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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

‘Bolsonaro só fala’, ironiza Battisti sobre extradição


O militante de esquerda Cesare Battisti é fotografado durante entrevista à AFP em Cananeia, litoral sul de São Paulo, 20 de outubro de 2017
AFP/Arquivos



Revista IstoÉ

O italiano Cesare Battisti negou hoje (31) que esteja “fugindo” para evitar que o novo governo de Jair Bolsonaro extradite-o à Itália, onde é considerado terrorista e foi condenado à prisão perpétua por assassinatos cometidos na década de 70. “Bolsonaro pode dizer o que quiser. Estou protegido pelo Supremo Tribunal. O que ele diz são só palavras, fanfarrices. Ele não pode fazer nada. Existe a Justiça e estou protegido pela Justiça. Ele não tem nada a ver com isso”, defendeu-se Battisti, em uma entrevista à “Radio Rai”, da Itália.

O ex-membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) também negou estar preocupado com uma possível extradição: “Absolutamente não. Não acredito que Bolsonaro tenha interesse em criar discórdia entre os Poderes Judiciário e Executivo. Cada um pode falar o que quiser. Mas eu não tenho nenhum problema”, relatou.

A declaração de Battisti vem horas após a publicação de uma hipótese de fuga levantada pelo jornal “La Stampa”, que conversou com vizinhos de Battisti em Cananeia, no litoral de São Paulo, os quais disseram que não veem o italiano desde segunda-feira (29). “Não estou fugindo. Estou voltando para casa e está tudo tranquilo. Vou a São Paulo uma vez por mês, por cinco dias, por razões médicas. Dessa vez, também tratei da publicação do meu livro. Estou voltando para casa, como sempre. Não há nada alarmante, não estou fazendo nada além da rotina”, alegou.


Procurado pela ANSA, o advogado de Battisti, Igor Tamasauskas, tinha confirmado mais cedo a versão do italiano e detalhou que se reunira na segunda-feira (29), em São Paulo, com Battisti.

“Ele me disse que visitaria uns amigos e depois retornaria, mas não precisou a data”, declarara. O nome de Battisti voltou à tona no noticiário porque o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, promete extraditá-lo assim que tomar posse.

O vice-premier italiano e ministro do Interior, Matteo Salvini, comemorou a eleição de Bolsonaro no último domingo e escreveu, em sua conta no Twitter, que gostaria de vir ao Brasil buscar Battisti.


Mas, apesar da promessa de Bolsonaro à Itália, existe uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux que garante a permanência de Battisti no Brasil. Fux é relator do caso que decidirá se o asilo concedido pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010, pode ser revogado por um sucessor. Battisti também é réu em dois processos, por falsidade ideológica e evasão de divisas. Neste último, ele é acusado de tentar fugir para a Bolívia com o equivalente a mais de R$ 20 mil em moeda estrangeira. O italiano nega a denúncia e diz que queria apenas comprar material de pesca com dois amigos.


 31/10/18

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Bolsonaro presidente: A surpreendente trajetória de político do baixo clero ao Palácio do Planalto




Bolsonaro venceu Fernando Haddad na disputa do segundo turno

BBC.com

Após uma campanha marcada por um alto nível de tensão, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito neste domingo o novo presidente da República. Com 99,49% das urnas apurados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato atingiu 55,21% dos votos válidos e está matematicamente eleito. O adversário, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), está com 44,79%.


Deputado Federal há 28 anos, Bolsonaro sempre foi do chamado "baixo clero" do Congresso Nacional - não tinha papel de liderança nos partidos políticos a que pertenceu, nunca assumiu cargos no governo federal ou posições de destaque na Câmara dos Deputados.

Mas se tornou nacionalmente conhecido ao longo dos anos por declarações polêmicas, principalmente sobre a comunidade LGBT e a ditadura militar. Até o início campanha, analistas políticos afirmavam que a candidatura do deputado federal poderia se "desidratar", já que ele teria direito a apenas 8 segundos diários de propaganda eleitoral na TV.


Direito de imagem Reuters
Candidato atingiu 55,63% dos votos válidos e está matematicamente eleito; adversário, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), teve 44,37%


No entanto, o capitão reformado cresceu de forma continuada nas pesquisas, se consolidando no primeiro lugar já no primeiro turno. A BBC News Brasil reuniu os principais fatos na trajetória do candidato do PSL rumo ao resultado da eleição deste domingo.

Entre 2015 e 2016 - 'Vou ser candidato a presidente gostem ou não gostem'

Bolsonaro fala publicamente na possibilidade de ser candidato à Presidência da República há cerca de três anos. Em abril de 2015, ele se desfiliou do PP já com a intenção de seguir o "sonho" de ser presidente.

"Foi um pedido verbal, mas oficial. A gente começa aí um processo de separação, que espero que seja amigável. Tenho um sonho para 2018 de disputar o cargo de senador ou presidente da República. No partido onde estou, dificilmente serei candidato sequer para o Senado. O que sinto é que eles querem uma opção diferente para 2018", afirmou, na ocasião.


Direito de imagem MAURO PIMENTEL/AFP 
Bolsonaro cresceu fortemente em intenção de voto na semana que antecedeu à eleição



Em novembro de 2016, ele reforçou que disputaria a eleição presidencial "quer gostem ou não", ao prestar depoimento na condição de testemunha num processo aberto pelo Conselho de Ética da Câmara para apurar se Jean Wyllys (PSOL-RJ) quebrou o decoro parlamentar ao cuspir em Bolsonaro em 2015.


Na época, o ex-capitão do Exército estava filiado ao Partido Social Cristão (PSC) - sigla conhecida por reunir líderes evangélicos -, e havia divergências dentro do partido sobre uma eventual candidatura dele.

"Há dois anos me preparo para que o partido, se assim entender, (permita minha candidatura) de acordo com minha aceitação popular. Eu estarei pronto para enfrentar uma campanha presidencial, o que não é fácil", disse.

Agosto de 2017- Primeiras pesquisas mostravam Bolsonaro atrás de Lula

Em agosto do ano passado, quando as primeiras pesquisas de intenção de voto começaram a ser divulgadas, Bolsonaro já aparecia em posição competitiva. Na ocasião, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda era tido como o candidato do PT - ele ainda não havia sido condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em segunda instância, o que acabou ocorrendo em janeiro de 2018.

Uma pesquisa do Datafolha divulgada no dia 30 de agosto de 2017 pelo jornal "Folha de S.Paulo" mostrava Lula em primeiro lugar com 36% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, com 16%, e por Marina Silva (Rede), com 14%.

Março de 2018 - Filiação ao PSL e lançamento da pré-candidatura

Após divergências com o PSC e sem ver espaço para ser candidato por esse partido, Bolsonaro migrou para o Partido Social Liberal (PSL) em 7 de março deste ano.

Ele aproveitou a ocasião para lançar a pré-candidatura à Presidência com um discurso focado em defender a revisão da Lei do Desarmamento. O evento contou com gritos de "mito, mito, mito", orações e Hino Nacional.

Abril de 2018 - Prisão de Lula e tomada da dianteira nas pesquisas por Bolsonaro


Direito de imagem MIGUEL SCHINCARIOL/AFP
Lula foi preso em abril, mas, mesmo assim, o PT registrou a candidatura do ex-presidente no TSE


Em abril, Lula foi preso, três dias depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) negar habeas corpus da defesa que pedia que ele não pudesse ser detido até uma condenação definitiva - o chamado trânsito em julgado. Apesar da prisão, o PT decidiu insistir na candidatura de Lula até o prazo final dado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a substituição do nome.


Bolsonaro passou à dianteira nas pesquisas de intenção de voto nos cenários em que Fernando Haddad aparecia como substituto do ex-presidente na chapa do PT. Pesquisa Ibope divulgada em 20 de junho mostrava o candidato do PSL com 17% das intenções de voto, seguido por Marina Silva (13%), Ciro (8%) e Alckmin (6%). Haddad, até então vice na chapa de Lula, aparecia só com 2%.


14 de agosto de 2018 - Bolsonaro registra a candidatura


Em 14 de agosto, Bolsonaro registrou a sua candidatura no TSE e declarou um patrimônio de R$ 2,3 milhões (todos os candidatos precisam declarar patrimônio à Justiça Eleitoral).

No dia seguinte, o PT registrou a candidatura de Lula, embora o petista estivesse preso e impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa.
6 de setembro - Bolsonaro leva facada em comício em Juiz de Fora (MG)

Um dos episódios mais marcantes de toda a campanha ocorreria no dia 6 de setembro na cidade mineira de Juiz de Fora. Bolsonaro estava nos ombros de apoiadores, durante um comício, quando levou uma facada na barriga.


Bolsonaro sofreu ataque a faca e ficou afastado da campanha


O autor do atentado, Adelio Bispo de Oliveira, 40, foi preso. Bolsonaro chegou a perder 40% do sangue do corpo - cerca de 2,5 litros - e passou por duas cirurgias.


Com o episódio, ele se afastou das campanhas nas ruas mas, ao mesmo tempo, ganhou ampla visibilidade na mídia, inclusive no horário nobre de televisão.

Os adversários dele, por sua vez, decidiram mudar a estratégia de campanha, moderando o tom das críticas ao candidato do PSL nas duas primeiras semanas que se seguiram ao atentado. A lógica era a de que poderia não pegar bem fazer ataques pesados a alguém hospitalizado.

10 de setembro - Substituição de Lula por Haddad como candidato do PT


Após Lula ser barrado pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa, o PT decidiu substituir a candidatura do ex-presidente pelo vice na chapa, Fernando Haddad. Nos dias que se seguiram, começou a ficar mais evidente que a reta final da campanha poderia se centralizar numa disputa entre Bolsonaro e o ex-prefeito de São Paulo.


Direito de imagem FLAVIO FLORIDO/AFP 
Haddad passou a crescer nas pesquisas e assumiu o segundo lugar nas pesquisas de opinião, atrás de Bolsonaro


O candidato do PSL passou a apresentar um crescimento constante nas pesquisas, se consolidando no primeiro lugar em intenções de voto. Haddad também cresceu fortemente, se beneficiando da transferência de votos de Lula e passando a figurar em segundo lugar. Mas os dois também carregavam altas taxas de rejeição - acima de 40%.


A campanha eleitoral assumiu, então, o seu maior grau de polarização, com a possibilidade de uma disputa entre anti-petistas e anti-Bolsonaro num segundo turno.
30 de setembro - Mulheres vão às ruas em campanha #EleNão

Uma semana antes do primeiro turno da eleição, milhões de mulheres tomaram as ruas de 114 cidades do Brasil para protestar contra Bolsonaro, como parte do movimento #EleNão, que se espalhou nas redes sociais.


Direito de imagem SERGIO LIMA/AFP
O candidato do PSL alcançou, ao longo da campanha, patamar de 50% de rejeição entre as eleitoras


Conhecido por declarações machistas, como quando disse, em 2016, que não empregaria uma mulher com o mesmo salário que um homem, o candidato do PSL alcançou, ao longo da campanha, patamar de 50% de rejeição entre as eleitoras.


Em reação ao #EleNão, mulheres apoiadoras de Bolsonaro organizaram atos em 16 cidades.

5 de outubro - Bolsonaro 'boicota' debate da TV Globo dando entrevista para a Record

Desde que levou a facada, Bolsonaro precisou passar semanas internado e deixou de participar de debates televisivos.

Para especialistas, o fato de não ter precisado enfrentar perguntas difíceis, no embate ao vivo com os demais candidatos, pode ter beneficiado o candidato do PSL, que passou a se dedicar à divulgação de vídeos nas redes sociais.

No último debate televisivo, marcado para ocorrer dois dias antes do primeiro turno, Bolsonaro já havia sido liberado do hospital e se recuperava em casa. Mas afirmou que não participaria "por recomendação médica".


Direito de imagem DANIEL RAMALHO/AFP
No mesmo dia e hora do debate da TV Globo, a TV Record exibiu entrevista exclusiva com Bolsonaro

No entanto, no mesmo dia e horário do debate, quando todos os outros candidatos se dedicavam a responder às perguntas uns dos outros, a TV Record exibiu uma entrevista exclusiva com Bolsonaro, gravada na casa no deputado do PSL.

Nos 30 minutos de vídeo, o candidato atacou seus adversários, especialmente Haddad, a quem chamou de "fantoche de Lula", além de criticar a condução das investigações sobre o atentado que sofreu e dizer que não tem responsabilidade sobre a divulgação de fake news por seus apoiadores.

6 de outubro - A última pesquisa e a chance de vitória em primeiro turno

Na semana que antecedeu o primeiro turno das votações, Bolsonaro cresceu fortemente nas pesquisas a ponto de alcançar 40% dos votos válidos, seguido por Haddad, com 25%, e Ciro, com 15%.

A alta gerou, nas redes sociais, um movimento em prol de "voto útil" do eleitor "antipetista" por uma vitória de Bolsonaro no primeiro turno.


7 de outubro - Bolsonaro vota no Rio de Janeiro



Direito de imagem MAURO PIMENTEL/AFP
Bolsonaro votou em colégio militar, no Rio de Janeiro. Ao sair da seção eleitoral disse: 'Acaba hoje'.


Bolsonaro votou às 8:55, na Escola Municipal Rosa da Fonseca, dentro da Vila Militar, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio. Ao ser perguntado por jornalistas sobre sua expectativa, ele afirmou: "Acaba hoje".


À noite, foi anunciado o resultado do primeiro turno: Bolsonaro recebeu 46,03% dos votos e Haddad, 29,28%. Em transmissão ao vivo para o Facebook, o candidato do PSL comemorou o resultado, mas colocou em dúvida as urnas eletrônicas.

"Vamos junto ao TSE exigir soluções para isso que aconteceu agora, e não foi pouca coisa, foi muita coisa. Tenha certeza: se esses problemas não tivessem ocorrido, e tivéssemos confiança no voto eletrônico, já teríamos o nome do futuro presidente da República decidido hoje."

9 de outubro em diante - Denúncias de agressões no segundo turno

Logo depois do primeiro turno, começaram a proliferar relatos de agressões relacionadas ao discurso eleitoral. Um dos casos mais dramáticos foi registrado em Salvador: o assassinato do mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, o Moa do Katendê, de 63 anos. Ele foi morto a facadas após uma discussão política algumas horas depois da eleição de domingo.

Testemunhas disseram que o desentendimento começou quando o capoeirista revelou apoio ao candidato do PT. O agressor, Paulo Sérgio Ferreira de Santana, de 36 anos, teria defendido Bolsonaro.

O período eleitoral também foi marcado por casos de agressões a jornalistas. Foram 137 em 2018, segundo estimativas da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) - sendo 75 ataques digitais e 62 físicos, e a maioria deles ligados à cobertura eleitoral.



Direito de imagem BRUNO FIGUEIREDO/ÁREA DE SERVIÇO
  Mestre de capoeira, compositor e dançarino baiano Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, de 63 anos, foi morto a facadas

Ao ser questionado sobre atos de violência nas ruas, Bolsonaro disse que não tem controle sobre seus apoiadores. "O cara lá que tem uma camisa minha e comete um excesso, o que é que eu tenho a ver com isso?", questionou.

"Eu lamento. Peço ao pessoal que não pratique isso, mas eu não tenho controle sobre milhões e milhões de pessoas que me apoiam."

No dia 12 de outubro, ele foi mais enfático em condenar as agressões. "Dispensamos voto e qualquer aproximação de quem pratica violência contra eleitores que não votam em mim. A este tipo de gente peço que vote nulo ou na oposição por coerência, e que as autoridades tomem as medidas cabíveis, assim como contra caluniadores que tentam nos prejudicar", afirmou, em sua conta no Twitter.

10 de outubro - Bolsonaro anuncia que não vai participar de debates

Dois dias após o primeiro turno da eleição, Bolsonaro afirmou que não participaria do debate organizado por Folha de S.Paulo, UOL e SBT, marcado para o dia 17 de outubro. Na época, ele alegou que a equipe médica recomendou "mais alguns dias de repouso".

Pouco mais de uma semana depois, o presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, declarou que Bolsonaro não participaria de nenhum debate televisivo com Haddad no segundo turno e nem viajaria para atos de campanha.


Direito de imagem FERNANDO BIZERRA/EPA
 
Haddad explorou ausência de Bolsonaro nos debates durante a campanha do segundo turno


A justificativa dada foi o desconforto causado pela bolsa de colostomia presa ao seu corpo desde que levou a facada, além de questões de segurança. Em entrevista à TV Globo, Bolsonaro afirmou considerar os debates algo "secundário".


"Eu poderia me submeter a uma aventura, mas poderia ter uma consequência péssima para minha saúde. Levando-se em conta a restrição, a minha saúde e a gravidade do que ocorreu, a tendência é eu não participar de debates. Não posso abusar nesse momento. Questão de debate é secundário. Da minha parte, até gostaria porque não teria dificuldade de debater com preposto com um poste do Lula."

18 de outubro - Reportagem diz que empresas pagavam por disparos contra o PT no WhatsApp

Reportagem da Folha de S.Paulo publicada no dia 18 de outubro afirmou que empresas que apoiam Bolsonaro estavam comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp. A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.

Bolsonaro se pronunciou dizendo que "não tem nada a ver com isso". E passou a criticar fortemente a Folha de S.Paulo, inclusive prometendo cortar, quando eleito, publicidade do governo federal no jornal. "A Folha de S.Paulo é a maior fake news do Brasil. Vocês não terão mais verba publicitária do governo", disse, em transmissão ao vivo.

A pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a Polícia Federal abriu uma investigação sobre a compra de pacotes de disparos no WhatsApp.

20 de outubro - Filho de Bolsonaro fala em 'fechar o STF'


Direito de imagem NELSON ALMEIDA/AFP
Em víde gravado em julho, mas divulgado em outubro, Eduardo Bolsonaro diz que não seria difícil fechar o Supremo


Um dos acontecimentos que mais geraram repercussão durante a campanha do segundo turno foi a divulgação de imagens em que Eduardo Bolsonaro, 34 anos, um dos filhos do candidato à Presidência, afirma que bastariam um "cabo e um soldado" para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF).

Em vídeo gravado em julho, disponível na internet, Eduardo, que foi reeleito deputado federal, aparece numa sala de aula de um cursinho para interessados em ingressar na Polícia Federal, em Cascavel (PR).

Ele é perguntado por um aluno sobre o que poderia ser feito caso o STF impugnasse a candidatura ou diplomação do pai dele por fraude eleitoral. Eduardo respondeu, em tom de ameaça, que o tribunal "terá que pagar para ver o que acontece" e argumentou que dificilmente haveria reação popular se um ministro do Supremo fosse preso.

A declaração gerou forte reação entre ministros da Corte. O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, afirmou que "atacar o Poder Judiciário é atacar a democracia", enquanto Celso de Mello - decano do Supremo - disse que a fala foi "inconsequente e golpista".

Jair Bolsonaro primeiro afirmou que "qualquer um que fale em fechar o Supremo precisa se consultar com um psiquiatra". Posteriormente, ele disse: "Eu já adverti o garoto, o meu filho, a responsabilidade é dele. Ele já se desculpou".

21 de outubro - Bolsonaro fala em 'faxina' e promete 'banir marginais vermelhos'

Em vídeo ao vivo transmitido durante um comício na Avenina Paulista, em São Paulo, Bolsonaro proferiu um dos discursos mais agressivos da campanha. "A faxina agora será muito mais ampla. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria", afirmou o capitão reformado.

Ele também ameaçou prender o senador Lindbergh Farias e o próprio Haddad, e afirmou que Lula irá "apodrecer na cadeia".

"Seu Lula da Silva, se você estava esperando Haddad vencer para assinar o decreto de indulto, eu vou te dizer uma coisa: você vai apodrecer na cadeia. Brevemente você terá Lindbergh Farias para jogar dominó no xadrez. Aguarde, o Haddad vai chegar aí também. Não será para visitá-lo não, será para ficar alguns anos ao seu lado", disse. "Será uma limpeza nunca vista na história", completou.

27 de outubro - Última pesquisa Datafolha aponta vitória de Bolsonaro

No sábado, foi divulgada a última pesquisa de intenção de voto do Datafolha dessas eleições. Bolsonaro aparecia com 55% das intenções de votos válidos, uma vantagem de dez pontos percentuais em relação a Haddad (45%).

Ao longo das semanas que antecederam a eleição, a vantagem de Bolsonaro sobre Haddad, que chegou a ser de 18 pontos percentuais, diminuiu. Mas não o suficiente para que o petista chegasse perto de efetivamente ameaçar a liderança do candidato do PSL.

28 de outubro - Bolsonaro vota no Rio de Janeiro


Direito de imagem ANTONIO LACERDA/EPA 
Bolsonaro votou no Rio de Janeiro, na manhã deste domingo

Com esquema reforçado de segurança e vestindo um colete a prova de balas, Bolsonaro votou às 9h17, acompanhado da esposa, na Escola Municipal Rosa da Fonseca, na Vila Militar, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio.

"Pelo que eu vi nas ruas nos últimos meses, é vitória", disse ele, ao ser questionado sobre a expectativa para o resultado.


28 outubro 2018

domingo, 28 de outubro de 2018

Em discurso da vitória, Bolsonaro diz que será 'defensor da democracia e da Constituição'

Político do PSL não menciona adversário, Fernando Haddad (PT), e frisa que seu compromisso com país é 'juramento a Deus'


O Globo
Discurso do presidente eleito Jair Bolsonaro
Foto: Picasa / Reprodução TV

RIO - Eleito presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL) destacou no discurso da vitória que será "defensor da democracia e da Constituição". O militar leu as suas primeiras palavras como presidente em rede nacional de televisão, sem mencionar o adversário derrotado, Fernando Haddad (PT). No pronunciamento, prometeu foco na liberdade e nos direitos dos cidadãos, com corte de privilégios e "quebra de paradigmas". Pouco antes de ir à TV, ele fez transmissão ao vivo no Facebook, na qual prometeu governar " seguindo os ensinamentos de Deus ao lado da Constituição ".

Ao lado da mulher, Michelle Bolsonaro, e dos principais aliados, Bolsonaro voltou a citar o "slogan" de sua campanha, João 8:32, sobre conhecer e "ser libertado" pela verdade, e disse fazer dos brasileiros "testemunhas" de que o governo defenderá o regime democrático e o texto constitucional.

- Isso não é a promessa de um partido, não é a palavra de um homem, mas um juramento a Deus. A verdade foi um farol que nos guiou até aqui e que vai seguir iluminando o nosso caminho. O que ocorreu hoje nas urnas não foi a vitória de um partido, mas a celebração de um país pela liberdade. O compromisso que assumi com os brasileiros foi de fazer um governo decente, comprometido com o país e com o povo. E garanto que assim será.

Segundo Bolsonaro, o governo será formado por pessoas "que têm o mesmo propósito de cada um" que o ouvia na televisão: transformar o Brasil em uma livre e próspera nação. O militar reforçou o foco de seu governo na "liberdade" como princípio fundamental e na defesa dos direitos dos cidadãos.

- A liberdade é um princípio fundamental. A liberdade de ir e vir, andar nas ruas, em todos os lugares desse país. Liberdade de empreender, liberdade política e religiosa, liberdade de ter opinião. Liberdade de fazer escolhas e ser respeito por elas. Um Brasil de diversas opiniões. Como defensor da liberdade, vou guiar um governo que defenda os direitos do cidadão - ressaltou Bolsonaro, que premeteu uma administração "constitucional e democrática".
  
O presidente eleito frisou que vai cortar o desperdício dos gastos públicos e os privilégios "para que as pessoas possam dar muitos passos à frente". Segundo o militar, seu governo vai "quebrar paradigmas". Ele reafirmou a intenção de "desburocratizar" a economia e permitir que o empreendedor "tenha mais liberdade para criar e construir seu futuro". Bolsonaro também ressaltou que, como "quebra de paradigma", vai "respeitar de verdade a federação", com repasse de recursos federais para estados e municípios.

- Precisamos de mais Brasil e menos Brasília - destacou o militar - As reformas que nós propomos serão para cirar um novo futuro para o brasileiro. Quando digo isso, falo com uma mão voltada para o seringueiro da selva amazônica e para o empreendedor. Não existem brasileiros do Sul ou do Norte. Somos todos uma só nação. Uma nação democrática - ressaltou o político, que ainda defendeu o direito de propriedade.
Bolsonaro promete emprego, renda e equilíbrio fiscal

Bolsonaro afirmou que "emprego, renda e equilíbrio fiscal" são os compromissos de seu governo. Ele ainda prometeu juros mais baixos para estimular investimentos e gerar empregos. O parlamentar ainda frisou que o déficit público primário precisa ser resolvido.

- Governaremos com olhos nas futuras gerações e não nas próximas eleições - frisou Bolsonaro, em aceno à juventude do país.

No discurso da vitória, Bolsonaro ainda ressaltou que vai reverter o que considerou ser um caráter ideológico das relações internacionais do país e buscar "relações bilaterais com países que possam agregar valores econômicos e tecnológicos aos produtos brasileiros". Ele prometeu que seu governo vai "recuperar o respeito internacional" do país.

O candidato eleito do PSL lembrou das dificuldades enfrentadas desde o ataque a faca em Juiz de Fora, Minas Gerais, que o deixaram internado durante 23 dias. Ele voltou a agradecer médicos.

- Ganhei uma nova certidão de nascimento. Não perdemos a convicção de que juntos poderíamos chegar a essa vitória. É com essa mesma convicção que afirmo: ofereceremos a vocês um governo decente que trabalhará para todos os brasileiros. Somos um grande país e agora vamos juntos transformar esse grande país em grande nação. Uma nação livre, democrática e próspera. Brasil acima de tudo e Deus acima de todos - reforçou Bolsonaro, em referência ao nome de sua coligação no fim.

Questionado por jornalistas, Bolsonaro disse que vai "pacificar o Brasil sob a Constituição" e ressaltou que, além dos três nomes já anunciados ministros durante a campanha, o do astronauta Marcos Pontes já está "quase certo" para seu governo. O presidente eleito disse que, "com calma e com cautela", passará a revelar as outras pessoas que comporão sua equipe. O militar terminou o pronunciamento com homenagem à mulher, que, segundo ele, o ajudou com "paz, segurança e força" na corrida eleitoral.

28/10/2018


Com 98% das urnas apuradas, Bolsonaro está eleito presidente do Brasil


Candidato do PSL aparece com 55,34% dos votos válidos, contra 44,66% de Haddad

O Globo
Bolsonaro acompanha apuração da votação neste domingo
Foto: Agência O Globo



RIO — Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente da República na noite deste domingo, derrotando no segundo turno o candidato do PT Fernando Haddad. A vitória foi confirmada às 19h18 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro tem 55,34% dos votos válidos, contra 44,66% para Haddad.
  A pesquisa de boca de urna divulgada pelo Ibope na tarde deste domingo apontava Bolsonaro com 56% dos votos válidos, contra 44% para Haddad.

Os levantamentos de intenções de voto divulgados por Ibope e Datafolha no sábado apontavam uma vitória do candidato do PSL contra seu adversário do PT. O Datafolha apontou Bolsonaro com 55% dos votos válidos, contra 45% para Haddad. Já o Ibope mostrou Bolsonaro com 56%, enquanto Haddad apareceu com 44%.

No primeiro turno, Bolsonaro totalizou 49,2 milhões de votos, ou 46,03% dos votos válidos. Haddad avançou ao segundo turno com 29,28% dos votos válidos, com cerca de 31,3 milhões de votos.

Bolsonaro venceu em 631 dos 645 municípios paulistas . No estado, obteve pouco mais de 15 milhões de votos (68,01% dos válidos), mais que o dobro dos 7 milhões de Fernando Haddad (31,99%). O capitão da reserva saiu vitorioso inclusive na cidade de São Paulo — governada por Haddad entre 2013 e 2016. Lá, teve o apoio de 60,38% dos eleitores.

No Rio, o candidato do PSL obteve uma expressiva vitória. Integrante da bancada fluminense na Câmara dos Deputados, Bolsonaro tem 67,88% dos votos válidos, contra 32,12% de Fernando Haddad (PT). No Rio, já foram apurados 98,16% dos votos. No estado, o candidato do PSL obteve uma vantagem de quase 3 milhões de votos.
 
Saiba como foi a votação para presidente por município do Brasil.

Jair Bolsonaro iniciou sua carreira política em 1988, quando se elegeu vereador pelo Rio de Janeiro. Em 1990, Bolsonaro foi eleito deputado federal pela primeira vez. Atualmente, o capitão da reserva está em seu sétimo mandato consecutivo na Câmara dos Deputados.

Bolsonaro, de 63 anos, nasceu em Glicério, no interior de São Paulo. O novo presidente do Brasil serviu ao Exército entre 1977 e 1988, e chegou à patente de capitão. Três filhos de Bolsonaro também ocupam cargos políticos: Flávio, senador eleitor pelo Rio; Eduardo, deputado federal reeleito por São Paulo; e Carlos, vereador na capital fluminense.

Apoiadores de Bolsonaro fizeram festa ao longo do dia na frente da sua residência, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Eleitores do candidato do PSL chegaram a fazer desafios de pagar 17 flexões, em referência ao número do partido. Alguns deles organizaram um churrasco na frente do condomínio de Bolsonaro.

Após sofrer um atentado a faca em Juiz de Fora (MG) durante um evento de campanha, no início de setembro, Bolsonaro teve de passar por cirurgia e colocou uma bolsa de colostomia. O presidenciável passou cerca de três semanas internado, a maior parte desse tempo no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
 
Depois que recebeu alta hospitalar, Bolsonaro passou a maior parte do tempo em sua residência, na Barra da Tijuca, onde recebeu aliados para traçar os passos seguintes da campanha e manteve comunicação diária com eleitores através de publicações em redes sociais. Bolsonaro alegou motivos de saúde para não participar de debates com Fernando Haddad no segundo turno.



28/10/2018 

Bolsonaro diz que sentimento das ruas é de vitória e Haddad afirma que ‘vai lutar até o último minuto’



Os dois candidatos ao Palácio do Planalto votaram nesta manhã. Jair Bolsonaro (PSL) compareceu ao seu locação de votação, no Rio, sob forte esquema de segurança. Questionado sobre sua expectativa, o político disse que o sentimento das ruas é o de vitória. Soldados da Polícia do Exército revistaram todas as pessoas que chegavam na Escola Municipal Rosa da Fonseca, na Vila Militar.

Fernando Haddad (PT) votou na escola Brazilian International School às 10h15, na zona sul de São Paulo. Instantes antes, a Polícia Militar precisou intervir em um início de confusão entre apoiadores de Bolsonaro e de Haddad na porta da escola. Um pequeno grupo de bolsonaristas fazia vídeos e gritava palavras de ordem contra os artistas que entoavam cantos favoráveis a Haddad. Ao mesmo tempo, ocorria um panelaço nos prédios no entorno. O petista afirmou que segue “confiante” e que lutará “até o último minuto” para se tornar o próximo presidente do Brasil.

28/10/18