Carta ao Leitor
a ditadura conseguiu - matar a ideia do Parlamento
como o berço das leis e a casa do povo
O país assiste, estupefato e impotente, a mais um espetáculo vexaminoso que se desenrola em Brasília. Para garantir-se na presidência do Senado, José Sarney, afogando-se em revelações de nepotismo e corrupção, recorreu à "tropa de choque" - um lumpesinato parlamentar de biografia encardida, sem nada a perder e que usa como armas da chantagem à intimidação física.
A tropa de choque que tenta blindar Sarney é capitaneada por Renan Calheiros, derrubado da mesma cadeira em 2007, depois que vieram à tona a pensão da filha paga por um lobista e outros ilícitos bem mais constrangedores.
Seu lugar-tenente é Fernando Collor de Mello, um ex-presidente da República cuja folha corrida dispensa apresentações. Ao alistar gente dessa espécie para formar sua linha de ataque, Sarney aceitou pagar o preço que esses serviços de proteção cobram. No campo simbólico, enterra sua longa carreira política igualando-se em estatura a Collor e Renan.
Na prática, condenou-se a presidir um Senado em que a política, como se viu na quinta-feira passada, se tornou apenas a extensão de uma guerra por outros meios. Aos brasileiros, o decano senador, ex-presidente da República e ex-governador dá o direito de perguntar, afinal que recompensa preciosa é essa a justificar tão alto custo da operação de defesa?Aqui.
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