve muitas outras áreas do governo. Temer achou por bem, por exemplo, exonerar da presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) o sociólogo Jessé de Souza. Na chefia de um órgão responsável por pesquisas que ajudam a balizar importantes decisões de governo, Jessé havia dito que o impeachment era uma “mentira das elites” e que a crise econômica “foi produzida politicamente” por empresários.

Isso é só o começo. É muito provável que Temer tenha de ir ainda mais fundo se quiser extirpar o lulopetismo entranhado na administração federal. E ele tem de estar preparado para encarar o esperneio daqueles que, depois de apoiar de corpo e alma um projeto de poder que julgavam eterno, estão muito perto de perder a preciosa boquinha.


19 Maio 2016


Pedro Parente será convidado nesta quinta-feira para presidir Petrobrás, diz Padilha


Ex-ministro de FHC, Parente deve ser confirmado ainda hoje por Temer para a presidência da estatal, diz Padilha; Bendine já havia sido informado da saída

Gustavo Porto, Carla Araújo e Alexa Salomão O Estado de S.Paulo


O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, confirmou, no início de tarde desta quinta-feira, que Pedro Parente será convidado formalmente hoje pelo presidente em exercício, Michel Temer, para assumir o comando da Petrobrás. Segundo Padilha, o encontro deverá ocorrer no Palácio do Planalto, mas ainda não há um horário definido, já que Parente está retornando hoje de viagem aos Estados Unidos.


Parente foi ministro da Casa Civil e do Planejamento no governo Fernando Henrique, foi vice-presidente do Grupo RBS de 2003 a 2009 e presidente da multinacional Bunge no Brasil de 2010 a 2014.

Segundo Padilha, o encontro de Temer com Parente deverá ocorrer no Palácio do Planalto

Segundo uma fonte próxima à diretoria, dentro da estatal, no entanto, a saída do atual presidente, Aldemir Bendine, é controversa. Oficialmente, porém, a troca não pode ser simplesmente anunciada pelo governo, o principal acionista da Petrobrás. Pelas regras das companhias de capital aberto, a escolha do presidente deve ser feita pelo conselho de administração e o nome anunciado em comunicado ao mercado.

Um executivo da Petrobrás lembra que esse rito foi atropelado na saída de Graça Foster da presidência, o que levou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a abrir um processo administrativo contra a estatal. Segundo um executivo próximo ao conselho, o nome de Pedro Parente, um profissional experiente e bem-visto pelo mercado, foi bem recebido pelos conselheiros – diferentemente do nome anterior. “Inicialmente, ventilou-se que o substituto seria Moreira Franco, o que causou enorme mal-estar: ele foi governador e tem vinculação partidária, seria muito ruim para companhia ter um político na presidência, ainda mais neste momento.”

No início da semana, o presidente em exercício Michel Temer já havia conversado com Bendine para informar a troca de comando na estatal. Na conversa, Temer disse ao executivo que um novo presidente será escolhido em breve, e pediu que Bendine faça a transição do cargo. Para facilitar a troca, fontes afirmam que Bendine pode renunciar.



19 Maio 2016

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Denúncia contra Lula feita ao STF cita troca de mensagem com Delcídio


Para PGR, registros telefônicos são indícios de pagamento de propina à família de Cerveró

O Globo
 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Daniel Marenco / Agencia O Globo 16/04/2016

BRASÍLIA — A denúncia apresentada contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal incluiu dados de quebra de sigilo bancário que reforçam as acusações contra o petista. O texto da denúncia, enviado ao STF no início deste mês e mantido em sigilo até agora, foi revelado pelo “Jornal Nacional”, da TV Globo, nesta quarta-feira

A denúncia cita registros de ligações telefônicas entre o empresário José Carlos Bumlai e Lula, além de mensagens trocadas por Lula com o senador cassado Delcídio Amaral. Para a Procuradoria-Geral da República, esses registros são indícios do pagamento de propina à família do ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Em delação, Delcídio disse que Lula e Bumlai estavam envolvidos na operação de compra do silêncio de Cerveró, para tentar impedir que ele contasse aos investigadores irregularidades cometidas pelo empresário e por Lula.

O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF, acolheu pedido da Procuradoria para fazer o rastreamento de um cheque e dois saques em espécie que Maurício Bumlai, filho do pecuarista José Carlos Bumlai, teria feito para subornar a família de Cerveró.

Com base na decisão de Teori, Janot deverá fazer levantamento sobre um cheque de R$ 49.206,77, do Bradesco, que Maurício teria usado para fazer um dos pagamentos antecipados a Bernardo Cerveró, filho de Cerveró. O cheque foi sacado em 18 de agosto do ano passado. O procurador-geral também fará o rastreamento dos saques em espécie, um de R$ 50 mil e outro de R$ 25 mil. As somas foram sacadas entre maio e junho passados. A suspeita é que o dinheiro também foi usado para comprar o silêncio do ex-diretor, que, naquele período, estava preso e negociava delação premiada com o Ministério Público Federal.

Os desdobramentos da investigação podem aumentar a pressão sobre Lula. O ex-presidente é acusado de pedir a Delcídio Amaral para interferir na delação de Cerveró e impedir que o ex-diretor fizesse qualquer acusação contra o amigo Bumlai. As acusações surgiram na delação premiada de Delcídio e foram encampadas pela Procuradoria. 


18/05/2016

Dirceu, o renegado do PT, é condenado mais uma vez



O juiz Sergio Moro define pena de 23 anos para ex-ministro. Preso de novo por corrupção, desta vez ele não é chamado pelo partido de "guerreiro do povo brasileiro"



FLÁVIA TAVARES
Época


O ex-ministro José Dirceu chega à sede da Superintendência da Justiça Federal, em Curitiba (PR), para participar do depoimento
(Foto: PAULO LISBOA/BRAZIL PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil de Luiz Inácio Lula da Silva, foi condenado a 23 anos e três meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão é do juiz federal Sergio Moro, que preside a operação Lava Jato.

Dirceu está preso desde agosto de 2015, quando foi deflagrada a 17ª fase da Lava Jato, a Pixuleco. Na sentença, Moro afirma que uma empresa de Dirceu recebeu R$ 15 milhões por uma consultoria que nunca foi efetivamente prestada. O montante, diz Moro, é fruto de propina da Petrobras. "O custo da propina foi repassado à Petrobras, através da cobrança de preço superior à estimativa, aliás propiciado pela corrupção, com o que a estatal ainda arcou com o prejuízo no valor equivalente", diz a sentença.

Esta é a segunda condenação de Dirceu por crimes de corrupção. Em 2012, no mensalão, o ex-ministro foi condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha a uma pena de dez anos e dez meses e a pagar R$ 676 mil de multa. O juiz Moro destaca que, mesmo quando ainda enfrentava o julgamento no Supremo Tribunal Federal pelo mensalão, Dirceu continuou recebendo a propina. Diz o texto: "O mais perturbador, porém, em relação a José Dirceu, consiste no fato de que recebeu propina inclusive enquanto estava sendo julgada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal a Ação Penal 470, havendo registro de recebimentos pelo menos até 13/11/2013. Nem o julgamento condenatório pela mais Alta Corte do país representou fator inibidor da reiteração criminosa, embora em outro esquema ilícito".

Na mesma sentença, Moro condenou João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, e Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, indicado pelo partido - ambos por corrupção passiva. No caso de Duque, pelo "pagamento, por sua solicitação, de vantagem indevida ao grupo político dirigido por José Dirceu". No caso de Vaccari, "pelo direcionamento ao grupo político de José Dirceu de parte da vantagem indevida". Ou seja, Moro desenha como o esquema do petrolão sangrou a diretoria de Serviços de Duque e direcionou a propina para o PT, sob o comando de Dirceu.

Quando Dirceu foi preso, em 2015, não houve grande comoção. Tampouco houve fila de petistas prontos para defendê-lo, como na prisão anterior, quando ele foi tema do slogan "Dirceu, guerreiro, do povo brasileiro". Dirceu se tornou uma espécie de renegado do PT, símbolo do que o partido finge que não existe. Essa nova condenação, na semana pós-votação do impeachment no Senado, é mero detalhe para o desgaste político que o PT enfrenta no momento. Mas é representativa de um ciclo que parece se encerrar, de um enfraquecimento da legenda, em estado de negação sobre os erros cometidos nos últimos anos.

Política externa voltará a servir ao país, ‘jamais a um partido’, diz Serra


Transmissão de posse no Itamaraty foi realizada nesta quarta-feira

Por André de Souza e Maria Lima
O Globo
O ministro das Relações Exteriores, José Serra
André Coelho / Agência O Globo 11/05/2016

BRASÍLIA — O novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, atacou a direção do Itamaraty durante os governo do PT. Sem citar nomes, ele disse que a diplomacia brasileira voltará a servir ao país, e não ao governo ou a um partido. O discurso foi feito durante solenidade de transmissão de cargo, da qual também participou seu antecessor, o ex-ministro Mauro Vieira, o último no comando do Itamaraty durante o governo da presidente afastada Dilma Rousseff.

— A nossa política externa será vigida pelos interesses da nação, e não do governo, e jamais de um partido — disse Serra.

Ele estabeleceu várias diretrizes que vão guiar sua gestão. Entre outras, ele citou: respeito aos direitos humanos; destaque para o tema ambiental; atenção aos acordos bilaterais com outros países; aproximação do Mercosul com a Aliança do Pacífico, bloco integrado por Chile, Peru, Colômbia e México; fortalecimento dos negócios com os países ricos.

O ex-ministro Mauro Vieira fez um breve balanço de sua atuação e desejou êxito ao sucessor. Ele defendeu o Mercosul, dizendo que o bloco econômico sempre foi valorizado pelos governos brasileiros, independentemente da cor partidária. Vieira também reclamou da falta de recursos, que, segundo ele, está afetando o trabalho dos servidores lotados em postos no exterior. Em relação a isso, Serra disse que vai tirar o Itamaraty da "penúria" provocada pela irresponsabilidade fiscal.

— Minhas primeiras palavras são de boas vindas e para lhe desejar sucesso — disse o ex-ministro, acrescentando:

— As dificuldades são grandes e conjunturais, mas sabemos que o Brasil é maior do que elas e vai superá-las, encontrando o caminho do crescimento, da prosperidade.

Entre os presentes estavam o ex-presidente José Sarney, o núncio apostólico (embaixador do Vaticano no Brasil), Giovanni d'Aniello, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, e o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão. Parlamentares e ministros do governo Michel Temer também foram à cerimônia.

RECUPERAÇÃO DAS FINANÇAS

Serra disse que encaminhou um pedido de R$ 200 milhões para recuperar as finanças do Itamaraty. Há histórias de diplomatas com até quatro meses de aluguel atrasado no exterior. Ele até brincou com o ministro do Planejamento, Romero Jucá, presente na cerimônia e responsável por liberar verbas no governo.

— Eu cumprimento Jucá em nome dos ministros presentes. Mesmo porque o Jucá vai ter um papel fundamental junto comigo para recuperação das finanças do Itamaraty — disse Serra, atraindo aplausos e risos dos presente.

Serra disse que a diplomacia do século XXI não pode repousar apenas na retórica, mas precisa buscar resultados. Pregou também a modernização e fortalecimento do ministério.

— Vamos recuperar a capacidade de ação do corpo diplomático. Acreditem — disse Serra.

— Quero fortalecer a casa e não enfraquecê-la. Esse é um compromisso e um convite a todos os funcionários — acrescentou o ministro.

Apesar das críticas aos antecessores, ele disse que a diplomacia brasileira terá olhos para o futuro, e não para o passado.

— A nova política externa brasileira será olhos voltados para o futuro e não para os desacertos do passados — disse Serra, sendo aplaudido.

Na conclusão do discurso, disse:

— Obrigado. Mãos à obra e vamos em frente.

DOIS SECRETÁRIOS GERAIS

Além da reviravolta na política externa, retirando o viés político-partidário, Serra vai reforçar a área de formulação de políticas de comércio exterior com a criação de dois cargos de secretário geral: um específico para a área ocupado pelo embaixador Marcos Galvão, e outro para cuidar da administração da Casa, que continua com o embaixador Marcos Danese. Diplomatas que irão assessorar o novo chanceler, explicam que a ideia não é nova e no governo do ex-presidente Fernando Collor o Itamaraty chegou a ter três secretários geral

O embaixador Marcos Galvão deixa a chefia da missão brasileira junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) para ocupar a segunda Secretaria Geral. Sua atuação na formulação de políticas comerciais será reforçada com a nomeação do o atual embaixador do Brasil na China, Roberto Jaguaribe, para chefiar a Apex Brasil ( Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos).

Mesmo não tendo vingado a tentativa de extinção do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (Midc) para que a parte de comércio exterior fosse anexada ao Itamaraty, Serra deixou claro que essa área será sua menina dos olhos, para ajudar na derrubada de barreiras comerciais, aumento das exportações e parcerias com grandes blocos econômicos, recuperação da economia e geração de empregos.

A Agência Brasileira de Promoções de Exportações e Investimentos (Apex) saiu do Mdic e passou para o Ministério das Relações Exteriores.

— Na época do Collor chegamos a ter três secretários gerais: um cuidava do controle interno, outro da administração do Itamaraty e o terceiro da formulação política. Não sei avaliar se deu certo ou não — observou um dos diplomatas ouvidos pelo GLOBO.

A prioridade para a política de comércio exterior foi uma das 10 diretrizes anunciadas hoje por Serra para sua gestão.

18 de maio de 2016


terça-feira, 17 de maio de 2016

Se Lula bebe, quem fica tonto é Geddel


Amigo da onça de Temer, Geddel informa que estenderá a Lula mão que pode afundar chefe: é tolo ou traíra?


O ministro da Secretaria de Governo e responsável pela articulação política de Michel Temer, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), informou que vai procurar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que este ajude o governo a buscar saídas para a atual crise política e econômica do País. Em entrevista a Erich Decat, publicada domingo pelo Estado de S. Paulo, Geddel, que foi ministro do petista, disse: “Não tenho nenhuma dificuldade de diálogo com o ex-presidente e tenho certeza de que, passado esse momento de emoção, o Lula, na condição de ex-presidente, haverá de dar sua contribuição para o distensionamento”.

A proposta do articulador do novo governo é uma ideia de jerico e a entrevista, um desastre do começo ao fim. Demonstra, acima de tudo, completo desconhecimento da alma do ex-chefe e atual adversário, da natureza humana em geral e, em particular, da estratégia de combate político dele. O ex tem dado diariamente provas de que não merece mais a definição de gênio – nem mesmo de craque – da política com que já foi designado, inclusive pelo autor destas linhas, várias vezes. Ao contrário, a forma como tem atuado, principalmente ao longo do segundo governo de sua afilhada, escolhida e protegida, tem desmanchado fio a fio a teia em que enredou seu presente, as chances de seu Partido dos Trabalhadores (PT) e, sobretudo, o futuro de todos os que lhes estão próximos. Dar a mão de vencedor ao derrotado, neste momento, é se oferecer ao abraço do afogado. Por inabilidade ou sede de protagonismo, que terminou demonstrando que não merece, o baiano só pode é criar embaraços para o novo chefe, do qual deveria receber dura reprimenda. Caso não o desautorize publicamente, o presidente em exercício dará sinais de falta de comando sobre a própria equipe, o que na atual conjuntura poderá tornar-se até fatal para ele.

Uma aulinha banal de História precisa ser dada ao ministro, que, inebriado pelo poder, ao que parece, nem se lembra de fatos recentes, que se tornarão o epílogo de um relato que já começa por mostrar a falta de equilíbrio, oportunidade e sensatez do palpite infeliz.

Quando era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, hoje do ABC, nos anos 70, e depois das greves que liderou na virada para os 80, foi sugerido a Lula um gesto de conciliação que lhe daria, ainda antes de começar sua carreira política, uma chance de ouro de entrar para a História do País pelo portão da frente. O general Golbery do Couto e Silva, então chefe da Casa Civil do último governo da ditadura militar, sob a chefia do general João Figueiredo, mandou o então presidente do diretório paulista do partido do governo em São Paulo, Cláudio Lembo, pedir o apoio do arcebispo dom Paulo Evaristo cardeal Arns e de Lula à anistia dos exilados políticos brasileiros. Dom Paulo estendeu a mão, mas o dirigente sindical recusou-se a imitá-lo.

Seu gesto foi tão brusco e surpreendente que o presidente Figueiredo imaginou que o bruxo da “Sorbonne” – como então era conhecida a Escola Superior de Guerra (ESG) – podia estar mentindo. Pediu ao maior adversário de Golbery no Palácio do Planalto, o chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general Octavio Aguiar de Medeiros, que mandasse um agente a São Paulo só para conferir. O então major Gilberto Zenkner encontrou-se com o líder operário num apartamento do jornalista Alexandre Von Baumgarten, na Liberdade, e ouviu dele próprio a confirmação de que não apoiaria a anistia porque não admitia, depois, obedecer a ordens dadas por asilados que estavam no “bem bom” enchendo a cara da melhor produção de vinho francês, em Paris.

Lula, que já atendera a pedido mais difícil de ser atendido de Golbery – de desalojar seu arqui-inimigo Leonel Brizola das bases sindicais -, manteve-se alheio aos ex-guerrilheiros até que estes aceitaram fundar sob seu comando o Partido dos Trabalhadores. O PT nasceu da fusão desses militantes desarmados com católicos de esquerda (que Nelson Rodrigues chamava de “padres de passeata”) e sindicalistas independentes em relação a comunistas ou pelegos do PTB. Mas sob a égide de um líder acima de todos – ele mesmo, claro.

Foi nesta condição que participou da campanha pelas diretas já e da construção dos alicerces da Nova República, depois da derrota da emenda Dante de Oliveira na Câmara. No entanto, expulsou do partido três deputados da bancada petista – Airton Soares, Bete Mendes e José Eudes – que ousaram desobedecer à sua ordem de não votar em Tancredo Neves. Porque, a seu ver, este e o adversário, Paulo Maluf, seriam “iguais”. Isso não o impediria de, depois, levar seu ungido para a Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, aos jardins da casa daquele que chamava de “filhote da ditadura”, na disputa política para fazer de seu “poste” prefeito paulistano.

Tancredo morreu, o vice, José Sarney, assumiu a Presidência e Lula foi eleito constituinte. Participou das sessões, teve seus votos computados, mas resolveu proibir que os constituintes petistas assinassem a Constituição dita “cidadã”, presidida por Ulysses Guimarães. Depois, convencido pelo presidente da Constituinte, do PMDB e da Câmara dos Deputados à época, além de eminência parda de Sarney, assinou a Carta tão discretamente que até hoje há quem diga e escreva que ele não o fez. Também nunca fez questão de confirmar nem desmentir esse recuo, do qual ele parece não se ter arrependido, apesar de hoje, na luta para manter na Presidência a sua sucessora, Dilma Rousseff, defendê-la com empenho que o próprio dr. Ulysses nunca teve. Ou pelo menos nunca o demonstrou.

Derrotado por Fernando Collor de Mello na primeira eleição presidencial direta após 31 anos, participou ativamente da deposição dele, mas ficou na oposição ao mandato-tampão do mineiro nascido em águas do mar baiano. E condenou ao expurgo do PT a ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, que aceitou chefiar o órgão que cuidava da administração pública no governo que o partido ajudou a tornar viável, mas ao qual não quis dar sustentação. Há uma explicação para isso: só lhe interessava chegar ao topo da República por qualquer razão, sem ter de se aliar com ninguém, mas podendo se reservar o poder de fazer vassalos em vez de aliados e inimigos no lugar de adversários.

Nada há que indique que ele tenha mudado agora. Depois de seus dois mandatos e de ter escalado a substituta para mais dois, enquanto a maior organização criminosa da História pilhava os cofres públicos, e flagrado por descuido, ambição e arrogância, ele tenta emergir do naufrágio da grei, agarrado à tábua de salvação do mito do melhor presidente da História do Brasil. Construiu o muro da vergonha que divide os “brancos opressores da elite” e os “pardos pobres e oprimidos”. Destilou ódio, fragmentou a Nação, as famílias e as instituições apenas para tentar reconstruir a própria utopia pessoal nas ruínas da maior crise moral, econômica e política de todos os tempos. Inventou o golpe “parlamentar e jurídico” da burguesia, que estão depondo sua protegida. Seus compadres também falidos da Sul-américa bolivariana fingem que acreditam nele, até porque também levaram os próprios povos à bancarrota.

Içado do poço lulodilmista por Temer, Geddel promete puxar o ex-presidente encrenqueiro pra cima. Isso na certa implicará afundar o chefe bonachão. Dizem que Lula bebe. Mas é Geddel quem fica tonto. Será tolo ou traíra?

(*) José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor.


17 de Maio de 2016

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Gilmar Mendes continuará relator das contas de Dilma no TSE


Presidente do tribunal poderia ter delegado relatoria a um colega, mas não quis

Por Carolina Brígido
O Globo

O ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE
Jorge William / Agência O Globo / 12-5-2016



BRASÍLIA — Recém-empossado presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Gilmar Mendes fez questão de esclarecer logo que continuará relator das contas de campanha da presidente Dilma Rousseff. Embora a contabilidade tenha sido aprovada pelo plenário da corte em dezembro de 2014, logo depois das eleições, Gilmar continua enviando indícios de irregularidades para órgãos de investigação, uma atitude pouco usual que irritou o governo Dilma e o PT. Como presidente do tribunal, o ministro poderia ter delegado a relatoria a um colega, mas não quis fazer isso.


“Considerando o recebimento de informações de órgãos públicos relativos a indícios de irregularidades referentes às empresas que prestaram serviço à referida campanha, cujo acompanhamento tem sido por mim realizado, permaneçam os autos sob minha relatoria”, afirmou Gilmar. A decisão foi dada na última quinta-feira, o mesmo dia em que tomou posse no cargo.

Na mesma decisão, o ministro lembra que, ao aprovar com ressalvas as contas de Dilma na campanha de 2014, o TSE estabeleceu que “essa conclusão não confere chancela a possíveis ilícitos antecedentes e/ou vinculados às doações e às despesas eleitorais, tampouco a eventuais ilícitos verificados pelos órgãos fiscalizadores no curso de investigações em andamento ou futuras”. A defesa de Dilma já recorreu ao TSE para pedir o encerramento das investigações, mas o pedido foi negado.

Em declarações públicas, Gilmar não poupa críticas à gestão Dilma e à forma de governar do PT. No discurso de posse na presidência do TSE, o ministro criticou a “empedernida trupe de insensatos” que tomou a República de assalto. Sem citar nomes, Gilmar disse que a corte não compactuará com os abusos econômicos e políticos cometidos nas eleições de 2014. A cerimônia de posse de Gilmar foi o primeiro evento público que o presidente da República interino, Michel Temer, compareceu depois de assumir o posto de Dilma.

— Este tribunal, tenho repetido, não compactuará com qualquer tipo de astúcia que conduza à mínima assimetria capaz de deslegitimar o processo eleitoral, a exemplo dos abusos econômicos e políticos que tanto macularam as últimas disputas, agora objeto de detida e rigorosa análise judicial — disse o ministro na última quinta-feira.

Ainda no discurso de posse, ele afirmou que o Brasil vive um “ciclo de descalabros”, em ameaça à República. O ministro elogiou as manifestações populares que, indignadas com a corrupção, teriam conseguido romper esse ciclo. Ele aproveitou para elogiar as “competentes investigações” da Lava-Jato como prova de que o Brasil acordou.

16 de maio de 2016