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sábado, 25 de julho de 2015

Presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez são transferidos para presídio


Além de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, outros seis executivos das empreiteiras são levados a complexo penal na região metropolitana de Curitiba

Veja.com


Marcelo Odebrecht é transferido da sede da Polícia Federal para o Complexo Médico Penal de Pinhais em Curitiba, PR, na manhã deste sábado (25)
(FuturaPress/Folhapress)

Presos na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde 19 de junho, oito executivos de empreiteiras envolvidos na Operação Lava Jato foram transferidos na manhã deste sábado para o Complexo Médico-Penal, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Entre eles estão Marcelo Odebrecht, presidente da construtora de mesmo nome, e o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo. Completam a lista os executivos Alexandrino Alencar, César Rocha, Elton Negrão, João Antonio Bernardo, Márcio Faria e Rogério Araújo.

A transferência ocorre um dia depois de o Ministério Público aprensentar à Justiça a mais importante denúncia da Lava Jato desde o início da operação, em março de 2014. Os procuradores formalizaram a acusação contra Odebrecht, Azevedo e outros vinte executivos e ex-funcionários das duas empreiteiras. Entre os crimes apontados estão corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Também são alvo da nedúncia lobistas, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque.

Levados à penitenciária em Pinhais, os empresários passarão a fazer companhia a outros detidos no escândalo do petrolão, como Renato Duque e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. O pedido de transferência foi apresentado pela PF no último dia 22 ao juiz Sergio Moro. A PF alegou que a carceragem em Curitiba é um local destinado a presos transitórios ou detidos em flagrante. "As instalações são limitadas, sendo capaz de absorver um pequeno número de presos, e a manutenção destes nas celas dificulta a operacionalização das autuações em flagrante e fragiliza a segurança do local em alguns momentos de excesso de custodiados", afirmou o delegado Igor Romário de Paula ao requisitar a transferência.

O juiz Sergio Moro acatou os argumentos apresentados pelos policiais e explicou que "a ala específica do Complexo Médico Penal disponibilizada pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná é local adequado para a acomodação dos presos no sistema prisional estadual, talvez até com melhores condições do que as da carceragem da Polícia Federal". No Complexo Médico-Penal, Odebrecht e os demais executivos vão ficar separados dos demais presos.
 

Presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo foi um dos presos transferidos da sede da Polícia Federal para o Complexo Médico-Penal de Pinhais em Curitiba, PR, na manhã deste sábado (25)(FuturaPress/Folhapress)


25/07/2015


Procuradores acreditam que Marcelo Odebrecht planejava até fugir do país


MP sustentou em denúncia que presidentes das empreiteiras sabiam de esquema de corrupção

Por Cleide Carvalho e Germano Oliveira
O Globo


O presidente da Odebrecht já em Curitiba, após ser preso pela Polícia Federal
Geraldo Bubniak/20-6-2015

SÃO PAULO — Ao denunciar os dirigentes das maiores empreiteiras do país, Odebrecht e Andrade Gutierrez, o Ministério Público Federal sustentou que o cartel, as fraudes e a propina só foram possíveis no esquema de corrupção na Petrobras porque eram de conhecimento dos dois presidentes: Marcelo Odebrecht, do Grupo Odebrecht, e Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez. Os dois foram denunciados nesta sexta-feira pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Foi contra Marcelo Odebrecht que o MPF acumulou indícios mais fartos. A surpresa é que muitos deles foram tirados de anotações pessoais do empresário, além de ligações telefônicas e mensagens de celular, que foram esmiuçadas. Para os procuradores, Marcelo tinha como plano B até mesmo uma fuga do país.

A conclusão foi tirada de uma anotação na qual surge a expressão “tática Noboa”. O MPF considerou evidente ser uma “referência ao caso de Gustavo Noboa”, ex-presidente do Equador que fugiu do país, em 2003, ao ser acusado de malversação de fundos na renegociação da dívida externa.

“Risco Swiss? E EUA?”, anotou Marcelo Odebrecht.

Os investigadores interpretaram como “risco de serem descobertas as contas bancárias na Suíça e nos EUA”, que acabaram encontradas.

“PRC/Suíça. PV?” seria alusão à conta mantida em favor de Paulo Roberto Costa (PRC) no Banco Pictet & Cie Banquiers, na Suíça. Segundo o MPF, de 17 contatos telefônicos entre Odebrecht e seu subordinado Rogério Araújo, quatro antecederam contatos do executivo com o operador Bernardo Freiburhaus, que movimentava as contas no exterior.

Os procuradores assinalam ainda como Odebrecht fazia agrados aos integrantes do esquema com uma relação de “brindes especiais”: pinturas valiosas de artistas como Alfredo Volpi e Cildo Meirelles. A lista de presenteados era formada “tão somente por funcionários do alto escalão da Petrobras”, entre eles vários réus da Lava-Jato.

Na avaliação do MPF, a Odebrecht é uma empresa familiar cuja gestão, “tanto lícita quanto ilícita”, concentra-se em membros da família.

Entre as provas contra Otávio Azevedo está o fato de ele ter sido apontado por dois delatores — Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef — como um dos responsáveis por negociar com o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, a oferta de vantagens indevidas a integrantes do esquema.

Num dos depoimentos ao MPF, Youssef afirmou que o primeiro contato para recebimento de propina dos contratos da Petrobras foi feito diretamente com Azevedo. Segundo o MPF, Fernando Baiano só foi alçado ao posto de operador de propina pela proximidade com Azevedo. “O vínculo entre Otávio e Fernando Soares”, segundo eles, é a compra por Baiano de uma lancha do empresário, avaliada em R$ 1,5 milhão. Outro documento apresentado pela denúncia é uma planilha apreendida na casa de Costa, que indicava dois contatos na Andrade Gutierrez: o próprio Azevedo e Flávio Machado Filho, um dos executivos da empresa.



25/07/2015

Lava-Jato investiga propina de US$ 17 milhões para ex-funcionários da Petrobras via Odebrecht


Justiça decretou nova prisão de executivos da empreiteira após descoberta de contas no exterior


por Cleide Carvalho e Tiago Dantas
O Globo

SÃO PAULO - O Ministério Público Federal descobriu que o Grupo Odebrecht controlava seis contas bancárias na Suíça usadas para fazer repasses de dinheiro a cinco réus da Operação Lava-Jato, todos ex-funcionários da Petrobras: os ex-diretores Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada e o ex-gerente Pedro Barusco.

Entre 2006 e 2011, essas contas fizeram depósitos de quase US$ 17 milhões para os cinco então funcionários da estatal, com transferências diretas ou por meio de off shores em outros países. As movimentações finaceiras foram apresentadas pelo juiz Sérgio Moro, nesta sexta-feira, como justificativa para um novo decreto de prisão preventiva contra o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, e quatro executivos ligados à companhia.

Ontem, os advogados de executivos da Odebrecht e Andrade Gutierrez entraram com habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar liberar seus clientes. Como decretou uma nova prisão provisória, o juiz Moro encaminhou o decreto desta sexta-feira às instâncias superiores, que julgam esses pedidos de liberdade: o Tribunal Regional Federal (TRF-4) e o STJ.

O MPF, com a colaboração das autoridades suíças, obteve a quebra de sigilo das contas Smith & Nash Engineering, Havinsur, Arcadex, Golac Project, Sherkson e Rodira Holdings, quem eram seus donos, de quem recebiam dinheiro e para quem repassavam. Duas delas, a Smith & Nash e a Hanvisur, eram de propriedade direta da Construtora Norberto Odebrecht.

Essas seis contas foram usadas para depósitos diretos nas contas dos ex-funcionários da Petrobras e também repassaram dinheiro a quatro off shores no Panamá (Constructora Internacional Del Sur), Áustria (Arcadex), Antigua e Barbuda (Klienfeld e Innovation), que, por sua vez, foram abastecidas com depósitos do Grupo Odebrecht.

As duas contas da Construtora Norberto Odebrecht fizeram repasses diretos para beneficiários de propina de desvios na Petrobras. A Hanvisur repassou US$ 565 mil para Renato Duque por meio da Milzart Overseas, controlada pelo ex-diretor de Serviços da Petrobras. A Smith & Nash repassou US$ 3,462 milhões para o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, além de 1.925.100,00 francos suíços - o equivalente a cerca de US$ 2 milhões no câmbio atual.

De acordo com documento enviado à Justiça pelo MPF, quatro empresas do Grupo Odebrecht foram usadas para os repasses. Além da construtora, foram usadas a Odebrecht Serviços no Exterior, a Osel Angola Odebrecht Serviços no Exterior e a Osel Odebrecht Serviços no Exterior.

A Construtora Internacional Del Sur, por exemplo, recebeu dinheiro da Osel Angola DS Odebrecht Serviços e transferiu US$ 3,014 milhões para Renato Duque (conta Milzart), Paulo Roberto Costa (conta Quinus) e Pedro Barusco (conta Pexo Corporation)

A conta Klienfeld transferiu US$ 2,618 para Duque, Costa e Barusco. A conta Arcadex repassou US$ 434,9 milhões para Duque. A Innovation transferiu US$ 286,3 para Pedro Barusco e US$ 4,005 para Paulo Roberto Costa. De uma conta da Arcadex na Áustria foi feito repasse também para a Tudor Adviser, que pertencia a Zelada.

O uso de mais de uma empresa do Grupo Odebrecht para fazer repasses irregulares, segundo os investigadores, demonstra que o presidente da holding sabia do esquema de propinas.

Com base em documentos enviados por autoridades da Suíça e outros documentos juntados ao processo, o juiz Moro concluiu que “há prova de fluxo financeiro milionário, em dezenas de transações, entre contas controladas pela Odebrecht ou alimentadas por empresas do grupo e outras contas secretas, mantidas no exterior por dirigentes da Petrobras”. A procuradoria-geral da Suíça está investigando repasses suspeitos feitos pela Odebrecht em contas de bancos locais.

MATERIALIDADE DE PROVAS

Moro explicou que as contas em nome das off-shore Golac Project e Rodira Holdings, que têm como beneficiária econômica a Odebrecht, realizaram depósitos milionários na conta da off-shore Constructora International Del Sur, a responsável final pelo repasse

No despacho desta sexta-feira, Moro escreveu que há prova da materialidade de “crimes de cartel, ajuste de licitações, corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito do esquema criminoso da Petrobrás”. O juiz explicou porque cada um dos quatro executivos ligados à companhia devem ficar detidos: Márcio Farias é apontado como participante das reuniões do cartel de empreiteiras; Rogério Araújo foi citado na investigação como responsável por fazer o contato com Bernardo Freiburghaus, responsável por administrar as contas na Suíça; e Alexandrino de Alencar foi citado em depoimento como responsável por combinar propina.

Quanto a Marcelo, ele aparece em uma troca de emails em que é discutido “sobrepreço” em um contrato e é apontado pela investigação como conhecedor de todo o esquema de corrupção, que envolvia mais de uma empresa do grupo. O juiz voltou a citar, no despacho, as anotações do celular do empresário, que faz referência a atrapalhar as investigações, de acordo com análise da Polícia Federal.

O juiz afirma, ainda, que a prisão preventiva dos acusados é uma forma de impedir que novos delitos ocorram. Na opinião dele, a empresa não se aplicou na tentativa de apurar internamente os casos de corrupção. Diz o despacho: a “Operação Lava-Jato deveria servir para as empreiteiras envolvidas como um ‘momento de clareza’, levando-as a renunciar ao emprego de crimes para impulsionar os seus negócios”.

VEJA AS CONTAS QUE REPASSARAM DINHEIRO E QUEM RECEBEU:

Hanvisur depositou US$ 565 mil para a conta Milzart, de Renato Duque

Smith & Nash depositou US$ 3.462.500,00 para Paulo Roberto Costa e 1.925.100,00 em francos suíços - ou US$ 2,006 milhões no câmbio atual

Constructora Internacional Del Sur repassou US$ 3.014.127,00 para Renato Duque (conta Milzart), Paulo Roberto Costa (conta Quinus), Pedro Barusco (conta Pexo)

Klienfeld trasnferiu US$ 2.618.171,87 para Renato Duque (conta Milzart), Paulo Roberto Costa (conta Quinus) e Pedro Barusco (conta Pexo)

Arcadex: US$ 434.980,00 para Renato Duque e 63.684,00 euros para Jorge Zelada (Tudor Advisory, o equivalente a US$ 69,886 mil no câmbio atual

Innovation : repassou US$ 286.311,17 para Pedro Barusco (Pexo) e US$ 4.005.800,00 para Paulo Roberto Costa (Signus)
25.07.2015

Executivo da OAS se oferece para contar à Lava Jato segredos devastadores sobre Lula


Em troca de benefícios legais, Léo Pinheiro promete revelar, em delação premiada, o que viu, ouviu e fez nos anos em que compartilhou da intimidade do ex-presidente


Por: Robson Bonin,
com reportagem de Adriano Ceolin
VEJA.com

(VEJA.com/VEJA)


Léo e Lula são bons amigos. Mais do que por amizade, eles se uniram por interesses comuns. Léo era operador da empreiteira OAS em Brasília. Lula era presidente do Brasil e operado pela OAS. Na linguagem dos arranjos de poder baseados na troca de favores, operar significa, em bom português, comprar. Agora operador e operado enfrentam circunstâncias amargas. O operador esteve há até pouco tempo preso em uma penitenciária em Curitiba. Em prisão domiciliar, continua enterrado até o pescoço em suspeitas de crimes que podem levá-lo a cumprir pena de dezenas de anos de reclusão. O operado está assustado, mas em liberdade.

Em breve, Léo, o operador, vai relatar ao Ministério Público Federal os detalhes de sua simbiótica convivência com Lula, o operado. Agora o ganho de um significará a ruína do outro. Léo quer se valer da lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a delação premiada, para reduzir drasticamente sua pena em troca de informações sobre a participação de Lula no petrolão, o gigantesco esquema de corrupção armado na Petrobras para financiar o PT e outros partidos da base aliada do governo.


Por meio do mecanismo das delações premiadas de donos e altos executivos de empreiteiras, os procuradores já obtiveram indícios que podem levar à condenação de dois ex-ministros da era lulista, Antonio Palocci e José Dirceu.

Delatores premiados relataram operações que põem em dúvida até mesmo a santidade dos recursos doados às campanhas presidenciais de Dilma Rousseff em 2010 e 2014 e à de Lula em 2006.

As informações prestadas permitiram a procuradores e delegados desenhar com precisão inédita na história judicial brasileira o funcionamento do esquema de sangria de dinheiro da Petrobras com o objetivo de financiar a manutenção do grupo político petista no poder.


É nessa teia finamente tecida pelos procuradores da Operação Lava-Jato que Léo e Lula se encontram. Amigo e confidente de Lula, o ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro autorizou seus advogados a negociar com o Ministério Público Federal um acordo de colaboração.

As conversas estão em curso e o cardápio sobre a mesa. Com medo de voltar à cadeia, depois de passar seis meses preso em Curitiba, Pinheiro prometeu fornecer provas de que Lula patrocinou o esquema de corrupção na Petrobras, exatamente como afirmara o doleiro Alberto Youssef em depoimento no ano passado.

O executivo da OAS se dispôs a explicar como o ex-presidente se beneficiou fartamente da farra do dinheiro público roubado da Petrobras.



24/07/2015

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Sergio Moro decreta nova prisão de executivos da Odebrecht


Novo decreto de prisão foi despachado após descoberta de seis contas no exterior controladas pela empreiteira para pagar propina

REDAÇÃO ÉPOCA
Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrz, e Marcelo Odebrecht no IML para realização de exame de corpo de delito, em Curitiba, Paraná, em junho
(Foto: Geraldo Bubniak / Parceiro / Agência O Globo)

O juiz Sergio Moro despachou nesta sexta-feira (24) um novo decreto de prisão preventiva contra o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e outros quatro executivos da construtora - Cesar Ramos Rocha, Márcio Faria da Silva, Rogério Santos de Araújo e o ex-funcionário Alexandrino Ramos de Alencar. Todos já estão presos desde o dia 19 de junho, de acordo com a Folha.

O despacho foi apresentado pelo juiz após a descoberta de que a Odebrecht controlava seis contas bancárias no exterior para pagar propinas aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Nestor Cerveró, Jorge Luiz Zelada e ao ex-gerente Pedro Barusco. A prova foi anexada ao decreto, segundo O Globo.

Na quinta-feira (23), a defesa dos executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez entraram com pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar libertar os clientes. Por esse motivo, Moro encaminhou o novo decreto de prisão preventiva às instâncias superiores que julgam o pedido.

Segundo o juiz, “há prova de fluxo financeiro milionário, em dezenas de transações, entre contas controladas pela Odebrecht ou alimentadas por empresas do grupo e outras contas secretas, mantidas no exterior por dirigentes da Petrobras”.

MR
24/07/2015


quarta-feira, 22 de julho de 2015

Brasil virou filme de terror sem fim, diz Financial Times


“A incompetência, a arrogância e a corrupção esmagaram a magia brasileira”

REUTERS/Ueslei Marcelino
Com ou sem impeachment, próximos três anos devem ser solitários para a presidente, diz FT. Para o jornal, o pior ainda está por vir.


É assim, sem meias palavras, que o jornal britânico Financial Times começa uma dura análise sobre a condição atual do Brasil. O problema: o pior ainda está por vir, nas palavras da publicação.

Com o título “Recessão e corrupção: a crescente podridão no Brasil”, o texto publicado nesta quarta-feira destaca os fatores que levaram o Brasil a virar “um filme de terror sem fim”.

O primeiro deles é o método desastroso que perseguiu as decisões econômicas do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, que, nas palavras do jornal, manipulava a economia com sua “nova matriz econômica”.

Para reparar os erros do passado, o governo Dilma tem adotado medidas corretivas “dolorosas, mas necessárias” que como efeito têm reduzido os salários reais, “cortado empregos e esmagado a confiança nos negócios”, além de levado a petista a um pífio desempenho nas sondagens de opinião pública.

Mas, para a publicação, o que mais pesa na atual delicada situação do Brasil é o escândalo de corrupção na Petrobras.

“A senhora Rousseff enfrenta acusações de que sua gestão quebrou regras de financiamento de campanha e que maquiou as contas do governo; ambas [acusações] são suficientes para um impeachment”.

O Financial Times pondera que, pelo menos por enquanto, os políticos preferem que Dilma se mantenha no poder e ganhe o crédito pelos problemas do país.

“Mas este cálculo pode mudar ao passo que eles precisarem salvar a própria pele”, diz o texto. Para o jornal, o rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, com o governo na última sexta seria uma prova disso.

O cenário deve piorar se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva for alvo de processo por envolvimento no esquema de corrupção.

“Isso aprofundaria o racha entre ele e Rousseff”, diz o jornal. Se isso se concretizar, todos os fatores conspirariam para a deposição da presidente, na opinião da publicação.

Mas nem tudo são más notícias no país, diz o jornal. O texto argumenta que o zelo pela Petrobras mostra o quanto as instituições democráticas são fortes no Brasil.

“Em um país onde os poderosos pensam que estão acima da lei, Marcelo Odebrecht, chefe da maior empresa de construção do Brasil, está preso”, afirma o texto.

O jornal pontua que, se por um lado, o aprofundamento das investigações da Operação Lava Jato tem preocupado investidores, por outro, se “isso levar políticos e empresários a pensar duas vezes antes de pagar suborno, este terá sido o maior avanço da luta da região [América Latina] contra a corrupção”, diz a publicação.

Enquanto esta história não chega ao seu desfecho prático, o jornal prevê ao menos mais três anos solitários para a presidente Dilma.

“Os brasileiros são pragmáticos, então, o pior cenário de um impeachment caótico será evitado”, afirma. “Mesmo assim, o mercado tem começado a cobrar o preço pelo risco”.

Conclusão: o pior ainda pode estar por vir para o Brasil, na visão do Financial Times.

Charge









Sponholz

terça-feira, 21 de julho de 2015

LULA E OS "NEGÓCIOS CORRUPTO



Por Merval Pereira
O Globo

Depois de todas as revelações da Operação Lava-Jato, incluindo o indiciamento do empreiteiro Marcelo Odebrecht pelos crimes de fraude a licitação, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, crime contra a ordem econômica e organização criminosa, e a condenação pelo juiz Sérgio Moro a 15 anos de prisão vários dirigentes da Camargo Corrêa, outra gigante da construção, por que seria surpreendente que o ex-presidente Lula esteja sendo investigado por suas relações com a Odebrecht, quando se sabe que a atuação do cartel de empreiteiras na Petrobras aconteceu durante todo o governo Lula, entrando pelo de Dilma adentro, e que o PT foi o grande artífice do esquema de corrupção montado para financiá-lo e seus aliados?

“Lula está apoiando empresas corruptas a fazer negócios corruptos no exterior”, definiu Alejandro Salas, diretor regional para as Américas da Transparência Internacional em Berlim. A declaração dá o título de uma reportagem da revista americana Foreign Policy, uma das mais prestigiadas sobre política internacional.

Por que acreditar que os negócios que o governo brasileiro apoiou, através de empréstimos do BNDES, em países africanos e ditaduras latino-americanas como Cuba, ou protoditaduras como a Venezuela são corretos, quando se sabe o histórico de negociatas envolvendo esses governos totalitários, e temos, no próprio Brasil, o exemplo invulgar da Refinaria Abreu e Lima, que custou até agora seis vezes o que fora previsto, numa associação da Petrobras com a PDVSA que nunca deveria ter saído do papel?

Beira o patético a afirmação de que Lula, ao viajar nas asas da Odebrecht pelo mundo, estava só querendo ajudar uma empresa brasileira a ter êxito no exterior, que Lula está sendo acusado de ajudar o país.

Mesmo que o ex-presidente estivesse cumprindo apenas uma agenda de palestras nesses países, uma atividade legítima de diversos ex-presidentes pelo mundo, ele não poderia levar dirigentes de empreiteiras a reuniões palacianas com os dirigentes do país em que atuava como palestrante, justamente para não misturar as coisas. O conflito de interesses está bastante claro nessa atitude dupla de misturar prestígio pessoal como ex-presidente com negócios particulares.

Os negócios particulares do ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, tiveram que ser contidos quando sua mulher Hilary assumiu como Secretária de Estado no governo Obama, e até mesmo financiamentos de países árabes para programas sociais de sua Fundação foram paralisados devido ao óbvio conflito de interesses.

Mesmo assim, a Foreign Policy critica o hábito de atividades particulares de ex-presidentes e ex-primeiros-ministros não serem investigadas com rigor, citando, além do caso de Clinton, considerado um claro conflito de interesse nunca totalmente resolvido, e diversos outros, como os do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, que hoje faz parte de diversos conselhos de empresas e bancos de investimentos, ou do ex-chanceler alemão Gerhard Schröder, que dirige uma empresa de energia ligada ao governo russo.

Vários ex-presidentes pelo mundo, porém, estão sendo ou foram investigados por fatos que aconteceram durante seus mandatos, o que se deve provavelmente a fatores culturais. No Brasil, até hoje não houve condições políticas para que Lula fosse incluído no rol de investigados pelo mensalão, por exemplo, quando ficou claro que para que o processo pudesse ter êxito, a culpa teria que parar no ex-ministro Chefe do Gabinete Civil José Dirceu.

E mesmo no caso do petrolão, com informações de diversos acusados de que a campanha presidencial de 2010 foi irrigada com dinheiro desviado da Petrobras, não há até agora nenhuma investigação sobre a responsabilidade de Lula no esquema, embora ele tenha começado em seu governo.


Descanse em paz, Dilma Rousseff




A 128ª Pesquisa CNT/MDA, realizada de 12 a 16 de julho de 2015 e divulgada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), mostra a avaliação dos índices de popularidade do governo e pessoal da presidente Dilma Rousseff. Aborda também a expectativa da população sobre emprego, renda, saúde, educação e segurança pública. Os entrevistados foram questionados sobre política, eleições, Operação Lava Jato e outros assuntos.

Foram entrevistadas 2.002 pessoas, em 137 municípios de 25 Unidades Federativas, das cinco regiões. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais com 95% de nível de confiança.

AVALIAÇÃO DE GOVERNO

DESEMPENHO PESSOAL DA PRESIDENTE: A avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff é positiva para 7,7% dos entrevistados, contra 70,9% de avaliação negativa. A aprovação do desempenho pessoal da presidente atinge 15,3%, contra 79,9% de desaprovação.

Renda mensal: vai aumentar: 13,8%, vai diminuir: 33,7%, vai ficar igual: 50,2%.

Saúde:
vai melhorar: 13,6%, vai piorar: 47,5%, vai ficar igual: 37,1%.

Educação: vai melhorar: 15,1%, vai piorar: 41,0%, vai ficar igual: 42,1%.

Segurança pública: vai melhorar: 12,9%, vai piorar: 46,2%, vai ficar igual: 39,2%.

CONJUNTURAIS

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2018:

1º turno: Intenção de voto estimulada para presidente, caso a eleição fosse hoje

CENÁRIO 1: Aécio Neves 35,1%, Lula 22,8%, Marina Silva 15,6%,
Jair Bolsonaro 4,6%

CENÁRIO 2: Lula 24,9%, Marina Silva 23,1%, Geraldo Alckmin 21,5%,
Jair Bolsonaro 5,1%

CENÁRIO 3: Lula 25,0%, Marina Silva 23,3%, José Serra 21,2%,
Jair Bolsonaro 5,5%

2º turno: Intenção de voto estimulada para presidente, caso a eleição fosse hoje

CENÁRIO 1: Aécio Neves 49,6%, Lula 28,5%

CENÁRIO 2: Geraldo Alckmin 39,9%, Lula 32,3%

CENÁRIO 3: José Serra 40,3%, Lula 31,8%

Dilma e Aécio: 44,8% acreditam que se Aécio Neves tivesse vencido a eleição, o governo dele estaria melhor do que o da presidente Dilma Rousseff. Para 36,5%, estaria igual. 10,9% consideram que estaria pior.

LAVA JATO E CORRUPÇÃO

Responsabilidade: 78,3% têm acompanhado ou ouviram falar das investigações que envolvem a Petrobras. Sendo que dentro desse grupo, 69,2% consideram que a presidente Dilma é culpada pela corrupção que está sendo investigada e 65,0% acham que o ex-presidente Lula é culpado.

Ainda em relação aos que acompanham ou já ouviram falar, 40,4% consideram que o maior culpado na operação Lava Jato é o governo, seguido de partidos políticos (34,4%), diretores ou funcionários da empresa (14,2%), construtoras (3,5%).

Denúncias e punição: Entre os que acompanham ou ouviram falar das denúncias da Lava Jato, 67,1% não acreditam que os envolvidos em corrupção serão punidos. 86,8% consideram que as denúncias são prejudiciais para a economia do país. 52,5% acreditam que o governo federal não será capaz de combater a corrupção na Petrobras.

Prisões e investigação: Para 90,2% que acompanham ou já ouviram falar, não está ocorrendo exagero em relação às prisões. 37,3% disseram saber o que é delação premiada e, entre grupo, 52,8% são a favor da delação premiada nas investigações da Lava Jato.

Corrupção: 53,4% avaliam que a corrupção é um dos principais problemas do país. Para 37,1%, a corrupção é o principal problema. 7,8% consideram que a corrupção é um problema, porém não está entre os principais.

POLÍTICA, ECONOMIA E CRISE

Impeachment: 62,8% são a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e 32,1% são contra. Para os que são favoráveis ao impeachment, 26,8% citaram as irregularidades nas prestações de contas do Governo (pedaladas fiscais); 25,0%, a corrupção na Petrobras; 14,2%, irregularidades nas contas da campanha para Presidente em 2014 e 44,6% consideram os três motivos como justificativa para o impeachment.

Desemprego: 50,0% temem ficar desempregados pelo desaquecimento da economia brasileira. 69,9% conhecem alguém que ficou desempregado nos últimos seis meses. 51,0% não aceitariam redução salarial para manter o emprego.

Crise: Para 61,7%, em três anos ou mais será possível resolver a crise em que o país se encontra. 84,6% consideram que a presidente Dilma Rousseff não está sabendo lidar com a crise econômica. Para 61,5%, os cortes fiscais não ajudam a economia. 60,4% consideram que a crise mais grave atualmente é a econômica e 36,2% consideram que é a crise política.

Reeleição: 67,5% são a favor do fim da reeleição para cargos eletivos públicos.

Doação para campanhas: 78,1% são contra doações de empresas para campanhas políticas.

CUSTO DE VIDA

Para 75,9%, em 2015, o custo de vida vai aumentar ou aumentar muito. 18,7% consideram que vai ficar igual. 86,9% disseram que reduziram muito ou moderadamente as suas despesas por causa da atual situação econômica.

CONTAS ATRASADAS

53,9% têm alguma dívida vencida ou a vencer. Entre esses que possuem dívidas vencidas ou a vencer, para 47,5% o valor é até R$ 1.000,00. E para 23,3%, o valor vai de R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00.

28,2% possuem alguma conta ou prestação em atraso. Entre eles, as mais comuns são: cartão de crédito (42,1%), crediário em loja (24,2%), luz (23,7%), água (15,4%), telefone (11,0%), veículo (8,7%), aluguel (7,3%), casa própria (3,0%), plano de saúde (1,8%), mensalidade escolar (1,2%).

PREVIDÊNCIA

Como se preparou para a aposentadoria em relação à renda: aposentadoria oficial – INSS (60,0%), aposentadoria privada, (5,1%), renda proveniente de empresa ou negócio próprio (3,3%). 26,2% não se preparam ou não se prepararam. 49,5% acreditam que o INSS pagará os benefícios de sua aposentadoria.

MAIORIDADE PENAL E VIOLÊNCIA

A favor ou contra: 70,1% são a favor da redução de 18 para 16 anos para qualquer tipo de crime. 18,0% são a favor somente para crimes mais graves, como homicídio ou latrocínio (roubo seguido de morte). 10,2% não são a favor em hipótese nenhuma.

Redução da violência: 40,2% acreditam que a redução da maioridade penal contribuirá parcialmente para reduzir a violência no país. 37,4% consideram que reduzirá muito. E 20,6% acham que não reduzirá. Para 92,6%, o fato de o menor saber que não pode ser preso facilita o cometimento de crimes.

Medidas mais adequadas para reduzir violência:
- investimento em educação de crianças e adolescentes: 68,3%
- policiamento nas cidades: 36,8%
- redução da maioridade penal de 18 para 16 anos: 34,9%
- mais investigação dos crimes e prisão dos culpados: 26,4%
- construção de presídios: 10,6%.

AVALIAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES

Confiança nas instituições

Igreja: 43,0% confiam sempre e 11,7% não confiam nunca
Forças Armadas: 19,2% confiam sempre e 17,2% não confiam nunca
Imprensa: 13,2% confiam sempre e 21,2% não confiam nunca
Justiça: 10,5% confiam sempre e 24,8% não confiam nunca
Polícia: 8,9% confiam sempre e 23,5% não confiam nunca
Governo: 2,0% confiam sempre e 56,2% não confiam nunca
Congresso Nacional: 1,6% confia sempre e 51,6% não confiam nunca
Partidos políticos: 1,0% confia sempre e 73,4% não confiam nunca

Instituição que mais confia:

1º - Igreja (53,5%)
2º - Forças Armadas (15,5%)
3º - Justiça (10,1%)
4º - Polícia (5,0%)
5º - Imprensa (4,8%)
6º - Governo (1,1%)
7º - Congresso Nacional (0,8%)
8º - Partidos políticos (0,1%)

CONCLUSÃO

A 128ª Pesquisa CNT/MDA mostra resultados muito negativos para a presidente Dilma Rousseff em todas as variáveis pesquisadas. A avaliação da atuação do seu Governo e o índice de aprovação pessoal atingem os piores níveis da série histórica das pesquisas de opinião da CNT, desde julho de 1998 (8,0% para Fernando Henrique Cardoso em setembro de 1999).

Na avaliação da CNT, a conclusão final da pesquisa mostra uma elevação do pessimismo do brasileiro em consequência da alta do custo de vida, do aumento da inflação, do crescimento do desemprego e da forte percepção sobre a corrupção e a incapacidade do governo em resolvê-la.

21 de julho de 2015


 

Três grandes espertalhões

 



Há mais coisas a aproximarem Lula, Fernando Collor e Eduardo Cunha do que possa supor a vã imaginação.

Primeira: são amorais. Não existe o certo e o errado para eles, existe o que lhes convém.

Segunda: amam o poder acima de tudo, da família, dos amigos, dos parceiros.

Terceira, e paremos por aqui: no momento, reclamam da Justiça como se fossem perseguidos por ela. Quem não os conheça que os compre!

Na última sexta-feira, Lula entrou com reclamação no Conselho Nacional do Ministério Público pedindo a suspensão de inquérito aberto contra ele pelo Ministério Público Federal. Conseguiu que o inquérito corra em segredo.

Lula é suspeito de tráfico de influência para favorecer aqui e lá fora a construtora Odebrecht, o maior cliente do BNDES, banco movido a dinheiro público.

A Odebrecht é também o maior cliente de Lula desde que ele deixou a presidência da República e se tornou lobista e palestrante de quem lhe pague, por vez, R$ 300 mil para falar bem de si mesmo e dos seus governos. Do governo de Dilma, não, porque ele está no “volume morto”.

Lula continua um cara de pau. Disse outro dia: “Se tem um brasileiro indignado sou eu. Indignado com a corrupção.”

Ainda na presidência, Lula não se constrangia em pedir favores às construtoras, hoje enroladas com a roubalheira na Petrobras. Desde favores pequenos do tipo o empréstimo de um helicóptero para transportar parte da comitiva dele, a favores milionários que o beneficiariam diretamente.

Foi assim que se tornou devedor de Léo Pinheiro, presidente da OAS, preso em novembro último.

Pinheiro não cobrou um tostão para terminar a construção de um apartamento tríplex de Lula no Guarujá (SP). Nem mesmo para reformar inteiramente o cinematográfico sítio que Lula e a família frequentam em Atibaia (SP).

Amigos de Lula o defendem com a desculpa de que ele procede como ex-presidentes dos Estados Unidos que ganham a vida na condição de lobistas e palestrantes.

É fato que ganham. Com algumas diferenças. A menor: ex-presidentes americanos não escondem o lobby que fazem. Lula, sim.

A maior diferença: ex-presidentes americanos não podem ser candidato a mais nada. Lula pode. Que tal devolvermos ao poder um ex-lobista de empreiteiras que enriqueceu a serviço delas? Já pensaram? Não seria algo promíscuo? Ou deveras arriscado?

Perguntem a Collor o que ele acharia. Não perguntem. Seria perda de tempo. De adversário visceral de Lula, a quem derrotou na eleição de 1989, Collor passou a seu aliado ganhando em troca duas diretorias da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras.

Deu-se bem. Muito bem. Somente em dois contratos ali, embolsou R$ 23 milhões. Mais do que o valor de toda a sua fortuna declarada à Justiça.

Do alto da mais cara frota particular de carros importados de que se tem notícia no país, Collor miou em discurso no Senado: “Fui humilhado. O Poder Legislativo foi humilhado”.

Queixava-se depois que seus endereços em Brasília haviam sido revistados por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). O falso caçador de marajás acabou caçado como o mais descarado e ambicioso deles.

Para competir com Collor e Lula em matéria de desfaçatez, somente Eduardo Cunha. Acusado de ter recebido 5 milhões de dólares de propina, Cunha rompeu com o governo que nada teve a ver com isso.

E bateu no Procurador Geral da República por lhe faltar coragem para bater no STF, que o investiga. Ameaça usar o cargo de presidente da Câmara para azucrinar Dilma. Com medo, blefa.

É outro, como Collor, cujo destino é rolar ladeira abaixo. (Ainda não estou certo do destino de Lula).

Cunha é um político provinciano, que só chegou aonde está porque ruiu a qualidade de nossos representantes no Congresso.

Serviu a interessados em derrubar o governo enquanto extraía vantagens do mesmo governo.

Em breve, quando virar réu em processo no STF, não servirá para mais nada.



20/07/2015

segunda-feira, 20 de julho de 2015

PF diz ter provas de que Odebrecht pagou propinas em pelo menos seis obras da Petrobras


As obras, com acertos entre as empreiteiras, atingiram R$ 11,4 bilhões


por Cleide Carvalho / Germano Oliveira / Tiago Dantas
O Globo
Contratos de Abreu e Lima são alvo da PF
Hans Von Manteuffel / Agência O Globo

SÃO PAULO — O relatório do delegado Eduardo Mauat da Silva, que indiciou oito executivos da Odebrecht, analisa seis obras da empreiteira que teriam fraudes em licitações, ocorridas sobretudo nas Refinarias Abreu e Lima (Rnest) e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Elas custaram à Petrobras R$ 11,4 bilhões e, em todas, segundo a PF, houve pagamento de propinas.

Nas obras das Unidades de Destilação Atmosférica (UDA), da Rnest, o valor estimado pela Petrobras para a obra era de R$ 1,2 bilhão, mas o contrato foi assinado por R$ 1,4 bilhão em abril de 2009. Até setembro de 2014, no entanto, foram realizados 25 aditivos, com um acréscimo de R$ 286 milhões do valor contratado, com um sobrepreço de R$ 19,3%.

Segundo o ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, que fez acordo de delação premiada, houve pagamento de propina nessa obra. O pagamento da propina foi atribuído a Rogério Araújo, diretor da Odebrecht, e que foi indiciado nesta segunda-feira. Parte dos pagamentos foram recebidos por Barusco em sua conta da Pexo Corporation, a partir de depósitos feitos pela Constructora Internacional Del Sur, do Panamá. O doleiro Alberto Youssef afirma também que a empresa RFY Import e Export, de Hong Kong, recebeu R$ 7,5 milhões devidos pela empreiteira Odebrecht com relação a propinas nas obras da Rnest e Comperj, com a coordenação de Cesar Rocha, diretor financeiro da Odebrecht Industrial, a quem Youssef chamava de "Naruto".

Na obra de contratação de dois "trens de HDT" (Unidades de Hidrotratamento) da Rnest, o delegado Mauat da Silva também viu a "existência de um ajuste prévio" entre as empreiteiras. A obra acabou tendo como vencedor o consórcio Conest/UHDT, composto pela Odebrecht e OAS. A Petrobras fixou o projeto em R$ 2,7 bilhões, mas o contrato foi assinado em dezembro de 2009 por R$ 3,1 bilhões. Depois, até setembro de 2014, aconteceram 19 aditivos, ocasionando um acréscimo de R$ 539 milhões, ou um aumento de 16,9% do valor. De acordo com Barusco, também houve pagamento de propina nessa obra, sob comando de Rogério Araujo (Odebrecht) e de Agenor Medeiros (OAS).

Em sua delação premiada, o doleiro Youssef disse que o valor de propina nessa obra foi acertado em R$ 45 milhões, "todavia, acabou sendo reduzido para R$ 20 milhões". Na reunião que ficou decidida essa redução, estavam presentes Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e Márcio Faria, presidente da Odebrecht Óleo e Gás, além do ex-deputado José Janene e João Genu. Desse total, US$ 4 milhões foram recebidos na conta da empresa RFY Import e Export, pagos pela Odebrecht, segundo Barusco e Youssef.

Nas obras da Tubovias, da Comperj, segundo o relatório do delegado Mauat, também houve "acerto entre as empresas". O contrato foi vencido pela Odebrecht, em associação com a UTC e Mendes Junior. O contrato foi fechado por R$ 1,8 bilhão em setembro de 2011, mas até maio de 2014 foram feitos três aditivos que aumentaram o valor em mais R$ 77,7 milhões. O ex-gerente Pedro Barusco disse que o interlocutor na Odebrecht para os acertos foi Rogério Araujo. No acordo de delação, Barusco disse que as propinas da Odebrecht foram pagas pela Constructora Del Sur, canalizados para a contra da Pexo Corporation.

Nas obras das Unidades de Geração de Vapor e Energia, Tratamento de Água e Efluentes, do Comperj, o contrato foi vencido pelo Consórcio TUC, integrado pela Toyo, UTC e Odebrecht. Em novembro de 2011, o consórcio apresentou uma proposta de R$ 4 bilhões, mas a Petrobras fez uma estimativa de R$ 3,830 bilhões. O contrato foi assinado em dezembro de 2011 por R$ 3,824 bilhões. A PF não encontrou justificativas para a redução do valor da proposta. O empresário Júlio Camargo, que também fez acordo de delação premiada, disse que houve pagamento de propina ao Consórcio TUC para a diretoria de Serviços (Renato Duque e Barusco).

Camargo disse que a UTC, de Ricardo Pessoa, liderada as reuniões do cartel nessa obra. De acordo com ele, Marcio Farias, da Odebrecht, "teria ficado responsável por efetivar o pagamento da propina". O Consórcio TUC pagou R$ 17 milhões à Treviso Empreendimentos, de Júlio Camargo, a título de despesa com consultoria.

Nas planilhas apreendidas pela PF como sendo do “bingo fluminense”, nenhuma empreiteira se interessou pelas obras de construção de adutora de águas tratadas no Comperj. Por isso, a licitação acabou sendo vencida pela Odebrecht. O contrato foi fechado em março de 2010 por R$ 53 milhões.

A PF entendeu também que houve a "existência de indícios de que o cartel agiu visando a manipulação do resultado do processo licitatório" que favoreceu o consórcio formado pela Odebrecht, UTC e Promon para obras de modernização da Revap. A Petrobras estabeleceu que o preço mínimo da obra seria de R$ 542 milhões e o preço máximo de R$ 765 milhões. O consórcio liderado pela Odebrecht finalizou sua proposta em R$ 764 milhões em outubro de 2007. O valor foi acrescido de mais R$ 40 milhões para o ressarcimento de prejuízos provocados por raios, chuvas e suas consequências, elevando o contrato para R$ 804 milhões.

Segundo o delegado Mauat, para o pagamento de propinas a Odebrecht utilizava-se "principalmente de operações no exterior, de modo a dificultar o seu rastreamento".


20/07/2015
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