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sábado, 5 de maio de 2012

Collor reencarna como defensor da moral



Corrupção

Ao colocar a carranca de investigador, senador reavivou a memória dos brasileiros sobre seu desastrado fim como presidente

SINTONIA - Collor e as CPIs: em 1992, impeachment por corrupção. Agora, coabitando com seus antigos algozes
(Lula Marques/ Folhapress - Orlando Brito)



Revista Veja

Nenhum dos processos criminais contra Collor prosperou. Ele poderia passar à história usufruindo o empate técnico entre transgressão e punição


O senador Fernando Collor de Mello perdeu o mandato de presidente da República e os direitos políticos em 1992, depois de uma ampla investigação do Congresso. Investido agora na CPI do Cachoeira do papel de tarefeiro dos interesses subalternos dos integrantes do petismo radical, seus antigos algozes, Collor reencarnou-se como autoridade e como defensor da moral e dos bons costumes. Estranho papel. O ex-presidente faria um personagem mais crível se continuasse em sua última linha de defesa, a de raro político que realmente pagou pelos erros que lhe foram imputados.

Pagou com a perda da faixa presidencial.

A respeito dos crimes de que foi acusado, Collor obteve na Justiça o que mais lhe interessava. Nenhum dos processos criminais contra ele prosperou. Ele poderia passar à história, então, usufruindo esse empate técnico entre transgressão e punição.

No entanto, ao colocar a carranca de investigador, Collor reavivou a memória dos brasileiros sobre seu desastrado fim como presidente.

Co­mo pode investigar as pessoas um ex-presidente que levou para dentro do governo federal o esquema de arrecadação de propinas comandado por Paulo César Farias, seu ex-tesoureiro de campanha?

PC, como era conhecido, criou uma rede de contas-fantasma que era abastecida com dinheiro extorquido de empresas e usado, entre outras coisas, até para o pagamento de despesas da família do agora senador alagoano.

Na Esplanada, Fernando Collor se cercou de um ministro que admitiu ter sido subornado e de outro que recebeu um jet ski de uma empreiteira. À frente do Banco do Brasil, alojou um aliado que se destacou por ameaçar adversários, inclusive fisicamente, e abusar da instituição bancária para espioná-los.


O estilo collorido lançou tentáculos sobre o Congresso. Deputados que se orgulhavam de pertencer à "República das Alagoas" marchavam armados (de revólveres!) pelos corredores da Casa e ainda se gabavam dessa truculenta estratégia de intimidação.

Naquele período trevoso compartilhava da intimidade do presidente da República uma figura então corpulenta, que se apresentava como um dos expoentes da "tropa de choque collorida".

Seu nome?

Roberto Jefferson.

Ele mesmo, o atual presidente do PTB, que, uma década mais tarde, ajudaria a trazer à luz o escândalo do mensalão, o maior caso de corrupção da história.

Fernando Collor estava bem no seu limbo, mas saiu dele para entrar na CPI e piorar ainda mais sua história.
                                
                                 05.05.2012


O fim da farsa de Pagot


Corrupção
 
Ex-diretor de Infraestrutura de Transportes do Dnit tentou se transmutar de vítima, mas a mentira não foi longe: na gestão dele a Delta multiplicou seus negócios

Daniel Pereira, Otávio Cabral e Rodrigo Rangel
Veja on line

ANTI-HERÓI - Demitido após o escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes, Luiz Pagot, ex-diretor do Dnit, tentou forjar uma história para justificar sua queda, mas acabou desmentido
(Valter Campanato/Abr)

Em julho do ano passado, uma reportagem de VEJA revelou que no Ministério dos Transportes funcionava uma organizada estrutura de corrupção. Em troca de contratos e liberação de faturas, empreiteiras eram instadas a recolher propina ao caixa do Partido da República, o PR, que comanda a pasta.
Dias depois da revelação, a presidente Dilma Rousseff demitiu toda a cúpula do ministério, incluindo Luiz Antonio Pagot, o então diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o órgão responsável pela construção e manutenção das estradas federais.

Pois esse mesmo Pagot, recentemente, tentou se transmutar em vítima, atribuindo sua demissão a um complô tramado pelo grupo de Carlos Cachoeira.

Em sua versão, o defenestrado perdeu o cargo não por seus defeitos, mas por suas qualidades. Ele teria contrariado interesses da construtora Delta, empreiteira que, se sabe agora, tinha Cachoeira como lobista.

Pagot chegou a insinuar que a reportagem teve origem em informações da quadrilha de Cachoeira.

O contorcionismo retórico de Pagot, como a mentira, tinha perna curta. Não foi longe.

Já se sabia que na gestão dele a Delta multiplicou seus negócios, transformando-se na maior prestadora de serviços do governo, com faturamento superior a 3 bilhões de reais em contratos de rodovias, muitos deles eivados de irregularidades.

Pagot foi um Papai Noel para a empreiteira.

Na semana passada, foram reveladas novas gravações telefônicas captadas pela Polícia Federal que desmontam a tese do ex-diretor do Dnit.

Os diálogos mostram que a quadrilha de Cachoeira estava muito preocupada com a demissão de Pagot, que após a divulgação das irregularidades foi convocado para depor perante uma comissão do Senado e ameaçava fazer revelações sobre o esquema de propina no ministério.

Em um dos diálogos, Cachoeira fala com o representante da construtora no Centro-Oeste que, se Pagot dissesse qualquer coisa sobre o esquema, estaria dando "um tiro no próprio pé".

Ele, de fato, se calou diante da comissão do Senado.

O ex-diretor do Dnit, segundo a Polícia Federal, participou de um jantar com o senador Demóstenes, Cachoeira e o dono da Delta, Fernando Cavendish, para tratar dos negócios da empreiteira.

Essa relação explicaria em parte o sucesso da Delta, que tinha em seu rol de "consultores" o ex-ministro José Dirceu, apontado pelo Ministério Público como o "chefe da quadrilha do mensalão".


A oposição quer convocar Pagot para depor.

Boa chance para ele, desta vez, contar tudo o que sabe.


Exclusivo! O homem que recebia propina da Camargo Corrêa através de doleiro é sócio de Sérgio Cabral







Inacreditável, a corrupção no governo Sérgio Cabral não tem limites





Como mostramos, na Operação Castelo de Areia, a Polícia Federal identificou Wilson Carlos, secretário de Governo de Cabral, como sendo beneficiário de 5% de todos os valores repassados à empreiteira Camargo Corrêa por conta de dívidas na Linha 4 do metrô do Rio.


Reprodução do relatório da Polícia Federal


Na mesma operação a Polícia Federal identificou outro homem a quem a propina era entregue.

Seu nome é Carlos Emanuel de Carvalho Miranda.

Investigamos e descobrimos que durante a gestão de Sérgio Cabral na presidência da Assembléia Legislativa ele ocupava o cargo de consultor técnico da Comissão de Orçamento.

Já seria um escândalo, mas prosseguindo nas investigações o nosso blog descobriu que Carlos Emanuel de Carvalho Miranda é sócio de Sérgio Cabral, o governador do Estado na SCF Comunicações e Participações Ltda.

Na composição acionária registrada no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, Cabral tem 90% das ações, Carlos Emanuel tem 5% e pasmem, o Coordenador de Comunicação Social do Estado, jornalista Ricardo Luiz Rocha Cota tem outros 5%.

Incrível, mas a empresa que tem o CNPJ 28.722.767 / 0001 – 43 fica localizada na Avenida Borges de Medeiros 2.373 / ap. 201, na Lagoa. Detalhe: endereço residencial.





Essas comprovações mostram que Cabral provavelmente usava esta empresa ou outra, que mostraremos mais tarde, para lavar o dinheiro que recebia de propinas.


Em breve: Maurício de Oliveira Cabral, o Mauricinho Cabral, irmão do governador também é sócio do homem que a Polícia Federal acusa de receber propinas de doleiro.

05/05/2012


A preferida do bicheiro



Suspeita de usar documento fraudado para vencer licitação em Brasília, a empreiteira Delta contou com o lobby da turma de Carlinhos Cachoeira

Revista Época




NO LIXO
Caminhões da Delta em aterro sanitário no Distrito Federal. Abaixo, o documento apresentado pela Delta para vencer a licitação – que a Polícia Federal afirma ter falsificações. Com o papel, a empresa obteve contratos de R$ 472 milhões
(Foto: Bruno Peres/CB/D.A Press)

       
A Delta Construções é uma das maiores empreiteiras do Brasil.

Num ranking elaborado pelo setor em 2010, ela ocupava o sexto lugar, com um faturamento anual de R$ 3 bilhões.

A Delta foi fundada em 1961, no Recife, em Pernambuco, pelo empresário Inaldo Soares, e sua ascensão é recente.

Começou em 1996, quando o filho de Soares, o engenheiro Fernando Cavendish, que abandonara o ramo de confecções, assumiu os negócios.

Cavendish revelou-se um especialista em vencer licitações em órgãos públicos.

No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a Delta transformou-se na empreiteira com mais negócios no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Há três anos, é a empresa que mais recebe dinheiro do governo federal (leia o quadro abaixo).

A empreiteira é agora investigada pela Polícia Federal (PF), por suspeita de envolvimento com o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.


Documentos e escutas obtidos com exclusividade por ÉPOCA dão uma ideia da proximidade entre a Delta e Cachoeira. De acordo com as investigações da Polícia Federal nas últimas semanas, já se sabia que Cachoeira trabalhara para indicar para o governo de Brasília nomes de pessoas favoráveis à Delta.

Os novos documentos mostram que ele foi mais longe em sua defesa dos interesses da empresa. Outra linha de investigação tenta decifrar o acesso que Cachoeira tinha aos escalões superiores da Delta.

Ao longo do processo, a Delta vem alegando que Cachoeira tinha contato apenas com um dos funcionários da empresa, o diretor Cláudio Abreu.

Segundo a Polícia Federal, as novas investigações trazem vários indícios de que o principal executivo da empresa, Carlos Pacheco, esteve próximo de Cachoeira por intermédio de Abreu.

Independentemente do interlocutor, a PF já sabe que cerca de R$ 39 milhões saíram dos cofres da Delta para empresas fantasmas controladas por Cachoeira.

O rosto mais conhecido da Delta é Cavendish, presidente do Conselho. Pacheco conduz o dia a dia da Delta. Mora num hotel no centro do Rio de Janeiro, de segunda a quinta-feira, para trabalhar na Delta.


Às sextas-feiras, volta para a casa da família no Recife. Pacheco é identificado pela Polícia Federal e por Cláudio como o “chefe”, mencionado em algumas conversas da organização.
         
                     LIGAÇÕES PERIGOSAS
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (à esquerda), e o bicheiro Carlinhos Cachoeira (à direita). A turma de Cachoeira tentou indicar nomes para o governo do petista

        (Fotos: Breno Fortes/CB/D.A Press e  Bruno Stuckert/Folhapress)

Numa gravação do dia 1º de junho do ano passado, Abreu e Cachoeira tentam marcar uma reunião entre o senador Demóstenes Torres (sem partido) e Pacheco, em Goiânia.

A polícia acredita que eles tratavam de um negócio envolvendo uma subsidiária de uma grande construtora.

“Vê se o Demóstenes dá pra ele (sic) chegar aqui umas três, quatro horas no máximo, pra gente bater o martelo com o Pacheco no assunto”, diz Cláudio.

Cachoeira
cobra de Abreu pagamentos atrasados de Pacheco. “Amanhã você dá uma cacetada no Pacheco porque não entrou nada, viu? Tudo atrasado”, diz Cachoeira.

Abreu propõe a Cachoeira que Pacheco se torne sócio do bicheiro num empreendimento relacionado ao programa habitacional Minha Casa Minha Vida, do governo federal.

Comenta que viajará com Pacheco no avião de Cachoeira.

Em outro diálogo, Abreu pergunta se Cachoeira quer “encontrar com o chefe”.

Cachoeira pergunta se é com o “governador”.

Abreu diz “com o Fernando”. Segundo a PF, trata-se de Fernando Cavendish, o dono da Delta.


O ex-vereador de Goiânia Vladmir Garcez (PSDB) foi preso na operação Monte Carlo por ser um dos principais assessores de Cachoeira na organização criminosa.

Garcez é investigado pela PF como outro elo entre a cúpula da Delta e os negócios conduzidos por Abreu e Cachoeira.

O presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón, afirma que Garcez representava os interesses da Delta no órgão. “Ele esteve mais de 30 vezes por lá. Inclusive já tive uma reunião na Agetop e um almoço com Pacheco, Cláudio Abreu e ele (Garcez) para tratar de assuntos de interesse da Delta”, diz Rincón.

“Todo mundo sabia que Garcez representava a Delta na Agetop.”
Em pouco mais de um ano, a Delta fechou contratos superiores a R$ 150 milhões com o governo de Marconi Perillo (PSDB) em Goiás.

                

Cavendish, o dono da Delta, cultiva boas relações na política. É amigo do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Entre 2006 e 2011, a Delta firmou contratos no valor de R$ 1 bilhão com o governo fluminense. No ano passado, Cabral foi ao aniversário de Cavendish num resort em Trancoso, na Bahia.

A viagem se tornou pública porque um helicóptero que transportava os convidados caiu, e sete pessoas morreram. Entre elas estavam a namorada de um dos filhos de Cabral e a mulher de Cavendish.
O envolvimento da Delta com Cachoeira passa pelo Distrito Federal.

A Delta é acusada de usar um documento falso para conseguir um contrato com o governo.

Em 2009, a empresa apresentou ao governo do DF os documentos para participar de uma concorrência pública feita pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU). A Delta disputava um contrato para coleta e varrição de lixo em Brasília. E venceu.

Desde então, mantém dois contratos, que podem render R$ 472 milhões até 2015. O resultado da disputa é questionado na Justiça Federal. A PF investiga indícios de falsificação no documento apresentado pela Delta.

ÉPOCA teve acesso aos laudos feitos por peritos criminais a pedido do delegado Hugo Haas. Eles identificaram inconsistências no atestado apresentado pela Delta. Trata-se de um atestado de capacidade técnica, peça fundamental para conseguir contratos públicos. Nele, um cliente afirma que a empresa tem capacidade de cumprir determinada tarefa. Os peritos afirmam que o atestado de quatro páginas, assinado por Jair Correia Júnior, presidente da Agência de Serviços Públicos de Palmas, Tocantins, e entregue pela Delta em Brasília, sofreu alterações.

A primeira constatação é que houve adulteração física. As páginas 2 e 3 têm textos impressos com letras de tamanhos diferentes das demais. Isso sugere, segundo a perícia, que elas tenham sido impressas em momentos distintos.

A polícia também detectou que os dados no documento não correspondem à realidade. O atestado informa que a Delta presta uma quantidade de serviços superior à que prestaria na realidade.

Também foram incluídos dados que não faziam parte do contrato da empresa com a prefeitura de Palmas. Os dados foram incluídos, principalmente, nas páginas 2 e 3 – as mesmas que, segundo os peritos da polícia, foram impressas em momento distinto das demais.

“Com base nessas informações, pode-se afirmar que o atestado não reflete a realidade observada na prática”, diz a PF.

Mesmo depois de vencida a disputa, a Delta enfrentou problemas em Brasília. Escutas telefônicas feitas pela PF mostram que a turma de Cachoeira atuou com força para defender os interesses da empresa, logo após a eleição do governador Agnelo Queiroz (PT).
No dia 30 de dezembro de 2010, dois dias antes da posse de Agnelo, Cachoeira conversou com o então diretor da Delta no Centro-Oeste, Abreu, e com o sargento Idalberto Matias, o Dadá, um dos arapongas da organização.

Os três articulavam uma conversa do senador Demóstenes (então no DEM) com Agnelo.

Demóstenes foi escalado e participou do lobby para controlar o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), justamente o órgão para o qual a Delta trabalhava no Distrito Federal.

No encontro, Demóstenes pediria a Agnelo a nomeação do tenente-coronel da Polícia Militar Paulo Abreu para a presidência da SLU.

De acordo com as gravações, Paulo Abreu usaria o cargo para beneficiar a Delta.

“O governador já está sabendo, entendeu e vai tomar as providências para atender”,
diz Dadá para Cláudio Abreu.

Apesar do lobby, Paulo Abreu não assumiu o cargo e é hoje investigado pela Polícia Federal.

Por intermédio de sua assessoria, Agnelo diz que “jamais foi ventilada” a nomeação de Abreu e negou ter participado de qualquer “reunião privada com Demóstenes”.

                      

A Delta contesta afirmações surgidas das investigações feitas pela PF. Por intermédio de sua assessoria de imprensa, afirmou que os questionamentos sobre a validade dos atestados de capacidade técnica foram feitos por uma das empresas derrotadas na licitação.

“A Delta Construção venceu o certame por ter apresentado o menor preço para a execução dos serviços. Todos os questionamentos já foram respondidos no foro judicial”, afirma a empresa.

“A prestação de serviços de coleta de lixo no Distrito Federal vem sendo feita regularmente pela empresa, conforme contrato. A excelência desse serviço prestado pela Delta já é, por si, a prova da capacidade técnica da empresa para a prestação desse tipo de serviço. Há decisões judiciais sobre o caso que ainda não transitaram em julgado e sobre as quais cabem recursos.”

A Delta afirma ainda que Fernando Cavendish e Carlos Pacheco foram apresentados a Carlinhos Cachoeira apenas “socialmente”.

A Delta nega que o ex-vereador Wladmir Garcez, preso com Cachoeira, tivesse vínculos com a empresa.

A Delta, assim como o senador Demóstenes, sustenta não ter tido nenhum contato criminoso com Cachoeira.

Diante das informações obtidas pela PF, parece mesmo que os envolvidos falam outro idioma.

Aos esforços da polícia, soma-se agora uma comissão parlamentar para descobrir quem não está dizendo a verdade.


05.05.2012
 
 
 

De carona nos carros da Delta



Graças a um artifício de Goiás, os governos de Mato Grosso, Pará e Amazonas acertaram contratos de aluguel de carros com a empreiteira, sem licitação

MURILO RAMOS
Revista Época

FROTA SUSPEITA
O governador Marconi Perillo entrega carros à polícia. Além de ligações com Cachoeira, ele tem contratos com a Delta
(Foto: Wagnas Cabral)

Uma das linhas de investigação para a CPI do Cachoeira é desvendar como a turma do bicheiro ajudou a construtora Delta a obter contratos milionários de aluguel de carros para as polícias militares de Goiás, Mato Grosso, Pará e Amazonas. Para driblar a exigência legal de licitação, os governos estaduais aderiram a uma Ata de Registro de Preços da Secretaria da Fazenda de Goiás, obtida pela Delta em 2009.

Nem a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que revelou a parceria oculta entre Cachoeira e a Delta, pôs fim à farra. Em 9 de abril, quando Cachoeira já estava preso, o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), reajustou em R$ 3,5 milhões o contrato de R$ 21 milhões.

O Ministério Público abriu uma investigação para apurar a legalidade do contrato e se os preços cobrados estão corretos.

Três dias depois de a Delta ter sido beneficiada no Pará, outro governo tucano, o de Marconi Perillo em Goiás, também elevou o contrato entre a Delta e a polícia local. O pagamento anual, de R$ 37,5 milhões, passou para R$ 49 milhões. O contrato não só ficou mais caro, como foi prorrogado por mais um ano.

O aval à legalidade do reajuste foi dado pelo então procurador-geral do Estado, Ronald Bicca, afastado depois de ser citado em conversas gravadas entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres. O caso é investigado pelo Ministério Público. Perillo pediu auditoria sobre a contratação da Delta.

No Amazonas, a Delta liderou um consórcio que obteve com o governo Omar Aziz (PSD) quatro contratos de aluguel de carros. Dois deles, totalizando R$ 24 milhões, se utilizaram do precedente de Goiás.

Em Mato Grosso, são três os contratos com a Delta para locação de carros, somando cerca de R$ 20 milhões.

A assessoria do governador Silval Barbosa (PMDB) diz que seu governo aderiu à ata goiana, em vez de fazer uma licitação, por ser mais barato.

Os contratos de Amazonas e Mato Grosso estão sendo investigados pelo Ministério Público. 


 05/05/2012
 

Para tirar o ministro


Como a turma de Carlinhos Cachoeira queria usar uma suspeita de corrupção no Amazonas para varrer
Alfredo Nascimento
do Ministério dos Transportes

MURILO RAMOS
Revista Época

PORTO INSEGURO
O ex-ministro dos Transportes e senador Alfredo Nascimento (PR). Ele foi alvo do jogo político promovido pelo grupo de Carlinhos Cachoeira
(Foto: Dida Sampaio/AE)

Políticos acusados de corrupção costumam atribuir as suspeitas a invenções de adversários. Apresentam-se como inabaláveis e acima do que chamam de “ilações fantasiosas” de quem tenta prejudicá-los.

Quem quiser ganhar com a fragilidade de um homem público, especialmente em benefício próprio, precisa ter certeza de que ela existe. Esse raciocínio leva organizações criminosas a se empenhar em descobrir casos concretos para passar rasteiras no submundo da política.

As investigações da Polícia Federal (PF) sobre a atuação da organização do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, mostram que a equipe investigava a carreira de desafetos até identificar um ponto fraco. Com ele nas mãos, chegava o momento de buscar seu objetivo.

Foi o que tentaram fazer com o então ministro dos Transportes, o senador Alfredo Nascimento (PR). De acordo com os áudios captados pela PF, Cachoeira e seu sócio, o então diretor da Delta Construções, Cláudio Abreu, planejaram usar uma suspeita de corrupção para derrubá-lo do cargo.
A mensagem
Para o governo

Nem o mais alto escalão do governo está imune a pressões de criminosos

Para o Congresso

Novas denúncias deixam ainda mais claro que as investigações da CPMI precisam ser amplas


Numa gravação do dia 5 de julho do ano passado, Cachoeira sugeriu a Abreu procurar o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Goiás, Alfredo Soubihe Neto, para obter histó-rias desabonadoras a respeito de Nascimento.

Soubihe Neto é apadrinhado do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO), a quem Cachoeira queria pedir informações sobre irregularidades na gestão de Nascimento. “Senta com o Alfredo (Soubihe).

Fala com ele que precisa tirar o ministro”, diz Cachoeira. “O Sandro é quem sabe. O Sandro pode falar... que tem donativo, entendeu?”

Em outra ligação no mesmo dia, Abreu diz a Cachoeira que a queda de Nascimento favoreceria o próprio Sandro Mabel. “O bom seria se valorizasse até pro Sandro ser o ministro. Aí era ótimo”, afirma Cachoeira.

Há duas semanas,
ÉPOCA revelou que Cachoeira e Abreu tramaram, em maio do ano passado, contra o então diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot. Depois, eles comemoram a decisão do governo de afastar Pagot, acusado de corrupção.



AFUNDOU
Porto construído pelo estaleiro Eram (no alto), Cláudio Abreu (no detalhe) e trecho de gravação captada pela PF (abaixo). Abreu e Cachoeira pretendiam divulgar irregularidades para derrubar Nascimento

(Foto: Andre Dusek/AE)


Pagot e Nascimento acumulavam acusações de irregularidades nos Transportes. Cientes de que Nascimento era visto com desconfiança, Cachoeira e Abreu pretendiam estimular Mabel a delatá-lo.

A dupla aproveitava também as disputas internas no PR. Mabel tivera desentendimentos com o presidente de honra do PR, o deputado federal Valdemar Costa Neto (SP). Mabel insistira em se candidatar à presidência da Câmara – contra a vontade de Valdemar, comprometido com o PT. Nascimento era ministro graças à sustentação política de Valdemar.

No começo de 2011, Cachoeira enxergou que era hora de “Sandro dar o troco nesse povo”.


Cachoeira e Abreu defendiam os interesses da empreiteira Delta Construções. Apesar dos riscos para os negócios, Cachoeira e Abreu se empenharam em afastar Nascimento. Para Cachoeira, o melhor caminho era Mabel contar o que sabia sobre ligações de Nascimento com o Estaleiro Rio Amazonas (Eram).

“O estaleiro chama Eram. Manda o Xavier descobrir qual é o rolo que tem por trás. Era construção de balsas, em Manaus. Não construiu nenhuma e levou o dinheiro”, afirma Cachoeira a Abreu. O Xavier citado na gravação é Clodoaldo Xavier, lobista da Delta e frequentador do Dnit.

O Eram é um foco de problemas, sobretudo para Nascimento. Em 2010, a então ministra Dilma Rousseff esteve com Nascimento na inauguração do Porto de Humaitá, no Amazonas.

A obra, executada pelo Eram, custou R$ 12,8 milhões. Mais de um ano depois, o porto afundou parcialmente, antes de entrar em funcionamento. Até 2006, o Eram fazia pequenos reparos em embarcações no Amazonas. Tornou-se um fenômeno da construção de portos fluviais.

A maior parte dos contratos do Eram é com a Companhia Docas do Maranhão (Codomar), ligada ao Ministério dos Transportes e responsável por investimentos milionários em hidrovias. Essa particularidade – uma companhia com sede no Maranhão para administrar todos os portos fluviais do país – é fruto de um acerto de Nascimento e Valdemar com o grupo do PMDB ligado ao senador José Sarney (AP).

Na gestão do PR no Ministério dos Transportes, o Eram ganhou 12 contratos com a Codomar. Os compromissos somam quase R$ 100 milhões. O Eram foi favorecido com convênios firmados entre o Dnit e prefeituras do Amazonas.

Os sucessivos atrasos na entrega de portos e balsas obrigaram o Eram a assinar aditivos com a Codomar para adiar os serviços. Um dos contratos está na 13ª alteração. Alguns desses aditivos foram assinados pela Codomar mesmo após o Dnit ter alertado, em abril de 2011, para a situação irregular do Eram.

Pouco antes, o Estado do Amazonas declarara o Eram “inidôneo”. Em 2010, mesmo com os atrasos já caracterizados, o Eram conseguiu dois novos contratos com a Codomar – são mais R$ 16 milhões.

O Ministério Público Federal no Amazonas abriu três investigações sobre o Eram em contratos de construção de portos. A empresa não se manifestou.

Em 6 de julho, um dia após Cachoeira e Abreu falarem sobre a obtenção de informações sobre Nascimento, o ministro deixou o cargo. No dia 7, a dupla comenta que o senador Demóstenes Torres espalhava a informação de que o deputado federal Sandro Mabel fora o responsável por passar à imprensa informações que resultaram na queda.

A aposta de Cachoeira em Mabel fazia sentido. “O Sandro sempre ia ao Dnit pressionar para que obras de rodovias em Goiás saíssem logo. Entre elas a BR-060”, disse a ÉPOCA o ex-diretor-geral do Dnit Luiz Antonio Pagot. Procurado por ÉPOCA, o deputado Sandro Mabel não quis se pronunciar sobre o caso.

Nascimento diz não saber os motivos que levaram Cachoeira e Abreu a tentar desestabilizá-lo. Ele afirma não ter relação pessoal ou comercial com o Eram e que solicitou à Codomar que encontrasse solução para os atrasos das obras.
 

“Vários projetos apresentaram problemas na execução, muitos dos quais não foram entregues até hoje”, diz Nascimento.

O atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, disse ter se reunido com representantes do Eram para cobrar “eficiência e agilidade nos trabalhos”.


05/05/2012

CPI da Delta-Cachoeira: Cabral pede socorro aos caciques de seu partido (PMDB), revela revista Veja

 

A CPI para investigar as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlos Cachoeira, com políticos e empresas que têm contratos com a administração pública saiu do papel em alta velocidade




Por youPode
Da Veja on line

A gravidade dos fatos levantados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público — o pagamento de propina a autoridades, a troca de favores entre a máfia do jogo e parlamentares e a assinatura de contratos públicos azeitados à base de tráfico de influência — produziu um fato raríssimo: a instalação da CPI contou com o apoio de governistas e oposicionistas.

O Congresso deu mostras de disposição para fiscalizar a aplicação dos recursos públicos, uma de suas mais nobres missões. Se nasceu sem dores, a CPI começou a caminhar com dificuldades. Aprovado na quarta-feira passada, o plano de trabalho da comissão apenas tangencia o epicentro das irregularidades apontadas pelos policiais federais e pelos procuradores.

A CPI decidiu ouvir os coadjuvantes das malfeitorias, mas, por enquanto, vacila em chamar para depor deputados e governadores suspeitos de manter relações promíscuas com Cachoeira e a empreiteira Delta, um colosso da construção civil com obras contratadas por governos do PT, do PSDB e do PMDB.

A desenvoltura multipartidária da Delta explica o começo claudicante da CPI que nasceu com o potencial de fazer uma faxina pública como não se via desde que o escândalo do mensalão foi destrinchado, em 2005, com o indiciamento de cerca de uma centena de pessoas.

O deputado petista Odair Cunha, relator da CPI, tentou limitar geograficamente as investigações sobre a Delta e suas obras no Centro-Oeste. O ex-diretor da empreiteira para aquela região, Cláudio Abreu, está preso. O plenário da comissão, no entanto, arrancou do relator a promessa de investigar a atuação da Delta em todo o território nacional.

Está pronto para votação o requerimento de convocação do dono da Delta, Fernando Cavendish, e de diretores regionais da empresa.

De olho no Mensalão

Petistas incentivaram a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apenas para tentar constrangê-lo

“A base governista foi derrotada. Vamos investigar os aditivos nos contratos da Delta com o Dnit, principalmente aqueles assinados em períodos eleitorais”, avisa o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Quando isso será feito — e se realmente será feito, devido às ligações também multipartidárias de Cavendish — ainda não está definido. A comissão ouvirá neste mês os depoimentos de delegados e procuradores envolvidos na investigação, seguidos de Cachoeira e seus comparsas presos. O único político com depoimento marcado é o senador goiano Demóstenes Torres, o, por enquanto, mais notório membro do esquema de Cachoeira. O Senado abriu um processo por quebra de decoro contra ele, que pode comparecer à comissão já na condição de parlamentar cassado (leia a reportagem aqui). Ou seja: tem-se definida apenas a primeira fase da investigação, que tratará de temas e personagens cujos feitos e malfeitos são de conhecimento público. Nada além disso.

Segundo o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a segunda fase aumentará a temperatura dos trabalhos. Nela, será travada a “grande batalha” pela convocação das autoridades de maior calibre. “O vazamento das informações impede a costura de acordões para abafar a investigação ou poupar autoridades”, diz Vital.

Além de Fernando Cavendish, os governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF) e pelo menos cinco deputados federais ainda não foram convocados para prestar esclarecimentos. Sobre muitos deles há uma fartura de indícios de envolvimento com o esquema. Por enquanto, a CPI vai se concentrar no que já foi revelado. Mas não há garantia de que o universo da apuração fique restrito.

O plano de trabalho de Odair Cunha deixa brechas para investir sobre qualquer tema: políticos, procuradores, empreiteiras e até a imprensa. Não está fechada, portanto, a porta aberta pelo PT para desqualificar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, defensor da condenação dos mensaleiros no Supremo Tribunal Federal, e a parte da imprensa que, segundo o ex-presidente Lula, ajudou a montar a “farsa do mensalão”. “Todas as pessoas que foram corrompidas ou cooptadas pela organização criminosa têm de ser investigadas. Não haverá blindagem nem proteção a quem quer que seja”, disse Odair.

Hoje, há pelo menos duas ofensivas em marcha para pôr cabresto na CPI. A presidente Dilma Rousseff não quer que a comissão seja usada com os fins estritamente políticos planejados pela falconaria petista. Ela tem dito que teme que a comissão domine a agenda política, paralise o Congresso e prejudique ações do governo.

Além disso, afirma não ter receio de que as investigações atinjam seu governo e lembra que, se atingirem, não se furtará a demitir os envolvidos com culpa provada — aliás, como vem agindo desde o início do mandato, o que é um dos motivos de sua expressiva aprovação popular.

A Delta tem contratos com governos de todas as cores. Algumas dessas relações já foram reveladas, o que deixou na berlinda políticos de primeira grandeza do PT, PMDB, PSDB e DEM. O campo já era fértil para um acordo velado, que vinha sendo costurado às sombras.

Mas a entrada de Sérgio Cabral no palco das investigações tornou as negociações para abafar o escândalo político mais explícitas. Há dez dias, o blog do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), adversário político de Cabral, publica fotos e vídeos de viagens do governador, sua mulher e seus secretários mais próximos com Fernando Cavendish a Paris e Mônaco. Em hotéis e restaurantes de luxo, o grupo comemora aniversários, noivados, casamentos e conquistas políticas e comerciais. Cabral, considerado um estranho no ninho do PMDB, teve de procurar a cúpula do partido na semana passada para pedir socorro.

Em conversas com o presidente do Senado, José Sarney, e com os líderes Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves, ele disse não estar preocupado com uma investigação policial, pois os vídeos não comprovam irregularidades. Mas deixou claro que teme o estrago político que uma exibição desse material, seguida de um depoimento à CPI, possa provocar. “Preciso da ajuda do partido. Se eu tiver de depor na CPI, não será bom para ninguém”, ponderou Cabral. A cúpula do PMDB aproveitou o pedido do governador para tentar negociar um armistício com o PT e o PSDB.

Nas conversas, já surgiu até uma manobra jurídica para empastelar as investigações. A tese que será levantada é a de que uma CPI do Congresso não tem poder legal para investigar governadores. Os foros para esse tipo de apuração seriam as assembleias legislativas, não por acaso controladas pelos governadores.

É pouco provável que uma argumentação tão frágil prospere se a CPI tiver mesmo disposição de elucidar os fatos denunciados. Muito provavelmente, o fator de diminuição do escopo da CPI virá não da Justiça, mas da política. O senador José Sarney já recomendou ao PT que “controle os radicais”, argumentando que “ninguém tem a ganhar se essa CPI começar a sair do controle”.

O recado tem endereço certo: a turma que vê na CPI uma chance única de desmoralizar o julgamento do mensalão. A primeira ofensiva desse grupo foi dada na sessão da semana passada, com a tentativa de convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para depor na CPI. Sob o argumento de que ele deve explicar por que retardou a abertura de uma investigação contra Demóstenes Torres, os petistas querem colocá-lo no banco dos réus da CPI para tentar desmoralizá-lo.

A imprensa é outro alvo que, na estratégia dos radicais, precisa sair chamuscada da CPI. O presidente do PT, Rui Falcão, deixou mais uma vez clara essa convicção na sexta-feira quando, em discurso feito em São Paulo, voltou a defender o projeto de regulamentação dos meios de comunicação, um eufemismo para a tentativa de controlar a imprensa idealizado pelo ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins.

Para Falcão, “a mídia é um poder que está conjugado ao sistema bancário e financeiro” e “produz matérias e comentários não para polarizar o país, mas para atacar o PT e nossas lideranças”.

O cenário inicial da CPI do Cachoeira é muito semelhante ao da CPI dos Correios, instalada em 2005 a partir da gravação na qual Maurício Marinho, diretor da estatal, cobrava 3 000 reais de propina, o que deu origem à descoberta de novos fatos envolvendo dinheiro público e compra de apoios pelo governo.

Aquela CPI nasceu com o intuito de blindar os aliados do governo e era controlada por parlamentares fiéis ao Palácio do Planalto. Exatamente como agora. Também tinha o mesmo prazo de atuação: 180 dias. Mas, logo no início dos trabalhos, depoimentos bombásticos, como o do deputado Roberto Jefferson e o do marqueteiro Duda Mendonça, incendiaram a comissão e provocaram uma indignação popular que impediu qualquer tipo de acordo.

A atual comissão também tem fios desencapados e personagens que podem contar muita coisa. Cachoeira e Cavendish, por exemplo. Com uma matéria-prima mais modesta do que a produzida pelas operações da PF, a CPI dos Correios produziu a denúncia do mensalão, a cassação de José Dirceu e Roberto Jefferson e a renúncia de meia dúzia de políticos, além de tisnar a imagem imaculada de virgem ética do PT.
 

A CPI do Cachoeira, com seu farto material, tem potencial ainda maior. Basta que não se torne refém de arranjos políticos.

05.05.12

Ponte aérea entre Rio e Paris


A agenda do governador Sérgio Cabral mostra que ele trabalhava no Rio quando estava na verdade no exterior


Segundo sua assessoria, ele voou entre a Europa e o Rio duas vezes na mesma semana

PARIS, RIO DE JANEIRO
by Marco Angeli

HUDSON CORRÊA
E NELITO FERNANDES

Revista Época

Ou o governador Sérgio Cabral (PMDB) tem muita disposição para viagens ou sua agenda oficial informa que ele está no Rio de Janeiro trabalhando quando está, na verdade, no exterior.

Na semana passada, o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) divulgou vídeos em que Cabral aparece num show do grupo U2, em Paris, no dia 11 de julho de 2009.

Era um sábado.

Na segunda-feira seguinte, de acordo com a agenda de Cabral, ele participava de “atividades internas” em seu gabinete no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio.

Se a agenda estiver correta, isso significa que, depois do show na França, que entrou madrugada de domingo adentro, Cabral tomou logo em seguida um avião de volta ao Brasil, um trajeto de no mínimo 11 horas (em avião comercial) para retornar ao trabalho, na segunda-feira.

ÉPOCA analisou as agendas de trabalho de Cabral publicadas na página do governo fluminense na internet.

Os registros são incoerentes.

Informam que Cabral dava expediente interno enquanto estava na Europa.


• Sábado, 11/7 – Show do U2, em Paris.
• Segunda, 13/7 – Expediente no Rio.
• Terça, 14/7 – Vice assume o cargo.
• Quarta, 15/7 – Cabral trabalha no Rio.
• Quinta, 16/7 – Vice assume o cargo.
• Sexta, 17/7 – Expediente no Rio.


Segundo a agenda oficial de Cabral, apesar de sua aparente correria para estar no Rio na segunda-feira 13, para trabalhar, já no dia seguinte quem está no cargo de governador é o vice, Luiz Fernando Pezão.

Cabral volta à rotina de trabalho em seu gabinete na quarta-feira e na sexta-feira, respectivamente dias 15 e 17 de julho.

Na mesma sexta-feira, entretanto, Sérgio Cabral estava na verdade muito longe do solo fluminense, segundo um vídeo divulgado por Garotinho.

Naquela noite, Cabral, o dono da construtora Delta, Fernando Cavendish, e amigos esperavam a chegada da meia-noite para comemorar o aniversário da mulher do governador, Adriana Ancelmo, no dia 18 – “no melhor Alain Ducasse do mundo”, como diz o próprio Cabral numa das cenas registradas em vídeo.

Ducasse é chef do Louis XV, um dos melhores restaurantes do mundo, com filiais em Paris, Mônaco, Itália e Rússia.

A assessoria de imprensa do governador afirma que a agenda, produzida pela Casa Civil, está errada.

Cabral, diz a assessoria, tirou uma semana de férias a partir da terça-feira 14 de julho.

Segundo essa versão, após assistir ao show do U2, Cabral viajou de Paris para o Rio de Janeiro apenas para um dia de trabalho e, em seguida, voltou à Europa.

Imagens divulgadas por Garotinho mostram Cabral novamente em Paris em 14 e 15 de setembro de 2009, quando ele reencontrou Cavendish.

O governo diz que foi uma missão oficial e que Cabral viajou pela Air France em voo comercial.

Estava acompanhado dos secretários de Governo, da Saúde, dos Transportes e da Fazenda.

A assessoria do governo do Rio não informou quanto a comitiva recebeu em diárias.
DESCONTRAÇÃO

Sérgio Cabral (no centro) e Cavendish (agachado) na Europa em 2009.

Eventos sociais contaram com outros membros do governo e empresários

(Foto: reprodução)


05/05/2012

SIM, O JORNALISMO PRECISA TOMAR CUIDADO PARA NÃO SERVIR AO CRIME ORGANIZADO E ÀQUELES QUE QUEREM DESMORALIZAR A DEMOCRACIA



Uma coisa vocês não podem negar a este escriba, não é?

Desde o primeiro dia, apontei a ação dos petistas — encabeçados por Lula, José Dirceu e Rui Falcão — para usar as tramoias de Carlinhos Cachoeira e seu grupo para tentar melar o processo do mensalão e para intimidar a imprensa.

A coisa agora é escancarada!

Ontem, Rui Falcão (ver posts abaixo) perdeu qualquer restinho de pudor e declarou que a “mídia” será o próximo alvo do governo.

Tudo indica que falou apenas em nome da banda heavy metal do PT, não do Planalto.

Trato do assunto em outro post.

Muito bem.

“Melar” o mensalão compreende, entre outras coisas, um esforço para desmoralizar ministros do Supremo Tribunal Federal e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

                                           Por Reinaldo Azevedo

A imprensa independente — aquela que não é financiada com dinheiro público nem é subordinada a uma rede criminosa montada na Internet (isso ainda vai dar o que falar, anotem aí) — tem de tomar cuidado para não fazer, involuntariamente, o serviço da bandidagem. Infelizmente, aqui e ali, isso está acontecendo. Dado o pano de fundo, exporei aqui um caso emblemático. Antes de fazê-lo, no entanto, é preciso proceder a uma digressão para esclarecer algumas coisas.


Começa a digressão


Já escrevi aqui — e Eurípedes Alcântara, diretor de Redação da VEJA, divulgou uma Carta de Princípios a respeito da ética no jornalismo — que a qualidade moral da fonte não faz a qualidade da informação. Uma pessoa decente e muito bem-intencionada pode induzir um repórter ao erro. Um bandido pode dar uma informação relevante. O importante é o jornalista saber para quem está trabalhando. Não tenho receio nenhum de debater abertamente o que alguns vagabundos andam dizendo sobre VEJA. O inquérito que veio a público demonstra que o profissional da revista trabalhava a serviço da verdade e do interesse público. Quanto mais isso fica evidente, mais a corja radicaliza na retórica.

 A reportagem recebeu informações de Cachoeira? Também dele, a exemplo de uma penca de jornalistas. Ou algum repórter investigativo de Brasília se oregulha se só falar com beartos e beatas??? Matérias foram feitas só com informações do dito-cujo? Isso é uma piada, uma fantasia! Tanto as reportagens de VEJA eram fundamentadas, com dados inquestionáveis, que muitas delas estão, sim, na raiz da demissão de ministros e servidores.

Mas atenção!

Quem demite é a presidente Dilma Rousseff. VEJA não tem esse poder. Se a primeira mandatária tomou tal decisão, encontrou certamente razões muito fortes para tanto.
Não deve ter sido só para não deixar chateada a equipe da revista, certo?


Jornalista não tem de fazer um tribunal de moral e cívica antes de falar com a fonte. Tem é de ter a certeza de que não trabalha para ela, mas para o interesse público. E tem de apurar muito bem os fatos, reitero, para não servir a bandidos, como fizeram, querendo ou não, os que sustentavam a veracidade do Dossiê Cayman. Naquele caso, sim, em vez de apuração, decidiu-se dar crédito à conversa de vigaristas. Tentaram, por exemplo, fazer de Luiz Antonio Pagot uma pobre vítima do inexistente complô VEJA-Cachoeira.

Gravações que vieram a público, conforme demonstrei aqui, mostram o ex-chefão do Dnit se entendendo com a turma de Cachoeira. Vale dizer: aquela acusação era só uma vingança dos ressentidos com VEJA. Ressentidos por quê? Alguns porque perderam a boquinha. Outros porque não se conformam com o fato de o Brasil ser uma democracia — não é mesmo, Rui Falcão?


Vale dizer: o que dizem Cachoeira e seus rapazes — ou os seres mais impolutos — não pode ir parar nos sites, revistas e jornais sem que se verifique a veracidade das acusações. Ou se corre o risco de, sob o pretexto de combater a bandidagem, agredir instâncias do estado de direito. Como quer José Dirceu. Como quer Lula, Como quer Rui Falcão. Fim da digressão.


Agora o caso

Ontem, o Estadão Online publicou um texto de Ricardo Brito, da Agência Estado, cujo título era: “Grupo de Cachoeira tentou interferir em habeas corpus”. O busílis era o seguinte: o prefeito de Piraquê (TO), Olavo Júlio Macedo, estava preso, e a turma o queria solto. Gleyb e Eney, dois homens do esquema do contraventor, conversam a respeito do caso e dizem que será julgado o habeas corpus. Muito bem. Transcrevo em vermelho um parágrafo da reportagem. Leiam com atenção. Volto em seguida:


Às 15h30 daquele dia, Gleyb disse, em telefonema a um interlocutor não identificado pela PF, que estava no Senado para se encontrar com Demóstenes Torres (sem partido-GO), suspeito de envolvimento com Cachoeira. Às 16h44, o integrante do grupo de Cachoeira afirmou, em nova ligação, que iria passar em um ministério e no Supremo.

Um minuto depois, Gleyb pergunta, numa ligação para Eney, se há “mais alguma coisa” para conversar. O advogado responde que é preciso manter contato no Supremo, visando liberar o prefeito cujo habeas corpus estava com Gilmar Mendes.


Voltei

O que o trecho sugere? O óbvio! Que Demóstenes e o tal Geyb foram falar com Gilmar Mendes em favor do prefeito. Isso se deu no dia 9 de junho do ano passado. O senador ainda era uma referência de severidade e correção até para seus adversários. Ouvido, o ministro diz que ninguém foi procurá-lo. MAS ATENÇÃO! SE ALGUÉM O PROCUROU OU NÃO, ISSO É IRRELEVANTE. O RELEVANTE VEM AGORA!!!
GILMAR MENDES NEGOU DUAS VEZES A CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS AO TAL PREFEITO!  No dia  29 de junho e no dia 5 de dezembro de 2011. Muito bem! Agora faço a pergunta essencial para que avaliemos os riscos que estamos correndo com certo tipo de apuração e reportagens que andam na praça — mesmo na imprensa que tem compromisso com a seriedade. 

Lá vai:

E SE GILMAR MENDES TIVESSE RECONHECIDO MOTIVOS TÉCNICOS, JURÍDICOS, PARA CONCEDER O HABEAS CORPUS?

Agora o ministro estaria lascado, e aquela fala serviria como evidência de que ele estaria trabalhando para o grupo de Carlinhos Cachoeira. Por sorte, ele entendeu duas vezes que o pedido de habeas corpus era descabido.


Entenderam?


Vocês entenderam a natureza da questão? Uma coisa é o que a gangue diz entre si, suas bravatas, suas demonstrações de influência. Outra, distinta, são os fatos. O repórter afirma: “Esta é a segunda vez que pessoas ligadas a Cachoeira aparecem em grampos telefônicos comentando casos que estão nas mãos Mendes.” Incrível! Mesmo com a evidência de que a decisão do ministro não atendeu às expectativas da turma, mantém-se a sombra da suspeita. Na primeira vez, num caso envolvendo uma estatal de Goiás, Demóstenes faz referência a um procedimento regular de Mendes, que não teve mérito ainda decidido. Revela apenas a sua expectativa. Mesmo assim, o senador apresenta a coisa como decorrência de sua influência.

Ora, ministros do Supremo, agora, não são mais livres para decidir segundo a lei. Habeas corpus? O jeito vai ser dizer sempre “não”! Vai que surja uma conversa de alguém: “Ah, já falei com o ministro X, está tudo certo!” Cada membro do Supremo teria de ter o seu próprio sistema “Guardião” e grampear o país inteiro. Só assim teriam a certeza de que sua decisão estaria a salvo de ilações.


O mal que Demóstenes fez

Um episódio como esse dá conta do mal que Demóstenes fez à política — muito maior do que ele imagina, acho. Ele era um medalhão do Senado. Um senador manter conversar com ministros do Supremo, do STJ, ministros de estado, autoridades etc. é parte do jogo. Quem lhe recusaria, em princípio, uma audiência? Que diabos, no entanto, ele dizia a seus interlocutores sobre esses encontros? Num outro pleito seu, já nem me lembro sobre qual assunto, não diz ele que mantinha boa conversa com a ministra do Meio Ambiente? Não se relacionou, também, com autoridades dos ministérios da Educação e da Saúde?


Este caso em que o nome de Mendes é citado deveria servir de alerta para os jornalistas que lidam com o material que foi vazado sobre o inquérito — a propósito: suponho que os vazadores sejam as carmelitas descalças, né? O ministro poderia ter concedido o habeas corpus de boníssima-fé. E estaria agora encalacrado.

Não estão por aí os criminosos da Internet a sustentar que as fitas que traziam imagens do “governo paralelo” de Dirceu — fitas do circuito interno do hotel, reitere-se — foram passadas à VEJA por Cachoeira em troca de uma reportagem favorável a bingos eletrônicos? Cadê a reportagem? Se alguém a encontrar, nunca mais escrevo uma linha!


É bom botar essa bola no chão. Jornalistas decentes só querem a verdade. E têm de ter claro que há vigaristas querendo apenas as instituições — para destruí-las.
05/05/2012

Esquema de Cachoeira fez lobby na Anvisa para liberar medicamentos






Escutas da PF revelam que contraventor e Demóstenes agiam por licenças no órgão


Vannildo Mendes e Fábio Fabrini
O Estado de S. Paulo


BRASÍLIA - Diálogos interceptados pela Polícia Federal colocam a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) no foco das investigações sobre a organização criminosa comandada pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, desmantelada pela Operação Monte Carlo.


Os grampos revelam que o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) fazia lobby no órgão para que o laboratório Vitapan, de Cachoeira, obtivesse licenças de medicamentos e renovações.


Nos diálogos, gravados em abril de 2011, Cachoeira pede ajuda de Demóstenes para resolver demandas na Anvisa. Os dois combinam uma operação para cooptar Norberto Rech, gerente geral de medicina do órgão.

Os grampos indicam que, depois de uma suposta conversa entre o parlamentar e o servidor, em 13 de abril do ano passado, Cachoeira enviou emissários para uma reunião na agência.

Professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Norberto Rech foi levado em 2005 para o órgão com o patrocínio do senador Humberto Costa (PT-SP), então ministro da Saúde. O assessor nega ter feito qualquer ato de ofício para favorecer os negócios do contraventor.

A oposição quer convocá-lo para prestar depoimento na CPI do Cachoeira e pediu que a Anvisa realize sindicância para verificar se o gerente facilitou a tramitação das demandas do bicheiro.


Cachoeira queria assegurar a renovação automática das liberações necessárias aos seus medicamentos e Demóstenes, conforme deixam claro os grampos, negociou uma “agenda programada” com Rech, então gerente-geral de Medicina.

O objetivo do esquema seria obter licenças facilmente e, na hora das renovações, poupar o laboratório de burocracia e exigências técnicas.

“Aquele... o Norberto... você teve com ele ontem pra olhar aqueles trem que eu te pedi?”, questiona Cachoeira a Demóstenes num dos cinco telefonemas sobre o assunto, interceptados em 14 de abril de 2011.

Unidade.
A estratégia dos dois era cooptar o assessor com a promessa de construir uma unidade do laboratório de Cachoeira em Santa Catarina.

Nas conversas, Cachoeira cita Rech como “aquele rapaz do Ênio, que trabalha na Anvisa”.

O bicheiro se referia a Ênio Branco, secretário de Comunicação do governo de Santa Catarina, antigo aliado de Demóstenes e que, na época dos telefonemas, presidia SCPar - Participações e Parcerias, empresa de desenvolvimento do Estado.

Branco, que negou em nota ter realizado negócios com o contraventor, também deve ser chamado à CPI.

Ele e Rech figuram como alvos de uma investigação devolvida para a primeira instância pelo ministro Ricardo Lewandowski, do STF, porque não têm direito a foro especial.

O contraventor pede para que o senador leve a Rech dois operadores do alto comando da sua organização: Wladimir Garcez Henrique e Adriano Aprígio de Sousa, ambos indiciados.


A Anvisa confirma uma reunião intermediada pelo senador, mas em setembro de 2011, não em abril, como dão a entender os diálogos.

Demóstenes, segundo o órgão, levou para o encontro duas representantes do laboratório - Sílvia Salermo e Luciene Botega -, não os dois operadores citados nos diálogos.

Para conseguir o intento, Demóstenes teria marcado a reunião em seu nome e mentido sobre tema, alegando que seria para tratar de um “protocolo para tratamento do câncer de próstata”.

Só na véspera do encontro, por e-mail, ele teria mudado a pauta para incluir a discussão de licenças de medicamentos para o laboratório Vitapan.

O presidente da agência, Dirceu Barbano, diz ter agendado o encontro em seu gabinete, em deferência a Demóstenes, considerado insuspeito.

A direção da Anvisa explicou que reuniões desse tipo, com setor regulado, são realizadas em parlatório, filmadas e depois degravadas. Também é produzida ata, que é assinada pelas partes e tornada pública. A Anvisa explica que, após a mudança de pauta, manteve o local da reunião na sala da Presidência, mas decidiu gravá-la e produzir a ata.

A defesa de Demóstenes informou que as interceptações são ilegais e que não vai comentar diálogos retirados do contexto.
04 de maio de 2012

Charges

 https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/0/?ui=2&ik=4ef2d7894c&view=att&th=1371a1289e234819&attid=0.1&disp=inline&safe=1&zw&saduie=AG9B_P8dD-8IMGSXBnb_fTv7nBFe&sadet=1336192898426&sads=_nrd8I1Jm0saE34KqiiFZjd1qr0&sadssc=1
 ideli e dilma

https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/0/?ui=2&ik=4ef2d7894c&view=att&th=1371833577ec2335&attid=0.1&disp=inline&safe=1&zw&saduie=AG9B_P8dD-8IMGSXBnb_fTv7nBFe&sadet=1336192954404&sads=itG87DdrsRzUYShj6BGpsHnw0VU

"a úrtima viage"

a autêntica música caipira perde mais um representante

www.sponholz.arq.br

Relações azedas





Cavendish: inferno astral


Por Lauro Jardim


Desde que as fotos e vídeos de seus jantares na Europa foram divulgados, Sergio Cabral deixou de falar com Fernando Cavendish.


A propósito, Anthony Garotinho tem dito aos mais próximos que o seu arsenal é composto de 40 vídeos e cerca de 200 fotos.

4 de maio de 2012


Capa da VEJA deste fim de semana...




Marco regulatório da comunicação deve entrar em pauta, diz Rui Falcão





Para presidente do PT, a mídia 'contrasta com o nosso governo desde a subida do Lula'
Guilherme Waltenberg
e Daiene Cardoso
Agência Estado


SÃO PAULO - Depois de deflagrar a cruzada contra o sistema financeiro privado e a cobrança de juros elevados no País, o governo da presidente Dilma Rousseff poderá colocar em discussão o polêmico tema do marco regulatório da comunicação. A informação foi dada nesta sexta-feira, 4, pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão, durante discurso em evento sobre estratégia eleitoral do PT nesta campanha municipal, em Embu das Artes, São Paulo.


"Este é um governo que tem compromisso com o povo e que tem coragem para peitar um dos maiores conglomerados, dos mais poderosos do País, que é o sistema financeiro e bancário.

E se prepara agora para um segundo grande desafio, que iremos nos deparar na campanha eleitoral, que é a apresentação para consulta pública do marco regulatório da comunicação",
disse o dirigente petista em seu pronunciamento.


Segundo Falcão, "a mídia é um poder que está conjugado ao sistema bancário e financeiro".

No discurso, ele frisou: "(A mídia) É um poder que contrasta com o nosso governo desde a subida do (ex-presidente) Lula, e não contrasta só com o projeto político e econômico.

Contrasta com o atual preconceito, ao fazer uma campanha fundamentalista como foi a campanha contra a companheira Dilma (nas eleições presidenciais de 2010) que saiu dos temas que interessavam ao país para recuar no obscurantismo, na campanha de reforço da direita que hoje está sendo exposta aí, inclusive agora, provavelmente nas próximas duas semanas com a nomeação dos sete nomes da Comissão da Verdade que vai passar a limpo essa chaga histórica que nós vivemos."
E continuou: "(A mídia) produz matérias e comentários não para polarizar o País, mas para atacar o PT e nossas lideranças."

"O poder da mídia, esse poder nós temos de enfrentar.
"

A presidente Dilma Rousseff herdou do governo Lula o anteprojeto de criação do marco regulatório das comunicações, elaborado pelo então ministro da Secretaria de Comunicação Social Franklin Martins, e apresentado durante a Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM), em 2010, determinando "criação de instrumentos de controle público e social" da mídia.

Em razão da polêmica que o tema gerou, Dilma determinou que o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, fizesse um pente-fino no texto para evitar tópicos que possam indicar censura ou controle de conteúdo.

Cachoeira.
O dirigente petista afirmou que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira deverá ter também como alvo paralelo (de investigação) o trabalho da imprensa.

"Essa CPI vai desvendar também quais são os caminhos de ligação com esses contraventores nos setores da mídia brasileira",
disse.

Ao falar das relações entre o contraventor Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), apontadas no vazamento da investigação da Operação Monte Carlo, Falcão criticou: "Esse fariseu, que é o senador Demóstenes Torres, é apresentado pela imprensa como sem partido, mas vamos nos lembrar sempre que até um mês atrás ele era senador do DEM."

Segundo Falcão, a redução no rendimento da poupança, anunciado na quinta-feira, 3, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a declaração da presidente Dilma em rede nacional no feriado do Dia do Trabalho, na última terça-feira, afirmando ser "inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com os juros mais altos do mundo", mostram o estilo do governo.

"É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com os juros mais altos do mundo", disse o presidente nacional do PT.

04 de maio de 2012