Citar a Venezuela hoje não pode estar desvinculado do entendimento correto do termo demagogia
Por Gerhard Erich Boehme
De um lado o termo se assemelha à prâksis da oclocracia. Poderia ter algo de legítimo, quando se considera a preponderância do povo na forma do governo, mas não é o que ocorre.
O bolivarianismo não se dá de forma legítima, pois se afasta do poder da lei, do estado de direito. No estado de direito a participação da população se dá através de instituições sólidas, legítimas, sem as pressões de grupos que são tão somente mais atuantes politicamente, que assim obtém mais transparência junto à sociedade, o que não lhes dá legitimidade, pois as pessoas assumem comportamentos distintos, uns são reservados, outros atuam pelo exemplo, outros procuram promover a conscientização de forma acadêmica e temos, infelizmente àqueles que se julgam no direito de se colocarem acima da lei, e o fazem ou na busca de privilégios em detrimento dos demais ou no anseio popular de restringir a liberdade individual. Democracia se faz com o poder dos votos.
Uma boa definição da demagogia é o abuso da democracia, neste ponto Hugo Rafael Chávez Frías, o PTa Lula, Evo Cocales e tantos outros ligados a partidos e organizações criminosas subjugados ao Foro San Pablo se encaixam muito bem, estão a cada momento, tal como crianças, próprio da idade, buscando os limites, mas de uma pessoa adulta se requer, se exige responsabilidade.
Longe do estado de direito temos a demagogia e a demagogia seguramente é a dominação tirânica das fações populares, berço da oclocracia. Razão pela qual figuras chaves da história que se destacaram pela demagogia também fomentavam seus grupos de apoio, dando a eles legitimidade. Este comportamento aproxima os mais tiranos, como Stalin, Hitler e Mussolini de pessoas como Chávez, Kirchner, Morales e o PTa Lula. São pessoas que se alimentam de vermes que os fazem acreditar que são o centro das decisões.
E de uma forma generalizada o que vemos na América Latina, em especial nos países hoje dominados pelo Foro San Pablo, são discursos políticos onde se visa manipular as paixões e os sentimentos do eleitorado para conquista fácil de poder político. Aqui se promove o pão e o circo.
Assim cada qual faz uso de seus instrumentos, e assim buscam sempre um inimigo comum para que possam somar aliados. O melhor exemplo foi e tem sido o uso do termo neoliberalismo.
A Venezuela tem sua economia sustentada nos petrodólares, e isso dá margem a todo tipo de irresponsabilidade, se alimentam de dinheiro fácil. No passado foi um consumismo e a concentração do poder econômico e político, pautado na corrupção, da qual os venezuelanos não ficaram livres. Criou-se uma Venezuela dos carrões americanos, e hoje os gastos públicos direcionados a grupos de privilegiados, em especial os que estão mais próximos e dando apoio ao poder central, à nomenklatura local, a qual detém o poder da caneta, que como aqui decide quem será o privilegiado e quem será a vítima. Aqui as desonerações seletivas tão a gosto do genovês Guido Mantega, lá as estatizações seletivas. A ameaça é a mesma, sempre contra o livre mercado e a favor da oclocracia.
A Venezuela é uma nação, como muitas da América Latina, afastada do princípio da subsidiariedade, e hoje o abismo econômico se observa a cada passo em direção a ele, os venezuelanos se aproximam do abismo e se distanciam do livre mercado e do estado de direito, e nele inserido, do direito de propriedade. A insegurança jurídica na Venezuela é elevada, o que tem afugentado investidores, mesmo em áreas tradicionais como turismo, café e principalmente o petróleo.
É um pais de uma incoerência sem tamanho, a economia é dependente dos Estados Unidos, que de longo são os principais parceiros comerciais, tanto na venda de petróleo quanto na compra de produtos manufaturados. E o que vemos? Diariamente um demagogo cuspindo no prato que come, e esta tem sido uma das principais razões de perda de credibilidade em todo o mundo. O país, mesmo com a grave crise na Espanha é ainda o mais promove a diáspora naquela direção.
“Deve ser sempre enfatizado que o nacionalismo econômico é um corolário do estatismo, seja o intervencionismo ou o socialismo.” (Ludwig Heinrich Edler von Mises)
Um do pilares do bolivarianismo é a mentalidade estatizante, lá o Socialismo do Século XXI, afinal, trata de um sistema econômico de organização da sociedade, defendendo meios públicos de produção, contra o pilar do livre-mercado, ao capitalismo de livre mercado.
Outro pilar que pode ser destacado é a aproximação com déspotas do tipo Mahmoud Ahmadinejad ( محمود احمدینژاد; ), que se destaca pelo seu o antissemitismo.
Na Venezuela tudo o que representava um empecilho no caminho do poder total é fruto do mal, dos norte-americanos. E este jargão é utilizado em cada um dos longos e castrenses discursos de Chávez.
Outro pilar do bolivarianismo é a forma com que Chávez costura acordos de cumplicidade política e militar ao redor do mundo.
O rei Juan Carlos já lhe deu um importante recado, mas não foi ouvido, Mas o que chama atenção hoje na Venezuela são aqueles que estão a se privilegiar com o Estado de Chávez, mas não se dão conta que de fato estão desesperados, já que estão dispostos a sacrificar a liberdade em prol de alguma promessa de segurança.
Chávez introduziu uma prática que é temerária, a de perseguição e punição aos familiares de seus adversários políticos, inclusive fazendo uso de métodos de propaganda.
Com Chávez a propriedade privada não foi abolida de jure, mas foi de facto, e os empresários são na maioria das vezes nada mais do que “gerentes administrativos”, obedecendo a ordens do governo, que decide sobre tudo, incluindo alocação de capital e preços exercidos.
Chávez e seus bolivarianos estão ajudando a enterrar de vez o liberalismo no país.
Os bolivarianos não medem esforços para tomar o poder, mesmo que seja necessária a violência, como a que vemos hoje em São Paulo que repete os fatos da semana 20 de 2006.
Hoje os latino-americanos estão esperançosos com uma democracia, mas esta infelizmente não passa de uma oclocracia.
Tanto Lula, Kirchner e Lugo, e até mesmo Chávez, conseguiram subsídios das grandes empresas para chegarem a presidência.
Mas eles tomam esse dinheiro como um rei, ainda sob o absolutismo, toma o tributo de seus súditos. Não é sem razão que os impostos e o endividamento público é crescente. Se os empresários negassem o que era demandado, seguramente seriam vítimas do poder da caneta.
O que se observa hoje, não apenas na Venezuela, mas também no Brasil são empresários que preferem ser reduzidos ao papel de gerentes administrativos, para tal contam com fartos empréstimos do BNDES.
Eles acreditam que não há uma terceira opção naquele contexto.
Parece que hoje tanto a força como o dinheiro são impotentes contra as ideias, e estas apontavam na direção da estatização da economia.
Na Venezuela isso se dá de forma mais intensa.
O lamentável fato é que a maioria dos povos hoje na América Latina estão a abraçar o socialismo do Século XXI ou aqui o Lulo-PTismo.
O problema agora será como a crise internacional irá nos afetar, as commodities estão perdendo valor no mercado internacional, e isso começa a ser catastrófico pois começam a pipocar as greves. Sempre se iniciando pelas universidades federais.
Os aspectos fundamentais do bolivarianismo não diferem daqueles geralmente aceitos pelas demais ideologias estatizantes. O controle da economia deve ser estatal. O lucro é visto com enorme desdém. O planejamento centralizado é uma panaceia para os males econômicos.
Só falta agora consideraram que as importações sejam uma invasão estrangeira negativa.
O que pregam é que o individualismo deve ser duramente combatido em prol do coletivismo. Eis o arcabouço ideológico que possibilitou a conquista do poder pelos bolivarianos. Os pilares do bolivarianismo foram erguidos sobre a mentalidade estatizante.
A idolatria ao estado e a desconfiança em relação ao livre comércio sustentaram os dogmas bolivarianos.
A título de curiosidade, recomendo que leiam os pilares-do-nazismo.
Façam então as suas considerações.
E o que vemos agora, mais uma vez a demagogia posta em prática, nas suas diversas modalidades, assim tem sido a reação frente ao afastamento de Fernando Lugo da presidência do Paraguay decretado pelo Congresso na sexta-feira passada. Seguramente foi um processo relâmpago, se assim não fosse o Paraguay hoje estaria refém de ingerências das mais variadas e intensificaria a pressão e ameaças à vida dos congressistas, já marcada por atentados e assassinatos, incluindo a filha de um ex-presidente.
A demagogia não aceita contradições, muito menos um processo relâmpago de impeachment. Mas esta questão deixou evidente o isolamento em que se encontrava o ex-presidente e que, na essência, foi sendo sistematicamente construído por ele mesmo. Os números falam por si, 73 votos a 1, na Câmara, e por 39 a 4, no Senado. Somente este score já legitima o processo, ou os parlamentares também foram eleitos dentro de um processo ilegítimo e ilegal? Se tivesse sido, qual a razão de não terem exercido pressão política naquela época.
E aqui vale considerarmos um importante instrumento constitucional do Paraguay, já que a constituição paraguaia adotou desde o início da sua concepção o regime presidencialista, não como o Brasil que adotou o parlamentarismo, mas na última hora o quadro foi revertido para o presidencialismo.
Não é se razão que temos uma inversão sem tamanho no Brasil, primeiro se elege o primeiro-ministro, a ele conferimos o nome de presidente e então ele forma sua base aliada, na realidade sua base afilhada.
Os paraguaios fugiram disso, o Paraguay adotou o regime presidencial, mas, no artigo 225 de sua Constituição, escolheu instrumento existente no sistema parlamentar para afastar presidentes que:
a) Tenham mau desempenho;
b) Cometam crimes contra o Poder Público;
c) Cometam crimes comuns.
Tendo recebido um voto na Câmara dos Deputados e quatro no Senado, Lugo foi afastado do governo, nos estritos termos da Constituição, por mau desempenho.
É de se lembrar que o Parlamento tem representantes da totalidade da nação (situação e oposição). O Executivo, só da maioria (situação).
Tanto foi tranquilo o processo de afastamento no Paraguai que não existiram manifestações de expressão em defesa do ex-presidente. As Forças Armadas nem precisaram enviar contingentes à rua, e Lugo continuou com toda a liberdade para expressar as suas opiniões e até para montar um governo na sombra.
Processo digno das grandes democracias parlamentares. Mas difícil de ser compreendido pelo demagogo-mor venezuelano, que usa todos os meios possíveis para calar a oposição e a imprensa, pela aprendiz de totalitarismo que é a presidente argentina, que tudo faz para eliminar a imprensa livre em seu país, ou pelos dois semiditadores da Bolívia e do Equador.
A demagogia não frutificou no Paraguay, um país que ao contrário de seus vizinhos, exceto o Chile, não possui recursos naturais fartos, como petróleo ou recursos minerais, que alimentam artificialmente a demagogia, como tem sido o caso do Brasil que sustenta hoje sua economia nas commodities, mas são elas as commodities que, ao contrário de produtos com valor agregado, são concentradoras de emprego, riqueza e renda.
Eike Batista e o dono do Brasil, o Sr. José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, e seu preposto no Ministério de Minas e Energia, Edson Lobão são os melhores exemplos.
De minha parte, como brasileiro, gostaria de ver àquela que nos representa, e toma assento no Palácio do Planalto, venha a conduzir as relações com os nossos vizinhos de forma respeitosa, pois por detrás do presidente Luis Federico Franco Gómez temos um povo que depende do trabalho, principalmente no campo, onde temos dado grande contribuição, onde os hoje chamados brasiguaios encontraram espaço para desenvolver seus negócios, muitos foram para lá com esperança e mal conseguiram comprar suas terras, mas com o decorrer do temos tornaram-se prósperos empresários, o que é motivo de cobiça por parte dos Carperos, como é chamado o MST de lá.
De minha parte como analista desta grave situação que estamos agravando devido pressões indevidas, espero que o Paraguay se aproxime mais e mais do Chile, pois dentre os países latino-americanos é onde hoje mais se promove a liberdade, o que gera consequências fantásticas, como a qualidade de vida, mas isso os demagogos da latrina bolivariana não se dão conta, mesmo tendo economistas dentre eles.
Até hoje não souberam fazer a correlação entre os indicadores de liberdade com os indicadores sociais.
Deve ser porque é por demais evidente.
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Gerhard Erich Boehme
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