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sábado, 5 de maio de 2012

O fim da farsa de Pagot


Corrupção
 
Ex-diretor de Infraestrutura de Transportes do Dnit tentou se transmutar de vítima, mas a mentira não foi longe: na gestão dele a Delta multiplicou seus negócios

Daniel Pereira, Otávio Cabral e Rodrigo Rangel
Veja on line

ANTI-HERÓI - Demitido após o escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes, Luiz Pagot, ex-diretor do Dnit, tentou forjar uma história para justificar sua queda, mas acabou desmentido
(Valter Campanato/Abr)

Em julho do ano passado, uma reportagem de VEJA revelou que no Ministério dos Transportes funcionava uma organizada estrutura de corrupção. Em troca de contratos e liberação de faturas, empreiteiras eram instadas a recolher propina ao caixa do Partido da República, o PR, que comanda a pasta.
Dias depois da revelação, a presidente Dilma Rousseff demitiu toda a cúpula do ministério, incluindo Luiz Antonio Pagot, o então diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o órgão responsável pela construção e manutenção das estradas federais.

Pois esse mesmo Pagot, recentemente, tentou se transmutar em vítima, atribuindo sua demissão a um complô tramado pelo grupo de Carlos Cachoeira.

Em sua versão, o defenestrado perdeu o cargo não por seus defeitos, mas por suas qualidades. Ele teria contrariado interesses da construtora Delta, empreiteira que, se sabe agora, tinha Cachoeira como lobista.

Pagot chegou a insinuar que a reportagem teve origem em informações da quadrilha de Cachoeira.

O contorcionismo retórico de Pagot, como a mentira, tinha perna curta. Não foi longe.

Já se sabia que na gestão dele a Delta multiplicou seus negócios, transformando-se na maior prestadora de serviços do governo, com faturamento superior a 3 bilhões de reais em contratos de rodovias, muitos deles eivados de irregularidades.

Pagot foi um Papai Noel para a empreiteira.

Na semana passada, foram reveladas novas gravações telefônicas captadas pela Polícia Federal que desmontam a tese do ex-diretor do Dnit.

Os diálogos mostram que a quadrilha de Cachoeira estava muito preocupada com a demissão de Pagot, que após a divulgação das irregularidades foi convocado para depor perante uma comissão do Senado e ameaçava fazer revelações sobre o esquema de propina no ministério.

Em um dos diálogos, Cachoeira fala com o representante da construtora no Centro-Oeste que, se Pagot dissesse qualquer coisa sobre o esquema, estaria dando "um tiro no próprio pé".

Ele, de fato, se calou diante da comissão do Senado.

O ex-diretor do Dnit, segundo a Polícia Federal, participou de um jantar com o senador Demóstenes, Cachoeira e o dono da Delta, Fernando Cavendish, para tratar dos negócios da empreiteira.

Essa relação explicaria em parte o sucesso da Delta, que tinha em seu rol de "consultores" o ex-ministro José Dirceu, apontado pelo Ministério Público como o "chefe da quadrilha do mensalão".


A oposição quer convocar Pagot para depor.

Boa chance para ele, desta vez, contar tudo o que sabe.


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