Simulação do acidente que resultou na morte de Teori Zavascki
Alerta foi silenciado
A investigação da Aeronáutica verificou que, durante a primeira aproximação do avião para tentativa de pouso, o piloto silenciou um equipamento que emite alertas visuais e sonoros sobre a aproximação da aeronave com o solo.
Mesmo silenciado, o aparelho continuou a registrar as movimentações da aeronave. Segundo o Cenipa, o próprio manual do equipamento fala que somente em aeródromos não-registrados deve-se silenciar esse equipamento, pois nesses casos o aparelho pode atrapalhar o piloto.
A base de dados do aeródromo de Paraty, no entanto, é registrada. Segundo as investigações, pelo fato de a visibilidade estar baixa no momento, essa ação não era recomendada. No entanto, inibir o aparelho não foi um fator preponderante para o acidente, segundo a FAB.
A investigação também concluiu que o piloto não esperou o tempo recomendado entre uma tentativa de aterrissagem e outra.
O que provocou as mortes das vítimas
De acordo com o relatório do Cenipa, a principal causa da morte das cinco pessoas a bordo do avião foi politraumatismo, ou seja, os impactos causados pela queda da aeronave.
"Ainda que tenha sido divulgado que um dos tripulantes foi encontrado com vida 40 minutos após o acidente, o afogamento foi causa acessória do acidente. A causa mortis foi politraumatismo", disse Marcelo Moreno nesta segunda.
Recomendações à Anac
O relatório do Cenipa apresenta recomendações de segurança à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Em uma dessas recomendações, o centro pede à Anac que divulgue os "ensinamentos" derivados da investigação no que diz respeito à necessidade de observância dos requisitos mínimos de operação sejam valorizados.
O órgão também recomenda à Anac revisar os requisitos existentes para enfatizar, durante a formação do piloto civil, as características e os riscos decorrentes das ilusões e da desorientação espacial para a atividade aérea.
'Sabotagem'
Durante a apresentação do relatório, Marcelo Moreno foi questionado sobre se há indícios de "sabotagem" no avião que transportava Teori, uma vez que ele era o relator da Lava Jato no STF e estava prestes a homologar delações.
Moreno, então, respondeu:
"Os elementos de investigação colhidos não sustentaram nenhum indício que levasse a essa interferência ilícita, e isso foi corroborado pelo laudo da Polícia Federal."
O ministro do STF Teori Zavascki, que morreu em janeiro de 2017 após acidente aéreo em Paraty (RJ)
(Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo/Arquivo)
Relembre
Em janeiro de 2017, o avião com o ex-ministro decolou do Campo de Marte, em São Paulo, com destino a Paraty, no Rio de Janeiro.
Chovia forte na hora do pouso, e o piloto chegou a arremeter e tentar pousar novamente, quando a aeronave caiu no mar.
Além de Teori, então relator da Operação Lava Jato no STF, morreram o empresário Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, a massoterapeuta Maira Lidiane Panas, a mãe dela – Maria Ilda Panas – e o piloto Osmar Rodrigues.
Após a morte do ministro, coube ao presidente Michel Temer indicar um substituto para a Corte. O escolhido foi o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que teve o nome aprovado pelo Senado. Moraes herdou cerca de 7,5 mil processos.