Por Reinaldo Azevedo
Comecei a receber uma enxurrada de comentários — não de comentaristas; já explico — cobrando-me por tudo o que já publiquei neste blog sobre o delegado Romeu Tuma Junior.
Os preclaros estariam apontando a minha suposta incoerência. Ai, ai… Só sou imodesto numa coisa: tenho a melhor memória que conheço. Sei muito bem o que publiquei. E até farei um pequeno mea-culpa, mas não aquele que os petralhas esperam.
Ah, sim: por que é “enxurrada de comentários, não de comentaristas”? Porque chegam grupos de 10, 15, 20 postagens com o mesmo IP.
Vale dizer: é a mesma meia dúzia de petralhas assumindo identidades diferentes: ora entram como asnos, ora como zebras, ora como antas…
Que coisa chata!
Não façam isso!
O procedimento funciona naqueles blogs financiados por estatais. Aqui não! Há mecanismos para identificar picaretagem. Mas isso tudo é o de menos.
Atenção para os fatos:
1 – Tuma Junior não nasceu no dia 4 de outubro de 1963, como informa a Wikipedia, mas no dia 13 de agosto de 1960. Assim, em 1980, quando Lula foi preso, ele tinha 20 anos. Quem nasceu em 4 de outubro foi seu pai, Romeu Tuma;
2 – assim, em 1980, quando Lula foi preso, Tuma Junior tinha 20 anos e estava na Polícia havia dois. Ele prestou o concurso para investigador IP1/78 (o “78” é o ano);
3 – acalmem-se os mais ansiosos: quando o livro chegar às mãos dos leitores, há lá uma foto de Tuma Junior escoltando Lula no Dops.
4 – Tuma Junior se aposentou na Polícia neste ano, com 35 anos de serviço: 2013 – 35 = 1978.
Por que isso ganhou relevância?
O delegado — que escreveu o livro “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado” — diz que Lula foi, na verdade, um informante de seu pai, Romeu Tuma, então chefe do Dops.
Estão alegando por aí que ele não teria como saber disso porque, supostamente nascido em 1963, não teria nem feito 17 anos à época e não poderia estar na Polícia.
Bem, em primeiro lugar, convenham, dá para saber muita coisa com essa idade e mesmo fora do aparelho policial.
Ocorre que Tuma Junior tinha 20 e já havia prestado concurso e sido aprovado.
Pois é…
Antes mesmo que se conheçam mais detalhes do livro, começou o trabalho de desqualificação do denunciante, uma prática que o ministro Gilberto Carvalho diz ser muito feia. Feíssima.
Segundo ele, é preciso que se preste atenção ao que está sendo denunciado. Como Carvalho diz ser essa uma regra válida para os adversários do PT, suponho que também valha para o petismo.
Sim, noticiei algumas coisas sobre Tuma Junior no clipping e escrevi textos. Como sabe o delegado, eu não ganhava nada nem antes nem agora. Costumo ter o mau hábito de tratar aqui do que é notícia. É claro que a “ética” dos que estão a serviço do petralhismo é outra: antes, quando não recebiam de estatais, eram todos inimigos do partido; agora, viraram lulo-petistas fanáticos.
Essa gritaria é só cortina de fumaça pata tentar impedir a apuração das denúncias. Quanto a Tuma Junior, cabe-me, sim, um mea-culpa — mas não só a mim. Talvez fosse conveniente que a totalidade da imprensa o fizesse no caso.
Por quê?
Prestem atenção:
FATO UM – A Comissão de Ética Pública da Presidência da República concluiu que nada havia contra ele (veja documento);
FATO DOIS – A sindicância feita pelo Ministério da Justiça concluiu que nada havia contra ele (veja documento);
FATO TRÊS – Inquéritos da PF — houve mais de um pelo mesmo fato — foram arquivados sem resultar em indiciamento. E olhem que ele já era um maldito;
FATO QUATRO – O Ministério Público nunca ofereceu denúncia sobre nada;
FATO CINCO – Uma acusação de improbidade administrativa por conta de uma apreensão de dólares no aeroporto de Cumbica foi arquivada pelo Ministério Público por falta de evidência de que se tivesse cometido algum crime.
Qual é o mea-culpa? Eu explico. Nem eu e, até onde sei, quase ninguém (e escrevo o “quase” para a hipótese de que alguém o tenha feito) noticiamos os FATOS — apenas fatos — que eram favoráveis a ele.
Vejam aqui o que diz a Comissão de Ética Pública.
Agora vejam o resultado da sindicância do Ministério da Justiça.
Estão querendo debater lateralidades. A questão central é outra. Tuma Junior está denunciando uma máquina incrustada no aparelho estatal para produzir dossiês contra adversários políticos.
O ministro José Eduardo Cardozo não tem saída. Tão logo compre o seu exemplar na livraria, está obrigado a enviar o material para a Polícia Federal e cobrar: “Investigue-se tudo!”.
Se ele faz isso com denúncia anônima, por que não o faria com aquela que vem com assinatura? Mais: Tuma Junior aceita falar às instâncias pertinentes do Congresso.
Por que o pânico?
Parece haver certo pânico no petismo com essa história. Que o partido sempre recorreu a práticas policialescas para perseguir adversários, convenham, não é novidade.
Quem não se lembra do dossiê dos aloprados, por exemplo? Ocorre que Tuma Junior acusa em seu livro algo bem mais grave: trata-se da mobilização da máquina do estado para perseguir adversários, que é rigorosamente o que se faz nos chamados estados bolivarianos: criminaliza-se a divergência para que a perseguição política passe como um caso de polícia.
Finalmente:
1: não fui eu quem nomeou Tuma Junior secretário nacional de Justiça; foi Lula!
2: não fui eu quem disse que ele nada devia quanto à questão ética: foi a comissão do governo… Lula!
3: não fui eu quem atestou a sua idoneidade, mas o Ministério da Justiça do governo… Lula!
O que estão a sugerir os paus-mandados no petismo, financiados por estatais?
Que não se deve confiar em Lula, na Comissão de Ética de Lula e no Ministério da Justiça de Lula?
10.12.2013
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Tuma Jr. nasceu em 1960, não em 1963, e já era policial em 1980, ano em que Lula foi preso; em foto, ele aparece escoltando o petista no Dops. Ou: Quanto ao denunciante, vamos aos fatos. Só aos fatos
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