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sábado, 26 de abril de 2014

O discurso no Pará aprofunda o maior enigma da História do Brasil e de suas brasileirices: como alguém como Dilma chegou à Presidência da República?

Presidente diz que geração de energia e produção de alimentos são desafios do século XXI (Foto: Fabiano Villela / TV Liberal)

Por Augusto Nunes


Ainda convalescendo de discursos recentes, o jornalista CELSO ARNALDO ARAÚJO foi abalroado pelo palavrório de Dilma Rousseff no Pará.

Imediatamente, mandou três trechos escoltados por observações que imploram por internações no Sanatório Geral.

Mas uma trinca de comentários de Celso Arnaldo é coisa para o Direto ao Ponto. Confira. (AN)

De tempos em tempos, a Dilma faz um discurso que supera os anteriores e passa a vigorar, pelo menos por alguns dias, como o pior de todos os tempos.

Este, feito ontem no interior do Pará, em mais uma daquelas transcendentais entregas da santíssima trindade “retroescavadeira, motoniveladora e pás carregadeiras” para municípios com menos de 50 mil habitantes, é quase imbatível.

Pelo menos até o próximo…

Sem nenhum esforço, a esmo, pincei três passagens que, na verdade, falando sério, simbolizam, no reino das palavras e das ideias, o maior enigma da História do Brasil e de suas brasileirices – como alguém como Dilma Rousseff chegou à Presidência da República?


A DILMA COMO ELA É

“Vocês vejam como é que é a vida. Eu nunca acho uma Dilma, e hoje uma Dilma fala e a outra Dilma depois fala”. (Na abertura do discurso na entrega de 32 máquinas a municípios do Pará, dirigindo-se à prefeita de Belterra, Dilma Serrão, ao confirmar que ainda não se achou e que, de todas as Dilmas do Brasil, ela é a única que não fala português)

TEORIA GERAL DA DILMA

“O início do Brasil e o fim do Brasil e o meio do Brasil são os municípios, porque não existe, de fato… nem é União, nem é um estado, um estado fisicamente. Existem, fisicamente, os municípios, as cidades e as zonas rurais”. (Ao admitir que o Brasil não precisa de uma presidente da República)


PRA FRENTE, PARÁ

“Então, eu vou concluir dizendo para a maioria e para a minoria, para todos, por que é que eu dei esse exemplo? Eu dei esse exemplo pelo seguinte, eu quero dizer para vocês que o Brasil só vai para frente se o Pará for para frente”. (No fecho do discurso, ao anunciar que, se o Pará for para frente, o Brasil – onde maioria e minoria formam o todo – ganha mais um pedaço do Oceano Atlântico)                     
                           26/04/2014

Só havia convidados do Planalto na plateia. Nem assim a presidente escapou da vaia




                                      Por Augusto Nunes
Os assessores da Presidência encarregados de organizar nesta sexta-feira, em Belém do Pará, outro comício patrocinado pelo governo federal e estrelado por Dilma Rousseff, escolheram cuidadosamente a plateia: para poupar a principal oradora de constrangimentos, só tiveram acesso ao local do evento convidados da Presidência da República.

Nem assim Dilma se livrou de ver e ouvir o que o povo acha da gastança irresponsável com a Copa do Mundo.

Nem assim a candidata à reeleição escapou da vaia.

De novo.

26.04.2014


A disputa de poder no PT expõe um racha inédito na história do partido


Reportagem de VEJA desta semana mostra que intrigas, ameaças, traições e corrupção podem colocar em risco a reeleição da presidente Dilma Rousseff

Daniel Pereira e Adriano Ceolin

A queda de popularidade de Dilma nas pesquisas tira o PT do prumo
(Roberto Castro)

A presidente Dilma Rousseff enfrenta um momento inédito de fragilidade. Além de ter problemas na economia, como o crescimento baixo, a inflação persistente e o desmantelamento do setor elétrico, ela perdeu apoio popular e força para barrar, no Congresso, iniciativas capazes de desgastá-la. A aprovação ao governo caiu a um nível que, segundo os especialistas, ameaça a reeleição. Partidos aliados suspenderam as negociações para apoiá-la na corrida eleitoral. Já os oposicionistas conseguiram na Justiça o direito de instalar uma CPI para investigar exclusivamente a Petrobras. Acuada, Dilma precisa mais do que nunca da ajuda do PT, mas essa ajuda lhe é negada. Aproveitando-se da conjuntura desfavorável à mandatária, poderosas alas petistas pregam a candidatura de Lula ao Planalto e conspiram contra a presidente. O objetivo é claro: retomar poderes e orçamentos que foram retirados delas pela própria Dilma. A seis meses da eleição, o PT está rachado entre lulistas e dilmistas — e, para os companheiros mais pragmáticos, essa divisão, e não os rivais Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), representa a maior ameaça ao projeto de poder do partido.

Os dois lados de um mesmo problema
"Se alguns setores, seja por que motivo for, instilarem desconfiança, especialmente desconfiança injustificada, isso é muito ruim. A guerra psicológica pode inibir investimentos e retardar iniciativas."
Presidente Dilma Rousseff

"Hoje você tem um problema, que é: o povo quer mais. Poderíamos estar melhor. E a Dilma vai ter de dizer isto claramente na campanha: como vamos melhorar a economia brasileira."
Ex-presidente Lula

Com carreira política construída na resistência à ditadura militar e posteriormente no PDT, Dilma nunca teve alma petista. Ao assumir a Presidência, ela herdou boa parte da cúpula do governo Lula, como ministros, dirigentes de estatais e até a então chefe do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha. O governo era de continuidade mesmo nos nomes escalados para comandar o país. O plano de Dilma era dar uma feição própria à sua gestão de forma gradativa, reduzindo a influência do antecessor ao longo do tempo. Antonio Palocci, seu primeiro chefe da Casa Civil, ilustrou a estratégia: “No primeiro ano de mandato, será um governo Lula-Dilma.

No segundo, um governo Dilma-Lula. No terceiro, será Dilma-Dilma”. Esse cronograma, no entanto, foi atropelado pelos fatos. Já em 2011 a presidente foi obrigada a demitir seis ministros acusados de corrupção e tráfico de influência — quatro deles egressos do governo anterior.

Dilma se mostrava intransigente com os malfeitos, ao contrário de Lula, acostumado a defender políticos pilhados em irregularidades. Com a chamada faxina ética, ela atingiu recordes de popularidade e conseguiu força para tirar das mãos de notórios esquemas partidários setores estratégicos da administração. Nem mesmo o PT foi poupado nessa ofensiva.

O partido perdeu terreno em fundos de pensão e na Petrobras, que teve sua diretoria reformulada em 2012. A faxina ética era acompanhada da profissionalização da gestão. Com essas mudanças, muitos petistas estrelados, como o mensaleiro preso José Dirceu, perderam influência. Havia um distanciamento crescente entre a presidente e a engrenagem partidária, mas Lula mantinha o PT unido e silencioso. Ele alegava que a “mídia conservadora” — ao exaltar as demissões promovidas pela sucessora, com o intuito claro de atacá-lo — ajudava Dilma a conquistar eleitores que historicamente tinham aversão ao PT.

Ou seja: a comparação entre os dois beneficiava o partido. Se alguns petistas registravam prejuízos em casos isolados, o conjunto estava sendo fortalecido. Esse discurso manteve a companheirada sob controle até 2013, quando a popularidade da presidente despencou devido à inflação e às manifestações populares de junho. Petistas, então, passaram a criticar Dilma, conspirar contra ela no Congresso e defender a candidatura de Lula. A cizânia interna se desenhava, mas ainda era incipiente e restrita aos bastidores. Esse dique foi rompido pelo escândalo da Petrobras.

Hoje, o PT testemunha uma batalha pública e cruenta entre a soldadesca dos dois presidentes. Palocci não previu, mas o último ano de mandato também tem seu epíteto: governo Dilma versus Lula.
26/04/2014

Eu estou por fora



Você se sente igual a mim ou está por dentro do escândalo de Pasadena?

POR RUTH DE AQUINO
Época


Salamanca é uma cidade universitária, na Espanha, toda de pedras douradas, pontuada por monumentos, palácios e praças. Na Universidade de Salamanca, fundada em 1218, Lula recebeu na semana passada o título de doutor honoris causa. O ex-presidente preferiu não falar nada sobre a polemica de Pasadena. Alegou "estar fora" do Brasil. Você está por dentro do escândalo? Imagino que acompanhe a novela nos mínimos detalhes, pela imprensa. Não? Cansou? Acha que não vai dar em nada?

São bilhões demais, personagens demais, corretoras, laboratórios, empreiteiras e multinacionais, provas de corrupção em vários níveis, bandidos de toda sorte e escalão, doleiros, executivos, políticos, ministros, fantasmas. É um roteiro difícil de destrinchar até para um país viciado em telenovelas. Um enredo quase inverossímil de tão sujo, envolvendo “nossa” Petrobras. A primeira marca institucional, em 1958, era um losango amarelo, de contorno verde, com a palavra “Petrobrás”, ainda com acento, em azul. Em 1994, perdeu o acento, passou a não seguir as regras gramaticais, tornou-se um logotipo.

Imagino que, se fizessem uma pesquisa simples, em todo o Brasil, com uma única pergunta – “o que é Pasadena? (pa-ssa-di- n­a)” –, o cidadão comum teria dificuldade de responder, ou mesmo de pronunciar corretamente o nome da refinaria americana. Depois que a lama veio à tona, quem primeiro disse que a compra de Pasadena foi um “mau negócio” foi a presidente da Petrobras, Graça Foster. Ela também afirmou que a Petrobras “não é uma quitanda”. Não é mesmo, isso a gente sabe.

Tenho uma intuição, posso estar errada: o cidadão comum não lê mais nenhuma reportagem sobre a Petrobras, a não ser que se anuncie aumento da gasolina. Olha os títulos do escândalo, com desânimo. Deveria ler mais, se quisesse votar com consciência. Mas não. O cidadão comum está “por fora”. É na ignorância, no cansaço e na descrença que o governo aposta.

Pasadena, passa boi, passa boiada, e o cidadão comum não consegue se relacionar com reportagens que citam valores estratosféricos e esmiuçam detalhes técnicos como “a arqueação dos tanques de armazenamento da refinaria”, saques milionários sem registro, milhares de barris de petróleo que somem em trânsito ou dossiês confidenciais. Na pesquisa nacional, poderíamos também perguntar ao cidadão comum o que é “put option”. Corremos o risco de ele se sentir ofendido. “Put... o quê?”

Para que o cidadão comum e eu não fiquemos tão por fora, só resta mesmo criar uma CPI séria, concentrada na Petrobras, com poderes criminais, depoimentos no Congresso de todos os envolvidos... e que comece rápido, antes de o país parar tudo para ver os jogos da Copa. O tempo ruge. O governo federal sabe disso, o Congresso também. Dilma não quer uma CPI investigando apenas Pasadena.

Não é bom. Porque Pasadena está ligada umbilicalmente à alegada incompetência gestora de Dilma. O negócio piorou quando o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, do núcleo lulopetista da novela, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, afirmou: “Dilma não pode fugir da responsabilidade dela”. Gabrielli não gostou de ser apontado como único responsável por um “parecer falho e incompleto”. Quem mais se rebelará contra o script?

É importante que o cidadão comum saiba que o mau negócio da compra de Pasadena já é investigado pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Contas da União, pela Controladoria-Geral da União e pela própria Petrobras.

O ideal é que se investigue também, a jato, a extraordinária rede de propinas construída pelo ex-diretor da Petrobras, o engenheiro Paulo Roberto Costa, um vilão de folhetim. A rede envolve dezenas de empresas, no Brasil e no exterior, e vários partidos políticos.

Dilma e o PT preferiam uma CPI ecumênica. Que investigasse simultaneamente a Petrobras e os podres de Aécio Neves e Eduardo Campos, em São Paulo e em Pernambuco. Uma CPI assim, agindo em três frentes ao mesmo tempo, não faz sentido, não conseguiríamos ligar lé com cré. O Brasil não está preparado para isso. Deveríamos abrir três CPIs. Afinal, temos tempo de sobra, é ano de eleição e só estamos totalmente atrasados para sediar a Copa do Mundo.

A ministra do STF Rosa Weber decidiu enfrentar a bancada de Dilma e mandar instalar de imediato no Senado a CPI da Petrobras, escândalo nacional. Em defesa da “autonomia do Senado”, Renan Calheiros prometeu recorrer contra a CPI, mas de Roma.

Logo depois da Páscoa esticada, em Alagoas, Renan foi para a Itália por seis dias, em viagem paga por nós, para ver a canonização de José de Anchieta, como bom católico que é. O vice-presidente Michel Temer também foi. A fé desse povo de Brasília move montanhas.
26/04/2014

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Charge





Sponholz



O PT começou a morrer





Que bom!
Há nas ruas e nas redes sociais sinais claros de
enfraquecimento da metafísica petista

POR REINALDO AZEVEDO
FOLHA DE SP 


O PT ensaiou uma reação quando veio a público a avalanche de malfeitorias óbvias na Petrobras: convocou o coração verde-amarelo da nação. Tudo não passaria de uma conspiração dos defensores da "privataria", interessados em doar mais essa riqueza nacional ao "sagaz brichote", para lembrar o poeta baiano Gregório de Matos, no século 17, referindo-se, em tom de censura, aos ingleses e a seu espírito mercantil. Não colou! A campanha não pegou. A acusação soou velha, do tempo em que a ignorância ainda confundia capitalismo com maldade.

Desta vez, parece, os larápios não vão usar o relincho ideológico como biombo. Até porque, e todo mundo sabe disto, ninguém quer nem vai vender a Petrobras. Infelizmente, ela continuará a ser nossa, como a pororoca, o amarelão e o hábito de prosear de cócoras e ver o tempo passar --para lembrar o grande Monteiro Lobato, o pai da campanha "O petróleo é nosso". A intenção era certamente boa. Ele não tinha como imaginar o tamanho do monstro que nasceria em Botocúndia..

Há nas ruas, nas redes sociais, em todo canto, sinais claros de enfraquecimento da metafísica petista. Percebe-se certo cansaço dessa estridência permanente contra os adversários, tratados como inimigos a serem eliminados. Se, em algum momento, setores da sociedade alheios à militância política profissional chegaram a confundir esse espírito guerreiro com retidão, vai-se percebendo, de maneira inequívoca, que aquilo que se apresentava como uma ética superior era e é apenas uma ferramenta para chegar ao poder e nele se manter.

A arte de demonizar o outro, de tentar silenciá-lo, de submetê-lo a um paredão moral seduz cada vez menos gente. Ao contrário: há uma crescente irritação com os estafetas dedicados a tal tarefa. Se, antes, nas redes sociais, as críticas ao petismo eram tímidas, porque se temia a polícia do pensamento, hoje, elas já são desassombradas. E se multiplicam. Os blogs sujos viraram caricatura. A cultura antipetista está em expansão. E isso, obviamente, é bom.

Notem: não estou a fazer previsões eleitorais. Não sei se Dilma será ou não reeleita; não me importa se o PT fará mais parlamentares ou menos; mais governos de Estado ou menos. Quem me lê deve supor o meu gosto para cada uma dessas possibilidades. Ainda que o partido venha a ter o melhor desempenho de sua história, terá começado a morrer mesmo assim. Refiro-me, à falta de expressão mais precisa, a uma "agitação das mentalidades" que costuma anunciar as mudanças realmente relevantes.

Pegue-se o caso do PT: não nasceu em 1980. Surgiu alguns anos antes, de demandas geradas por valores a que a política institucional, as esquerdas tradicionais e o nacionalismo pré-64, que remanescia, já não conseguiam responder. À diferença do que ele próprio deve pensar, Lula não inventou o PT. O espírito do tempo é que inventou Lula.

"Ah, mas a oposição não tem projeto!" A cada dia, fica mais evidente que essa história de "projeto" é conversa para embalar idiotas. Não é preciso parir a novidade a cada eleição. Ao contrário: o espírito novidadeiro costuma traduzir um vazio de ideias. Estancar a ladroagem nas estatais é uma boa proposta. Parar de flertar com a inflação é uma boa proposta. Desmontar o aparelhamento do estado é uma boa proposta. Estabelecer parcerias com o setor privado, em vez de comprar a sua adesão com subsídios e renúncia fiscal, é uma boa proposta. E nada disso compõe, exatamente, um "projeto". A propósito: qual é o do PT?

Se querem, para o bem do país, tirar Dilma do trono, seus adversários devem se ocupar menos de encontrar a "pedra filosofal da oposição" do que de lembrar que estão a falar com um povo, na média, decente, a cada dia menos tolerante com bandidos que prometem a nossa salvação.

Espero que Aécio Neves e Eduardo Campos descubram, finalmente, a força dos indivíduos e de seu senso de moralidade. São eles que criam o espírito do tempo. E que formam o povo.

25 de abril de 2014

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Os segredos bilionários do PT e o silêncio da “imprensa golpista”





Sempre soube que muita sujeira viria à tona depois que Lula deixasse o poder, mas não esperava tanto. No último dia 15 ficamos sabendo de mais uma aventura do PT no exterior envolvendo U$ 6 bilhões (de DÓLARES!) em “segredo de estado” (ver aqui).

Oficialmente, trata-se de “empréstimos” a Cuba e a Angola, porém ninguém sabe as condições dos “acordos”, os juros, os prazos e todas as garantias legais comuns a qualquer transação financeira normal e que deveriam ser de conhecimento público, mas não são.

Infelizmente o PT do poder é bem diferente do “guardião da ética e do patrimônio público” da época da oposição e, mais uma vez, recorreu a práticas comuns a regimes autoritários para encobrir mais esta “caridade” com o nosso dinheiro, a exemplo de episódios semelhantes com alguns vizinhos latino-americanos como a Bolívia, Equador, Paraguai e Argentina que também tiraram umas lasquinhas do nosso cada vez mais apertado orçamento.

A prerrogativa de “segredo de estado” garante o sigilo das operações que só poderão ter seus detalhes revelados a partir de 2027, depois que Lula tiver sido sepultado com todas as honras e glórias de “mito”.

Este é mais um exemplo da capacidade de criar dinheiro do nada da “contabilidade criativa” do governo do PT, um dos motivos da crise de credibilidade que atinge nosso país hoje.

A exemplo da Argentina, cujos indicadores oficiais estão na mesma categoria das previsões da Mãe Dinah (ou do ministro “levantador de PIBs”, Guido Mantega), estamos dando passos largos no processo de descrédito, tanto que até mesmo o TCU já tem apontado a “argentinização” da nossa contabilidade.

Uma semana depois da publicação do artigo do Globo, qual a repercussão que mais este escândalo bilionário teve até aqui? Uma citação no site da Veja e só! Nem mesmo a TV Globo, do mesmo grupo do jornal que publicou o artigo, falou absolutamente nada sobre o assunto.

Por que isso acontece?

Aliás, não só neste caso, mas em vários outros que envolvem diretamente o inimputável Lula, como, por exemplo, o enriquecimento meteórico do seu filho Lulinha; os desdobramentos do caso Rosemary, abafado assim que veio à tona seu affair com o ex-presidente; as numerosas “intermediações” em negócios envolvendo empreiteiras brasileiras no exterior; assim como o seu próprio meteórico enriquecimento, bem acima do que poderia enriquecer com o salário de presidente ou com suas bem pagas “palestras” para fazer publicidade de si mesmo e, de quebra, queimar ainda mais o filme dos já combalidos tucanos.

E o que dizer de algumas dessas empresas financiadoras de tais palestras receberem empréstimos subsidiados do BNDES?

Como uma empresa poderia justificar aos seus acionistas o pagamento de R$ 100 mil reais por uma palestra de cinquenta minutos de um ex-presidente semianalfabeto que se vangloria de tal “formação”?

Tudo legal responderão os petistas. De fato, a nível contábil está tudo justificado. Empresas recebem dinheiro emprestado e palestrantes recebem por suas “sábias” palavras. Mas, e a ética onde fica? Cadê os caras pintadas que derrubaram um presidente por causa de um Fiat Elba e um suposto empréstimo de U$ 3,7 milhões no Uruguai? Será que é por estes desmandos que os blacks blocs estão quebrando tudo?

Nada mais surpreende.

Nada mais escandaliza.

Mudamos de patamar.

Dos milhões passamos para os bilhões e nada mais acontece.

Os escândalos não mobilizam nem mesmo a grande mídia.

Mas afinal, se a imprensa é “golpista”, como dizem os petistas, por que Lula nunca é investigado?
Por que não foi réu do mensalão, já que suas impressões digitais constam nas cartas enviadas a milhões de aposentados oferecendo os malditos empréstimos consignados do BMG, uma das fontes de financiamento do esquema?

Por que diabos um presidente iria fazer papel e garoto propaganda de um até então inexpressivo banquinho que em pouco mais de dois anos teve um crescimento de patrimônio de mais de 250% e hoje já faz parte do seleto grupo de maiores bancos do país?

Tudo absolutamente normal, dirão os fanáticos petistas. Ninguém consegue pegar Lula, assim como no Brasil ninguém pega Maluf, seu novo amigão desde a infância e que, pelo jeito, deve ter dado uma consultoria ao petista sobre como despistar a justiça brasileira. Brasileira, que fique bem claro, pois se botar um pé fora do Brasil, o Maluf é preso pela Interpol.

No mesmo caminho, Lula está prestes a ser convocado pela justiça da Costa Rica para depor sobre outro escândalo bilionário envolvendo uma empreiteira brasileira, cujo negócio contou com o lobby do então presidente (ver aqui). Ou seja, não contente com a corrupção aqui, Lula exportou corrupção para outros países.

E ninguém fala nada.

E por que nada acontece?

Porque virou lugar comum a mistura entre negócios privados e canetadas públicas, um pré-requisito básico do chamado “capitalismo de estado”, a nova meta dos esquerdistas, já que o comunismo provou na prática a sua impossibilidade, algo já provado na teoria por Mises desde o início do século passado.

Os “indícios” de corrupção estão por toda a parte. Nos conselhos de estatais, fundos de pensão, ONGs, licenças para emissoras de rádio e TV, licitações publicas, nas concessões de empréstimos à empresas de amigos do rei e nada acontece. Tudo é justificado com a palavra mágica “empréstimo”.

O problema é que o emprestador, ou seja, o povo brasileiro, tem levado sucessivos calotes (e ainda levará outros tantos) sem a menor punição dos culpados nem a devolução dos recursos.

Alguém tem esperança de que Eike devolva aos cofres públicos os bilhões que pegou no BNDES?

Alguém tem esperança de receber de volta os R$ 8 bilhões investidos na Oi, agora que seu valor de mercado hoje mal chega aos R$ 7 bilhões?

E os bilhões gastos nas tentativas fracassadas de criar os chamados “campeões nacionais”?

E os elefantes brancos da copa?

E os mais de U$ 1 bilhão de prejuízo que o petista Sérgio Gabrielli deu a Petrobrás com a desastrosa compra de uma refinaria norte-americana?

Alguém vai ser punido?

Ou melhor, alguém vai devolver a grana subtraída dos cofres públicos?

E tudo isso acontece sem causar a menor repercussão. No máximo, uma matéria rápida aqui e ali, dentro dos parâmetros do jornalismo tolerável por Lula e que ele descreveu tão na cara de pau no último Foro de São Paulo. “O jornalista não tem que dar opinião. Tem apenas que noticiar o fato e só!”.

Ou seja, na visão do novo doutor em jornalismo, não deve mais existir jornalismo opinativo. Não deve mais existir colunistas. Mas, e os blogs “jornalísticos” financiados pelo governo, podem dar opinião?

E por que a imprensa não fala nada sobre o Foro de São Paulo, uma das mais bem sucedidas conspirações esquerdistas para chegar ao poder (com ligações com os narcotraficantes das Farc) que já fez nada mais nada menos que 14 presidentes latino-americanos, desde a primeira reunião no início dos anos 90?

Com exceção da Veja, uma das últimas trincheiras contra o petismo no Brasil, os demais veículos de comunicação estão todos acovardados diante do poder do PT. Ninguém quer bater de frente com Lula, afinal são empresas que dependem de audiência (cuja maioria adora Lula) e de verbas publicitárias do governo.

Não é estranho que a odiada Globo continue recebendo do governo petista a esmagadora maioria do gordo orçamento publicitário?

Não é estranho Lula se reunir com um dos filhos de Roberto Marinho e, dias depois, o Fantástico lançar com exclusividade uma das reportagens que mais contribuíram para a recuperação da popularidade de Dilma?

O que eles teriam conversado?

Mas as contradições não param por aí. A mesma Globo que os petistas dizem que quer derrubar o PT, mantém em seus quadros jornalistas como Paulo Moreira Leite, autor do livro “A outra história do Mensalão”, que conta a versão petista do julgamento.

Aliás, se a Globo é de direita, por que diabos ajudou a derrubar Collor?

Por que tem exibido tantos filmes e minisséries que reforçam o esquerdismo, como, por exemplo, “Lula, o filho do Brasil” e “Anos Rebeldes”?

Por que diabos manteve Franklin Martins como comentarista político durante tantos anos, a exemplo de tantos outros jornalistas que hoje fazem parte da imprensa chapa branca do PT?

E os atores globais que não apenas vestiram a camisa do PT em eleições passadas, como ainda vestem hoje, inclusive com filiados de carteirinha, como o José de Abreu, por exemplo?

E os vários autores de novelas comunistas como Janet Clair e Dias Gomes, por exemplo, que ajudaram a demonizar a direita em pleno regime militar?

E o que dizer da Folha e da Istó É que, a exemplo da Globo, também têm feito “médias” com o PT? Como é que uma investigação sigilosa do CADE, subordinado ao Ministério da Justiça, vaza apenas os dados que envolvem os metrôs de São Paulo e Brasília, então administrados pela oposição?

E o resto dos contratos da empresa alemã com o governo federal, não têm também superfaturamento? Será que algum dia saberemos ou este será mais um caso de “segredo de estado”, como os empréstimos aos cubanos e angolanos?

A revolução permanente

Ficou confuso? Calma. Existe explicação. Tudo se encaixa perfeitamente na estratégia gramscista de perpetuação no poder, via conquista gradativa da hegemonia da opinião pública. A primeira etapa deste processo aconteceu em meados do século pasado quando o marxismo cultural passou a dominar o meio acadêmico.

As gerações formadas por estes professores chegaram aos jornais já na época do regime militar. Quem viveu a época sabe que as redações passaram a ser também redutos de esquerdistas, sob complacência dos militares que, mesmo nos anos da guerrilha do Araguaia, permitiram que uma revista declaradamente de esquerda, como o Pasquim, por exemplo, alcançasse uma tiragem de 200 mil exemplares.

Os militares poderiam fechar tal revista?

Podiam, mas não o fizeram pelos mesmos motivos que o PT hoje tem que tolerar a Veja: a opinião pública. Ações extremas podem desencadear reações também extremas, o que tende a torna o exercício do poder um pouco mais cauteloso que seus ocupantes gostariam de ser.

E assim como a educação e a imprensa foi dominada pelos esquerdistas, mais recentemente a politica também. Boa parte dos revolucionários esquerdistas dos anos 60 e 70 hoje são deputados, senadores, prefeitos e até presidente da república.

Ninguém quer ser de direita no Brasil, afinal ninguém quer ser identificado com os torturadores militares, mesmo estes tendo evitado uma revolução semelhante à cubana no Brasil que poderia ter multiplicado por mil o número de mortos do regime militar, como aconteceu em Cuba e em todos os países onde tentaram implantar o socialismo.

Portanto, para a revolução marxista gramscista ser completa, basta agora conquistar os dois redutos mais reacionários da sociedade: a igreja e o empresariado. O marxismo bem que tentou suprimir ambos os setores da União Soviética sem sucesso. Gramsci visitou a Rússia nos tempos áureos do Comunismo e, já naquela época, percebeu que aquilo não daria certo.

Desde que voltou a Itália e começou a escrever seus Cadernos do Cárcere, Gramsci abandou o comunismo como ideal a ser conquistado, defendendo como alternativa um socialismo “democrático” apoiado numa hegemonia da opinião pública construída por décadas de ações “educativas” em todos os setores da sociedade. Se não conseguir acabar de vez com um setor reacionário, é preciso miná-lo, infiltrar-se entre eles para domesticá-los, ensinaria Gramsci. E tem sido assim desde então.

A Teologia da Libertação é o braço gramcista marxista da Igreja Católica, apesar do gramcismo e do marxismo pregarem, com toda as letras, a abolição das religiões e da família. Como conciliar tal contradição? Via “igualdade”, o discurso que justifica e legitima todos os esforços dos religiosos esquerdistas na luta para derrubar o grande mal capitalista.

Com os empresários a luta é mais intensa, afinal são eles os maiores produtores de riqueza que mantém o sistema funcionando e, portanto, são os que mais resistem ao aumento da carga tributária. Se não é possível cooptar todos, então é preciso cooptar os mais poderosos, via concessão de empréstimos, subsídios, incentivos fiscais ou simplesmente dificultando a entrada de concorrentes no mercado, o que pode ser conseguido via aumento de impostos de importação ou modificando a legislação da regulação dos setores monopolizados, como, por exemplo, o decreto assinado por Lula que possibilitou a compra da Brasil Telecom pela Oi, justamente a empresa que um de seus filhos é um dos maiores acionistas. Só este fato já seria suficiente para Impeachment em qualquer país sério. Mas no Brasil, o máximo que este tipo de coisa rende hoje são alguma linhas no noticiário.

Enfim, são estes alguns dos variados mecanismos que possibilitam a aparente contradição de alguns capitalistas apoiarem governos socialistas. Tais mecanismos de cooptação também são frequentemente usados com grandes conglomerados de comunicação. Quem não lembra do socorro milionário ao Grupo Silvio Santos, às vésperas das eleições de 2010? E o que dizer das relações entre o governo do PT e o Grupo Edir Macedo, dono da segunda maior emissora de TV do país, a mesma que tem como um dos principais âncoras o blogueiro chapa branca número um, o Paulo Henrique Amorim?

Portanto, ao contrário do que muita gente pensa, as relações de bastidores entre o governo e a chamada “mídia golpista” é muito diferente da guerra declarada que eles tentam passar para os “idiotas úteis”, os militantes inocentes assim definidos pelo próprio Gramsci.

Mas isso não é tudo. Além dos mecanismos de cooptação citados acima, as empresas de comunicação tem algumas particularidades que, em muitos casos, até facilitam o controle pelo populista do poder. Quanto maior a audiência, maior o potencial publicitário. Acontece que, com exceção dos veículos de nicho de mercado ou aqueles que têm um público fiel, como a Veja, por exemplo, a maioria dos veículos disputam a audiência da grande massa, a mesma que apoia o governo populista.

E como governos populistas sempre se apresentam como “perseguidos” por poderosos grupos de mídia (mesmo que estes concorram entre si), acabam impondo um autopoliciamento a tais veículos, afinal qualquer viés contrário ao governo em alguma reportagem pode provocar grandes repercussões, dar mais combustível as teses conspiracionistas, além de manchar ainda mais o nome da empresa, o que, por sua vez, pode se traduzir em boicote por parte da massa mais “politizada”.

Este é o caso da Globo e da Folha hoje.

Se estes veículos tiverem a oportunidade de divulgar algum furo de reportagem, mesmo que aparentemente contrário a sua linha editorial, eles irão divulgar sim, afinal esta é uma forma de “equilibrar” seu grau de imparcialidade e amenizar a fúria da militância política.

Além de tudo isso, existe ainda a reputação do veículo dentro do próprio veículo. Vamos tomar o caso da Revista Época, por exemplo, que emprega o jornalista petista Paulo Moreira Leite, ou mesmo a Rádio CBN (também da Globo) que tem como colunistas Valter Maierovitch que também é colunista da Carta Capital.

O que aconteceria se os comentários, reportagens ou artigos desses colunistas começassem a sofrer censura da cúpula dos veículos?

No mínimo tais pressões renderiam um fato político. Tais jornalistas pousariam de ídolos para os idiotas úteis da militância política por não se renderem às pressões dos patrões o que lhes renderiam, no mínimo, um emprego em uma empresa concorrente, um financiamento para mais um blog chapa branca, como os Azenhas, PHAs e Nassifs, por exemplo, ou talvez um cargo no marketing do governo, uma candidatura ou talvez um livro “bombástico” revelando os bastidores da “imprensa golpista”.

No fundo, a maior censura que os jornalistas recebem todos os dias vem da opinião pública e não dos donos dos veículos, muito mais preocupados em garantir a sobrevivência de suas empresas do que com as supostas conspirações que os militantes fanáticos acreditam serem os mentores.

Muito pelo contrário, quem conhece um pouco dos bastidores da mídia sabe das críticas públicas do falecido dono do Estadão, Ruy Mesquita, em relação ao poder da Globo. Ou seja, Ruy nunca considerou a Globo uma aliada e sim uma ameaça ao seu jornal, aliás como deve acontecer com outros veículos com menor poder de fogo.

Portanto, ao contrário do que os idiotas úteis acreditam, o mundo real é bem mais complexo do que a guerrinha do “bem contra o mal”, onde eles acreditam serem os “mocinhos”. Entre o preto e o branco existem milhões de tons cinza e uma infinidade de táticas de manipulação que atuam diariamente na vida das pessoas e que, infelizmente, a maioria nem percebe.

O que acontece no Brasil hoje (e de forma mais adiantada em países como a Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador) é a programada Revolução Silenciosa preconizada por Gramsci e discutida e rediscutida todos os anos no Foro de São Paulo, esta sim uma conspiração real, com objetivos claros e com uma poderosa rede de influência que envolve dezenas de organizações que atuam diretamente na mobilização das massas em quase todos os países da América Latina.

O círculo do silêncio da imprensa que citamos neste post é apenas um sintoma dessa revolução. Ela resulta de uma complicada teia de relações que envolvem chantagens, propinas, cooptação, lobby e, por fim, o estabelecimento da autocensura à própria imprensa, uma vez que tocar em certos assuntos mais delicados (que envolvem diretamente Lula, por exemplo) equivale entrar num caminho sem volta com consequências quase sempre desfavoráveis aos veículos de comunicação, como tem ocorrido nos diversos exemplos recentes nos nossos vizinhos bolivarianos cuja revolução cultural marxista encontra-se em processo mais adiantado.

Que o digam os principais veículos de comunicação venezuelanos fechados ou forçados a serem vendidos aos amigos do rei, ou mais recentemente na Argentina, onde o Clarin terá que vender várias de suas empresas para se ajustar a nova “Ley dos Medios”, aprovada recentemente pelo governo populista de Cristina Kirchner.

Para quem não sabe, o PT tem um projeto similar para o Brasil.

Seria este um dos assuntos discutidos entre Lula e o vice-presidente da Globo?

Alexandre Padilha indicou diretor de laboratório fantasma


Ex-ministro da Saúde é citado nas mensagens trocadas entre o doleiro Alberto Youssef e o deputado petista André Vargas


Rodrigo Rangel
Veja.com
O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, divulga os novos resultados da pesquisa Vigitel 2012 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico)
(Elza Fiuza/ABr)

Outras figuras estreladas do PT, o Partido dos Trabalhadores, aparecem em documentos inéditos da investigação que levou para a prisão o doleiro Alberto Youssef, acusado pela Polícia Federal de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou 10 bilhões de reais. Mensagens interceptadas durante a Operação Lava Jato e obtidas por VEJA arrastam para o escândalo o deputado Candido Vaccarezza (PT-SP) e o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-candidato petista ao governo de São Paulo. Os nomes de Vaccarezza e Padilha aparecem em um relatório enviado à Justiça pela Polícia Federal, detalhando a ligação do deputado André Vargas (PT-PR) com o doleiro Youssef.

Mensagens interceptadas pelos policiais mostram que Youssef participou, junto com André Vargas, de uma reunião no apartamento de Vaccarezza, em Brasília, para tratar de interesses do doleiro. Também esteve no encontro o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Collor que já havia aparecido na investigação como sócio oculto de Alberto Youssef no laboratório Labogen. Graças à ajuda dos políticos amigos do doleiro, a Labogen, uma empresa de fachada controlada por Youssef, conseguiu fechar um contrato para fornecer remédios ao Ministério da Saúde.

Na troca de mensagens, datada de 25 de setembro do ano passado, Youssef avisa André Vargas que acabou de chegar a Brasília e que precisa falar com ele. Diz que viajou junto com PP, como é conhecido Pedro Paulo Leoni Ramos. “Achei que você estivesse aqui na casa do Vacareza (sic)”, escreve o doleiro. “Tô indo”, responde André Vargas. Diz a Polícia Federal no relatório: “Os indícios apontam que o alvo Alberto Youssef mantinha relações com o deputado federal Candido Vaccarezza, inclusive indicando que houve uma reunião na casa do deputado federal Vaccarezza, reunião esta entre Alberto Youssef, deputado federal André Vargas e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos”.


Reprodução
Trecho de relatório da Polícia Federal sobre a Operação Lava-Jato

O telefone do deputado Candido Vaccareza aparece destacado entre os contatos da agenda de um dos aparelhos usados pelo doleiro. No mesmo dia do encontro no apartamento de Vaccarezza, Youssef volta a falar com André Vargas. E diz que o deputado deve “cobrar e ficar em cima”. “Senão não sai”, diz ele. Cinco minutos depois, Vargas escreve: “(Em) 30 dias estará resolvido”. Para a polícia, eles estavam articulando o contrato da Labogen com o Ministério da Saúde, assinado três meses depois.​

Telefone do deputado Cândido Vaccarezza aparece na agende de doleiro

É justamente em torno dos negócios que o grupo buscava para ganhar dinheiro com o Labogen, um laboratório fantasma, que aparecem as referências diretas ao então ministro Alexandre Padilha, agora pré-candidato ao governo paulista. Em 26 de novembro de 2013, André Vargas diz que falou com “Pad”, que a PF relaciona a Padilha. “Falei com Pad agora e ele vai marcar uma agenda comigo”, escreveu o deputado ao doleiro.

As referências a Padilha aparecem novamente em mensagens trocadas dois dias depois pela dupla. André Vargas conversava com o doleiro sobre a contratação de um executivo para a Labogen. O deputado avisa que o executivo escolhido encontraria Youssef dias depois. E avisa que quem indicou o executivo para a Labogen foi Padilha. Ele passa o número do tal executivo, um celular registrado em Brasília, e na sequência arremata: “Foi Padilha que indicou”. Pelo número de telefone, os investigadores identificaram o “indicado” como Marcus Cezar Ferreira da Silva. “O executivo indicado por Alexandre Padilha”, como os investigadores se referam a Marcus no relatório, trabalhou como assessor parlamentar de um fundo de pensão controlado pelo PT.

Em 3 de dezembro de 2013, Youssef pergunta se André Vargas tem acesso a um superintendente da Caixa Econômica Federal. Logo depois, o doleiro lembra o deputado da necessidade de marcar uma reunião na Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa, dono de uma carteira de ativos de 52 bilhões de reais. No dia 11 de março deste ano, o doleiro e o deputado combinam de participar, juntos, de um encontro em Brasília com um representante Funcef. De última hora, Vargas avisa que não poderá ir mais e dá as coordenadas para que Youssef se dirigisse para o lugar combinado – a sede da Funcef. Youssef pergunta então se pode usar o nome de Vargas. O deputado prontamente diz que sim. Pelas mensagens, a reunião teria sido com um dos diretores do fundo. Ao final, Youssef dá satisfação a Vargas: “Acabei de ser atendido. Falo com você como foi”.

PT desiste de recorrer da decisão sobre instalação de CPI restrita à Petrobrás



Informação foi confirmada pelo líder da bancada no Senado, Humberto Costa (PE); recursos ficarão a cargo do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a senadora Ana Rita (PT-ES)


Daiene Cardoso
O Estado de S. Paulo

Brasília - O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), anunciou na tarde desta quinta-feira, 24, que a bancada do PT não vai recorrer da decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, em favor da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) exclusiva da Petrobrás.
O recurso, segundo o petista, ficará a cargo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da senadora Ana Rita (PT-ES). "A ministra optou por não acatar o que foi decidido pelo Presidente do Senado, pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário desta Casa e julgou pela redução do escopo da CPI exclusivamente à Petrobrás", disse o líder em discurso na tribuna.

"Quero anunciar aqui o nosso respeito ao entendimento da ministra Rosa Weber e a decisão da bancada do PT, tomada após uma reunião que fizemos agora há pouco e que também consultamos alguns senadores que estavam ausentes, de não recorrer da liminar ao plenário do STF, tendo em vista o mandado de segurança apresentado pela senadora Ana Rita", completou.

Mais cedo, Costa havia dito que o PT deveria recorrer ao plenário da Corte, mesmo sabendo que não há efeito suspensivo para a decisão da ministra. Sua posição inicial mudou após a reunião da bancada dos partidos.

24 de abril de 2014

A casa não pode cair





Por J.R. Guzzo

Veja
Todo brasileiro de olhos abertos para o que está acontecendo no país em geral, e na sua própria vida em particular, sabe muito bem que a coisa está preta.

Há mil e uma razões para isso, como se pode verificar todos os dias pelo noticiário; seria pretencioso, além de inútil, tentar fazer uma lista de todas.

Basta dizer, para encurtar o assunto, que, segundo as últimas pesquisas de opinião, mais de 70% da população acha que assim não vai, e quer mudanças na ação do governo como um todo.

Será que os brasileiros, finalmente, se convenceram de que estão sendo dirigidos por um dos governos mais incompetentes que já tiveram de aguentar – ou, possivelmente, o mais incompetente de todos?

Mais interessante ainda: a propaganda descomunal que o poder público soca todos os dias em cima da população e o uso sistemático da mentira talvez já não estejam dando os resultados que costumam dar.

A presidente Dilma Rousseff, por exemplo, ameaça combater a corrupção na Petrobras, mas diz que os `inimigos da empresa` são os que sugeriram mudar seu nome para ´Petrobrax`, cerca de quinze anos atrás, com a intenção secreta de liquidá-la – e, ao mesmo tempo, faz tudo para impedir que se investigue a roubalheira pública de hoje.

Quanta gente acredita num desvario desses? Tudo bem. O Brasil está em petição de miséria, e o presente já é um caso perdido. A pergunta, agora, é a seguinte:

As coisas vão mudar para melhor depois da eleição presidencial de outubro ou vão ficar piores ainda?

Vão ficar piores com certeza, se o Brasil não sair da armadilha que o governo, o PT, e o ex-presidente Lula montaram: eles têm de ganhar todas, pois não podem mais admitir a alternância de poder.

Se admitirem, a casa cai, e a casa não pode cair – pois os que mandam no país não consegue mais viver fora do governo. Manter-se no poder todo mundo quer, nas melhores democracias do mundo.

O problema atual do Brasil é que o PT não apenas quer continuar: precisa continuar, pois, se sair, o mundo de privilégios que construiu para si próprio nos últimos onze anos vai direto para o espaço.

É essa ansiedade, e nada mais, que acaba de trazer Lula para dentro da campanha eleitoral – se Dilma continuar caindo nas pesquisas, é pouco provável que ele próprio e seu partido digam ´que pena`, e fiquem só olhando o desastre acontecer na sua frente.

Aí, para não perderem a situação de proprietários privados do Brasil que conseguiram obter de 2003 para cá, tudo passa a valer:

A presidente pode ser desembarcada sem maior cerimônia de seu posto de candidata à reeleição, e Lula entraria na disputa para salvar a pele de todos.

Como explicar essa deposição de Dilma para o público?

Inventa-se uma história qualquer – esse tipo de coisa jamais foi problema para Lula, um artista em escapar das situações mais sinistras sem explicar nada.

A companheirada, por sua vez, dirá que lamenta – mas que a volta de Lula é essencial para salvar o ´projeto do PT`, caso ele esteja ameaçado de ´destruição` pela ´direita`, pela ´grande mídia`, pelos que ´não se conformam` com a vitória da classe operária etc.

Se a oposição ganhar, dizem, será ´volta da ditadura` - e não é possível permitir tal crime.

´Projeto do PT`? Que diabo seria isso? Nada mais simples: O projeto do PT é não ter projeto nenhum.

Em vez de trabalhar para construir um Brasil mais justo, confortável e promissor para os brasileiros, todo o esforço do partido se concentra em não largar o osso do governo.

Não se trata de desejo: é necessidade.

O que muda, se saírem, não é nada que tenha a ver com ideias, princípios ou valores; o que muda, no duro, é a sua vida material.

Vão embora os 20 mil altos empregos que têm no governo federal. Vão embora as oportunidade ilimitadas de negócios com o poder público. Vão-se embora as Pasadenas, os mensalões, a compra de certas empresas de videogames por empreiteiras de obras, na base dos 10 milhões de reais.

Ficam as fortunas criadas nos porões da Petrobras. Ficam as rosemarys, os youssefs e milhares de outros como eles.

Ficam o caviar de Roseana Sarney, os jatinhos, os planos médicos milionários. Ficam as diárias de hotel a 8 000 euros. Fica um STF obediente.

Mais do que tudo, fica garantida a impunidade.

O PT, como observou há pouco o ex-deputado Fernando Gabeira, é um partido que se baseia totalmente na obediência; não valem nada, ali, mérito, talento ou competição sadia.


A única maneira de subir na vida é obedecendo a Lula – e, para isso, é indispensável que Lula, ou algum dos seus postes esteja no governo.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Ministra do Supremo manda Senado instalar CPI exclusiva sobre Petrobras




Rosa Weber atendeu a pedido formulado por senadores da oposição.


Governistas queriam ampliar abrangência da CPI; cabe recurso ao plenário.

Mariana Oliveira Do G1,
em Brasília

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber determinou na noite desta quarta-feira (23) que o Senado instale uma CPI exclusiva para investigar irregularidades na Petrobras.

Rosa Weber atendeu a pedido de parlamentares da oposição, que queriam ter garantido o direito de uma comissão específica para investigar denúncias sobre a estatal, que incluem a compra de uma refinaria no Texas, suspeita de superfaturamento, e pagamento de propina a funcionários.

A decisão da ministra é liminar (provisória) e valerá até que o plenário do Supremo decida sobre o tema. "Defiro em parte a liminar, sem prejuízo, por óbvio, da definição, no momento oportuno, pelo Plenário desta Suprema Corte", disse a ministra na decisão.

Governistas também foram ao Supremo. Eles pretendiam assegurar a instalação de uma CPI ampliada, que incluísse investigações de obras sob suspeita em estados governados pela oposição. Mas a ministra rejeitou esse pedido.

Os senadores governistas ainda podem recorrer ao plenário do Supremo.

Rosa Weber determinou que seja suspensa uma eventual decisão do plenário do Senado sobre a abrangência da CPI – o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), pretendia esperar uma decisão do Supremo antes de levar o assunto para deliberação do plenário.

Rosa Weber estipulou que a comissão parlamentar de inquérito não terá "objeto alargado", conforme queriam os governistas, mas sim "objeto restrito", como pediu a oposição.

A oposição argumentou que uma comissão ampla teria como objetivo tirar o foco das supostas irregularidades na Petrobras.

Na semana passada, Rosa Weber pediu informações ao Senado antes de tomar a decisão. O presidente da Casa, Renan Calheiros, defendia uma CPI ampliada, como queria o governo.

Na interpretação de Calheiros, a instalação de uma CPI é assunto interno do Congresso que, segundo ele, não está sujeito ao controle do Judiciário.
23/04/2014

Vargas, a pedra do meio do caminho do comando petista



E o deputado André Vargas (PT-PR), decidiu mesmo resistir e se nega a renunciar ao mandato.


O comando do PT está furioso com ele, e já se fala abertamente em expulsão.

Será?
 
Por Reinaldo Azevedo

Se eu fosse petista, daquele tipo que faz reunião em barraca, também estaria. Vamos ver. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) apresentou hoje o seu relatório ao Conselho de Ética da Câmara. Fez o que dele se esperava: defendeu a cassação do mandato de Vargas por quebra do decoro parlamentar.

Há duas acusações fundamentais contra ele: ter aceitado o jatinho fretado pelo doleiro Alberto Youssef e ter mentido aos deputados sobre a sua proximidade com Youssef, preso pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato.

Qual seria o trâmite normal? Cada membro do conselho se posicionaria sobre o texto de Delgado, e a decisão seria submetida ao plenário na Câmara, agora em voto aberto. Vargas será cassado. É um cadáver adiado apenas.

O ainda deputado tem, no entanto, defensores e amigos no partido. O deputado José Geraldo (PA) decidiu pedir vista, adiando o parecer da comissão e estendendo, obviamente, o processo. Desde que as relações de Vargas com Youssef vieram a público, observei aqui que ele não era da mesma têmpera de um Delúbio Soares, por exemplo.

Não está disposto a se sacrificar para preservar o partido. E tem defensores na legenda, como os deputados Cândido Vaccarezza e José Mentor, ambos de São Paulo, e Luiz Sérgio, do Rio.

Vargas já havia anunciado que iria renunciar ao mandato. Ocorre que, segundo o parágrafo 4º do Artigo 55 da Constituição, depois de admitido o processo no Conselho de Ética, ele não pode mais ser interrompido pela renúncia.

Ocorre que essa disposição vem de um tempo pré-Lei da Ficha Limpa, quando um parlamentar enroscado em falcatruas podia renunciar para se livrar da cassação, preservando seus direitos políticos e se candidatando na eleição seguinte. Isso, hoje, não é mais possível. Ao renunciar, Vargas já está inelegível por oito anos a partir de 2015.

Notem: não existe lei nenhuma que impeça alguém de renunciar. O que a Constituição determina é que o processo prossiga. Mas como cassar o mandato de quem já não é mais deputado ou suspender os direitos políticos de quem já os tem suspensos? A questão, fatalmente, iria parar na Mesa da Câmara, que não teria como recusar a renúncia. E, provavelmente, não haveria mais processo nenhum. Vargas sairia de cena, e a questão estaria encerrada.

É o que quer desesperadamente o comando do PT. Mas Vargas, até agora, não topou. Não custa lembrar que ele já andou fazendo algumas ameaças. Rui Falcão, presidente do PT, o fez ver que ele pode prejudicar as campanhas de Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann aos governos de São Paulo e do Paraná, respectivamente, e da própria Dilma. O homem, no entanto, resiste e tem dado a entender que trabalha para o partido, não para si mesmo.

No PT, há quem defenda abertamente a sua expulsão.
O seu caso está sendo apreciado também pelo Conselho de Ética da legenda.

Quem sabe isso ainda tenha um outro desdobramento virtuoso, não é?

Vargas é expulso e conta tudo o que sabe.

O que lhes parece?

Não custa ter alguma esperança.

22/04/2014

terça-feira, 22 de abril de 2014

Pesquisas reservadas dos partidos já indicam que eleição terá 2º turno, com alto risco de Dilma perder



Por Jorge Serrão
Alerta Total

A eleição presidencial de 2014 só vai se decidir no segundo turno. Essa é a tendência desenhada nas pesquisas de intenção de voto reservadas para os partidos, que não são divulgadas ao público porque servem para definir estratégias de campanha, por consultarem uma amostragem maior que o habitual nas enquetes eleitorais.

Marketeiros petistas consideram temerária uma disputa polarizada em novembro. O risco de o governo sair derrotado aumenta muito com uma oposição mais unida contra o bloco governista – com imagem cada vez mais desgastada.

Pela média da numerologia, Dilma Rousseff não venceria de imediato. A Presidenta tem hoje 36% de preferência para sua complicada reeleição. Aécio Neves aparece com 26 a 27%. Eduardo Campos tem 21. Um fator preocupante para os partidos que sustentam o governo é o crescente percentual de quem deseja mudanças, que varia de 70 a 84%, conforme diferentes pesquisas. Além disso, um percentual de 20 a 30% ameaça usar a eleição como protesto contra a classe política, votando nulo, em branco ou simplesmente não comparecendo para o pleito ou justificando o voto fora do domicílio eleitoral original.

Nos bastidores políticos e econômicos, o informe é que o inferno do desgoverno Dilma está apenas começando. Os escândalos na Petrobras são apenas o começo. Grandes broncas devem estourar, também, na Eletrobras (aparelhada na divisão PMDB-PT). Operações policiais de grande envergadura, fisgando filhotes de tubarão, como a “Lava Jato” tendem a desdobramentos surpreendentes. Além disso, o arsenal de dossiês nas mãos da oposição nunca foi tão farto na mal contada História deste País. A previsão é de muitas broncas estourando até junho e depois de julho.

Tudo isso joga contra Dilma. O que tende a ser um divisor de água (ou de lama) é a Copa do Mundo da Fifa (que começa dia 12 de junho, em São Paulo, e termina dia 13 de julho, no Rio de Janeiro). A ufanista propaganda televisiva – principalmente da Rede Globo, que tem interesses econômicos diretos no negócio – tende a fazer com que o torneio de futebol jogue para escanteio os demais escândalos na pauta marketeiramente manipulada do noticiário. O governo aposta que o clima de torcida vai neutralizar os demais escândalos e problemas no noticiário – que será providencialmente (auto) censurado pela mídia amestrada pela inundação de dinheiro público.

Se a seleção brasileira da CBF vencer o campeonato, o governo tende a tirar proveito, ganhando pequeno fôlego. Se for derrotada – será o “Brasil” quem vai perder -, tudo que foi prometido e não ficou pronto, ou foi mal terminado na base da corrupção e superfaturamento, acabará providencialmente lembrado pela oposição. Os problemas contra o governo serão exaltados na fase mais quente da campanha, até a eleição de outubro – que tende a ser decidida apenas em novembro, no segundo turno.

Além do fator Copa, o fator político tira a graça do Palhaço do Planalto. Nunca a base governista se mostrou tão sem coesão, com forte tendência a um racha, por causa das questões regionalistas da eleição. O fato de o PT insistir em enfrentar os governadores aliados ou seus candidatos abre espaço para pragmáticas traições. A volúvel situação (sobretudo no PMDB) já dá sinais de migrar para a candidatura de Aécio Neves. A tática é manter alguns ovos perto da Dilma, mas botar outros no cesto da oposição. Independentemente de quem saia vencedor, uma grande fatia do galinheiro peemedebista não vai para o abatedouro e, melhor ainda, continua governista como sempre.

A prioridade máxima do PT e de parte de sua base governista é conter os efeitos dos escândalos na Petrobras. A crença imediata é que o caso Pasadena (aquela refinaria mal comprada, de forma superfaturada, por decisão do conselhão da Petrobras, então sob comando de Dilma, na gestão de Lula) acabe no esquecimento. A aposta procede, já que os escândalos cada vez resistem menos ao tempo. Uma nova denúncia – ou uma grande catástrofe social – tira a bronca antiga do noticiário. O governo espera que se repita o costumeiro comportamento volúvel do consumismo midiático por “novidades” (ruins, péssimas ou aparentemente boas).

Um fator psicossocial ameaça impactar a eleição. A tendência de explosão da violência urbana, com atos de terror e mortes, combinada com violentas invasões de propriedades na área rural. Todo ano que antecede as eleições, sobretudo nos meses de abril e, mais radicalmente, em maio, supostas facções criminosas, com descaradas intenções de politicagem, promovem espetáculos de terrorismo. O objetivo é colocar mais medo na já apavorada sociedade. O caos desvia o noticiário das broncas políticas ou econômicas.

Por fim, tem o fator econômico. Mas este não deve exercer tanta influência na eleição de outubro/novembro – a não ser que a tal “oposição” consiga explicar direitinho o caos que se desenha no horizonte. A inflação – que já assusta com o aumento do custo de vida nas grandes cidades e periferia delas – pode sair do controle no ano que vem. Os reajustes de energia (agora) e os aumentos de combustível (certamente depois da eleição), junto com a quebra da safra agrícola por causa da incomum super-seca deste ano, sinalizam um 2015 mais caro para quem continua ganhando a mesma coisa. O eleitorado da bolsa família não percebe tal problema, mas a classe média é atingida violentamente no bolso.

Eis o teatro de operações para uma campanha tétrica. O grande capital transnacional, que teve seus interesses prejudicados no Brasil, claramente não quer mais o PT e seus aliados no poder. O problemão é que os substitutos operam em uma linha muito próxima da política econômica petista. Aécio Neves (com Aloysio Nunes de provável vice) e Eduardo Campos (com a marina Silva, ex-petista radical verde a tiracolo) não simbolizam, exatamente, uma diferença ao atual modelo.

Enfim, o Brasil tende a mudar em 2014, com alto risco de continuar a mesma coisa em 2015. Até porque não será fácil desaparelhar a máquina estatal infestada pela petralhada. O próximo governo – independentemente do presidente – ameaça ser de alta instabilidade política e econômica. O que vem depois na República Sindicalista do Brazil, sob sistema Capimunista, só Deus sabe.
Alto risco


Ira do Gabrielli

A maior ameaça concreta atual ao poder de Dilma Rousseff se chama José Sérgio Gabrielli.
O ex-presidente da Petrobras na gestão Lula, PT da vida com o que a turma de Dilma lhe fez – ameaça dar o troco nesse episódio de Pasadena – que a Presidenta gostaria de ver logo superado e esquecido.
O desgaste de Dilma só aumenta no tiroteio midiático entre ela e Gabrielli (que insiste que Dilma tem responsabilidade “como conselheira” na decisão de compra de Pasadena).

Ignorância inaceitável

É um tiro técnico no pé a “gerentona” vir a público evocar as atas de reunião do Conselhão da Petrobras para alegar que desconhecia as cláusulas lesivas à empresa no contrato de compra da velha refinaria texana.
Qualquer bebê de colo sabe que é obrigação dos conselheiros de administração (ainda mais da “presidente” do conselho) votar e tomar decisões gerenciais com base em informações seguras e confiáveis.

Por isso, Gabrielli (afilhado de Lula) está certíssimo quando ressalta que Dilma não “pode fugir da responsabilidade dela”.

Numerologia Lava Jato



Negociação de Pasadena

Um infográfico da Folha de S. Paulo mostra, direitinho, a pisada na bola da gerentona Dilma Rousseff, quando conselheira da Petrobras.

Achamento

Hoje se comemora o “descobrimento” do Brasil – que já tinha sido achado pelos índios que aqui habitavam bem antes de 1500.

Aproveitando a data, vale lembrar que, até bem depois da “independência”, em 7 de setembro de 1822, o sentimento de brasilidade não existia: cada um dizia ser de alguma das “Províncias” (os estados de então).

O sentimento de nacionalidade só foi conquistado durante a gestão imperial de D. Pedro II e fortalecido pela propaganda ufanista da República – um golpe contra o Imperador de um país que corria o risco de se desenvolver – fato que não agradava à Oligarquia Financeira Transnacional que sempre nos controlou, principalmente desde que herdamos a dívida externa de Portugal, em 1823, para que a tal “independência” fosse reconhecida.

Preso político do regime petralha



Verso e reverso



22 de abril de 2014