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Quando a democracia começa a incomodar o colunismo político, a democracia pode estar precisando do Sírio-Libanês ou do Einstein…





Sempre que alguém decide agredir a democracia ou submetê-la à canga de um líder ou de um partido, eu sou tomado por uma obsessão, para usar uma palavra que é do gosto de Lula: reafirmar os valores democráticos.


Assim, eu lhes trago outro vídeo em que o então presidente da República fala sobre saúde.

Trata-se do discurso que ele fez há exatos dois anos, no dia 3 de novembro de 2009, no 9º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em Olinda.

É aquele em que diz que vai tentar convencer Barack Obama a criar o SUS
.

V
ejam.

V
olto depois.

Voltei
Mais uma vez, antes de comentar o vídeo, algumas considerações importantes.

O Brasil vive já há alguns anos sob o signo de um misto de censura e mistificação.



E esse monstrengo antidemocrático é encarnado pela figura de Lula.

Só por isso algumas pardalocas desarvoradas chegaram a pedir censura na Internet para que as pessoas parassem de dizer aquela “coisa horrível”, “aquela baixeza”, “aquela canalhice”.

E o que era essa coisa tão terrível?

“Vai se tratar no SUS, Lula!”


Acho que o texto que escrevi ontem diz boa parte do que tem de ser dito a respeito.

“Fascistas” são aqueles que consideram “ofensivo” que se possa oferecer a alguém como Lula o que é oferecido ao povo.

Não!

Eu não acho que ele esteja moralmente obrigado a se tratar no SUS, reitero!



Afirmar, no entanto, que tal sugestão é uma “ofensa grave” — a maioria dos portais da Internet cortou comentários com esse teor! — corresponde a ignorar as palavras do próprio petista.

A estupidez foi longe!

Leio aqui e ali que Lula colaborou com a “transparência do poder” ao admitir a sua doença e permitir que os médicos concedessem uma entrevista coletiva.

Uau!

Definitivamente, o homem foi alçado à condição de condestável da República. Eu nem sabia que ele estava no poder!

Considerava, na minha santa inocência, que a presidente era Dilma Rousseff.

Para mim, o Apedeuta era só o seu antecessor.



Notaram o que está em curso?

Todo o tratamento dispensado à questão e a mise-en-scène preparada por sua assessoria simulam, com efeito, as agruras de um chefe de estado, de um líder mundial, que ombreia com o próprio papa.


Não por acaso, a turma que cuida de seu marketing pessoal se encarregou de tornar pública uma falsa nota de apoio de Bento 16.

Isso não quer dizer que o chefe da Igreja Católica não o apóie ou não ore por ele, é evidente.


Há muitos tempo setores da imprensa procuram proteger Lula de si mesmo, de sua história, de suas próprias palavras, o que ajudou a criar o mito e a espalhar mistificações.

A figura do notável comunicador “que veio de baixo” — e isso parece suspender o juízo de muitos, o que é uma forma de preconceito às avessas — faz com que muitos ignorem suas bobagens, parolagem e incongruências.

E ai daquele que decidir apontá-las!

Só pode ser por preconceito!

Se Lula já era um super-homem quando saudável, tende a se tornar, doente, um guia espiritual.


Caso se cure, o que é o mais provável (continuo a rezar por ele, enquanto petralhas pedem ao capeta que me leve), vira herói; caso se dê o pior, mártir.



Bom católico, neste nosso mundo aqui, só sei lidar com pessoas.

Deus pertence a outro domínio.

DOENÇA NÃO É CATEGORIA DE PENSAMENTO. TAMBÉM NÃO FAZ DE NINGUÉM UM FILÓSOFO. TAMPOUCO MELHORA BIOGRAFIAS.


E por que tantos se ajoelham no milho para demonstrar que sempre reconheceram os méritos sobre-humanos do petista?

Porque são reféns morais e ideológicos do PT e temem as hordas da Internet.

Não sou nem temo.

Rezo, sim, por ele.

Não acho que “mereça” ficar doente.

Isso é uma ignomínia — essas palavras corrompem a alma de quem as pronuncia.

MAS CONTINUAREI A TRATAR LULA COMO UM ACONTECIMENTO DESTE MUNDO!

Não é o ungido, não é o Filho de Deus.

Ainda que ele próprio possa ficar chocado com a revelação, não é… Deus!

Agora o vídeo
Eu continuo tentando entender por que tantos ficaram tão “chocados” com o “Vai se tratar no SUS, Lula”.

Por que insistem, afinal, em ignorar a pregação do próprio mestre?
Seguem a transcrição da fala em vermelho no vídeo que está lá no alto , com comentários meus em azul.

(…) na questão da saúde, muitas vezes, nós fazemos uma discussão, eu diria, equivocada ou menor do que o tema da saúde precisa que seja feita. Muitas vezes nós discutimos problemas menores, nós não damos importância necessária a um direito elementar que é o de todos os brasileiros terem direito a uma saúde de qualidade.

É uma tática antiga de Lula, desde os tempos de sindicalista: anunciar que vai dizer algo inédito, um aspecto no qual ninguém pensou. E qual é? “A saúde é um direito elementar!” Uau!!!

Eu, vira e mexe, participo de debate em que as pessoas falam: “O Estado não serve para nada. Eu, para ter saúde, pago o meu plano médico”. Só que essa pessoa que paga o plano médico, quando declara o Imposto de Renda, restitui uma grande parte do que pagou. Portanto, é o Estado que garante para ela a assistência médica. E assim vale para outras coisas.





É um argumento fraudulento, estupidamente fraudulento. A verdade é o exato oposto. Começa que não existe “restituição” porcaria nenhuma, mas dedução. E ela se deve ao fato justamente de todo brasileiro pagar impostos para ter a saúde que não tem. Mais: à medida que milhões recorrem ao setor privado de saúde, isso desonera o setor público. Ou não? É que Lula só conhece uma linguagem: a do confronto. Sempre opera na lógica do “nós” contra “eles”. Nesse caso, quer jogar quem não tem plano privado de saúde contra quem tem. Reparem na mudança de voz quando imita os supostos reclamantes. Ele faz uma caricatura. Atenção para o que vem agora.


Eu, por exemplo, minha querida Josefa, quando vou fazer um checkup… Porque só rico tem checkup. Rico, autoridade e gente…

Bem, sua assessoria divulgou que seu plano de saúde vai pagar os serviços do Sírio-Libanês, onde ele fez checkup. Não sendo mais autoridade, então é rico, certo?

Porque quando eu vou fazer um checkup, nenhum médico pergunta para mim: “Ô, Lula, você está sentindo isso? Você sente isso. O que você passou ontem?”. É uma máquina, uma fileira de máquina. Máquina um, deita; máquina dois, levanta; máquina três, faz; e máquina quatro, vai. É como… Não, obviamente que tudo chique, tudo necessário. Mas eu me sinto o próprio Charlie Chaplin, naquele filme “Tempos Modernos”. Entra… Você não tem contato, não tem mais a figura daquele companheiro que pergunta: “Escute aqui, você tem dor de barriga? A sua barriga incha, seu pé dói, sua cabeça dói?”. Não tem. Hã, Humberto?

Vejam que, a um só tempo, elogia as máquinas “chiques”, a que a esmagadora maioria dos brasileiros não tem acesso, mas o faz sugerindo que o tratamento está desumanizado, sem aquele “companheiro” médico para dar assistência ao doente. Por alguma razão que não entendi, a platéia urra de felicidade.

Eu falo isso porque eu vivi os dois lados. Eu sei o que é esperar sentado, com a bunda em um banco de um balcão de hospital, três ou quatro horas ou cinco horas, e, às vezes, depois que a gente está lá, dizem: “O médico não está”. Eu sei o que é isso e sei o lado do atendimento vip que tem um Presidente da República, eu sei os dois lados.

Lula também tem atendimento vip, como sabemos, mesmo sendo ex-presidente — e, por isso, não foi para o SUS. Um dos truques prediletos do petista é o tal “argumento de autoridade”. Ele sempre sabe tudo. Tem autoridade para falar como pobre — e, portanto, ninguém pode ocupar esse nicho. E agora sabe como vive um rico. Na verdade, ele é um homem rico.

Então, neste assunto eu falo de cátedra que ainda falta muito para que a gente possa dar às pessoas mais humildes o tratamento respeitoso que todo ser humano precisa ter no mundo. E aí, obviamente que precisa de dinheiro. Ninguém faz saúde sem dinheiro; ninguém faz saúde. De vez em quando se fala muita bobagem de dizer: “Olha…” Tem gente que fala: “Eu vou dar…”, candidato a prefeito fala: “Eu vou dar transporte de qualidade, gratuito”. E depois percebe que não é possível. A qualidade impõe determinados custos que alguém tem que pagar. A saúde de qualidade necessita de dinheiro.


Ah, não me diga! Lula prometeu criar 500 UPAs, as Unidades de Pronto Atendimento. Entregou 91. Sua candidata prometeu entregar mais 500 — mil até 2014. Até setembro, tinha feito UMA! Só neste ano, garantiu contruir 2.175 UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Não se tem notícia até agora. Alguém dirá. “Mas e o dinheiro?” O GOVERNO LULA, COMO ADMITE DILMA, USOU OS RECURSOS DA CPMF PARA OUTRAS FINALIDADE, QUE NÃO A SAÚDE. Não faltava dinheiro, mas competência.

E aí a sociedade como um todo tem que se autofinanciar. Veja o que o Obama está passando nos Estados Unidos com a questão da saúde. E lá tem 50 milhões de pobres que não têm direito a nada. Ah, se tivesse um SUS nos Estados Unidos, como seria bom para os pobres. Eu, na próxima conversa que eu tiver com o Obama, eu falo: “Obama, faça o SUS. Custa mais barato, é de qualidade e é universal”, porque… e veja o que ele está apanhando, porque os conservadores não querem mudar nada. Ou seja, as pessoas não querem abrir um milímetro para atender a uma parte da população que não teve direito a nada. Como eu acho que o mundo vai ter que ser cada mais solidário para que a gente possa sobreviver neste planeta, porque está cada vez mais apertado, cada vez tem mais gente e cada vez tem mais problemas, eu acho que nós vamos caminhar para uma sociedade em que a gente, de vez em quando, vai abrir mão de algumas coisas nossas para que outros possam ter acesso àquilo que a gente já tem.

Eis o Lula no seu melhor estilo. Depois de ter lembrado que, afinal, era um dos que ficavam horas com “bunda” na cadeira esperando atendimento, mostra a intimidade com Obama, mas não uma intimidade qualquer. Ele é superior. Está na condição de quem pode dar conselhos àquele, sugerindo que copie o nosso modelo, “de qualidade e universal”. Na seqüência, mais uma vez, “nós” (os progressistas) contra “eles” (os conservadores). Em seguida, fala o profeta planetário, que está pensando coisas cujo alcance é a humanidade.

(…)
Esses dias, eu fiquei indignado, porque nós fizemos uma revista bonita, do Ministério do Desenvolvimento Agrário para levar para a Europa, traduzida. E tem um casal bonito trabalhando na roça, e aparece um companheiro, uma figura humana belíssima, sorrindo, sem um dente na boca. Eu falei: “Companheiro, não é possível que a gente não… antes de tirar a foto, não mandou consertar, arrumar”. Porque tem gente que acha que pobre gosta de ser banguela. Então, essa é uma coisa que nós ainda temos que avançar.

E, muitas vezes, não basta ter dinheiro, esse é o problema, é que não basta ter dinheiro. É preciso ter um conjunto de cabeças pensantes e uma palavra nova que eu vou criar: um conjunto de pessoas executantes para que as pessoas possam dar certo. Porque, também, no País, entre você pensar e fazer fica mais fácil atravessar o Oceano Atlântico a nado e ir para a África. Não é uma coisa fácil.



A palavra “executante” pertence ao léxico; não é uma invenção. Numa coisa ele tem razão: não basta ter dinheiro; é preciso também ter competência, o que seu governo não demonstrou na saúde.

Ao contrário: essa é uma área que sofreu um notável retrocesso, embora, segundo ele, o Brasil deva ser um exemplo para Obama…


Eu não discuto pessoas, mas políticas públicas. Os primeiros a prometer coisas para pensar no dinheiro depois, fazendo justamente o que Lula condena, foram os petistas. Mais: ficaram durante longos cinco anos com a arrecadação da CPMF, e, como admitiu Dilma, o dinheiro foi desvirtuado. Longe da perfeição, a saúde brasileira certamente não serve de modelo para ninguém. Ainda é preciso ficar horas, meses, com, como é mesmo?, “a bunda” sentada na cadeira…

Reacionários, senhores colunistas patrulheiros e patrulhados, é usar a saúde do povo para construir uma mitologia pessoal e depois recorrer aos serviços do Sírio-Libanês.

Eu, a propósito, recorro ao Einstein, mas não dou conselhos a Obama nem digo que o SUS está bem perto da perfeição.

Como sintetizou Augusto Nunes, “Lula pode internar-se onde quiser, desde que pare de mentir sobre o sistema de saúde”.


Quanto ao colunismo inconformado com a democracia, resta a saída Coréia do Norte.

A alternativa seria a leitura de alguns livros. Mas eu jamais cobro das pessoas o que sei estar além do seu alcance.


03/11/2011







1 comentários:

Anônimo disse...

Porra! O que faz o cara com a bandeira de Israel na gravata? Lula e seu governo odeiam o pequenino Israel, a única democracia do Médio Oriente, e adoram os terroristas islâmicos que chacinam israelitas todos os dias!