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sábado, 2 de março de 2013

O petista que explora, na internet, a indústria da difamação


Reportagem de VEJA mostra como André Guimarães, que difundiu falso dossiê sobre Yoani Sánchez, tenta vender tecnologia da RedePT13 a prefeituras do partido

Revista Veja
Hugo Marques
DINHEIRO PÚBLICO - André Guimarães (à dir.) trabalha no gabinete do deputado André Vargas, vice-presidente da Câmara
(Juliana Knobel/Frames/Estadão Conteúdo)

São muitas as histórias de anônimos que alcançaram a fama por meio da internet.

O petista André Guimarães tem planos ambiciosos nessa direção. Criador da RedePT13, uma organização virtual formada por perfis falsos e blogs apócrifos usados para atacar aqueles que são considerados inimigos do partido, ele já é uma celebridade entre seus pares.

Se é preciso espalhar uma mentira para difamar alguém, Guimarães é acionado.

Se for apenas para ridicularizar um oponente, o rapaz conhece todos os caminhos sujos.

Na visita da blogueira Yoani Sánchez, ele trabalhou como nunca. A rede postou montagens fotográficas, incentivou os protestos e difundiu um falso dossiê produzido contra ela pela embaixada cubana.

O problema é que o "ciberguerrilheiro" petista sustenta sua atividade criminosa com dinheiro público, dinheiro do contribuinte.

André Guimarães é funcionário do Congresso.

Está lotado e recebe salário no gabinete do deputado André Vargas, o atual vice-presidente da Câmara e secretário nacional de comunicação do PT.

Mas, como dito, o rapaz é ambicioso.



sexta-feira, 1 de março de 2013

Barbosa prevê prisões do mensalão até julho e chama sistema penal de 'frouxo'


Advogados dos condenados dizem que ministro tem 'ânsia por celeridade' e faz 'futurologia'


FELIPE RECONDO, MARIÂNGELA GALLUCCI
O Estado de S.Paulo


BRASÍLIA - Presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa disse na quinta-feira, 28, que as penas dos 25 condenados no julgamento do mensalão devem começar a ser cumpridas até 1.º julho deste ano. Ele afirmou, porém, que por causa de um sistema penal "frouxo" boa parte dos condenados deverá ficar na cadeia pouco mais que dois anos.


Nelson Jr./STF/Divulgação
Para Barbosa, falhas do sistema penal vão reduzir substancialmente as penas dos condenados

"Eu espero que até julho (sejam expedidos os mandados de prisão)", disse o ministro em entrevista a correspondentes internacionais. "Mas a minha expectativa é que tudo se encerre antes de 1.º de julho, antes das férias."

Treze dos condenados têm penas superiores a oito anos, o que os levará ao regime fechado de prisão. O restante cumprirá penas diferenciadas, como o regime semiaberto, no qual o condenado apenas dorme na cadeia.

Barbosa afirmou que espera encerrar o julgamento de todos os recursos dos advogados contra a condenação até essa data. Depois, os mandados de prisão poderão ser expedidos. "Os votos de alguns ministros ainda não foram liberados e eles ainda têm um prazo para fazer isso. Assim que todos apresentarem os seus votos, eu vou determinar a publicação, e aí começa a correr o prazo de recursos dos réus", disse. O calendário só não será cumprido, segundo ele, se houver "chicana" dos advogados.

Barbosa criticou as penas impostas pelo tribunal no julgamento do mensalão e afirmou que há um problema sistêmico na Justiça criminal. "Nosso sistema penal é muito frouxo. É um sistema totalmente pró-réu, pró-criminalidade", disse.

"Essas sentenças que o Supremo proferiu aí, de dez anos, 12 anos, no final se converterão em dois anos, dois anos e pouco de prisão, porque há vários mecanismos para ir reduzindo a pena", disse. "E, por outro lado, esse sistema frouxo tem vários mecanismos de contagem de prazo para prescrição que são uma vergonha. São quase um faz de conta. Tornam o sistema penal num verdadeiro faz de conta."

Barbosa chamou o sistema prisional de "caótico". "Isso, no Brasil, infelizmente, é utilizado para afrouxar ainda mais o sistema penal. O que eu acho um absurdo", disse o presidente do STF. "Os governantes brasileiros não dão importância a esse fenômeno que é esse sistema prisional caótico."

Apontado pelo Supremo como figura central no esquema de pagamento de parlamentares em troca de apoio político ao governo Luiz Inácio Lula da Silva entre os anos de 2003 e 2005, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi condenado a dez anos e dez meses de reclusão. Já o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o operador do mensalão, foi condenado a mais de 40 anos.

O julgamento da ação penal do mensalão terminou em 17 dezembro do ano passado, após mais de 4 meses de sessões e embates entre o relator, ministro Joaquim Barbosa, e o revisor, ministro Ricardo Lewandowski. Mas o acórdão do julgamento ainda não foi publicado, pois depende da liberação de todos os votos e das notas taquigráficas, que estão sendo revisadas pelos ministros. Depois de publicada a decisão, os advogados de defesa terão prazo para recorrer.

Barbosa já antecipou o entendimento de que não serão novamente julgados os casos em que houve quatro votos pela absolvição. Advogados de defesa tentarão refazer o julgamento desses réus por meio de embargos infringentes. Um dos possíveis beneficiários seria Dirceu, condenado pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.

Reações. O advogado José Luís Oliveira Lima, que defende Dirceu, não comentou as declarações do presidente do STF.

O criminalista Marcelo Leonardo, que defende Marcos Valério, criticou a "futurologia" de Barbosa. "Enquanto o acórdão não for publicado, qualquer previsão não tem sustentação. Se não se souber quais os recursos interpostos e sua fundamentação, não se deve fazer futurologia na Justiça."

01 de março de 2013

Mantega está mais otimista do que os dados permitem


Após anunciar o ‘pibinho’ de 0,9% no ano passado, ministro da Fazenda afirma que economia brasileira está em aceleração com a melhora do cenário externo; o PIB pode crescer até 4% este ano, segundo ele

Ano de crise não conta: o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os governos de Lula e Dilma elevaram o patamar de crescimento médio da economia brasileira. "Criamos condições para crescer acima de 4%"

(Ueslei Marcelino/Reuters)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a presidente Dilma Rousseff encontraram-se na noite de quinta-feira para debater o fraco desempenho da economia brasileira no ano passado. Apesar de os dados oficias terem sido liberados apenas na manhã desta sexta-feira, Mantega afirmou que o resultado já não era novidade para ninguém – inclusive para a presidente, que cobrou da equipe econômica do governo um desempenho melhor a partir deste ano. O ‘pibinho’ de 0,9% confirmado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, segundo o ministro, é culpa do cenário externo. “O desempenho da economia, em momentos de crise, é fraco”, reforçou. “A crise toda foi produzida lá fora e a resposta do Brasil foi boa.”

O ministro tentou ficar imune às críticas pelo pífio desempenho da economia nos dois primeiro anos do atual governo. O biênio inicial de Dilma Rousseff só é melhor que o mesmo período de Fernando Collor de Mello, quando a economia brasileira estava em recessão. Para se defender, Mantega afirma que não é correto fazer comparação com o passado, principalmente porque desde 2003 os governos Lula e Dilma elevaram o patamar de crescimento médio da economia brasileira. “Criamos condições para que o crescimento volte ao patamar de 4%”, reforçou.

Bons ventos - Mantega demonstrou otimismo – em alguns momentos exagerado – com a situação atual da economia brasileira. Para ele, os dados preliminares do primeiro trimestre mostram um nível de atividade em recuperação, repetindo o desempenho do quarto trimestre.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,62% do terceiro para o quarto trimestre de 2012. O ministro espremeu os dados e reforçou que as vendas no varejo continuam em alta.

O consumo foi o modelo de crescimento escolhido pelo governo para empurrar a expansão da economia brasileira nos últimos anos, mas a estratégia parece mostrar sinais de esgotamento. No segundo semestre do ano passado, houve uma perda constante no indicador, que aproximou-se de expansão de 0,5% em dezembro.

Mesmo assim, fechou em 8,4% no ano, segundo o IBGE. Mas, como no início do ano passado, quando previu um crescimento robusto, o tal “pibão” que a presidente Dilma tanto cobra, Mantega repetiu o discurso agora. “O crescimento para este ano ficará entre 3 e 4%”, afirmou.


Para o consumidor, porém, a situação é oposta. O Índice de Confiança do Consumidor, da FGV, caiu pelo quinto mês consecutivo em fevereiro. Analistas do mercado financeiro e economistas também estão reticentes. A expectativa é de que o Copom promova uma alta na taxa Selic na reunião de abril. O juro básico da economia brasileira está em 7,25% ao ano.

Além disso, a inflação é uma incógnita. Pressionada pelos preços, acumula 6,15% em 12 meses e tem dado sinais de resistência à queda. Alguns analistas aceditam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial de inflação, fechará 2013 em 6,2%.

Na última pesquisa Focus, a projeção do IPCA para este ano caiu para 5,7%.



Investimentos - A grande aposta de Mantega é na recuperação das taxas de investimento, que apresentaram forte queda no ano passado. Um primeiro sinal de recuperação, segundo ele, é o desempenho do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no primeiro bimestre.

Nesta semana, Luciano Coutinho, presidente do BNDES, disse em Nova York que os desembolsos superaram a expectativa nos dois primeiros meses do ano. “Estamos criando mecanismos para os bancos privados participarem junto com os bancos públicos do aumento do crédito para investimentos no país”, garantiu Mantega.


Para conseguir elevar novamente a Formação Bruta de Capital Fixo, que no ano passado recuou 4% com a queda na produção interna de máquinas e equipamentos, Mantega formou uma blitze para atrair investimentos privados para o setor de infraestrutura.

Nos últimos dias, o ministro e uma comitiva oficial participaram de viagens para a Europa e os Estados Unidos para atrair o capital estrangeiro para a concessão de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias. “Estamos oferecendo uma demanda garantida para o investimento no Brasil, com uma série de regras favoráveis”, afirmou Mantega.

“As taxas são elevadas e vamos atrair primeiro os investidores brasileiros e depois os internacionais.” No entanto, o site de VEJA apurou que o governo modificou a comunicação das taxas de retorno para os investimentos em infraestrutura sem alterar o retorno.



Com Dilma, PIB tem segundo pior resultado dos últimos 60 anos
Desde os dois primeiros anos do segundo governo Vargas, em 1951, o único presidente que levou o PIB a patamares mais baixos do que Dilma foi Fernando Collor.

Obs. Os números são de crescimento do PIB e se referem à soma das porcentagens de crescimento dos dois primeiros anos de cada governo.


Fonte: Ipeadata Elaboração e projeção: MB Associados


Brasil cresce só 0,9% em 2012 – pior marca desde 2009





Dados do IBGE divulgados nesta manhã de sexta-feira mostram que economia brasileira cresceu ainda menos do que o esperado pelo governo e pelo mercado

Fábrica de computadores da Positivo
em Curitiba
(Marcelo Almeida/EXAME)


O mau resultado da economia brasileira em 2012 já era esperado por analistas de mercado e pelo próprio governo. Mas os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são ainda piores do que se previa. No ano passado, a economia brasileira registrou expansão de apenas 0,9% em relação a 2011 - o pior resultado desde 2009 quando, afetado pela crise internacional, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 0,3%.
O governo esperava crescimento de pelo menos 1% da economia em 2012, ano em que a soma das riquezas produzidas pelo Brasil ficou em 4,4 trilhões de reais. O resultado veio abaixo também do previsto no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do PIB, que cresceu 1,35% em 2012.

O pibinho se confirmou em meio a sucessivos esforços do governo para estimular o consumo, como a redução do quadro de juros - com baixa recorde da Selic a 7,25% ao ano, desonerações em folhas de pagamento e redução de impostos.

Segundo o IBGE, houve aumento no consumo das famílias, de 3,1% ante 2011, e também crescimento do setor de serviços - 1,7% ante o ano anterior. Já a produção da indústria recuou 0,8% no ano e a agropecuária caiu ainda mais, 2,3%. O consumo do governo cresceu 3,2% em relação a 2011.

O PIB per capita alcançou 22.402 reais, mantendo-se praticamente estável (0,1%) em relação a 2011. Ainda segundo o IBGE, a taxa de investimento no ano de 2012 foi de 18,1% do PIB, inferior à taxa referente ao ano anterior (19,3%). A taxa de poupança foi de 14,8% em 2012 (ante 17,2% no ano anterior).

Quando o desempenho do quarto trimestre é comparado ao terceiro trimestre, a economia brasileira cresceu 0,6%. Em relação ao quarto trimestre de 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou crescimento de 1,4% no último trimestre de 2012.

Também na comparação entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado, o mercado se surpreendeu, uma vez que analistas esperavam, em média, um crescimento de 0,7% neste confronto.

Sem investimentos - Um fator importante que explica a desaceleração da economia no ano passado é a taxa de investimento em queda. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador do IBGE que mede o nível de investimentos na atividade, recuou 4% em 2012 ante 2011 - a primeira queda desde 2009, quando a taxa ficou negativa em 6,7%.

“A partir do momento em que há uma estimativa de crescimento menor para a economia e nenhum sinal evidente de avanço na competitividade, as empresas acabam pisando no freio para desenvolver projetos”, analisa Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Entre os fatores que espantaram a ânsia de investimentos dos empresários no ano passado estão as medidas intervencionistas do governo, o protecionismo, os altos custos salariais – apesar de importantes desonerações estarem em curso -, e a falta de infraestrutura.

O ‘Custo Brasil’ ainda não foi combatido e continua tirando a competitividade da indústria brasileira. “São muitos os fatores que justificam o fato de uma empresa pensar duas vezes antes de investir no Brasil”, diz Vale.

Indústria segue na berlinda – O setor industrial já teve anos melhores. A queda de 0,8% também a primeira desde 2009, quando o desempenho ficou negativo em 5,6%. O excesso de estoques remanescentes de 2011 também são responsáveis, segundo especialistas, pelo desempenho industrial ruim de 2012.

“Estimamos que a questão dos estoques deve ter roubado quase 1% do PIB de 2012”, afirma Bráulio Lima Borges, economista-chefe da área de macroeconomia da LCA.

“Além de o consumidor colocar o pé no freio, o empresário comprou menos máquinas e o resto do mundo consumiu menos produtos brasileiros”, explica.

Agroindústria em queda - A queda de 7,5% da produção da agroindústria no quarto trimestre do ano passado em relação ao mesmo período de 2011 também chama a atenção. Nos últimos três meses de 2011 o indicador havia crescido 8,4%.

Em seu programa semanal de rádio em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff já havia destacado que a produção brasileira de grãos esperada para este ano, de 185 milhões de toneladas, será a maior da história e disse que vai aumentar o crédito para a agricultura brasileira.

Perspectivas - Com o ano novo, as expectativas são renovadas – e, pela primeira vez no governo Dilma, o Palácio do Planalto prevê um crescimento relativamente em linha com o mercado – em torno de 3%. Devido ao desempenho ruim dos investimentos no ano passado, o governo começou a tentar estimular o setor de infraestrutura - que é um dos grandes motores do crescimento - apenas na segunda metade do ano, com a retomada das concessões, redução drástica do valor energia elétrica e desoneração de folha de pagamentos. A expectativa é que essas medidas tenham impacto positivo no PIB de 2013.

Contudo, nem se a economia crescer os 3% esperados, a presidente perderá o título de "autora" do segundo pior resultado econômico dos últimos 60 anos entre os governos brasileiros.

Dilma ocupa a posição com certa folga e terá de fazer mágica até 2014 - ano eleitoral - para conseguir reverter esse resultado.

A corrida já começou.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

PSB reage e ameaça deixar o governo



RUMO A 2014

Em resposta ao que considera "ingerência" do PT em assuntos internos e tentativa de acuar Eduardo Campos, partido avalia aprovar resolução pela saída do ministério de Dilma


Eduardo estaria incomodado com o "cerco" que Lula e Dilma estariam arquitetando
Cemílson Campos/JC Imagem

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB,) estuda reagir ao que considera ser um cerco do PT nacional ao seu projeto presidencial.

As provocações públicas dirigidas pelo ex-ministro Ciro Gomes (PSB), seu adversário dentro do partido, somadas às visitas que o ex-presidente Lula (PT) e presidente Dilma Rousseff (PT) farão ao Ceará, Estado governado por Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro, estão sendo encaradas como uma tentativa aberta de intimidação para que Eduardo declare, desde já, se é candidato ou não em 2014.

Como resposta, não está descartada uma medida extrema por parte do PSB: a entrega imediata dos cargos que o partido possui nos ministérios.

Socialistas entendem que Lula quer tirar Eduardo da “zona de conforto” e forçá-lo a tomar uma posição antecipada, seja pelo apoio à reeleição de Dilma, seja pelo lançamento de sua candidatura à Presidência.
A movimentação silenciosa dos petistas para tirar o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), da legenda também é encarada como mais um elemento dessa ofensiva contra o PSB.

Com o entendimento de que a campanha eleitoral foi deflagrada, Eduardo está de olho nas próximas movimentações do PT e pode induzir seu partido, do qual é presidente nacional, a aprovar uma resolução favorável ao desembarque do governo federal.

Caso o ministro Fernando Bezerra Coelho e o secretário nacional dos Portos, Leônidas Cristino, não sigam a possível orientação partidária, ambos só permaneceriam nos cargos como cota pessoal da presidente.

Leônidas foi indicado pelo PSB do Ceará, comandado pelos irmãos Gomes.

Nos bastidores, socialistas alegam “desconforto” com as atitudes das lideranças petistas, a quem atribuem a articulação para que Ciro abrisse sua “metralhadora” contra Eduardo.

No último fim de semana, o ex-ministro afirmou que o governador não possui “estrada” nem “visão de País” e defendeu que o partido apoie a reeleição de Dilma.

Ao mesmo tempo, disse que se a legenda tem alguma pretensão de lançar uma candidatura própria, deve deixar, desde já, a base de apoio ao governo federal.

Eduardo escalou figuras nacionais do PSB – como o líder da bancada socialista na Câmara Federal, Beto Albuquerque, e o vice-presidente do partido, Roberto Amaral – para rebater publicamente as declarações de Ciro e, de quebra, enviar recados aos petistas.

Blindado, sua intenção, porém, é deixar que o PT, sozinho, “estique a corda”. O governador não quer levar o crédito pelo futuro rompimento até para conseguir manter seu discurso de que não pretende antecipar o debate eleitoral.

Caso se confirme a saída do partido dos ministérios, Eduardo sustentará o argumento de que o PSB não ficou “confortável” com as investidas do PT e que sua legenda não “depende” de cargos.

Ao mesmo tempo, terá caminho livre para enfatizar seu já crítico discurso ao governo federal e pavimentar seu voo em direção a uma candidatura ao Palácio do Planalto.
28/02/2013


Ato do DEM lembra mensalão e acaba em tumulto na Câmara


Irritado, deputado do PT arrasta placa pela Câmara


Por Cristiane Jungblut
O Globo

Deputados se desentenderam na Câmara após colocação de placa sobre o mensalão em frente a painel que comemora os 10 anos de governo do PT
Ailton de Freitas / O Globo


BRASÍLIA - Cenas de xingamentos, empurra-empurra e confusão marcaram um ato realizado pelo DEM como contraponto aos atos do PT em comemoração aos dez anos do partido à frente do Palácio do Planalto. A confusão começou quando o líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), mostrava uma placa gigante onde eram retratado o ano de 2005 e as reportagens sobre a existência do mensalão. Irritado com a placa, o deputado Amaury Teixeira (PT-BA) surpreendeu os poucos parlamentares da oposição que estavam no local e, literalmente, saiu puxando a placa pelo corredor da Câmara que liga o Plenário e as comissões.

Uma espécie de outdoor, a placa foi colocada estrategicamente em frente à mostra fotográfica que está ocorrendo na galeria da Câmara e que mostra a história cronológica do PT. Nela, o ano de 2005 foi esquecido. Por isso, o DEM colocou a placa em frente à mostra fotográfica que entre os anos de 2004 e 2006, de forma a "preencher" no painel petista o ano de 2005.

- Que coisa de moleque! Isso é falta de respeito! - gritava Amary, enquanto carregava a enorme placa.

- Mensaleiro! Mensaleiro! - responderam parlamentares do DEM e outros participantes do ato.

O deputado Onxy Lorenzoni (DEM_RS) chegou a brincar:

- Eles roubaram até a placa do mensalão.

Amaury foi seguido pela galeria afora, inclusive por deputados como Felipe Maia (DEM-RN). Cercado, o deputado foi socorrido pelo colega Edson Santos (PT-RJ), que passava pelo local. A placa foi levada por assessores por uma escada lateral, que dá acesso à liderança do PT na Câmara. O DEM disse que ela foi levada à liderança do PT na Câmara, mas os petistas negam.

Amaury ficou muito irritado com os ataques.

- Moleque, sou homem direito! Quem me chamou de mensaleiro? - dizia Amaury.

A placa tem foto de Lula, a estrela e diz que a palavra mensalão surgiu, pela primeira vez, em junho de 2005. Há ainda reproduções dos jornais da época.

Os ânimos continuaram exaltados no Plenário. O deputado Onyx Lorezonzi usava o microfone para tentar explicar o ato do DEM, quando levou um tapa no ombro do deputado Devanir Ribeiro (PT-SP).

- Canalha! Canalha! - gritou Devanir.

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) interveio. O deputado Zca Dirceu (PT-PR) também chegou a se aproximar de Onyx.

Mais comedido, o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), foi à Tribuna lembrar que a exposição sobre os 33 anos do PT tinha autorização da Câmara para ser realizada.

O líder do DEM, Ronaldo Caiado, disse que a ideia era lembrar do ano de 2005, que fora esquecido na mostra sobre a história do PT.

- Estamos preenchendo aquele hiato que existe na história de 33 anos do PT - disse Caiado.

Curiosamente, o PT marcou, para o mesmo local, uma festa para o final da tarde com a presença do presidente do partido, Rui Falcão. Assessores da Casa correram para saber se a oposição voltaria, mas foram tranquilizados de que não.

28/02/13

Quem mandou fazer?




Por Pedro Luiz Rodrigues

Parece sarna, talvez uma praga, mas por mais que me esforce para diversificar os assuntos que abordo neste espaço, não consigo me livrar da Petrobras. É prejuízo, é produção que cai, é refinaria cujos preços decuplicam em dez anos, é essa opacidade que aflige qualquer brasileiro ou brasileira que não engole a versão de que a empresa é de todos nós. Por outro lado, vejam como é a vida, torço pelo sucesso da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, corajosa mineira de Caratinga, que tem se desdobrado para tentar corrigir o amontoado de trapalhadas que recebeu de herança em fevereiro do ano passado.

Ao mesmo tempo, fico preocupado com meu conterrâneo, o governador da Bahia, Jaques Wagner, que teve de acomodar o responsável por tanto desarranjo em sua secretaria. Mas o que se pode fazer, o Partido precisava tirar o ex-presidente da Petrobras do cenário nacional, enfiá-lo em algum canto mais discreto, não é mesmo? É o tal de espírito de solidariedade que tanto valoriza o Partido que completa este ano seu décimo aniversário no poder.

Mas agora, com a benção dos orixás, o Tribunal de Contas da União vai começar a examinar a maior das trapalhadas dos últimos anos. Não vai levantar toda a gestão de José Sérgio Gabrielli à frente da Petrobras, mas pelo menos vai jogar luz numa suspeitíssima operação, que fez evaporar, como num passe de mágica, quase um bilhão de dólares.

Simplesmente não há explicação razoável, correta, lógica, incluída no curso de doutoramento da Boston University, plausível, justificável, honesta, para se comprar, em 2006, uma titica de refinaria em Pasadena, no Texas, por um bilhão e cento e oitenta milhões de dólares (em reais, cerca de R$ 2.360.000.000,00) que um ano antes fora comprada por uma emprega belga por muitos zeros a menos (R$85.000.000,00). É dinheiro demais para poder se acreditar em qualquer desculpa esfarrapada para explicá-la ou justificá-la.

Consta que naquele ano a presidente do Conselho de Administração da Petrobras – e hoje a nossa Presidente da República, Dilma Rousseff – teria se oposto à proposta de aquisição da refinaria. E em 2006, lembremo-nos, a Presidente já era toda poderosa, no comando da Casa Civil da Presidência da República (no lugar do então ministro José Dirceu, que teve de largar o cargo por conta de seu envolvimento no esquema do ‘mensalão’. Quem apoiou então Gabrielli, para que ele fosse contra a decisão de Dilma e realizasse a suspeitíssima operação?

O procurador Marinus Marsico já fez a sua parte. Profissional, relata, sem avançar prejulgamento: “Comecei a estudar esse caso há um ano. Pedi informações detalhadas à Petrobras e analisei com o máximo cuidado. As informações só reforçaram a minha convicção de que [a compra da refinaria] foi um ato antieconômico, uma decisão que lesou o país e a empresa”. Na representação que enviou ao TCU, Marsico pede a responsabilização de todos os gestores da Petrobras. Caberá ao TCU a individualização das responsabilidades,

Vou ver se consigo sintonizar o programa de rádio que José Sérgio Gabrielli tem na Bahia, e que vai ao ar todas as quintas-feiras. Quero saber que explicações ele, que aspira a voos mais altos na política baiana, vai dar a nós, os sempre-palermas. Quem mandou fazer a operação que a própria Presidente Dilma foi contra? Essa é a grande pergunta que se deve fazer.

É preciso, também, se solicitar às justiças dos Estados Unidos e da Bélgica o rastreio da dinheirama paga a mais.

Não se preocupe, embaixador





Por Demétrio Magnoli
Estadão

* A Carlos Zamora Rodríguez, embaixador de Cuba no Brasil:


Circulam rumores de que a passagem da blogueira Yoani Sánchez pelo Brasil terá efeitos desastrosos para sua carreira diplomática.

Escrevo para acalmá-lo. À luz dos critérios políticos normais, qualquer um dos quatro motivos mencionados como causas possíveis de sua queda seria suficiente para fulminar um diplomata. Contudo os governos de Cuba e do Brasil não se movem por critérios normais.


Comenta-se, em primeiro lugar, que o Planalto solicitaria sua remoção em reação à interferência ilegal da embaixada nos assuntos internos do País.

De fato, é ultrajante reunir militantes do PT e do PCdoB na representação diplomática cubana para distribuir um CD contendo calúnias contra uma cidadã em visita ao Brasil.

Mas não se preocupe. Sob Lula, quando prendeu e deportou os pugilistas cubanos que tentavam emigrar, o governo brasileiro violou a Carta Interamericana de Direitos Humanos para atender a um desejo de Havana.
Dilma Rousseff só precisa ignorar a violação de leis nacionais para encerrar o "caso Yoani".


Em segundo lugar, corre o rumor de que Havana pretende substituí-lo por razões de incompetência funcional. A causa seria o vazamento para Veja das informações sobre a reunião na embaixada, que contou com a presença de Ricardo Poppi Martins, auxiliar do ministro Gilberto Carvalho - uma notícia depois confirmada pela própria Secretaria-Geral da Presidência.

Certamente as agências de inteligência de seu país não apreciaram a condução desastrada da operação, mas duvido que o governo de Raúl Castro desconsidere os fatores atenuantes: a inconveniência representada pela liberdade de imprensa e os "dilemas morais pequeno-burgueses" de militantes de esquerda não submetidos ao centralismo do Partido Comunista Cubano.


Um terceiro motivo para seu afastamento residiria nas implicações lógicas das acusações difundidas pela embaixada contra a blogueira. O CD qualifica Yoani como "mercenária financiada pelo governo dos EUA" para "trabalhar contra o povo cubano".

Afirmar isso, porém, significa dizer que, mesmo dispondo das provas da atuação de uma agente inimiga em seu território, o governo de Cuba optou por não prendê-la e processá-la, pondo em risco a segurança do país.

O raciocínio, impecável, destruiria um diplomata de um país democrático, mas não arranhará sua reputação perante o regime dos Castros: o discurso totalitário não almeja a persuasão racional, não se deixa limitar pela regra da consistência interna e não admite o escrutínio da crítica.


Afigura-se mais grave a quarta razão que apontam como ameaça à sua carreira. Ao estimular a perseguição movida por hordas de militantes organizados contra Yoani, a embaixada amplificou a voz e o alcance da mensagem da blogueira, produzindo um efeito contrário ao desejado por Havana.

Construído no terreno de um cínico pragmatismo político, o argumento parece irretocável, mas não creio que deva alarmá-lo.

Na perspectiva do regime cubano, as repercussões da visita sobre a opinião pública são o preço a pagar pela afirmação de um princípio inegociável do totalitarismo: os dissidentes nunca estão a salvo da violência real ou simbólica do "ato de repúdio".


O "ato de repúdio" é o equivalente político do estupro de gangue. Na China da Revolução Cultural, onde alcançou o apogeu, a prática chamava-se "assembleia de denúncia".

Segundo o relato de Jung Chang, uma jovem chinesa que testemunhou aqueles tempos, a Universidade de Pequim realizou sua pioneira "assembleia de denúncia" em 18 de junho de 1966, quando o reitor e dezenas de professores sofreram espancamentos e foram obrigados a permanecer ajoelhados durante horas em meio à multidão histérica.

"Enfiaram à força em suas cabeças chapéus cônicos de burro, com slogans humilhantes" e "derramaram tinta em seus rostos para deixá-los negros, a cor do mal" (Cisnes Selvagens: Três Filhas da China).

A matriz chinesa, nós dois sabemos, inspirou a ditadura cubana, cujos "atos de repúdio" excluem a tortura, mas não a violência física moderada, a intimidação direta e uma torrente de insultos.


Yoani relata no seu blog o primeiro "ato de repúdio" a que assistiu, quando tinha 5 anos ("as pessoas gritavam e levantavam os punhos ao redor da porta de uma vizinha"), e um outro, do qual foi vítima juntamente com as Damas de Branco ("as hordas da intolerância cuspiram em nós, empurraram e puxaram o cabelo").

No "ato de repúdio", o "inimigo do povo" deve ser despido de sua condição humana e convertido em joguete da violência coletiva. A agressão física é um corolário último desejável, mas não é um componente necessário do ritual - e, dependendo das circunstâncias políticas, deve ser prudentemente evitada.

Estou convicto de que sua embaixada levou isso em conta quando indicou o caminho dos atos contra Yoani.



Seu conhecido Breno Altman, um quadro político do PT, defendeu os "atos de repúdio" contra a blogueira em debate televisivo, alegando que "ninguém saiu ferido". De fato, apenas em Feira de Santana chegaram a empurrar Yoani e a puxar-lhe o cabelo.

Na mesma cidade e em São Paulo, gangues de vândalos insultaram-na em público, cassaram-lhe o direito à palavra, ameaçaram pessoas que queriam escutá-la, provocaram o cancelamento de eventos literários e cinematográficos.

Tudo isso caracteriza constrangimento ilegal, um crime contra as liberdades públicas e individuais.


No Brasil, a palavra de Yoani desmoralizou a ditadura cubana. Mas, nessa particular guerra de princípios, sua embaixada venceu: a polícia não interferiu, os "intelectuais de esquerda" silenciaram, a editora que publica Yoani eximiu-se da obrigação de protestar e uma imprensa confusa sobre a linguagem dos valores democráticos qualificou os vândalos como "manifestantes".

Por sua iniciativa, o "ato de repúdio" fincou raízes no meu país.

Creio que lhe devem uma medalha.





* Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP.

E-mail: demetrio.magnoli@uol.com.br.


28 de fevereiro de 2013



Charge




Chico Caruso


Analistas avaliam que pibinho 2012 será menor que o esperado pelo governo




Na véspera do anúncio, pelo IBGE, do resultado das Contas Nacionais do 4º trimestre e, consequentemente, do patamar de crescimento do PIB em 2012, a instituições financeiras consultadas pelo “Valor Data” apontam uma alta média de apenas 0,9%, o que configuraria o menor avanço da economia brasileira desde 1999.

Para os economistas e consultores do mercado, o gradual reaquecimento da economia observado nos últimos meses, o investimento que mais uma vez não decolou e a frágil retomada do setor industrial tiveram são problemas que não ajudaram a alavancar o crescimento do PIB.

Veja abaixo um gráfico preparado pelo Valor com as perspectivas das instituições para o resultado do quarto trimestre e o PIB de 2012.

(Postado por Eduardo Mota – assessoria de imprensa)


28 de fevereiro de 2013




quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Delacroix resolve pintar Lula: A Ignorância Guiando o Povo! Ou: O dia em que o Apedeuta e Collor mandaram seus adversários “calar a boca”




“Elite”, como grupo social a ser vencido, não é um conceito marxista. É só um chavão petista. E o petismo é uma derivação tardia, oportunista e rebaixada da teoria revolucionária.

Por Reinaldo Azevedo

Já escrevi muito a respeito. Do bolchevismo, o PT herdou apenas a tara autoritária, que pode ser aplicada, e eles estão tentando, também num regime capitalista. “E se herdasse tudo? Seria melhor?” É claro que não! Mas isso seria impossível. O socialismo como alternativa econômica acabou, morreu. Restaram o amor pela ditadura e esses idiotas que saem por aí ameaçando desafetos nas ruas com sua mordida hidrófoba. Mas volto ao ponto.

Lula está cumprindo ao menos uma de suas promessas mirabolantes: acabar com a elite brasileira — com qualquer uma, em qualquer área. Está em curso uma evidente marcha do emburrecimento, da qual, nem poderia ser diferente, ele é o líder. Eu o imagino no quadro de Delacroix em lugar da Liberdade, que carrega uma bandeira, com os seios nus. Título: A Ignorância Guiando o Povo. O rebaixamento a que esse sujeito submete a política e a sua contribuição à deseducação democrática ainda não mereceram a devida atenção científica — dos cientistas sociais; daquela parcela que ainda resiste à ditadura intelectual do partido. Por que isso tudo?

Nesta terça, tivemos um dia realmente exemplar do espírito do tempo. As personagens de destaque foram o próprio Lula e o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Vamos ver.

Numa manobra vexaminosa — contando com a pressurosa ajuda de seu aliado petista Tião Viana (AC), que presidia a Mesa —, Collor conseguiu aprovar, na quinta-feira passada, um requerimento para que o TCU investigue a compra de 1.200 iPads feita pela Procuradoria-Geral da República. O alvo, mais uma vez, é Roberto Gurgel. O impichado tenta vingar-se do procurador-geral, de quem é desafeto, fazendo a vontade também do PT, para quem opera hoje quando não está cuidando exclusivamente de questões pessoais ou paroquiais.

Em 1992, como todos sabem ou se lembram, os petistas ajudaram a incendiar o país contra “o caçador de marajás”, que não resistiu. Hoje, são companheiros de jornada, parceiros, amigos. Quem mudou? Nem um nem outro. Ambos seguem sendo o que sempre foram.

Pois bem. Gurgel, acusado por Collor, fez o óbvio: defendeu-se. Chamou de risíveis as suspeitas. E como reagiu aquele senhor que dava murros no peito na década de 90 e dizia ter “aquilo roxo”? Ora, saiu ofendendo e vociferando, como é de seu feitio. Arrancou a pistola retórica, que traz sempre na cinta — não deixa de ser um avanço moral no seu caso —, e disparou:
“Ele [Gurgel] tem que calar a boca. Ele e a sua trupe corporativista de êmulos [rivais]. Agora é o Senado que quer saber de tudo. Por isso, cale a boca e espere o TCU dar a palavra final. Só ele é capaz de dizer se o senhor prevaricou ou não. Se cometeu mais um ilícito a acrescentar ao seu portfólio criminoso”.

Collor é valentão assim porque tem a imunidade parlamentar. Age como um pivete inimputável, que traz de cor e salteado trechos do Estatuto da Criança e do Adolescente para cometer crimes impunemente. É, nesse caso, um pivete ético. Quais são os crimes, afinal, do procurador-geral da República? Que seja Collor a se comportar como o seu Catão, eis uma ironia macabra. Esse é mais um dos vampiros do republicanismo aos quais o PT garantiu farto suprimento de sangue. Por quê? Porque quiseram as circunstâncias históricas e políticas, não sem a colaboração de setores da oposição e, sim!, da imprensa, que o velho e o novo patrimonialismos se estreitassem, como disse o poeta, “num abraço insano”.

No mesmo dia, a mesma fala!

Collor não foi o único a mandar um desafeto calar a boca. Nesta mesma terça, referindo-se ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula afirmou:
“Eu acho que o Fernando Henrique Cardoso deveria, no mínimo, ficar quieto. O que ele deveria fazer é contribuir para a Dilma continuar a governar o Brasil bem, ou seja, deixa ela trabalhar.”

Então ficamos assim: o PT lança um livreto eivado de mentiras sobre o governo do antecessor, e Lula acha que ao agredido não cabe nem mesmo o direito de defesa. Notem: para ele, FHC deveria “no mínimo, ficar quieto”. Ou por outra: essa é a menor das coisas que ele espera do antecessor: o silêncio obsequioso. Imagino a noção que deve ter do “máximo”. Mais: o presidente de honra do partido de oposição, segundo o Apedeuta, tem é de “contribuir” com o governo. Claro! É o que Lula sempre fez quando estava na oposição, certo? Impressionante!

Impressionante, mas não inesperado. Se há alguém “nestepaiz” que tem defendido, ao longo dos anos, que a oposição diga a que veio, este alguém é este escriba. Mas me parece evidente que os tucanos cometeram um erro e morderam a isca ao responder ao embate de caráter eleitoral proposto por Lula desde agora. Esse é o ambiente do Apedeuta. Fica mais feliz do que pinto no lixo. Pode sair por aí, distribuindo suas caneladas e rearranjando precocemente as forças governistas (ver post a respeito).

As ineficiências do governo perderam lugar no noticiário para o embate eleitoreiro com quase dois anos de antecedência.

Quem ganha com isso?

Não é o povo!

27/02/2013


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Vejam como Lewandowski pode atrasar até dezembro o capítulo final



 Daniel Pereira e Hugo Marques
VEJA

Dois meses depois do julgamento, o presidente do Supremo pede aos ministros que lhe encaminhem o voto revisado para que ele possa finalmente encerrar o processo e decretar a prisão dos mensaleiros.


Os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski atuaram em trincheiras opostas no julgamento dos principais pontos do processo do mensalão, numa dicotomia que transcendeu — e muito — o contraponto esperado entre o relator e o revisor.

Barbosa acolheu a tese da acusação e afirmou que o PT montou, no primeiro mandato do ex-presidente Lula, um esquema de compra de votos no Congresso custeado com recursos desviados dos cofres públicos. ...

Já Lewandowski, ecoando a defesa, alegou que essa denúncia não foi comprovada nos autos. Barbosa condenou à cadeia a antiga cúpula petista, enquanto Lewandowski votou pela absolvição de José Dirceu e José Genoino, ex-presidentes do partido.

Barbosa também defendeu a cassação imediata dos deputados condenados, prevalecendo, como nos casos anteriores, à recomendação de Lewandowski para que a última palavra sobre a perda dos mandatos fosse dada pela Câmara dos Deputados.

Ministro Ricardo Lewandowski: se depender dele, o fim do escândalo do mensalão pode ficar até para 2014
(Foto: STF)

Superada a parte principal do maior julgamento da história do Supremo Tribunal Federal (STF), o duelo se repete agora na definição do prazo para o cumprimento da sentença. Barbosa espera executá-la, o mais tardar, até julho. Lewandowski aposta em novembro ou dezembro.

Em 2012, o STF gastou 53 sessões plenárias e 138 dias para condenar 25 dos 38 réus do mensalão. Somadas, as penas chegam a quase 270 anos de prisão, e as multas, a 22 milhões de reais. Tais sanções só serão aplicadas depois de vencidas duas etapas derradeiras do processo.

A primeira é a publicação do acórdão. A segunda, a análise dos recursos que serão apresentados pelos advogados de defesa. Presidente do Supremo, Barbosa já pediu pelo menos duas vezes aos ministros que liberem rapidamente seus voto revisados, o que permitirá a divulgação do acórdão.

Na semana passada, o pedido constou de um ofício encaminhado formalmente aos colegas. No início do mês, Barbosa fez o mesmo apelo numa conversa informal entabulada pouco antes do início de uma sessão plenária. O prazo para a publicação do acórdão, segundo o regimento, acaba em 1º de abril, mas Barbosa quer ganhar tempo.


ENQUANTO ISSO -- O deputado José Genoino, condenado por corrupção e formação de quadrilha, e o ex-ministro José Dirceu, chefe da quadrilha do mensalão, continuarão soltos até o julgamento dos recursos
(Foto: Ed Ferreira / AE)


Se dependesse só dele, o texto seria publicado ainda neste mês. O problema é que apenas três ministros liberaram os votos: Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto, já aposentados, e Gilmar Mendes. Luiz Fux, Celso de Mello e Marco Aurélio Mello prometem fazer o mesmo até meados de março. Os outros ainda não se pronunciaram.

Depois de publicado o acórdão, os réus têm cinco dias para recorrer da decisão. Não há limite de tempo para o julgamento dos chamados embargos. Por isso, apesar de tais recursos raramente resultarem na extinção das penas impostas, o fim do processo depende do empenho dos próprios ministros.

Jogar com o tempo, prorrogando a tomada de decisões, foi uma estratégia urdida pelo próprio Lula quando era travada a discussão sobre a data do início do julgamento do mensalão. O petista queria que o caso ficasse para 2013. Falou isso diretamente a ministros, mas não conseguiu convencer a maioria deles. O fato de o revisor prever o desfecho apenas em novembro ou dezembro alimenta especulações nada edificantes.

Essa disputa pelo controle do andamento do processo interessa principalmente aos deputados condenados: José Genoino e João Paulo Cunha, do PT, além de Valdemar Costa Neto (PR) e Pedro Henry (PP). Se prevalecer o prazo idealizado por Barbosa, eles poderão perder os mandatos ainda neste ano. Caso o ritmo imaginado por Lewandowski se imponha, a cassação ficará, na melhor das hipóteses, para o próximo ano.

Como em 2014 haverá eleições gerais e os parlamentares praticamente não darão expediente em Brasília, na Câmara há até quem aposte que os mensaleiros conseguirão concluir o mandato. É justamente isso que Barbosa quer evitar, sob pena de desmoralizar a Justiça e tornar manca uma sentença histórica do STF.


26/02/2013


Indecentes úteis


Aqueles que não conseguem convencer, quando fanáticos agridem, constrangem e, se lhes for dada a oportunidade, prendem e arrebentam.

Dora Kramer

Agência Estado

Foi a nítida impressão deixada pela ação orquestrada a partir da Embaixada de Cuba com pequenos, barulhentos e virulentos grupos defensores da ditadura Castro, contra a presença da jornalista Yoani Sánchez por uma semana no Brasil.

Tirante a violência, nada de mais grave haveria no patrulhamento não fossem dois fatos: a presença de um assessor com assento no Palácio do Planalto na reunião em que a representação de Havana distribuiu a missão aos chefes dos tarefeiros e o mutismo do PT diante dos atentados à liberdade de uma pessoa dizer o que quer a quem estiver disposto a ouvir.

De onde fica plenamente autorizada a constatação de que esse tipo de intolerância não é episódio isolado nem nascido por geração espontânea. Foi apenas a manifestação mais histérica e malsucedida do modo petista (e área de influência) de lidar com as diferenças de ação e pensamento.

Numa expressão já meio gasta: o exercício do contraditório. Este enlouquece o PT. E aqui se fala do partido como um todo não na intenção maldosa de generalizar, mas porque a direção deixou o senador Eduardo Suplicy literalmente falando sozinho no enfrentamento da barbárie. Do partido como um todo não se ouviu palavra, nenhum reparo, apenas ressalvas aqui e ali à “deselegância” dos indecentes úteis.

A falta de cerimônia com que se dedicaram à selvageria é fruto do exemplo. Isso se vê quando o governo desqualifica de maneira desonesta (para não dizer mentirosa) as ações de seus antecessores – até mesmo os que hoje são seus aliados –, quando autoridades confundem crítica com falta de apreço à pátria, quando o dever de informar é classificado com desejo de conspirar, quando o exercício da oposição é “vendido” à população como uma atividade quase criminosa.

No caso da cubana ocorreu um monumental tiro no pé: o que seria uma visita tratada com destaque, mas sem maiores consequências nem celebrações – até porque Yoani Sánchez não diz nada que já não seja de conhecimento público sobre as agruras da vida em Cuba –, no lugar da visita de uma jornalista que reclama pela adaptação de seu país à contemporaneidade, o que se teve foi uma repercussão monumental.

Ao se tornar alvo (fácil) da rebeldia sem causa, virou capa da revista de maior circulação no Brasil, falou no Congresso Nacional e foi convidada de honra em programas de entrevistas no rádio e na televisão. Bom para ela, melhor ainda para a exposição das patrulhas ao ridículo. E tem gente que ainda apoia o direito de a Embaixada de Cuba de pôr os patrulheiros na rua argumentando que o fez em legítima defesa.

Imagine o prezado leitor e a cara leitora se a Embaixada dos Estados Unidos resolvesse organizar manifestações no mesmo tom para revidar, a pretexto de proteger a moça dos ataques. O mundo viria abaixo e certamente o governo brasileiro protestaria contra a indevida intromissão.

Expurgo

A exposição de fotos no Senado, organizada pelo PT em comemoração aos 33 anos de vida e 10 do partido no poder, simplesmente suprimiu o ano de 2005. O período em que veio a público o esquema do mensalão também desapareceu das festividades partidárias.

Uma incoerência em relação aos protestos de injustiça e acusações de farsa que o PT faz sobre o julgamento. Acreditasse mesmo em suas alegações, o natural seria o partido aproveitar a passagem dos aniversários para ressaltar o que, na sua versão, seria algo nunca antes ocorrido no país em matéria de atentado à Justiça, aos direitos individuais e, sobretudo, à verdade.

Preferiu nada falar. De onde, se conclui, consentiu.
  26/02/2013

Planalto corteja os irmãos Gomes para minar pretensão presidencial de Campos


No momento em que Ciro faz críticas públicas ao presidente do PSB, possível adversário de Dilma em 2014, Cid é recebido pela presidente em Brasília e acompanhará Lula em Fortaleza

VERA ROSA, TÂNIA MONTEIRO
e ÂNGELA LACERDA
O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA, RECIFE - Em estratégia articulada com seu padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff começa a atuar para minar as pretensões do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, de se tornar seu possível adversário em 2014. Em meio a confrontos explícitos de duas alas do PSB, Dilma recebe hoje o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), no Planalto.

O encontro ocorre quarenta e oito horas depois das declarações do ex-ministro Ciro Gomes, que é irmão de Cid e criticou Campos (PSB), dizendo não ver nele um político preparado para comandar o Brasil. Lula também vai se reunir com Cid, na quinta-feira, em Fortaleza. Quer o apoio do governador para a reeleição de Dilma.

"Eduardo Campos, Aécio e Marina não têm nenhuma proposta, nenhuma visão", afirmou o polêmico Ciro Gomes à rádio "Verdes Mares" no sábado, desqualificando também o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a ex-ministra Marina Silva (Rede Sustentabilidade), outros potenciais adversários de Dilma.

Apesar de muito irritado, Campos preferiu não polemizar com o correligionário. "Discordo da opinião dele e essa não é a opinião do partido", reagiu o presidente do PSB ontem, depois de fazer palestra na abertura de seminário promovido pela revista Carta Capital, no Recife, com o tema "Nordeste: como enfrentar as dores do crescimento".

"Isso não é nenhuma novidade. Ele (Ciro) vem falando isso, só que desta vez falou em relação a Dilma, a Aécio, a Marina, a todos", desconversou Eduardo Campos. O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, lamentou o que definiu como "opinião desinformada" de Ciro sobre Eduardo Campos.

Indagado se o caminho de Ciro será a saída do PSB, Campos observou que o partido é democrático e as pessoas têm o direito de ter suas opiniões. "Mas o debate sobre o que o partido vai fazer ou deixar de fazer deve ser travado no momento certo, nas instâncias certas", ponderou.

Apesar de a cúpula do PSB classificar a crítica de Ciro como "voz isolada no partido", há uma ala da legenda dominada pelos irmãos Gomes. Nesse cenário, a ação de Lula e Dilma dá força política a Cid e Ciro justamente no momento em que Eduardo Campos começa a se movimentar para a sucessão de 2014.

Riscos. O jogo, porém, não é tão simples assim. Dois ministros ouvidos pelo Estado consideraram arriscada a estratégia de prestigiar os irmãos Gomes como contraponto ao governador de Pernambuco e disseram que Lula e a presidente vão agir "no fio da navalha" para não melindrar nenhum dos lados do PSB, que integra a base aliada.

Sobre uma eventual movimentação do governo federal para tirar o PSB do páreo na disputa presidencial em 2014 - com a eventual ajuda dos irmãos Ciro e Cid Gomes, governador do Ceará - Eduardo Campos reiterou o discurso de que o partido não está pensando nisso. "É hora de juntar o Brasil, discutir o que interessa com a população".

Embora à primeira vista os ataques de Ciro na direção de Campos pareçam sob medida para beneficiar Dilma, o Planalto avalia que um racha no PSB, neste momento, pode trazer prejuízos à governabilidade, ameaçando a fidelidade do partido nas votações Congresso.

Uma das estratégias do PT para garantir o segundo mandato de Dilma é reorganizar o partido no Nordeste. Lula é grato a Cid pelo fato de o governador ter prestado solidariedade a ele assim que surgiram denúncias de Marcos Valério, o operador do mensalão. Valério afirmou que Lula sabia do esquema de corrupção e teria se beneficiado dele.

Ciro, por sua vez, foi ministro da Integração Nacional do governo Lula, de 2003 a 2006. Na eleição presidencial de 2010, ele abandonou o projeto político presidencial e apoiou a eleição de Dilma. Lula, porém, não o considera tão confiável. Em outubro, Ciro disse que o ex-presidente "foi muito incorreto" com ele, ao apoiar o candidato do PT à Prefeitura de Fortaleza, contra o PSB. "Lula não é Deus", afirmou Ciro, na ocasião.

Superados os embates cotidianos da política, Lula tenta uma recomposição com os Gomes pensando na reeleição de Dilma. O PT escolheu justamente Fortaleza para ser palco do 1.º seminário de comemoração dos dez anos da sigla, numa clara demonstração de que deseja uma aproximação com Cid. PT e PSB travaram uma guerra no processo eleitoral na capital do Ceará.

Lula estará em Fortaleza na quinta-feira para o seminário e fez questão de se encontrar com o governador Cid Gomes.

O ex-presidente também vai se reunir com Campos, em março. Lula chegou a sugerir que o governador substituísse o atual vice, Michel Temer (PMDB) na chapa da reeleição, mas a ideia não prosperou. Hoje, Lula defende a dobradinha Dilma-Temer.

Campos disse que "não está em debate" a possibilidade de o PSB deixar os ministérios que ocupa (Integração Nacional e Portos). "Só estamos no ministério por muita insistência da presidente", disse Cid.


26 de fevereiro de 2013


Depois do pobre que vira classe média sem sair da pobreza, o Brasil Maravilha inventou o ex-miserável que continua paupérrimo. Vai acabar inventando o mendigo magnata




Para o governo, os mendigos de São Paulo estão acima da classe média



O ex-miserável que continua paupérrimo


Às vésperas da celebração dos 10 anos da Descoberta dos Cofres Federais, a presidente da República animou a quermesse do PT com outra notícia assombrosa: falta muito pouco para a completa erradicação da miséria em território nacional.
“Mais 2,5 milhões de brasileiras e brasileiros estão deixando a extrema pobreza”, informou Dilma Rousseff em 17 de fevereiro.


Eram os últimos indigentes cadastrados pelo governo federal. Graças aos trocados distribuídos pelo programa Brasil Carinhoso, todos passaram a ganhar R$ 71 por mês. E só é miserável quem ganha menos de R$ 70. Passou disso, é pobre.

Nesta segunda-feira, depois de cumprimentar-se pela façanha, Dilma reiterou que o miserável-brasileiro só não é uma espécie extinta porque cerca de 500 mil famílias em situação de pobreza extrema estão fora do cadastro do Bolsa-Família.




Como nem sabe quem são, quantos são e onde moram esses miseráveis recalcitrantes, o governo não pôde transferi-los para a divisão superior.

“O Estado não deve esperar que essas pessoas em situação de pobreza extrema batam à nossa porta para que nós os encontremos”, repetiu no Café com a Presidenta.

Até dezembro de 2014, prometeu, o governo encontrará um por um.


Queiram ou não, estejam onde estiverem ─ num cafundó da Amazônia ou no mais remoto grotão do Centro-Oeste ─, todos serão obrigados a subir na vida.

Enquanto isso, perguntam os que não perderam o juízo, que tal resolver a situação dos incontáveis pedintes visíveis a olho nu, o dia inteiro, nas esquinas mais movimentadas de todo o país?



O que espera a supergerente de araque para estender os braços do governo às mãos de crianças que vendem balas, jovens com malabares, adultos que limpam parabrisas sem pedir licença, mulheres que sobraçam bebês, velhos hemiplégicos e outros passageiros do último vagão?

Porque não são miseráveis, informam os especialistas em ilusionismo estatístico a serviço dos farsantes no poder.


Desde maio de 2012, por decisão do Planalto, vigora a pirâmide social redesenhada pelo ministro Wellington Moreira Franco, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Segundo esse monumento ao cinismo, a faixa dos miseráveis abrange quem ganha individualmente entre zero e R$ 70 reais.

A pobreza vai de R$ 71 a R$ 250.

A classe média começa em R$ 251 e a acaba em R$ 850.




Os que embolsam mais de R$ 851 são ricos, e é nessa categoria que se enquadram milhares de seres andrajosos que plantam de manhã à noite nos principais cruzamentos de São Paulo.

Esmolando oito horas por dia, cada um ganha de R$ 35 a R$ 40. Quase todos rondam os R$ 1.200 por mês.

São, portanto, pedintes de classe média.

Caso melhorem a produtividade, logo serão mendigos milionários.


Os analfabetos são quase 13 milhões, há mais de 30 milhões de analfabetos funcionais, a rede de ensino público está em frangalhos.

Metade da população não tem acesso a serviços básicos de saneamento, o sistema de saúde pública é indecente.

As três refeições diárias prometidas por Lula em fevereiro de 2003 nunca desceram do palanque, um oceano de desvalidos tenta sobreviver com dois reais e alguns centavos por dia.



De costas para o mundo real, os vigaristas no comando seguem fazendo de conta que o Primeiríssimo Mundo é aqui.

O pior é que uma imensidão de vítimas do embuste parece acreditar na existência do Brasil Maravilha registrado em cartório.

E vota nos gigolôs da miséria com a expressão satisfeita de quem vive numa Noruega com muito sol e Carnaval.


Essa parceria entre a esperteza e a ignorância faz milagres.

Depois de inventar o pobre que sobe para a classe média sem sair da pobreza, inventou agora o ex-miserável que não tem onde cair morto.

Vai acabar inventando o mendigo magnata.




Mensalão: processos se arrastam no DF, MG, SP, RJ e ES


A maioria dos mensaleiros, bem como dezenas de personagens que ficaram de fora do julgamento no Supremo, tem outras contas para acertar com a Justiça: pelo menos 46 ações penais e civis

Daniel Jelin
Veja.com
O processo do mensalão no Supremo: mais de 50 mil páginas não encerram o escândalo
(Nelson Jr./SCO/STF)

A condenação de 25 réus do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal em 2012 foi um acerto de contas histórico, mas não encerrou o caso. Como já lembrou o procurador-geral Roberto Gurgel, o escândalo é “muito mais amplo” que a ação penal 470. O maior julgamento da história do STF desde a redemocratização cuidou do eixo central das falcatruas (desvio de dinheiro público para a compra de apoio político) e de seus personagens principais (incluindo o chefe da quadrilha, o ex-ministro José Dirceu).

Mas a maioria dos mensaleiros, bem como dezenas de personagens que ficaram de fora do julgamento no Supremo, tem outras contas para acertar com a Justiça: pelo menos 46 ações penais e civis em Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo, Rio e Janeiro e Espírito Santo, envolvendo 154 pessoas, além de empresas.

Tantos processos são o resultado de um esforço investigativo monumental, que remonta à revelação, por VEJA, das traficâncias de um apaniguado do PTB nos Correios, flagrado em vídeo embolsando 3 mil reais a título de propina.

Até agora apenas sete ações foram julgadas – tudo ainda na primeira instância. Outras sete estão prontas para ir a julgamento.

Os processos se ligam a tramas diversas. A primeira delas se passou em Minas Gerais, em 1998, e consistiu, segundo a denúncia do Ministério Público, no desvio de recursos de estatais, por meio das empresas de Marcos Valério, para a campanha pela reeleição do então governador tucano Eduardo Azeredo.

Com a derrota de Azeredo, o publicitário passou a mirar o governo federal e se aproximou do PT: “Do financiamento de campanha (...), Valério e seu grupo evoluíram, em conluio com José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno, Sílvio Pereira e outros, para a compra de apoio político de parlamentares”, resumiu o MP.

A farra vigorou até a delação de um de seus beneficiários, o então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), acuado pela revelação de um esquema complementar de corrupção no feudo petebista dos Correios, cujo loteamento também serviu de moeda de troca para garantir apoio ao governo federal.

Nasce um escândalo – Maurício Marinho, diretor de departamento dos Correios, recebe propina na sede da estatal, em 2005

A devassa nos Correios
- A roubalheira nas estatais começou a ser investigada em junho de 2005 e se desdobrou em diversas ações nas esferas penal e civil. A principal linha de investigação resultou em pelo menos três ações penais. São réus: o ex-deputado Roberto Jefferson, o ex-diretor de administração dos Correios Antônio Osório Batista, o ex-chefe do Departamento de Compras e Contratações da estatal Mauricio Marinho (que estrela a videoaula de corrupção) e outros apadrinhados do PTB, funcionários dos Correios, lobistas e empresários espertalhões.

O esquema descrito pelo Ministério Público é bastante simples: uma quadrilha, comandada por Jefferson, tomou conta de diretorias-chave dos Correios com o objetivo de levantar recursos para si próprios e para o partido, em particular no ano eleitoral de 2004.

“O grau de organização realmente impressiona”, diz o MP, na denúncia oferecida em 2008. Segundo os procuradores, um dos documentos que baseiam a acusação, recolhido do computador de Marinho, aponta não apenas a taxa da propina como também os impostos que deveriam ser excluídos da base de cálculo e o valor estimado dos desvios.

Até agora, ninguém foi julgado.

Nesta instância, Jefferson responde por formação de quadrilha (pena de 1 a 3 anos). Como já passaram mais de quatro anos desde o recebimento da denúncia, o caso já terá prescrito em caso de condenação a penas até dois anos.


O valerioduto mineiro – Em dezembro de 2005, o inquérito do mensalão foi desmembrado e deu origem a uma linha de investigação inteiramente devotada à perna mineira do escândalo.

É o chamado mensalão mineiro ou tucano
– embora, a rigor, não tenha a forma de mensalão, nem se limite a políticos do PSDB. Para o Ministério Público, tratou-se de um laboratório do valerioduto a serviço da campanha pela reeleição de Eduardo Azeredo (ex-presidente do PSDB e atual deputado federal) ao governo de Minas Gerais em 1998, tendo Clésio Andrade (então no PFL, hoje senador pelo PMDB) como vice.

Outros réus do caso: o ex-vice de Azeredo e ex-ministro de Lula Walfrido dos Mares Guia (então no PTB, hoje no PSB), o ex-secretário de Azeredo e tesoureiro de campanha Cláudio Mourão, assessores, diretores de estatais, sócios de Valério e, em processo à parte, os executivos do Rural.

O que o valerioduto mineiro tem em comum com o mensalão é evidente: o desvio de recursos públicos por meio das empresas de Marcos Valério, com auxílio providencial do Banco Rural, conforme a denúncia. Segundo o MP, a sangria dos cofres de Minas (estatais Copasa, Comig e Bemge) alcançou 3,5 milhões de reais (o equivalente a 1/3 da soma que Duda Mendonça receberia do valerioduto no exterior, como pagamento pela campanha de Lula).

Mas à diferença das traficâncias no Congresso, o caso mineiro não envolveu compra de voto. De acordo com o MP, os desvios tinham por destino o caixa da campanha tucana – que, afinal, fracassou, derrotada por Itamar Franco (PMDB).

O valerioduto mineiro é, portanto, anterior ao mensalão, mas só foi descoberto depois, com a súbita atenção que as empresas de Marcos Valério passaram a atrair.

A primeira denúncia foi oferecida em novembro de 2007 e desde então o processo tem sofrido com o vaivém da primeira instância ao Supremo e deste de volta àquela.

É que Azeredo, antes como senador, depois como deputado, goza de prerrogativa de foro. Em 2009, atendendo a pedido de Valério e outros réus, o STF desmembrou o caso, manteve o processo de Azeredo e remeteu os demais réus à Justiça de Minas.

A interpretação do relator Joaquim Barbosa: não havendo acusação de formação de quadrilha, o processo correria mais rápido dessa forma. Em 2011, Clésio Andrade assumiu uma vaga no Senado e passou a gozar da mesma prerrogativa. Novamente a pedido de Valério, a Justiça mineira devolveu os autos ao STF, que novamente os desmembrou e encaminhou os demais réus à primeira instância.

Assim, Azeredo e Clésio respondem separadamente a ações no Supremo, e os demais aguardam sentença da Justiça de Minas. Até agora ninguém foi julgado. No STF, desde que Joaquim Barbosa assumiu a presidência da Corte, o caso ficou sem relator.

O risco de prescrição é considerável, uma vez que os fatos narrados pelo MP são de 1998. Um dos réus em Minas, Mares Guia, já conta com isso. É que o ex-ministro foi acusado de lavagem e peculato, cuja pena máxima (10 e 12 anos, respectivamente) prescreve em 16 anos.

Como completou 70 anos em 2012, cabe a redução do prazo à metade, 8 anos, tempo menor que o decorrido entre a desditosa campanha tucana e a abertura do processo em 2010.

Apenas uma das ações relacionadas ao caso mineiro chegou a julgamento. Em setembro de 2012, a Justiça absolveu funcionários do Rural e extinguiu a ação contra a banqueira Kátia Rabello e o ex-vice-presidente do banco José Roberto Salgado por considerar que a acusação de gestão fraudulenta já era objeto da ação que tramitou no Supremo, onde ambos foram condenados.

O Ministério Público recorreu, alegando que as investigações foram desmembradas justamente por tratar de fatos distintos.

O caso BMG – Com o Banco Rural, o BMG também serviu como esteio financeiro para as peripécias de Valério e cia, segundo o Ministério Público.

“Os dirigentes do Banco BMG injetaram recursos milionários na empreitada delituosa, mediante empréstimos simulados”, diz a denúncia do mensalão.

“Entretanto (...), não há elementos para apontar uma atuação estável e permanente com os demais membros da organização criminosa, razão pela qual não estão sendo denunciados pelo crime de quadrilha”.

Por isso, ao contrário da cúpula do Rural, a do BMG escapou do processo principal. Mas nove meses após oferecer a denúncia do mensalão ao Supremo, o MP formalizou a acusação contra o BMG, aceita em abril de 2007, tendo como relator o mesmo ministro, Joaquim Barbosa.

O caso BMG também sofreu com vaivém entre instâncias. Em 2011, o processo foi remetido para Minas Gerais, uma vez que o único réu que tinha foro privilegiado, José Genoino, havia perdido a disputa por uma vaga na Câmara. Em outubro de 2012, saiu a sentença em Minas Gerais.

À exceção da mulher de Valério, todos os demais réus foram condenados, uns por falsidade ideológica (Genoino, Delúbio Soares, Valério e sócios), outros por gestão fraudulenta (os diretores do BMG, incluindo seu dono, Ricardo Guimarães).

Todos puderam recorrer em liberdade. Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, vai defender os dirigentes do banco na segunda instância.

Diz a sentença da Justiça mineira que o BMG praticamente “pagou para emprestar” ao PT e às empresas de Valério. É a tese do MP.

Segundo a promotoria, o banco teve um interesse bastante concreto na transação com o lulopetismo: obter “lucros bilionários na operacionalização de empréstimos consignados de servidores públicos, pensionistas e aposentados do INSS”.

Estas vantagens, segundo o Ministério Público, também foram objeto de uma ação na esfera civil, em 2011, contra o presidente Luiz Inácio Lula de Silva e seu ex-ministro da Previdência, Amir Lando. Segundo o MP, os dois valeram-se da máquina pública para fazer promoção pessoal e favorecer o banco mineiro.

A denúncia refere-se às milhares de cartas enviadas pelo governo para propagandear a novidade do crédito consignado quando apenas o BMG estava habilitado a oferecê-lo. A promotoria exigia a devolução de 10 milhões de reais ao erário, mas a Justiça Federal do DF concluiu ser incabível tal pedido por meio de ação de improbidade pública e, sem o exame de mérito, devolveu a peça ao MP, que poderá reformular a acusação.

Outras tramas do mensalão – A denúncia original do mensalão é um recorte do escândalo. “Foi o que foi possível provar, com elementos razoáveis”, disse Gurgel ao jornal Folha de S.Paulo. “O grande desafio era provar a responsabilidade do chamado núcleo político.” O prosseguimento das investigações deu origem a pelo menos 31 processos.

Na mira: Valério, sócios e os executivos do Rural, por crimes contra o sistema financeiro e a ordem tributária; corretoras e doleiros acusados de servir ao esquema de lavagem em São Paulo e Espírito Santo; intermediários dos pagamentos no exterior ao publicitário Duda Mendonça; os mesmos mensaleiros julgados no STF, em ações civis (entre elas, há uma para cada partido: PT, PTB, PP, o antigo PL e o PMDB); Delúbio Soares, por lavagem de dinheiro (no Supremo ele foi condenado por corrupção e formação de quadrilha); o ex-procurador da Fazenda Glênio Sabbad Guedes, no Rio de Janeiro, acusado de receber propina de Valério para interceder em favor dos bancos ligados ao esquema; entre outros casos.

A grande maioria das ações tramita na primeira instância. Uns poucos casos chegaram à sentença. O primeiro deles, em 2010, deu na condenação de Rogério Tolentino a sete anos e quatro meses de prisão por lavagem de dinheiro.

Em agosto de 2011, Valério e o sócio Cristiano Paz foram condenados a seis e cinco anos de reclusão por prestarem informações falsas ao Banco Central. Em fevereiro de 2012, Valério, Paz e Ramon Hollerbach foram condenados a nove anos de prisão por sonegação e falsificação de documentos. Em outubro de 2012, dois empresários foram sentenciados a mais de dez anos de prisão por evasão e lavagem.

De acordo com a sentença, atuaram na intermediação de remessas ao exterior em benefício de Duda Mendonça (que no Supremo foi absolvido e neste caso não é réu). Em janeiro de 2013, Valério sofreu mais uma condenação penal, desta vez por sonegação. Estas cinco sentenças saíram em Minas, e todos os condenados puderam recorrer em liberdade.

Não está claro que efeitos o julgamento no Supremo terá sobre os demais processos. Um deles é previsível: réus que perderem a primariedade enfrentarão penas mais duras, por maus antecedentes, e perderão benefícios da progressão de regime, do fechado ao semifechado ou aberto.

Outro: as teses aceitas pelo Supremo para condenar os mensaleiros, como a validade dos indícios apurados na CPI, e mesmo o rigor com que trataram o assalto aos fundamentos da democracia poderão influenciar os demais magistrados.

Ao procurar o Ministério Público com novo testemunho sobre a participação de Lula no esquema, em setembro de 2012, Valério deveria saber que um eventual acordo não aliviaria a pena aplicada pelo STF (mais de 40 anos de prisão e multa milionária), mas poderia favorecê-lo nos processos em andamento. Há pelo menos onze ações penais contra Valério em Minas Gerais e uma no Rio, além de processos na esfera civil no Distrito Federal.

A investigação continua – Passados mais de sete anos do escândalo, algumas linhas de investigação continuam abertas e vários dos 118 indiciamentos pedidos pela CPI dos Correios em seu relatório final, de abril de 2006, não prosperaram.

Em 2011, a Polícia Federal concluiu o relatório de um inquérito sigiloso desdobrado da investigação original para apurar outras fontes de financiamento do mensalão, bem como outros beneficiários. Cabe agora ao Ministério Público oferecer – ou não – a denúncia.

Alguns dos alvos: o pagamento de 98 500 reais à empresa de Freud Godoy, o faz-tudo de Lula; traficâncias envolvendo outras estatais; as relações de Valério com o Grupo Opportunity, de Daniel Dantas; outros lobbies de Valério; e pagamentos suspeitos feitos a dezenas de políticos, assessores, servidores e empresas.

Alguns dos nomes citados: o ministro de Dilma Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), o ex-ministro de FHC Pimenta da Veiga (Comunicações), o senador Romero Jucá (PMDB-RR), os deputados federais Vicentinho (PT-SP), Benedita da Silva (PT-RJ), José Mentor (PT-SP), Jaqueline Roriz (PMN-DF), João Magalhães (PMDB-MG) e Lincoln Portela (PR-MG), entre outros.