O regime comunista criado pelo tenente coronel Hugo Chávez Frías se prepara para a realidade de sua ausência definitiva em breve.
Há sinais de que o chavezismo se prepara para o que der e vier, inclusive fechando o regime nos moldes de Cuba.
Há sinais de que o chavezismo se prepara para o que der e vier, inclusive fechando o regime nos moldes de Cuba.
Estará a ‘Revolução Bolivariana’, do ‘socialismo del siglo XXI’, ameaçada em desaparecer com o desaparecimento de seu líder, Hugo Chávez, cuja deterioração física progride a olhos vistos?
Quem priva com o homem comum do povo venezuelano constata que essa é antes uma esperança do que uma crença em dias melhores para uma Venezuela que era uma economia emergente antes de padecer dessa forma aguda de sociopatia socialista.
A verdade é que o governo comunista da Venezuela parece dar seus primeiros passos em busca de uma blindagem para o regime ante a perspectiva realista da norte patológica do caudilho em sua luta contra o câncer. Isso foi feito pela nomeação de uma reduzida comissão que administraria os petrodólares para uma transição a ser feita de modo suave através da contenção das lutas internas pelo poder dentro do politburo chavezista, como descrevem alguns analistas.
Chávez acena ao embarcar para Cuba para continuar sua quimio e radioterapia e seu gesto simboliza o adeus que os venezuelanos esperam para tentar recuperar do caos o seu país...
Assim, antes de viajar para Havana, o autoritário presidente venezuelano nomeou o chamado ‘Conselho de Estado’, para mediar as ausências cada vez mais prolongadas e frequentes do mandatário de seu país, num sinal claro de que o politburo situacionista se prepara para a hora em que a presidência da república for declarada vaga, seja pelo óbito de Chávez, mais provável, seja pela sua derrota nas ‘urnas domesticadas’ do processo eleitoral, muito mais improvável.
É com fervor crítico que essa comissão busca com uma lanterna de Diógenes aquele que estaria ‘qualificado’ a ser indicado como candidato do chavezismo nas eleições de outubro. Entre os candidatos a candidato de maior expressão dentro das fileiras o regime, está o atual chanceler Nicolás Maduro, que poderia ser muito competitivo nas urnas.
O ex-deputado e analista político, Alberto Franceschi, diz que, de fato, “Chávez está armando um dispositivo para a fase final de sua presença neste mundo.
É um fato o de que sua doença tem avançado de modo quase incontrolável e, caso não chegue até às eleições sem ter definido claramente um mecanismo para uma transição que garanta a continuidade do seu regime político, tudo poderá acontecer na Venezuela”.
O potencial de violência é muito grande no país e, perante as reiteradas acusações de que sua cúpula militar está imersa em atividades milionárias no narcotráfico – coisa que ultimamente até Chávez parece ter admitido – a existência de grupos de adeptos do chavezismo que estão armados e têm recebido treinamento de combate em Cuba, e na Venezuela por cubanos, faz com que a presença de organizações criminosas já há algum tempo operem com ampla impunidade e apoio governamental em todo o país.
Sinais de enfrentamentos internos já começaram a ser vistos nas últimas semanas, após os assassinatos de militares com pressupostos vínculos com o tráfico de droga.
“Já foi desencadeada uma guerra de posições dentro dos segmentos militares ligados a diferentes segmentos do narcotráfico, verdadeiras máfias de cartéis de drogas, coordenados pelas FARC, fazendo prever um desdobramento bastante traumático nas Forças Armadas na ausência de Chávez e caso ele não prepare um mecanismo de sucessão seguro”, como explicou Franceschi.
Segundo a Constituição chavezista de 1999, o Conselho de Estado – que nunca tinha sido nomeado antes – teria a função de evitar um confronto armado interno entre os chavezistas e seus membros se reportariam unicamente ao presidente, a quem cae tomar as decisões.
Todavia, os analistas consideram que essa comissão foi criada para ocupar o vácuo de poder que está sendo gerado na Venezuela em função dos afastamentos do gravemente enfermo Chávez, servindo como uma espécie de ‘junta de governo’, que passaria a tomar as decisões em nome do caudilho.
“Muita gente não está vendo que essa situação corresponde a um golpe de estado, que se produz em câmara lenta”, comentou o analista político Ignacio de León, que vive no exílio voluntário em Miami.
“Está na cara a tentativa de um grupo de seguidores de Chávez em preencher o vácuo criado por esta situação, com métodos que não estão aprovados por ninguém, salvo por eles mesmos.
O que estão fazendo nada mais é do que tentar cooptar o poder de uma maneira ilegítima e inconstitucional”.
E têm o apoio de Havana, que não está nem aí para o que diz a Constituição da Venezuela, interessando-lhe apenas a manutenção da ‘cubanização’ do país.
O Conselho de Estado não está autorizado constitucionalmente a exercer o poder, “mas o que vai acabar acontecendo é uma continuação do modo como vêm atuando todos os poderes na Venezuela. Ou seja, os que supostamente atuam de uma maneira autônoma, mas, no fundo, respondem ao que determina o regime de partido único no poder”, segundo De León.
Uma das maiores preocupações é a de que se decida adiar ou simplesmente suspender as próximas eleições de outubro, nas quais Chávez está previsto enfrentar o opositor governador do estado de Miranda, Henrique Capriles.
“Caso se decida fazer esta mudança de data, possivelmente será o próprio Conselho Nacional Eleitoral que vá dar esse passo, depois de achar alguma razão, alguma circunstância de ‘excepcionalidade de comoção pública’, que justifique formalmente tomar essa decisão”, advertiu.
Tal decisão desencadearia uma série de situações que acabariam de vez por desbotar as poucas tintas de democracia di regime que as autoridades têm tentado preservar, fazendo cair a máscara e aceleradamente mostrando o tipo de sistema que impera em Cuba.
Uma vitória de Capriles frente a Maduro, caso este seja o candidato chavezista, é possível, mas não estaria garantida em face do férreo controle que o chavezismo tem sobre o Conselho Nacional Eleitoral.
Além do mais, ao que parece a Venezuela vai se retirar da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, decisão que o próprio Chávez solicitou ao Conselho de Estado e que é vista como um passo prévio para a saída do país da OEA.
“Saindo da Comissão, a Venezuela sai automaticamente da Corte Interamericana de Direitos Humanos e isso é um mau sinal de que o chavezismo esteja se preparando para o que der e vier, seis meses antes das eleições”, comentam os analistas.
Essa saída livraria a Venezuela de ter que cumprir com os compromissos de preservação dos direitos humanos estabelecidos pela comissão e afasta as possibilidades de que se autorizem representantes da OEA para supervisionar a campanha eleitoral e o pleito em si.
03 de maio de 2012
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