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segunda-feira, 21 de abril de 2014

O lulista Gabrielli chama Dilma para a briga; Planalto prefere ficar calado; oposição aponta o óbvio: mais um motivo para a CPI


José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, concedeu uma entrevista ao Estadão de domingo e afirmou que Dilma não pode fugir à sua responsabilidade na compra da refinaria de Pasadena.

O que isso quer dizer?

Por Reinaldo Azevedo


A então ministra Dilma com Gabrielli: se ela achou compra errada, por que não fez nada?


Quer dizer que os grupos lulista e dilmista do PT estão em guerra nessa história, como já escrevi aqui.

O lulista Gabrielli disse duas coisas na entrevista ao Estadão.

A primeira: o conselho de administração, de fato, desconhecia as cláusulas “Put Option” e “Marlim” quando aprovou a compra da refinaria de Pasadena. A primeira obrigava a Petrobras a adquirir os outros 50% da empresa no caso de desentendimento entre os sócios.

A segunda garantia à Astra Oil uma rentabilidade anual de 6,9%, independentemente das condições de mercado.

Muito bem! Dilma poderia ter ficado contente: afinal, ela afirmou que, de fato, não sabia da existência das ditas-cujas.

Ocorre que Gabrielli não parou por aí. Ele afirmou uma segunda coisa: que Dilma, apesar disso, não deve “fugir a sua responsabilidade”.

Atenção!

Ele empregou essa expressão mesmo!

E isso quer dizer que o ex-presidente da Petrobras, hoje secretário do Planejamento da Bahia — cujo governador é Jaques Wagner, petista como ele e um dos conselheiros da Petrobras quando Pasadena foi comprada —, está acusando Dilma de tentar tirar o corpo da reta.

Gabrielli sustenta, a exemplo do que fez Nestor Cerveró, o tal diretor que fez o memorial executivo, que as cláusulas eram irrelevantes.

Isso traduz uma luta interna, intestina mesmo — para usar um termo com uma significação mais ampla e adequada ao caso.

A Petrobras hoje divide em dois grupos o petismo: há os lulistas, que acham que a presidente Dilma fez uma grande besteira ao censurar publicamente a compra de Pasadena e afirmar que só concordou porque estava mal informada.

E há os dilmistas, que acreditam que ela não é obrigada a arcar com erros evidentes do passado.

Gabrielli, como todo mundo sabe, joga no time de Lula. É mais um, diga-se, que já afirmou que não aceita ser usado como boi de piranha do partido.

Eu já escrevi aqui algumas vezes que Gabrielli sempre soube de tudo, desde o princípio. Era o manda-chuva inconteste da empresa. Mas é preciso que fique evidente também — e há vários posts meus a respeito — que não tardou para que Dilma tivesse ciência plena do que estava em curso. Ela, de fato, liderou a rejeição à compra da segunda metade da empresa, mas, derrotada na Justiça americana, não tomou providência nenhuma para punir os faltosos: nem como ministra da Casa Civil e presidente do Conselho nem como presidente da República.

É claro que Gabrielli está puxando a faca.

O Planalto, por enquanto, preferiu ficar calado.

Também, convenham: vai dizer o quê?

A oposição cumpre o seu papel, que é o óbvio e o lógico. Se o petista Gabrielli está dizendo que Dilma não pode fugir às suas responsabilidades, só resta afirmar que aí está mais um motivo para que se instale a CPI da Petrobras. A ministra Rosa Weber, do Supremo, pode decidir nesta terça o destino do pedido de liminar da oposição.

Uma coisa vocês devem ter em mente: Gabrielli não é um franco-atirador.

Quando joga Dilma no centro da fogueira, está agindo a serviço do grupo que quer Lula candidato à Presidência da República pelo PT.

Para isso, eles leiloam a própria mãe.

Por que não leiloariam Dilma Rousseff?


21/04/2014

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