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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

CCJ do Senado rejeita audiência com Tuma Junior


Ex-secretário nacional de Justiça faz revelações em livro-bomba.

VEJA mostrou relato sobre uso da máquina contra opositores e conta do mensalão nas Ilhas Cayman


Gabriel Castro, de Brasília
Veja.com


APARELHO CLANDESTINO - Romeu Tuma Junior: "Recebi ordens para produzir e esquentar dossiês contra uma lista inteira de adversários do governo" (Paulo Vitale)

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado rejeitou nesta quarta-feira um requerimento de convite a Romeu Tuma Junior, secretário nacional de Justiça durante parte do governo Lula. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) queria que ele fosse ouvido a respeito das revelações de seu novo livro, "Assassinato de Reputações - Um Crime de Estado".

VEJA mostrou trechos do livro em que Tuma Junior revela, dentre outros fatos, o uso da máquina pública para montar dossiês contra adversários, o esquema de corrupção que motivou a morte do ex-prefeito de Santo André, o petista Celso Daniel, e a existência de uma conta criada nas Ilhas Cayman para movimentar recursos do mensalão.

A base aliada se mobilizou pela derrubada do requerimento. "O Senado não cumpre um de seus deveres essenciais, que é o de fiscalizar o Executivo. As denúncias são da maior gravidade: o que se denuncia é a existência de um aparelho policial marginal na estrutura da administração federal", criticou o senador Alvaro Dias, autor do requerimento, após a sessão.

Agora, Dias quer fazer um convite extra-oficial para que Tuma Junior compareça ao Senado e fale a parlamentares interessados. Também nesta quarta, a base governista conseguiu o adiamento da votação de um convite a Tuma Junior na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara. Com isso, o requerimento só voltará a ser analisado - se for - em 2014.


11.12.2013


Charge




Exibindo 00rs1210b.JPG

Sponholz

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Tudo é história: um aniversário e a sala do sofá vermelho. Ou: O “ganso” de Romeu Tuma





Por Reinaldo Azevedo

Vejam esta outra foto. É de 1978, ano em que Romeu Tuma Jr. entrou na Polícia — ele se aposentou neste 2013, com 35 anos de serviço. Aparece perto do pai, que comemorava no Dops os seus 47 anos. A sala em que se apagam as velinhas, um anexo do gabinete de Tuma pai, tem história.



Ali ficava o sofá no qual Lula dormiu, segundo Tuma Jr., a maior parte dos dias em que esteve preso. Raramente dividia a cela com os demais “companheiros”. O delegado não está dizendo que o chefão petista era informante direto dos generais.

Segundo afirma, ele era um “ganso” do chefe do Dops. “Ganso”, na gíria profissional, é aquele que serve para alertar a polícia sobre eventuais problemas, entendem?

Funcionava assim: Lula falava com Tuma, e Tuma falava com os generais.

A menos o sofá em que Lula expelia os humores do sono era vermelho.
10/12/2013

Romeu Tuma Jr. e Lula em 1980: A FOTO



Por Reinaldo Azevedo


A primeira investida do aparelho midiático petista, financiado por estatais, foi afirmar que Romeu Tuma Jr. não tinha como saber o que se passava no Dops em 1980 porque seria ainda um jovem, com pouco mais de 16 anos. A tentativa de desqualificação se baseava numa informação errada, publicada na Wikipedia. Lá se informava que o delegado teria nascido no dia 4 de outubro de 1963. Ocorre que ele é do dia 13 de agosto de 1960 — prestou o chamado concurso IP/78, conforme este blog revelou nesta segunda.

Também se falou de uma foto.

Aqui está ela.



Em maio de 1980, na porta do Dops, Tuma Junior (de bigode, à direita na imagem) atua como guarda-costas de Lula (que aparece ao lado da mulher, Marisa). Romeu Tuma pai achava a tarefa tão importante e tinha tal zelo pessoal pela segurança do sindicalista que escalou o próprio filho. Era uma tarefa de absoluta confiança.

Segundo Tuma Junior (que escreveu, em parceria com Cláudio Tognolli, o livro “Assassinato de Reputações — Um Crime de Estado”), Lula era, para o regime militar, bem mais (ou bem menos, a depender do ponto de vista) do que um sindicalista rebelde: era um informante, que gozava de privilégios na prisão.


10/12/2013


Tuma Jr. nasceu em 1960, não em 1963, e já era policial em 1980, ano em que Lula foi preso; em foto, ele aparece escoltando o petista no Dops. Ou: Quanto ao denunciante, vamos aos fatos. Só aos fatos



http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/files/2013/12/Caderno-fotos-01-5.jpg


Por Reinaldo Azevedo

Comecei a receber uma enxurrada de comentários — não de comentaristas; já explico — cobrando-me por tudo o que já publiquei neste blog sobre o delegado Romeu Tuma Junior.

Os preclaros estariam apontando a minha suposta incoerência. Ai, ai… Só sou imodesto numa coisa: tenho a melhor memória que conheço. Sei muito bem o que publiquei. E até farei um pequeno mea-culpa, mas não aquele que os petralhas esperam.

Ah, sim: por que é “enxurrada de comentários, não de comentaristas”? Porque chegam grupos de 10, 15, 20 postagens com o mesmo IP.

Vale dizer: é a mesma meia dúzia de petralhas assumindo identidades diferentes: ora entram como asnos, ora como zebras, ora como antas…

Que coisa chata!

Não façam isso!

O procedimento funciona naqueles blogs financiados por estatais. Aqui não! Há mecanismos para identificar picaretagem. Mas isso tudo é o de menos.

Atenção para os fatos:


1 – Tuma Junior não nasceu no dia 4 de outubro de 1963, como informa a Wikipedia, mas no dia 13 de agosto de 1960. Assim, em 1980, quando Lula foi preso, ele tinha 20 anos. Quem nasceu em 4 de outubro foi seu pai, Romeu Tuma;

2 – assim, em 1980, quando Lula foi preso, Tuma Junior tinha 20 anos e estava na Polícia havia dois. Ele prestou o concurso para investigador IP1/78 (o “78” é o ano);

3 – acalmem-se os mais ansiosos: quando o livro chegar às mãos dos leitores, há lá uma foto de Tuma Junior escoltando Lula no Dops.

4 – Tuma Junior se aposentou na Polícia neste ano, com 35 anos de serviço: 2013 – 35 = 1978.

Por que isso ganhou relevância?

O delegado — que escreveu o livro “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado” — diz que Lula foi, na verdade, um informante de seu pai, Romeu Tuma, então chefe do Dops.

Estão alegando por aí que ele não teria como saber disso porque, supostamente nascido em 1963, não teria nem feito 17 anos à época e não poderia estar na Polícia.

Bem, em primeiro lugar, convenham, dá para saber muita coisa com essa idade e mesmo fora do aparelho policial.

Ocorre que Tuma Junior tinha 20 e já havia prestado concurso e sido aprovado.

Pois é…

Antes mesmo que se conheçam mais detalhes do livro, começou o trabalho de desqualificação do denunciante, uma prática que o ministro Gilberto Carvalho diz ser muito feia. Feíssima.

Segundo ele, é preciso que se preste atenção ao que está sendo denunciado. Como Carvalho diz ser essa uma regra válida para os adversários do PT, suponho que também valha para o petismo.

Sim, noticiei algumas coisas sobre Tuma Junior no clipping e escrevi textos. Como sabe o delegado, eu não ganhava nada nem antes nem agora. Costumo ter o mau hábito de tratar aqui do que é notícia. É claro que a “ética” dos que estão a serviço do petralhismo é outra: antes, quando não recebiam de estatais, eram todos inimigos do partido; agora, viraram lulo-petistas fanáticos.

Essa gritaria é só cortina de fumaça pata tentar impedir a apuração das denúncias. Quanto a Tuma Junior, cabe-me, sim, um mea-culpa — mas não só a mim. Talvez fosse conveniente que a totalidade da imprensa o fizesse no caso.

Por quê?

Prestem atenção:

FATO UM – A Comissão de Ética Pública da Presidência da República concluiu que nada havia contra ele (veja documento);

FATO DOIS – A sindicância feita pelo Ministério da Justiça concluiu que nada havia contra ele (veja documento);

FATO TRÊS – Inquéritos da PF — houve mais de um pelo mesmo fato — foram arquivados sem resultar em indiciamento. E olhem que ele já era um maldito;

FATO QUATRO – O Ministério Público nunca ofereceu denúncia sobre nada;

FATO CINCO – Uma acusação de improbidade administrativa por conta de uma apreensão de dólares no aeroporto de Cumbica foi arquivada pelo Ministério Público por falta de evidência de que se tivesse cometido algum crime.

Qual é o mea-culpa? Eu explico. Nem eu e, até onde sei, quase ninguém (e escrevo o “quase” para a hipótese de que alguém o tenha feito) noticiamos os FATOS — apenas fatos — que eram favoráveis a ele.

Vejam aqui o que diz a Comissão de Ética Pública.


Agora vejam o resultado da sindicância do Ministério da Justiça.


Estão querendo debater lateralidades. A questão central é outra. Tuma Junior está denunciando uma máquina incrustada no aparelho estatal para produzir dossiês contra adversários políticos.

O ministro José Eduardo Cardozo não tem saída. Tão logo compre o seu exemplar na livraria, está obrigado a enviar o material para a Polícia Federal e cobrar: “Investigue-se tudo!”.

Se ele faz isso com denúncia anônima, por que não o faria com aquela que vem com assinatura? Mais: Tuma Junior aceita falar às instâncias pertinentes do Congresso.


Por que o pânico?


Parece haver certo pânico no petismo com essa história. Que o partido sempre recorreu a práticas policialescas para perseguir adversários, convenham, não é novidade.

Quem não se lembra do dossiê dos aloprados, por exemplo? Ocorre que Tuma Junior acusa em seu livro algo bem mais grave: trata-se da mobilização da máquina do estado para perseguir adversários, que é rigorosamente o que se faz nos chamados estados bolivarianos: criminaliza-se a divergência para que a perseguição política passe como um caso de polícia.


Finalmente:

1: não fui eu quem nomeou Tuma Junior secretário nacional de Justiça; foi Lula!

2: não fui eu quem disse que ele nada devia quanto à questão ética: foi a comissão do governo… Lula!


3: não fui eu quem atestou a sua idoneidade, mas o Ministério da Justiça do governo… Lula!


O que estão a sugerir os paus-mandados no petismo, financiados por estatais?

Que não se deve confiar em Lula, na Comissão de Ética de Lula e no Ministério da Justiça de Lula?


10.12.2013

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Charge





  Angeli

Oposição quer ouvir Tuma Jr. sobre 'livro-bomba'


Ex-secretário nacional de Justiça afirmou em entrevista a VEJA que recebia ordens do governo Lula para produzir dossiês contra adversários políticos

Veja.com
 
APARELHO CLANDESTINO - Romeu Tuma Junior: "Recebi ordens para produzir e esquentar dossiês contra uma lista inteira de adversários do governo" (Paulo Vitale)

Os partidos de oposição – PSDB, DEM e PPS – no Congresso tentarão convocar o ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Junior para dar mais detalhes das revelações feitas no livro "Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado", que chegará às livrarias nesta semana. Conforme revelou VEJA, o autor afirmou que recebeu ordens enquanto esteve no cargo para "produzir e esquentar" dossiês contra adversários do governo Lula.

Durante três anos, Tuma Junior comandou a Secretaria Nacional de Justiça, cuja mais delicada tarefa era coordenar as equipes para rastrear e recuperar no exterior dinheiro desviado por políticos e empresários corruptos. Pela natureza de suas atividades, Tuma ouviu confidências e teve contato com alguns dos segredos mais bem guardados do país, mas também experimentou um outro lado do poder — um lado sem escrúpulos, sem lei, no qual o governo é usado para proteger os amigos e triturar aqueles que são considerados inimigos. Entre 2007 e 2010, período em que comandou a secretaria, o delegado testemunhou o funcionamento desse aparelho clandestino que usava as engrenagens oficiais do Estado para fustigar os adversários.

"É importante aprofundar questões colocadas por Tuma Junior no livro. Ele retirou do armário alguns esqueletos que ainda não foram totalmente retirados", disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). Para o tucano, o ideal é que Tuma Júnior preste depoimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. "É preciso ver se ele tem documentos que possam dar credibilidade às denúncias. Ele é um policial experiente, não faria isso (denunciar) sem ter algum material (que comprove as acusações)", disse. "Ouvindo o Tuma oficialmente, teremos subsídios para protocolar a denúncia na Procuradoria Geral da República (PGR) e instaurar inquéritos."

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), afirmou que o partido apresentará requerimento na Comissão de Segurança Pública para ouvir o delegado. “As denúncias apresentadas, se confirmadas, tem um caráter explosivo que pode superar até o mensalão. O uso do aparelho do Estado para perseguir e investigar ilegalmente adversário políticos é uma prática inescrupulosa típica de ditaduras. Não podemos admitir isso e pretendemos trazer Tuma até a Câmara para ouvir todo o seu relato”, afirmou Bueno. “O primeiro passo é ouvir Tuma. E, diante de denúncias desse tipo, acredito que uma CPI precisa ser aprovada imediatamente."

Nesta segunda-feira, o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), também apresentará requerimento convidando Tuma Júnior para comparecer à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.
(Com Estadão Conteúdo)

domingo, 8 de dezembro de 2013

VEJAM ESSA: o governo petista do DF construía, clandestinamente, celas especiais para abrigar os mensaleiros em caso de condenação. A Justiça proibiu


 

A SALA DOS MENSALEIROS -- As celas para os presos "especiais" -- os mensaleiros -- seriam individuais e teriam cama de solteiro, banheiro com privada, chuveiro elétrico e televisão, muito mais confortáveis do que o padrão da penitenciária da Papuda (FOTO: Cristiano Mariz)

Por Ricardo Setti
Reportagem de Hugo Marques
VEJA

ENTRE A CELA E A SALA

Às vésperas da eventual decretação da prisão dos mensaleiros, a Justiça manda suspender obras em presídio que estava sendo reformado para dar mais conforto aos petistas condenados

É inquestionável que no sistema prisional brasileiro impera, como regra, o sistema de punição extremada adicional.

Um criminoso condenado à pena de privação da liberdade vai ser submetido na penitenciária a uma série de outros castigos.

Ele pode ser estuprado.

Com certeza vai ser achacado por grupos de bandidos que comandam o comércio de drogas e produtos ilegais na cadeia e que vão exigir um pedágio para que os familiares consigam fazer chegar ao preso pacotes com roupas, comida e cartas.

Com raras exceções, o presidiário vai ter de sobreviver em celas superlotadas, em condições desumanas.

Ou seja, adicionalmente à pena de perda da liberdade, ele sofrerá castigos extremos aos quais a Justiça não o condenou. Esse é o destino que espera alguns dos mensaleiros condenados pelo Supremo Tribunal Federal a penas de prisão fechada, caso se confirme a sentença, com a aceitação ou não dos embargos infringentes.

É justo submetê-los ao inferno carcerário brasileiro convencional ou, por se tratar de políticos, banqueiros e empresários, o grupo não deveria cumprir pena no mesmo ambiente onde estão estupradores, assassinos e assaltantes violentos? Essa é a discussão que, certamente, se seguirá ao ato final da eventual condenação dos mensaleiros pelo STF.

Juízes encarregados de fiscalizar os direitos dos presos dizem que não é aceitável colocar os mensaleiros em prisões comuns. Isso equivaleria a expor a vida deles a riscos de morte e agressão violenta. Há consenso entre especialistas em torno dessa questão de que é preciso evitar esse tipo de situação.

Minimizar esses choques, porém, é bem diferente do que se tentou fazer em Brasília, onde o governo [petista] do Distrito Federal mandou construir quatro celas especialmente para receber os mensaleiros condenados. Seriam celas individuais com televisão, cama, chuveiro elétrico e banheiro privativo — uma ala com grau de conforto inaudito em uma penitenciária brasileira.

ALBERGUE -- A ideia do governo petista do Distrito Federal era proporcionar segurança e conforto aos condenados no escândalo do mensalão, como José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha (Fotos: Joel Rodrigues / Estadão Conteúdo :: André Borges / FolhaPress :: Marlene Bergamo / FolhaPress)

Era para tudo ser feito na surdina, mas o plano foi descoberto. No ano passado, o governo do DF liberou 3,3 milhões de reais para obras de reforma e ampliação do Centro de Progressão Penitenciária (CPP), instituição do sistema penal para presos que cumprem penas no regime semiaberto, que trabalham durante o dia e dormem na cadeia.

A obra, segundo o edital, tinha como objetivo ampliar as instalações, criando 600 novas vagas. Como se vê no detalhe da foto no começo deste texto, a ampliação começou — simultaneamente a uma discreta reforma no prédio que fica situado na ponta do complexo.

Ali, no pequeno galpão, trabalhavam até dias atrás pouquíssimos operários. Eles já haviam trocado parte do telhado, reduziam o tamanho das janelas, construíam paredes no interior, revestiam o teto com forro de madeira para diminuir o calor e retocavam a pintura pelo lado de fora.

No pequeno estacionamento à frente do prédio, uma pilha de tijolos e um monte de areia denunciavam a obra. Trabalhadores do local confirmaram que o galpão estava sendo transformado em quatro pequenas salas, com banheiro e instalações completas para receber chuveiro elétrico, televisão e até uma pequena geladeira.

Esses detalhes, porém, deveriam ser omitidos do grande público. Há algumas semanas, o secretário de segurança do DF, Sandro Avelar, foi procurado pelo secretário de Governo, Swedenberger Barbosa, que lhe transmitiu um pedido que recebera do “Diretório Nacional do PT”. Os petistas, segundo ele, queriam saber da possibilidade de promover reformas no CPP de modo a receber alguns dos condenados no processo do mensalão, permitindo que eles cumprissem suas penas com segurança e o mínimo de conforto.

A superlotada penitenciária da Papuda, em Brasília (Foto: Cristiano Mariz)

Combinou-se então a transformação do pequeno galpão nas salas especiais. Já havia o dinheiro liberado e os operários encarregados do serviço. Não fugiria, em princípio, do escopo da obra: ampliação e reforma do complexo.

“Era um pedido legítimo da direção do partido, preocupada com o futuro dos deputados condenados. Em Brasília, hoje, não existe um lugar seguro para os condenados em regime semiaberto cumprirem suas penas em segurança. Não havia motivos para não atender”, explicou um funcionário do governo de Brasília que acompanhou o processo.

Uma reportagem do jornal Correio Braziliense revelou a existência da parte secreta da obra. Na semana anterior à passada, o Supremo Tribunal Federal concluiu a primeira leva de recursos apresentados pelos condenados do mensalão, os chamados embargos de declaração. Alguns dos réus mais destacados, como o ex-ministro José Dirceu, alimentavam a expectativa de que suas penas pudessem ser reduzidas nessa etapa do julgamento. Ficaram só na esperança, porém.

Se os ministros reduzissem a pena que foi imposta a José Dirceu pelo crime de formação de quadrilha, ocorreria uma mudança drástica no seu futuro: ele poderia trocar o regime fechado pelo semiaberto, e, quem sabe, até cumprir a pena nas salas especiais de Brasília.

O ministro Ricardo Lewandowski, mais uma vez, foi um dos que mais se empenharam para convencer a corte a acolher os argumentos dos mensaleiros. No auge de seu esforço, ele chegou a fazer uma acusação grave contra o próprio tribunal: disse que seus colegas ministros teriam aumentado desproporcionalmente as penas de alguns condenados para forçá-los a cumprir a sentença em regime fechado.

O arroubo foi ignorado pela maioria dos ministros. A admissibilidade dos chamados embargos infringentes, e, em caso de admitidos, o seu acatamento constituem a última tentativa de alguns dos réus de reduzir as penas e escapar da cadeia.
DEU ERRADO -- o juiz Ademar Vasconcelos e o secretário Swedenberger Barbosa: privilégio abortado
(Fotos: Sergio Dutti :: José Cruz / ABr)

Na quarta-feira, dia 4, repórteres de VEJA voltaram ao CPP. Os tijolos e a areia tinham desaparecido, assim como os operários que trabalhavam no local. Obra ali? Sim, de fato há duas em andamento: a ampliação das instalações e a reforma, mas, segundo os funcionários do complexo, a versão agora é que os operários estão simplesmente fazendo uma adaptação para transformar o velho galpão em um novíssimo paiol.

Ninguém nunca ouviu falar em salas especiais para mensaleiros.

O desmentido, porém, não convenceu totalmente a Justiça. “Nada pode ser feito à minha revelia. Querer inovar, querer criar modelos dentro de um sistema estabelecido por lei é inaceitável. O Estado não é para privilegiar deputados”, advertiu o juiz Ademar Silva de Vasconcelos, titular da Vara de Execuções Penais.

O magistrado informou ao secretário de Segurança Pública que desautorizava qualquer mudança na estrutura do presídio sem sua prévia concordância.

Procurado, Sandro Avelar disse que não podia falar “sobre o que eu nem sei se existe”. Ex-assessor de gabinete do ex-ministro José Dirceu, o petista Swedenberger Barbosa também negou a intervenção em favor dos mensaleiros. “Vou processar quem fizer qualquer tipo de ilação”, mandou dizer através de um assessor.

Por enquanto, a obra do CPP continua, mas só a de ampliação. A construção do albergue clandestino está oficialmente suspensa.

Livro denuncia ‘fábrica de dossiês’ no governo federal, diz revista




Ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior acusa PT de pressioná-lo para ‘esquentar’ dossiês contra tucanos, diz ‘Veja’

O Globo


SÃO PAULO – Em livro a ser lançado nesta semana, o ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior afirma que havia no Ministério da Justiça no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma “fábrica de dossiês” contra adversários políticos do PT. A informação é de reportagem publicada pela revista “Veja”. Tuma Júnior comandou a Secretaria Nacional de Justiça, ligada ao Ministério da Justiça, de 2007 a 2010, mas foi demitido em junho de 2010 em meio a acusações de envolvimento com o chinês Li Kwok Kwen, conhecido como Paulo Li, preso pela Polícia Federal em São Paulo por contrabando, imigração ilegal e acusado de ser chefe da máfia chinesa na capital paulista.

Em seu livro, intitulado “Assassinato de Reputações – Um crime de estado” (Editora Topbooks), Tuma Filho fala de pedidos que teria recebido de superiores para “esquentar” dossiês contra políticos da oposição, como o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o então senador Tasso Jereissati (PSDB). Menciona também uma suposta conta do mensalão nas Ilhas Cayman, e fala do suposto envolvimento de militantes do PT na morte do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel.

À reportagem de “Veja”, Tuma Júnior diz que, em 2010, o então ministro da Justiça Luiz Paulo Barreto lhe entregou um dossiê apócrifo sobre supostas contas no exterior de Perillo, e ordenou a abertura de uma investigação, que teria sido pedida por Gilberto Carvalho, à época chefe do gabinete do presidente Lula. À revista, Tuma também relata que, em janeiro de 2009, o então senador Aloizio Mercadante (PT) entregou a ele um pendrive contendo um dossiê apócrifo e pediu que ele investigasse Jereissati. Tuma Júnior afirma ainda que o departamento que ele chefiava foi usado "clandestinamente" para obter informações sobre despesas sigilosas da ex-primeira-dama Ruth Cardoso.

A revista afirma que o livro apresenta documentos que mostram que o governo se mobilizou para impedir uma investigação que identificou uma conta secreta nas Ilhas Cayman que supostamente receberia recursos do mensalão. “Eu descobri a conta do mensalão nas Ilhas Cayman, mas o governo e a Polícia Federal não quiseram investigar”, disse Tuma Júnior à revista.

À “Veja”, o autor afirma ainda ter certeza que a morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), em 2002, foi um crime de encomenda e que os empresários que pagavam propina ao PT na cidade não queriam matá-lo, mas "assumiram o risco". “Era para ser um sequestro, mas virou um homicídio”, diz Tuma Júnior, que na época era o delegado encarregado de investigar o caso, à revista. O ex-secretário afirma que o Gilberto Carvalho confessou a ele, aos prantos, que o dinheiro desviado pela prefeitura de Santo André era entregue para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, para ajudar o PT nas eleições. E que Daniel não sabia dos desvios.

Tuma Júnior diz no livro, e reafirma à revista, que o ex-presidente Lula quando sindicalista foi informante do Dops (Departamento de Ordem e Política Social), o órgão de repressão na ditadura em São Paulo, que erá dirigido pelo pai do autor, Romeu Tuma, com quem Tuma Júnior trabalhava na época. À “Veja” Tuma Júnior não acusa o ex-presidente de ter traído seus companheiros ou a causa que defendia. Segundo ele, o petista teria dado informações ao Dops que ajudavam a evitar choques com a polícia. Perguntado sobre se teria provas dessas colaboração de Lula com o Dops, diz: “Não excluo a possibilidade de algum relatório do Dops da época registrar informações atribuídas a um certo informante de codinome Barba. Era esse o codinome dele”.

Na obra, Tuma Júnior também teria acusado o PT de querer que ele vazasse que havia um cartel nos trens em 2008, para atingir os tucanos nas eleições municipais. O ex-secretário teria dito que se negou a ceder às pressões do PT porque discordava desse modo de agir e pois acreditava que “nunca se chegaria ao final da investigação”.

De acordo com “Veja”, no livro, Tuma Júnior diz, ainda, que todos os ministros do Supremo Tribunal Federal foram grampeados, com escuta de telefones móveis e escuta ambiental, por “arapongas” que prestavam serviços de segurança e limpeza nos gabinetes.

Tuma Júnior voltou a atuar como delegado da polícia civil em São Paulo depois de ser demitido da Secretaria Nacional de Justiça, mas já teria se aposentado.

À Veja, ele disse que a obra, escrita em parceria com o jornalista Claudio Tognolli, não é uma “vingança pessoal”.

“(O livro) é a forma que encontrei de tornar pública a minha história para aqueles que têm o interesse de conhecer esse retrato da minha vida profissional. Para que eles possam compreender o motivo pelo qual virei alvo do governo do PT”, disse Tuma Júnior à Veja.

Em março de 2010, investigações da Polícia Federal revelaram que o ex-secretário teria sido cliente assíduo do esquema de contrabando de celulares falsificados comandado por Paulo Li.

Gravações telefônicas obtidas pela PF mostraram que Tuma Júnior usou sua influência na secretaria para liberar junto ao Fisco de São Paulo produtos apreendidos de um chinês que integrava a rede de negócios de Paulo Li.

O ex-secretário também foi acusado de tentar evitar um flagrante no aeroporto de Guarulhos que levou à prisão de sete pessoas e à apreensão de US$ 160 mil, dinheiro que estava na bagagem de familiares da deputada estadual Haifa Madi (PDT).

Antes de ser exonerado, ele ainda enfrentou nova denúncia: a de que levou Paulo Li como integrante de sua comitiva em uma viagem oficial a Pequim em fevereiro de 2009.

7/12/13