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segunda-feira, 6 de março de 2017

Juiz nega pedido de videoconferência e Lula vai depor pessoalmente em Brasília


Ex-presidente irá falar em processo sobre suposta obstrução da Lava-Jato

Por André de Souza
O Globo

O ex-presidente Lula participa de missa de sétimo dia de sua esposa, Marisa Leticia - Edilson Dantas / Agência O Globo/09-02-2017



BRASÍLIA — O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, negou o pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor por meio de videoconferência em um processo que apura se ele tentou atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato. Com isso, Lula terá que comparecer pessoalmente na Justiça Federal na terça-feira da próxima semana. O ex-presidente queria depor de São Bernardo do Campo, na Região Metropolitana de São Paulo, onde mora.

O juiz destacou que "tem atendido aos pleitos das defesas desde que dentro de suas possibilidades técnicas", acrescentando: "Todavia, não poderá acolher postulação que envolva logística fora de suas capacidades, a par da indisponibilidade de videoconferência no dia 14/03/2017 com São Paulo e com São Bernardo do Campo". A data do depoimento já tinha sido marcada no começo do mês passado. Inicialmente, Lula falaria no dia 17 de fevereiro, mas a audiência foi adiada a pedido da defesa do ex-presidente.

Lula e mais seis pessoas, incluindo o ex-senador Delcídio Amaral e o banqueiro André Esteves, são acusados de ter tentado comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que estava negociando uma delação com o Ministério Público Federal (MPF). Delcídio chegou a ser preso por isso. No fim, Cerveró e, posteriormente o próprio Delcídio, se tornaram delatores e passaram a colaborar com as investigações. Também são réus o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula; o filho dele, Maurício Bulai; Diogo Ferreira, ex-assessor de Delcídio; e Edson Ribeiro, ex-advogado de Cerveró.

Delcídio foi preso em novembro de 2015 após ser flagrado em gravação tentando comprar o silêncio de Cerveró. Posteriormente, ele se tornou colaborador e foi solto. Em sua delação premiada, o ex-senador acusou Lula de participação na tentativa – frustrada – de derrubada da delação de Cerveró. Segundo Delcídio, o ex-presidente agiu para que a família Bumlai interferisse – inclusive financeiramente – nos rumos da colaboração do ex-diretor da Petrobras.

Delcídio disse ter procurado Maurício Bumlai e obtido repasses em dinheiro vivo. O próprio senador disse ter feito um repasse de R$ 50 mil ao advogado de Cerveró, Edson Ferreira. Os dados bancários mostram uma movimentação financeira pouco antes dos repasses em dinheiro vivo, conforme a denúncia. Ainda segundo a delação, André Esteves participou da trama. A assessoria do banqueiro alega que, depois disso, em 16 de maio deste ano, em entrevista ao programa "Roda Viva", Delcídio isentou Esteves de culpa.

06/03/2017

Executivo confirma a Moro que Palocci era ‘Italiano’ na Odebrecht


Fernando Barbosa Sampaio depôs ao juiz como testemunha do empreiteiro Marcelo Odebrecht

Por João Pedroso de Campos
Veja.com

O ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci


Em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, Fernando Barbosa Sampaio, presidente do estaleiro Enseada Indústria Naval, em que a Odebrecht tem participação, confirmou que o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci era identificado como “Italiano” nas planilhas e e-mails da empreiteira. Sampaio depôs como testemunha de defesa arrolada pelo ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht, na ação penal em que o empresário é réu ao lado de Palocci e outras 13 pessoas, incluindo o marqueteiro João Santana.


O executivo fez a confirmação depois de Moro ler um e-mail enviado a ele por Odebrecht em 2011 a respeito de construção e afretamento de navios-sonda que citava o codinome. “Chegou no italiano a fofoca, via Petrobras, de que estaríamos saindo, desistindo da Bahia. Neguei e afirmei que as conversas não evoluíram, apenas por eles estarem concentrados no pacote. Ele tem claro que a linha vai ser na compensação via tarifa de arrendamento”, dizia o e-mail.

Questionado pelo magistrado a quem o apelido se referia, Sampaio disse “a gente sabia que o italiano era o Palocci. Eu sabia, tinha sido informado pelo Márcio Faria”. Ele respondeu a Moro, no entanto, que só conhece o ex-ministro “de imprensa, televisão, pessoalmente não, nunca estive com ele” e que não sabe por que Palocci era citado como “Italiano” nos e-mails.

Conforme análise da planilha “Posição italiano 31/07/2012 MO”, apreendida pela Polícia Federal na 23ª fase da Operação Lava Jato, Palocci teria acertado o pagamento de propinas de cerca de 200 milhões de reais de 2008 a 2013. Ao final, 128 milhões de reais teriam desaguado em destinatários definidos pelo PT, como o marqueteiro João Santana, até outubro de 2013, restando um saldo de 71 milhões de reais.

Ao final da oitiva de Fernando Sampaio, o advogado de Antonio Palocci, José Roberto Batochio, perguntou a ele se sabia da identificação do codinome apenas por “ouvir falar” e o executivo disse que sim. “Eu realmente ouvi dizer de colegas da empresa que o Italiano era o Paloccci, agora, não estive com ele, não conheço ele”, ressaltou.

Palocci foi preso na 35ª fase da Lava Jato, batizada de Omertà, em setembro de 2016. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em duas ações penais na operação.


06 mar 2017