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sábado, 1 de agosto de 2009

A RENDIÇÃO DO ÚLTIMO CORONEL

A RENDIÇÃO DO ÚLTIMO CORONEL

O presidente do Senado anuncia a Lula sua disposição de entregaro cargo para preservar o mandato, abrindo o processo de sucessão.

O que o Brasil espera é que ele sirva para mudar as práticas e os vícios que alimentam a corrupção e o fisiologismo na política

Otávio Cabral e Diego Escosteguy
Fotos Sérgio Lima / Folha Imagem e Paulo Liebert /AE

SARNEY? QUE SARNEY?

Lula defendeu publicamente o presidente do Senado até quando lhe foi conveniente para garantir a gratidão e o apoio do PMDB na sucessão presidencial

O senador José Sarney lutou muito, mas não conseguiu vencer os fatos. Ao decidir disputar a presidência do Senado, em fevereiro passado, acreditava que o cargo era uma garantia de imunidade para ele e a família – àquela altura já investigada pela Polícia Federal por suspeita de uma multiplicidade de crimes.

A visibilidade, porém, teve efeito contrário e acabou colocando o mais longevo dos políticos brasileiros no centro de uma devastadora crise no Congresso. José Sarney, o último dos coronéis, rendeu-se diante de tantos escândalos. Na semana passada, o senador disse ao presidente Lula que está cansado e que resolveu deixar o cargo.

"Não aguento mais. Vou negociar uma saída", afirmou, de acordo com um interlocutor privilegiado do presidente. A conversa aconteceu na segunda-feira, pelo telefone, quando Lula ligou para saber notícias sobre o estado de saúde de Marly Sarney, esposa do presidente do Senado, que se recupera de uma cirurgia em São Paulo.

Sarney, de acordo com o relato feito por Lula, estava abatido, disse que não conseguia dormir havia dias e se culpava pelo estado de saúde da mulher, que sofrera um acidente doméstico, fraturando o braço e o ombro.

Nos às vezes tortuosos códigos da política, desabafos como o do senador Sarney podem ser interpretados como um simples blefe, uma ameaça velada ou até chantagem de alguém em busca de proteção.

Não é o caso. Desde o início da crise, Lula se empenhou pessoalmente na defesa de Sarney, sem nenhum pudor, a ponto de causar constrangimentos ao seu partido, quando desautorizou publicamente o líder do PT, senador Aloizio Mercadante, que havia pedido o afastamento do presidente do Congresso.

Depois da conversa telefônica com José Sarney, porém, Lula mudou completamente o tom. Antes disposto a sacrificar um pouco da própria popularidade em troca de um punhado de votos no Congresso e de uma provável aliança com o PMDB na campanha eleitoral de 2010, o presidente vislumbrou a hora de mudar o discurso. Sarney?

"Não é um problema meu. Não votei para eleger Sarney presidente do Senado, nem para senador. Votei nos senadores de São Paulo. Quem tem de decidir se ele fica presidente é o Senado", disse Lula em entrevista, recolhendo a boia.

Jamais, portanto, poderá ser acusado de ter associado sua credibilidade à tentativa de manter no cargo um presidente do Congresso envolvido em nepotismo, desvio de dinheiro, contas no exterior...

E, daqui a alguns dias, Lula pode, quem sabe, invocar até uma conveniente crise de amnésia:

Sarney? Que Sarney?...

O presidente, o PMDB e seus aliados já começaram a discutir o futuro do Senado pós-Sarney, mas muito distante daquele que deveria ser o ponto de partida. Lula, por exemplo, está preocupado com questões mais práticas, como a sucessão.

Trabalha para que Sarney renuncie, o que obrigaria o Senado a convocar novas eleições em cinco dias, evitando que a Casa ficasse sob o comando do vice-presidente, Marconi Perillo, do PSDB.

O PMDB, republicano como sempre, quer continuar com a presidência, mas tem dificuldades em encontrar um candidato que seja da absoluta confiança do partido e que tenha a ficha limpa – missão aparentemente impossível.

Sarney é o quarto político que presidiu o Senado nos últimos dez anos a cair em desgraça. Antes dele, Antonio Carlos Magalhães, Jader Barbalho e Renan Calheiros passaram por processos idênticos, o que mostra que o problema principal nunca foi enfrentado.

"O Senado vive uma crise institucional provocada pela falta de ética, pela complacência com o uso indevido dos recursos públicos e pela falta de transparência", analisa o cientista político Lúcio Rennó, da Universidade de Brasília. "Não adianta apenas mudar os nomes.

É necessária uma mudança radical nas práticas." A questão é que isso não interessa a quem deveria promover as mudanças – e os escândalos envolvendo o senador José Sarney explicam por quê.

A família Sarney sempre teve um apreço especial pelo setor energético, feudo do clã há pelo menos duas décadas. Além de dividendos políticos, o controle do setor proporciona outras vantagens. A Fundação José Sarney, criada pelo senador no Maranhão, é acusada de desviar dinheiro de um convênio com a Petrobras.

O Instituto Mirante, ONG presidida pelo filho-problema Fernando Sarney, recebeu recursos da Eletrobrás para financiar projetos culturais no estado – parte desviada para contas de empresas da família.

Fernando Sarney é o mesmo empresário que fez bons negócios na década de 80 vendendo postes de luz à estatal de energia do Maranhão ao mesmo tempo em que presidia a empresa por indicação do pai. A incursão mais recente e enrolada dos Sarney no campo energético ocorreu em Santo Amaro, no interior do estado.

Lá, a Petrobras descobriu um manancial de gás natural. Há três anos, com a valorização do gás no mercado internacional, a Agência Nacional do Petróleo decidiu licitar a área para exploração.

Antes que isso acontecesse, porém, o senador José Sarney tomou posse do local. Tomou posse, explique-se, porque há indícios de que houve grilagem de terras e estelionato – tudo coincidentemente conjugado com decisões de órgãos federais do setor energético comandados por pessoas ligadas a Sarney.

Fotos Ana Araújo e Celso Junior/AE

Vista aérea do Convento das Mercês (à dir.), sede do Memorial José Sarney, em São Luís, e o poço de gás – a válvula em terras do grupo na região dos Lençóis Maranhenses (à esq.). A situação se agravou com as revelações sobre desvio de dinheiro público, tráfico de influência e grilagem de terras

Oficialmente, as áreas onde ficam os reservatórios de gás pertencem à empresa Adpart, que tem o presidente do Senado como cotista. O problema é que existem enormes discrepâncias entre o que dizem os papéis da empresa de Sarney e o que indicam as certidões dos imóveis. O que se media em poucos metros nas certidões dos cartórios do Maranhão passou a se contar em centenas de hectares nos documentos de Brasília.

O milagre da multiplicação é que permitiu ao senador se tornar proprietário da área minada de gás. Numa certidão, Sarney diz ter comprado 200 hectares do lavrador Clodoaldo Garcia Lira.

Entrevistado por VEJA, porém, o lavrador disse que vendera somente um "pedacinho" pequeno de terra, onde cultivava caju e mandioca. Ele diz ter vendido o terreno por 25.000 reais, pagos em dinheiro vivo por Ronald Sarney, irmão do presidente do Senado e procurador dele nos negócios de Santo Amaro.

Diz o lavrador: "Meu terreninho ficava a uns 10 metros do poço". Depois da venda, o poço apareceu misteriosamente dentro do terreno. "Foi o pessoal do Sarney que cercou", diz o lavrador.

O principal poço de gás localizado nas terras também está cercado por arames e madeira. Entrevistado, o capataz de Sarney, José Ribamar Rodrigues de Oliveira, diz ter feito o serviço:

"O doutor Ronald (irmão de Sarney) que me pediu. O presidente Sarney já veio aqui três vezes visitar o poço. Isso aqui tudo é do Sarney".

Será?

Em fevereiro de 2006, o então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, indicado por Sarney para o cargo, autorizou a Agência Nacional do Petróleo a licitar a área. A Panergy, empresa que ganhou a licitação, pagou 1,1 milhão de reais ao governo pelo direito de investir na região.

A empresa só aguarda a anuência ambiental do Instituto Chico Mendes para começar a exploração. Diz Normando Paes, dono da Panergy: "Trata-se de um campo de gás e não esperamos problemas para explorar. Fui informado pelo governo de que a área é pública e pertence ao estado do Maranhão".

Telma Thomé, presidente da estatal de gás do Maranhão durante o processo de licitação da ANP, confirma que a área é pública. "As terras são do estado do Maranhão. Nós sempre trabalhamos os projetos de exploração de gás com essa perspectiva", diz ela.

O cartório da cidade não ajuda a esclarecer o mistério.

Diz a tabeliã Elke Viviane: "O pessoal do Sarney trouxe a certidão de compra das terras. Não posso falar mais nada". Nem precisa.

O desfecho da crise envolvendo Sarney representa um golpe contra as tradicionais oligarquias políticas brasileiras, mas não o definitivo – aliás, longe disso.

Antonio Carlos Magalhães, Renan Calheiros, Jader Barbalho e Sarney produziram herdeiros, biológicos ou não, que mantêm vivas as seculares práticas coronelistas. O tamanho e a importância que tem o PMDB no cenário nacional é o maior exemplo disso.

Como um câncer em processo de metástase, o partido é o abrigo seguro desse jeito peculiar de fazer política, desses grupos que continuam espalhados pela máquina do estado empenhados exclusivamente em girar a roda do fisiologismo e da corrupção.

Se a renúncia de Sarney se confirmar, alguém é capaz de imaginar que os indicados pelo senador no setor elétrico serão demitidos? Não, não serão. Eles continuarão lá, fazendo tudo o que sempre fizeram, igualzinho ao que manda a cartilha atrasada pela qual reza a maioria dos políticos brasileiros, independentemente da agremiação a que pertencem.

Afinal, essa é, e ainda vai continuar sendo por muito tempo, a mais eficiente e segura forma de fazer política: trocando votos por cargos, permutando verbas por apoio, empregando parentes e amigos – tudo com o nosso dinheiro.

José Cruz /ABR

TUDO POR UM VOTO
Mercadante, líder do PT no Senado, fez nota pela saída de Sarney e foi desautorizado por Lula

Sarney admite a Lula deixar presidência do Senado, publica revista

"Não aguento mais. Vou negociar uma saída", teria dito o peemedebista

A revista Veja publica em sua edição desta semana que o senador José Sarney (PMDB-AP) pode deixar a presidência da Casa para preservar o seu mandato.

Ele teria admitido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomar essa decisão.
— Não aguento mais. Vou negociar uma saída — disse Sarney ao presidente na última segunda-feira, segundo a Veja, quando Lula ligou ao peemedebista para saber do estado de saúde de sua mulher, Marly Sarney.

A revista aponta que Lula manteve a defesa de Sarney, "o último dos coronéis" brasileiros, sob pena de perder popularidade.

Isso por causa do interesse do presidente da República em angariar "um punhado de votos no Congresso e de uma provável aliança com o PMDB na campanha eleitoral de 2010".

No entanto, teve de "mudar o discurso".

Agora, o que Lula debate é quem será o substituto de Sarney, conforme a Veja. Aqui.

Juiz que determinou censura é próximo de Sarney e Agaciel

Ele foi um dos convidados presentes ao luxuoso casamento de Mayanna Maia, filha de Agaciel, em 10 de junho

Leandro Cólon e Rodrigo Rangel, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Ex-consultor jurídico do Senado, o desembargador Dácio Vieira, que concedeu a liminar a favor de Fernando Sarney , é do convívio social da família Sarney e do ex-diretor-geral Agaciel Maia. Foi um dos convidados presentes ao luxuoso casamento de Mayanna Maia, filha de Agaciel, em 10 de junho, em Brasília. Na mesma data, o Estado revelou a existência de atos secretos na Casa.

Desembargador Dácio Vieira; sua mulher Angela; a mulher de Agaciel, Sanzia; José Sarney; Agaciel Maia; e o senador Renan Calheiros no casamento da filha de Agaciel. (Foto: Reprodução)

Justiça censura Estado e proíbe informações sobre Sarney

Nas páginas do Estadão, a luta contra a censura

Censura não intimidou em 68 e jornal foi apreendido

O presidente José Sarney (PMDB-AP) foi padrinho do casamento. Ele, o desembargador e Agaciel aparecem juntos numa foto na festa de Mayanna publicada em uma coluna social do Jornal de Brasília em 13 de junho. As mulheres de Agaciel, Sânzia Maia, e de Dácio Vieira, Ângela, também estão na foto.

Em 12 de fevereiro, Sarney já havia comparecido à posse de Dácio Vieira na presidência do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Distrito Federal. Antes de se tornar magistrado, Dácio Vieira fez carreira no Senado.

De acordo com seu currículo, no site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, ele foi designado em 1986, na condição de advogado, para ocupar o cargo de titular da Assessoria Jurídica do Centro Gráfico do Senado. Depois, foi promovido para consultor jurídico da Casa.

O currículo diz que, por designação especial, ele esteve à disposição da presidência da Casa, com atuação na consultoria-geral. Sua atuação: "Encaminho de informações e razões de defesa em ações judiciais de interesse da instituição, havendo registro, à época, deste proceder, por parte da presidência da Casa, senador Mauro Benevides (Biênio de 1990/1991)."

Natural da cidade mineira de Araguari, ele tomou posse como desembargador do TJ-DF em maio de 1994. Entrou em vaga do quinto constitucional, como representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Integrou duas vezes a lista tríplice de candidatos a vaga de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

quinta-feira, 30 de julho de 2009

70% do Conselho de Ética tem ficha com problemas

Senadores que julgarão o caso Sarney estão envolvidos em nepotismo e atos secretos, além de ações penais

Pelo menos 70% dos membros do Conselho de Ética do Senado são alvo de inquéritos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, réus em ações penais e envolvimento com nepotismo ou atos secretos nos últimos anos, informa Leandro Colon.

Caberá a esses senadores, de vários partidos, avaliar na próxima terça-feira os pedidos de abertura de processo de cassação contra o presidente José Sarney (PMDB-AP).

Na tropa de choque do PMDB, por exemplo, os quatro titulares - Wellington Salgado (MG), Gilvan Borges (AP), Paulo Duque (RJ) e Almeida Lima (SE) – têm alguma ligação com nepotismo, ato secreto ou investigação externa.

Entre os 14 suplentes do conselho, 10 empregaram parentes, assinaram atos secretos e são alvo de inquérito.

O PMDB de Sarney mais uma vez se destaca.

Nem mesmo a oposição - que pede os processos contra Sarney - fica de fora.

Três de seus titulares no conselho constam em atos secretos ou em casos de nepotismo.


PMDB e PSDB travam guerra

Em reação às ações do PSDB contra José Sarney, o PMDB decidiu ir também ao Conselho de Ética contra senadores tucanos.

Os deputados que dirigem o PMDB resistiam à ideia para preservar o partido, mas mudaram de posição após apelo feito por Sarney e Renan Calheiros.

Governo das leis virou governo do 'cara', ironiza Fernando Henrique Cardoso

"Estamos transformando o governo das leis no governo do homem, do 'cara'".

Agência Estado
Com essa crítica indireta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamado de "o cara" pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso classificou a crise de valores morais e éticos vivida, segundo ele, pelo Brasil atual.

A frase foi dita por FHC durante palestra para industriais e empresários cearenses, num hotel de Fortaleza. A plateia aplaudiu.

A crise do Senado não é problema meu, diz Lula
Lula diz que é necessário discutir Quarta Frota com EUA

Antes, para introduzir o assunto, ele narrou um breve diálogo travado com seu barbeiro, o "Jacaré", num estabelecimento que, segundo ele, é "uma portinhola lá em São Paulo". De acordo com FCH, Jacaré teria lhe feito o seguinte comentário: "A pessoa que chega lá em cima tem o direito de roubar".

Ao que o ex-presidente diz ter respondido com espanto:

"E você diz isso para mim, que cheguei lá? Ou está me chamando de ladrão ou de bobo". Seria a acumulação desses "pequenos desvios", segundo FHC, que nos dá o sentimento da impunidade. Depois de cobrar a retomada dos valores elementares, como a decência, finalizou a palestra conclamando: "Basta! Vamos ter que ter um Brasil melhor.

E vamos andar juntos".

Pelo menos 20 ex-sindicalistas passaram a receber da Petrobras e de empresas subsidiárias um salário médio de R$ 40 mil incluindo participação lucros

Para quem ainda tem dúvidas se houve aparelhamento na Petrobras e se há necessidade de uma CPI, veja matéria do Correio Braziliense, de Amaury Ribeiro Júnior, revelando que ex-sindicalistas, que antes faziam greves em favor dos petroleiros, estão hoje em cargos de gerência na empresa e recebem vencimentos mensais de R$ 40 mil em média

(Equipe Agripino)

Durante mais de 20 anos, um grupo de sindicalistas da Petrobras, ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), não hesitava em promover greves, fazer piquetes nas portas de refinarias ou até mesmo enfrentar a polícia durante as campanhas por melhores salários. Desde 2003, quando o PT assumiu o governo, o problema de salário não existe mais para esse núcleo de ex-petroleiros.

Documentos obtidos pelo Correio/Estado de Minas comprovam que um grupo de pelo menos 20 ex-sindicalistas passou a receber da Petrobras e de empresas subsidiárias um salário médio de R$ 40 mil — incluindo participação nos lucros da empresa.

Esse valor corresponde a 45 pisos mínimos salariais da categoria, que está hoje em torno de R$ 1 mil. Os vencimentos dos novos dirigentes da estatal, que variam de R$ 30 a R$ 60 mil, também estão bem acima do piso de R$ 3 mil dos funcionários da empresa com nível superior.

Remanescentes da Federação Única dos Petroleiros, a FUP, uma organização trabalhista ligada à CUT, os ex-petroleiros foram acolhidos principalmente nos departamentos de Comunicação Institucional, de Recursos Humanos e de Gás da estatal. Os bons rendimentos da empresa levaram os ex-sindicalistas a trocar os megafones por ternos bem cortados, propriedades rurais no interior de São Paulo e apartamentos na Zona Sul do Rio.

Nomeado no início do governo Lula para o cargo de gerente comunicação estratégica da Petrobras, o ex-dirigente do sindicato dos Petroleiros de Campinas Wilson Santarosa, que entrou na empresa como operador de refinaria, conseguiu fazer uma mudança ainda mais radical.

Além de se transferir para um apartamento no Leblon, bairro nobre na Zona Sul do Rio, Santarosa conseguiu trocar o número do seu CPF — documento que indica, por exemplo, se o portador tem uma dívida praça. O número 907.370.248.87, usado por Santarosa nos tempos em que ele morava em casa na periferia de Americana, no interior de São Paulo, foi cancelado pela Receita Federal.

De posse de uma nova identidade fiscal, Santarosa recebe hoje em torno de R$ 704 mil por ano de rendimentos da Petrobras e da Petros, o fundo de pensão da empresa estatal, onde exerce o cargo de conselheiro.

A papelada mostra que, em 2007, Santarosa recebeu da Petrobras a bolada de R$ 557.519,38 entre salários e outros bônus. O montante, que não inclui o valor do 13º salário, indica que só da estatal Santarosa recebeu em torno de R$ 45 mil por mês. O ex-sindicalista ganhou ainda cerca de R$ 84 mil da Petros em 2007, elevando os ganhos para R$ 641.516,48, o que deu rendimento mensal de R$ 53.400.

Com o aumento de 9,8%, concedido ano passado a toda a categoria, os rendimentos de Santarosa chegaram a R$ 704 mil por ano. Isso significa que em 2008, o ex-sindicalista recebeu renda mensal em torno RS$ 60 mil.

A fim de garantir o futuro da família, ainda conseguiu empossar sua mulher, Geide Miguel Santarosa, como ouvidora na BR Distribuidora. Ex-assessora do marido na Sindipetro de Campinas, Geide recebe cerca de R$ 10 mil por mês.

A CRISE ECONÔMICA E O POPULISMO, PELA ESQUERDA OU PELA DIREITA!


Trecho de artigo de José Maria Ridao, em El País, 24/07.

1. O crescimento de uma insustentável desigualdade entre regiões do mundo, e entre classes sociais, foi uma advertência constantemente ignorada.

Durante as duas décadas que se manteve em pé a utopia dos mercados desregulamentados, foi tomando corpo um gênero de opções políticas que, ante a insensibilidade dos partidos democráticos para os efeitos perversos do novo credo e a revelação de um novo crash econômico, se especializou em oferecer os bálsamos milagrosos do populismo.


2. A direita ganhou na Europa, não porque suas soluções para a crise são as melhores, venceu porque, até agora, tem mostrado ser menos repugnante que a esquerda para competir no espaço dos populistas (cheio de exaltado louvor ao protecionismo, de cruéis panaceias contra os imigrantes, da mal dissimulada condescendência para com as bolhas econômicas que permitem, realmente, confundir especulação e prosperidade).

E o risco que se corre a partir de agora é que a esquerda, frustrada pela derrota, acabe sucumbindo à tentação de competir nesse mesmo espaço, com o que as águas da insensatez populista acabariam se fechando sobre a cabeça de todos.


3. E a direita, por sua vez, não parece consciente de que se arrisca ao ir deixando pedaços da sua condição democrática no caminho de vitórias eleitorais conseguidas no espaço dos populistas.

Porque a linha de confronto que está se desenhando na Europa, e eles devem ter percebido isso nas recentes eleições para o Parlamento Europeu, não é tanto a que separa os partidos democráticos de uma ou outra tendência, mas a que enfrenta a todos eles com formações populistas.

Se estas ganharam força durante os anos da bonança apoiando-se nos cidadãos prejudicados pelos efeitos perversos da utopia de mercados desregulamentados, agora é o próprio modelo que entrou em crise e, portanto, os cidadãos prejudicados são a maioria, e no futuro poderiam cair nas mãos dos populistas.
*


PSOL entra no STF com pedido de explicações contra Paulo Duque

Presidente do Conselho de Ética afirmou que partido 'não existe'.
Após interpelação, PSOL pode tomar outras medidas contra peemedebista.

O PSOL entrou na tarde desta quarta-feira (29) no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma interpelação judicial contra o presidente do Conselho de Ética do Senado, Paulo Duque (PMDB-RJ).

O partido deseja que o senador explique sua afirmação de que "o PSOL não existe”, feita após a sigla protocolar a primeira representação contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

“As afirmações do senador Paulo Duque tem caráter dúbio e supostamente ofensivo, pois não esclarecem porque o PSOL não existe, ou não seria um partido, e lançam dúvida acerca da qualidade e do potencial do PSOL como alternativa de poder político”, diz trecho do documento, que é assinado pelos advogados do partido.

No pedido, os advogados do PSOL afirmam que a interpelação tem por objetivo esclarecer a declaração de Duque e pode servir de base para ações contra o senador.

Entre as possíveis novas medidas estão a apresentação de uma ação de crime contra a honra, o pedido de reparação civil e até uma representação no Conselho de Ética.G1

Não vai sobrar pedra sobre pedra na seara legislativa de Lula.


Juízo final

Se Sarney cair, ouvi por aqui da boca de governistas apocalípticos que o mundo acaba. Não vai sobrar pedra sobre pedra na seara legislativa de Lula.

A profecia conta que, se Sarney cair, o Senado se transforma num campo de guerra. Haverá sangue e ranger de dentes nas hostes governistas. Festas e rojões entre oposicionistas de plantão.

A primeira batalha, se Sarney cair, se dará na CPI da Petrobras.

Vaticinam os agourentos que os peemedebistas passarão a andar de braços dados com democratas e tucanos. E os petistas sentirão na pele a dor das investigações da CPI.

O passo seguinte, se Sarney cair, será a conquista da cadeira daquele que hoje encarna toda onda de nepotismo na capital. Divididos, os governistas podem ser atacados pelos flancos e perder o domínio do Senado para a oposição.

Sem Sarney, o fim estará próximo. Instalado o clima de terra arrasada, nada mais de interesse do presidente Lula irá prosperar nos campos do Senado. E virão ervas daninhas derrubando vetos presidenciais, causando estragos nos cofres públicos federais.

Na hora do juízo final, Lula condenará os senadores petistas ao fogo do inferno -onde, na verdade, já se sentem hoje, espremidos entre os desejos presidenciais e as cobranças de seus eleitores. E tentará, como seu último milagre, levar sua pupila Dilma Rousseff à terra prometida palaciana.

Como ouço desde pequeno que o mundo vai acabar, e nunca acaba, pelo menos até hoje, não sou de dar ouvidos a esses profetas. Principalmente aqueles que profetizam ameaças para curvar súditos a seus interesses mundanos.

Agora, convenhamos, não é preciso ser profeta para vislumbrar que alguma ruína virá. Quem será a vítima? A confirmar. Como diria um senador condenado ao fogo do inferno, cada um tem o apocalipse que merece. Ele prefere salvar seu mandato ao dos outros.

Valdo Cruz, da Folha de S.Paulo - 29/07/2009

"Companheiro" aloprado no Alvorada...


"Uma cuidadosa operação foi montada há dias para o presidente Lula receber o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, em Brasília.

Veio de Goiás num jatinho e foi direto para o Alvorada.

Na demorada conversa, o aloprado "companheiro" fez um apelo para que possa voltar ao PT e sair candidato a deputado federal pelo partido.

Lula tentou convencê-lo dos problemas que criaria para a campanha a presidente da ministra Dilma."
Por Cláudio Humberto

PATRÃO

PATRÃO DOS "PIZZAIOLOS": CONFIRA..

http://www.blogdemocrata.com.br/


quarta-feira, 29 de julho de 2009

Aprovação de Obama nos EUA cai para 53%,


Aprovação de Obama nos EUA cai para 53%,
aponta pesquisa

Nova sondagem indica queda de oito pontos em relação ao nível de abril; presidente enfrenta desafio na Saúde

Agência Estado e Dow Jones
Reuters
Apoio a Obama entre republicanos também cai


WASHINGTON - A popularidade do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sofreu nova queda no final de julho, indica uma pesquisa conduzida pelo Wall Street Journal e a NBC News.

A sondagem, feita entre 24 e 27 de julho, descobriu que o patamar de aprovação do governo Obama está em 53%, oito pontos abaixo dos 61% de aprovação que a administração tinha em abril.


A pesquisa tem margem de erro de 3.1 pontos porcentuais para todos os grupos entrevistados. A sondagem entrevistou 1.011 pessoas nos EUA. As informações são do Wall Street Journal.

Entre os motivos atribuídos para a queda da popularidade de Obama, estão as preocupações com a economia norte-americana e uma queda no apoio dos republicanos ao presidente dos EUA.


A pesquisa também indica que existem motivos de preocupação para Obama, que pressiona o Congresso a aprovar neste ano a reforma do sistema de saúde.

Apenas duas a cada dez pessoas acreditam que a qualidade dos seus planos privados de saúde irá melhorar com a reforma defendida por Obama.


"Você não pode aprovar uma reforma substancial na saúde a menos que as pessoas que têm planos privados acreditem que ela trará benefícios", disse Bill McInturff, um pesquisador republicano que conduziu a sondagem com o pesquisador democrata Peter D. Hart.


Tropa de choque...

Wellington Salgado diz que Sarney está tranquilo

Integrante do Conselho de Ética, o peemedebista disse que está preparado para enfrentar o desgaste da opinião pública caso as representações sejam arquivadas e que os pedidos de abertura de processo para perda de mandato de Sarney sejam rejeitados pela maioria da base governista.

- O símbolo do PSOL é um vampiro. O vampiro quando vê sangue aparece como a senadora Heloísa Helena que veio com seu garoto de recados, o José Nery, para fazer essa representação. O fato criado é para desgastar o Senado.

Gosto de dormir o sono dos justos. Não estou preocupado com o desgaste junto a opinião pública - disse Salgado.

Conheça os alvos dos pedidos de investigação

Na terça-feira, o PSDB entrou com três representações contra Sarney, pedindo a investigação do envolvimento do neto do senador nas operações de crédito consignado na Casa, das denúncias de desvios de verbas da Fundação Sarney e de sua atuação para empregar parentes e amigos .

O PSOL já havia pedido a abertura de processo no colegiado para apurar a responsabilidade de Sarney na edição dos 663 atos secretos identificados pela direção do Senado ao longo dos últimos 14 anos.

Já as denúncias de Virgilio e Cristovam são baseadas em duas reportagens publicadas nesta quarta-feira pelos jornais "Folha de S.Paulo" e "Correio Braziliense".

A primeira refere-se a uma suposta venda de terras de Sarney, que teria deixado de pagar impostos, o que configura crime contra a ordem tributária.

Já a segunda denúncia diz respeito a um agente da Polícia Federal, cedido a Sarney pelo Palácio do Planalto na cota de ex-presidentes da República.

De acordo com a reportagem, o agente passaria informações privilegiadas da PF ao grupo político da família Sarney, comandado pelo filho do peemedebista, o empresário Fernando Sarney Filho.

Escândalos - PSOL e Tucanos contra Sarney.

PSOL entra com mais uma representação contra Sarney.

Tucano apresenta nova denúncia e PMDB promete troco

Maria Lima, Gerson Camarotti e Cristiane Jungblut - O GloboReuters

A presidente do PSOL, Heloisa Helena, ao lado do senador José Nery, protocola uma representação contra o presidente do Senado, José Sarney, no Conselho de Ética do Senado. - Roberto Stuckert Filho

O PSOL protocolou nesta quarta-feira uma nova representação no Conselho de Ética contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que já é alvo de outras quatro no colegiado. O PSOL já soma duas e o PSDB, três.

Ao mesmo tempo, os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Cristovam Buarque (PDT-DF) apresentaram mais duas denúncias contra o senador, elevando para seis o número de ações avulsas de parlamentares já encaminhadas ao Conselho.

No total, são 11 pedidos de investigação no colegiado. Uma representação tem mais força do que a denúncia de um parlamentar, uma vez que não pode ser arquivada antes de apreciada.

O PMDB prometeu o troco: vai entrar com uma representação contra Virgílio baseado no fato de o tucano ter admitido que empregou em seu gabinete um funcionário fantasma que morava e estudava no exterior.

O líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), classificou as representações tucanas contra Sarney como "marcha da insensatez". A cúpula do partido vai protocolar a representação, também por quebra de decoro parlamentar, na segunda-feira.

" Acha que vamos ficar apanhando calados? "

- Acha que vamos ficar apanhando calados? - perguntou o senador Wellington Salgado (PMDB-MG).

Na ação protocolada pelo PSOL, o partido questiona a omissão, à Justiça Eleitoral, da casa em que o senador mora no Lago Sul, avaliada em R$ 4 milhões. Também pede a apuração do desvio de R$ 500 mil da Fundação Sarney, além da declaração do senador de que não teria responsabilidade administrativa sobre a instituição.

( Ouça Heloisa Helena )

- Hoje não são mais apenas indícios relevantes, mas fatos concretos que mostram que houve tráfico de influência e uso de prestígio, que são crimes - disse a presidente do PSOL, ex-senadora Heloísa Helena.

" Hoje não são mais apenas indícios relevantes, mas fatos concretos "

O senador José Nery (PSOL-PA) criticou, por sua vez, a defesa do presidente do Senado que vem sendo feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Não dá para aceitar a blindagem feita por Lula a Sarney. O Conselho de Ética terá cinco oportunidades concretas de investigar a quebra de decoro por parte do senador - disse Nery.

Perguntada sobre o apoio de Lula a Sarney, a ex-senadora Heloísa Helena sorriu e depois disse que tomava remédio contra enjoo para "seguir lutando".

- Se tivesse que enfartar, sendo alagoana, já teria enfartado - disse a ex-senadora.

Wellington Salgado diz que Sarney está tranquilo

Um dos interlocutores do presidente do Senado nos últimos dias, Wellington Salgado disse que ele não vai se abalar por mais uma representação. Salgado, que conversou com Sarney, disse que o presidente está disposto a enfrentar todas no cargo, porque não é um novato na política nem homem de ter medo de nada.

- O Sarney não é um garoto, não é um suplente como eu que tem quatro anos na política. Já enfrentou a ditadura para fazer a abertura política. Acha que vai ter medo de alguma coisa? Ele é cascudo, está vacinado para não ter medo. Está lá em São Paulo tranquilo, comendo seu macarrão, fortinho. Está tristinho por causa do problema da esposa, mas acha que vai ficar abalado, que vai ficar tremendo de medo por causa dessas representações? - disse Salgado.

" Ele é cascudo, está vacinado para não ter medo. Está lá em São Paulo tranquilo, comendo seu macarrão, fortinho "

terça-feira, 28 de julho de 2009

Déficit primário de R$ 644 milhões em junho.

POR EDUARDO CUCOLO
da Folha Online

O governo central registrou um déficit primário de R$ 644 milhões em junho.

Foi o segundo mês consecutivo em que isso aconteceu neste ano. Em maio, o déficit havia sido de R$ 303 milhões. É também o quinto resultado negativo registrado desde o início da crise.

Um déficit significa que as despesas não-financeiras superaram o valor da arrecadação.

O resultado do governo é dividido em três partes.

O Tesouro Nacional teve um superávit de R$ 2,8 bilhões no mês.

A Previdência, por outro lado, teve um déficit de R$ 3,4 bilhões.

Já o Banco Central registrou déficit de R$ 26,3 milhões.

No primeiro semestre do ano, o superávit acumulado foi de 18,563 bilhões de reais, o equivalente a 1,28% do PIB (Produto Interno Bruto) –bem abaixo dos R$ 61,378 bilhões, ou 4,4% do PIB, de igual período de 2008.

Nessa comparação, as receitas do governo caíram 1,8%, para R$ 276,6 bilhões. Já as despesas subiram 17%, para R$ 258 bilhões.

No ano passado, o aumento nas despesas do governo foi acompanhado por sucessivos recordes na arrecadação, o que garantiu um bom resultado primário. Com a crise econômica, no entanto, as receitas caíram, mas os gastos se mantiveram em alta.

Amanhã, o Banco Central divulga também o resultado das contas de todo o setor público, o que inclui também as empresas estatais e governos regionais.

Bolsa-ditadura

Coluna do
Augusto Nunes

Se encontrar o telefone do doutor e perder a vergonha de vez,
também vou exigir uma bolsa-ditadura

Na tarde de 11 de agosto de 1969, no bar em frente da Faculdade Nacional de Direito, eu festejava o reencontro com a namorada que saíra de circulação havia um mês, ao saber que a Justiça decidira prendê-la preventivamente. Tinha 19 anos, um copo de chope na mão e ideias lascivas na cabeça: além do fim do sumiço, comemorava antecipadamente a noite de pecados. O castigo chegou primeiro, anunciado por um leve toque no ombro e formalizado por um substantivo: ” Polícia”, resumiu um dos quatro homens repentinamente hasteados em torno da mesa.

Usavam os paletós compridos demais e apertados demais que os sherloques brasileiros muito apreciam por se acharem mais altos e menos gordos do que efetivamente são. Só depois fiquei sabendo que estavam lá para capturar a moça. Resolveram levar-me como brinde ao descobrirem que também era diretor do Caco Livre. Separados, embarcamos em fuscas disfarçados de táxis rumo à sede da PM na Rua Frei Caneca. Não voltei a vê-la.

Isso já vale uma bolsa-ditadura, certo? Se a coisa não era ideologia, mas investimento, como constatou Millôr Fernandes, se muita gente que só ficou presa em congestionamento de trânsito virou bolsista, um dia de cadeia no inverno de 1969 merece imediata reparação em dinheiro vivo. Foram quatro dias e meio. Como as horas na gaiola são mais longas, posso arredondar para cinco.

Na noite de 15 de agosto, depois de duas escalas de dois dias no prédio da Aeronáutica ao lado do Aeroporto Santos Dumont e na Base Aérea do Galeão, o major que acabara de me interrogar ordenou que eu desse o fora. Saí com a roupa que usava no momento da captura. COMUNISTA, ele antes havia anotado com letras graúdas e escuras na minha ficha.

Procure esse papel, sopra meu lado escuro ao escutar, de novo, o apito do trem-pagador pilotado pela Comissão de Anistia. A farra não pode parar, há milhares de passageiros a recolher. Para acomodar-me na poltrona mais espaçosa do vagão, convém esquecer que não fui submetido a sessões de tortura. Melhor lembrar apenas que passei horas a fio de cócoras, mãos algemadas sob a perna, ouvindo perguntas tediosas e redundantes feito letra de samba-enredo. Como estou vivo, não custa caprichar na cara de zumbi e falar com voz de condenado à danação perpétua.

É verdade que meio mundo viveu experiências parecidas. É verdade que nove em 10 militantes do movimento estudantil souberam o que é o silêncio imposto a presos incomunicáveis, o cheiro de animal sem banho, a sensação de impotência absoluta, a vida suspensa no ar. E daí? Que sejam todos premiados. Os contribuintes nem vão notar que mais 1 bilhão saiu pelo ralo. Nenhuma despesa é desperdício se destinada a garantir aos sócios do Clube dos Heróis da Resistência o direito a indenizações milionárias, mensalidades de bom tamanho, empregos federais e outras condecorações em dinheiro.

Como a turma toda, também teria ido longe na vida se escapasse daquele agosto. O diretor da faculdade, que soubera de tudo, avisou em dezembro que me expulsaria se não tratasse já no dia seguinte da transferência para outras paragens. Só o Mackenzie me engoliu. Não engoli o Mackenzie daquele tempo e virei jornalista. Fica estabelecido, portanto, que não pendurei na parede o diploma de bacharel porque a ditadura me perseguiu por motivos políticos.

Só por isso não fui advogado, juiz, desembargador e ministro do Supremo Tribunal Federal. Muita pretensão? Não é: até Nelson Jobim já andou usando a toga. Mereço ser aposentado como ministro do STF. É pedir demais? Engano: o ex-capitão Carlos Lamarca foi promovido a general depois de morto, o que garantiu uma velhice tranquila à mulher que abandonou.

Argumentos tenho de sobra. Só está faltando achar o número do telefone do doutor Luiz Eduardo Greeenhalgh, que merece a porcentagem que leva de cada indenizado porque ganha todas, e perder a vergonha de vez.


Quem blinda picareta é o quê?

Alinhar ao centroComentário
Por Ricardo Noblat

Quem protege picareta é o quê?

O noticiário político dos jornais, hoje, está de rir à bandeira despregada.

A maioria dos 12 senadores do PT quer ver o colega José Sarney (PMDB-AP) pelas costas.

Quando isso foi dito há mais de 15 dias por meio de nota oficial distribuída por Aloisio Mercadante, o líder da bancada, Lula subiu nos tamancos.

Chamou a bancada para jantar. Depois Aloisio produziu uma errata da nota. E virou alvo da fúria dos seus eleitores.

Aí veio a errata da errata. Foi quando Mercadante discursou reafirmando a posição original da bancada favorável ao licenciamento de Sarney do cargo de presidente do Senado.

Diante de fatos recentes, digamos, nada auspiciosos para Sarney, Mercadante emitiu na semana passada outra nota - essa em termos suavemente mais duros.

Como Lula reagiu?

Mandou seu ministro das Relações Institucionais, José Múcio, dizer que a nota era uma fraude. Vejam com que cara o pobre do José Múcio disse o que Lula mandou.

Sim, porque ao dizer que a nota de Mercadante, ao contrário do que ele havia anunciado, não representava a opinião da maioria dos senadores do PT, mas só de um ou dois, Lula afirmou com outras palavras que a nota era uma fraude.

Mercadante renunciou ao cargo de líder?

Não se tem notícia disso até agora.

Mercadante sentiu-se ofendido e respondeu que a nota expressa, sim, a opinião da maioria dos seus pares e que ele não é moleque para ser desautorizado publicamente?

Necas de pitibiriba. Nadica de nada.

Informou por meio do seu twitter que está muito ocupado com o casamento próximo do seu filho. E foi só.

Grande Mercadante!

Lula é um pai patrão para o PT. Mercadante, um pai amoroso para seus filhos. Ponto para ele.

Quanto a Sarney...

Vejam se não é hilário!

Diz que não larga o cargo porque precisa defender o governo das investidas dos seus adversários. Por ele mesmo até que largaria. Não precisa, não é?

Presidiu o Senado duas vezes. Vai completar 80 anos. Já foi tudo na vida. Imagina ter que suportar a essa altura uma injusta e difamante campanha mediática. Porque é disso que se trata, segundo ele.

Empregar parentes?

Todos os senadores empregam, alega Sarney.

A neta que pediu ao avô um emprego para o namorado foi assessora da presidência do Superior Tribunal de Justiça durante dois anos. Embolsou R$ 6 mil mensais. Não era sequer formada.

Sarney deve pensar que pior fez Paulo Duque, ex-suplente de suplente de senador, atual presidente do Conselho de Ética do Senado, depósito de parte da escória dos senadores.

Duque empregou no Conselho um funcionário fantasma. Um advogado que mora no Rio e que deve conhecer o prédio do Congresso pela televisão ou por cartões postais.

Os picaretas do Congresso vão muito além dos 300 identificados por Lula quando ali esteve na condição de deputado no final dos anos 80.

Os picaretas estão blindados por Lula, que diz precisar deles para governar - e para eleger Dilma.

Quem blinda picareta é o quê?

A imagem do dia

ISSO É QUE É BOLSA FAMÍLIA!!!


segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cansaço abate defensores de Zelaya, que diz estar “trabalhando com Lula”

Manuel Zelaya

Zelaya, diz estar “trabalhando com Lula”


Leiam o que informa Roberto Lameirinhas, do Estadão, que está em Las Manos, em Honduras. Volto depois:

Após quatro dias de mobilização para tentar chegar à fronteira com a Nicarágua, partidários do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, mostravam ontem sinais de desânimo. Impedidos pelos bloqueios policiais de encontrar-se com o líder, muitos já buscavam meios para abandonar o ponto de maior concentração da “resistência” ao golpe militar do dia 28, em El Paraiso, a cerca de 20 quilômetros da cidade fronteiriça de Las Manos.

“Não há comida para todos aqui, somos assalariados e muitos de nós não podem correr o risco de perder mais um dia de trabalho amanhã”, disse uma das líderes dos piquetes e bloqueio de estradas de El Paraiso, Silvia Flores. “Estamos cercados e cansados. Não podemos ir até a fronteira nem retroceder”, declarou, por seu lado, o militante Cesar Castro, que vestia uma camiseta com uma imagem de Ernesto Che Guevara.

Depois de recuar de sua intenção, anunciada na véspera, de acampar na zona de fronteira de Las Manos, Zelaya pouco saiu ontem do quarto do Hotel Frontera, na cidade nicaraguense de Ocotal. Diferentemente do sábado e da sexta-feira - quando atravessou por poucos metros e minutos a fronteira e pisou pela primeira vez em solo hondurenho desde o dia 28 -, não tinha aparecido até o fim da tarde do domingo no posto de alfândega.

Para assessores do governo de facto de Roberto Micheletti, Zelaya tem visto suas opções para retomar o poder reduzindo-se a cada dia. A chamada “insurreição popular” convocada pelo líder deposto para levá-lo de volta a Tegucigalpa não chegou nem a se constituir. Só uma pequena, embora ruidosa, claque vinda da Nicarágua o saudou durante suas duas visitas à zona de fronteira - servindo de cenário para as pouco imparciais câmeras da emissora Telesur, cujo maior acionista é o Estado venezuelano controlado por Hugo Chávez.

No sábado, em conversa com um grupo de jornalistas estrangeiros na fronteira, o próprio Zelaya admitiu que depende da mobilização popular para manter o apoio da comunidade internacional. Embora a saída diplomática pareça a saída que lhe sobra, Zelaya criticou a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que havia qualificado de “imprudente” a tentativa dele de voltar a Honduras. Ele também deu a entender que não irá a Washington amanhã para encontrar-se com Hillary. “Se o Departamento de Estado quer se reunir comigo, terá de vir a Ocotal.”

Zelaya disse que mantém “estreito contato” com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, com quem vem trabalhando para “afinar a estratégia diplomática” para pressionar o governo Micheletti.

Por sua parte, as Forças Armadas de Honduras emitiram ontem um comunicado reiterando sua subordinação ao poder civil, deixando claro que aceitarão qualquer acordo firmado pelas força políticas - o que incluiria, implicitamente, a possível restituição do poder a Zelaya. O general Romeo Vásquez Velásquez, comandante do Estado-Maior do Exército, voltou a justificar no sábado a expulsão do presidente do país, alegando que cumpriu ordens do Judiciário e Legislativo. Em processos sumários, os dois poderes afirmam ter destituído Zelaya em razão de sua insistência em realizar uma consulta popular não vinculante que abriria caminho para uma mudança constitucional que lhe permitiria voltar a ser eleito. Aqui

Comento
Começo por aquilo que pode gerar ruído. O tal comunicado das Forças Armadas não tem rigorosamente nada de novo. Elas sempre deixaram claro que se subordinam ao poder civil. A intenção é apenas descaracterizar o que, de fato, não aconteceu no país: um golpe militar. Nem golpe nem militar. O governo interino estava avaliando o Plano Arias — que prevê a volta de Zelaya, mas num governo compartilhado com os demais Poderes e sem a tal “consulta popular — quando o bandoleiro rumou heroicamente para Honduras, passou alguns centímetros a corrente que separa o país da Nicarágua e voltou bem depressa para não ser preso.

Cadê a insurreição popular? Não aconteceu. Pelo menos 120 estrangeiros, a maioria de venezuelanos e nicaragüenses, enviados por Chávez e Daniel Ortega para promover a bagunça no país, foram presos. O povo foi à rua, sim, aos milhares, mas para defender o governo provisório, que enfrenta um isolamento terrível, que em breve trará conseqüências econômicas. Como reagirá o povo? A carência é sempre uma péssima conselheira. Vamos ver.

Já disse que, cumprido estritamente, o Plano Arias não seria ruim, desde que as forças que depuseram Zelaya mantivessem a unidade. Mas sempre é um risco. Ele é um fanfarrão meio destrambelhado. Anunciou que acamparia na fronteira, do lado nicaragüense, mas desistiu. Voltou para o hotel. Vocês sabem: com aquela pança, a vida de guerrilheiro deve ser dura. Mais: quem lhe tingiria os cabelos e o bigode no acampamento?

Impressiona que um pateta golpista, de quinta categoria, tenha mobilizado as atenções do mundo. Tudo porque tentou dar um golpe e foi contido pelas instituições. Seu patrocinador, Hugo Chávez — tornando um traficante de armas para narcoterroristas da Colômbia — gritou: “É golpe”. E o mundo o seguiu.

Honduras ainda resiste! Já escrevi: se a Constituição do país for preservada da sanha bolivariana, o país terá dado um exemplo. E aqueles que apostam em aventuras na América Latina serão mais prudentes.

Zelaya diz que Lula está sendo um de seus esteios. Não duvido. Ele apóia coisa bem pior. O hondurenho, por enquanto ao menos, não matou ninguém nem nega o Holocausto, não é mesmo? O Brasil, aliás, resolveu endossar a proposta de não reconhecer o processo eleitoral de novembro se Zelaya não voltar. Impressionante!

Lula nunca reconheceu as Farc como narcoterroristas. Mas parece que estaria disposto a rejeitar até um governo eleito pela maioria dos h0ndurenhos, nos marcos de sua constituição democrática. Passa a mão na cabeça dos assassinos das Farc, mas resolve ter uma impressionante dureza com quem defende as leis de seu país.

40% dos americanos desaprovam governo de Obama

40% dos americanos desaprovam governo de Obama, diz pesquisa

da Efe, em Washington

Uma pesquisa divulgada hoje pelo instituto Rasmussen Reports diz que 40% dos americanos desaprovam fortemente a gestão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e que apenas 29% a aprovam com entusiasmo.

As atualizações que a Rasmussen Reports faz em seu índice de popularidade presidencial correspondem a entrevistas telefônicas noturnas e são compiladas a cada três dias, em média.

A pesquisa publicada hoje é a primeira do instituto desde que Obama concedeu uma entrevista coletiva para explicar seu plano de reforma do sistema de saúde americano.

A quantidade de gente que aprova a gestão de Obama, segundo a Rasmussen, se manteve sem mudanças desde a entrevista coletiva, mas a proporção dos que "desaprovam fortemente" a gestão presidencial subiu de 35% na quarta-feira para 40% hoje.

Em termos gerais, 49% dos entrevistados pela Rasmussen indica que "aprova pelo menos um pouco" a gestão de Obama, e 50% a desaprova "em certo grau".
Um total de "76% dos consultados vê Obama agora como 'politicamente liberal'", acrescenta o instituto.
"Isto é um aumento de seis pontos percentuais em um mês, e 11 pontos desde que foi eleito" em novembro passado.

"Apesar de as pontuações de Obama terem caído no último mês, 54% dos indagados ainda creem que o presidente George W. Bush é responsável principal pelos problemas econômicos do país", acrescentou o relatório.