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sexta-feira, 21 de abril de 2017

O “bon vivant” do agreste



Carlos José Marques,
diretor editorial
IstoÉ


Foi o amigo dileto, Emílio Odebrecht, que o ajuda desde os idos de 70 com presentes, agrados e muita propina, quem assim o classificou: “Lula é um bon vivant, não tem nada de esquerda, gosta de coisa boa!”.

Mimos como uma conta aberta em seu nome no valor de R$ 40 milhões, com saques à disposição em dinheiro vivo na hora desejada, reformas de sítio, palestras regiamente pagas em troca de vantagens, apartamento, jatinhos, terreno, qualquer coisa. Era só o “chefe” mandar. Ou pedir. Ajuda meu filho, meu irmão, meu compadre, meu partido. Valia a pena. No universo idílico que ronda Lula tudo é fruto de uma benevolência extrema. Do toma-lá-da-cá. Dos favores.

Nos idos dos anos 80, o memorável “Senhor Diretas” Ulysses Guimarães já diagnosticava com uma precisão cirúrgica: “o mau de Lula é que ele parece gostar de viver de obséquios”. Os fatos teimaram em demonstrar. Estavam certos Ulysses e o patriarca do grupo que agora faz a “delação do fim do mundo”.

O petista sempre deu sinais nesse sentido. Quando da primeira vitória nas eleições presidenciais, lá foi ele comemorar com uma garrafa de vinho Romanée-Conti, ao custo de US$ 5 mil (paga por outro amigo, naturalmente). Lula jactava-se pelos ventos da sorte e pelas boas relações com os amigos.

Não há como negar: ele também é um fiel e generoso amigo. Ao menos dos ricos amigos, numa convivência tão estreita como promíscua. Fez mais por eles que recebeu. Não há dúvida. Foi capaz de prejudicar estatais e o povo que recolhe impostos em prol dos negócios da empresa do amigo Emílio.

Seguiu sempre a surrada máxima “para os amigos, tudo!”. Com o patrimônio alheio – de cada um de nós, brasileiros. Você bancou a farra. Mas isso é detalhe. Não seria da conta de ninguém, é verdade, se o deplorável hábito de pedir tudo a todos ocorresse estritamente na platitude das relações desinteressadas.

Infelizmente não foi bem assim. O que ele fez chama-se corrupção. Em benefício próprio e dos seus. Com a quebra inexorável das finanças de um País. Está evidenciado. Lula instaurou a corrupção como política de Estado. Em suas gestões, e na da sucessora Dilma , os desvios ganharam conotação de praga endêmica, institucionalizada e alastraram-se para cada departamento, autarquia ou organismo federal.

Às favas com os escrúpulos. Lula hoje diz que as acusações são mentira. Só ele fala a verdade. Seria a história mais fabulosa do mundo um conluio tão bem arquitetado de delatores, que contam em requintes de detalhes as tramoias do grande líder, com o intuito exclusivo de condená-lo.

Quem não se condói de tamanha injustiça? Lula agora reclama das noites insones, temerário de ser preso a qualquer momento. Os companheiros ideológicos desembarcam. O marxista Noam Chomsky, admirador de primeira hora, reclamou do partido e do seu criador que “simplesmente não pode manter as mãos fora da caixa registradora…que está roubando o tempo todo”.

A alternativa do retirante nordestino que virou presidente – e acredita estar sendo penalizado por essa condição – é reagir no grito. Insistir na nauseabunda mentira. Seus convictos aliados – detentores de uma fé incondicional, que enxergam o homem quase como uma divindade, a despeito de seus reincidentes pecados – convocam a militância para armar um verdadeiro circo de protestos em frente à sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde no próximo dia 3 acontece o que já vem sendo chamado como o “embate do século” entre o paladino da justiça, Sergio Moro, e o cacique objeto da cega veneração.

Os mais extremados abarrotam as redes sociais com ameaças de “guerra civil”, num tom belicoso que extrapola para o crime, sem receio de reprimendas. A lei, ora a lei, não vale para o grande comandante. Quando você nasce como a alma mais honesta que existe, qualquer um precisa respeitar. Ele está acima dos demais.

Não podem pairar dúvidas sobre seus atos. É preciso louvar a santidade. Ela não mente, não erra, não comete faltas. Onipotente, onisciente, acima do bem e do mal, não pode ser alcançada pelas infâmias da raia miúda, nem condenada pela justiça dos mortais. De forma alguma.

Por esse modo muito peculiar de visão dos fatos, Lula não pediu nada a ninguém. Lula não levou propina. Não armou quadrilha de desvios. Muito menos costurou esquemas que lesaram o Tesouro. Aquele sítio, com notas frias, ora bolas, era do amigo. O tríplex, de outro amigo. O apê onde mora, também. Se de 2006 para cá uma empresa quis dar mais de R$ 10 bilhões, como confessou, em propinas para Lula e sua turma do poder, o problema é dela. Se ganhou como contrapartida grandes obras públicas, foi sorte.

O Estádio do Corinthians, sonho de mais de R$ 1 bilhão de Lula, era merecido. Maldosos, os brasileiros! Há de se perguntar aos áulicos seguidores do petista se por acaso tiveram tempo e o cuidado de ouvir os depoimentos dos delatores, gravados em áudio e vídeo e mostrados a quem quisesse ver?

Atentaram para o volume de informações, para a avalanche de evidências e provas já colhidas? É esse o País que desejam para si e para os seus, sob o julgo de um esquema de bandalheira sem fim?

A ladroagem ilimitada e a arrogância populista não podem virar exemplo. Destruiu recentemente a Venezuela nas mãos do caudilho Hugo Chaves. Não podem se repetir pela ambição desmedida do “bon vivant” Lula.

20.04.17



Lula pede e a OAS compra o silêncio de Rosemary


Em negociação de delação premiada, Léo Pinheiro revela que, a pedido do ex-presidente, contratou a empresa do então marido de Rose, a ex-secretária do petista acusada de tráfico de influência.
Objetivo era o de silenciá-la.

ISTOÉ teve acesso à prova que estabelece o elo entre a New Talent e a empreiteira


HOMEM BOMBA
Ex-presidente da OAS e amigo de Lula, Léo Pinheiro dará detalhes à Justiça sobre a operacão montada para comprar o silêncio de Rosemary

(Crédito: RAFAEL ARBEX/AE)



Pedro Marcondes de Moura,
SÉRGIO PARDELLAS


ISTOÉ
 


SOB SUSPEITA
O escritório da New Talent, destino de recursos pagos pela OAS para Rose, fica neste prédio simples na zona sul de São Paulo
(Crédito:Reprodução)

Um dos capítulos do acordo de delação premiada que o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, vem negociando com a Lava Jato trata especificamente dos favores prestados pela empreiteira a Lula. É nele que Pinheiro vai relatar aos procuradores como foi montada e executada uma operacão destinada a comprar o silêncio de Rosemary Noronha, a protegida do ex-presidente petista. Detalhará como a empreiteira envolvida no Petrolão a socorreu após ela ser demitida do gabinete da Presidência em São Paulo, em dezembro de 2012, e ter se tornado alvo da Polícia Federal na Operação Porto Seguro pelo envolvimento com uma organização criminosa que fazia tráfico de influência em órgãos públicos. Conforme Léo Pinheiro já adiantou aos integrantes da Lava Jato, uma das maneiras encontradas pela OAS para ajudá-la foi contratar a New Talent Construtora, empresa do então cônjuge de Rose, João Vasconcelos. A contratação, disse Pinheiro, atendeu a um pedido expresso de Lula. Documentos em poder da força-tarefa da Lava Jato e de integrantes do Ministério Público de São Paulo, aos quais ISTOÉ teve acesso, confirmam que a New Talent trabalhou para a OAS.


Mensagens trocadas por executivos da OAS no fim de 2014 interceptadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato mostram a pressa dos dirigentes da empreiteira em “resolver o problema de João Vasconcelos e Rose.” Nas conversas, em que chegaram até a mencionar os telefones da protegida de Lula e do ex-marido dela, os executivos narram a pressão do “amigo”, possivelmente o ex-presidente Lula, para que fosse encontrada logo uma solução. Pudera. Fora do cargo, respondendo criminalmente na Justiça e sem o prestígio de outrora, Rosemary Noronha fazia chegar à cúpula do partido que se sentia abandonada. Não escondia o descontentamento com integrantes da gestão Dilma. Acreditava que o Palácio do Planalto nada fez para protegê-la da Operação Porto Seguro. Rose atemorizava os petistas com uma possível delação. Os petistas temiam que ela contasse o que testemunhou graças à proximidade de décadas com o ex-presidente Lula. Os dois se conhecem desde 1988. Na época, ela trabalhava na agência em São Bernardo do Campo onde o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC possuía conta. Pouco depois, passou a gerenciar as contas do próprio Lula e recebeu um convite para secretariá-lo no escritório do PT em São Paulo. Ficou doze anos no cargo. Nos bastidores do partido, comentava-se que uma opinião dela poderia viabilizar ou encerrar de vez as chances de alguém se reunir com o futuro presidente. Quando o PT chegou ao Palácio do Planalto em 2003, Rose logo recebeu um cargo. Foi designada assessora do gabinete do executivo federal em São Paulo e, depois, chefe do escritório da presidência da República na capital paulista. Não raro, ausentava-se da cidade para acompanhar as comitivas do petista em eventos e viagens ao exterior. Seu poder era tanto que poucas pessoas arriscavam se indispor com Rosemary. Mesmo com a posse de Dilma, Rose se manteve no posto na cota de Lula.

Com a delação da OAS em mãos, não será difícil para as autoridades comprovarem como foi, de fato, colocado em prática o plano para comprar o silêncio de Rosemary Noronha via a contratação da empresa do seu ex-marido. A primeira prova que estabelece o elo entre a New Talent e a OAS já foi fornecida aos promotores paulistas e procuradores do Petrolão. Diz respeito à recuperação judicial da própria empreiteira. Denunciada na Lava Jato, a OAS viu os seus caixas secarem com o cancelamento de contratos e o atraso de pagamentos de obras suspeitas de superfaturamento. Precisou ingressar com um pedido na Justiça para ganhar tempo para pagar bancos e fornecedores. É justamente no edital em que constam as empresas que dizem ter créditos a receber da OAS que a empresa do ex-marido de Rosemary figura. Não se sabe quanto João Vasconcelos recebeu da empreiteira no total, mas a New Talent Construtora reclama R$ 15,4 mil que teriam ficado pendentes.


O AMIGÃO OAS reformou o tríplex de Lula e o ajudou com Rosemary, que ganhou apartamento da Bancoop
(Crédito:DENISE ANDRADE/Estadão Conteúdo; WERTHER SANTANA/ESTADÃO)


Os procuradores federais e os promotores paulistas tiveram mais surpresas ao esquadrinharem a empresa. Apesar de se dizer uma companhia de engenharia de “construção de edifícios” na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), a New Talent sequer possui um veículo. Sua sede fica em uma pequena sala de um prédio simples de quatro andares em cima de uma farmácia na zona sul da capital paulista. Possui capital social de R$ 120 mil, valor irrisório se comparado ao de outras firmas do mesmo ramo. No papel, a New Talent tem outras duas pessoas como donas. A primeira é o genro de Rose, Carlo Alexandro Damasco Torres. A segunda, Noemia de Oliveira Vasconcelos é mãe do ex-marido de Rose. Em comum, os dois sócios possuem patrimônios incompatíveis com um negócio deste porte. Segundo as autoridades, a empresa pertence a João Vasconcelos, o ex-cônjuge de Rose. Em contratos da companhia, é ele quem aparece como o responsável.

Na ficha da New Talent na Jucesp consta ainda um pedido de bloqueio de bens de outubro de 2015 de mais de R$ 2 milhões. Trata-se de uma decisão tomada pela Justiça Federal com base nas acusações de improbidade administrativa contra Rose, o ex-marido João Vasconcelos, a New Talent e outros investigados na Operação Porto Seguro por integrarem uma rede de tráfico de influência no setor
público.


DENÚNCIA
Na edição que circulou sábado 6, ISTOÉ mostrou outros favorecimentos à Rosemary

(Crédito:Reprodução)


UM PRESENTE MILIONÁRIO

As ajudas recebidas por Rosemary Noronha foram além do contrato firmado pela OAS com a New Talent a pedido de Lula. Como ISTOÉ mostrou com exclusividade na sua última edição, a amiga do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria recebido um dúplex no Condomínio Residencial Ilhas D’ Itália, com cerca de 150 metros quadrados e piscina interna, localizado em uma área valorizada da capital paulista. Documentos e depoimentos colhidos por integrantes do Ministério Público de São Paulo que conduzem a operação Alcatéia, uma nova fase da investigação do tríplex ocultado pela família Lula no Guarujá, mostram que há fortes indícios de que Rose recebeu o apartamento sem pagar nada pelo bem. O empreendimento foi iniciado pela falida Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), que lesou sete mil famílias, e finalizado pela OAS. Rose faria parte de um grupo de pessoas ligadas a Lula, à cúpula do PT e à Central Única dos Trabalhadores que teria se beneficiado de fraudes na cooperativa e das transferências de empreendimentos inacabados para a OAS.

Em nota enviada à ISTOÉ na última semana, Rosemary Noronha afirmou que não recebeu “nenhum apartamento” e que forneceu “documentação que comprova a quitação do apartamento que” adquiriu. A questão, para o Ministério Público de São Paulo, é que Rosemary enviou apenas os comprovantes de pagamento de um outro imóvel, localizado no Condomínio Torres da Mooca. Não mandou aos promotores nenhum documento ou explicação do dúplex de 150 metros quadrados, que está em nome de sua filha Mirelle. Às autoridades, a própria Mirelle disse que quem obteve o dúplex foi sua mãe. Em janeiro de 2014, Rose teria repassado o imóvel para a filha, que também não conseguiu comprovar o pagamento.

Lava-Jato: depois dos polêmicos casos do sítio e do triplex, Lula agora está preocupado com Palocci





Os escândalos do sítio em Atibaia e do apartamento triplex em Guarujá já não preocupam tanto a defesa de Luiz Inácio da Silva, que até agora não conseguiu provar a aludida inocência do dramaturgo do Petrolão. Por enquanto, o advogado Cristiano Zanin Martins, porta-voz dos defensores do petista, tem se limitado a negar o inegável.

A preocupação dos criminalistas que tentam salvar Lula de inevitável condenação migrou para a possibilidade cada vez mais real de o “companheiro” Antonio Palocci Filho aderir à colaboração premiada. Preso desde 26 de setembro, no rastro da Operação Omertà (35ª fase da Operação Lava-Jato), Palocci já percebeu que a saída para deixar o cárcere é revelar o que sabe sobre o maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão.

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos decorrentes da Lava-Jato, na quinta-feira (20), em Curitiba, o ex-ministro disse que está disposto a colaborar e que tem informações em quantidade suficiente para que o magistrado trabalhe pelo menos mais um ano. Palocci afirmou que tem documentos, nomes e endereços de pessoas que realizaram operações que violam a legislação.

Alegando que jamais cobrou propina enquanto ministro de Estado, Antonio Palocci Filho afirmou serem mentirosas as declarações de políticos e partidos de que doações de campanha foram recebidas de forma legal e de acordo com o que determina a legislação eleitoral. O petista declarou que caixa 2 sempre existiu e que ninguém pode negar esse fato.

Com o Partido dos Trabalhadores na alça de mira de Palocci, que foi abandonado pelos “companheiros”, a cúpula da legenda já trabalha com o pior cenário: a abertura da cortina que esconde detalhes sobre o esquema de corrupção que sempre moveu a política nacional, mas que alcançou seu ápice na era petista.

A chance de Antonio Palocci avançar nas negociações de acordo de colaboração premiada ganhou reforço extra nesta semana, pois o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido de habeas corpus protocolado pela defesa do ex-ministro da Fazenda. De tal modo, a delação é o que sobrou ao petista.

No caso de Palocci chegar a bom termo com os integrantes da força-tarefa da Lava-Jato, as investigações deverão abrir uma nova frente, já que o ex-ministro prestou serviços de consultoria (sic) a bancos e instituições financeiras, como antecipou o UCHO.INFO há anos.

A declaração de Antonio Palocci no depoimento ao juiz da Lava-Jato, de que está disposto a colaborar, foi um claro e derradeiro recado ao Partido dos Trabalhadores. Quem conhece a política nacional em suas entranhas sabe que as principais legendas aproximam-se de forma célere da implosão. Isso porque apenas um contingente pequeno de políticos escapará das garras da Lava-Jato.

21 de Abril de 2017

Lula e Marisa queriam passar festas de fim de ano em tríplex, diz Léo Pinheiro


Ex-primeira-dama teria pedido para obras ficarem prontas antes das comemorações

por O Globo
Apartamento tríplex no Edifício Solarius, no Guarujá, que seria de Lula, segundo Léo Pinheiro
Marcos Alves


RIO — Além de confirmar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era o dono do tríplex no Edifício Solaris, no Guarujá, litoral paulista, o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, afirmou em depoimento ao juiz Sérgio Moro que o petista e sua mulher, Marisa Letícia, falecida em fevereiro, pretendiam passar as festas de fim do ano de 2014 no apartamento.

Léo Pinheiro declarou que, em janeiro de 2014, Lula o procurou porque queria fazer, junto com a mulher, uma visita ao apartamento. De acordo com o ex-executivo da OAS, a reforma foi aprovada pelo casal e já estava adiantada. Em uma segunda visita ao imóvel, Marisa pediu que as obras ficassem prontas antes do fim do ano.

— Dona Marisa me fez um pedido, disse olha: 'Nós gostaríamos de passar as festas de fim de ano aqui no apartamento. Teria condições de estar pronto?'. Eu disse: 'Olha, pode ficar certa que, antes disso, nós vamos entregar tudo pronto' — declarou o ex-executivo no depoimento.

Segundo Léo Pinherio, o imóvel reformado pela OAS já estava reservado para o ex-presidente antes da negociação com a Bancoop, cooperativa que repassou o prédio para a empreiteira após problemas financeiros.

— O apartamento era do presidente Lula desde o dia que me passaram para estudar o empreendimento da Bancoop. Já foi me dito que era para o presidente Lula e sua família. Que eu não comercializasse, e tratasse aquilo como coisa do presidente Lula — confirmou Pinheiro.

A defesa de Lula afirmou que Léo Pinheiro mentiu em seu depoimento ao juiz Sérgio Moro para ter seu acordo de colaboração premiada aceito pelo Ministério Público Federal (MPF). Em nota divulgada no início da noite, a defesa do ex-presidente alega que outras testemunhas negaram que tríplex pertence a Lula. Diz também que a afirmação do empreiteiro é "incompatível com documentos da empresa, alguns deles assinados por Léo Pinheiro".

"A versão fabricada de Pinheiro foi a ponto de criar um diálogo — não presenciado por ninguém — no qual Lula teria dado a fantasiosa e absurda orientação de destruição de provas sobre contribuições de campanha, tema que o próprio depoente reconheceu não ser objeto das conversas que mantinha com o ex-presidente", diz trecho da nota.

21/04/2017


Ex-presidente da OAS confirma que tríplex era de Lula


Em depoimento a Sérgio Moro, Pinheiro disse que só não teve prejuízos porque negociou esquemas com a refinaria Abreu e Lima


por Flávio Freire
O Globo

Ex-presidente da OAS confirma que tríplex era de Lula
Marcos Alves / Agencia O Globo
27/01/2016

SÃO PAULO — Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro, confirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era o dono do apartamento tríplex no Edifício Solaris, na praia de Astúrias, no Guarujá, litoral paulista. Segundo ele, o imóvel já estava reservado para o líder petista antes mesmo da negociação com a Bancoop, cooperativa que repassou o prédio para a empreiteira após problemas financeiros.

— O apartamento era do presidente Lula desde o dia que me passaram para estudar o empreendimento da Bancoop. Já foi me dito que era para o presidente Lula e sua família. Que eu não comercializasse, e tratasse aquilo como coisa do presidente Lula — disse Pinheiro.

Ele ainda informou que a empresa só não teve prejuízos na reforma do apartamento porque as despesas foram pagas com a negociação de vantagens indevidas num contrato com a refinaria Abreu e Lima.

O juiz Moro quis saber:

— O imóvel dele (Lula) no contrato era (o apartamento) 141, mas foi-lhe dito que era o triplex?

Pinheiro respondeu:

— Exatamente, e que eu poderia dispor do 141 para comercializar.

Moro retrucou: — Mas qual explicação?

Pinheiro respondeu: — Na época falaram que já estava acordado entre (O ex-tesoureiro João) Vaccari e o presidente que ele ficaria com o triplex, e não no 141

O magistrado quis saber porque foi feito um contrato com Lula que não era do triplex.

— Não sei — disse o empreiteiro.

Ao longo do depoimento, Pinheiro deu detalhes do processo de compra e venda do apartamento. Segundo ele, inicialmente tratava-se de um apartamento de 80 metros quadrados, mas logo depois a família do ex-presidente decidiu por um de 240 metros. O empresário disse que, nesse caso, haveria uma diferença de preço, e passou a cobrar Vacari e também Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula.

— Tinha uma diferença de preço, obviamente. Eu cobrei isso do João Vacari, cobrei isso do Okamoto, que sempre cuidou, pelo meu conhecimento e pelas informações do presidente, desta parte do Instituto, das palestras, sempre ele que cuidava da parte financeira. Eu falei com ele várias vezes. E ele, vamos aguardar.

Segundo o empresário, a reforma ficou parada por conta da proximidade com a eleição de 2010. Depois, em razão de um problema de saúde do ex-presidente. Os investimentos feitos no apartamento era para atender um apartamento específico para uma família.

— Entenda bem, com todo respeito, a família do ex-presidente.

Após o depoimento, o advogado de Lula, Cristiano Martins, negou as acusações:

— É uma mera afirmação de alguém que negociou a versão com o Ministério Público. É uma afirmação incompatível com a realidade dos fatos. Até porque a OAS colocou o imóvel como garantia diversas vezes como sendo dela. O importante é que no dia 3 lula vai estar aqui para mostrar a realidade dos fatos.


20/04/2017

Contexto: a confirmação sobre o tríplex de Lula, sete anos depois

Após sucessivas negativas de Lula, propriedade é atestada
por O Globo

A primeira reportagem que liga o ex-presidente ao tríplex foi publicada em 10 de março de 2010 no GLOBO
Reprodução


SÃO PAULO - Ao afirmar na quinta-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é mesmo dono do tríplex reformado pela OAS no edifício Solaris, no Guarujá, litoral paulista, Léo Pinheiro confirmou informações publicadas pelo GLOBO desde 2010. Em uma reportagem daquele ano, a assessoria de imprensa da Presidência da República confirmava que o imóvel pertencia a Lula. Desde o início das investigações da Lava-Jato, no entanto, o ex-presidente tem dito que apenas comprou cotas de um apartamento comum no 14º andar, chegou a analisar a mudança para o tríplex, mas desistiu.

A primeira reportagem que liga o ex-presidente ao tríplex foi publicada em 10 de março de 2010, quando a OAS assumiu dezenas de obras paradas da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), que passava por problemas financeiros. O texto dizia que o casal Lula da Silva estava na fila de cooperados que aguardavam há cinco anos a conclusão da obra. Procurada, na época, a Presidência “confirmou que Lula continua proprietário do imóvel”.

Durante o interrogatório de ontem com o juiz Sérgio Moro, o próprio Léo Pinheiro fez referência à reportagem:

— Em 2010, O GLOBO trouxe uma reportagem enorme sobre esse empreendimento dizendo que o tríplex pertencia ao Lula. Fiquei preocupado e procurei o (Paulo) Okamoto. Perguntei como deveria proceder, já que o tríplex estava em nosso nome e a aquisição por parte da família do presidente era de cotas e não tinha havido adesão para o empreendimento. O Vaccari conversou comigo dizendo que esse apartamento... a família tinha a opção de um apartamento tipo (uma unidade normal), tinham comprado cotas, e que eu não comercializasse o tríplex.

Em dezembro de 2014, outra reportagem do GLOBO dizia que a OAS havia terminado a obra do Solaris antes dos demais edifícios herdados da Bancoop. Funcionários do condomínio relataram que a ex-primeira-dama Marisa Letícia “providenciou a decoração do local” e que a família havia solicitado a instalação de um elevador privativo.

Em agosto de 2015, o jornal informou que uma corretora de valores imobiliários chamada Planner repassou dinheiro para a OAS durante a finalização da obra do edifício Solaris. No período, a Planner havia recebido da GDF, empresa usada para lavar dinheiro do doleiro Alberto Youssef, um valor de R$ 3,7 milhões, supostamente para o tríplex.

Lula questionou, na Justiça, a publicação dessa reportagem e moveu um processo contra jornalistas do GLOBO em que pedia indenização por danos morais.

Em dezembro de 2015, o pedido foi negado pela 48ª Vara Cível do Rio. Em setembro do ano passado, a 14ª Vara Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio confirmou a decisão em primeira instância. O desembargador Gilberto Guarino, relator do caso, entendeu que o jornal não fez juízo de valor e apenas divulgou a existência de investigações contra o ex-presidente.

21/04/2017

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Primeiramente, fora Lula!


Lula viveu de obséquios. Vive.
O dinheiro não o atrai.
A rotina da política, tampouco.
O conforto e as facilidades, sim.
Terceiriza a missão de obtê-las

Arte: Antonio Lucena

Por Ricardo Noblat


Quem foi Marcelo Odebrecht?
O mandachuva do país durante o reinado do PT? O chefe de uma sofisticada organização criminosa? Ou o “bobo da corte” afinal preso e forçado a delatar?


E Lula, quem foi?
O primeiro operário a chegar ao poder? O maior líder popular da História? Ou o presidente que fez da corrupção uma política de Estado?


Marcelo será esquecido. Luiz Inácio Odebrecht da Silva, jamais.

Em dezembro de 1989, poucos dias após a eleição do presidente Fernando Collor de Melo, o deputado Ulysses Guimarães (PMDB-SP), ex-condestável do novo regime, almoçava no restaurante Piantella, em Brasília, quando entrou a cantora Fafá de Belém, amiga de Lula. “Como vai Lula?”, perguntou Ulysses. Fafá passara ao lado dele o domingo da sua derrota para Collor.

E contou: “Lula ficou muito chateado, mas começamos a beber e a comer, os meninos foram para a piscina e ele acabou relaxando”. Ulysses quis saber: “Tem piscina na casa de Lula?” Fafá explicou: “Tem, mas a casa é de um compadre dele, o advogado Roberto Teixeira”. Ulysses calou-se. Depois comentou com amigos: “O mal de Lula é que ele parece gostar de viver de obséquios”. Na mosca!

Lula viveu de obséquios. Vive. O dinheiro não o atrai. A rotina da política, tampouco. O conforto e as facilidades, sim. Terceiriza a missão de obtê-las.

O poder sempre o fascinou. E para conquistá-lo e mantê-lo, mandou às favas todos os escrúpulos que não tinha.

Os que o cercam em nada se surpreenderam com a figura que emerge das delações dos executivos da Odebrecht.

É um pragmático, oportunista, que se revelou um farsante. Emilio, o patriarca dos Odebrecht, decifrou Lula muito antes de ele subir a rampa do Palácio do Planalto. Conquistou-o com conselhos e dinheiro.

Perdeu nas vezes em que ele foi derrotado. Recuperou o que perdeu e saiu com os bolsos estufados quando Lula e Dilma governaram. Chamava-o de “chefe”. Emílio era o chefe.

Nos oito anos da presidência do ex-operário que detestava macacão e sonhava com gravatas caras, o país conviveu com o Lula que pensava conhecer e, sem o saber, também com Luiz Inácio Odebrecht da Silva, só conhecido por Emílio e alguns poucos.

“Cuide do meu filho”, um dia Lula pediu a Emílio. Que retrucou: “Cuide do meu também”. Emílio cuidou de Fábio. Lula, de Marcelo.

De Lula cuidaram Emílio e Marcelo, reservando-lhe uma montanha de dinheiro em conta especial para satisfazer-lhe todas as vontades. Lula retribuiu com decisões governamentais que fizeram a Odebrecht crescer muito mais do que a Microsoft em certo período.

A Odebrecht pagou a Lula, e Lula pagou a Odebrecht, com a mesma moeda – recursos públicos. Quem perdeu com isso?

A Odebrecht ganhou mais dinheiro à custa de Lula do que ele à custa dela, mas Lula foi mais esperto. Criou seu próprio banco, administrado pela empreiteira. E quando precisava sacar, outros o faziam em seu nome.

Imagina não ter deixado impressões digitais nas negociatas em que se meteu. A polícia já identificou muitas. E outras serão identificadas antes do seu depoimento em Curitiba.

Corrupção mata. Mata sonhos, esperanças, alucinações. Mata o passado, o presente e compromete o futuro. Mata também de morte morrida à falta de saneamento, hospitais, escolas, segurança pública. A impunidade mata tanto ou mais.

A hora e a vez são da Justiça. E ela será julgada pelo que fizer ou deixar de fazer.
17/04/2017 



EUA condenam Odebrecht a pagar US$ 2,6 bilhões em multas


Paulo Whitaker/Reuters
Sede da Odebrecht em São Paulo

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
DE NOVA YORK
Folha de São Paulo


O juiz Raymond Dearie, do Tribunal Federal do Brooklyn, condenou nesta segunda-feira (17) a empreiteira Odebrecht a pagar multa de US$ 2,6 bilhões por ter subornado agentes públicos no exterior.


Conforme a decisão, serão US$ 93 milhões para o Tesouro dos Estados Unidos, US$ 2,391 bilhões ao Brasil e US$ 116 milhões à Suíça.

A Odebrecht e a Justiça americana fizeram um acordo aceitando que a pena adequada seria de US$ 4,5 bilhões. A Odebrecht, no entanto, argumentou que não suportaria pagar mais de US$ 2,6 bilhões.

Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, foi feito um estudo com autoridades americanas e brasileiras que concluiu que a multa deveria respeitar o valor mínimo alegado pela empreiteira –os US$ 2,6 bilhões.

Além do pagamento da multa, a empreiteira aceitou aumentar os investimentos em seu setor de "compliance".

A fixação do valor da multa veio após a Odebrecht admitir, em dezembro passado, que pagou a agentes públicos de vários países, ao menos desde 2001, US$ 788 milhões para firmar contratos, conforme noticiou a agência Bloomberg.

A Braskem, empresa petroquímica do grupo Odebrecht, também admitiu em dezembro ter pago suborno e teve multa fixada em janeiro em US$ 632 milhões.











17 de abril de 2017

Lista de Fachin deve ter desmembramentos dentro do STF


O número de inquéritos que vão ser desmembrados do tronco da Lava Jato ainda não está definido pela Procuradoria-Geral da República (PGR)

Breno Pires e Beatriz Bulla, de Brasília Estadão
Edson Fachin.
Foto: Carlos Humberto/SCO/STF


Brasília – Uma parte da “Lista de Fachin” ainda passará por redistribuição no Supremo Tribunal Federal. A solicitação de abertura de inquéritos foi direcionada ao ministro Edson Fachin porque os acordos de colaboração dos executivos e ex-executivos da empresa têm como motivo primário apurar crimes relacionados à Operação Lava Jato — da qual ele é o relator na Corte. Mas os fatos que têm conexão com outros casos já em investigação devem mudar de relator, assim como casos que não tenham relação com o esquema que originou a Lava Jato — o que apurava desvios relacionados à Petrobrás.

O número de inquéritos que vão ser desmembrados do tronco da Lava Jato ainda não está definido pela Procuradoria-Geral da República (PGR). No momento em que enviou os pedidos de abertura de inquérito, a Procuradoria não apontou para a necessidade de redistribuir alguns casos. Deixou para fazê-lo a partir da chegada das primeiras decisões do ministro Fachin. Haverá uma análise caso a caso, e uma nova manifestação deverá ser encaminhada a Fachin em cada inquérito no qual a PGR julgar necessidade de redistribuição.

Um dos casos que não têm relação direta com a Lava Jato e que devem ser redistribuídos, segundo apurou o Broadcast Político, é o da Cidade Administrativa, em Minas Gerais. É neste inquérito que será investigada a suspeita de que, em 2007, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), recém-empossado para o segundo mandato de governador do Estado, teria um organizado esquema para fraudar processos licitatórios, mediante organização de um cartel de empreiteiras, na construção do centro administrativo em Minas Gerais, com o objetivo de obter propinas decorrentes dos pagamentos das obras. Aécio será investigado junto com Oswaldo Borges da Costa, então presidente da Codemig, que foi o auxiliar do governador no contato com a Odebrecht. A informação é que não há prevenção neste caso, o que poderia motivar um sorteio de um novo relator.

Após a PGR se manifestar, Edson Fachin poderá aceitar ou recusar o pedido de redistribuição. Ele poderá seguir sendo relator de alguns processos mesmo que não haja relação com a Lava Jato. Isso porque ele já era relator de alguns inquéritos que não tem a ver com a megaoperação antes mesmo da morte do minsitro Teori Zavascki, em janeiro. A título de exemplo, investigações sobre a usina hidrelétrica de Belo Monte já estavam no gabinete de Fachin antes de ele ser sorteado o novo relator da Lava Jato no início de fevereiro.

Já houve mudança de relator em alguns casos que começaram a tramitar no STF como relacionados à Lava Jato. Em setembro de 2015, a Corte decidiu que uma investigação sobre supostos desvios no Ministério do Planejamento relacionados ao “Fundo Consist”, iniciada pela Justiça Federal do Paraná e enviada ao STF devido à presença da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), não tinha conexão com a Lava Jato e apontou necessidade de redistribuir. A relatoria passou de Teori Zavascki, por sorteio, para o ministro Dias Toffoli — o caso ainda está em tramitação. A determinação para haver redistribuição deve ser feita pela presidência da Corte, no caso atual, pela ministra Cármen Lúcia.

Um outro caso que chegou a Teori Zavascki pela Lava Jato, mas foi redistribuído, é o do suposto pagamento de propina da construtora OAS ao senador Agripino Maia (DEM-RN), em troca de auxílio político à construtora, para facilitar a liberação de recursos de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) direcionados à construção da Arena das Dunas, para a Copa do Mundo de 2014. A empreiteira venceu a licitação da obra na gestão da ex-governadora Rosalba Ciarlini (DEM), aliada de Maia. No dia 4 de abril, um inquérito sigiloso contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi redistribuído para Barroso, depois que a PGR enxergou conexão entre os dois casos, em que são apuradas suspeitas de que os parlamentares teriam cometido os crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro em troca de favorecimento à empreiteira OAS.
17 Abril 2017