LEIAM O QUE DIZEM DOIS DELEGADOS DA PF
E O PAPEL PATÉTICO DO EX-CAÇADOR DE MARAJÁS E ATUAL CAÇADOR DE JORNALISTAS
Por Reinaldo Azevedo
A quadrilha do mensalão estava mentindo.
A quadrilha da Internet estava mentindo.
A verdade vem à tona de forma clara, cristalina, inequívoca.
Lembram-se da Operação Monte Carlo e das supostas 200 ligações trocadas entre Carlinhos Cachoeira e Policarpo Júnior, um dos redatores-chefes da VEJA e chefe da Sucursal de Brasília?
NÃO ERAM, NÃO SÃO E NUNCA FORAM 200! ERAM, SÃO E SEMPRE FORAM DUAS!!!
Collor, num de seus momentos de serenidade no Senado: em vez de apontar o dedo para os corruptos, ele resolveu atacar a imprensa livre.
Faz sentido...
Faz sentido...
A canalha resolveu multiplicar o número por 100 para ver se conseguia dar ares de crime ao trabalho normal de um jornalista.
Os que se dedicaram a espalhar a mentira nunca quiseram, como vocês sabem, apurar as ligações do grupo de Cachoeira com os políticos e com o Estado brasileiro.
Queriam, isto sim, desmoralizar os fundamentos de uma democracia, a saber:
– a oposição (ela só existe em países democráticos);
– a Procuradoria-Geral da República (ela só é independente em países democráticos);
– a Justiça (ela só é isenta em países democráticos);
– a imprensa (ela só é livre em países democráticos).
Mas atenção!
Ainda que houvesse mesmo 200 conversas ou que, sei lá, surjam outras 198 do éter, o que o número, por si só, provaria?
Nada!
Policarpo estaria, como estava, em busca de informações que colaboraram para a demissão de pessoas que não zelavam pelo interesse público.
E quem as demitiu, repito, foi Dilma Rousseff.
Não consta que esteja pensando em recontratá-las.
OS MENSALEIROS E SEUS BRAÇOS DE ALUGUEL TENTARAM SEQUESTRAR AS INVESTIGAÇÕES DO CASO CACHOEIRA E A PRÓPRIA CPI PARA, DESMORALIZANDO TODAS AS INSTÂNCIAS DO ESTADO DE DIREITO, PROTEGER BANDIDOS, QUADRILHEIROS, VIGARISTAS E SOCIOPATAS.
Os delegados
Bastaram, no entanto, duas sessões da CPI para que ficasse claro quem é quem e quem quer o quê.
Policarpo é citado, dados todos os grampos da Operação Monte Carlo, 46 vezes nos grampos.
Os homens de Cachoeira e o próprio se referem, em suas conversas, a mais de 80 pessoas — inclusive a presidente Dilma Rousseff.
Em algumas dessas citações, por exemplo, o contraventor e o senador Demóstenes estão é combinando uma forma de abafar a repercussão de uma reportagem publicada pela VEJA em maio do ano passado e que apontava o suspeito crescimento da… DELTA!
Eis a VEJA que alguns vigaristas queriam criminalizar.
E foi a VEJA, diga-se, o primeiro veículo impresso a tornar públicas as relações de Demóstenes com Cachoeira — na edição que começou a chegar aos leitores no dia 3 de março!
No depoimento prestado à CPI no dia 8, indagado pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), hoje a voz mais extremista contra a imprensa na CPI, o delegado Raul Souza foi claro, inequívoco, para decepção daquele que começou caçando marajás e, vivendo o seu ocaso, tenta caçar jornalistas e cassar a imprensa livre: as conversas de Policarpo com Cachoeira, afirmou, eram diálogos normais entre um repórter e uma fonte, sem qualquer evidência de troca de favores.
Mas Collor, os mais maduros se lembram, é uma alma obsessiva.
Quando presidente, a gente olhava pra ele, com os olhos sempre estalados, e desconfiava da existência de algum espírito obsessor (Deus nos livre!).
Deu no que deu.
Tendo sido fragorosamente malsucedido na operação que lhe encomendou a ala sectária do PT — José Dirceu, Rui Falcão e outras lorpas da democracia —, ele voltou à carga no depoimento de outro delegado, Matheus Rodrigues.
Enquanto alguns parlamentares tentavam apurar os vínculos entre Cachoeira e políticos, o atual Caçador de Jornalistas seguia firme no seu intento de tentar criminalizar a imprensa.
E mergulhou, definitivamente, no patético.
O diálogo com Matheus
Este blog ouviu um relato sobre a espantosa conversa do senador com o delegado Rodrigues.
Fiquem frios.
Logo surge uma gravação clandestina na praça.
Consta que o homem foi ficando irritado à medida que via as suas ilações e suspeitas indo por água abaixo.
Collor iniciou a sua intervenção lembrando que a CPI havia sido instalada para investigar as ações criminosas de Cachoeira e de agentes públicos e privados que com este teriam colaborado.
E partiu pra cima de Policarpo e da VEJA.
Perguntou se o jornalista era coautor de um algum crime.
Detestou a resposta:
“Não, excelência! Eu já falei e vou insistir”.
A excelência não se conformou. Tentou obrigar o delegado a acusar Policarpo de algum crime.
Como não realizasse o seu intento, este gigante do pensamento jurídico, este monstro sagrado da lógica — que é sócio de jornal e de emissora de televisão!!! — queria saber se Cachoeira havia passado a Policarpo alguma informação que tivesse obtido com escutas ilegais.
Outra negativa e a fala inequívoca: havia entre Policarpo e Cachoeira ”uma relação de informante, de passar uma informação como fonte”.
Roxo de raiva
Collor, vocês se lembram, era dado a refletir com as pernas.
Quando ficava com vontade pensar, saía correndo.
Certo dia, abusando de sua cultura filosófica, declarou que tinha “aquilo roxo”.
Como o segundo delegado ouvido também não disse o que ele queria ouvir, roxo de raiva, decidiu partir para a peroração solitária.
Acusou VEJA de obter “ganhos pecuniários” com as reportagens que publicou.
Bem se vê que este senhor nunca administrou as empresas da família.
Só pega mesmo a grana na condição de acionista.
A ilação é estúpida de várias maneiras:
1) assuntos políticos (especialmente notícias ruins, envolvendo corruptos) não são os que mais vendem revistas, como sabem todas as pessoas que são do ramo;
2) se uma revista quisesse apenas vender mais, daria só boas notícias. Ocorre que o jornalismo que se preza tem compromissos com a moralidade pública e a com ética. Se isso implicar publicar as más notícias, elas serão publicadas;
3) se a tese estúpida do senador fizesse algum sentido, jornais e revistas teriam de distribuir gratuitamente as edições que são obrigadas a relatar tragédias — só assim não seriam acusados de lucrar com a desgraça alheia;
4) veículos que se prezam, que têm vergonha na cara, que não são financiados com dinheiro público, têm a maior parte — ESMAGADORA!!! — de sua receita oriunda de anunciantes privados. Não raro, o preço de capa de uma revista é inferior a seu custo como produto;
5) a maior parcela da receita derivada da venda de jornais e revistas vem das assinaturas, não da venda em banca. Logo, se há ou não notícia de escândalo, isso é irrelevante. O leitor, como todas as pessoas moralmente saudáveis do mundo, prefere a boa notícia.
Se errou na moral, se errou na ética, se errou no alvo — se errou, obrigo-me a dizer, na vida, já que é o único presidente impichado (só não houve o impeachment formal porque renunciou) da história do Brasil —, errou também ao fazer digressões tolas sobre o setor de revistas.
Vinte anos depois da capa histórica de VEJA, em que Pedro Collor chutou o mastro do circo do irmão, o agora senador tenta se vingar da revista.
Quebraram todos a cara — ele e a ala extremista do PT da qual aceitou o triste papel de laranja.
Reportagens de VEJA, algumas feitas por Policarpo Júnior, ajudaram a pôr para fora da Esplanada dos Ministérios pessoas que estavam lá descumprindo o juramento que fizeram ao povo.
Como ajudaram, há 20 anos, a depor um outro bufão, que também tomava a sua comédia pessoal como parte da história universal.
Collor não vai conseguir o “impeachment” jornalístico da VEJA porque a revista é limpa! Ponto.
Espalhem a verdade. Porque VEJA revela na edição desta semana quem está por trás da indústria da mentira na Internet e como ela opera (ver abaixo).
Texto publicado originalmente às 3h12
12/05/2012
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