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sábado, 12 de maio de 2012

Feliz Dia das Mães!




A canção de qualquer mãe


"Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos – algo que só pode nascer entre nós. Que quando eu me aproxime, meu filho, você não se encolha nem um milímetro com medo de voltar a ser menino, você que já é um homem. Que quando eu a olhe, minha filha, você não se sinta criticada ou avaliada, mas simplesmente adorada, como desde o primeiro instante.


Que, quando se lembrarem de sua infância, não recordem os dias difíceis (vocês nem sabiam), o trabalho cansativo, a saúde não tão boa, o casamento numa pequena ou grande crise, os nervos à flor da pele – aqueles dias em que, até hoje arrependida, dei um tapa que ainda agora dói em mim, ou disse uma palavra injusta. Lembrem-se dos deliciosos momentos em família, das risadas, das histórias na hora de dormir, do bolo que embatumou, mas que vocês, pequenos, comeram dizendo que estava maravilhoso. Que pensando em sua adolescência não recordem minhas distrações, minhas imperfeições e impropriedades, mas as caminhadas pela praia, o sorvete na esquina, a lição de casa na mesa de jantar, a sensação de aconchego, sentados na sala cada um com sua ocupação.

Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação. Não é preciso constrangerem-se de ser filhos querendo mãe, só porque vocês também já estão grisalhos, ou com filhos crescidos, com suas alegrias e dores, como eu tenho e tive as minhas. Que, independendo da hora e do lugar, a gente se sinta bem pensando no outro. Que essa consciência faça expandir-se a vida e o coração, na certeza de que aquela pessoa, seja onde for, vai saber entender; o que não entender vai absorver; e o que não absorver vai enfeitar e tornar bom.

Que quando nos afastarmos isso seja sem dilaceramento, ainda que com passageira tristeza, porque todos devem seguir seu caminho, mesmo que isso signifique alguma distância: e que todo reencontro seja de grandes abraços e boas risadas. Esse é um tipo de amor que independe de presença e tempo. Que quando estivermos juntos vocês encarem com algum bom humor e muita naturalidade se houver raízes grisalhas no meu cabelo, se eu começar a repetir histórias, e se tantas vezes só de olhar para vocês meus olhos se encherem de lágrimas: serão apenas de alegria porque vocês estão aí. Que quando pareço mais cansada vocês não tenham receio de que eu precise de mais ajuda do que vocês podem me dar: provavelmente não precisarei de mais apoio do que do seu carinho, da sua atenção natural e jamais forçada. E, se precisar de mais que isso, não se culpem se por vezes for difícil, ou trabalhoso ou tedioso, se lhes causar susto ou dor: as coisas são assim. Que, se um dia eu começar a me confundir, esse eventual efeito de um longo tempo de vida não os assuste: tentem entrar no meu novo mundo, sem drama nem culpa, mesmo quando se impacientarem. Toda a transformação do nascimento à morte é um dom da natureza, e uma forma de crescimento.

Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada terra. E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter. " 

HÁ 2 LIGAÇÕES ENTRE POLICARPO E CACHOEIRA, NÃO 200!



LEIAM O QUE DIZEM DOIS DELEGADOS DA PF

E O PAPEL PATÉTICO DO EX-CAÇADOR DE MARAJÁS E ATUAL CAÇADOR DE JORNALISTAS

Por Reinaldo Azevedo


A quadrilha do mensalão estava mentindo.


A quadrilha da Internet estava mentindo.

A verdade vem à tona de forma clara, cristalina, inequívoca.


Lembram-se da Operação Monte Carlo e das supostas 200 ligações trocadas entre Carlinhos Cachoeira e Policarpo Júnior, um dos redatores-chefes da VEJA e chefe da Sucursal de Brasília?

NÃO ERAM, NÃO SÃO E NUNCA FORAM 200! ERAM, SÃO E SEMPRE FORAM DUAS!!!

Collor, num de seus momentos de serenidade no Senado: em vez de apontar o dedo para os corruptos, ele resolveu atacar a imprensa livre.
Faz sentido...

A canalha resolveu multiplicar o número por 100 para ver se conseguia dar ares de crime ao trabalho normal de um jornalista.

Os que se dedicaram a espalhar a mentira nunca quiseram, como vocês sabem, apurar as ligações do grupo de Cachoeira com os políticos e com o Estado brasileiro.

Queriam, isto sim, desmoralizar os fundamentos de uma democracia, a saber:


– a oposição (ela só existe em países democráticos);

– a Procuradoria-Geral da República (ela só é independente em países democráticos);

– a Justiça (ela só é isenta em países democráticos);

– a imprensa (ela só é livre em países democráticos).

Mas atenção!

Ainda que houvesse mesmo 200 conversas ou que, sei lá, surjam outras 198 do éter, o que o número, por si só, provaria?

Nada!

Policarpo estaria, como estava, em busca de informações que colaboraram para a demissão de pessoas que não zelavam pelo interesse público.

E quem as demitiu, repito, foi Dilma Rousseff.

Não consta que esteja pensando em recontratá-las.

OS MENSALEIROS E SEUS BRAÇOS DE ALUGUEL TENTARAM SEQUESTRAR AS INVESTIGAÇÕES DO CASO CACHOEIRA E A PRÓPRIA CPI PARA, DESMORALIZANDO TODAS AS INSTÂNCIAS DO ESTADO DE DIREITO, PROTEGER BANDIDOS, QUADRILHEIROS, VIGARISTAS E SOCIOPATAS.
                  Os delegados


Bastaram, no entanto, duas sessões da CPI para que ficasse claro quem é quem e quem quer o quê.

Policarpo é citado, dados todos os grampos da Operação Monte Carlo, 46 vezes nos grampos.

Os homens de Cachoeira e o próprio se referem, em suas conversas, a mais de 80 pessoas — inclusive a presidente Dilma Rousseff.

Em algumas dessas citações, por exemplo, o contraventor e o senador Demóstenes estão é combinando uma forma de abafar a repercussão de uma reportagem publicada pela VEJA em maio do ano passado e que apontava o suspeito crescimento da… DELTA!
Eis a VEJA que alguns vigaristas queriam criminalizar.

E foi a VEJA, diga-se, o primeiro veículo impresso a tornar públicas as relações de Demóstenes com Cachoeira — na edição que começou a chegar aos leitores no dia 3 de março!

No depoimento prestado à CPI no dia 8, indagado pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), hoje a voz mais extremista contra a imprensa na CPI, o delegado Raul Souza foi claro, inequívoco, para decepção daquele que começou caçando marajás e, vivendo o seu ocaso, tenta caçar jornalistas e cassar a imprensa livre: as conversas de Policarpo com Cachoeira, afirmou, eram diálogos normais entre um repórter e uma fonte, sem qualquer evidência de troca de favores.

Mas Collor, os mais maduros se lembram, é uma alma obsessiva.

Quando presidente, a gente olhava pra ele, com os olhos sempre estalados, e desconfiava da existência de algum espírito obsessor (Deus nos livre!).

Deu no que deu.

Tendo sido fragorosamente malsucedido na operação que lhe encomendou a ala sectária do PT — José Dirceu, Rui Falcão e outras lorpas da democracia —, ele voltou à carga no depoimento de outro delegado, Matheus Rodrigues.

Enquanto alguns parlamentares tentavam apurar os vínculos entre Cachoeira e políticos, o atual Caçador de Jornalistas seguia firme no seu intento de tentar criminalizar a imprensa.

E mergulhou, definitivamente, no patético.

             O diálogo com Matheus


Este blog ouviu um relato sobre a espantosa conversa do senador com o delegado Rodrigues.

Fiquem frios.

Logo surge uma gravação clandestina na praça.


Consta que o homem foi ficando irritado à medida que via as suas ilações e suspeitas indo por água abaixo.

Collor iniciou a sua intervenção lembrando que a CPI havia sido instalada para investigar as ações criminosas de Cachoeira e de agentes públicos e privados que com este teriam colaborado.

E partiu pra cima de Policarpo e da VEJA.

Perguntou se o jornalista era coautor de um algum crime.

Detestou a resposta:


“Não, excelência! Eu já falei e vou insistir”.


A excelência não se conformou. Tentou obrigar o delegado a acusar Policarpo de algum crime.

Como não realizasse o seu intento, este gigante do pensamento jurídico, este monstro sagrado da lógica — que é sócio de jornal e de emissora de televisão!!! — queria saber se Cachoeira havia passado a Policarpo alguma informação que tivesse obtido com escutas ilegais.

Outra negativa e a fala inequívoca: havia entre Policarpo e Cachoeira ”uma relação de informante, de passar uma informação como fonte”.
                     Roxo de raiva


Collor, vocês se lembram, era dado a refletir com as pernas.

Quando ficava com vontade pensar, saía correndo.

Certo dia, abusando de sua cultura filosófica, declarou que tinha “aquilo roxo”.

Como o segundo delegado ouvido também não disse o que ele queria ouvir, roxo de raiva, decidiu partir para a peroração solitária.

Acusou VEJA de obter “ganhos pecuniários” com as reportagens que publicou.

Bem se vê que este senhor nunca administrou as empresas da família.

Só pega mesmo a grana na condição de acionista.

A ilação é estúpida de várias maneiras:

1) assuntos políticos (especialmente notícias ruins, envolvendo corruptos) não são os que mais vendem revistas, como sabem todas as pessoas que são do ramo;


2) se uma revista quisesse apenas vender mais, daria só boas notícias. Ocorre que o jornalismo que se preza tem compromissos com a moralidade pública e a com ética. Se isso implicar publicar as más notícias, elas serão publicadas;

3) se a tese estúpida do senador fizesse algum sentido, jornais e revistas teriam de distribuir gratuitamente as edições que são obrigadas a relatar tragédias — só assim não seriam acusados de lucrar com a desgraça alheia;

4) veículos que se prezam, que têm vergonha na cara, que não são financiados com dinheiro público, têm a maior parte — ESMAGADORA!!! — de sua receita oriunda de anunciantes privados. Não raro, o preço de capa de uma revista é inferior a seu custo como produto;


5) a maior parcela da receita derivada da venda de jornais e revistas vem das assinaturas, não da venda em banca. Logo, se há ou não notícia de escândalo, isso é irrelevante. O leitor, como todas as pessoas moralmente saudáveis do mundo, prefere a boa notícia.
Se errou na moral, se errou na ética, se errou no alvo — se errou, obrigo-me a dizer, na vida, já que é o único presidente impichado (só não houve o impeachment formal porque renunciou) da história do Brasil —, errou também ao fazer digressões tolas sobre o setor de revistas.

Vinte anos depois da capa histórica de VEJA, em que Pedro Collor chutou o mastro do circo do irmão, o agora senador tenta se vingar da revista.

Quebraram todos a cara — ele e a ala extremista do PT da qual aceitou o triste papel de laranja.
Reportagens de VEJA, algumas feitas por Policarpo Júnior, ajudaram a pôr para fora da Esplanada dos Ministérios pessoas que estavam lá descumprindo o juramento que fizeram ao povo.

Como ajudaram, há 20 anos, a depor um outro bufão, que também tomava a sua comédia pessoal como parte da história universal.
Collor não vai conseguir o “impeachment” jornalístico da VEJA porque a revista é limpa! Ponto.

Espalhem a verdade. Porque VEJA revela na edição desta semana quem está por trás da indústria da mentira na Internet e como ela opera (ver abaixo).


Texto publicado originalmente às 3h12
                        12/05/2012





Falcão e os insetos: guerrilha digital envenena o Twitter




O presidente do PT é o grande pregador da supressão da liberdade de imprensa e patrono de certa militância on-line


Agora, conta com a ajuda de métodos condenáveis para agir nas redes sociais


O general:
Sob o comando de Falcão, patrulheiros virtuais do PT seguem os passos de China, Irã e Venezuela

(Bruno Peres/CB/DA Press)



A internet aceita tudo.

Chantagistas contrariados fazem circular fotos de atrizes nuas (vide o caso Carolina Dieckmann), revelam características físicas definidoras (“minimocartaalturareal1m59cm”), apelidam sites com artigos do Código Penal (“171”, estelionato) e referenciam-se em doenças venéreas -- por exemplo, na sífilis (grave doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum) -- para formar sufixos de nomes.

É lamentável sob todos os aspectos que uma inovação tecnológica produzida pelo engenho, pela liberdade criativa e pela arte, combinação virtuosa só possível sob o sistema democrático capitalista, baseado na inovação, na economia de mercado e na livre-iniciativa, tenha nichos dominados por vadios, verdadeiros limbos digitais onde vale tudo - da ofensa pura e simples a tentativas de fraudar a boa-fé dos usuários.

Cidadãos que se sintam atingidos por epítetos como esses acima, que vagam pela internet, infelizmente, não têm a quem recorrer.



A rede mundial é descentralizada, não possui um comando único nem um mecanismo de regulação.

Falta-lhe uma cabeça como, talvez, a do atual presidente do PT, Rui Falcão, alguém com estatura moral, motivações nobres, enfim, mão forte para fazer baixar, em nível planetário, um pouco de ordem e respeito sobre esse reino virtual tão vulnerável.

Enquanto não houver uma governança mundial centralizada sobre a internet, nos moldes que propugnam Falcão e outros acipitrídeos, pandionídeos e falconídeos partidários, será essa indecência -- atrizes com fotos íntimas circulando sem o consentimento delas, cidadãos vendo suas características físicas caricaturadas, empreendedores com suas iniciativas associadas a artigos do Código Penal ou vendo sua notoriedade duramente construída tisnada por sufixos que lembram horrendas e deformadoras moléstias do corpo e da mente.

Em algum momento, essas diatribes precisam ser atenuadas, pois nem os filtros disponíveis nos programas de mensagens são capazes de impedir essas distorções que tanto atrapalham a funcionalidade e minam o gigantesco potencial civilizatório da fenomenal invenção nascida das melhores cabeças científicas e comerciais dos Estados Unidos da América.


Um dos grandes biólogos vivos, o britânico Richard Dawkins deu também uma contribuição duradoura às discussões sobre comunicação e internet quando sugeriu que ideias e genes têm algo em comum.

Da mesma forma como os genes procuram se replicar na natureza, produtos do pensamento que Dawkins chamou de “memes” sobrevivem ou não na memória das pessoas.

Uma lógica semelhante à da seleção natural valeria para os memes, de modo que alguns conceitos, imagens, metáforas ou estilos musicais subsistiriam, enquanto outros seriam descartados.

É útil para quem acompanha a vida da internet raciocinar dessa forma.

No Twitter, rede social que em março teve 12 milhões de visitantes brasileiros, todos os dias despontam milhares de memes na forma de hashtags, que são slogans ou temas para discussão antecedidos pelo sinal #.

Essas palavras de ordem competem por atenção.

A maioria é ignorada.

Algumas despertam um interesse genuíno, são replicadas por um grande número de pessoas e acabam na lista de Assuntos do Momento organizada pelo serviço.

Mas, assim como a engenharia genética pode modificar aquilo que surgiu espontaneamente na natureza, a computação pode alterar o destino de uma ideia lançada na rede.

Nesse caso, o produto é invariavelmente um monstro, porque esse processo não apenas viola regras explícitas de uso das comunidades virtuais, mas também corrompe os princípios da livre troca de informações e opiniões na internet.


É virtualmente impossível saber quem programou um robô malicioso -- e isso envenena ainda mais as águas e mina as bases da comunicação de boa-fé na rede.

Mas é possível flagrar o seu uso.

A situação se torna preocupante quando os robôs que fraudam um serviço como o Twitter são postos a serviço da propaganda ideológica.
E piora ainda mais, ganhando os contornos da manipulação política, quando eles trabalham para divulgar teses caras ao partido que ocupa o poder.

Isso, infelizmente, começa a acontecer no Brasil.


Nas últimas semanas, o vazamento de informações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, e a subsequente instauração de uma CPI para investigar o contraventor Carlinhos Cachoeira puseram sangue nos olhos de certa militância petista.

Adversários históricos do partido e desafetos do ex-presidente Lula, como o senador Demóstenes Torres e o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, podem sofrer graves punições políticas por sua proximidade com operadores do esquema de Cachoeira.

Eles se tornaram alvo da artilharia de esquerda, que também se voltou contra outro alvo de longa data: a imprensa independente, e VEJA em particular.

Uma das estratégias adotadas foi a organização dos chamados tuitaços, uma espécie de passeata virtual em que slogans, em vez de ser gritados nas ruas, são postos para circular na rede.

Em pelo menos quatro desses episódios ocorridos em abril, ou militantes e simpatizantes petistas marcaram data e horário de cada evento ou registraram em inglês o significado das hashtags utilizadas ou mandaram as mensagens iniciais dos tuitaços.

Até aí, cabe repetir a máxima atribuída a Voltaire (mas na verdade criada muito mais tarde por uma estudiosa que procurava resumir o pensamento do filósofo francês sobre liberdade de expressão): “Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-las”.


Mas a análise aprofundada desses episódios -- e em especial daquele identificado pelo marcador #vejabandida -- mostra que dois artifícios fraudulentos foram usados para fingir que houve adesão enorme ao movimento.

Um robô, que opera sob o perfil “@Lu-cy_in_sky_”, foi programado para identificar mensagens de outros usuários que contivessem os termos-chave dos tuitaços, replicando-as em seguida.

Além disso, entraram em ação “perfis peões”, ou seja, perfis anônimos, com pouquíssimos seguidores e muitas vezes criados de véspera, que replicam sem parar mensagens de um único tema (ou melhor, replicam-nas até atingir o limiar de retuítes que os tornaria visíveis aos mecanismos de vigilância de fraudes do Twitter.


Essas manobras para ampliar artificialmente a visibilidade de uma manifestação na internet já ganharam nome no marketing e na ciência política: astroturfing, palavra derivada de AstroTurf, marca americana de grama sintética que tenta se vender como natural. O objetivo é sempre o mesmo: passar a impressão de que existe uma multidão a animar uma causa, quando na verdade é bem menor o número de pessoas na ativa.

Uma amostragem de 5 200 tuítes recolhidos durante um dos tuitaços recentes revelou que 50% das mensagens partiram de apenas 100 perfis -- entre eles robôs e peões, que ajudam a fazer número, mas não têm convicções.


Ben Curtis/AP, Roger Viollet

Redes do bem e do mal:
No alto, egípcios comemoram o fim da ditadura na Primavera Árabe e, acima, membros do 50 Cent Party, que vigia a rede. E Gramsci: assassino de ideias

Da China vem o exemplo mais alarmante desse tipo de fraude.

O Partido Comunista Chinês arregimenta pessoas encarregadas de manipular a opinião pública inundando a internet com comentários favoráveis ao governo.

Elas formam o chamado 50 Cent Party (Partido dos 50 Centavos), cujo nome remete aos 50 centavos de iuane -- ou 15 centavos de real -- que cada ativista supostamente recebe por post publicado.

Dos mesmos teclados alugados saem ataques à democracia de Taiwan, território reclamado por Pequim.

O exército digital de imposição da mentira oficial tem 300 000 integrantes na China.

A teocracia xiita do Irã descobriu a força da manipulação em rede em 2009, durante a onda de manifestações populares que se seguiram às eleições presidenciais fraudadas pelo governo.

Mais recentemente, revelou-se que Teerã tenta criar uma espécie de internet paralela, totalmente vigiada pelo estado.

“A experiência mostra que movimentos ‘espontâneos’ de suporte a governos estão bem longe de ser realmente espontâneos”, diz Enrique Dans, professor de sistemas da informação da IE Business School, na Espanha.

“No Irã, na China e na Venezuela, há casos de movimentos que foram sistematicamente organizados pelos governos ou pelos partidos que os apoiam.”

O Brasil acaba de ser admitido ao clube da vigarice digital oficial.


Os fraudadores brasileiros da internet acreditam estar seguindo os ensinamentos do italiano Antonio Gramsci, um comunista tão terrorista quanto Lenin ou Stalin, mas defensor da tese de que antes de matar pessoas que discordam deles é preciso matar as ideias delas.

Essa é a origem da obsessão da esquerda com o “controle social dos meios de comunicação”, uma ideia que o governo Lula fez de tudo para emplacar, sob a batuta do ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins, e que continua viva no coração do presidente do PT, Rui Falcão.

Ele tem um perfil ativo no Twitter, e com frequência ajuda a animar tuitaços.

Pouco depois da ascensão de Falcão ao comando do partido, em 2011, o PT lançou o Núcleo de Militância em Ambientes Virtuais -- as chamadas MAVs.

Um dos auxiliares parlamentares de Falcão na Assembleia Legislativa de São Paulo, um funcionário público de 47 anos formado em geografia, recebeu no começo do ano a missão de selecionar um estrategista de mídias digitais para “refinar e profissionalizar” as ações do PT na internet -- o que significa trazê-las para o âmbito de controle da direção do partido.

A utilização massiva da internet, das redes sociais e de blogueiros amestrados faz parte das táticas de engodo e manipulação da verdade no Brasil.

Internautas, fiquem de olho neles. 



Justiça do DF quebra sigilo e bloqueia bens de Cachoeira





Carlinhos Cachoeira foi preso em fevereiro na operação Monte Carlo
Foto: O Globo / Gustavo Miranda

Outras sete pessoas, entre elas o ex-diretor da Delta Claudio Abreu, também foram afetadas
 
BRASÍLIA - A juíza Ana Cláudia Barreto, da 5ª Vara Criminal do Distrito Federal, decidiu na sexta-feira abrir processo penal contra o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o ex-diretor da Delta Claudio Abreu e outras seis pessoas.

Atendendo pedido do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), ela também determinou a quebra do sigilo bancário dos envolvidos.

A magistrada assinou ainda uma nova ordem de prisão preventiva contra Cachoeira e Claudio Abreu.

No processo eles são acusados de montar um esquema para fraudar licitação milionária no sistema de transporte coletivo em Brasília.

O contador do bicheiro, Giovani Pereira da Silva, também está entre os denunciados pelo Ministério Público.


A denúncia foi feita a partir das provas recolhidas no âmbito da Operação Saint-Michel, que, em 25 de abril,
resultou na prisão do ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, além de outras quatro pessoas, inclusive um vereador de Anápolis (GO).

O direitor da empresa em São Paulo, Heraldo Puccini, integra a lista, mas também está foragido.


Os oito denunciados são acusados de tráfico de influência e formação de quadrilha.

De acordo com o MPDFT, o grupo agiu para permitir que a Delta vencesse uma licitação para os serviços de bilhetagem eletrônica no transporte coletivo.

O governo do Distrito Federal afirma que o negócio pode render R$ 6 milhões mensais e sustenta que, apesar da tentativa, a Delta não obteve sucesso na empreitada.
O edital de licitação não está na praça e o governo local decidiu que a bilhetagem será feita pelas prórpias empresas, com um sistema gerenciado pelo governo.


Em interceptações telefônicas gravadas pela PF, os envolvidos afirmam que o negócio pode render até R$ 60 milhões, mês.

O MPDFT ainda investiga se os denunciados contaram ou não com a ajuda de integrantes da cúpula do governo Agnelo Queiroz (PT) para alcançar seu objetivo.

Na denúncia, os promotores de Brasília afirmam que a Delta queria se associar a uma empresa coreana, a EB Card, com expertise no serviço de bilhetagem eletrônica. O processo corre na 5ª Vara Criminal de Brasília.


Segundo o jornal “Correio Braziliense”, o patrimônio declarado em nome dos integrantes do suposto esquema está indisponível enquanto a decisão estiver em vigor, pois é “uma forma de garantir ressarcimento de eventual prejuízo provocado aos cofres públicos pelo esquema criminoso e o pagamento da multa estipulada pela Justiça em caso de condenação”.

Procurado pelo site G1, o advogado de Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, considerou a de decisão da Justiça como "descabida".

- É uma decisão absolutamente descabida e ilegal.

Eu tenho até dúvidas com relação à competência judicial [...]

Não achei justa a decisão – disse.


Segundo Bastos, na segunda-feira, ele irá estudar com mais detalhes da decisão. O advogado afirmou, também, que aguarda ainda para terça-feira o julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a respeito do pedido de revogação da prisão preventiva do bicheiro.
Bicheiro pede para Supremo adiar depoimento na CPI

Os advogados do bicheiro Carlinhos Cachoeira pediram na sexta-feira habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que seja adiado seu depoimento à CPI, que investiga suposto esquema de corrupção comandado por ele.

O depoimento está marcado para a próxima terça-feira, mas Cachoeira só quer comparecer à comissão depois de ter acesso a documentos referentes à investigação.

O presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB-PB), negou o pedido do bicheiro para ter vista dos autos na última quinta-feira.

12/05/12


Depoimentos à CPI do Cachoeira desmontam ofensiva de mensaleiros contra a imprensa





Corrupção

Os primeiros testemunhos feitos à comissão que investiga a rede do contraventor fazem ruir o plano de mensaleiros de usar o escândalo para atacar os que contribuíram para revelar e levar à Justiça os responsáveis pelo maior esquema de corrupção do país




Daniel Pereira, Otavio Cabral e Laura Diniz


Fim da mentira: O delegado da PF Raul Marques (à esq.) em sessão secreta na CPI do Cachoeira: a relação entre o redator-chefe de VEJA e o contraventor era de jornalista e sua fonte de informações

Há vinte anos Pedro Collor deu uma entrevista a VEJA.

As revelações originaram um processo que, sete meses mais tarde, obrigou seu irmão, Fernando Collor, a deixar a Presidência da República. Há sete anos, VEJA flagrou um diretor dos Correios embolsando uma propina.

O episódio foi o ponto de partida para a descoberta do escândalo do mensalão, que atingiu em cheio o governo passado e o PT. Agora, Collor e os mensaleiros se unem contra a imprensa num mesmo front, a CPI do Cachoeira.

Criada com o nobre e necessário propósito de investigar os tentáculos de uma organização criminosa comandada pelo contraventor Carlos Cachoeira, ela seria usada, de acordo com o roteiro traçado pelo ex-presidente Lula e pelo deputado cassado José Dirceu, como cortina de fumaça para o julgamento do mensalão.

O plano era lançar no descrédito as instituições que contribuíram para revelar, investigar e levar à Justiça os responsáveis pelo maior esquema de corrupção da história do país.

Tamanha era a confiança no sucesso da empreitada que o presidente do partido, Rui Falcão, falou publicamente dela e de sua meta principal: atacar os responsáveis pela "farsa do mensalão".

Tudo ia bem - até que os fatos se incumbiram de jogar o projeto petista por terra.

Na semana passada, dois delegados da Polícia Federal prestaram depoimento à CPI do Cachoeira. Eles foram responsáveis pelas operações Vegas e Monte Carlo, que investigaram a quadrilha do contraventor.

A ideia dos radicais petistas e seus aliados era utilizar a fala dos policiais para comprometer o procurador-geral da República, Roberto Gurgel (que defenderá a condenação dos mensaleiros no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal), o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo (transformado em inimigo figadal de Lula desde que declarou que o ex-presidente tinha conhecimento da existência do esquema) e a imprensa, que revelou o escândalo.

Nesse último setor, como deixou clara a performance do ex-presidente Collor, encarnado na triste figura de office boy do partido que ajudou a tirá-lo do poder, o alvo imediato era o jornalista Policarpo Junior, diretor da sucursal de VEJA em Brasília e um dos redatores-chefes da revista. O primeiro depoimento foi do delegado Raul Alexandre Marques, que dirigiu a Operação Vegas.

Marques disse aos parlamentares que entregou ao procurador Roberto Gurgel, em setembro de 2009, indícios de envolvimento de três parlamentares - incluindo o senador Demóstenes Torres - com a quadrilha de Cachoeira.

Gurgel, conforme o delegado, não teria determinado a abertura do inquérito nem dado prosseguimento à apuração. Foi a deixa para que petistas dissessem que ele tentou impedir o desmantelamento de uma organização criminosa e, por isso, deveria ser convocado para depor na CPI. O procurador-geral da República reagiu. Na seara técnica, disse que não abriu inquérito a fim de permitir a realização da Operação Monte Carlo, que desbaratou o esquema de Cachoeira no início deste ano.

No campo político, foi ainda mais incisivo. "O que nós temos são críticas de pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão", afirmou.

Ao fustigarem o procurador na CPI do Cachoeira e venderem a tese de que ele não mereceria crédito por ter uma atuação política, mensaleiros e aliados levaram procuradores e ministros do STF a sair em sua defesa.



ATAQUE AOS ACUSADORES - Mensaleiros, que têm no petista Vaccarezza o seu porta-voz na CPI, queriam convocar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Ele defenderá a condenação dos réus do processo do mensalão

Petistas, que chegaram a comemorar o resultado da primeira etapa do plano, agora já não demonstram o mesmo empenho para convocar Gurgel. Em uma conversa recente, o ex-ministro José Dirceu contou ao seu interlocutor o motivo do recuo. "O efeito foi o contrário do imaginado. A única consequência da CPI foi acelerar o processo do mensalão", afirmou.

Lula, o idealizador do plano, também já faz leitura semelhante. Para ele, a CPI do Cachoeira "tem de ficar do tamanho que está" - ou seja, limitar-se a investigar Cachoeira e seus tentáculos no Congresso e em governos estaduais.

Da mesma forma, a ofensiva para desqualificar o trabalho da imprensa já não seria uma prioridade. "Não podemos fazer dessa CPI um debate político ou um acerto de contas entre desafetos", afirmou o deputado Cândido Vaccarezza, do PT de São Paulo, espécie de porta-voz do grupo dos radicais.

A declaração é uma guinada de 180 graus no discurso - guinada essa decidida apenas depois que os fatos, com sua persistente impertinência, se sobrepuseram aos interesses do partido.

Desde a prisão de Cachoeira, a falconaria petista seguiu a tática de disseminar mentiras e omitir uma parte, sempre a mais importante, da verdade. Para isso, não hesitou nem mesmo em recorrer a fraudes e manipulações nas redes sociais da internet .

O grupo imputou à equipe de VEJA toda sorte de crimes, os quais, esperava, seriam pontuados pelos delegados da PF.

E o que disseram os policiais em depoimentos à CPI?

Que o jornalista Policarpo Junior aparece lateralmente nas interceptações telefônicas sempre no exercício da profissão, apurando e investigando informações, que não cometeu crime nem trocou favores com a quadrilha (veja o quadro na pág. 65) e que não trocou "mais de 200 ligações com Cachoeira".

Na Operação Monte Carlo, apenas dois telefonemas aparecem, segundo o delegado Matheus Rodrigues.

Outros ingredientes fizeram a estratégia petista fracassar. O primeiro foi a dificuldade para encontrar aliados que se dispusessem a levar adiante os propósitos meramente políticos e revanchistas do partido.

Diversas siglas, incluindo o PMDB, se negaram a aderir à trama. Como disse o senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais: "O que está em jogo é a democracia. No momento em que nós tivermos o Ministério Público Federal fragilizado e a imprensa cerceada, teremos a democracia em xeque".

Houve ainda a firme condução dos trabalhos da CPI pelo relator Odair Cunha (PT-MG), que não se dobrou às pressões de facções do seu partido, e a oposição contundente de Dilma Rousseff à estratégia dos radicais. A presidente considera que, a continuar na direção em que estava, a CPI poderá virar uma disputa de políticos corruptos contra seus acusadores. Dilma está irritada com o presidente do PT, Rui Falcão, que vem defendendo publicamente o ataque à imprensa. Na terça-feira, disse a um auxiliar: "Se algum ministro falar algo parecido com o que o Rui vem dizendo, vai para a rua na hora".

Fotos: Orlando Brito, Bia Parreiras, Claudio Versiani,
Roberto Stuckert/Ag. O Globo e Marcos Rosa


O ANO EM QUE O PRESIDENTE CAIU - Pedro Collor deu o pontapé inicial e os fatos fizeram o resto: PC Farias recolhia propina de empresários para cobrir os gastos de Collor, como no caso do famoso Fiat Elba; vinte anos depois do processo que o levou a renunciar ao mandato, o ex-presidente (à dir., com a ex-mulher Rosane, a "madame que gastava demais", nas palavras de PC) quer se vingar de quem o investigou

Que forças aparentemente tão antagônicas quanto Collor e os falcões do PT se juntem na CPI com o mesmo e nefasto propósito de desqualificar a imprensa livre pode parecer assustador, mas não deixa de ser também natural.

Na política, as convicções balançam facilmente ao sabor das conveniências - para o bem ou para o mal, sendo que a segunda opção é mais frequente.

Já na imprensa livre, os princípios não se sujeitam às circunstâncias.


O dever de fiscalizar os governos vale para quaisquer governos. E, no caso de VEJA, ele foi levado a cabo com o mesmo rigor tanto na gestão lulo-petista quanto na cleptocracia de Collor.

Em 2009, no julgamento que derrubou a Lei de Imprensa, o ministro Carlos Ayres Britto, hoje presidente do STF, usou uma frase de Roberto Civita, presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril e editor da revista VEJA, para descrever a natureza da relação entre jornalistas e homens públicos: "Contrariar os que estão no poder é a contrapartida quase inevitável do compromisso com a verdade da imprensa responsável".

Foi essa parte da imprensa, a responsável, que, diante do ataque perpetrado contra VEJA, ergueu a voz na semana passada na defesa dos princípios basilares do jornalismo.

O jornal O Globo, em um editorial corajoso, criticou o que chamou de "campanha organizada contra a revista VEJA" feita por "blogs e veículos de imprensa chapa-branca que atuam como linha auxiliar de setores radicais do PT". Escreveu O Globo: "A operação tem todas as características de retaliação pelas várias reportagens da revista das quais biografias de figuras estreladas do partido saíram manchadas, e de denúncias de esquemas de corrupção urdidos em Brasília por partidos da base aliada do governo".

Fiscalizar os atos de governo foi uma função que surgiu praticamente junto com a imprensa. Durante a revolução inglesa, no século XVII, comerciantes e industriais insurgiram- se contra o poder absolutista dos reis. Defendiam a supremacia das leis em relação à vontade do monarca e o fortalecimento do Parlamento como forma de diminuir a corrupção na corte.

Nascia assim o conceito de accountability, ou o dever dos governantes de prestar contas à população. Para divulgarem suas ideias, os insurgentes ingleses usavam papéis impressos em uma máquina inventada dois séculos antes, a prensa tipográfica, que passou a produzir os primeiros jornais.

Ailton de Freitas/ Ag. O Globo, Tasso Marcelo/AE,
Beto Barata/AE


Os réus: Jefferson, Dirceu, Delúbio e Valério devem ser julgados em breve pelo STF. A denúncia que deu origem ao processo partiu de VEJA, com prova em vídeo


No que se refere às suas instâncias fiscalizatórias, o Brasil já atingiu um patamar seguro. É uma situação diferente da que existia no tempo do processo de impeachment de Collor, quando o país vivia uma espécie de "lacuna fiscalizatória".

A Constituição havia sido promulgada recentemente e o aparato estatal de autodepuração era ainda incipiente.

O Ministério Público, por exemplo, estava assimilando seu novo papel de representante da sociedade, e não do estado, e a Polícia Federal apenas começava a se livrar da poeira autoritária que a recobria.

Mas, ainda que as instituições tenham amadurecido, elas sozinhas não bastam para assegurar a vigilância constante sobre os governos e os homens públicos. Sua natureza as obriga a se mover vagarosamente. "Por esse motivo, o papel de precursor das denúncias não costuma ser das instituições públicas, mas da imprensa", diz Alexandre Camanho, presidente da Associação Nacional de Procuradores da República.

O jornalismo brasileiro vem cumprindo com vigor sua missão de revelar os casos de desídia e corrupção na esfera pública. Nos últimos anos, têm sido inúmeros os registros de parlamentares, prefeitos, governadores e ministros obrigados a deixar o cargo em razão de revelações feitas pela imprensa e comprovadas pelas autoridades.

A imprensa livre não é ideológica.

Não persegue indivíduos nem empreende cruzadas contra partidos ou administrações.


Ela se volta, sim, contra os que, no poder, se dedicam à prática de espoliar o bem público, guiados pela presunção da impunidade e pela convicção de estarem acima do bem e do mal. Se alguma lição pode ser tirada até agora do último escândalo em curso na República, ela pode ser resumida em mais uma frase do ministro Ayres Britto:

"À imprensa cabe vigiar o estado - nunca o contrário"

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O PSDB anuncia a óbvia tentativa de desvirtuamento da chamada CPMI do Cachoeira








Nota à imprensa



Do PSDB

O PSDB anuncia a óbvia tentativa de desvirtuamento da chamada CPMI do Cachoeira. O objetivo é mais do que evidente, prejudicar o julgamento do mensalão e tentar enfraquecer seus fundamentos.

A manobra inclui vazamentos seletivos contra a oposição, a blindagem de governadores, mais do que contaminados, e da construtora Delta – cuja a venda está sendo negociada pela holding J&F, que tem a participação acionária do BNDES – que não pode mostrar a natureza de seus processos comerciais viciados, especialmente nas suas relações governamentais, tanto com governos estaduais e muito claramente com o governo federal.

A operação, de transparência duvidosa e com o apoio do governo federal, trata não apenas de favorecimento à referida blindagem, mas é também de interesse de seus acionistas, que deveriam estar expostos à devida investigação.

Fica clara a estratégia contra a transparência e a liberdade de imprensa, com vistas à proteção dos que estão envolvidos no escândalo do mensalão, como o próprio PT já admitiu.


Na CPMI, os propósitos dos petistas são rigorosamente de tumultuar o julgamento – que, aliás, o povo faz fez e que a imprensa, certamente, o fará também – deste deplorável episódio do mensalão, que é a marca de práticas condenáveis e são a síntese da ação desestruturante e antidemocrática do PT.



Deputado Sérgio Guerra
Presidente Nacional do PSDB

11.05.2012



A venda da Delta é inexplicável por si


Ou:
Chegou a hora de a imprensa identificar os “lulo-burgueses”

Por Reinaldo Azevedo
Blog do Abobado






O grupo JBS já definiu o novo presidente da Delta, enquanto aguarda uma “rigorosa auditoria”?
Há coisas que são, em si, inexplicáveis, por mais que se tente dar nó no verbo. Uma delas é essa compra, a toque de caixa, da Delta pelo grupo JBS, de que o BNDES — você, leitor amigo, orgulhe-se! — detém 31,4% das ações.

O Brasil, reza velho adágio, não é para amadores. Da noite para o dia, todos seremos sócios da construtora de Fernando Cavendish. As farras em Paris são dele; os problemas da sua empresa serão nossos!

Por que é, em si, inexplicável todo esse procedimento? A resposta é simples: a auditoria nos contratos que a Controladoria Geral da União mandou fazer é para valer, ou tudo não passa de mais uma tática de despiste para passar a impressão de que algo está sendo investigado?

E se a Controladoria não gostar do que encontrar, como parece (ou parecia…) ser o mais provável? Isso significa que o BNDES será sócio de uma empresa considerada inidônea? Não se vai esperar nem o parecer da CGU? Ou, pior do que isso, já se tem o parecer da CGU antes mesmo que se conclua a apuração dos fatos?

Pior ainda: em tese, ninguém sabe que complicações poderiam advir para a Delta de uma CPI em andamento. Que a construtora está enrolada com Carlinhos Cachoeira, eis uma evidência, não é matéria de julgamento. Então o grupo JBS, tendo o BNDES como sócio, entra numa dessa sem saber o que vem pela frente na comissão? Ou, para arremate dos males, já tem o compromisso dos governistas de que a Delta será preservada na investigação?

Não é mesmo um escândalo que, dado um quadro como esse, alguns senhores, fingindo-se de vetustos moralizadores, queiram investigar a imprensa, que, COMPROVADAMENTE, não fez nada de errado?
O governo lulo-petista resolveu ir fundo no capitalismo de estado.


Quem sabe, um dia, setores independentes da academia — não, claro, naquele ambiente em que Aloizio Mercadante vira doutor com uma “tese” para aplaudir Lula (vergonha acadêmica alheia!!!) — decidam estudar esse modelo…


O que faz, afinal de contas, o BNDES com quase um terço das ações da JBS? Investe no “desenvolvimento econômico e social” do país? Não! Atua para consolidar uma elite dirigente no poder. Para tanto, ela precisa ter “capacidade de intervenção”, como agora se vê.

O governo tenta fingir distância do imbróglio, mas esse discurso foi desmoralizado por José Batista Júnior, um dos donos da JBS. Chamou, em entrevista à Folha, esse suposto distanciamento de “conversa de bêbados” e deixou claríssimo que o Planalto acompanha, sim, tudo de perto.


Darei um salto interpretativo, e vocês avaliem aí se estarei sendo arbitrário: é evidente que ele está afirmando que só fará negócio se tiver garantias oficiais.

Há muito tempo não vejo uma traficância feita a céu tão aberto. A justificativa é nobre: “Precisamos cuidar dos 30 mil empregos…” Balela! Como as obras são públicas e precisam ser tocadas, se os empregados saíssem da Delta, iriam para outra construtora ou empreiteira. Estamos, isto sim, é constatando que porcaria é termos um “estado-patrão”.


Seus controladores da hora, o governo, fazem o que bem entendem, sem dar satisfações a ninguém.
Está na hora de a imprensa fazer uma grande reportagem-balanço sobre os megaganhadores da era lulo-petista, identificando quanto a sua consolidação ou crescimento custaram aos cofres públicos.


Esse período transferiu, certamente, alguma renda aos muito pobres, como está dado — processo que vem de longe. Mas ninguém levou tanto como os muito ricos. Chegou a hora de identificar quem são os “lulo-burgueses”.

Cumpre não esquecer: quando a Oi comprou a Brasil Telecom, de Daniel Dantas — contra a Lei Geral de Telecomunicações —, Lula determinou que o BNDES financiasse a operação antes mesmo que ela fosse legal. A lei permitindo a compra foi mudada só depois do acordo entre as partes. Foi ali que cravei a máxima sobre o capitalismo à moda petista: no mundo democrático, os negócios são feitos de acordo com a lei; no Brasil petista, as leis são feitas de acordo com os negócios.


O petismo prometeu revolucionar o capitalismo.

Está cumprindo a promessa: sob a sua gerência, o modelo está virando um “negócio de famiglia“.



Planalto nega em nota oficial interferência na venda da Delta



A secretaria de Comunicação Social da Presidência da República divulgou nota oficial negando a interferência do governo na compra da Delta pelo grupo JBS, de que o BNDES é acionista
Por Reinaldo Azevedo

Em relação às negociações sobre a mudança do controle da Delta Construção, o governo federal reitera que não interfere em operações privadas.

São falsas, portanto, as ilações de que a referida operação teve aval deste governo.
O governo alerta que está em curso na Controladoria Geral da União processo de decretação de inidoneidade da Delta Construção.

Caso a CGU conclua pela condenação, a empresa estará impedida de ser contratada pela administração pública, nos termos da Lei 8.666 de 1993, com consequências econômicas presentes e futuras.
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.”
Voltei

Ok. Tem focinho de cachorro, corpo de cachorro, patas de cachorro, rabo de cachorro, late como cachorro, mas não é cachorro.

A minha questão permanece: o BNDES será, ainda que indiretamente, sócio de uma empresa que pode ser considerada inidônea pelo próprio governo?


11/05/2012 
 
 
 


É grande a probabilidade de serem presos logo depois do julgamento....





Por Mônica Bergamo


ALERTA GERAL

Os réus do mensalão já começaram a ser avisados por seus advogados que, em caso de condenação, é grande a probabilidade de serem presos logo depois do julgamento.

Pelo menos três deles estão nessa condição: José Dirceu, Delúbio Soares e o publicitário Marcos Valério.




ÚLTIMO RECURSO

A probabilidade é maior no caso deles porque, se condenados, dificilmente as penas pelos crimes a que respondem (formação de quadrilha, corrupção ativa) ficariam abaixo dos quatro anos, hipótese em que é possível a conversão para punições alternativas. E, depois de uma condenação no STF, não há outra corte à qual recorrer.




DIA A DIA

Caso se confirme o calendário que o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, pretende adotar para o julgamento no STF, eventuais prisões ocorreriam em plena campanha eleitoral.


11.05.2012

Tentativa mensaleira de manipular a CPI




Fariam melhor se ajudassem a CPI a mapear o crime organizado

EDITORIAL O GLOBO
11/05/12

Continuam as manobras de facções radicais do PT, ligadas aos mensaleiros, para usar a CPI do Cachoeira com objetivos sem qualquer relação com o escândalo da montagem de uma rede de influência em todos os poderes da República pelo bicheiro goiano.


Uma das intenções é constranger o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por ser ele o responsável pelo encaminhamento da denúncia do Ministério Público Federal contra os envolvidos no esquema de troca de dinheiro sujo — inclusive público — por apoio parlamentar ao governo, na primeira gestão de Lula.

Estes grupos começaram a pressionar Gurgel quando, no estouro do escândalo, com a descoberta da proximidade entre Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), foi noticiado que o procurador-geral recebera em 2009 o inquérito da Operação Las Vegas, da PF, e nada fizera. Nele já havia registros da afinidade da dupla.

Instalada a CPI, as facções partiram para tentar uma convocação de Gurgel ou convite. Não importava, contanto que o procurador-geral da República comparecesse perante os holofotes da comissão, para certamente ouvir toda sorte de provocações de representantes dos mensaleiros.

O procurador já explicara ter mantido o primeiro inquérito no gabinete, para que seu conhecimento público não prejudicasse as novas investigações da PF, na sequência da Operação Las Vegas. Além disso, afirmou, não havia bases sólidas para o indiciamento de Demóstenes. Não há por que rejeitar a explicação lógica de Gurgel, pois, de fato, a operação seguinte, a Monte Carlo, foi um sucesso. A CPI e o início do processo de cassação do senador são a prova.

No primeiro depoimento tomado pela comissão, o delegado da PF Raul Alexandre Marques Souza confirmou o envio do inquérito ao procurador e a decisão dele de nada fazer naquele momento. E, com isso, as pressões sobre Gurgel voltaram. Na quarta-feira, o procurador-geral foi claro: “Há protetores de réus (do mensalão) como mentores disso”. Ou seja, da campanha para levá-lo à CPI.

Como o objetivo é político e de constrangimento pessoal, não adiantou, também, Gurgel explicar que, por lei, não pode falar sobre inquéritos sobre os quais se pronunciará como procurador da República.

Também é de fundo político-ideológico a definição por esta facção radical, minoritária no PT, de um segundo alvo na CPI: a imprensa independente.

O fato de Cachoeira ter sido fonte de denúncias publicadas pela revista “Veja” contrárias a interesses do grupo leva à tentativa de conversão da comissão num exótico tribunal de julgamento do jornalismo profissional.


Parece uma forma de buscar alguma vantagem no “tapetão” político depois que as tentativas institucionais de manietar a imprensa se frustaram. Dilma, como Lula, se mantém distante dessas aventuras, numa demonstração de maturidade.

Acima de tudo, o Brasil já demonstrou que tem instituições em pleno funcionamento, capazes de defender a Constituição, na qual é estabelecido como cláusula pétrea o direito à liberdade de imprensa e expressão, entendimento reafirmado não faz muito tempo pelo Supremo.

Fariam melhor os radicais se gastassem seu tempo fazendo a CPI funcionar para de fato mapear as conexões do crime organizado dentro do Estado brasileiro.

Vale-tudo na CPI




Investigação corre perigo de descarrilar ao desviar foco de Cachoeira e Demóstenes Torres para jornalistas e o procurador Roberto Gurgel

EDITORIAL
FOLHA DE SÃO PAULO

Começou mal a CPI mista para investigar o caso Cachoeira, com a já conhecida aposta na confusão por parte dos setores mais aloprados do Congresso.

O que mais se deveria esperar de uma comissão em que personagens da estatura de um Fernando Collor de Mello e de um Protógenes Queiroz se aliam na tentativa de cercear a imprensa? Doses crescentes de desatino, por certo.

A CPI foi criada para investigar, com os amplos poderes que lhe dá o artigo 58 da Constituição, a comprometedora teia de relações do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de explorar jogos ilegais, com figuras públicas. Por exemplo, com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF) -além de uma das maiores empreiteiras do país, a Delta, campeã em obras do PAC.

Foi o pretexto para a ala do PT mais afetada pelo processo do mensalão tentar fazer da CPI um antídoto para o julgamento por iniciar-se no Supremo Tribunal Federal. Em seu afã vindicativo, abriu até uma frente de conflito institucional com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

O chefe do Ministério Público Federal ganhou a hostilidade do lulo-petismo por ter pedido a condenação de mensaleiros. De forma maliciosa, com o indisfarçável propósito de intimidá-lo, essa facção o acusa agora de ter protegido Demóstenes ao apontar a insuficiência dos elementos colhidos pela primeira operação da Polícia Federal (Vegas) contra Cachoeira.

O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), parece inclinado a seguir em frente com a ideia extravagante de chamar Gurgel a se explicar perante a comissão. O procurador-geral já deu sinais de que se recusará, em manifestação de independência. É no mínimo duvidoso que o Supremo reconheça entre os poderes da CPI o de forçá-lo a comparecer.

Tampouco surgiu até agora qualquer indício de má conduta que justifique a intimação de jornalistas da revista "Veja" para depor, como almejam setores do PT -que, aliás, não contam com o apoio do Planalto para essa revanche pelos sucessivos escândalos revelados.

Igualmente descabido é o sigilo extremo adotado pelo presidente da CPI e seu relator, deputado Odair Cunha (PT-MG). Não só já se mostrou ineficaz, pois não cessam de vazar os depoimentos supostamente secretos, como ainda contraria o escopo de toda CPI, que é expor ao público fatos e condutas de agentes oficiais sob suspeita.

É comum ouvir que CPIs têm tendência a degenerar em circo. As sessões iniciais sugerem que os piores prognósticos caminham para confirmar-se, e bem cedo.
11/05/12

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Araponga de Cachoeira propõe delação premiada






Peça chave do bicheiro Carlos Cachoeira no esquema desmantelado pela Policia Federal, o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Nunes, o “Dadá”, estaria negociando delação premiada, segundo fonte do Ministério Público Federal. Após atrair os procuradores com a proposta, “Dada” impôs uma série de condições para acusar os comparsas mas, ante a relutância do MPF, exigiu que em caso de sua proposta vir a ser recusada, que os procuradores informem o motivo por escrito.


Lavando a ficha


Dentre as exigências impostas por “Dadá” para a delação premiada está a garantia de que ele não sofrerá qualquer punição na Justiça.


Arquivo apreendido


Ao deflagrar a Operação Monte Carlo, a PF teria apreendido na casa de “Dadá” gravações que ainda permanecem sob exame.


Acervo inédito


“Dadá” incluiria na delação do esquema de Cachoeira gravações de telefonemas e de conversas que mantém em “local seguro”.


Segundo a PF, “Dadá” atuaria como uma espécie de espião a serviço de Cachoeira. É suspeito de grampear ilegalmente telefones e emails.


10/05/2012

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Celso Daniel - Nunca antes da história “destepaiz” um só caso teve tantos cadáveres auxiliares




Finalmente começou o julgamento dos acusados pela morte de Celso Daniel

O tempo escorre num outro ritmo, né?, os assuntos dizem respeito ao PT



No dia 17 de janeiro deste ano, às vésperas dos 10 anos do assassinato do prefeito, escrevi o post que segue. Trata-se de uma memória do caso.

*
Nesta quarta, o sequestro do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, completa dez anos. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado numa estrada de terra em Juquitiba. Desde aquele dia, tem-se uma fila imensa de cadáveres e poucas respostas. A tese do Ministério Público é a de que Celso foi vítima de um crime de encomenda, desdobramento de um esquema instalado na própria Prefeitura, coordenado por ele, destinado a desviar recursos para o PT. Membro do grupo, Sérgio Sombra, amigo pessoal do prefeito, é acusado de ser o mandante.

Até agora, o único condenado é Marcos Roberto Bispo dos Santos, o Marquinhos. O julgamento aconteceu no Fórum de Itapecerica da Serra. Adriano Marreiro dos Santos, seu advogado, diz que seu cliente confessou sob tortura. O Ministério Público reuniu evidências de que ele dirigiu um dos carros que abalroou a picape em que Celso estava, encomendou o roubo de outro veículo que participou da operação e conduziu a vitima da favela Pantanal, em Diadema, para Juquitiba, onde foi assassinada.

Bruno Daniel, um dos irmãos de Celso, afirma que, no dia da Missa de Sétimo Dia, Gilberto Carvalho, hoje secretário-geral da Presidência do governo Dilma, confessou que levava dinheiro do esquema montado na Prefeitura para a direção do PT. Carvalho lhe teria dito que chegou a entregar R$ 1,2 milhão ao então presidente do partido, José Dirceu. Carvalho e Dirceu negam. Bruno e sua família são os únicos brasileiros na França que gozam do estatuto oficial de “exilados”. Tiveram de deixar o país, ameaçados de morte. Francisco, o outro irmão, também teve de se mandar. Eles não aceitam a tese de que o irmão foi vítima de crime comum.

O ressentimento de Bruno - ele e a mulher eram militantes do PT - com o partido é grande. Ele acusa os petistas de terem feito pressão para que a morte fosse considerada crime comum. Outro alvo seu é o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, então deputado federal pelo partido. Greenhalgh acompanhou a necropsia do corpo e assegurou à família que Celso não tinha sido torturado, o que foi desmentido pelo legista Carlos Delmonte Printes em relato feito à família. A tortura é um indício de que os algozes do prefeito queriam algo mais do que seqüestrá-lo para obter um resgate, o que nunca foi pedido. Por que Greenhalgh afirmou uma coisa, e o legista, outra? Difícil saber: no dia 12 de outubro de 2005, Printes foi encontrado morto em seu escritório. A perícia descartou morte natural e não encontrou sinais de violência. A hipótese de envenenamento não se confirmou. Não se sabe até agora o motivo.


Todos os mortos

A lista de mortos ligados ao caso impressiona. Além do próprio Celso, há mais sete. Um é o garçom Antônio Palácio de Oliveira, que serviu o prefeito e Sérgio Sombra no restaurante Rubaiyat em 18 de janeiro de 2002, noite do sequestro. Foi assassinado em fevereiro de 2003. Trazia consigo documentos falsos, com um novo nome. Membros da família disseram que ele havia recebido R$ 60 mil, de fonte desconhecida, em sua conta bancária. O garçom ganhava R$ 400 por mês. De acordo com seus colegas de trabalho, na noite do sequestro do prefeito, ele teria ouvido uma conversa sobre qual teria sido orientado a silenciar.

Quando foi convocado a depor, disse à Polícia que tanto Celso quanto Sombra pareciam tranquilos e que não tinha ouvido nada de estranho. O garçom chegou a ser assunto de um telefonema gravado pela Polícia Federal entre Sombra e o então vereador de Santo André Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT), oito dias depois de o corpo de Celso ter sido encontrado. “Você se lembra se o garçom que te serviu lá no dia do jantar é o que sempre te servia ou era um cara diferente?”, indagou Klinger. “Era o cara de costume”, respondeu Sombra.

Vinte dias depois da morte de Oliveira, Paulo Henrique Brito, a única testemunha desse assassinato, foi morto no mesmo lugar com um tiro nas costas. Em dezembro de 2003, o agente funerário Iran Moraes Rédua foi assassinado com dois tiros quando estava trabalhando. Rédua foi a primeira pessoa que reconheceu o corpo de Daniel na estrada e chamou a polícia.

Dionízio Severo, detento apontado pelo Ministério Público como o elo entre Sérgio Sombra, acusado de ser o mandante do crime, e a quadrilha que matou o prefeito, foi assassinado na cadeia, na frente de seu advogado. Abriu a fila. Sua morte se deu três meses depois da de Celso e dois dias depois de ter dito que teria informações sobre o episódio. Ele havia sido resgatado do presídio dois dias antes do sequestro. Foi recapturado. O homem que o abrigou no período em que a operação teria sido organizada, Sérgio Orelha, também foi assassinado. Outro preso, Airton Feitosa, disse que Severo lhe relatou ter conhecimento do esquema para matar Celso e que um “amigo” (de Celso) seria o responsável por atrair o prefeito para uma armadilha.

O investigador do Denarc Otávio Mercier, que ligou para Severo na véspera do seqüestro, morreu em troca de tiros com homens que tinham invadido seu apartamento.

O último cadáver foi o do legista Carlos Delmonte Printes.

Perderam a conta?

Então anote aí:


1) Celso Daniel : prefeito. Assassinado em janeiro de 2002.


2) Antonio Palacio de Oliveira : garçom. Assassinado em fevereiro de 2003

3) Paulo Henrique Brito : testemunha da morte do garçom. Assassinado em março de 2003

4) Iran Moraes Rédua: reconheceu o corpo de Daniel. Assassinado - dezembro de 2003

5) Dionizio Severo: suposto elo entre quadrilha e Sombra. Assassinado - abril de 2002

6) Sérgio Orelha: Amigo de Severo. Assassinado em 2002

7) Otávio Mercier: investigador que ligou para Severo. Morto em julho de 2003.

8 ) Carlos Delmonte Printes: legista encontrado morto em 12 de outubro de 2005.

PS : Evitem acusações nos comentários, ainda que a vontade seja grande, ok?

09/05/2012




Cachoeira mandou sequestrar comparsa, diz delegado à CPI; ouça
ANDREZA MATAIS
RUBENS VALENTE
FOLHA DE BRASÍLIA

No depoimento sigiloso à CPI do Cachoeira, o delegado Raul Alexandre Souza revelou uma faceta violenta do grupo de Carlinhos Cachoeira, citando "uma ampla sorte de crimes de natureza grave".

Segundo o delegado, Cachoeira mandou sequestrar e grampear pessoas do seu grupo para punir traições.


A Folha teve acesso ao áudio integral do depoimento do delegado à comissão. A sessão foi reservada.

"Em 19 de abril de 2009 um determinado funcionário foi sequestrado e mantido em cárcere privado em razão de desconfiança de Carlos Cachoeira de fraudes no recolhimento de máquinas caça níqueis", afirmou.

Conforme o delegado, os executores do crime foram o policial militar Jairo Martins de Sousa e o terceiro sargento da Aeronáutica Idalberto Martins de Araujo, o Dadá.

"Ambos ligados a atividades de inteligência de suas corporações."


A Folha não os localizou ontem para comentar o assunto nem seus advogados.


Dadá, afirmou o delegado, "chega a mencionar em ligação telefônica que trabalhava para Cachoeira há mais de dez anos", o que comprovaria a relação profissional entre os dois.

Esses fatos, informou o delegado na CPI, podem configurar ameaça, sequestro e cárcere privado e lesão corporal...