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sábado, 20 de junho de 2015

Marcelo Odebrecht ameaça derrubar a República


“Terão de construir mais 3 celas: para mim, Lula e Dilma”, dizia Emilio Odebrecht, sobre possível prisão do filho.

O presidente da Odebrecht, Marcelo, foi preso nesta sexta


CHEFE Marcelo Odebrecht, preso pela PF. “Não haverá República na segunda-feira” (Foto: Luis Ushirobira/Valor/Folhapress)

FILIPE COUTINHO, THIAGO BRONZATTO
E DIEGO ESCOSTEGUY

 ÉPOCA desta semana

Desde que o avançar inexorável das investigações da Lava Jato expôs ao Brasil o desfecho que, cedo ou tarde, certamente viria, o mercurial empresário Emilio Odebrecht, patriarca da família que ergueu a maior empreiteira da América Latina, começou a ter acessos de raiva. Nesses episódios, segundo pessoas próximas do empresário, a raiva – interpretada como ódio por algumas delas – recaía sobre os dois principais líderes do PT: a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A exemplo dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, outros dois poderosos alvos dos procuradores e delegados da Lava Jato, Emilio Odebrecht acredita, sem evidências, que o governo do PT está por trás das investigações lideradas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “Se prenderem o Marcelo (Odebrecht, filho de Emilio e atual presidente da empresa), terão de arrumar mais três celas”, costuma repetir o patriarca, de acordo com esses relatos. “Uma para mim, outra para o Lula e outra ainda para a Dilma.”

Na manhã da sexta-feira, 19 de junho de 2015, 459 dias após o início da Operação Lava Jato, prenderam o Marcelo. Ele estava em sua casa, no Morumbi, em São Paulo, quando agentes e delegados da Polícia Federal chegaram com o mandado de prisão preventiva, decretada pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal da Justiça Federal do Paraná, responsável pelas investigações do petrolão na primeira instância. Estava na rua a 14ª fase da Lava Jato, preparada meticulosamente, há meses, pelos procuradores e delegados do Paraná, em parceria com a PGR. Quando ainda era um plano, chamava-se “Operação Apocalipse”. Para não assustar tanto, optou-se por batizá-la de Erga Omnes, expressão em latim, um jargão jurídico usado para expressar que uma regra vale para todos – ou seja, que ninguém, nem mesmo um dos donos da quinta maior empresa do Brasil, está acima da lei. Era uma operação contra a Odebrecht e, também, contra a Andrade Gutierrez, a segunda maior empreiteira do país. Eram as empresas, precisamente as maiores e mais poderosas, que ainda faltavam no cartel do petrolão. Um cartel que, segundo a força-tarefa da Lava Jato, fraudou licitações da Petrobras, desviou bilhões da estatal e pagou propina a executivos da empresa e políticos do PT, do PMDB e do PP, durante os mandatos de Lula e Dilma.

Os comentários de Emilio Odebrecht eram apenas bravata, um desabafo de pai preocupado, fazendo de tudo para proteger o filho e o patrimônio de uma família? Ou eram uma ameaça real a Dilma e a Lula? Os interlocutores não sabem dizer. Mas o patriarca tem temperamento forte, volátil e não tolera ser contrariado. Também repetia constantemente que o filho não “tinha condições psicológicas de aguentar uma prisão”. Marcelo Odebrecht parece muito com o pai. Nas últimas semanas, segundo fontes ouvidas por ÉPOCA, teve encontros secretos com petistas e advogados próximos a Dilma e a Lula. Transmitiu o mesmo recado: não cairia sozinho. Ao menos uma dessas mensagens foi repassada diretamente à presidente da República. Que nada fez.

Quando os policiais amanheceram em sua casa, Marcelo Odebrecht se descontrolou. Por mais que a iminência da prisão dele fosse comentada amiúde em Brasília, o empresário agia como se fosse intocável. Desde maio do ano passado, quando ÉPOCA revelara as primeiras evidências da Lava Jato contra a Odebrecht, o empresário dedicava-se a desancar o trabalho dos procuradores. Conforme as provas se acumulavam, mais virulentas eram as respostas do empresário e da Odebrecht. Antes de ser levado pela PF, ele fez três ligações. Uma delas para um amigo que tem interlocução com Dilma e Lula – e influência nos tribunais superiores em Brasília. “É para resolver essa lambança”, disse Marcelo ao interlocutor, determinando que o recado chegasse à cúpula de todos os poderes. “Ou não haverá República na segunda-feira.”

Antes mesmo de chegar à carceragem em Curitiba, Marcelo Odebrecht estava “agitado, revoltado”, nas palavras de quem o acompanhava. Era um comportamento bem diferente de outro preso ilustre: o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo. Otávio Azevedo, como o clã Odebrecht, floresceu esplendorosamente nos governos de Lula e Dilma. Tem uma relação muito próxima com eles – e com o governador de Minas Gerais, o petista Fernando Pimentel, também investigado por corrupção, embora em outra operação da PF. Otávio Azevedo se tornou compadre de Pimentel quando o petista era ministro do Desenvolvimento e, como tal, presidia o BNDES.

Não há como determinar com certeza se o patriarca dos Odebrechts ou seu filho levarão a cabo as ameaças contra Lula e Dilma. Mas elas metem medo nos petistas por uma razão simples: a Odebrecht se transformou numa empresa de R$ 100 bilhões graças, em parte, às boas relações que criou com ambos. Se executivos da empresa cometeram atos de corrupção na Petrobras e, talvez, em outros contratos estatais, é razoável supor que eles tenham o que contar contra Lula e Dilma.

A prisão de Marcelo Odebrecht encerra um ciclo – talvez o maior deles – da Lava Jato. Desde o começo, a investigação que revelou o maior esquema de corrupção já descoberto no Brasil mostrou que, em 2015, é finalmente possível sonhar com um país com menos impunidade. Pela primeira vez, suspeitos de ser corruptores foram presos – os executivos das empreiteiras. Antes, apenas corruptos, como políticos e burocratas, eram julgados e condenados. E foi precisamente esse lento acúmulo de prisões, e as delações premiadas associadas a elas, que permitiu a descoberta de evidências de corrupção contra Marcelo Odebrecht, o empreiteiro que melhor representa a era Lula. Foram necessárias seis delações premiadas, dezenas de buscas e apreensão em escritórios de empresas e doleiros e até a colaboração de paraísos fiscais para que o dia 19 de junho fosse, enfim, possível.
 

As provas contra a Odebrecht
Os documentos obtidos pela Lava Jato mostram como a empreiteira seguiu o roteiro de obras superfaturadas e obteve informações privilegiadas para acertar contratos com a Petrobras


E-mail do assessor de Marcelo Odebrecht fala em superfaturamento (Foto: Reprodução)


Diretor da Odebrecht Rogério Araújo avisa que sabia de orçamento interno da Petrobras (Foto: Reprodução)




A Polícia Federal anexou na investigação mensagens de outro empreiteiro, Léo Pinheiro, da OAS.  (Foto: Reprodução)



Revista ÉPOCA - capa edição 889 - Ele ameaça derrubar a República (Foto: Revista ÉPOCA/Divulgação)



20.06.2015

 

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Marcelo Odebrecht aguarda Lula na prisão. Já pediu asilo a Fidel, ‘companheiro’?


Lula já pediu asilo político ao ‘companheiro’ Fidel Castro?


Felipe Moura Brasil
Veja.com

Com a prisão nesta manhã do patrão Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht acusado de pagamento de propinas no exterior em contratos da Petrobras, Lula não apenas perdeu o emprego de lobista internacional da empreiteira, como sentiu o bafo quente da Operação Lava Jato mais perto do que nunca.

Até porque a Polícia Federal prendeu também o executivo Alexandrino Alencar, colocado por Lula entre os integrantes de sua delegação oficial em viagem de 2011 à Guiné Equatorial – lá onde também atuava a Andrade Gutierrez, cujo presidente, Otávio Azevedo, patrocinador de Lula desde a década de 1980, foi igualmente preso nesta sexta-feira.


Alexandrino, comparsa de Lula, sendo levado pela PF

A inclusão de Alencar no grupo causara estranheza no Itamaraty, que pediu informações sobre o caso à assessoria de Lula, porque o nome não estava em lista oficial enviada inicialmente ao ministério. Mas isso nunca foi problema para quem levava até amante em avião presidencial, não é mesmo?

Lula e Alexandrino são conhecidos de longa data, segundo a Folha: no livro “Mais Louco do Bando”, Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, relata uma viagem em 2009 que Alexandrino fez a Brasília com Emílio Odebrecht, presidente do conselho de administração da empresa. Na época, Lula pediu ajuda à Odebrecht para o Corinthians construir seu estádio.

Alexandrino também levou Lula para Cuba, EUA e República Dominicana em janeiro de 2013, como lembrou o Estadão. Com o apoio da empreiteira, o lobista corintiano também viajou a países como Panamá, Venezuela e Angola - e só no Panamá, por exemplo, a Odebrecht abocanhou contratos de US$ 3 bilhões com uma ajudinha de Lula.

A força-tarefa da Lava Jato detectou indícios de que Odebrecht e Andrade Gutierrez estão envolvidas em crimes de formação de cartel e fraude em licitações não apenas em contratos com a Petrobras. (Foi citada também Angra 3.)

O procurador da República no Paraná Carlos Fernando dos Santos afirmou que as duas gigantes da construção, sobretudo a Odebrecht, exerciam papel de liderança no chamado clube do bilhão e, de quebra, desmascarou as sucessivas notas oficiais em que os presidentes Marcelo e Otávio, cujos bens foram bloqueados pela Justiça, negavam seus envolvimentos:

“A atitude das empresas de negar sistematicamente pela imprensa a participação nos atos criminosos, de não trazer investigações internas que apontem os responsáveis pelos fatos, indica que estavam envolvidas no negócio como um todo. Não estavam sendo usadas. No caso dessas duas empresas, parece que elas são tão envolvidas nesses atos, que elas não têm como fazer uma apuração interna.”
Mesmo assim, Marcelo Odebrecht, segundo o Estadão, “ficou completamente chocado com a ida dos policiais à sua casa”, o que deveria, na verdade, agravar sua pena.

Em depoimentos de delação premiada, os dois principais delatores do escândalo do petrolão, Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, foram enfáticos ao citar dirigentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez como participantes do cartel e responsáveis pelo pagamento de propinas, mas os indícios mais fortes do envolvimento das duas empresas foram conseguidos a partir do rastreamento de contas secretas no exterior.

Ambas pagaram pelo menos 764 milhões de reais em propina e usavam um esquema “mais sofisticado” de corrupção, segundo o procurador do MPF.

Para o juiz Sergio Moro, há indícios de que eles poderiam destruir provas de participação no esquema, o que justificou a prisão de ambos.

É melhor, de fato, que eles aguardem o lobista Lula atrás das grades. De preferência, com duas delações premiadas, para acelerar o processo.
* Relembre as entrevistas deste blog com a Odebrecht e divirta-se:

- Se a Odebrecht cair, Lula também cairá?

- Propina e lula frita

- O fim do silêncio

19/06/2015


Charge







Sponholz


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Câmara aprova moção de repúdio contra ditadura assassina da Venezuela apoiada por Dilma


 

Há quatro dias, Dilma Rousseff recebeu com todas as honras do presidente da Assembléia Nacional da ditadura assassina da Venezuela, Diosdado Cabelo, com todas as honras no Palácio do Planalto. Para defender o Congresso Nacional, não mexeu um dedo. Este é o fantoche que governa o país.


Por O EDITOR

Blog do Coronel


(Portal da Câmara) O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou uma moção de repúdio aos atos de protesto contra a delegação brasileira de senadores que foi à Venezuela para verificar as condições dos opositores ao governo venezuelano presos naquele país.



Há poucas horas, quando a comitiva de senadores desembarcou em Caracas, o micro-ônibus no qual os senadores se deslocavam parou em um congestionamento e manifestantes venezuelanos atacaram o veículo, protestando contra a presença dos senadores na Venezuela.



A comissão externa de senadores brasileiros tinha o objetivo de conferir as condições de direitos humanos dos presos de opositores ao governo, como o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma. O governo venezuelano argumenta que ele foi preso por tentar um golpe de Estado.



A oposição venezuelana, entretanto, argumenta que o governo de Nicolás Maduro tem perseguido os opositores e cerceado a imprensa.


18 de junho de 2015



quarta-feira, 17 de junho de 2015

TCU dá 30 dias para Dilma Rousseff explicar irregularidades nas contas de 2014


Proposta do relator, ministro Augusto Nardes, foi aprovada por unanimidade na sessão desta quarta-feira

Por Vinicius Sassine
O Globo

BRASÍLIA - A presidente da República, Dilma Rousseff, terá 30 dias para se pronunciar sobre todas as irregularidades apontadas em sua prestação de contas de 2014, entre elas diversas manobras fiscais conhecidas como "pedaladas". No parecer prévio lido nesta quarta-feira no plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro Augusto Nardes, relator das contas, propôs que "seja colhido o pronunciamento da senhora presidente da República" antes de os ministros julgarem o parecer sobre as contas. Nardes, porém, já leu o relatório preparado e o que consta em seu parecer prévio: diante de tantos indícios de irregularidades, as contas da presidente não estão em condição de serem apreciadas. A proposta de Nardes foi aprovada por unanimidade.

A medida - uma abstenção de parecer diante da gravidade das irregularidades e o chamamento para uma explicação direta pela presidente da República - é inédita na história do TCU. Nardes decidiu propor a oitiva prévia da presidente, antes de uma decisão do plenário, diante da existência de jurisprudência no Supremo Tribunal Federal (STF). O Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Pernambuco quis reprovar as contas do governador Miguel Arraes, mas o STF garantiu ao gestor o direito à ampla defesa.

Nardes, no acórdão proposto ao plenário, propôs que o Congresso Nacional seja avisado sobre o fato de as contas de Dilma não estarem em condição de ser apreciadas nesse momento. Cabe ao Congresso fazer o julgamento definitivo das contas presidenciais.

— Em respeito ao entendimento do STF, em homenagem à ampla defesa e ao contraditório, proponho que antes seja colhido o pronunciamento da senhora presidente acerca dos indícios de irregularidades — propôs o relator, que elencou 31 achados de irregularidades e fez 25 recomendações.

O relatório detalhou diversas irregularidades, como o represamento de recursos do Tesouro a bancos oficiais - as chamadas "pedaladas". Nardes apontou inclusive a ocorrência de uma suposta nova "pedalada", com uso de recursos do FGTS na execução do programa Minha Casa, Minha Vida. Ainda segundo o relator, Dilma infringiu a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ao não fazer contingenciamentos necessários.

— O país tinha de ter feito um contingenciamento, e a Presidência da República liberou R$ 10,1 bilhões. A LRF não pode ser jogada pela janela. É uma conquista do povo brasileiro.

Antes do início da sessão, os ministros se reuniram com a tropa de choque do governo Dilma, no gabinete da presidência do TCU. Estavam presentes o ministro chefe da Advocacia Geral da União, Luiz Inácio Adams, o ministro-chefe da Controladoria Geral da União, Valdir Simão, e o secretário-executivo da CGU, Carlos Higino.

O Ministério Público (MP) junto ao TCU encaminhou parecer a todos os ministros em que pede a rejeição das contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff. No documento, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira apontou outras "graves irregularidades", além das "pedaladas" fiscais, e vê uma responsabilidade direta da presidente da República, o que justificaria a rejeição das contas. O TCU decidirá em sessão na quarta-feira se aprova ou rejeita as contas de 2014.

MELHORA ARTIFICIAL DAS CONTAS PÚBLICAS

As "pedaladas" foram uma manobra fiscal em que o Tesouro Nacional represou repasses a bancos oficiais como forma de melhorar artificialmente as contas públicas, em 2013 e em 2014. Diante disso, os bancos precisaram arcar com os pagamentos de benefícios de programas sociais, como o seguro-desemprego e o Bolsa Família.

Em abril, uma votação em plenário no TCU decidiu que a manobra infringiu a Lei de Responsabilidade Fiscal, por ter se tratado de empréstimo. O governo nega. Dezessete autoridades da equipe econômica de Dilma naqueles anos foram chamadas a dar explicações.


17/06/2015


terça-feira, 16 de junho de 2015

Câmara aprova proposta que cria voto impresso


Casa também deu aval para a alteração do tempo de mandato das mesas diretoras e a inclusão de fidelidade partidária na Constituição

Por: Gabriel Castro,
Veja.com de Brasília

Todos os temas constavam de uma emenda de autoria do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que proposta obteve amplo apoio da Casa: foram 433 votos favoráveis, 7 contrários e 2 abstenções
(Alex Ferreira/Câmara dos Deputados)
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira uma proposta que cria o voto impresso em complemento ao sistema eletrônico de votação. Se a medida for aprovada em segundo turno na Casa, e ganhar o aval do Senado, a urna eletrônica emitirá um relatório em papel. Isso permitirá a recontagem manual dos votos caso o resultado seja contestado. O recibo será depositado automaticamente em um local lacrado, mas antes disso o eleitor terá tempo de conferir se corresponde ao que ele digitou na urna.

Na mesma sessão, a Casa aprovou uma proposta que aumenta para dois anos e meio o mandato das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado. Hoje, esse período é de dois anos. A nova regra leva em conta o mandato de cinco anos para todos os cargos eletivos - outra proposta da reforma política aprovada pela Casa. A nova regra continua proibindo a reeleição para os cargos de presidente da Câmara e do Senado.

Os deputados também decidiram incluir na Constituição as regras da fidelidade partidária: quem troca de partido perde o mandato, a não ser em caso de fusão ou criação de novas legendas, ou ainda motivado por "grave discriminação pessoal, mudança substancial ou desvio reiterado do programa praticado pela legenda".

A Câmara ainda alterou a regra para apresentação de projeto de iniciativa popular. Atualmente, é preciso obter o apoio de 1% do eleitorado, distribuído por no mínimo cinco unidades da federação e com pelo menos 0,3% dos eleitores em cada uma delas. A proposta aprovada pela Câmara exige 500 000 assinaturas distribuídas por cinco unidades da federação, e exige o apoio de 0,1% do eleitorado em cada uma.

Todos esses temas constavam de uma emenda de autoria do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ). A proposta obteve amplo apoio da Casa: foram 433 votos favoráveis, 7 contrários e 2 abstenções.

Mais cedo, a Câmara havia rejeitado a criação de cotas de 15% para mulheres no Legislativo. A proposta de emenda à Constituição (PEC) teve maioria dos votos, mas ficou abaixo dos 308 votos necessários para ser aprovada. Houve 293 votos favoráveis, 101 contrários e 53 abstenções. Os deputados também rejeitaram a possibilidade de criação das "federações partidárias".

16/06/2015

Jô Soares volta ao humor com o programa Viva a Dilma






de Augusto Nunes

POR CELSO ARNALDO ARAÚJO

Saudosos do programa “Viva o Gordo” já não precisam se contentar com as reprises do canal Viva. O grande humorista Jô Soares – que cedeu lugar ao pior entrevistador da TV brasileira — está de volta com um programa fresquinho: “Viva a Dilma”. Resgatando a tradição das duplas que faziam o Brasil gargalhar no tempo das chanchadas da Atlântida e da rádio Nacional, como Oscarito e Grande Otelo, Primo Pobre e Primo Rico, a dobradinha Dilma e Jô, ele como escada, desmentiu a fama de Brasília como cidade sem graça, embora nada séria. Em pleno Palácio da Alvorada, ambos – em grande forma – interpretaram a si mesmos, sem precisar de ensaio ou laboratório.

O comediante que decidiu virar dono de talk show e que, nessa função há 27 anos, jamais conseguiu extrair de um convidado uma única frase que repercutisse no dia seguinte. A presidente que, em quatro anos e meio de mandato, e nada indica que será diferente nos três anos e meio que ainda faltam, jamais extraiu de seu cérebro uma única frase que fizesse sentido no dia seguinte ou para a História. Química infalível para o riso fácil, frouxo e indevido – potencializada por um detalhe que coloca Jô ao mesmo nível da cara de bacalhau, filhote de pombo, pescoço de freira e político honesto, isto é, de coisas que ninguém nunca viu: ele é o humorista a favor.

Já na introdução interminável para justificar a defesa intransigente de Dilma, o Jô de sempre: a hesitação e a sem-gracice em forma da pessoa real que é, despido de seus antigos personagens. Também pudera: é preciso se desmanchar em tibieza e falta de informação para, preparando a primeira pergunta, afirmar isto:

“Bom, você é uma leitora fanática, de chegar a andar com mala cheia de livros e, de repente, na ânsia de ler, até bula de remédios não escapavam (sic) dos seus olhos”.

Ainda a Dilma leitora fanática? A claque da Zorra Total teria de ser acionada para produzir gargalhadas frenéticas, apesar de a piada ser muito velha – menos para o Jô. Na mala de livros que Dilma leu sem nunca ter lido ainda cabe Jô Soares – ela é imensa.

Mas, espere. A pergunta no horizonte envolve não um livro comum – mas o livro dos livros. E aqui ressalta o inclassificável talk showman que é Jô Soares: imagine, é a primeira pergunta de sua primeira entrevista com a presidente da República num momento delicadíssimo da vida nacional e você se sai com essa – uma insignificante fabulazinha de cadeia sem um ponto de interrogação no final:

“E como é que é a história da Bíblia, quando você estava presa, encarcerada, e essa Bíblia tinha que passar pra outros prisioneiros. Conta essa história pra gente”.

Dilma:

“Ah, Jô, era uma história que é assim: num tinha livros…”.

Só pelo “num”, não tinha mesmo. Mas, segundo consta, tinha uma bíblia que fora deixada por um padre e que passava pela portinha do calabouço, e ia de cela em cela, introduzida pela fresta. Dilma enfatiza, para provável espanto da plateia: “Porque as portas das celas não ficavam abertas…” Puxa, mas uma bíblia fazendo sucesso num calabouço de marxistas? Sim, porque não era qualquer bíblia. Mas a Bíblia de Dilma, a hermeneuta:

Eis sua gênese:

“A Bíblia é algo fantástico, ela é uma leitura que ela envolve de todas as maneiras. Além de sê uma expressão religiosa, da religião da qual nós, a maioria do Brasil, compartilha. Mas, além disso, ela tem alta qualidade literária e tem, também, histórica. Então, é uma leitura que, eu quero te dizer o seguinte: para mim foi muito importante, principalmente porque ela trabalha com metáforas. E é muito difícil, a metáfora é a imagem, o que é a metáfora? Nada mais que você transformá em imagem alguma coisa. E não tem jeito melhor de ocê entendê e compreendê do que a imagem”.

Dilma como metáfora seria aqui uma imagem impublicável. Mas a entrevista caminha biblicamente para o apocalipse, com Jô fazendo o papel de um embasbacado Cirineu para a cruz de Dilma pensando o Brasil e discorrendo sobre qualquer assunto. Caprichando como sempre na saúde:

“Agora, eu quero te dizer que, além disso, faltam no Brasil especialidades. Porque, hoje, uma pessoa que quebra a perna precisa de ter um exame; ela precisa de ter um outro tratamento. Então as especialidades são a grande coisa que nós queremos focar nesses próximos quatro anos. E são três especialidades que nós vamos começar, porque você tem que começar. Uma é ortopedia; a outra é cardiologia; e a outra é oftalmologia. Eu esqueci de falar, falei da traumatologia, dos pés, das “quebraduras” em geral. Então são três”.

Já pisando nas quebraduras da Pátria Educadora, Dilma – que conquistou Lula ao chegar para uma reunião com um laptop – fala da importância de se controlar virtualmente, tintim por tintim, as verbas da Educação destinadas às creches (sim, as seis mil de sempre).

“Nós montamos o controle. E você só pode montar o controle no Brasil se você digitalizar. Você digitaliza…torna.. Coloca na internet, digitaliza, sabe onde é cada uma das escolas. Então, o prefeito recebe um SMS: “Prefeito, você recebeu tanto, você tem que fazer…”. E ele tem que tirar o retrato, tirar uma foto daquela creche e tem de botar no…

“Na internet”, sopra Jô.

“Não, ele bota no celular dele, que vem pra nós, que entra na internet, não é? Aí, nós descobrimos que um prefeito que tinha quatro creches tava mostrando a mesma creche. E advinha (sic) como é que a gente descobriu”?

“Como”?

“O cachorro era o mesmo. O cachorro parado na frente da creche era o mesmo das quatro creches. O que causou uma grande indignação em nós aqui. Que história é essa desse cachorro aí? Eu te contei essa história justamente pra mostrar o seguinte: você tem de acompanhar”.

Sim, a entrevista foi constrangedora, claro. Mas Jô conseguiu uma façanha: descobriu, sem querer, onde foi parar aquele cachorro de Dilma que era a figura oculta atrás de cada criança: ele se materializou na frente de cada creche.

Viva o Gordo, Viva Dilma.


14/06/2015

MP junto ao TCU pede rejeição das contas de Dilma por ‘fraude’ da LRF


Tribunal decidirá em sessão na quarta-feira se aprova ou não as contas de 2014 da presidente; relator diz que não votará pela aprovação com ressalvas das contas
Por Vinicius Sassine
O Globo


BRASÍLIA - O Ministério Público (MP) junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) encaminhou parecer a todos os ministros em que pede a rejeição das contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff. No documento, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira apontou outras "graves irregularidades", além das "pedaladas" fiscais, e vê uma responsabilidade direta da presidente da República, o que justificaria a rejeição das contas. O TCU decidirá em sessão na quarta-feira se aprova ou rejeita as contas de 2014.

Depois de mais um dia de pressão do governo da presidente Dilma Rousseff e de uma contra-ofensiva da oposição, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes afirmou a colegas que não votará pela aprovação com ressalvas das contas de 2014 da presidente, como habitualmente ocorre no tribunal. Nardes, porém, vem mantendo o suspense sobre o voto e não diz se a decisão é pela rejeição. Ele, que é o relator das contas, poderia se abster diante da grande quantidade de problemas de gestão presente no relatório a ser votado amanhã em plenário.

O procurador detalhou o que considera como infração à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), por não ter havido o cumprimento de metas fiscais bimestralmente. "O que se verificou ao longo dos bimestres de 2014 foi exatamente o contrário do que consagra a gestão fiscal responsável, tanto que o Poder Executivo propôs a alteração das metas fiscais ao final do exercício", disse o procurador que atua junto ao TCU.

O parecer chama de "fraude" o fato de o governo ter ignorado pedido de suplementação orçamentária feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), no valor de R$ 9,2 bilhões, para custear despesas do seguro-desemprego, bancadas usualmente pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O pedido foi feito em 12 de fevereiro, e um decreto de contingenciamento foi editado sem levar em conta a solicitação. Assim, o contingenciamento ficou menor que o necessário, com dinheiro livre para outras despesas.

"Além das omissões intencionais na edição de decretos de contingenciamento em desacordo com o real comportamento das receitas e despesas do país, houve ainda edição de decretos para abertura de créditos orçamentários sem a prévia, adequada e necessária autorização legislativa, violando a Lei Orçamentária Anual, a LRF e a Constituição da República", escreveu Júlio Marcelo no parecer. "O ato da presidente da República, de fevereiro de 2014, também desconsiderou o alerta do MTE sobre a previsão de possível frustração de cerca de R$ 5,3 bilhões na arrecadação das receitas do FAT, considerando as estimativas constantes na Lei Orçamentária de 2014."

Ao fim do documento, o procurador cita o episódio da rejeição das contas do presidente Getúlio Vargas em 1937, a partir do relatório do ministro Francisco Thompson Flores. "Se, após a implantação do Estado Novo, o corajoso gaúcho Thompson Flores foi vítima de represália com disponibilidade compulsória decretada pelo ditador, na era democrática os magistrados de Contas dispõem de garantias especiais, que constituem as salvaguardas necessárias para exercerem, com plena independência, coerência, isenção e compromisso com a sociedade brasileira", finalizou.

Os ministros do TCU devem se reunir ainda hoje para discutir o julgamento de amanhã. Os principais relatos são de que o tribunal está dividido entre aprovar ou rejeitar as contas. Um empate transfere a decisão para o presidente do TCU, Aroldo Cedraz.

O ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, esteve mais uma vez no TCU para tentar convencer os ministros - entre eles o relator - pela aprovação das contas. O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, também esteve no TCU, assim como o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, telefonou para o relator para tentar convencê-lo da aprovação das contas. Mais cedo, os principais líderes da oposição na Câmara e no Senado se reuniram com Nardes e com Cedraz. Eles pressionam pela rejeição das contas de 2014 de Dilma.


16/06/2015

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Para Cunha, PMDB e PT hoje têm mais divergências que convergências


Presidente da Câmara participou nesta segunda de evento em São Paulo.

No fim de semana, ele disse que aliança com PT não deve se repetir.

 
Carolina Dantas
Do G1, em São Paulo

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta segunda-feira (15) que, na opinião dele, PMDB e PT hoje têm mais divergências que convergências.

"A gente fica aliado a alguém quando as convergências são maiores que as divergências. Hoje, eu acho que as divergências estão maiores que as convergências", afirmou Cunha, que participou de encontro com empresário do varejo na capital paulista.

No fim de semana, o deputado já havia feito críticas à aliança entre os dois partidos. Ele usou o Twitter para "agradecer" a petistas por vaias e críticas dirigidas a ele durante o 5º Congresso Nacional do PT neste sábado (13) em Salvador.

Com ironia, ele disse que "ficaria preocupado é se fosse aplaudido lá". "Quero agradecer as manifestações de hostilidade no congresso do PT. Isso é sinal que estou no caminho certo", escreveu o deputado na rede social.

O PMDB, desde o período do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é o principal partido na coalizão liderada pelo PT. No entanto, a aliança neste início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff tem sido abalada por atritos entre as duas legendas. Tanto Cunha quanto o colega peemedebista, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), fazem críticas públicas ao Palácio do Planalto e dificultaram aprovação de matérias de interesse do governo.

Nesta segunda, Cunha reiterou a posição do fim de semana e disse que a aliança com o PT não deve se repetir.

"Dificilmente a aliança será renovada. Pelas circunstâncias do desgaste. É o que eu falei: já é um modelo ultrapassado, desgastado, nós temos divergências enormes", afirmou.


 15/06/2015